Travessia nº 70 - Janeiro de 2024 - Notícias do São Francisco

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JORNAL DO COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO / JANEIRO 2024

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Penedo recebe a 13ª edição do tradicional Festival de Cinema

Revitalização é o tema da última plenária de 2023

Leia a entrevista com a profª Yvonilde Medeiros

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EDITORIAL

Em sintonia com as águas do São Francisco Caros leitores, Findo mais um ano de muito trabalho, é com grande satisfação que compartilhamos as realizações significativas do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). O ano de 2023 foi marcado por eventos memoráveis que refletem nosso compromisso contínuo com a preservação e o desenvolvimento sustentável de uma das joias naturais mais preciosas do Brasil. Terminamos o ano de 2023 celebrando a expressão artística e cultural na região, por meio do renomado Festival de Cinema de Penedo. Esse evento não apenas enaltece a rica história e diversidade de nossa comunidade, mas também destaca a importância de promover a conscientização ambiental através das telas cinematográficas. A XLVI Plenária do CBHSF foi um ponto focal para discussões essenciais sobre a gestão hídrica e a preservação do Rio São Francisco. A troca de ideias e a colaboração entre os membros do Comitê fortaleceram nossos esforços para encontrar soluções sustentáveis e eficazes para os desafios enfrentados pela bacia hidrográfica.

O CBHSF teve a honra de participar do XXV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos (SBRH), destacando nosso papel ativo na promoção do conhecimento e da inovação na gestão dos recursos hídricos. Essa participação reforça nosso comprometimento em estar na vanguarda das discussões e práticas que moldam o futuro da gestão sustentável da água. A Expedição Científica do Baixo São Francisco representou um marco em nossa busca pelo entendimento mais profundo e holístico do ecossistema aquático. Os resultados dessa expedição proporcionarão valiosas contribuições para nossos esforços de conservação, assegurando a saúde a longo prazo do Rio São Francisco. À medida que entramos no ano de 2024, olhamos para o futuro com esperança e determinação. Que o ano novo seja repleto de conquistas sustentáveis, novas parcerias e avanços significativos em prol da preservação do Rio São Francisco. Juntos, continuaremos a escrever uma história de sucesso para as gerações futuras. Que este seja um ano repleto de realizações! José Maciel Nunes de Oliveira

Presidente do CBHSF

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PENEDO CELEBRA O SUCESSO DA 13a EDIÇÃO DO CIRCUITO DE CINEMA Texto: Deisy Nascimento / Fotos: Edson Oliveira

Entre os dias 13 e 19 de novembro, a cidade de Penedo testemunhou a 13ª edição do Circuito Penedo de Cinema, marcando também a reinauguração do Cine Penedo, fechado por mais de 40 anos. Autoridades locais, como o coordenador do Circuito, Sérgio Onofre, e o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Maciel Oliveira, participaram da cerimônia de abertura do festival. Sérgio Onofre ressaltou a singularidade desta edição do Circuito, enfatizando a reabertura do Cine Penedo, elogiando o apoio recebido, em especial do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Maciel Oliveira, presidente do CBHSF, enfatizou o compromisso contínuo com o Circuito, um dos maiores festivais ambientais do Brasil: “Esse é o maior Circuito de Cinema do Baixo São Francisco. Nós começamos a apoiar este projeto principalmente por conta do Festival Velho Chico de Cinema Ambiental e hoje ele é um dos maiores festivais ambientais do Brasil, o que nos enche de orgulho. Incentivar a produção do audiovisual voltada para a questão ambiental e também para o Velho Chico é importante demais para nós, principalmente neste momento histórico de reinauguração do Cine Penedo”. Penedo, recentemente reconhecida como Cidade Criativa pela Unesco na categoria Cinema, comemorou não apenas a reinauguração do Cine Penedo, mas também sua posição como referência cultural. O Festival Velho Chico de Cinema Ambiental, parte integrante do Circuito, abordou

questões ambientais relevantes para a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Em sua 10ª edição, o Festival Velho Chico de Cinema Ambiental contou com 22 produções ligadas ao tema do meio ambiente, dentre as quais o documentário “A Casa do Velho Chico”, que tem como enredo as memórias líquidas e os posicionamentos sólidos de Antônio Jackson, que é membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, e de sua esposa, a Jacira. Eles desaguam na trajetória do Museu Ambiental Casa do Velho Chico. O documentário tem 10 minutos de duração e foi dirigido por Igor Machado.

Alexandre Taquary, o ecologista Guilherme Demétrio e a pesquisadora Taciana Kramer, escolheu como melhor filme “Ava Kuña, Aty Kuña: Mulher Indígena, Mulher Política”, de Julia Zulian, Fabiane Medina e Guilherme Sai.

No encerramento do Circuito, realizado no Cine Penedo, foram premiados os filmes e documentários destacados ao longo da semana, e os vencedores receberam o troféu Canoa de Tolda. Marcelo Ribeiro, que representou o presidente do CBHSF Maciel Oliveira na cerimônia de encerramento, realizou a entrega do troféu ao filme vencedor do 10° Festival Velho Chico de Cinema Ambiental, na categoria júri popular. O longa vencedor foi “Águas que me tocam”, dirigido pelo Juraci Júnior, que ainda levou menção honrosa juntamente com os filmes “Do quilombo pra favela: alimento para a resistência negra”, de Manoela Meyer e Roberto Almeida, e “The speech of Txai Suruí”, dos alunos do Projeto Multimídia da Escola Parque do Rio de Janeiro.

O júri oficial do 16° Festival do Cinema Brasileiro escolheu nesta categoria o filme “Ramal”, do diretor Higor Gomes. No júri popular, o curta vencedor foi “Ave Maria”, de Pê Moreira. As menções honrosas foram para “Romão”, de Clementino Junior, e “A velhice ilumina o vento”, de Juliana Segóvia.

O júri oficial do 10º Festival Velho Chico de Cinema Ambiental, composto pelo cineasta

Já o curta “Cida tem duas sílabas”, de Giovanna Castellari, foi o grande vencedor no 13º Festival de Cinema Universitário de Alagoas, com os votos do júri oficial. No júri popular, “Caronte”, de Pedro Gargioni, foi o filme escolhido. Houve menções honrosas para os filmes “Por trás dos prédios”, de João Mendonça, e “Baseado em fatos”, de Amanda Rezer.

O evento atraiu a participação ativa da comunidade, encerrando uma semana intensa de exibições, debates e atividades culturais. A entrega dos troféus Canoa de Tolda marcou o reconhecimento dos destaques cinematográficos, encerrando uma edição que certamente deixará sua marca na história local.

Veja o vídeo em: bit.ly/13CPenedoC


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REVITALIZAÇÃO EM FOCO: XLVI PLENÁRIA DO CBHSF EM PENEDO (AL) Texto: Mariana Martins/ Fotos: Edson Oliveira Nos dias 14 e 15 de dezembro, a cidade de Penedo (AL) foi palco da XLVI Plenária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), onde os membros do Comitê se reuniram para a discussão do tema “Por uma revitalização integrada e participativa”. A programação teve início com o credenciamento dos participantes, seguido pela abertura oficial e a verificação de quórum. Compuseram a mesa, Maciel Oliveira (presidente do CBHSF), Almacks Silva (secretário do CBHSF), Elba Alves (diretora-geral da Agência Peixe Vivo), Altino Rodrigues (coordenador da CCR Alto SF), Alberto Fonseca (promotor do MP/AL), Ednaldo Campos (coordenador da CCR Médio SF), Cláudio Ademar (coordenador da CCR Submédio SF), Pedro Soares (chefe de gabinete – representando o prefeito de Penedo), Anivaldo Miranda (coordenador da CCR Baixo SF) e Flávia Simões (representante da Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico). Maciel Oliveira, que preside o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, destacou, em sua fala, a questão da revitalização. “Estamos vivenciando uma situação caótica e essa plenária trata de revitalização integrada e participativa. Na nossa última plenária, em Belo Horizonte (MG), debatemos essa questão da revitalização do Rio São Francisco. O TCU fez a recomendação ao Governo Federal e fomos à Brasília para participar de reuniões no Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Quem mais conhece a bacia é o Comitê, em todos os âmbitos, por isso nada mais justo do que nós fazermos parte do processo de decisão em outras esferas ligadas à gestão dos recursos hídricos. A política nacional de recursos hídricos está parada, o que é inadmissível. Os próximos passos precisam ser decididos, definidos e a revitalização está como nossa bandeira principal. Esse país precisa tratar a política das águas como prioritária. Enfrentaremos as dificuldades, não vamos parar, continuaremos cobrando dos governos”. Membros do CBHSF participam da plenária

Oliveira reforçou, colocando em pauta a inadimplência dos usuários de água: “O Comitê tem lançado editais e chamamentos públicos de requalificação ambiental, composição de nascentes, reflorestamento, preservação de APPs, fossas agroecológicas e saneamento rural. Recebemos muitas propostas, mas o Comitê não tem como abarcar porque não dispomos de recursos financeiros suficientes. Nossa arrecadação é pequena e a inadimplência é muito grande. A ANA precisa adotar medidas para que a inadimplência diminua. Vamos colocar os projetos em prática em prol das comunidades. Lembramos aqui que o Comitê é apartidário, queremos benefícios para o Rio São Francisco. A bandeira sempre será a defesa do povo de São Francisco, a melhoria da qualidade e quantidade de água. Continuaremos persistindo, lutando em defesa do Velho Chico”. Seguindo a pauta da reunião, ocorreu a assinatura do Termo de Compromisso para a revitalização, firmado entre o Comitê, a APV, ANA, SEAGRI DF e Emater DF. Gustavo Carneiro, representante do Governo Federal, disse que irá apoiar a revitalização e adequação dos canais rudimentares e a construção de tanques clonados na bacia do Rio Preto, no Distrito Federal. “Enalteço o Comitê e a coordenação do Alto São Francisco, em nome do Altino Rodrigues, que se sensibilizaram com a proposição desse projeto do Distrito Federal. A bacia sofre com grandes desigualdades, pois tem pequenos, médios e grandes usuários, comunidades, que dependem desses canais. A possibilidade de tubulação dos canais permitirá que eles possam gerenciar melhor essa água que hoje está se perdendo. Haverá o aprimoramento da produção rural, principalmente das comunidades, e isso dará a possibilidade de levar mais eficiência na produção da agricultura familiar na região. Espero que o projeto sirva como exemplo para ser replicado em outras unidades, pois são tecnologias testadas e de fácil aplicação”. Durante a manhã, a Plenária condecorou pessoas que se destacaram em ações em prol do Rio São Francisco, agraciando-os com a Medalha Toinho Pescador. Os homenageados foram o ex-presidente do CBHSF, Antônio Thomaz da Matta Machado, a representantes da Chesf no Comitê, Sonáli Cavalcanti Oliveira, a ex-diretora-geral da Agência Peixe Vivo, Célia Fróes, o membro do CBHSF, Remir José dos Santos, o pescador Arnaldo Alves da Silva, e a ex-secretária do CBHSF, Ana Catarina Pires de Azevedo. Em seguida, a recém-empossada diretora-geral da Agência Peixe Vivo, Elba Alves, foi apresentada ao plenário e trouxe atualizações e perspectivas para as ações futuras. “O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco é uma escola e eu sou sanfranciscana. O compromisso que a agência tem no cumprimento e aprimoramentos para melhorar o trabalho que é prestado durante todos estes anos enquanto entidade delegatária é imenso. A Peixe Vivo está coesa, irmanada com o Comitê, com a ANA, o Estado e outros atores envolvidos para o desenvolvimento das atividades. Os próximos desafios serão enormes e bons. E eu afirmo que mar calmo não faz um bom marinheiro. A Agência Peixe Vivo, especificamente, tem que se fortalecer de forma institucional para dar conta dos desafios que estão por vir. Mas tudo isso precisa ser realizado com unicidade e parceria, caminhando juntos com o Comitê e com a ANA. A APV tem um histórico muito forte e já demonstrou que é resiliente. Este ano de 2023 foi de grandes desafios devido à saída de Célia Fróes e isso colaborou para o amadurecimento da agência”.


Notícias do São Francisco 05 Na parte da tarde, os trabalhos continuaram com a aprovação da ata da XLV Plenária Ordinária do CBHSF. Destaque também para a deliberação ad referendum nº 146/2023, que abordou a alteração do Plano de Aplicação Plurianual (PAP) 2021-2025, promovendo uma gestão financeira mais eficiente. A assessora técnica da APV, Jaqueline Evangelista, apresentou ao plenário a minuta com a proposta de alterações do Plano de Aplicação Plurianual (PAP) ocorridas em 2023, e as modificações do Plano de Execução Orçamentária Anual (POA) para os exercícios de 2024 e 2025. Ambos foram aprovados pelos membros do CBHSF. Na sequência, o gerente de Projetos da APV, Thiago Campos, apresentou o SIGA São Francisco e explicou como o acompanhamento tanto do POA como do PAP podem ser acompanhados por lá, de forma clara e transparente. Thiago apresentou também um balanço da situação do POA, demonstrando que a capacidade de execução físico-financeira do Comitê vem crescendo nos últimos anos. Outra decisão importante foi a aprovação da doação de equipamentos de monitoramento hidrometeorológico para instituições de ensino e pesquisa atuantes na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, fortalecendo a parceria entre o CBHSF e o meio acadêmico.

A segunda moção diz respeito à tragédia que ocorre em Maceió, devido à atuação criminosa da Braskem, empresa acusada de provocar afundamentos no solo da região, resultando em danos irreparáveis às comunidades locais, casas e estruturas urbanas. Os eventos, atribuídos à exploração inadequada de sal-gema para a produção de cloro e soda cáustica, revelam um desrespeito pelos princípios ambientais e pelas vidas daqueles afetados. A moção também foi aprovada pela maioria do plenário. O segundo dia se encerrou com uma visita técnica à Foz do Rio São Francisco. A XLVI Plenária do CBHSF em Penedo destacou-se não apenas pela diversidade de temas abordados, mas também pela participação ativa dos membros, reforçando o compromisso coletivo com a revitalização e preservação deste importante recurso hídrico nacional.

No segundo dia, os membros do Comitê realizam visita técnica à foz do Velho Chico

A agenda seguiu com a aprovação do calendário e planejamento anual de atividades do CBHSF para o ano de 2023, além da escolha dos locais das futuras Plenárias a serem realizadas em 2024. As cidades escolhidas foram Salvador, para a primeira do ano, e Petrolina, para a segunda. O Comitê também deliberou sobre o Plano de Educação Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, ressaltando o compromisso com a conscientização e preservação ambiental. O plano foi apresentado pelo coordenador da CCR Alto, Altino Rodrigues, que participou do processo de construção através do Grupo de Trabalho de Educação Ambiental (GTEA), e foi aprovado por unanimidade. O coordenador da CCR Baixo São Francisco, Anivaldo Miranda, apresentou duas moções, uma relacionada à questão da inadimplência dos usuários de água da bacia, e pede que a Direc e o GACG tomem as medidas urgentes que o caso requer. A moção foi aprovada pela maioria do plenário.

Presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, abre a plenária em Penedo


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COMITÊ DO SÃO FRANCISCO PARTICIPA DO XXV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS Texto: Juciana Cavalcante/ Fotos: Marcizo Ventura

Membros do Comitê e da Agência Peixe Vivo no estande do CBHSF

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco marcou presença no XXV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos (SBRH), realizado em Aracaju (SE), entre os dias 19 e 24 de novembro. O evento, promovido pela Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro), teve como tema central “Água e Sociedade: Resiliência, Inovação e Participação”. O Comitê, um dos grandes apoiadores do simpósio, montou um estande para compartilhar suas experiências de mais de duas décadas de atuação na gestão dos recursos hídricos da bacia. Dentro da programação diversificada do evento, membros do Comitê participaram de minicursos, conferências e mesas-redondas, abordando temas como proteção de mananciais, recuperação de bacias, águas subterrâneas, mudanças climáticas, segurança hídrica, uso racional da água e desafios na gestão hídrica. O presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, destacou a importância do diálogo sobre a gestão dos recursos hídricos, ressaltando a necessidade de planejamento e gestão para enfrentar os desafios decorrentes das mudanças climáticas. O evento também proporcionou espaço para apresentação de ideias, propostas e debates, incluindo um estande e um museu itinerante do Velho Chico. Uma mesa-redonda sobre “Governança das Águas: Debatendo desafios da participação nos 26 anos da PNRH” contou com a participação do coordenador da Câmara

Maciel Oliveira, presidente do CBHSF, participa do Simpósio

Consultiva Regional do Alto São Francisco, Altino Rodrigues, e da professora Yvonildes Medeiros, membro da Câmara Técnica de Planos, Projetos e Programas do CBHSF. O debate abordou a importância da participação dos Comitês nas decisões para a gestão das águas. Durante a mesa, Altino destacou que o Comitê do São Francisco busca a equidade, tendo dentro de sua estrutura funcional, por exemplo, a Câmara Técnica de Povos Tradicionais, além da representação civil entre outras instâncias. “É o Comitê que vem resolvendo os problemas dentro da bacia e mesmo assim não foi chamado a participar do Comitê Gestor dos Recursos destinado à revitalização da bacia do São Francisco pela Eletrobras. E como fica a participação social? O Comitê está na ponta resolvendo os problemas das bacias e é preciso equidade no processo da governança das águas”, destacou. Paralelamente ao SBRH, foi aberto o 1º Fórum Latino Americano da Água, visando fortalecer o diálogo e a integração na governança sobre água e saneamento nos países latino-americanos. A vice-presidente da ABRHidro, Suzana Montenegro, membro do CBHSF, destacou a importância do evento para a integração entre atores da América Latina. “É uma alegria sediar o primeiro Fórum e a ABRHidro ao longo de sua história tem difundido conhecimento, buscando alianças e cooperação, formulando uma agenda da água para o país e uma cooperação internacional, por isso a ABRHidro é uma parceira na construção desse fórum que marca um momento especial mostrando caminhos para a integração dessa agenda”, disse.

O evento também contou com a participação ativa do presidente do CBHSF em uma mesa-redonda sobre os desafios da Política Pública das Águas no Brasil, e a apresentação de trabalhos acadêmicos, onde destacou a atuação do Comitê na revitalização da bacia, ressaltando a importância da cobrança pelo uso da água para financiar ações urgentes. Outro destaque foi a área destinada ao Museu Ambiental Casa do Velho Chico, onde as peças do acervo ficaram à disposição da visitação. Fundado pelo ambientalista Antônio Jackson Borges Lima e sua esposa, Jacira Machado Lima, ambos ribeirinhos, barranqueiros do São Francisco, a coleção narra parte da história da ocupação humana na bacia hidrográfica do São Francisco. Com mais de 20 anos, o museu que até então preserva a característica de ser itinerante, estimula o pensamento sobre questões ambientais denunciando atividades de degradação do rio. As exposições já aconteceram em diversas localidades e estados como Alagoas, Sergipe e Pernambuco. O XXV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos encerrou-se com resultados positivos, reforçando a importância do debate e da cooperação para a preservação das águas do país.

Veja o vídeo em: bit.ly/XXVSBRH


Notícias do São Francisco 07

VI EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA: UM COMPROMISSO COM O SÃO FRANCISCO Texto: Deisy Nascimento/ Fotos: Azael Goes e Edson Oliveira Entre os dias 21 e 30 de novembro, aconteceu a VI Expedição Científica do Baixo São Francisco, iniciativa da UFAL com apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Ministério da Pesca e Aquicultura, Codevasf, SEMARH-AL e FAPEAL. O evento reuniu pesquisadores, autoridades e representantes da sociedade civil. Com 66 pesquisadores, a expedição abrangeu 36 áreas, visando diagnosticar a situação econômica, social e ambiental da região, com foco em impactos na pesca, manejo do solo, agricultura, turismo, abastecimento municipal, saúde e vida das comunidades locais. A vice-reitora da UFAL, Eliane Cavalcanti, inaugurou o evento, seguida por Emerson Soares, coordenador-geral da expedição, que destacou o crescimento do projeto ao longo dos anos, com investimentos substanciais.

Soares ressaltou as ações realizadas nas edições anteriores, como doações de computadores, tratores e exames de saúde, além de abordar questões preocupantes, como desmatamento, urbanização de lagoas e altos índices de doenças relacionadas à qualidade da água e agrotóxicos. Para o presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, é uma honra fazer parte, desde o princípio, da Expedição Científica. “Estamos aqui, enquanto Comitê, mais uma vez apoiando esta iniciativa da UFAL, que tem a coordenação do Emerson Soares, José Vieira e Themis Silva e tem o intuito de fazer diversos levantamentos e pesquisas importantes acerca da qualidade da água, da fauna e flora ligadas ao Velho Chico. São relatórios imprescindíveis recebidos por nós que se tornam documentos que são encaminhados aos órgãos públicos para que juntos possamos encontrar soluções

Pesquisadores trabalham em diversas frentes durante expedição

a fim de buscarmos a preservação do Rio São Francisco. Atitudes são necessárias e lutamos diariamente para defender este rio fundamental para a nossa sobrevivência”. Durante toda a expedição os 120 integrantes se debruçaram sobre pesquisas, análises, visitas às comunidades, muito conhecimento, aprendizado, ciência, educação ambiental e orientação. Centenas de dados importantes foram colhidos nas cidades de Piranhas (AL), Pão de Açúcar (AL), Traipu (AL), São Brás (AL), Propriá (SE), Igreja Nova (AL), Penedo (AL), Piaçabuçu (AL), Foz do Rio São Francisco (AL) e Brejo Grande (SE). Segundo o coordenador-geral da expedição, infelizmente há muitos resultados que não são alentadores, pois o desmatamento aumentou nas áreas marginais, nas nascentes, as lagoas marginais estão sendo urbanizadas, os índices de doenças estão altos, como é o caso de diabetes, ancilostomíase, esquistossomose, alguns problemas ligados diretamente à qualidade da água. “Além disso, os níveis de agrotóxicos encontrados na água são preocupantes e nós precisamos agir. O rio não pode esperar, diante de tudo que vem acontecendo, com as estiagens que podem vir, e é preciso ter cuidado porque os problemas se acumulam e vários deles foram encontrados dentro da água”, pontuou Emerson Soares. Após a expedição, Soares anunciou uma pausa estratégica para avaliação dos últimos seis anos e a realização de um seminário em 2024 para reavaliação. Destacou a importância da participação de todos na busca por políticas públicas que salvem o Rio São Francisco. Os dados detalhados da 6ª edição serão divulgados em breve. O encerramento contou com homenagens, incluindo ao presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, e a participação do IBGE na expedição pela primeira vez, oferecendo informações geoespaciais da região. O evento se encerrou com a promessa de continuidade da luta pela preservação do Velho Chico.

Veja o vídeo em: bit.ly/VIExpBaixoSF


DOIS DEDOS DE PROSA

Entrevista: Juciana Cavalcante

A sua principal linha de pesquisa é voltada para as águas. Como tem sido, ao longo dos anos, atuar nessa questão dentro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco?

Quando entrei no Comitê do São Francisco, a gente não sabia exatamente o que era vivenciar as lutas que enfrentamos. Para mim, foi uma grande escola, um aprendizado constante, como neste momento em que precisamos ainda mais da participação da sociedade. O que eu quero buscar daqui para frente é trazer a sociedade para o entendimento da necessidade de defender os nossos rios, defender o nosso planeta. Quando terminei o doutorado sobre mudança climática, participei de um congresso com essa temática e saí de lá chorando, porque as pessoas achavam que isso era uma coisa inventada, que não aconteceria. Porém hoje, até os próprios políticos reconhecem que estamos vivendo sob ameaça no planeta, por isso precisamos continuar defendendo a vida na Terra e no ecossistema aquático para deixar de herança para as futuras gerações.

Yvonilde Medeiros Doutora em Hidrologia pela University of Newcastle Upon Tyne - UK (1994), Mestre em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (1984) e Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia (1975). Yvonilde Dantas Pinto Medeiros é professora titular com dedicação exclusiva à Universidade Federal da Bahia, atuando na Escola Politécnica, no Departamento de Engenharia Ambiental. É coordenadora do Mestrado Profissional em Rede Nacional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos - Polo UFBA e coordenadora do Curso de Especialização em Segurança de Barragem. Professora do Mestrado em Meio Ambiente, Águas e Saneamento - MAASA, também coordena o Grupo de Pesquisa em Gestão de Recursos - GRH, com atuação principal nas linhas de pesquisa: Gestão Integrada dos Recursos Hídricos, Planejamento de Recursos Hídricos, Enquadramento de Corpos d`água, Hidrologia de Semiárido e Reuso de Água. No Comitê, a professora já foi secretária executiva e membro titular no período de setembro de 2016 a setembro de 2021. Atualmente é membro da Câmara Técnica de Planos, Programas e Projetos e compõe o grupo de organização do V Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (SBHSF) que acontecerá em 2024, em Salvador - BA. Ouça a entrevista em: bit.ly/PodTrav164

Recentemente a senhora recebeu da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro) o Prêmio “Mulheres na Gestão das Águas”, cujo objetivo é reconhecer a atuação de mulheres para o fortalecimento e avanços da Política Nacional de Recursos Hídricos. Qual o significado desse reconhecimento?

Fiquei muito emocionada com a homenagem lembrando o caminho que trilhei no Comitê. A luta do São Francisco é coletiva, representa o amor de todos por esse rio que quem o conhece se apaixona e, assim como o São Francisco, nossas outras bacias precisam ser defendidas. Defender nosso planeta, porque não existe vida sem água. No momento em que as crises acontecem, as mulheres sentem de imediato os impactos. Na atual situação de emergência climática, não é diferente. Como avalia a participação da mulher no contexto de defesa das águas?

Neste contexto vejo que a participação da mulher vai além da defesa das águas, vai na defesa da família, da própria sobrevivência, vai na defesa do seu trabalho, território, do seu espaço, enfim vai na defesa da sua dignidade, então são amplos os campos de luta que a gente tem que enfrentar na crise climática. Na crise climática, a gente fala de extremos climáticos e eles se agravam em locais que já tem, por exemplo, uma tendência a enchentes, a frequência delas torna-se maior, lugares que já são acometidos com grandes estiagens, se tornam mais severas. Tudo indica que essa situação não vai melhorar, ao contrário, deve se tornar cada vez mais séria. As crises tendem a aumentar e precisamos estar preparados para mitigar seus efeitos e temos que estar unidos, homens e mulheres, independente de sexo, cada um com seu conhecimento, sua força para tentar sobreviver às crises que certamente vão ocorrer com mais frequência. Você acha que ainda há dificuldades para que o assunto também possa ser debatido por mulheres ou precisamos redirecionar o percurso para atingir um objetivo comum?

Os esforços são muitos, acredito que todos estão tentando de alguma forma, dentro das suas habilidades, do seu conhecimento, reverter essa situação que estamos vivenciando. Bom seria se a gente pudesse evitar, se tivesse algum poder de minimizar esses eventos, mas é muito difícil. Por isso, o caminho da educação, capacitação, esclarecimento e da comunicação deve ser o mais certo para fazer compreender que estamos vivendo uma ameaça ao planeta com ondas de calor, enchentes, estiagens, escassez de água. O caminho é o da solidariedade, da sustentabilidade, de ampliar nossa resiliência para estarmos mais fortes com laços de cooperação, existem vários movimentos nessa direção. Isso é bom, mas os resultados ainda são pouco visíveis. Acabamos de sair de um evento internacional sobre cooperação entre nações desenvolvidas e países emergentes e vimos um pouco o fortalecimento desses laços com uma discussão cada vez mais forte. Mudar, por exemplo, a matriz energética, não é algo que se faça de um dia para o outro e esse seria um grande movimento para reverter essa situação, gastar menos energia, consumir menos as florestas, mudar a produção com base em combustíveis fósseis. A gente precisa pressionar, esclarecer, comunicar, alertar e nos adaptar às mudanças que já acontecem e se as mulheres vão assumir liderança nisso, vejo que este é um papel de todo o mundo independente do sexo, independente da religião. Nós vivemos nesse planeta e temos que estar juntos para enfrentar as ameaças e as mudanças que estão acontecendo.

Presidente: José Maciel Nunes Oliveira Vice-presidente: Marcus Vinícius Polignano Secretário: Almacks Luiz Carneiro Silva

Produzido pela Assessoria de Comunicação do CBHSF – Tanto Expresso comunicacao@cbhsaofrancisco.org.br

Secretaria do Comitê: Rua Carijós, 166, 5º andar, Centro - Belo Horizonte - MG - CEP: 30120-060 (31) 3207-8500 - secretaria@cbhsaofrancisco.org.br - www.cbhsaofrancisco.org.br Atendimento aos usuários de recursos hídricos na bacia do Rio São Francisco: 0800-031-1607

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Coordenação Geral: Paulo Vilela, Pedro Vilela, Rodrigo de Angelis Edição e Assessoria de Comunicação: Mariana Martins Textos: Deisy Nascimento, Juciana Cavalcante e Mariana Martins Fotos: Edson Oliveira, Marcizo Ventura Diagramação: Sérgio Freitas Impressão: ARW Gráfica e Editora Tiragem: 4.000 exemplares Direitos Reservados. Permitido o uso das informações desde que citada a fonte. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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