Travessia nº71 - Março de 2024 - Notícias do São Francisco

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JORNAL DO COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO / MARÇO 2024

Inscrições abertas para o V SBHSF

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Expedição Científica do Baixo São Francisco lança documentário

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Confira a entrevista com o Prof. Jean Carlos Santos

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EDITORIAL

Navegando juntos em águas de renovação

É com satisfação que trazemos até você mais uma edição do nosso informativo, o Travessia, onde navegamos juntos pelas águas do Rio São Francisco, compartilhando conquistas, desafios e perspectivas que permeiam a gestão e preservação deste precioso patrimônio hídrico.

Neste mês de março, trazemos uma série de assuntos de relevância para a comunidade que acompanha e se dedica ao Rio São Francisco. Desde iniciativas para fortalecer a fiscalização até avanços em obras de esgotamento sanitário, passando por eventos de grande impacto, como o V Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.

Destacamos a abertura das inscrições para o V SBHSF, um espaço de troca de conhecimento e articulação que se mostra cada vez mais relevante para a gestão sustentável da bacia.

Na sequência, alertamos os usuários sobre os prazos e procedimentos relacionados à cobrança pelo uso de recursos hídricos no Rio São Francisco, reforçando a importância do cumprimento das normativas para uma gestão eficiente.

Compartilhamos também a importante articulação liderada pelo presidente do CBHSF e parceiros, visando a restauração da Fiscalização Preventiva Integrada em Minas Gerais, um passo essencial para a preservação dos recursos naturais da região.

Destacamos o progresso das obras de esgotamento sanitário nos municípios baianos Érico Cardoso e Correntina, um investimento que visa a melhoria da qualidade ambiental e de vida das comunidades ribeirinhas.

Apresentamos também o plano de ações da bacia do Rio São Francisco à Secretaria Especial da Casa Civil, demonstrando nosso compromisso com a transparência e efetividade na gestão dos recursos hídricos.

Divulgamos aqui também o documentário da Expedição Científica no Baixo São Francisco, um registro valioso dessa ação em parceria com a UFAL e dos desafios enfrentados em nossa jornada de preservação.

E, por fim, temos o privilégio de apresentar uma entrevista exclusiva com o Professor Jean Carlos, presidente do FIENPE e membro destacado do SBHSF e reconhecido cientista na área, que compartilha conosco sua visão e perspectivas para o futuro da bacia.

Com esta edição do Travessia, reafirmamos nosso compromisso com a transparência, a informação e a participação de todos na construção de um São Francisco mais vivo e próspero.

Bons ventos e boas águas a todos!

José Maciel Nunes de Oliveira

VEM AÍ O V SIMPÓSIO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO SÃO FRANCISCO (V SBHSF)!

Prepare-se para um dos eventos mais aguardados na área de recursos hídricos!

O V SBHSF, organizado pelo FIENPE e pelo CBHSF, com apoio da Agência Peixe

Vivo, promete reunir especialistas, estudantes e profissionais em Salvador/BA, para discutir o futuro do Rio São Francisco sob o tema central: Segurança Hídrica: garantindo o futuro do Rio São Francisco

O V SBHSF acontece nos dias 06, 07 e 08 de novembro.

As inscrições já estão abertas!

Acesse sbhsf.com.br

SEGURANÇA HÍDRICA: DO RIO SÃO FRANCISCO V SIMPÓSIO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO GARANTINDO O FUTURO Notícias do São Francisco 02

USUÁRIOS DEVEM FICAR ATENTOS AOS PRAZOS E

PROCEDIMENTOS

DA COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS NO RIO SÃO FRANCISCO

Aos usuários que fazem uso dos recursos hídricos na bacia do rio São Francisco, uma importante mensagem sobre a cobrança pelo uso desses recursos, iniciada em 2010. A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) informa, através do Ofício Nº 5/2024/SAS/ANA, que a Deliberação CBHSF nº 94/17 e a Resolução CNRH nº 199/18 são os referenciais atuais para a cobrança, que incide sobre usos sujeitos a outorga, excluindo as outorgas preventivas e usos insignificantes.

Os valores a serem cobrados em 2024 seguirão os preços da Resolução ANA nº 172/23, com procedimentos operacionais regulamentados pela Resolução ANA nº 124/19.

O cálculo da cobrança considera tanto o volume de água outorgado quanto o medido, este último devendo ser informado na Declaração Anual de Uso de Recursos Hídricos (DAURH) até 31 de março de 2024. Empreendimentos que não realizaram uso ou não estão em operação devem informar volumes de 0,00 m³ na DAURH. Importante ressaltar que, mesmo

nestes casos, o valor da cobrança não será R$ 0,00. Para evitar a cobrança, usuários que não pretendem mais utilizar os recursos hídricos devem comunicar a desistência da outorga à ANA pelo Portal do Usuário de Recursos Hídricos, na opção Outorga.

Usuários outorgados pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (ADASA) devem dirigir solicitações de alteração e comunicações de desistência de outorgas a este órgão.

Para as finalidades de Indústria, Mineração e Irrigação, coeficientes redutores podem ser informados no Portal do Usuário de Recursos Hídricos, na opção Cobrança pelo uso de recursos hídricos e depois Informações Complementares para a Cobrança. Já para usuários de Abastaecimento Público, Indústria, Termoelétrica, Aquicultura em Tanque Escavado e Outras, o Coeficiente de Retorno (parcela do volume captado que retorna ao corpo hídrico) pode ser informado ou alterado na mesma seção.

Os boletos da cobrança para 2024 terão vencimento a partir de 30/06/2024, sendo acessíveis no Portal do Usuário de Recursos Hídricos, na seção “Cobrança pelo uso de recursos hídricos” e, em seguida, “Emitir Boletos”. Aqui também é possível obter extratos dos pagamentos realizados e verificar pendências, as quais podem ser regularizadas, permitindo o parcelamento dos débitos em até 60 vezes.

É fundamental que os usuários mantenham seus dados cadastrais atualizados no Portal do Usuário de Recursos Hídricos para receber comunicações da ANA.

Para mais informações sobre a cobrança na bacia do rio São Francisco, acesse os portais da ANA, CBHSF e Agência Peixe Vivo. Ressalta-se que os valores arrecadados pela ANA são integralmente repassados à Agência Peixe Vivo, que os utiliza conforme o Plano de Recursos Hídricos da Bacia, aprovado pelo CBHSF.

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Texto e fotos: João Alves

PRESIDENTE DO CBHSF E PARCEIROS ARTICULAM RESTAURAÇÃO DA FPI EM MINAS GERAIS

Texto e foto: João Alves

Em viagem a Belo Horizonte (MG), o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Maciel Oliveira, junto a uma comitiva de promotores que atuam na região nordeste do país, estiveram reunidos no dia 30 de janeiro, com representantes do Ministério Público Federal e Estadual para discutir a reimplementação do programa de Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) no estado.

O programa FPI busca diagnosticar possíveis irregularidades e problemas que podem impactar diretamente a bacia do Rio São Francisco. Todo o trabalho é feito a partir de um olhar interdisciplinar, que mobiliza diversas áreas, poderes e profissionais, para identificar irregularidades com a legislação ambiental, de saúde e do exercício profissional. Dessa forma, a FPI consegue proteger a bacia e seus ambientes naturais, culturais e sociais. Atualmente, a FPI desenvolve as suas operações nos estados da Bahia, Alagoas e Sergipe, no que se intitula a Tríplice Divisa da bacia hidrográfica do rio São Francisco.

Em relação a Minas Gerais, a FPI está paralisada desde o início da pandemia de COVID-19, quando as ações tiveram que ser suspensas devido a questões de segurança. Contudo, a articulação feita entre a coordenação da FPI e o Ministério Público busca reverter isso e reavivar o programa no estado.

O presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, explica que o programa faz parte de uma metodologia empregada há mais de 20 anos na Bahia e que traz resultados assertivos para a bacia. “O programa ocorre de maneira muito assertiva em outros estados. Então, é extremamente importante que Minas Gerais esteja na FPI porque o estado possui a maior área da Bacia do Rio São Francisco. Tudo que acontece aqui em Minas Gerais impacta a bacia hidrográfica, então nós precisamos que o estado acolha o programa de Fiscalização Preventiva Integrada”, afirmou o presidente.

O presidente e parceiros estiveram no Ministério Público Federal com o procurador Bruno Nominato e também com o Procurador Geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior, no prédio da Procuradoria Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais. Além disso, a comitiva conversou com o promotor e coordenador do Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente (CAOMA), na sede do Ministério Público Estadual.

ENCONTROS E REENCONTROS

Além do presidente do Comitê, a comitiva ainda contou com a Promotora de Justiça (BA) e idealizadora e coordenadora-geral da FPI da Bahia, Dra. Luciana Khoury, e o Promotor de Justiça (AL), Dr. Kleber Valadares.

A Dra. Luciana Khoury relembra que, para além de apresentar e articular novos atores para o programa, existe a necessidade de aproximar antigos parceiros que estiveram à frente dos projetos de proteção ao Rio São Francisco no passado. “O Dr. Jarbas Soares Júnior iniciou todas as ações da Bacia do São Francisco. Foi ele quem estimulou a criação, inclusive, de atuação especializada do Ministério Público nos estados, estimulando assim o trabalho especializado e integrado entre estados na bacia”, afirmou Luciana.

O promotor do estado de Alagoas, Dr. Kleber Valadares, entende que a integração entre os ministérios públicos estaduais, o comitê e as instituições ambientais são de extrema importância para a execução da FPI. “Todos se irmanam de modo cooperativo, visando resguardar o meio ambiente. Então a FPI vem, seja pela fiscalização ambiental ou seja pela educação ambiental, prevenir a prática de danos ambientais bem como combater a ocorrência deles.”

Após os encontros, a coordenação da Fiscalização Preventiva Integrada do Rio São Francisco irá marcar novas reuniões com os parceiros interessados para definir futuras ações.

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A Promotora de Justiça da Bahia, Luciana Khoury e o presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, em reunião no MPF, em BH/MG

CBHSF ASSINA CONTRATO PARA EXECUÇÃO DAS OBRAS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO EM ÉRICO CARDOSO

Texto: Mariana Carvalho / Fotos: Agência Difere

Em evento histórico, representantes do CBHSF e da Prefeitura Municipal de Érico Cardoso assinaram simbolicamente o contrato que dá início às obras do sistema de esgotamento sanitário no município. Com aporte de aproximadamente R$5,9 milhões do CBHSF e contrapartida de R$5 milhões da Prefeitura Municipal através de convênio com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), o investimento é destinado à implantação de 18,6km de rede coletora de esgoto, incluindo interceptores, estação elevatória, estação de tratamento e emissário, tudo com o objetivo de reduzir a carga poluidora lançada no rio Paramirim, maior afluente da margem direita do rio São Francisco.

Durante a mesa de abertura, o coordenador da CCR Médio SF, Ednaldo Campos, destacou que a cobrança pelo uso da água na bacia do rio São Francisco permite financiar programas e cumprir as metas previstas no Plano de Recursos Hídricos. “Uma das metas definidas para o eixo que trata da qualidade da água e saneamento é de servir 76% dos domicílios totais da bacia com esgotamento sanitário até 2024”, disse Campos, que também observou que o município de Érico Cardoso foi selecionado entre outros 17 do Médio São Francisco inscritos no chamamento público do CBHSF.

O presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, explicou que, em todos os municípios selecionados nas quatro regiões da bacia, a prestação dos serviços públicos de esgotamento sanitário é realizada por administração direta municipal, autarquia ou empresa pública municipal. “Não privatizar os serviços de saneamento é uma condição para ser contemplado. Também é necessária a contrapartida financeira do município na elaboração do projeto e na execução das obras”, afirmou. O presidente se mostrou contrário às propostas de privatização dos serviços essenciais de saneamento básico e defendeu que a mercantilização e apropriação corporativa da água aumenta os preços e prejudica pessoas de menor poder aquisitivo.

A implantação do sistema de esgotamento sanitário em Érico Cardoso irá contemplar 100% das residências urbanas, impedindo o lançamento de efluentes sanitários não tratados no rio e combatendo, assim, uma das principais causas da degradação de mananciais de água para abastecimento

humano. O município é considerado o “pulmão” da bacia dos rios Paramirim e Santo Onofre pelas nascentes que guarda em seu território.

A diretora-geral da Agência Peixe Vivo, Elba Alves, ressaltou o impacto do projeto para toda a bacia do rio São Francisco. “Os rios afluentes são as veias capilares de uma bacia hidrográfica e o caráter atuante dos Comitês dos afluentes do São Francisco reflete essa importância. Sabemos que, quando um rio afluente é poluído, e estamos falando de um rio de porte significativo como é o Paramirim, parte dessa poluição chega até o rio principal”, afirmou.

A cerimônia de assinatura do contrato reuniu mais de 150 pessoas no Centro Cultural de Érico Cardoso, incluindo representantes de associações comunitárias, comunidades quilombolas, trabalhadores da agricultura familiar e poder legislativo municipal. A participação da população no evento foi celebrada pelo prefeito Eraldo Félix. “É um projeto de grande impacto na saúde pública do município, na medida em que contribui para evitar uma série de doenças, como é o caso da dengue. É uma satisfação e um marco histórico para o município”, avaliou o gestor.

O secretário de Agricultura, Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Saneamento, Anselmo Caires, que também é presidente do CBHPASO, fez uma apresentação do histórico de investimentos do CBHSF na região. “A atuação do Comitê em projetos de recuperação hidroambiental, construção de cisternas e instalação de comportas no perímetro irrigado do vale do rio Paramirim, avança um novo capítulo com a implantação de serviços de esgotamento sanitário que vão impactar diretamente na vida de milhares de pessoas”, disse.

Os recursos serão administrados pela Caixa Econômica Federal, que também é responsável por analisar o projeto contemplado e realizar a contratação dos municípios. A expectativa é que a execução das obras de esgotamento sanitário no município tenha início até outubro deste ano.

Veja o vídeo em: bit.ly/4ccnXxg

Assinatura do Contrato, em Érico Cardoso, contou com as presenças do presidente do CBHSF, Maciel Oliveira e do coordenador da CCR Médio SF, Ednaldo Campos, entre outros membros do Comitê
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CBH RIO SÃO FRANCISCO APRESENTA PLANO DE AÇÕES PARA A SECRETARIA ESPECIAL DA CASA CIVIL

Membros da diretoria do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) se reuniram remotamente no dia 1º de março com entidades e órgãos de gestão pública para apresentar ações de revitalização que ocorrem ao longo da bacia. Representantes da Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento da Casa Civil – (SAM/CC/PR), Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e da Agência Peixe Vivo (APV) estiveram presentes.

O diálogo e a troca de experiências são fundamentais para garantir a continuidade das ações que são promovidas pelo CBHSF e pelos seus parceiros. Com este objetivo, a SAM/ CC/PR realizou uma reunião para conhecer as iniciativas de saneamento que foram desenvolvidas ao longo da bacia.

A secretária adjunta da Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, Cristiane Collet Battiston, reforçou a importância de haver essa aproximação entre as entidades, já que “além de contribuir para um trabalho mais efetivo, há novos projetos de saneamento a serem financiados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)”. A terceira versão do

PAC prevê investimentos de R$ 25,6 bilhões até 2026 em obras de esgotamento sanitário, revitalização de bacias hidrográficas e soluções para regiões com população em situação de vulnerabilidade social.

O presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, que apresentou os projetos e programas realizados na bacia, comemorou a reunião com as entidades presentes. “Foi uma solicitação da Casa Civil. Então, nós apresentamos as ações de recuperação hidroambiental e de saneamento, ações que possuem parceria com a Caixa Econômica Federal e os municípios. Mostramos o que o Comitê do São Francisco tem feito nessa área e as dificuldades que as comunidades tradicionais e populações indígenas enfrentam para ter acesso à água. Ou seja, hoje tivemos essa reunião que é extremamente importante para que nós possamos avançar agora com ações efetivas de saneamento para toda bacia do rio São Francisco”, afirmou Oliveira.

Marcus Polignano, vice-presidente do CBHSF, destacou a importância de haver uma força-tarefa para criar um movimento mais coordenado a favor das ações de revitalização da bacia e das águas. “Precisamos ser estratégicos e fazer uma grande união a favor da revitalização. Não podemos dar saltos,

mas sim passos, então é preciso unificar e conseguir mapear o que cada um está fazendo, quais são e em que local essas ações estão sendo realizadas, para depois, apontar quais serão os direcionamentos localizados. Quanto mais transformarmos projetos em programas, mais conseguiremos avançar”, disse Polignano.

No portfólio de importantes investimentos do CBHSF em infraestrutura de saneamento, requalificação ambiental e segurança hídrica, estão a implementação do sistema de abastecimento do povo indígena Pankará (PE), novo sistema de captação do município de Pirapora (MG), implementação do sistema de abastecimento de água do povo indigina Kariri Xocó (AL), obras de adequação da estrada vicinal do povoado Resina (SE), execução de projetos individuais para geração de energia fotovoltaica para famílias da zona rural de Cedro (PE), serviços de requalificação ambiental na bacia do córrego Confusão (MG) e outros.

Entre os direcionamentos finais, ficou acordado que o Governo Federal irá levantar quais e quantos são os recursos previstos para o orçamento de ações de revitalização e saneamento. Além disso, o CBHSF irá fazer um balanço dos chamamentos públicos pendentes e de projetos em execução.

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Trecho do Rio Paracatu, afluente do rio São Francisco

VI EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO BAIXO SÃO FRANCISCO VIRA DOCUMENTÁRIO

Lançado o tão esperado documentário da VI Expedição Científica do Baixo São Francisco. O trabalho, realizado pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), teve a sua estreia no dia 04 de março, no Centro Cultural Arte Pajuçara, em Maceió (AL), e contou com uma grande plateia. Com quase 40 minutos de duração, o documentário produzido e dirigido pela Mila Filmes e coproduzido pelo professor da UFAL e coordenador da Expedição Científica, Emerson Oliveira, bem como pelas jornalistas Iara Melo e Rose Ferreira, trouxe temas trabalhados durante a expedição como saúde, ecologia e manguezal, qualidade da água, educação ambiental, poluição, patrimônio e sociedade, peixes e aquicultura.

Antes de dar início à exibição do documentário, o coordenador da Expedição Científica, Emerson Soares, falou sobre os momentos de dedicação a este projeto que culminou no documentário. Ele convidou ao palco Themis Silva e José Vieira que, assim como ele, coordenaram a Expedição. “Fico muito grato por estarem aqui, por se manterem unidos em prol da população ribeirinha. Na VI edição da expedição nós tivemos em torno de 75 pesquisadores e 110 pessoas fazendo acontecer. Meu agradecimento a cada um de vocês, expedicionários. Agradeço, ainda, ao Comitê da Bacia do Rio São Francisco por investir na ciência. Quando cheguei no rio São Francisco, em 2006, vi que precisaríamos trabalhar nele. Na época não tínhamos muitas respostas, mas víamos que precisávamos trabalhar no rio. Eram necessários recursos para as pesquisas e o Comitê desde o princípio apoiou e teve essa parceria importantíssima, pois investiu na expedição científica. Assim como o Comitê tivemos depois outros investidores. O importante é acreditar que podemos fazer algo, pois são muitos desafios. Agradeço aos investidores, aos expedicionários. Nossa intenção é promover ações, mudar a vida de ribeirinhos, mudar realidades”, disse emocionado.

Outro que acompanha in loco a Expedição Científica é o reitor da UFAL, Josealdo Tonholo. Em sua fala, ele parabenizou cada um que estava em sua missão na expedição. “Vamos assistir hoje aqui o que foi a essência da expedição. Só quem viveu a expedição sabe o que estou falando. Cada um de vocês viveu uma experiência diferente e somente cada um de nós tem o privilégio de guardar para si. Não foi simplesmente uma visita técnica e expedição,

foi retirarmo-nos todos da universidade para interagir além dos muros. Foi uma forma diferente de fazer ciência, educação e extensão. Reconhecer o território e fazer a diferença. O legado da expedição está posto, um novo jeito de fazer ciência e interagir com a população. A expedição evoluiu e está perpetuada em outras ações, com livros, dados, novas relações que foram propiciadas, trabalhos em conjunto e desafios diferentes. A expedição proporcionou que trabalhássemos em conjunto, em vários setores. A UFAL está nos ensinando a fazer diferença. Cumprimento a todos com todo respeito e orgulho! Vocês fizeram e vão continuar a fazer a diferença”, pontuou.

O presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, sentiu-se muito orgulhoso em ter participado do lançamento do documentário. “São sete curtas-metragens onde são mostrados momentos vivenciados pelos expedicionários durante a VI Expedição e o Comitê fica honrado em ter investido, desde o princípio, neste projeto sério que traz várias linhas de pesquisa em prol da preservação do Velho Chico”.

Outro representante do Comitê que marcou presença no lançamento do documentário foi o mestre do rio, ambientalista e Doutor Honoris Causa pela UFAL, Antônio Jackson. “Tivemos, hoje, a oportunidade de assistir o documentário acerca da VI Expedição

Científica e confesso que fiquei muito feliz com o resultado. Demos a voz a ribeirinhos, barranqueiros que não tinham voz. Por meio da voz da ciência passamos a ter esse apoio e foram feitos levantamentos interessantes sobre a qualidade da água, dos peixes, do alimento que chega às mesas das comunidades. Esperamos que os nossos gestores tenham um outro olhar a respeito das pesquisas realizadas pelos expedicionários. São informações importantíssimas que precisam ser trabalhadas de forma mais responsável. O rio São Francisco tem condições de sair dessa situação de ataque dos esgotos, depredação, fome, carência. Precisamos valorizar o Velho Chico e através da ciência e das universidades encontraremos o caminho”, finalizou.

Texto: Deisy Nascimento/ Fotos: Edson Oliveira Lançamento do documentário em Maceió (AL)
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O presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, e os produtores do documentário

DOIS DEDOS DE PROSA

Jean Carlos Santos

Membro da Câmara Técnica de Planos, Projetos e Programas do CBHSF e presidente do Fórum de Pesquisadores de Instituições de Ensino Superior do Rio São Francisco, o professor e pesquisador Jean Carlos Santos está entre os 10 mil mais influentes da América Latina, segundo o AD Scientific Index 2024, ranking anual desenvolvido por uma organização independente que contabiliza o desempenho científico e o valor agregado da produtividade científica de quase 1,5 milhão de cientistas de 23 mil instituições de ensino e pesquisa de 219 países.

Professor Doutor, Jean nasceu no município de Jales, em São Paulo. É graduado em Ciências Biológicas e mestre em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Doutor em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre pela Universidade Federal de Minas Gerais e pósdoutor na Universidade Federal de Pernambuco, atualmente é professor associado do Departamento de Ecologia da UFS, especialista em ecologia de insetos terrestres e aquáticos, com ênfase em biodiversidade e interações entre insetos e plantas.

Ouça a entrevista em: bit.ly/PodTrav168

Presidente: José Maciel Nunes Oliveira

Vice-presidente: Marcus Vinícius Polignano

Secretário: Almacks Luiz Carneiro Silva

Foto: Arquivo pessoal

Pela primeira vez seu nome está entre os mais influentes da América Latina. Como recebeu essa classificação e o que ela representa?

Esse ranking utiliza de mensurações com base nas publicações e na produtividade dos pesquisadores individualmente, estabelecendo uma classificação pelos seus trabalhos ao longo dos últimos anos. Existem várias métricas e essa é a primeira vez que estou na lista. Fiquei muito feliz, porque venho de uma área pouco valorizada que é o meio ambiente. Essa classificação mostra que os trabalhos feitos atualmente têm gerado impacto na comunidade científica. Acredito que logo as pessoas vão enxergar a ecologia como algo essencial, já que essa é uma área em crescimento e teremos mais pesquisadores se destacando.

Sobre sua atuação, quais os estudos desenvolvidos na bacia do São Francisco que você destaca?

Temos dois alunos de doutorado que estão há dois anos na região de Canindé de São Francisco, em Poço Redondo, estudando dois grupos de insetos - as borboletas, grupo terrestre, e as libélulas, insetos aquáticos quando em larvas e terrestres quando adultos, bons indicadores aquáticos e terrestres. Essas pesquisas visam entender os impactos ambientais dentro da bacia naquela região, especialmente no contexto dos impactos do uso da terra, considerando a alta demanda da atividade de agricultura. Estamos tentando entender também o uso de cacimbas, reservatórios de água para consumo dos animais que atraem esses insetos terrestres que podem ser utilizados como indicadores de qualidade de água possibilitando diagnósticos mais rápidos dos estresses da bacia.

Você acredita que a classificação do ranking dos 10 mil mais influentes pesquisadores pode ser mais um canal de divulgação para essas pesquisas?

Acho que sim, qualquer mérito que venha nos ajudar a reconhecer é importante. O reconhecimento interno da universidade e também o regional com as pesquisas em ecologia são importantes. Acredito que essas métricas ajudam a descentralizar e é bom ver essa renovação em mais áreas.

Outro canal que oportuniza a divulgação desses estudos é o Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco que vai acontecer em novembro. Qual a expectativa para este ano?

A ideia é já apresentar os primeiros resultados desses trabalhos no simpósio, que é uma congregação de pesquisadores, oportunidade de discutir com diferentes áreas, com diferentes olhares contribuindo para uma visão mais ampla da bacia. E um dos temas em pauta é a segurança hídrica que envolve muitas áreas. Essa questão dentro da ecologia, por exemplo, aborda a manutenção e conservação dos recursos hídricos, e para outras áreas também será muito importante. É uma oportunidade para discutir problemas e apontar soluções. Queremos que o congresso seja acessível a estudantes e públicos diversos, queremos que o conteúdo seja utilizado em políticas de conservação dos recursos hídricos e ajude na tomada de decisões.

Se antes a pesquisa científica era utilizada na prevenção, hoje, mais que urgente, ela deve ser utilizada também para reverter impactos ambientais? É uma necessidade. Vários estudos têm mostrado que estamos chegando no limite, mas ainda há tempo de reverter e recuperar áreas degradadas, o que depende de vontade política e do anseio popular. Estudos têm mostrado que o aquecimento global é um dos fatores que fazem surgir doenças emergentes como a dengue, e a ecologia ajuda entender essa situação, onde a falta de um ambiente mais conservado e ausência de inimigos naturais como as libélulas, predadoras desses mosquitos, geram um desequilíbrio.

O que te motiva a estudar a bacia do São Francisco é o que te move a incentivar outros pesquisadores através do FIENPE?

Sempre fui apaixonado pelo São Francisco. Meu doutorado em Minas Gerais foi na unidade de conservação de Três Marias e quando me mudei para Alagoas permaneceu a vontade de trabalhar com o São Francisco. Ampliei meus estudos para entender também a Caatinga que é tão diversa. É importante estimular pesquisas sobre o São Francisco, sobre a Caatinga e entender essa região e sua diversidade. À frente do FIENPE, estamos incentivando jovens pesquisadores e sendo um catalisadores de novas pesquisas, buscando mais articulações para estabelecer uma rede sobre o São Francisco. Além disso, o objetivo do FIENPE é ser um braço forte para o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, um assessor importante com base científica.

Secretaria do Comitê: Rua Carijós, 166, 5º andar, Centro - Belo Horizonte - MG - CEP: 30120-060 (31) 3207-8500 - secretaria@cbhsaofrancisco.org.br - www.cbhsaofrancisco.org.br

Atendimento aos usuários de recursos hídricos na bacia do Rio São Francisco: 0800-031-1607

Notícias do São Francisco

Produzido pela Assessoria de Comunicação do CBHSF – Tanto Expresso comunicacao@cbhsaofrancisco.org.br

Coordenação Geral: Paulo Vilela, Pedro Vilela, Rodrigo de Angelis

Edição e Assessoria de Comunicação: Mariana Martins

Textos: Deisy Nascimento, João Alves, Juciana Cavalcante, Mariana Carvalho e Mariana Martins

Fotos: Agência Difere, Bianca Aun, Edson Oliveira, Fernando Piancasteli e João Alves

Diagramação: Sérgio Freitas

Impressão: ARW Gráfica e Editora

Tiragem: 4.000 exemplares

Direitos Reservados. Permitido o uso das informações desde que citada a fonte.

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Notícias do São Francisco 08

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