Foto: Ivan Cruz
JORNAL DO COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO JULHO 2015 | Nº 32
CARRANCAS EMAÇÃO Pelo segundo ano consecutivo, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco realiza com sucesso a campanha pelo Dia Nacional em Defesa do Velho Chico, mobilizando municípios ribeirinhos nas diversas regiões fisiográficas. O resultado foi uma intensa exposição da campanha na mídia e o engajamento dos moradores da bacia em prol do rio São Francisco.
Manifestações tomam conta das redes sociais Páginas 6 e 7 Vice-presidente do CBHSF faz um balanço da campanha Página 8
2 Fotos:Regina Lima
EDITORIAL CARRANCAS EM AÇÃO
O
Dia Nacional em Defesa do Velho Chico (3 de junho) mostrou na prática o significado que já tem para os povos da bacia. Iniciativa bem sucedida do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, a campanha aconteceu pelo segundo ano consecutivo, mobilizando municípios ribeirinhos nas diversas regiões fisiográficas. O resultado das manifestações demonstrou o engajamento em prol de melhorias para o rio, bem como a busca de solução para os problemas que levaram a uma crise hídrica sem precedentes. Coordenadas pelas Câmaras Regionais, as ações se concentraram em cidades polos da bacia: Lagoa da Prata (MG), no Alto São Francisco; Penedo (AL) e Propriá (SE), no Baixo; Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), no Submédio; Bom Jesus da Lapa, Malhada, Irecê e Ibotirama (todos na Bahia), no Médio São Francisco. O mais interessante foi o envolvimento das pessoas comuns, aderindo com criatividade e espirito de luta à ideia de virar carranca em defesa do Velho Chico, estendendo suas manifestações às redes sociais. O jornal Notícias do São Francisco traz nesta edição uma cobertura completa sobre todos os acontecimentos envolvendo a campanha. Mostra a mobilização ocorrida por cada região, divulga as mensagens mais expressivas que circularam pelas redes sociais e conclui com uma entrevista de avaliação do vice-presidente do CBHSF, Wagner Soares Costa.
FRANCISCOS À MOSTRA
Exposição atraiu os olhares da população
A
o percorrer cerca de 2.800 quilômetros, atravessando sete unidades da federação, o Velho Chico consagrou uma tradição: a de batizar com o seu nome milhares de crianças brasileiras. Uma verdadeira população de Franciscos (e de Franciscas) que se distribui pelas quatro regiões fisiográficas (Alto, Médio, Submédio e Baixo São Francisco). No último dia 3 de junho, dentro da programação pelo Dia Nacional em Defesa do Velho Chico, esse legado tomou forma de exposição fotográfica. Denominada “Todos Somos Chicos”, a mostra apresentou flagrantes de diversos e reais “personagens” do cotidiano da bacia do São Francisco, em suas diferentes regiões. Entre os retratados estão quilombolas, pescadores e indígenas, além de comerciantes, estudantes e ambientalistas. Como traço comum, o fato de todos se chamarem Francisco.
A exposição permaneceu aberta ao público durante três dias nas cidades ribeirinhas de Lagoa da Prata (MG), Petrolina (PE), Bom Jesus da Lapa (BA) e Penedo (AL), locais escolhidos como “polos” das manifestações realizadas em função do Dia Nacional em Defesa do Velho Chico.
Produzido pela Assessoria de Comunicação do CBHSF
Coordenação geral: Malu Follador Projeto gráfico e diagramação: Yayá Comunicação Integrada Edição: Antônio Moreno Textos: Ricardo Follador, André Santana, Delane Barros, Antônio Moreno e Wilton Mercês
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NOTÍCIAS DO SÃO FRANCISCO
CAMPANHA GANHA FORÇA NA MÍDIA SEGUNDA EDIÇÃO DA CAMPANHA PELO DIA NACIONAL EM DEFESA DO VELHO CHICO CONSOLIDA A LUTA EM PROL DA RECUPERAÇÃO DA BACIA DO SÃO FRANCISCO, ENVOLVENDO NÚMERO MAIOR DE PESSOAS EM TODAS AS REGIÕES E DESPERTANDO UM INTERESSE AINDA MAIOR DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO.
P
elo segundo ano consecutivo, além da visibilidade obtida pelas reportagens em jornais e emissoras de tevê de grande audiência e das mobilizações realizadas em cidades polos da bacia, a campanha pelo Dia Nacional em Defesa do Velho Chico foi amplamente repercutida nas mídias sociais digitais. Em 2015, houve um crescimento do número de pessoas envolvidas e engajadas com o mote da campanha. O lançamento da campanha foi marcado por uma coletiva de imprensa, que reuniu em Petrolina, Pernambuco, representantes dos principais veículos de comunicação do país, como jornais de circulação nacional, a exemplo da Folha de São Paulo, O Globo e Correio Braziliense, além de veículos de repercussão nas cidades da bacia, como a TV Grande Rio, afiliada da Rede Globo na região pernambucana do Vale do São Francisco. Com acesso às informações sobre a campanha e aos membros do Comitê para mais detalhes sobre a atuação do colegiado e a gravida-
de da crise hídrica pela qual passa a bacia, os profissionais produziram reportagens, permitindo um importante alcance geográfico da temática. Até o dia 3 de junho, foram inúmeras as matérias e artigos publicados, diariamente, nos jornais e blogs, além de entrevistas em programas de tevê e rádio. Durante a apresentação da campanha na XXVII Plenária Ordinária do CBHSF (Petrolina, 21 e 22 de junho), Luiz Dourado, membro da Câmara Técnica Institucional e Legal – CTIL do CBHSF e coordenador do Grupo de Acompanhamento do Contrato de Gestão – GACG, elogiou as ações de comunicação previstas, já antecipando os resultados satisfatórios obtidos. “O valor investido pelo Comitê do São Francisco em comunicação tem amplo retorno para a bacia e sua população porque dá visibilidade às nossas ações, às obras realizadas pelo Comitê e às nossas demandas de luta. O trabalho de comunicação profissional que o CBHSF vem realizando tem chamado a atenção de outros comitês que querem seguir o exemplo”, parabenizou
SITE Hospedado no portal institucional do CBHSF, o hotsite da campanha trouxe um aumento de acesso considerável ao site. A campanha online começou no dia 18 de maio, chegando ao fim no dia 5 de junho. No mesmo período, o hotsite recebeu 8.063 visitas. Houve um crescimento de 171% em relação às visitas no site CBHSF no mesmo período do mês anterior. Foram, ao todo, 16.107 visitas e mais de 32.143 visualizações de páginas.
FANPAGE A partir do dia 18 de maio, início da campanha, a fanpage do CBHSF passou de um crescimento diário de cinco a 10 fãs, para um ganho médio de 600 novos fãs por dia, chegando a obter 900 fãs diários na reta final da campanha. A fanpage encerrou a mobilização com 37.715 fãs (eram 21.566 até o dia 18 de maio), sendo que as publicações, em média três por dia, obtiveram um alcance médio de 40 mil pessoas, com um pico máximo de 429 mil pessoas alcançadas pela divulgação do vídeo da campanha.
VÍDEO Divulgado a partir do dia 22 de maio até o final da campanha, o vídeo foi visualizado por 122.227 pessoas no Facebook, gerando 2.108
Jornais deram destaque à campanha
interações na postagem. Já no Youtube, o material obteve 25.837 visualizações, mantendo uma média de 3 mil novas visualizações por dia, e chegando ao pico de 3.705 visualizações no dia 3 de junho. Somando a essas mídias sociais, houve inúmeras exibições promovidas pelos membros do Comitê em locais sem acesso à internet, por meio do arquivo já armazenado em outras mídias (DVD, pen drive etc).
INSTAGRAM Lançado pouco tempo antes do início da campanha, o Instagram do CBHSF tinha apenas 113 seguidores, chegando a 280 seguidores após a campanha. O pico desse crescimento aconteceu no dia 3 de junho, quando o @cbhsaofrancisco adquiriu 35 novos seguidores. “As ações de comunicação do Comitê, especialmente a campanha nacional em defesa do Velho Chico, estão sintonizadas com as novas ferramentas de comunicação e mobilização social, fazendo uso das ferramentas digitais. O resultado tem sido muito positivo, com ampla repercussão das bandeiras de luta do CBHSF, chamando atenção de cada vez mais pessoas para a conscientização em relação à problemática do rio São Francisco”, ressaltou Malu Follador, coordenadora do programa de Comunicação do CBHSF.
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CAMPANHA É SUCESSO EM TODAS AS REGIÕES AS QUATRO REGIÕES FISIOGRÁFICAS DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO DEMONSTRARAM NA PRÁTICA O ENVOLVIMENTO E ADESÃO À CAMPANHA PELO DIA NACIONAL EM DEFESA DO VELHO CHICO. POR UMA ESTRATÉGIA DO CBHSF, AS MANIFESTAÇÕES SE CONCENTRARAM EM CIDADES POLOS. PASSEATAS, ATOS PÚBLICOS, PEIXAMENTOS, EXPOSIÇÕES FORAM ALGUMAS DAS REALIZAÇÕES. Peixamento de espécies nativas foi uma das ações realizadas
SUBMÉDIO A mobilização do Dia Nacional em Defesa do Velho Chico, organizado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco– CBHSF, na região do Submédio São Francisco, aconteceu às margens do rio, pela manhã, em Juazeiro-Bahia e, à tarde, em Petrolina-PE, e foi marcada pela presença de grupos de estudantes e das comunidades indígenas pernambucanas: os Entre Serras Pankararu, de Petrolândia, e os Truká, de Orocó e Cabrobró. O ato também atraiu a participação de ativistas, lideranças comunitárias, ciclistas, políticos, cantadores e poetas, todos motivados por um único grito de defesa do rio que tanto oferece à população das duas cidades e de toda a região do Vale do São Francisco. Em ambos os lados houve ato simbólico de devolução de água limpa e peixamento, com a entrega de alevinos às águas do São Francisco, pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codesvasf). “Foram 20 mil alevinos de espécies nativas, como Curimatã, Piau e Pacamã, essa última somente encontrada neste rio”, explicou o engenheiro de Pesca da Codesvasf, Francisco José de Souza Reis. O cacique UiltonTuxá, coordenador da Câmara Consultiva do Submédio São Francisco, fez uma avaliação positiva das atividades realizadas em Juazeiro e Petrolina, pela mobilização de diferentes setores da sociedade, entre ambientalistas, lideranças ribeirinhas, estudantes e políticos. “A sociedade está desprovida de conhecimento sobre a gravidade da situação do São Francisco. Cabe a cada um de nós espalhar essa informação e tentar conscientizar a todos de que o futuro do rio está comprometido e depende da nossa mobilização”, ressaltou.
ALTO O município mineiro de Lagoa da Prata, com população estimada em 50 mil pessoas, teve uma participação significativa nas atividades do Dia Nacional em Defesa do Velho Chico. No total, mais de cinco mil pessoas se envolveram com as manifestações (direta e indiretamente), ao longo de todo o dia 3 de junho. As ações foram iniciadas na primeira Estação de Tratamento de Esgoto da cidade e finalizaram com caminhada, entrega de mudas nativas e exposições de imagens que simbolizam o povo são-franciscano. Toda a programação foi coordenada pelo membro do Comitê do São Francisco e integrante da Câmara Consultiva Regional do Alto São Francisco, Lessandro Gabriel da Costa. Uma das atividades marcantes foi a distribuição de mais de duas mil mudas de plantas nativas na Praça da Matriz, localizada no centro da cidade. Segundo a representante do Comitê de Bacia dos Rios Jequitaí e Pacuí, Sirléia Drumond, “o Alto São Francisco está na fase do plantio e essa semente que foi plantada vai gerar muitos frutos”. Observando a intensa participação na caminhada que percorreu o centro da cidade, ela define seu sentimento: “Acho que existe um comprometimento tanto das autoridades como dos alunos e professores que saíram às ruas imbuídos do desejo de ver um Velho Chico cuidado”, completa. O coordenador da CCR do Alto São Francisco, Márcio Pedrosa, avaliou as manifestações do dia 3 de junho como uma das ações bem-sucedidas do Comitê. “ Foi um tempo curto, mas muito produtivo, em que muitas pessoas foram mobilizadas. A tendência é que a gente potencialize as ações a cada ano em todas as regionais”, salientou.
BAIXO
População mobilizada se concentrou à beira do rio, em Petrolina (PE)
A urgente necessidade de se promover a revitalização das margens do rio São Francisco, a fim de preservá-lo, motivou a população do município de Penedo (AL) a sair às ruas e atender ao chamamento do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), para participar do Dia Nacional em Defesa do Velho Chico, realizado no último dia 3 de junho. “Todos Somos Chico” foi o mote da campanha deste ano e foi com essa ideia na cabeça que a multidão tomou as ruas. Os estudantes deixaram as salas de aula, as donas de casa suspenderam um pouco os afazeres domésticos, os profissionais liberais adiaram um pouco suas agendas para demonstrarem a grande preocupação com a realidade enfrentada pelo rio que, na véspera da mobilização, teve a vazão reduzida para 950 m3/s (metros cúbicos por segundo). Muitos estudantes participaram da grande mobilização empunhando cartazes com produção própria. Além disso, professores de escolas públicas e particulares aproveitaram a oportunidade para desenvolver atividades com os alunos. Aliada à mobilização, também houve a exposição “Os Chicos”, com totens que retratam a ligação da população ribeirinha com o rio. O presidente do Comitê, Anivaldo Miranda, explicou que a programação acontece pelo segundo ano consecutivo para sensibilizar a opinião pública nacional
CURTAS Foto: Ispedito Nunes
para o grave momento pelo qual passa, atualmente, o rio São Francisco. Ele defende a urgente necessidade de revitalizar e preservar o Velho Chico. Ainda na região do Baixo São Francisco, no município de Propriá (SE), houve a entrega dos planos municipais de saneamento básico das cidades alagoanas de Traipu, Igreja Nova, Belo Monte e Feira Grande, além das sergipanas Propriá, Telha e Ilha das Flores.
MÉDIO Com gritos de ‘revitalização é preciso’, ‘sem água não há vida’ e o ‘rio São Francisco vive’, a população de Bom Jesus da Lapa, Xique-Xique, Irecê, Ibotirama e Remanso, cidades localizadas no estado da Bahia, no Médio São Francisco, “viraram carranca pra defender o Velho Chico”, no último dia 3 de junho, integrando-se à campanha criada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF. Aproximadamente quatro mil pessoas – entre estudantes, sociedade civil organizada e ambientalistas – promoveram, em cumprimento ao ato simbólico denominado ‘Dia Nacional em Defesa do Velho Chico’, caminhadas, palestras socioeducativas, soltura de peixes nativos e o plantio de mudas, tendo em vista melhorias para este que é o maior rio genuinamente brasileiro, percorrendo seis estados (MG, GO, BA, PE, AL e SE) mais o Distrito Federal. De acordo com o coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) do Médio São Francisco, instância ligada ao comitê de bacia, Cláudio Pereira, a ideia é que o eventos e torne permanente no calendário dos municípios da bacia. “É vital para a sobrevivência do rio estimular a sociedade, afinal, ‘todos somos Chico’” disse, em referência ao slogan da campanha. Pereira fez ainda um balanço positivo deste segundo ano da campanha. “Percebemos uma participação mais efetiva com relação ao ano passado. Além do envolvimento de novas pessoas, tivemos o exemplo de cidadãos que, a partir das manifestações do ano passado, conseguiram promover atividades em paralelo às nossas. É isso que o CBHSF espera. Uma mobilização do povo da bacia”, destacou. A lapense Eleonor Novaes Ferreira, 68 anos, acredita que são os jovens da bacia que salvarão o São Francisco. “Precisam ir às ruas, gritar, reivindicar. A beleza natural do Velho Chico tem que ser recuperada. Viva o São Francisco”, explanou em praça pública a moradora de Bom Jesus da Lapa. A estudante Camila Brandão, 12 anos, foi uma das jovens presentes à manifestação. “É preciso ter dignidade e postura ética para agir em prol do rio”, expressou ela, que foi a aluna escolhida para falar em público, representando a Escola Municipal Francisco Flores, localizada na zona rural de Bom Jesus da Lapa.
JUVENTUDE I
Jovens foram as ruas em ato a favor do Velho Chico
A campanha deste ano no Médio São Francisco teve como grande surpresa, sem sombra de dúvida, a efetiva participação das escolas, sejam urbanas ou rurais, do município de Bom Jesus da Lapa (BA). Jovens e crianças de diferentes idades “viraram carranca” para defender o rio São Francisco, mostrando exemplo de consciência com este que é carinhosamente chamado de Velho Chico. “Precisamos revitalizar o nosso querido ‘Chico’”, gritou uma delas.
JUVENTUDE II Prova de que educação ambiental se faz desde cedo foram as dezenas de crianças que, com alegria, saíram às ruas no último dia 3 de junho, na cidade mineira de Lagoa da Prata, fazendo muito barulho e erguendo seus pompons de papel na intenção, mesmo que inocente, de pedir maior cuidado com o meio ambiente e aumento na qualidade e quantidade das águas para o futuro próximo.
ESCOLAS MOBILIZADAS
Foto: Juliano Silva
Fotos: Regina Lima
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As ações que movimentaram o Alto São Francisco no Dia Nacional em Defesa do Velho Chico foram marcantes também para centenas de estudantes de escolas “regulares” e da educação especial, que deram mais vida à cidade de Lagoa da Prata (MG) com cartazes, faixas e gritos de protestos na praça da Igreja Matriz, no centro da cidade. “A gente saiu da escola e foi às ruas para mostrar que a água está acabando e a gente tem que fazer alguma coisa”, disse a aluna da Escola Estadual Chico Resende, Carolina Bernardo,17 anos.
ABAIXO-ASSINADO Durante todo o dia, nos atos em Juazeiro e em Petrolina, foram recolhidas assinaturas para serem entregues ao Governo Federal pela criação do Conselho Gestor do Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. O pedido é que o projeto, que existe desde 2001, seja prorrogado por mais 20 anos. O mesmo abaixo-assinado pode ser acessado online pelo endereço: virecarranca.com.br. Em tempo: até o fechamento deste jornal, já haviam mais de cinco mil assinaturas.
DOCUMENTO AO CBHSF
O slogan "Todos somos Chico" contagiou a população ribeirinha
Durante o Dia Nacional em Defesa do Velho Chico, em Penedo (AL), a representante do movimento Articulação Popular São Francisco Vivo, Maísa Joventino, entregou ao presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, o documento proveniente do IV Encontro Popular da Bacia do Velho Chico. No texto, o movimento relaciona os problemas enfrentados pelo rio e as possíveis soluções. O encontro foi realizado em Bom Jesus da Lapa (BA), entre os dias 28 e 31 de maio.
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CAMPANHA FOI DESTAQUE TAMBÉM NA INTERNET
A
campanha “Eu Viro Carranca Pra Defender o Velho Chico” não mostrou apenas bons resultados nas ruas. Ela ganhou grande destaque também no ambiente da internet, onde um grande número de visualizações, seguidores e compartilhamentos do conteúdo digital superaram todas as expectativas.
NOTÍCIAS DO SÃO FRANCISCO
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ENTREVISTA
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WAGNER SOARES COSTA
CAMPANHAMOSTRAAIMPORTÂNCIADOTRABALHO PARTICIPATIVOEMPROLDOVELHOCHICO
Foto: Leonardo Ariel
A campanha propiciou uma maior visibilidade do CBHSF perante a sociedade. De que modo isso favorece o trabalho da instituição? De maneira geral o público não conhece as atividades de um comitê de bacia e campanhas como essa mostram a importância do trabalho participativo para que as pessoas passem a se interessar mais pelas atividades do Comitê do São Francisco e a entender melhor a importância da questão hídrica.
O VICE-PRESIDENTE DO COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO, WAGNER SOARES COSTA, FAZ UM BALANÇO DAS AÇÕES DO DIA NACIONAL EM DEFESA DO VELHO CHICO (3 DE JUNHO), INSTITUÍDO PELO COMITÊ EM 2014 E QUE MOBILIZOU, PELO SEGUNDO ANO CONSECUTIVO, MILHARES DE PESSOAS NUM SÓ OBJETIVO: CHAMAR A ATENÇÃO DA SOCIEDADE PARA A URGENTE NECESSIDADE DE REVITALIZAÇÃO DO RIO E SEUS AFLUENTES. NESTA ENTREVISTA, COSTA FALA TAMBÉM SOBRE A ATUALIZAÇÃO DO PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO SÃO FRANCISCO E DOS CONFLITOS PELOS USOS DAS ÁGUAS.
Por que virar carranca para defender o São Francisco? Porque carranca é um símbolo do rio, um adorno que era colocado nas embarcações para afugentar os maus espíritos e assim proteger a embarcação e seus tripulantes. O sentido atual é o mesmo, em defesa do rio. As pessoas, simbolicamente, viram carrancas para espantar aqueles que não se preocupam ou agridem o São Francisco. Qual a importância do Dia Nacional em Defesa do Velho Chico, sob o ponto de vista ambiental? Chamar à atenção para o rio e para a necessidade de sua preservação. As pessoas, com a campanha, se conscientizam de que cuidar do território (uso e ocupação do solo) e evitar sua poluição contribuem com a melhoria da quantidade e qualidade da água. Acha que a campanha já se consolidou no cenário nacional? Como podemos medir esse alcance? Esse é o segundo ano da campanha, mas pelo aumento do número de acessos ao site do comitê e as notícias que circularam na imprensa escrita e falada, acreditamos que a questão foi percebida nacionalmente. Vamos dar continuidade à campanha, pois mudança de atitude não acontece em curto prazo. Esse é um processo que deve ser alimentado todo dia!
Observou-se este ano um envolvimento muito grande de diferentes segmentos comunitários ao longo da bacia, dos estudantes aos ambientalistas. O senhor acha que a preocupação em salvar o São Francisco já atinge a todos os setores da sociedade? Sem dúvida já atingimos diversos setores da sociedade, precisamos agora continuar o trabalho e consolidar o Dia Nacional em Defesa do Rio São Francisco para que, cada vez mais, as pessoas participem e transformem essa participação em ações de preservação. O processo de atualização do Plano de Bacia, atualmente em curso, tem contribuído para essa maior conscientização da população? A revisão do plano está ainda no momento do diagnóstico, no levantamento de dados para se entender a dinâmica da bacia, dez anos depois do primeiro plano. Nesse momento, são procuradas lideranças, pessoas que possuem mais intimidade com o São Francisco para se ter uma visão melhor do rio e poder melhor trabalhar os dados levantados. A fase seguinte, de prognós-
“PELO AUMENTO DO NÚMERO DE ACESSOS AO SITE DO COMITÊ E AS NOTÍCIAS QUE CIRCULARAM NA IMPRENSA ESCRITA E FALADA, ACREDITAMOS QUE A QUESTÃO FOI PERCEBIDA NACIONALMENTE”
tico, onde serão apresentadas as ações para solução dos problemas levantados, é que será o momento da mobilização das pessoas para que entendam e possam contribuir com o plano. Isso será feito por meio de audiências públicas nas principais cidades da bacia A idéia de uma data para a defesa do Velho Chico não exclui outras mobilizações que possam ocorrer ao longo do ano. Que aspectos devem merecer as maiores atenções do poder público, e das próprias comunidades ribeirinhas, visando à recuperação do São Francisco? A recuperação de áreas degradadas, cobertura vegetal de áreas de recarga, a proteção de nascentes, a recuperação e manutenção das Áreas de Preservação Permanentes (APPs), gestão das barragens geradoras de energia para os usos múltiplos, a questão da irrigação agrícola, dentre outros. Muito se fala em revitalização como o único caminho para recuperação do São Francisco. Como o senhor observa o andamento desse processo no âmbito governamental? Temos visto muita propaganda e pouca ação. O assunto é complexo e vimos as diversas instituições agindo independentemente, sem somar esforços e muitas vezes dissociadas das diretrizes do plano da bacia. Em sua opinião, o que precisa ser feito para minimizar os conflitos de uso das águas do São Francisco? Um planejamento integrado considerando todos os usos da água e a ocupação do território da bacia. A partir daí, conjugar e direcionar os recursos de cada um, iniciativa privada e governo, para um esforço concentrado, com boa governança para que a coisa aconteça.