travessia Notícias do São Francisco
JORNAL DO COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO / NOVEMBRO 2018 | Nº 19
Expedição científica constata que a situação do Baixo São Francisco é preocupante Alto São Francisco recebe a última reunião de 2018 para alertar sobre o risco de cheias e suas consequências
CBHSF compartilha experiências para ajudar na reestruturação do CBH Tarumã-Açu (AM)
Página 6
Página 7
Editorial AGENDA DA QUALIDADE O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, CBHSF, colocou em marcha as medidas destinadas à execução de um programa específico para monitorar a qualidade das águas em toda a calha do rio, começando pela região do Baixo São Francisco onde os impactos das atividades antrópicas e fenômenos naturais, como secas, são maiores. Para tanto realizou em Maceió uma oficina de trabalho para a qual foram convidados representantes de todas as instituições e órgãos públicos que monitoram as águas franciscanas na região. O principal objetivo do encontro foi recolher contribuições para o Termo de Referência que servirá como bússola para a elaboração de um Plano de Ações destinado a melhorar a qualidade daquelas águas através da formação de uma ampla rede de cooperação institucional, entre outros instrumentos. Aliás, com esse mesmo objetivo de integração institucional, o CBHSF apoiou financeiramente a realização daquela que, seguramente, é a maior expedição científica para diagnóstico dos problemas que afetam o Baixo São Francisco. Durante vários dias a expedição colheu amostras, fez observações, examinou peixes e plantas e conversou com ribeirinhos através de pesquisadores de várias especialidades, pertencentes a diversas universidades. Os resultados dessas iniciativas em breve terão mais desdobramentos práticos configurando, assim, uma atividade sistemática que está prevista como um dos eixos do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Portanto, mãos à obra. Ou melhor, mãos na água! Anivaldo de Miranda Pinto Presidente do CBHSF
Montes Claros – MG Com o tema “Biomas brasileiros”, a próxima Plenária do CBHSF colocará em pauta a situação atual do Cerrado, da Caatinga e contará ainda com uma apresentação de representantes do CBH Tarumã-Açu, do Amazonas. Na programação, estão previstos a assinatura do Acordo de Cooperação Técnica entre CBHSF, CEMIG e Agência Peixe Vivo para o “Projeto do Sistema de previsão hidrológica e hidrodinâmica
como suporte de decisão operativa à UHE Três Marias para manutenção e estabelecimento das Lagoas Marginais no trecho mineiro da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco”, e a apresentação de estudos para a implementação da gestão integrada de águas superficiais e subterrâneas na bacia hidrográfica do rio São Francisco: sub-bacias dos rios Verde Grande e Carinhanha, entre outros.
A reunião acontecerá nos dias 06 e 07 de dezembro de 2018, no hotel Dubai Suítes, R. Tupiniquins, 55, Melo, Montes Claros (MG)
Veja a programação completa em www.cbhsaofrancisco.org.br
2
Plantação irrigada em Lagoa da Prata (MG)
Cooperação técnica internacional será modelo de gestão de novo trabalho realizado pelo CBHSF Prática inovadora promete somar experiências para uma irrigação agrícola sustentável Texto: Priscilla Atalla / Fotos: Fernando Piancastelli, Ohana Padilha, Edson Oliveira
O esboço do Projeto de Cooperação Técnica entre o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), sobre Irrigação Agrícola na Bacia do São Francisco, foi apresentado no dia 03 de outubro por membros do Comitê, em Brasília (DF). O objetivo do projeto é buscar ações capazes de privilegiar as formas de conservação e gestão das águas superficiais e subterrâneas usadas para irrigação agrícola. A parceria começou a ser desenhada em março, durante o Fórum Mundial da Água, e promete ser inovadora para os usuários da Bacia, além de exemplo de boas práticas para outros Comitês de Bacia. É o que explica o coordenador da Câmara Técnica Institucional e Legal (CTIL) do CBHSF, Roberto Farias. “Nós vamos abrir as portas para que outros Comitês também adotem essas práticas, este é o resultado de uma ideia que está sendo colocada em prática para o bemestar do usuário”, avalia Roberto.
Segundo o professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Melchior Carlos do Nascimento, que trabalhou na formulação do documento, o CBHSF pretende atuar em duas frentes, capacitando os usuários irrigantes e tornando-os referência para atuação em boas práticas sobre o tema em diferentes regiões do São Francisco. “Precisamos alcançar os usuários. Essas pessoas precisam de uma orientação para que elas reconheçam sua importância e seu papel dentro destas práticas sustentáveis”, afirmou. “O projeto passou por toda uma avaliação jurídica para atender às especificidades de um acordo de cooperação internacional”, explicou Gertjan Beekman, coordenador da área de Agricultura, Gestão Sustentável dos Recursos Naturais e Adaptação à Mudanças Climáticas. Também participaram da reunião Francisco Campello, do Ibama de Pernambuco, para dar suporte ao CBHSF com a experiência do órgão em cooperação internacional, e membros do IICA. Após os ajustes, o CBHSF apresentará o Projeto à Agência Brasileira de Cooperação
(ABI), ligada ao Itamaraty. A expectativa é que o projeto comece a funcionar no início de 2019. O prazo para execução é de quatro anos. Cooperação Internacional – A cooperação técnica internacional constitui importante instrumento de desenvolvimento, auxiliando um país a promover mudanças estruturais nos campos social e econômico, incluindo a atuação do Estado, por meio de ações de fortalecimento institucional. Os programas implementados sob sua égide permitem transferir ou compartilhar conhecimentos, experiências e boas práticas por intermédio do desenvolvimento de capacidades humanas e institucionais, com vistas a alcançar um salto qualitativo de caráter duradouro. IICA – O IICA é um organismo especializado em agricultura do Sistema Interamericano que apoia os esforços dos estados membros em sua busca pelo desenvolvimento agrícola e pelo bem-estar rural. Sua missão é incentivar, promover e apoiar os esforços dos estados membros para conseguirem seu desenvolvimento agrícola e bem-estar rural por meio de cooperação técnica internacional de excelência.
Parceria entre CBHSF e IICA será exemplo de boas práticas para outros Comitês de Bacia
3
CBHSF participa do evento sobre o Rio São Francisco promovido pelo Cemafauna Caatinga Texto: Juciana Cavalcante / Fotos: Juciana Cavalcante/ Edson Oliveira
Com o objetivo de trocar experiências e apresentar os principais trabalhos desenvolvidos pelos diversos atores em torno do Rio São Francisco, o Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna Caatinga) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina (PE), realizou entre os dias 02 e 05 de outubro, a I Semana das Águas do Rio São Francisco. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), representado pelo secretário da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Almacks Luís, participa do evento apresentando as experiências e atuação do CBHSF. “Esse é mais um espaço importante para discussões e troca de experiências. É positivo o Comitê marchar junto com a academia entendendo sua importância para o processo de conscientização. As pesquisas realizadas não só pelas instituições de ensino como também pelos órgãos com atuação direta sobre o Rio contribuem muito
com o que buscamos enquanto Comitê: a sua revitalização”, explicou Almacks. O CBHSF teve espaço aberto para apresentação de suas principais atividades e ações para revitalização e proteção da bacia. Para a professora e coordenadora do Cemafauna, Patrícia Nicola, a Semana das Águas nasce da necessidade de agrupar as informações sobre o Rio São Francisco de modo a contribuir com as pesquisas, além de apresentar as atividades desenvolvidas pelos laboratórios da Biota responsáveis pela execução das atividades do Programa Básico Ambiental 23 (PBA – 23), que atua no monitoramento de organismos aquáticos do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF), obra do Ministério da Integração Nacional. “Tem muita coisa positiva que o CBHSF precisa se apropriar, como os dados de monitoramento disponibilizados pela UNIVASF através do Cemafauna”, ressaltou.
Membros do CBHSF e professores da Univasf trocam experiências durante a I Semana das Águas do Rio São Francisco, em Petrolina (PE)
4
Patrícia Nicola sugeriu, no evento, espaços de aproximação dos agentes ligados à preservação e ao uso das águas do Rio São Francisco. “Nem todos sabemos o que os outros fazem sobre o São Francisco. Se a gente não consegue fazer isso, não é possível divulgar e passar pra sociedade o que fazemos. Importante para o rio que os atores se conheçam e possam, além de repassar, trocar informações porque, às vezes, fazemos coisas parecidas e tudo pode e deve ser soma”, destacou. A I Semana das Águas foi um ciclo de palestras que abordou temas como: Políticas Públicas da Gestão dos Recursos Hídricos, Diversidade e Conservação, Integridade das Águas e Espécies Invasoras e a Relação Invasoras-Nativas. Confira o vídeo e as fotos da visita técnica: https://goo.gl/3QV4H7 ou com seu celular escaneie o QR CODE ao lado.
Pesquisadores constatam degradação do São Francisco durante expedição em Alagoas Texto: Delane Barros / Fotos: Imagens cedidas A realidade do Baixo São Francisco é preocupante e o cenário, cada vez mais inquietante. Foi a conclusão inicial a que chegou o grupo de professores e pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), do Instituto Espanhol de Oceanografia, além de estudantes de graduação e pós-graduação, após a expedição realizada entre os municípios alagoanos de Piaçabuçu, Penedo, Porto Real do Colégio, Traipu e Igreja Nova. A jornada, que aconteceu entre os dias 15 e 19 de outubro, percorreu cerca de 120 quilômetros no leito do Velho Chico e as constatações são dolorosas. A expedição foi financiada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas (Fapeal). Os pesquisadores contaram com o apoio de um barco científico, com canoas motorizadas e um barco-robótico, que contribuiu na coleta de amostras de água e de peixes, bem como escaneamento do relevo aquático. O professor do Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da Ufal, Emerson Soares, coordenador da expedição, ficou bastante preocupado com o que encontrou na região.“É importante ressaltar que os exames laboratoriais ainda estão sendo feitos e, para atender aos parâmetros técnicos, é necessário cumprir alguns prazos. Entretanto, algumas constatações já podem ser feitas. Por exemplo, na região da foz, a água é imprópria para absolutamente tudo, devido à intrusão salina. Não serve para cozinhar, tomar banho, para a agricultura e nem mesmo para regar uma planta qualquer”, explica. Emerson Soares faz uma comparação para se fazer entender. Conforme constatou, os índices de salinidade aceitáveis são de menos de 1% a cada 100 ml. “Em Piaçabuçu, esse índice chega a 120%. É muito acima do
aceitável”, alerta o professor e pesquisador. Devido a isso e a fatores como competição com espécies exóticas, problemas com poluição orgânica e química e pesca com apetrechos não recomendados, espécies endêmicas, ou seja, aquelas que são próprias do Rio São Francisco, simplesmente estão deixando de existir. Como exemplo, Emerson Soares cita os peixes dos tipos curimatã-pacu e pilombeta. Em artigo científico de 2011, do próprio coordenador, essas eram espécies mais abundantes e só encontradas no Velho Chico. Durante a expedição não foi achado nenhum exemplar das espécies. “Esses peixes simplesmente desapareceram. Eu nunca havia visto algo parecido. Encontramos assoreamento em grande parte do rio, solos pobres e desmatados, água muito provavelmente com indícios de metais pesados, presença de agrotóxicos e até mesmo formol em produtos pesqueiros foram observados”, relata ele, observando que a confirmação dos dados depende do resultado laboratorial das análises, o que pode levar até 90 dias. Além das amostras de peixes e crustáceos capturados no rio, também foram constatados as presenças de espécies exóticas, de fora da bacia do São Francisco, cunha salina elevada, possíveis indícios de alta concentração de coliformes fecais em locais de coleta próximos às cidades, pesca irregular, entre outros. Mais de 150 amostras estão divididas para análise em laboratório na Ufal, que deverá estudar pesticidas, qualidade da água, amostras de solo e agrotóxicos, e a Embrapa de Aracaju (SE) irá averiguar a existência de metais pesados em peixes e na água. Diante desse cenário, o pesquisador defende um serviço de monitoramento a ser executado por pelo menos dois anos, com coletas sendo feitas em período de seca e em período chuvoso, o que permitiria
a constatação da realidade do rio em momentos distintos. Antônio Jackson Borges, membro do CBHSF, acompanhou o trabalho realizado na área de Traipu, município alagoano. “O resultado dessa investigação nos dará um resultado independente e transparente, para que a população possa ter conhecimento da qualidade da água que está sendo consumida, bem como dos peixes que estão sendo pescados no rio. As dúvidas sobre a qualidade do que estamos ingerindo devem ser esclarecidas a partir dessa intervenção”, aposta ele. Para o presidente do Comitê, Anivaldo Miranda, a Academia tem grandes contribuições para apresentar ao colegiado. Miranda defende a atuação parceira e constante das universidades e o CBHSF. “E a maior prova de que queremos a presença das instituições junto ao Comitê está no simpósio de pesquisadores da bacia, que realizamos a cada dois anos e já estamos na segunda edição. Vamos aguardar o resultado da expedição e temos certeza de que muito irá contribuir e engrandecer as ações no São Francisco”, resumiu Miranda. A expedição contou com professores e pesquisadores das áreas de engenharia de pesca, zootecnia, agroecologia, agronomia, biologia, oceanografia, além do biólogo marinho espanhol que veio especialmente participar da exploração, Evaristo Rial. Há a pretensão de se publicar um livro com os resultados das coletas, artigos científicos e um documentário científico. Ouça o podcast sobre a expedição: https://goo.gl/acKXDP ou com seu celular escaneie o QR CODE ao lado.
A expedição contou mais de 40 pesquisadores e percorreu cerca de 120 km no leito do Velho Chico
5
CBHSF encerra a série de reuniões sobre cheias e ocupações irregulares na Bacia do São Francisco Evento aconteceu em Pirapora e contou com grande participação da população Texto: Núbia Primo / Fotos: Carina Vaz Tatiane Santos Rodrigues, representante do Sindicato dos Produtores Rurais de Pirapora, salientou que “a reunião veio de encontro com uma grande preocupação do Sindicato, evitar perdas, já que a agricultura nas margens do rio é uma constante”. Termos de Cooperação
Assinatura do Termo de Cooperação entre o CBHSF e o CBH do Rio Paracatu
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) realizou, em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA), Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Defesa Civil Nacional e de MG, Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), municípios do Alto São Francisco e prefeitura de Pirapora, a terceira e última reunião pública de 2018 para tratar de prevenção quanto aos possíveis impactos das cheias na Bacia do Rio São Francisco, ocasionados principalmente por ocupações irregulares em áreas de proteção permanente e também pelas condições de assoreamento e degradação do rio. O encontro aconteceu em Pirapora/MG, no dia 24 de outubro. “Com o início do período úmido, a ocorrência de vazões no rio acima de 2.000 m³/s (metros cúbicos por segundo) já podem começar a causar danos em algumas ilhas, ocupadas irregularmente, ao longo do rio”, foi o que alertou o engenheiro de Planejamento Hidroenergético da CEMIG, Renato Júnior. A prefeita de Pirapora, Marcela Machado Ribas Fonseca, agradeceu a intervenção do Comitê e reforçou a necessidade de intensificação dos esforços do poder público local na prevenção de possíveis desastres na região.
A coordenadora da Câmara Consultiva Regional do Alto São Francisco, Silvia Freedman lembrou que “o momento é propício para se falar em prevenção, em plena crise hídrica na região, intensificada a partir de 2013, inclusive com o desabastecimento humano. Nesse cenário, expandiram-se as construções e ocupações nas margens do rio, situação que é muito preocupante. Precisamos respeitar as margens do rio porque, depois que o desastre acontece, não adianta colocar a culpa no rio e as consequências são mais graves e muitas vezes irremediáveis”. O Tenente Coronel Faria, da Defesa Civil de Minas Gerais, interagiu com os participantes e demonstrou, através de material de treinamento do órgão, como agir em períodos chuvosos. Para Vilma Martins Veloso, moradora da comunidade de Barra Guaicuí, e membro do CBHSF, “encontros como esse deveriam acontecer mais vezes e em cada comunidade. As ocupações na calha do rio são muitas, basta percorrer por aqui. Rezamos pelas chuvas, mas como estamos acostumadas com a seca, achamos que o rio nunca vai encher e adentramos no rio. Se vier uma chuva forte podemos perder nossas economias e até nossas vidas”.
Trecho do rio São Francisco em Pirapora (MG), cidade que enfrenta uma severa crise de abastecimento humano, devido à falta de chuvas
6
Durante a reunião, foram assinados dois termos de cooperação. O primeiro, entre o CBHSF, a Agência Peixe Vivo e o Serviço Autônomo de Água (SAAE) de Pirapora, com o objetivo de ampliar o sistema de tratamento de água em Pirapora. O projeto vai contar com o apoio financeiro oriundos da Cobrança Pelo Uso das Águas na Bacia do São Francisco. O diretor do SAAE, Esmeraldo Pereira dos Santos, agradeceu a sensibilidade do CBHSF com a cidade, que enfrenta uma severa crise de abastecimento humano, devido à falta de chuvas e à baixa vazão na represa de Três Marias. “Com essa parceria vamos garantir a segurança hídrica para Pirapora e região”. O outro Termo foi assinado com Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paracatu e objetiva a revitalização da bacia do Paracatu. O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, ressaltou que “o papel do Comitê, além de reverter integralmente os recursos da cobrança da água em projetos de revitalização e segurança hídrica para a população, é investir em planejamento, sensibilização governamental e social para a preservação do rio e ações preventivas como essa, de reunir os atores sociais e construir coletivamente uma agenda de enfrentamento com relação às possíveis enchentes, representam o cumprimento da missão institucional do Comitê”. Confira o podcast e a repercussão na mídia: https://goo.gl/KQSHJN ou com seu celular escaneie o QR CODE ao lado.
Rio Tarumã-Açu (AM)
Experiência do CBHSF é exemplo para reestruturação de Comitê no Amazonas Texto e fotos: Florêncio Mesquita A gestão participativa de águas desenvolvida pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) foi considerada um exemplo para nortear a reestruturação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio TarumãAçu (CBHTA), em Manaus, no Amazonas. O reconhecimento ao trabalho do CBHSF foi apresentado pela diretoria do Tarumã-Açu, no dia 28 de setembro, durante o primeiro seminário promovido pela instituição na capital amazonense. O objetivo foi coletar contribuições para a elaboração do Plano de Gestão da Bacia do Tarumã-Açu, cuja gestão passa por um processo de capacitação, fortalecimento e definição de marcos regulatórios. Durante os dias 26, 27 e 28 de setembro, o CBHTA reuniu especialistas, a fim de consolidar uma proposta efetiva para o plano. O documento reúne diretrizes de planejamento para ações na bacia, tais como a conservação dos recursos naturais e melhoria de qualidade de vida da população que a utiliza. Entre os especialistas que contribuíram com a iniciativa estão Anivaldo Miranda e Roberto Farias, presidente e coordenador da Câmara Técnica Institucional e Legal (CTIL) do CBHSF, respectivamente. Eles foram convidados para discorrer sobre o Sistema Nacional de Recursos Hídricos no Brasil, os desafios políticos, econômicos e sociais, além da legislação e os instrumentos normativos de gestão de recursos hídricos. “A iniciativa do CBHTA é louvável e nos colocamos à disposição para contribuir com a experiência da Bacia do São Francisco. É
fundamental que uma cidade como Manaus, com mais de 2 milhões de habitantes, comece a cuidar de suas águas. Chegou a hora de compor o Comitê. É nele que podem ser construídos os consensos mais sólidos para que esgotos sejam tratados e rios enquadrados em suas classes de uso para que os planos de bacias sejam finalmente implementados”, destacou Anivaldo Miranda. Conforme a presidente do CBHTA, Solange Damasceno, embora o Amazonas tenha em seu território corpos d’água internacionais e de grande volume, tais como o Rio Negro, Madeira e o Amazonas, possui apenas dois CBHs instituídos. “Estamos nos esforçando para mudar essa realidade respondendo aos principais anseios do Comitê. O que não foi feito em 12 anos de CBHTA, estamos fazendo em quatro meses. Saímos desse seminário entendendo o que precisamos fazer para avançar nesse processo”, explicou. Ela avalia que a postura do CBHSF em compartilhar informações é essencial para o fortalecimento dos comitês que buscam se firmar enquanto gestores de recursos hídricos. “A participação do CBHSF foi fundamental para que todos os envolvidos na gestão de águas do Tarumã-Açu entendam a funcionalidade e a necessidade de fortalecer o Comitê. Com a colaboração dos representantes do São Francisco conseguimos organizar o planejamento da reestruturação do Comitê do Tarumã-Açu, ampliar a discussão na sociedade amazonense e, o mais importante, que foi fechar o termo de referência para que possamos licitar o Plano de Gestão da Bacia”, afirmou.
Membros do CBHSF levam sua experiência em gestão de recursos hídricos para o Amazonas
Para o secretário executivo do CBHTA, Artur Sgambatti, a reestruturação do Comitê é um feito histórico. “Escutar quem entende e provou ser competente em meio à escassez é fundamental porque mostra que se eles conseguiram estabelecer governança no rio São Francisco, nós também podemos no Rio Tarumã-Açu. Só temos a agradecer pela ajuda no compartilhamento de conhecimento do CBHTA nesse momento histórico”, salientou. Roberto Farias ressaltou que contribuir com a estruturação de outros Comitês também é colaborar para a gestão hídrica do país. “É dever nosso contribuir para a gestão das águas seja onde for para que Comitês possam sair do papel e se tornar exemplos. Mostramos a estrutura e as instâncias de competência do Comitê e da câmara técnica institucional, o que os seus membros fazem e qual é a atuação deles na solução de conflitos. Esperamos ter contribuído com o fortalecimento do Comitê de Bacia Hidrográfica do Tarumã-Açu e nos colocamos à disposição para trazer nosso conhecimento, inclusive, para montar a estrutura do Comitê”, disse.
Assista também aos vídeos e a cobertura completa: https://goo.gl/TSUoTY ou com seu celular escaneie o QR CODE ao lado.
O Tarumã-Açu é a maior bacia hidrográfica da área urbana de Manaus e sofre, desde 1960, com degradação provocada por urbanização desenfreada, ocupação irregular, supressão vegetal e poluição em função da falta de tratamento de esgoto
7
Dois
dedos de
prosa
Solange Damasceno Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tarumã-Açu Solange Damasceno é bióloga, mestre em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos e possui grande experiência na área de gestão das águas. Atualmente, é conselheira secretária do Conselho Regional de Biologia (CRBIO-06), conselheira do Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Amazonas (CERH/ AM) e preside o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Tarumã-Açu (CBHTA).
Texto: Mariana Martins
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tarumã-Açu está passando por um processo de reestruturação. Já foram realizados alguns seminários, reuniões. Quais são os próximos passos? Os próximos passos são: aprovação do TDR do Plano de Bacia na Plenária do CBHTA, que será realizada no dia 14 de novembro. Após a aprovação, o TDR é encaminhado para a Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas para licitação. Posteriormente iremos trabalhar na construção da Agência de Água para o CBHTA, em paralelo a outras agendas que estão sendo planejadas, como: educação ambiental/sensibilização dos atores intervenientes da bacia, estudos e pesquisas na bacia, entre outros. O Tarumã-Açu, maior bacia hidrográfica da área urbana de Manaus, sofre com degradação provocada por urbanização desenfreada, ocupação irregular, desmatamento e poluição. Quais são os planos do CBHTA em relação a esses problemas? Após consolidado o Plano de Bacia, vamos ordenar o uso e ocupação do solo na bacia, articular com as instituições de fiscalização quanto à retirada da vegetação nas áreas de APPs e poluição difusa e implementar a outorga e cobrança pelo uso dos recursos hídricos na bacia. Quais são os principais desafios para a gestão dos recursos hídricos na Bacia do Tarumã-Açu? Um dos maiores desafios da gestão de recursos hídricos tanto na Bacia do Tarumã-Açu como na região amazônica, é o entendimento das pessoas quanto ao uso do recurso hídrico, a forma de utilização, especialmente quando se trata do descarte das águas cinzas (pós uso). Isso se dá especialmente nas áreas urbanas ou periurbana dos municípios. Na Bacia do Tarumã-Açu temos grandes impactos que estão relacionados com a ocupação desordenada das áreas de marinha, a retirada da mata ciliar, a descaracterização
travessia Notícias do São Francisco
Presidente: Anivaldo de Miranda Pinto Vice-presidente: José Maciel Nunes Oliveira Secretário: Lessandro Gabriel da Costa
Produzido pela Assessoria de Comunicação do CBHSF - Tanto Expresso
Acompanhe as ações e os projetos do CBHSF por meio do nosso portal e redes sociais
cbhsaofrancisco.org.br #cbhsaofrancisco
da rede de drenagem, o descarte de resíduos sólidos nos corpos hídricos e o uso e ocupação do solo. Vale ressaltar que a bacia possui diversos usos como a balneabilidade, a pesca artesanal, a navegação, comércios, esporte e lazer. Como está sendo a troca de experiências com o CBHSF? Como você avalia essa contribuição? A troca de experiências é muito válida, por conta de o CBHSF ser um Comitê de Bacia com bastante experiência. Nós, do CBHTA, apesar de já possuirmos 12 anos de criação, ainda não temos os instrumentos de gestão implementados. A contribuição do CBHSF em participar no processo de reestruturação do CBHTA com certeza será de bastante aprendizado, em função da permuta de informações de como gerir um manancial com grande volume de água e transpor isso para um de menor volume. A Amazônia também tem muito a ensinar, tanto para nós que moramos aqui como para as demais regiões do país. Acredito que devemos trocar mais experiências e informações entre os CBHs, porque somos um sistema de recursos hídricos e codependentes um do outro. Precisamos nos fortalecer e juntos construirmos uma gestão de águas eficiente. O CBHTA pretende desenvolver laços de cooperação com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco? Com certeza. Vamos juntos avaliar de que forma podemos nos ajudar e contribuir um comitê com o outro. Fazer gestão na abundância de água é tão difícil como fazer na escassez. Temos problemas similares em alguns casos e em outros bem mais complexos. Não podemos pensar em gestão de recursos hídricos na Amazônia se não olharmos pelo prisma da sazonalidade de seus rios, da biodiversidade que o envolve, da navegação e dos povos que “nascem nas águas” e vivem delas e as têm não apenas como um líquido para matar a sede. Para o amazônida a água é parte integrante do seu viver.
Coordenação Geral: Paulo Vilela, Pedro Vilela, Rodrigo de Angelis Edição: Mariana Martins Textos: Delane Barros, Florêncio Mesquita, Juciana Cavalcante, Mariana Martins, Núbia Primo, Priscilla Atalla Diagramação: Sérgio Freitas Assessoria de Imprensa: Mariana Martins Fotos: Acervo CBHSF / TantoExpresso: Carina Vaz, Edson Oliveira, Fernando Piancasteli, Marcizo Ventura, Ohana Padilha Impressão: ARW Gráfica e Editora Tiragem: 5.000 exemplares Direitos Reservados. Permitido o uso das informações desde que citada a fonte. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Secretaria do Comitê: Rua Carijós, 166, 5º andar, Centro - Belo Horizonte - MG - CEP: 30120-060 (31) 3207-8500 - secretaria@cbhsaofrancisco.org.br - www.cbhsaofrancisco.org.br Atendimento aos usuários de recursos hídricos na Bacia do Rio São Francisco: 0800-031-1607 Assessoria de Comunicação: comunicacao@cbhsaofrancisco.org.br Comunicação
Apoio Técnico
Realização