Barra do Mendes (BA) é contemplada com 55 cisternas
IV SBHSF tem intensa programação em Belo Horizonte
Dois dedos de prosa com Emerson Soares
Barra do Mendes (BA) é contemplada com 55 cisternas
IV SBHSF tem intensa programação em Belo Horizonte
Dois dedos de prosa com Emerson Soares
O segundo semestre de 2022 foi marcado pela promoção de uma série de eventos importantíssimos realizados pelo Comitê ou com o apoio financeiro e institucional do colegiado.
Nesta edição do Travessia, trazemos ao leitor alguns destaques do que o CBHSF vem concretizando.
O IV Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, realizado no mês de setembro, em Belo Horizonte, surpreendeu pelo alto nível das discussões e dos palestrantes, que fizeram do evento um sucesso, atingindo o objetivo de buscar na ciência soluções para os problemas do nosso Velho Chico. Para quem quiser conferir, todas as palestras estão disponíveis no nosso canal no youtube (https://www.youtube.com/cbhsaofrancisco).
Outro evento, o II Encontro de Pesca Artesanal, foi realizado em Minas Gerais, na cidade de Buritizeiro. O Comitê proporcionou o encontro de pescadores e pescadoras de cinco estados da bacia, o que se reverteu em uma riquíssima troca de experiências. Além das discussões em torno da revitalização do Rio São Francisco, os pescadores tiveram a oportunidade de pensar estratégias para o fortalecimento da classe e a busca de melhorias em relação à burocracia existente na atualidade.
Tivemos também o III Encontro de Carrancas, evento realizado pela Fiscalização Preventiva Integrada, com o apoio do CBHSF. Ocorrido em Aracaju, o objetivo foi fortalecer as ações da FPI e integrá-las ao nosso Plano de Recursos Hídricos.
Para o mês de novembro, temos prevista a V Expedição Científica no Baixo São Francisco, que este ano percorrerá, em dez dias, doze municípios ao longo de seu trajeto. Teremos, ainda, o Circuito Penedo de Cinema, que em sua programação traz a mostra Velho Chico de Cinema Ambiental, um evento que fazemos questão de apoiar anualmente por acreditarmos no grande valor da cultura. Participaremos também do XVI Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste, que será realizado em Caruaru.
Encerraremos o ano com a nossa Plenária Ordinária, que ocorrerá em Recife, e também teremos o Encontro de Comitês de Afluentes, a ser realizado em Penedo (AL). Com agenda cheia e muito trabalho, continuamos ainda entregando os projetos de revitalização, planos municipais de saneamento básico e dando andamento à seleção de comunidades a serem beneficiadas com projetos de saneamento rural.
Boa leitura!
O município de Penedo (AL) sediará o VI Encontro dos Comitês de Afluentes da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, nos dias 15 e 16 de dezembro de 2022. Com o tema Lei das Águas e a gestão dos recursos hídricos na Bacia do São Francisco, o encontro se propõe a discutir os instrumentos de gestão na bacia, apresentar uma proposta de criação do Fórum Nordestino de Comitês de Bacias
Hidrográficas, e debater o PL 4.546/2021. Na ocasião, as delegações estaduais terão a oportunidade de realizar as suas apresentações.
O evento, realizado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), tem o objetivo de promover a integração entre os comitês afluentes.
A Comissão Processante instaurada no âmbito da Câmara Técnica Institucional e Legal (CTIL) do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco retomou as tratativas sobre a resolução do conflito pelo uso dos recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Boa Sorte, situado entre os municípios de Barreiras e Catolândia, na Bahia.
Durante os dias 22 e 23 de setembro, a nova composição da comissão processante realizou reuniões com o intuito de conhecer de perto a situação que, mesmo amenizada pelas fortes chuvas registradas no início do ano, ainda é foco de preocupação das comunidades que dependem diretamente do Rio Boa Sorte para a produção agrícola, responsável pela geração de renda e alimentação de suas famílias. A comissão também esteve nas cidades de Baianópolis e Cristópolis, na Bahia, onde verificou a presença de barramentos que, segundo a população, devido à ausência de manutenções e adequações, se tornaram o grande problema no que diz respeito ao acesso à água.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Grande que, com o Ministério Público da Bahia e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia (INEMA), recebeu as primeiras notificações de conflito, encaminhou ao CBHSF, em 2019, a demanda requisitando a sua intervenção. Desde então, a partir da adoção do procedimento, o Comitê do São Francisco vem atuandoperante as comunidades no sentido de identificar as causas dos problemas e apontar soluções que atendam as famílias.
“Essa é a região conhecida como ‘Cinturão Verde’, onde se produzem hortaliças e outras culturas e, desde 2014, existem denúncias feitas pelos agricultores à polícia e ao Ministério Público sobre a ocorrência de conflito pelo uso da água que não chega em quantidade para suas produções e para consumo próprio. Com isso, desde 2019, quando o CBHSF tomou conhecimento e emitiu parecer de admissibilidade do conflito, a comissão processante no âmbito da CTIL vem acompanhando e propondo ações para mitigá-lo. Agora, com as visitas realizadas às áreas de conflito, foi possível verificar que em uma parte do território a questão havia se arrefecido devido à presença de água nas barragens, em outras localidades o cenário é o oposto e já não há mais água. O Rio Boa Sorte não corre por um longo trecho, o que tem relação direta com as questões de deficiência dos aquíferos Cárstico (Bambuí) e Urucuia, de onde o rio se alimenta”, explicou Larissa Cayres, integrante da comissão processante.
De acordo com relatório do CBH do Rio Grande, a população apontou ainda que os problemas de acesso à água se originaram a partir da barragem do Bezerro, construída na década de 1980 pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e que, devido à falta de manutenção, adequação e redução do volume de chuvas ao longo dos anos, a pouca água existente fica acumulada desde os primeiros barramentos, o que impede a vazão para os demais.
Como forma de entender as demandas da região, o CBHSF realizou, em parceria com o Consórcio Multifinalitário do Oeste da Bahia (Consid), o diagnóstico socioambiental na região de Barreiras e Catolândia com o objetivo, ainda, de estudar a região a montante do conflito para, a partir dos resultados, gerar propostas de solução. Agora, uma nova etapa do estudo deve atender também a região de Cristópolis. “O Comitê do São Francisco viu a necessidade de realizar estudos sobre a região e nós, em parceria, executamos a ação com foco na região de Barreiras e Baianópolis. Agora vamos avançar para mais uma etapa, que é a continuidade do estudo em Cristópolis. Esse é mais um passo para completar o estudo da bacia inteira”, explicou a coordenadora do projeto Vozes do Consid, Berenice Lima Peres.
Após a reunião, foi elaborado um relatório de viagem e encaminhado ao coordenador da comissão solicitando novo encontro entre os membros para apresentar os resultados e sugerir os encaminhamentos, que devem ser sobre a continuidade dos estudos com expansão da área de trabalho, articulação política com o MP e prefeituras da região afetada, e elaborar plano de ação visando respostas ao conflito.
Para Rochaelly Trindade, também integrante da comissão processante, já está claro que o problema na bacia da Boa Sorte não se trata de algo pontual. “Pelo que foi apurado até agora, o conflito pelo uso da água na região é de longa data e vem afetando um grande número de famílias. Enquanto os estudos da problemática foram acontecendo ficou claro que ali não se tratava de algo pontual, nos mostrando uma necessidade de estudos mais abrangentes e aprofundados, principalmente no que tange às questões técnicas relativas à atual dinâmica do curso da água, do lençol freático e suas nuances. Eu diria que muita coisa já foi levantada, principalmente no aspecto socioambiental, porém o tempo de resolução pode não ser tão breve quanto gostaríamos, justamente por termos visto sinais que indicam uma certa gravidade no assunto. Conflito pelo uso da água nunca é algo simples de se resolver, pois engloba várias vertentes, sendo imprescindível entender as questões técnico ambiental, socioambiental e políticas envolvidas, e é partindo desse tripé que nosso trabalho está se desenvolvendo”, acrescentou.
Moradores de Vereda de Baixo, distrito do município de Barra do Mendes (BA), participaram do seminário final do projeto de sustentabilidade hídrica que construiu 55 cisternas, demandado pela Associação Comunitária de Vereda de Baixo e financiado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). A cerimônia aconteceu em 20 de setembro na sede da Associação, e reuniu aproximadamente 35 moradores, além de representantes do CBHSF, Prefeitura Municipal de Barra do Mendes e Aplicar Engenharia, empresa responsável pela execução das obras.
O projeto consiste em dois sistemas de captação e armazenamento da água das chuvas, com 25 cisternas de placas prémoldadas de 16 mil litros e 30 cisternas de enxurrada de 52 mil litros. O objetivo é contribuir com as seguranças hídrica e alimentar das famílias beneficiadas. “As cisternas contribuem de forma eficiente para o aumento da disponibilidade de água para consumo humano, animal e produção de alimentos. O CBHSF está investindo até R$ 1 milhão por proposta em municípios que estejam inseridos, simultaneamente, na região semiárida e na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco”, explicou o coordenador da CCR Médio São Francisco, Ednaldo Campos.
Valdeni Martins dos Reis, responsável pela elaboração do projeto e secretário da Associação Comunitária Vereda de Baixo, relembrou os primeiros passos da iniciativa: “Quando soube do edital do CBHSF, escrevi solicitando 30 cisternas de produção, mas a realidade superou nossas expectativas e foi possível contemplar um número maior de famílias”, explicou, acrescentando que as famílias foram selecionadas pela Associação, priorizando moradores associados com maior necessidade e em condições de receber o benefício.
Entre os beneficiados está o professor Jocélio Souza Santos que, em depoimento durante o seminário, declarou: “Essa água vai ser muito útil. Na minha casa iremos armazená-la para consumo humano e para cultivar pequenas hortas que melhorem nossa alimentação”. A moradora Aurice Maria Melo também foi contemplada com uma cisterna para consumo e avaliou que a iniciativa promove, além do acesso à água potável, autonomia para os beneficiados: “Ter condições de captar e armazenar a água das chuvas nos torna menos dependentes dos carros-pipa que abastecem a região”, disse.
Paula Silva, da equipe técnica da Aplicar Engenharia, apresentou o cronograma de trabalho desenvolvido ao longo de 9 meses, que incluiu duas oficinas de educação ambiental e capacitação de gestão da água para consumo humano. “A capacitação dos beneficiários é parte essencial para a sustentabilidade do projeto”, disse a mobilizadora social. A apresentação também contou com esclarecimentos do diretor técnico da empresa, Igor Santos, sobre características das cisternas de consumo e de produção, atividades realizadas com os moradores da comunidade e ajustes técnicos nos casos necessários.
Após a apresentação, a palavra foi franqueada aos participantes, que realizaram depoimentos e tiraram dúvidas. O evento contou, ainda, com apresentação musical, café de confraternização e distribuição de materiais da Campanha Vire Carranca, que trata da revitalização e preservação do Rio São Francisco.
Pescadores e pescadoras de cinco estados da bacia – Minas Gerais, Pernambuco, Sergipe, Alagoas e Bahia – estiveram na cidade de Buritizeiro (MG) e participaram do II Seminário de Pesca Artesanal da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Na pauta, o futuro da pesca no Velho Chico, desafios e sustentabilidade.
Realizado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), o seminário teve como objetivo debater em conjunto com os pescadores do Alto, Médio, Submédio e Baixo, ações para a defesa da revitalização do rio e o uso racional das águas. Também tratou de temas como os impactos dos agrotóxicos no meio ambiente, processo de avaliação do risco de extinção de espécies da fauna brasileira, possíveis impactos da UHE Formoso, as vazões e a cheia do Velho Chico, expedições e, principalmente, a pesca artesanal.
Para a presidente da Colônia de Pescadores Z-34 e representante da Federação dos Pescadores de Minas Gerais no CBHSF, Vilma Martins, o evento é importante para debater todos os assuntos que envolvem a vida do pescador. “É a oportunidade de falarmos de preservação do rio, pesca artesanal, mas também de aprofundarmos em outros temas. Como classe unida precisamos discutir e criar ações para mudar a burocracia existente no Ministério da Pesca. O INSS é outro problema para o pescador, então, este seminário nos apresenta todas as oportunidades para melhorarmos nossa profissão”, disse Vilma.
Dentro da mesma perspectiva, o pescador de Sergipe, na região do Baixo São Francisco, José Fausto, também enxerga no seminário uma maneira de unir ainda mais a classe. “Nem todos os pescadores podem estar presentes aqui, então temos a responsabilidade de absorver ao máximo tudo que foi dito nas palestras e debates, para que possamos levar para nossas colônias o máximo de conhecimento”, comentou Fausto.
E para a pescadora Fernanda Henn, da Bahia, no Médio São Francisco, o compartilhamento de experiências é justamente a parte alta do seminário. “Está sendo maravilhoso poder participar deste evento, porque além da gente discutir nossas demandas, estamos compartilhando conhecimento, tanto tradicional como científico. Você interage com os outros pescadores e vai trocando experiências. Acaba conhecendo a realidade de outras regiões e vai buscando juntos soluções para todos”, observou Fernanda.
Segundo o coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) do Alto São Francisco, Altino Rodrigues Neto, o seminário serve tanto para essa troca de experiências, como também para lançar alertas sobre as ameaças que o Rio São Francisco vem sofrendo nos últimos anos. “Pescadores da bacia do Velho Chico estão aqui em Buritizeiro tendo a oportunidade de falar sobre as dificuldades de manter as colônias, as comunidades tradicionais, enfim, estão em busca de experiências exitosas. Mas, além disso, nossa discussão
também norteia as ameaças ao Rio São Francisco, como por exemplo, a possibilidade da construção de uma nova represa, a UHE Formoso. Por isso, mostramos aqui todos os problemas e impactos que esse empreendimento pode trazer não só para a biota do rio, mas para a pesca artesanal e consequentemente para o pescador e para os povos ribeirinhos”, explicou Altino.
Assista ao vídeo do encontro: bit.ly/3D2cY92
Entre os dias 14 e 16 de setembro de 2022, a capital mineira, Belo Horizonte, recebeu a 4ª edição do Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – IV SBHSF. O evento, promovido pelo Fórum das Instituições de Ensino e Pesquisa da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF, teve como tema central a “Gestão hídrica no Rio São Francisco: desafios e soluções”.
O principal objetivo do Simpósio foi reunir pesquisadores e acadêmicos de todo o país para apresentação de estudos que contemplem a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e, dessa forma, identificar produções científicas sobre a bacia que possam auxiliar o CBHSF na busca por melhorias socioambientais. O evento contou com a participação nacional e internacional de diversos estudiosos relacionados à gestão dos recursos hídricos.
Destacando o papel dos saberes científicos e tradicionais na defesa, preservação e recuperação do Rio São Francisco e seus afluentes, o encontro contou também com o líder indígena Ailton Krenak na abertura. Os membros da Comissão de Organização, Jean Carlos Santos, coordenador do Fórum das Instituições de Ensino e Pesquisa da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (FIENPE), Eduardo Coutinho, coordenador do SBHSF e professor da UFMG, e Maciel Oliveira, presidente do CBHSF, foram unânimes em destacar a importância da Ciência nas ações realizadas pelo Comitê diante dos desafios que a gestão dos recursos hídricos impõe, especialmente em momentos como este, de negação dos saberes científicos e tradicionais e de tentativa de mercantilização dos recursos naturais. “Este simpósio nasceu com o intuito de unir as universidades e institutos de pesquisa que atuam na bacia, e da necessidade de entendermos o que estão pesquisando a fim de também apresentarmos nossas demandas. Investir em ciência é fundamental! Precisamos nos unir e aprimorar o conhecimento técnico e científico para colocarmos tudo isso em prática nas mais de 120 ações e projetos em andamento do Comitê”, informou Maciel.
Durante os três dias de evento, foram debatidos assuntos como a importância da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos para a bacia do São Francisco, o PL 4.546, monitoramento da bacia via satélite, o problema do Mexilhão Dourado, a contribuição das expedições científicas, matriz energética, mudanças climáticas, educação ambiental, conhecimento ecológico tradicional, saneamento e segurança de barragens. As palestras e mesas-redondas foram transmitidas pelo canal do CBHSF no youtube e podem ser acessadas através do QR Code ao final desta matéria.
Maciel Oliveira, juntamente com Yvonilde Medeiros, encerraram o IV SBHSF com o anúncio de que a próxima edição do simpósio ocorrerá em Salvador/BA em 2023. O anúncio foi recebido com alegria pelos participantes. “Este é o momento de agradecer a todos, especialmente à FIENPE, à Agência Peixe Vivo, à TantoExpresso e a toda a diretoria do CBHSF que abraça o simpósio e que financia o evento no entendimento de que isso é um investimento na produção de conhecimento. O simpósio cumpriu seu papel de que se pudesse conhecer o que está sendo pesquisado na bacia. Buscamos valorizar tanto o conhecimento acadêmico quanto o popular e já estamos pensando no V SBHSF, que vai ser em Salvador”, celebrou Maciel. A professora Yvonilde recebeu a tarefa de preparar a próxima edição na capital baiana e agradeceu por essa escolha. “Agradeço pela acolhida da sugestão de Salvador. Vou contar com o apoio de vocês! Salvador é uma cidade muito linda, mas quero ver vocês no auditório. Este simpósio foi maravilhoso. Vimos conhecimentos que certamente vamos utilizar no Comitê,, visando o aprimoramento do nosso PDRH e sempre contribuindo para a nossa bacia e para o Brasil”, finalizou.
Ao final, o simpósio contou com 114 trabalhos científicos inscritos, dos quais 101 foram aprovados e serão publicados nos anais do evento. Foram seis palestras e seis mesas redondas para mais de 200 pessoas inscritas.
A Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) e seus desdobramentos foram o principal tema dos diálogos estabelecidos durante o III Encontro de Carrancas, realizado em Aracaju, na segunda-feira, 10, e na terça-feira, 11. Além das possibilidades de debate, o evento avaliou as interações da FPI com o Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do São Francisco (PRH-SF), visando a ampliação das possibilidades através de metodologias de trabalho em grupo.
O presidente da CBHSF, Maciel Oliveira, destacou que o encontro teve como objetivo principal fortalecer o programa FPI, com o reforço do PRH-SF e o foco na educação ambiental como ação transformadora para a bacia do São Francisco.
“O Encontro de Carrancas é um importante momento de trocas. Aprendemos muito com as realidades de cada estado e como cada experiência pode contribuir para avançar e trazer melhorias para os povos da bacia. Como costumo dizer, o FPI é um programa que sempre está buscando melhorias. Os dois dias do encontro possibilitam múltiplos olhares sobre o Rio São Francisco, com contribuições dos povos tradicionais e dos representantes do programa”, avaliou Maciel.
A programação da manhã do primeiro dia do encontro foi marcada pelas palestras “A FPI como programa educador socioambiental do OPARÁ, aos olhos de suas Carrancas”, proferida pela professora e educadora ambiental Valda Aroucha, e “Rio de Saberes Socioambientais na FPI”, ministrada pelo Dr. Marcos Sorrentino.
Valda Aroucha, que participou ativamente da organização do evento, destacou que o encontro é fundamental para manter ativo o debate de alguns reflexos da pauta da educação ambiental, enfatizando pontos que precisam ser aperfeiçoados e qualificados. “O tema da educação ambiental é multidisciplinar e multidimensional, envolve várias áreas de atuação; também deve ser sociopolítico e estruturante, então precisamos ter essa percepção, com um olhar mais profundo das questões que fazem parte do contexto da FPI. Nosso principal desafio é o aprimoramento contínuo, para que possamos continuar caminhando”, considerou.
Referência na área da educação ambiental, o Dr. Marcos Sorrentino contribuiu para fortalecer o diálogo. “O programa FPI é referência e ajudou a deflagrar muitas outras iniciativas. Tudo o que foi articulado durante o encontro é essencial para a educação ambiental. A maior preciosidade para fazer a FPI é a diversidade, baseada na interlocução e no diálogo. O que estamos buscando sempre é o diálogo de múltiplas vozes. Vivemos uma crise ambiental e precisamos fazer um chamamento sobre a necessidade de promover mudanças culturais muito profundas, e isso exige uma educação ambiental continuada, que mude nossa forma de ver o mundo”, enfatizou.
Após o intervalo do almoço, as atividades foram retomadas com a palestra “Interrelações entre o Programa FPI e as Águas”, com a promotora de Justiça do Ministério Público Estadual da Bahia, Luciana Khoury.
Após a explanação, os participantes foram divididos em 12 equipes, para discutir as temáticas a partir de questões norteadoras. A atividade foi segmentada por temas como flora, fauna, aquicultura, gestão ambiental, comunidades tradicionais, patrimônio cultural, entre outros.
Segundo Luciana, o encontro é um processo de formação continuada, um trabalho em cardume que reúne representações dos estados que executam o programa FPI. “A intenção foi, mais uma vez, efetivar o diálogo entre os diversos participantes, com o objetivo comum que é aperfeiçoar o programa, avançando na discussão de algumas temáticas fundamentais, a exemplo da integração entre o Plano da Bacia Hidrográfica do São Francisco com a FPI”, relatou.
No segundo dia do evento, na terça-feira, 11, a programação contou com a palestra ‘Plano de Bacia do Rio São Francisco’. Em seguida, foi realizada a apresentação da metodologia de construção do Painel das Águas, proposta de trabalho em grupos, cujo principal objetivo foi explicitar a interrelação entre o PRH-SF e a FPI.
das Expedições Científicas do Baixo São Francisco. Engenheiro de Pesca por formação, possui um extenso currículo acadêmico: é mestre em Biologia de Água Doce, doutor em Biotecnologia, pós-doutor em Ciências Aquáticas e aperfeiçoamento em Aquicultura.
Entre os dias 03 e 12 de novembro, será realizada a quinta expedição coordenada por ele, com o patrocínio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Nesta entrevista, Emerson nos fala sobre as expectativas e os planos desta edição, que vai abrir ainda mais o leque de áreas de pesquisa e estudos na região do Baixo São Francisco.
Ouça o podcast com a entrevista completa: bit.ly/3DBNlxr
Presidente:
Entrevista: Deisy NascimentoQuais são as expectativas e os preparativos para a 5a edição da Expedição Científica do Baixo São Francisco?
Nesta edição vamos contar com mais áreas de pesquisas, mais abordagem social, mais práticas e com maior volume de ações em todo Baixo São Francisco. Aumentamos o número de embarcações, e agora contamos com uma frota de quatro barcos, já que a cada ano o número de expedicionários e especialidades crescem. Teremos o grande barco da saúde com cinco especialidades médicas, onde pretendemos fazer 9.600 exames na população ribeirinha e, naqueles casos em que detectarmos necessidades, os pacientes serão deslocados para os hospitais universitários da UFAL e da UFS. Realizaremos ações continuadas com educação ambiental mais forte, levando o oceanário do SESC para os estudantes e a expectativa de visita é de 5 mil pessoas ao oceanário e ao planetário. Haverá, ainda, ação voltada ao esporte, projeto em conjunto com a equipe de educação física da UFAL, além de uma ação intensa com os colégios rurais sobre fossas agroecológicas. Nossa equipe de pesquisadores vai realizar uma gama de ações com as análises de pesticidas, limnológicas, de qualidade de água, de sedimentos, relacionadas com poluentes, impactos na vegetação, desmatamento da Caatinga, com o uso da câmera multiespectral que vai deixar o trabalho de geoprocessamento melhor. Vamos lançar ainda o projeto berçário das águas, que possui um bom volume de reprodução de espécies nativas. Vamos iniciar, com o apoio do CBHSF, um programa de biomonitoramento. Temos a expectativa de que essas ações culminem em propostas de grandes projetos integradores na bacia, em certas áreas.
Qual será o roteiro deste ano?
Pretendemos fazer um roteiro semelhante ao dos quatro anos anteriores, mas teremos a inclusão de Gararu (SE) e Brejo Grande (SE), que no ano passado não pudemos fazer por questões técnicas. A abertura da Expedição será na cidade de Piranhas (AL), no dia 03 de novembro, com uma feira de artesanato e o lançamento do trailer do filme “O Imperador e o Rio”, cuja transmissão será realizada diretamente de Los Angeles (EUA) para Piranhas. Após a abertura, seguiremos por Pão de Açúcar, Gararu, Traipu, São Brás, Propriá, Igreja Nova (Chinaré), Penedo, Piaçabuçu e Brejo Grande.
Quantos pesquisadores irão participar dessa expedição?
Neste ano irão participar da Expedição Científica 66 pesquisadores, juntamente com a equipe de apoio que terá a participação de 25 pessoas entre tripulantes e equipe de terra. No total teremos aproximadamente 90 pessoas trabalhando.
A mensagem que tiramos das outras edições da Expedição Científica é que é possível unirmos forças com a gestão municipal, com as secretarias municipais, governos estaduais e federal nessa missão que é melhorar a qualidade de vida das populações ribeirinhas e fortalecer a qualidade ambiental do Rio São Francisco. Este ano, vamos mais uma vez mostrar que o Velho Chico precisa realmente dessa mobilização, desse apoio para que ele consiga viver, para que seja reconhecido como o rio da integração nacional. O rio que beneficia mais de 1 milhão e meio de pessoas diretamente precisa ser melhor cuidado e nós temos a missão de mostrar que o São Francisco necessita da revitalização, de projetos e que a população ribeirinha merece o melhor cuidado, atenção e respeito.
Produzido pela Assessoria de Comunicação do CBHSF – Tanto Expresso comunicacao@cbhsaofrancisco.org.br
Coordenação Geral: Paulo Vilela, Pedro Vilela, Rodrigo de Angelis
Secretaria do Comitê: Rua Carijós, 166, 5º andar, Centro - Belo Horizonte - MG - CEP: 30120-060 (31) 3207-8500 - secretaria@cbhsaofrancisco.org.br - www.cbhsaofrancisco.org.br
Atendimento aos usuários de recursos hídricos na bacia do Rio São Francisco: 0800-031-1607
Edição e Assessoria de Comunicação: Mariana Martins
Textos: Deisy Nascimento, Juciana Cavalcante, Luiza Baggio, Mariana Martins
Fotos: Flávio Charchar, Kel Dourado, Michel de Oliveira, Rayssa Baliero,Tiago Rodrigues
Diagramação: Rafael Bergo
Impressão: ARW Gráfica e Editora
Tiragem: 4.000 exemplares
Direitos Reservados. Permitido o uso das informações desde que citada a fonte. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
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Emerson Soares é professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e coordenador-geral Apoio Técnico Comunicação Realização São Francisco José Maciel Nunes Oliveira Vice-presidente: Marcus Vinícius Polignano Secretário: Almacks Luiz Silva