Comitê abre Chamamento Público para projetos de saneamento rural
Municípios beneficiados com instalação de energia solar
Dois dedos de prosa com Ailton Krenak
Comitê abre Chamamento Público para projetos de saneamento rural
Municípios beneficiados com instalação de energia solar
Dois dedos de prosa com Ailton Krenak
O Travessia está de cara nova! A partir desta edição, o informativo estreia um novo projeto gráfico, com visual mais leve e arejado, para oferecer cada vez mais protagonismo ao conteúdo. Mais moderno, segue as principais tendências de comunicação no quesito design, tudo para marcar que a nova fase é uma realidade que nos fez centrar todos os nossos esforços em melhorar a qualidade do que fazemos, chegar ao nosso público.
Nesta edição, destacamos algumas das ações do Comitê nestes últimos dois meses. Com muito orgulho, ultrapassamos a marca dos cem Planos Municipais de Saneamento Básico, concluídos e entregues a municípios da bacia. E já temos uma nova linha de ação em andamento que é a execução de obras maiores de saneamento, como já temos feito, por exemplo, com melhorias de sistemas de abastecimento da água. Da mesma forma, abrimos mais um chamamento público, agora para implantação de projetos de saneamento rural. O edital está aberto até o dia 25 deste mês, para localidades que tenham interesse.
Iniciamos também a implementação de 57 kits de energia solar em residências rurais de 21 distritos do município de Cedro, em Pernambuco, atendendo ao Edital de Chamamento Público nº 02/2019 para a seleção de projetos com foco na sustentabilidade hídrica no Semiárido. Outro motivo de orgulho para nós, visto que, do ponto de vista ambiental, a geração de energia elétrica por meio de fontes limpas e renováveis, com sistemas de pequeno porte e próximos da carga a ser suprida, contribui para a redução do impacto local sobre o meio ambiente.
Entregamos ainda o modelo de gestão do Canal do Sertão Alagoano ao governo do estado, que já criou um grupo de trabalho que dará prosseguimento a sua implantação.
E, mesmo realizando todos esses projetos, fazendo de poucos limões uma limonada com o recurso da cobrança pelo uso da água, o CBHSF fica de fora do Comitê Gestor de Revitalização, criado pelo Ministério de Desenvolvimento Regional. Os Comitês de Bacia são essenciais na indicação dos investimentos que serão feitos a partir dos recursos postos à disposição da revitalização. Consideramos um retrocesso, uma discriminação contra um ente que é fundamental no contexto do Sistema Nacional dos Recursos Hídricos. Boa leitura!
José Maciel Nunes de Oliveira Presidente do CBHSFLocalidades de municípios pertencentes à Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco têm até 25 de setembro para apresentar manifestação de interesse em serem contempladas com a implantação de sistemas individuais de esgotamento sanitário, ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). Somente poderão concorrer municípios pertencentes à Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e que possuam PMSB finalizado e aprovado na respectiva Câmara Municipal.
Para cada região fisiográfica da bacia serão selecionadas três localidades distintas, sendo que um terço das vagas serão priorizadas para o atendimento de comunidades tradicionais.
A manifestação de interesse deverá ser encaminhada por ofício, conforme orientações do edital, para o e-mail: saneamentorural@cbhsaofrancisco.org.br.
Acesse o edital e confira a documentação necessária! bit.ly/3U6br9u
Realizado entre os dias 02 e 05 de agosto, em São Paulo, o congresso, organizado pela ABAS – Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, ocorre no momento em que as águas subterrâneas são as “homenageadas” do ano pela UNESCO, e contou com a participação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). O evento aconteceu junto com o XXII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas e o XXIII Encontro Nacional de Perfuradores de Poços, e trouxe como tema central “Águas subterrâneas: invisível, indivisível e indispensável”.
De acordo com o secretário do CBHSF, Almacks Luiz, é importante que o Comitê participe de eventos como esse. Segundo ele, “o Comitê não pode ficar de fora da discussão sobre águas subterrâneas. 60% dos municípios brasileiros são abastecidos por águas subterrâneas, pois a qualidade é melhor, e demanda menos tratamento do que a água superficial. Além disso, desenvolvemos um trabalho sobre o aquífero Urucuia, de extrema importância para o Rio São Francisco, e que está impactado pela perfuração de poços sem outorgas e desorganizadamente”.
O estudo, denominado Entendimento da utilização das águas na área de influência do Aquífero Urucuia e Aquífero Cárstico na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, pretende contribuir para a sustentabilidade da região do Urucuia e foi apresentado em palestra realizada no dia 05/08, pela coordenadora técnica da Agência Peixe Vivo (APV), Flávia Mendes. Demandado pela Câmara Técnica de Águas Subterrâneas – CTAS, os resultados do trabalho, concluído no início deste ano, vão subsidiar as ações da Câmara e do Comitê.
Para Flávia, “o XXII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas e a Feira Nacional da Água – Fenágua 2022, foi uma excelente oportunidade para compartilhar com o meio acadêmico e profissional o processo de desenvolvimento deste trabalho, os resultados alcançados e as propostas de ações futuras. O processo envolveu o levantamento e a análise de imagens de satélite, visando o mapeamento do uso das águas do aquífero Urucuia, na região do oeste baiano, onde há predomínio do uso da água pelo setor agrícola. Além disso, para a determinação da disponibilidade hídrica, foi realizada a modelagem hidrológica de bacias hidrográficas afluentes ao Rio São Francisco, com o emprego do Modelo de Grandes Bacias (MGB) IPH-UFRGS. Na etapa final, foram realizados propostas e encaminhamentos para ações futuras”, explicou.
O CBHSF também marcou presença com um estande, cujo objetivo foi apresentar aos visitantes as ações realizadas pelo Comitê em defesa da bacia do São Francisco. Foram distribuídas publicações informativas como edições do Jornal Travessia e da campanha ‘Eu viro carranca para defender o Velho Chico’.
Ainda sobre o evento, o secretário Almacks Luiz acrescentou que mesmo o CBHSF sendo o único Comitê presente na Feira, com um estande, não houve convite, por parte da organização do Congresso, para a participação do colegiado na solenidade de abertura do evento.
Representando o CBHSF, estiveram presentes, além do secretário Almacks Luiz, o coordenador da Câmara Técnica
de Águas Subterrâneas, Almir Cirilo, e a também membro da CTAS, Jaqueline Chaves da Silva. Para Cirilo, “faz parte das atividades do Comitê a integração com as ciências, com os órgãos técnicos e com as empresas que trabalham no setor.
O Comitê é um dos poderes da governança das águas no país. Sendo assim, precisamos nos integrar aos eventos nacionais e regionais. E por isso estamos aqui, representando o CBHSF neste evento”.
A programação do evento contou com conferências e debates com temas como: Cidades e Águas Subterrâneas; Grandes aquíferos brasileiros; Águas subterrâneas e mineração; Aquíferos cársticos e os desafios para uma exploração sustentável; O que muda na perfuração de poços no Brasil com o Novo Marco Regulatório do Saneamento e a Portaria do Ministério da Saúde 888 de Potabilidade da Água.
Mariana Martins Mariana Martins Flávia Mendes (APV), Jacqueline Chaves (CTAS) e Almacks Luiz (CBHSF) recebem visitantes noCom a meta de auxiliar os municípios no financiamento dos seus planos de saneamento básico, reforçando o compromisso de fortalecer as ações de preservação e manutenção dos afluentes da bacia para reduzir as cargas de poluição lançadas nos cursos d’água, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco ultrapassou a marca de 100 Planos Municipais de Saneamento Básico concluídos e entregues.
Os PMSBs, fundamentais para a saúde ambiental dos municípios brasileiros e da bacia do Rio São Francisco, se tornaram o foco de uma das ações mais importantes do CBHSF. Executados nas quatro regiões fisiográficas, ao todo já foram concluídos 26 planos no Alto São Francisco, 31 no Médio, 19 no Submédio (5 em fase de conclusão) e outros 27 foram concluídos no Baixo São Francisco (6 em fase de conclusão). O Comitê investiu, no total, R$ 16.765.137,62.
“É motivo de muito orgulho para nós fazer parte dessa história, entregando mais de 100 planos, o que nos torna o maior investidor
na elaboração de Planos Municipais de Saneamento na bacia do Rio São Francisco. Temos uma grande parceria com os Ministérios Públicos Estaduais que acompanham a execução desses estudos. É importante transformar o documento em lei, para que seja um projeto do município a médio e longo prazo”, afirmou o presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, lembrando que uma nova linha de ação já está em andamento. “Estamos agora partindo para um novo viés que é a execução de obras maiores de saneamento, como já temos feito, por exemplo, com melhorias de sistemas de abastecimento da água”.
Até 2025, o CBHSF prevê investimentos, em todas as linhas de atuação, que devem atingir a casa dos R$ 278 milhões. Somente em saneamento básico, a estimativa é de aplicar R$ 101 milhões, e em saneamento de áreas urbanas e rurais a intenção é atender no mínimo 10 comunidades rurais, com soluções individuais para tratamento de esgoto sanitário, com recursos de R$ 8 milhões. Os PMSBs são financiados com recursos advindos da cobrança pelo uso da água do São Francisco.
“Somos muito gratos pelo estudo que o Comitê financiou aqui em Glória. Entendendo sua importância, de imediato enviamos o documento para a Câmara de Vereadores aprovar, instituindo como lei, um passo importante para toda a população”, afirmou o prefeito do município de Glória, Bahia.
Em Chorrochó, município da Bahia, uma das quatro cidades contempladas com a elaboração de estudos para a implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário, o secretário de Administração, Jeferson Alcobaça, lembra do processo de construção do PMSB e diz que foi um marco importante que garantiu à cidade autonomia e recursos para crescer em conformidade com o meio ambiente. “A partir da entrega do plano e da sua aprovação como lei, a cidade de Chorrochó pode avançar de forma consciente nas principais necessidades das comunidades no que diz respeito ao saneamento básico”, destacou.
De acordo com a Lei Federal 11.445/2007, além de ser uma obrigatoriedade, o PMSB significa a possibilidade de garantir verbas federais para
aplicação em ações como tratamento de efluentes domésticos e resíduos sólidos, e oferta de água tratada. Segundo o presidente do CBHSF, “esse é o principal instrumento da política de saneamento, onde os municípios, as empresas, e a iniciativa privada ficam aptas a executar as obras dos projetos na área de esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais, abastecimento da água e no tratamento e destinação do lixo, prevendo ainda um horizonte de planejamento para que os municípios possam correr atrás de recursos para executar esses planos”, concluiu.
Ouça o podcast sobre o assunto: bit.ly/3ey3wBC
Texto: Juciana Cavalcante Arthur de ViveirosApós identificar pouca abertura para discutir pautas importantes junto aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos dos Estados da bacia, a diretoria do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) vem adotando medidas para que essas conversas e participações consigam acontecer de maneira mais ampla e satisfatória. Para isso, a aproximação também com os Comitês de Bacia de rios afluentes é outra medida que pode, além de garantir essa abertura com os Conselhos, também cria espaços de debates fundamentais para os CBHs afluentes.
Durante a manhã desta terça-feira (16) aconteceu na cidade de Juazeiro, norte baiano, a eleição de um dos seis CBHs afluentes do Rio São Francisco. O CBH do Rio Salitre elegeu seus novos membros com representações do poder público municipal, sociedade civil e usuários de águas do rio Salitre. A eleição aconteceu na sede do Campus III da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
Com as eleições de 12 comitês afluentes baianos, o CBHSF pode acompanhar e participar, concorrendo a uma vaga nos comitês afluentes. Eleito como poder público municipal, o Secretário do Comitê do São Francisco, Almacks Luiz considera um passo necessário de alinhamento. “Hoje
aconteceu a escolha dos 18 membros e seus respectivos suplentes dos segmentos da sociedade civil, usuários e setor público. Conseguimos nos eleger também, criando mais uma via de participação entre os CBHs afluentes e o CBHSF, resultado de uma articulação da presidência do Comitê do São Francisco, essa que é também uma forma importante para se chegar ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CONERH) da Bahia, inicialmente, já que identificamos uma dificuldade que precisa ser sanada, e estar também inserido nos comitês estaduais, pode facilitar o acesso”, explicou o Secretário.
O Conerh é um órgão superior do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com caráter consultivo, normativo, deliberativo, recursal e de representação para atuar na defesa e proteção dos recursos hídricos, tendo por finalidade formular, em caráter suplementar, a Política Estadual de Recursos Hídricos dos estados. “O Conerh é o órgão onde são feitas as leis, e por isso precisamos, como Comitê do São Francisco discutir pautas comuns como os planos de bacia, outorgas, situações de crise, entre tantos outros aspectos”, acrescentou Almacks.
A Renovação dos membros dos CBHs afluentes no Estado da Bahia acontece em 12 dos 14 Comitês baianos e deste total, seis são afluentes do Rio São Francisco.
Os mandatos são de quatro anos contando ainda com a participação de comunidades tradicionais, federações e associações.
“Sou muito entusiasta desse processo de construção, porque nasci em Juazeiro, tomei banho no rio Salitre que hoje passa por grandes problemas ambientais e por isso a gente não pode perder a perspectiva de proteção dos rios tanto dos efêmeros quantos dos intermitentes. A luta é grande para revitalizar matas ciliares e rios garantindo que eles continuem vivos e beneficiando todos nós”, pontuou o membro da comissão eleitoral do CBH Salitre, Walter Guerra.
Os novos membros serão empossados no final de setembro em reunião que acontecerá no município de Jacobina - BA, local onde também será realizada a escolha da diretoria do CBH.
Juciana CavalcanteO Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco realizou, no dia 23 de julho, o seminário inicial do projeto de geração de energia fotovoltaica para sustentabilidade hídrica no município de Cedro, localizado no sertão de Pernambuco. O evento reuniu representantes das comunidades que serão atendidas, além da empresa Solarterra Engenharia e Serviços LTDA, responsável pelas obras, e do CBHSF.
As obras atendem ao edital de Chamamento Público nº 02/2019 para a seleção de projetos com foco na sustentabilidade hídrica no Semiárido. O chamamento teve como público-alvo municípios, associações, cooperativas, ONGs, prefeitura, dentre outros, sem fins lucrativos. O requisito principal na apresentação das propostas exigiu a compatibilização entre uma das três linhas definidas no Plano de Recursos Hídricos (PRHSF 2016- 2025), que visa o fornecimento e instalação de cisternas para consumo humano e/ ou produção rural, implantação de painéis fotovoltaicos e estruturas acessórias para geração de energia em comunidades rurais, construção de barragens subterrâneas e/ou barreiras trincheiras e/ou outras estruturas para recarga artificial de aquíferos.
Em Cedro, o trabalho será realizado com a implementação de 57 kits de energia solar em residências rurais
de 21 distritos onde vivem famílias atendidas pela instituição Ame Clara – Amigos Especiais de Maria Clara, incluindo a sede da instituição, situada no município. O objetivo é que, com a instalação dos kits fotovoltaicos, consiga-se economizar e atingir maior independência energética para a sede da Ame Clara, e para as famílias atendidas pelo serviço, possibilitando melhorias na qualidade de vida, além de gerar um impacto social positivo.
“É muito importante o Comitê chegar às pessoas da bacia com mais essa ação, que vai possibilitar a redução dos custos com a energia, facilitando, principalmente, o acesso à água, considerando o alto valor de instalação e manutenção de uma bomba necessária para levar água para as famílias”, ressaltou Elias da Silva, membro do CBHSF e representante da CCR Submédio São Francisco.
Dentre as fontes de energia consideradas limpas e renováveis, a energia solar é uma forma viável, tanto como fonte de calor quanto de luz, e é, hoje, uma das alternativas energéticas mais promissoras para prover a energia necessária ao desenvolvimento humano. Do ponto de vista ambiental, a geração de energia elétrica por meio de fontes limpas e renováveis, com sistemas de pequeno porte e próximos da carga a ser suprida, contribui ainda para a redução do impacto local sobre o meio ambiente.
Em Cedro, os sistemas de geração de energia solar fotovoltaica serão conectados à rede elétrica e, com isso, deve contribuir ainda para a redução da dependência do uso de madeira nativa da Caatinga em propriedades rurais. O trabalho realizado pela Solarterra vai fornecer materiais e equipamentos, montar, comissionar, ativar todos os equipamentos e materiais, efetivar o acesso perante à concessionária de energia elétrica em conformidade com as Resoluções ANEEL 482/2012, 687/2015 e 786/2017, e diretrizes técnicas da Neoenergia Pernambuco, além de capacitar a Associação Ame Clara e os beneficiados para utilização da infraestrutura.
As comunidades beneficiadas são: Ameixa, Amola, Apertar da Hora, Baixio do Ouro, Barrinha, Barro Branco, Bonito, Cabaceira, Caldeirão, Camarinha, Cedro Velho, Costa, Dourados, Feijão Bravo, Gameleira de Cima, Massapê, Papa Mel, Poço do Cachorro, Quina Quina, Recanto e Cachoeira, além do centro do município de Cedro, onde fica localizada a Ame Clara.
A empresa terá oito meses para conclusão dos serviços que são financiados integralmente pelo CBHSF através de recursos oriundos da cobrança pelo uso da água bruta na bacia do São Francisco.
Representantes das comunidades beneficiadas com o projeto viram carranca para defender o Velho Chico Juciana CavalcanteApós o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) entregar o Modelo de Gestão do Canal Adutor do Sertão Alagoano ao governador de Alagoas, Paulo Dantas, agora é o momento de dar prosseguimento às reuniões para o encaminhamento das próximas etapas, que terão a finalidade de colaborar para a execução do projeto. No dia 26 de julho foi realizada uma reunião com o grupo de trabalho (GT) que está discutindo o passo a passo a ser dado. O presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, participou da reunião, que ocorreu no Palácio do Governo, e contou com a presença da secretária do Gabinete Civil, Luiza Barreiros, bem como da SEMARH, SEINFRA e da CASAL.
De acordo com Maciel Oliveira, a reunião é o desdobramento da entrega do Modelo de Gestão do Canal do Sertão Alagoano proposto pelo CBHSF. O documento foi entregue ao governador Paulo Dantas, que solicitou ao Gabinete Civil e às secretarias um cronograma para sua execução. “Ampliamos as discussões e o que é necessário ser feito para que a gente alcance o objetivo desejado, planejado. Ficou definido que já ia ser tramitado na Procuradoria Geral do Estado e nos órgãos internos, o seu prosseguimento. O cronograma já foi iniciado e agora faremos todos os esforços a fim de agilizar a sua execução, que trará muitos benefícios aos alagoanos”, disse.
Gino César, secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas, explicou que será preparado um calendário de ações com o objetivo de consolidar o plano. “Nós fizemos a reunião de trabalho com todos os atores envolvidos e ampliaremos para a PGE a fim de viabilizar o Projeto de Lei que transfere o ativo do Canal do Sertão para a CASAL. Em paralelo a isso, a Luiza Barreiros fará com a PGE uma minuta dentro do que discutimos. Importante deixar claro que o governador referenda o Modelo de Gestão. A partir de agora serão feitos alguns ajustes para prosseguirmos criando condições de, no menor tempo possível, conseguirmos fechar um calendário e realizar as ações necessárias para implantação”, finalizou.
Participaram da reunião o presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, o coordenador da CCR Baixo SF, Anivaldo Miranda, e o membro do CBHSF, Marcelo Ribeiro Deisy Nascimento DeisyUma das maiores lideranças indígenas do Brasil, Ailton Krenak é filósofo, escritor, poeta e jornalista. Em 1987, protagonizou uma das cenas mais marcantes da luta indígena quando discursou na Assembleia Constituinte com um terno branco e o rosto pintado de jenipapo para protestar contra o que considerava um retrocesso na luta pelos direitos indígenas.
Fundou a ONG Núcleo de Cultura Indígena, organizou a Aliança dos Povos da Floresta e é doutor honoris causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais. Autor dos livros “O amanhã não está à venda” e “Ideias para adiar o fim do mundo”, tem mantido um diálogo constante sobre as consequências das nossas ações sobre o planeta.
Natural da região do médio Rio Doce, em Minas Gerais, o líder indígena conversou com a equipe do Travessia e falou sobre a palestra magna que irá gravar especialmente para o IV Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. O evento acontecerá entre os dias 14 e 16 de setembro, em Belo Horizonte (MG).
Presidente:
“Água: esse bem comum” será o tema da palestra magna apresentada pelo senhor no IV SBHSF. Fale um pouco mais sobre o tema?
O tema da palestra é uma crítica ao modelo de gestão que existe atualmente e que usurpa das pessoas o bem comum [água] em detrimento ao comércio, indústria etc. Vivemos quase um consenso de que a água pode ser uma commodities. Se a água é um bem comum seu acesso deveria ser universal. Mas se a água virar commodities vai virar um bem econômico e favorecerá alguns monopólios, o que coloca em ameaça nossos aquíferos. Sendo assim, como vamos nos debater para proteger uma bacia hidrográfica como a do São Francisco?
O São Francisco é o rio da integração nacional. Ele está presente na obra de grandes autores, poetas que cantaram o maravilhoso Velho Chico. Mas, o Opará é uma entidade, assim como todos os outros rios. O que vejo é que o São Francisco não está recebendo a atenção que merece e tem sido atravessado por todo o tipo de interferências. Tem muita gente o drenando e os interesses mercadológicos têm predominado. Nós queremos o Velho Chico vivo e, para isso, devemos prestar mais atenção nele.
No seu livro “Ideias para adiar o fim do mundo” você mostra que existe uma dissociação da ideia de que o mundo é uma coisa e nós, os humanos, somos outra. Foi assim que nasceu essa abstração que chamamos de meio ambiente?
A grande diferença que existe entre o pensamento dos indígenas e dos brancos, é que os brancos acham que o ambiente é ‘recurso natural’, como se fosse um almoxarifado de onde você tira as coisas. No pensamento do índio, se existe um lugar por onde você pode transitar, tem que se pisar suavemente, andar com cuidado, porque ele está cheio de outras presenças. Então, não existe o ‘meio ambiente’, um lugar que é o ‘meio ambiente’. ‘Meio ambiente’ é o almoxarifado, é um depósito onde você tira. Você tira minério, você tira floresta, você tira água. Você bombeia tudo, exaure. Isso é o ‘meio ambiente’.
As mudanças climáticas são uma realidade na Terra e o senhor costuma dizer que o planeta está com febre. O que isso pode nos dizer?
Estamos experienciando a febre do planeta e, aparentemente, uma parcela significativa da humanidade não está percebendo – ou, então, está negando. O aumento da temperatura do planeta vem como uma reação, mostra que o organismo Terra está reagindo às ações predatórias e destrutivas dos seres humanos. Mas estamos tão centrados em nós mesmos que somos incapazes de ouvir esse descompasso. E um corpo em febre expele o que te faz mal. Nós estamos desorganizando a vida aqui no planeta, e as consequências disso podem afetar a ideia de um futuro comum – no sentido de a gente não ter futuro aqui junto aos outros seres. Os humanos serão finalmente incluídos na lista de espécies em extinção.
O Rio Doce foi contaminado em 2015 pelo rompimento da barragem de Fundão. Quais as consequências para o povo Krenak?
Eu costumo dizer que agora estamos vivendo uma economia do desastre. Famílias que viviam de subsistência, de uma hora para outra, passaram a viver da indenização. Essas pessoas deixam as suas vidas e passam a viver uma outra vida, que é a vida de quem vai administrar o dinheiro da indenização. É como se você se aposentasse antes do tempo, como se você tivesse sua vida suspensa e uma vida substituta para você ir para fila todo mês pegar dinheiro, pagar conta e comprar coisa. É um confinamento! Antes, nossa água vinha do próprio Watu – como os Krenak se referem ao Rio Doce – e de nascentes ou minas dentro do território. Hoje nossa água é mineral e chega no caminhão-pipa.
Produzido pela Assessoria de Comunicação do CBHSF – Tanto Expresso comunicacao@cbhsaofrancisco.org.br
Coordenação Geral: Paulo Vilela, Pedro Vilela, Rodrigo de Angelis
Edição e Assessoria de Comunicação: Mariana Martins
Textos: Deisy Nascimento, Juciana Cavalcante, Luiza Baggio, Mariana Martins
Fotos: Arthur de Viveiros, Deisy Nascimento, Juciana Cavalcante, Léo Boi, Mariana Martins
Diagramação: Rafael Bergo
Impressão: ARW Gráfica e Editora
Tiragem: 4.000 exemplares
Direitos Reservados. Permitido o uso das informações desde que citada a fonte. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
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