Boletim Informativo 23 - Julho 2020 - CBH Rio das Velhas

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Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas | Julho / 2020 | Ano VI - Nº 23

Informativo

Com o isolamento, como fica a participação social na gestão das águas? Pág. 3

Comitê atualiza e moderniza a sua identidade visual Pág. 4

Vale apresenta situação das barragens que ameaçam o Velhas Pág. 6


Editorial Estamos vivendo um tempo difícil, que está afetando toda a humanidade. A Covid-19 tem se mostrado um grande desafio do ponto de vista da saúde, da ciência, da economia e da estruturação social.

Informação no combate à pandemia

No atual momento, entendemos que o mais importante e urgente é preservar vidas. Esse deve ser o esforço de toda a sociedade. Como a situação tem comprometido todos os setores, inclusive o econômico, a gente também precisa dar a nossa cota de sacrifício de participação nesse processo. O importante agora é o isolamento social em um momento em que a pandemia está absolutamente em ascensão.

Não ouviu o podcast ‘Momento Rio das Velhas’? Acesse agora e confira! Acesse o link www.spoti.fi/2YocA1o ou escaneie o QR Code

Entendemos, contudo, que a gestão das águas deve se adaptar ao atual momento, sem que isso prejudique a participação social – algo que sempre foi a marca do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) em sua atuação no território. Assim, estamos nos adaptando aos novos tempos, com a realização de webinários virtuais, encontros de Subcomitês, avançando na contratação de projetos hidroambientais, atividades em comemoração à Semana Rio das Velhas, reuniões do Convazão (Grupo Gestor de Vazão do Alto Rio das Velhas) e monitorando projetos e ações que possam comprometer a gestão dos recursos hídricos na bacia do Rio das Velhas e de outras bacias de Minas Gerais. Continuamos, também, cobrando do estado um posicionamento sobre o contingenciamento dos recursos da Cobrança pelo Uso da Água. Sobre este assunto, é importante destacar o avanço que tivemos com o GT da Cobrança do CBH Rio das Velhas, que propôs uma correção dos valores que já persistiam sem atualização monetária há mais de 10 anos. Vale destacar também que o projeto de biomonitoramento realizado na Bacia do Rio das Velhas foi premiado, como poderá ser visto neste boletim, demonstrando que a gestão do Comitê tem sido inovadora no processo de monitoramento da bacia. Por fim, gostaria de frisar que temos recebido informações e imagens sobre a melhoria da qualidade das águas do rio em tempos de pandemia. A diminuição de ações antrópicas tem diminuído o impacto poluidor sobre as águas. Isso demonstra que é possível ter um “outro rio” e coloca um grande desafio, que é o de manter a qualidade das águas.

Marcus Vinícius Polignano Presidente CBH Rio das Velhas

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Uma das armas mais poderosas no combate à disseminação do novo coronavírus é, sem dúvidas, a informação de qualidade. Em tempos de fake news e de produção de conteúdos de todos os tipos por todas as pessoas, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) tem se esforçado para continuar gerando informação, especialmente sobre temas que relacionem a pandemia às questões ambientais, sanitárias e sociais. E uma das ferramentas mais eficazes para atingir esse objetivo é o podcast ‘Momento Rio das Velhas’ – lançado pelo Comitê há quase um ano. O podcast é uma mídia de transmissão de informações, em formato de áudio, disponibilizado em uma sequência de assuntos que podem ser baixados e ouvidos a qualquer hora, em qualquer lugar, em um player portátil, como um celular ou tablet, ou no computador. Em abril, quando a pandemia avançava a passos largos no Brasil, o convidado do programa 7 do podcast foi justamente o presidente do CBH Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano, que é médico, mestre em Epidemiologia e doutor em Pediatria Social, além de ser professor na Faculdade de Medicina da UFMG. Polignano contou como a crise mundial de saúde pública

escancarou uma deficiência que enfrentamos no Brasil, que é o acesso ao saneamento básico, jogando holofotes nas nossas várias crises e atingindo, principalmente, a população mais pobre. Já em maio, o convidado do programa 8 do podcast foi o geógrafo e presidente da Câmara Técnica de Outorga e Cobrança (CTOC) do Comitê, Rodrigo Lemos. Ele analisou como o isolamento e a suspensão de parte das atividades comerciais e industriais poderiam contribuir para uma melhora na qualidade das águas, que tem sido observada em diversos pontos da Bacia do Rio das Velhas.


Com o isolamento, como fica a participação social na gestão das águas? A participação da população na gestão dos recursos hídricos é um direito. Mas, com uma pandemia que determina o isolamento social, plenárias, câmaras técnicas, reuniões de fóruns, Comitês ou qualquer tipo de ambiente de aglomeração de pessoas estão impedidos de serem realizados de forma presencial. Preocupado com o cenário que afeta não só o trabalho dos Comitês, mas impõe novos desafios para a gestão de recursos hídricos, o colegiado do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas (FMCBH) se reuniu no início de maio, de forma virtual, para reagir ao momento atual. As deliberações foram enviadas aos Comitês e ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais (CERH-MG). Entre os pontos colocados, o FMCBH foi solidário à situação de saúde pública que o Brasil está vivendo, causada pela Covid-19. Mesmo sabendo da importância dos temas que são discutidos nas plenárias, o FMCBH acredita que as reuniões on-line não substituem as presenciais e não deveriam ocorrer num primeiro momento. “Fazer reunião virtual impede a participação social e, claro, grande parte dos Comitês não tem estrutura para operar essas reuniões. Tem Comitê que não tem sala, não

tem internet, não tem nada”, aponta Hideraldo Buch, coordenador do Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (FNCBH). Apesar das dificuldades de dar continuidade ao trabalho no dia a dia, para Procópio de Castro, integrante da Diretoria Ampliada do CBH Rio das Velhas, o momento desafiador de gestão das águas também pode ser encarado como uma oportunidade. “É nessas horas que a gente consegue ter uma nova visão. Eu acredito que os Comitês e os Subcomitês devem estar firmes no propósito de que a água não parou no rio. O planeta continua girando. Então, nós precisamos manter os procedimentos de segurança, adotar as novas tecnologias disponíveis e manter o debate. É hora sim de estudar o que temos feito, o que já foi concretizado, os sonhos que ficaram parados no caminho por falta de recurso. Divulgar o que temos, os sites, os estudos, reestudar o que aprendemos e abrir os olhos para uma nova forma de encarar o mundo. A Covid-19 tem mostrado que é necessário repensar os nossos caminhos, repensar os nossos valores. E essa é a hora de botar em prática”, diz.

Plenária e Câmaras Técnicas serão retomadas em julho No dia 16 de março de 2020, o CBH Rio das Velhas suspendeu todas as suas atividades presenciais como forma de prevenção ao contágio pelo coronavírus e a transmissão da Covid-19. A medida abarcou reuniões de Câmaras Técnicas, Subcomitês, Plenária, diretoria, visitas técnicas e outras. Pouco a pouco, algumas reuniões voltaram a acontecer, estritamente de forma virtual – especialmente no âmbito de Subcomitês e Grupos de Trabalho do CBH. “Desde o mês de março suspendemos as reuniões presenciais na esperança de que o pior passasse logo e pudéssemos realizar novamente as reuniões. Ocorre que isso não se deu e temos demandas urgentes que necessitam de deliberações do Comitê”, afirmou o presidente do Comitê, Marcus Vinícius Polignano, em nota. Diante desse cenário, a diretoria do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas deliberou que reuniões de Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho devem ser realizadas por meio virtual e que, devido ao acúmulo de demandas, será realizada uma reunião plenária virtual no início de agosto de 2020. Ainda segundo Polignano, a Covid-19 tem se mostrado um grande desafio do ponto de vista da saúde, da ciência, da economia e da estruturação social. “Neste período de isolamento social, nossa atenção principal tem sido com a saúde. Mas é fundamental, também, seguirmos com nossas atividades, conforme a possibilidade, para nos mantermos mobilizados e ativos”.

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Velhas de Cara Nova Comitê

da Bacia

fica do

Hidrográ

Rio das

Velhas

Comitê atualiza e moderniza a sua marca e identidade visual

Substantivo feminino, a palavra mudança tem como significado o ato ou efeito de dispor de outro modo, fazer apresentar-se sob outro aspecto, transformar. No atual contexto em que o mundo atravessa, mudança é algo que tem sido vivenciado por todos, de indivíduos a organizações: na rotina, no modo de se relacionar, na definição do que é prioritário, nos sonhos e planejamentos. Mas mudar significa também dar um passo à frente. Se aprimorar. Evoluir. E, nessa busca contínua, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) ganha cara nova, com a atualização e modernização de toda a sua identidade visual – a começar por sua logomarca. O objetivo é fortalecer e expandir a atuação da entidade na bacia, dialogando com todos os públicos e os tempos atuais, e estabelecendo a integração de toda a diversidade de atores do Comitê e as diferentes paisagens deste peculiar território. Em substituição ao peixe genérico da marca anterior, incorpora-se agora o Dourado (Salminus franciscanus), eleito o símbolo da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, conforme Deliberação Normativa nº 05/2018 do Comitê. A espécie nativa da bacia indica a boa qualidade da água e é reconhecida pela população como peixe nobre, lutador e bravio. Além de um design com linhas mais modernas e atuais, a paleta de cores absorve agora o amarelo, também em referência ao peixe Dourado.

Para baixar o novo Manual de Identidade Visual acesse bit.ly/novo-design-cbhvelhas ou escaneie o QR Code

Evolução da marca do CBH Rio das Velhas nos últimos 22 anos.

Comitê ganha novo site, mais moderno e seguro Com interface reprojetada, o site do CBH Rio das Velhas ficou mais simples e ainda mais fácil de navegar

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Mais moderno, mais rápido e mais seguro, o site do CBH Rio das Velhas foi repaginado. Com um visual mais clean, a nova plataforma permite também uma navegação mais simples e intuitiva, com acesso fácil a notícias, agenda, mapas e estudos e informações institucionais.

É o CBH Rio das Velhas buscando aperfeiçoar e modernizar a interação com o seu público, trabalhando com transparência e dedicação. O objetivo é que tenhamos cada vez mais uma sociedade bem informada e empoderada na luta por uma bacia hidrográfica com mais e melhores águas.

Além do novo layout, modernizamos também nossa estrutura backend, tornando a experiência do usuário mais estável e ágil.

Acesse o site e confira as novidades www.cbhvelhas.org.br


Revista Velhas: novo projeto gráfico e editorial Entre 2014 e 2019, a Revista Rio das Velhas – publicação do CBH Rio das Velhas – levou informação e conhecimento a respeito dos temas centrais que perpassam o território a todos aqueles que aqui habitam. Foram um total de dez publicações, de periodicidade semestral, discutindo a problemática que envolve a recuperação de rios, os desafios de uma gestão participativa, a visão sistêmica de meio ambiente e a integração entre a conservação das águas e outras áreas de relevância para a sociedade. Em meio a todas as recentes mudanças na marcae no posicionamento do CBH Rio das Velhas, a revista também ganhou nova cara em 2020. A começar pelo nome: Velhas. O afeto, a história e o pertencimento pelo rio são transpostos, de forma diminuta, para o título da publicação, do jeito simples como o conhecemos e chamamos. O planejamento editorial, a escolha das matérias, a diagramação e o projeto gráfico buscam também constituir um material ainda mais leve, palatável e acessível a todos os públicos da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas. Tudo isso sem deixar de ser crítico, politizado e, acima de tudo, engajado – características que tanto definem, há mais de duas décadas, este singular Comitê. Nesta edição poderão ser conferidas reportagens sobre o projeto de privatização do saneamento no Brasil, agroecologia, os desafios do saneamento rural no país e na Bacia do Rio das Velhas, programas de Pagamento por Serviços Ambientais, os danos causados pelas enchentes e inundações no território durante o último período chuvoso e muitos outros assuntos.

Nova revista ficou mais leve e acessível, mas sem perder a criticidade e o engajamento.

Puxe uma cadeira, dê um gole no café e aprecie mais essa leitura! Acesse o link www.bit.ly/3fPwAQp ou escaneie o QR Code 5


Conheça e Preserve: Serra do Gandarela A Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas é repleta de belos lugares. Cachoeiras de todos os tipos, vilas aconchegantes, serras com lindas vistas e uma culinária pra lá de reconhecida. Mas vivemos tempos em que o isolamento social é a principal medida para se combater a pandemia do Coronavírus (Covid-19). Definitivamente, a quarentena não é férias e não é o momento para se viajar e aumentar as chances de transmissão do vírus, especialmente para localidades pequenas, com uma população idosa mais significativa e com uma estrutura pública de saúde mais limitada. Enquanto vivenciamos este momento, você pode conhecer alguns desses belos lugares da Bacia do Rio das Velhas por meio da série ‘Conheça e Preserve’. Nesta edição, apresentaremos a Serra do Gandarela e o Parque Nacional criado com o objetivo de garantir a preservação do patrimônio biológico, geológico, espeleológico e hidrológico desta importante região situada na porção meridional da Serra do Espinhaço, especificamente no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais

O Parque compreende os municípios de Raposos, Caeté, Santa Bárbara, Mariana, Ouro Preto, Itabirito, Rio Acima e Nova Lima, em uma área total de 31.270,83 hectares. Como principais pontos de visitação da unidade estão a bacia do Ribeirão do Prata, o Poço Azul, Poço das Moças e a Cachoeira Santo Antônio – todas de grande beleza cênica. Um dos principais objetos da conservação do Parque são os remanescentes de “cangas”, tipo de formação de aspecto semelhante a uma carapaça rígida e porosa, que abriga vegetação singular, adaptada a altíssimos teores de metais e que contém porcentagens excepcionalmente altas de espécies endêmicas e raras. Além disso, as cangas favorecem a formação de tipo peculiar de cavernas, que abrigam fauna troglomórfica inteiramente diversa da encontrada em cavernas de outros tipos de rochas. Ademais, as cangas são áreas de recarga de aquíferos de extrema eficiência, necessárias à garantia de abastecimento seguro de água, em quantidade e qualidade, para os municípios que compõem o Parque e também da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Parques Nacionais fechados para visitação em todo o país Desde o dia 22 de março, todos os parques nacionais do Brasil estão com as visitações suspensas, conforme determinação do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). O chefe do Parque Nacional da Serra do Gandarela e conselheiro do Subcomitê Águas do Gandarela, Tarcísio Nunes, informou porém que tem recebido relatos de visitantes dentro da unidade, desrespeitando as regras de isolamento social tão importantes neste momento. “A suspensão das visitações não se trata de uma ação de conservação ambiental, mas sim de saúde pública. Entendemos a importância do fechamento do parque nesse momento especialmente em função das aglomerações que acabam sendo formadas, nas cachoeiras, trilhas, entradas etc”. Quando tudo isso passar, e vai passar, não deixe de conhecer a Serra do Gandarela.

Região da Serra do Gandarela tem importância fundamental às águas que chegam ao Rio das Velhas e abastecem a Grande BH.

Biomonitoramento na bacia do Velhas ganha prêmio científico nacional

Estudo utiliza o peixe como indicador da saúde do Rio das Velhas. 6

O artigo científico “Trophic responses to aquatic pollution of native and exotic livebearer fishes” proveniente dos dados do projeto “Biomonitoramento da ictiofauna e monitoramento ambiental participativo na Bacia do Rio das Velhas” recebeu o prêmio José Cândido de Mello Carvalho da Sociedade Brasileira de Zoologia, o mais reconhecido a nível nacional. O artigo é de autoria de Débora Reis de Carvalho em co-autoria com Paulo dos Santos Pompeu (Coordenador Geral do Projeto) e Carlos Bernardo Mascarenhas Alves e dois parceiros norteamericanos.

isótopos estáveis de carbono (δ13C) e nitrogênio (δ15N) de tecido de peixe, recursos alimentares do ambiente e esgoto. “O artigo demonstra que uma espécie exótica consegue se alimentar diretamente do esgoto gerado na RMBH, obtendo significativa vantagem sobre uma espécie nativa, da mesma família e porte semelhante. Ou seja, a poluição doméstica e industrial gerada pela RMBH afeta diretamente as comunidades de peixes. Grandes abundâncias de espécies bioindicadoras como o guppy, mostram que o rio está com má qualidade de água, por serem resistentes à poluição”, esclarece.

O objetivo desse estudo foi avaliar se a poluição aquática promove mudanças na dieta de dois peixes: uma espécie exótica, o guppy (Poecilia reticulata) e um nativo (Phalloceros uai). O estudo foi realizado na Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, que é altamente impactada por atividades antropogênicas, principalmente a descarga de esgoto doméstico e industrial de mais de cinco milhões de pessoas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH)”, diz.

Carlos Bernardo finalizou dizendo que é realizado o biomonitoramento na bacia do Rio das Velhas desde 1999. “Estamos dando um passo a frente com o biomonitoramento. Como resultado, a sociedade está cada vez mais informada sobre a fauna da bacia: sua composição, os efeitos das intervenções humanas e as perspectivas de recuperação. Estamos na linha de frente do conhecimento e gerando importantes informações para a comunidade científica”.

O coordenador de campo do projeto de Biomonitoramento da bacia do Rio das Velhas, Carlos Bernardo Mascarenhas Alves, explica que foram analisados

O resultado do Prêmio “José Cândido de Mello Carvalho” foi divulgado no dia 21 de fevereiro de 2020, no Congresso Brasileiro de Zoologia.


Barragem de Maravilhas II, em Itabirito, é uma das que hoje se encontram em Nível 1 de emergência.

Vale apresenta situação das barragens que ameaçam o Velhas Representantes da Vale apresentaram aos membros do Grupo de Trabalho de Barragens do CBH Rio das Velhas a situação das estruturas da mineradora que representam uma ameaça ao Rio das Velhas. A reunião aconteceu por meio de videoconferência no final de abril. O gerente de Riscos e Emergências na Vale, Alessandro Santos Oliveira, do complexo Paraopeba e Vargem Grande, apresentou a localização das barragens e as interferências na bacia do Rio das Velhas. “A Vale tem quase 40 barragens a montante no complexo Paraopeba Vargem Grande e 10 dessas estruturas estão na bacia do Rio das Velhas, sendo que três estão no nível 3, que é o alerta máximo e significa risco iminente de ruptura [a barragem B3/

B4, da Mina Mar Azul, na região de Macacos e Nova Lima, e as barragens Forquilha I e Forquilha III, da Mina Fábrica, em Ouro Preto], duas encontram-se com o nível 2 [ Forquilha II e Grupo, as duas em Ouro Preto] e cinco com nível 1 [Forquilha IV, em Ouro Preto, Dique B, Capitão do Mato, Vargem Grande, em Nova Lima e Maravilhas II, em Itabirito]”. Os representantes da Vale esclareceram que a barragem 8B da Mina Águas Claras, em Nova Lima, já foi descaracterizada. O objetivo da mineradora é que nos próximos dois anos todas estejam descaracterizadas ou com o fator de segurança adequado, sem oferecer risco às comunidades, aos municípios localizados abaixo das estruturas e ao meio ambiente.

O coordenador do GT Barragens e vice-presidente do CBH Rio das Velhas, Ênio Resende, esclareceu aos representantes da Vale que o objetivo do Comitê é manter a segurança hídrica da Grande BH. “O Comitê tem interesse na qualidade das águas da bacia e precisamos conhecer a situação das barragens e empreendimentos no intuito de corroborar. O foco do CBH Rio das Velhas é na questão da segurança hídrica, principalmente pelo sistema de abastecimento do Rio das Velhas ser realizado em Bela Fama [Sistema de Captação da Copasa em Nova Lima] a fio d’água. Um rompimento de barragem no Velhas seria uma tragédia estratosférica”, comenta.

Aberto edital para renovação da Diretoria do CBH Rio das Velhas A Comissão Eleitoral criada para renovação da Diretoria do CBH Rio das Velhas – mandato 2020-2022 apresentou as diretrizes gerais para o processo eleitoral, com base nas normas estabelecidas no Regimento Interno do Comitê, bem como nas orientações encaminhadas pelo IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas). Os conselheiros interessados em compor a Diretoria do Comitê deverão se articular em chapas

Comitê inicia discussão sobre aprimoramento da Cobrança pelo Uso da Água na bacia O Grupo de Trabalho formado pelo CBH Rio das Velhas para aprimorar a Cobrança pelo Uso da Água realizou a primeira reunião de trabalho, por meio de videoconferência, ao final de abril. O GT foi criado durante a última Plenária do Comitê, realizada em fevereiro, e visa cumprir a determinação de aprimorar a metodologia de cobrança pelo uso dos recursos hídricos na bacia do Rio das Velhas.

e, durante o período de inscrição, protocolar a relação de candidatos de cada um dos cargos, acompanhada do Plano de Trabalho com propostas voltadas para a melhoria da bacia e o fortalecimento do Comitê. Os mandatos dos membros da Diretoria – presidente, vice-presidente, secretário e secretário-adjunto – serão de dois anos, sendo que os cargos da Diretoria pertencem à Plenária e não às

De acordo com o gerente de projetos da Agência Peixe Vivo, Thiago Campos, hoje a bacia do Rio das Velhas tem o valor de PPU [Preço Público Unitário] para captação de água bruta mais baixo no país. “O PDRH [Plano Diretor de Recursos Hídricos] da bacia do Rio das Velhas foi revisado em 2015 e no documento constam algumas sugestões às quais devemos nos atentar para a nova metodologia de cobrança, como por exemplo a inclusão de outros parâmetros de qualidade da água, não apenas DBO [Demanda Bioquímica de Oxigênio], no cálculo da cobrança, desde que relacionados com o alcance das metas de qualidade da água na bacia; a inclusão de reduções de pagamento ligadas a práticas conservacionistas, especialmente nos usos agropecuários, e revisão dos preços públicos unitários, que devem passar por atualização monetária”, disse.

instituições. As chapas devem, obrigatoriamente, ser compostas por pelo menos três segmentos distintos entre Poder Público Estadual, Poder Público Municipal, Sociedade Civil e Usuários. As chapas deverão encaminhar a documentação de inscrição até o dia 17 de agosto de 2020, exclusivamente por meio eletrônico, para o e-mail cbhvelhas@cbhvelhas.org.br com cópia para ohany.ferreira@agenciapeixevivo.org.br

Para a diretora-geral da Agência Peixe Vivo, Célia Fróes, é necessária uma revisão da metodologia de cobrança para alcançar as metas do PDRH da bacia do Rio das Velhas. “A Cobrança pelo Uso da Água na bacia do Rio das Velhas foi instituída em 2009 e está defasada. Além disso, está cada dia mais difícil manter uma entidade equiparada à uma Agência de Bacia para o CBH Rio das Velhas com o custeio referente ao 7,5%. Enviamos ao IGAM [Instituto Mineiro de Gestão das Águas] um ofício em conjunto com o Comitê informando sobre as nossas dificuldades. É de fundamental importância reajustar os valores da cobrança para que possamos manter a Agência e também alcançar as metas propostas pelo PDRH”, afirma.

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Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Onça, em Belo Horizonte.

Juliana Calábria (UFMG) e o projeto que monitora o novo coronavírus no esgoto de BH e Contagem Em meio à pandemia da Covid-19, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolvem um projeto-piloto de monitoramento do esgoto em Belo Horizonte e Contagem, para mapeamento da ocorrência do novo coronavírus. O objetivo é descobrir as informações que o esgoto pode conter sobre a disseminação da doença em comunidades específicas, ao longo do tempo. Os pesquisadores colhem amostras das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) dos Ribeirões Arrudas e Onça e da rede coletora de esgoto doméstico. O projeto Monitoramento Covid Esgotos é desenvolvido pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia ETEs Sustentáveis, sediado e coordenado na UFMG, em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). Subcoordenadora do INCT ETEs Sustentáveis, a professora Juliana Calábria é uma das coordenadoras do projeto. Como ela explica nesta entrevista, o mapeamento vai possibilitar inferir a quantidade de pessoas infectadas pelo coronavírus em Belo Horizonte, e os dados deverão ser cruzados com os das autoridades de saúde, obtidos com os testes clínicos, atuando de forma complementar. A pesquisa deve durar dez meses e contará com apoio da Secretaria de Saúde de Minas Gerais e da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais).

De que maneira o mapeamento da ocorrência do novo coronavírus poderá subsidiar a gestão pública sobre a pandemia? A ideia é verificar a ocorrência do vírus em diferentes regiões, de modo a identificar áreas com maior ou menor prevalência. Nós vamos a cada 15 dias divulgar esses resultados e mostrar como está ocorrendo a circulação do vírus no esgoto, indicando aquelas regiões onde tem maior circulação. Nessas regiões, a Secretaria Estadual de Saúde deve ir ao local e tomar medidas mais restritivas, ou eventualmente intensificar a testagem clínica individual nessa população, que mostrou maior ocorrência do vírus. Já nas áreas de menor ocorrência, a Secretaria de Saúde continuará reforçando as medidas de isolamento, de prevenção, de lavagem das mãos, mas eventualmente é uma área menos problemática. Esse trabalho faz um mapeamento indireto e a gente pode estimar, portanto, o número de pessoas infectadas na população de forma indireta, sem haver a necessidade da testagem clínica. Vendo de forma regionalizada a circulação do vírus e onde ele está presente e sua maior concentração, isso permite um mapeamento indireto da ocorrência da doença na população, já que tanto pessoas com sintomas da Covid-19, quanto os assintomáticos, excretam o vírus nas fezes Há evidências da transmissão do vírus por meio das fezes (transmissão feco-oral)? Um rio contaminado, por exemplo, poderia ser um foco de transmissão? Não existem dados científicos até o momento que tenham mostrado que a rota de transmissão feco-oral tenha ocorrido, que alguém tenha contraído a Covid-19 através da via feco-oral. Não

obstante, existem várias pesquisas mostrando que essa poderia ser uma possibilidade porque o vírus está presente nas fezes e, portanto, presente no esgoto. Apesar do tempo de sobrevivência desse vírus no esgoto, em princípio, segundo as pesquisas, ser baixo, cerca de dois a quatro dias, numa temperatura de 24°C, que é a temperatura média do esgoto, não se sabe se uma pessoa entrar em contato com o esgoto direto, ou com aerossóis formados a partir desse esgoto, ou com água contaminada, ela contrairia essa doença. O fato é que em cidades como Belo Horizonte, onde temos uma boa cobertura de saneamento, não se teria risco para a população já que a população, na maior parte da cidade, não entra em contato com o esgoto diretamente. Reforço que essa pesquisa está fazendo a detecção do Sarvs-CoV-2 em amostras de esgotos, nós não estamos analisando amostras de rio. Se o esgoto passa pelo tratamento na ETE, é de se esperar que esse vírus, por ser menos resistente que os vírus entéricos normais, que normalmente causam diarreia na população, seja capaz de ser removido durante os processos de tratamento realizados numa ETE. Quais foram os critérios para escolha dos pontos de coleta das amostras de esgoto? São pontos que representam bairros de diferentes níveis socioeconômicos e índices de vulnerabilidade social, bem como são locais que têm hospitais – portanto, a gente também faz a análise onde tem contribuição de lançamento de esgoto hospitalar. O primeiro resultado indicou que, de 26 amostras, o vírus estava presente em oito delas, mostrando que o vírus está circulando na cidade de Belo Horizonte, o que era esperado.

INFORMATIVO CBH Rio das Velhas. Mais informações, fotos, mapas, apresentações e áudios no portal www.cbhvelhas.org.br Diretoria CBH Rio das Velhas Presidente: Marcus Vinícius Polignano Vice-presidente: Ênio Resende de Souza Secretário: Renato Júnio Constâncio Secretária-adjunta: Poliana Valgas

cbhvelhas.org.br

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@cbhriodasvelhas

Produzido pela Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas comunicacao@cbhvelhas.org.br Tiragem: 3.000 unidades. Direitos reservados. Permitido o uso das informações desde que citada a fonte.

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DAS VELHAS

Rua dos Carijós, 150 – 10º andar - Centro Belo Horizonte - MG - 30120-060 (31) 3222-8350 - cbhvelhas@cbhvelhas.org.br

Comunicação: TantoExpresso (Tanto Design LTDA) Direção: Rodrigo de Angelis / Paulo Vilela / Pedro Vilela Coordenação de Jornalismo: Luiz Ribeiro Redação e Reportagem: Michelle Parron, Luiza Baggio e Luiz Ribeiro. Fotografia: Bianca Aun, Leo Boi, Ohana Padilha e Robson Oliveira Projeto Gráfico: Márcio Barbalho Diagramação e Finalização: Sérgio Freitas


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