Travessia Nº 09 - Notícias do São Francisco - Janeiro/2018

Page 1

travessia Notícias do São Francisco

JORNAL DO COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO / JANEIRO 2018 | Nº 09

XXXIII

Plenária Ordinária do CBHSF CBHSF encerra 2017 com Plenária em Paulo Afonso, na Bahia Audiência Pública do Senado Federal debate segurança hídrica e gestão das águas nas regiões Norte e Nordeste

Povo indígena Pankará finalmente terá água para o cultivo e criação de animais

Página 2

Página 7


Editorial BAHIA DÁ UM PASSO DECISIVO PARA A BOA GESTÃO DE SUAS ÁGUAS O estado da Bahia, através do seu Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CONERH, aprovou em sua reunião do último dia 07 de dezembro, em Salvador, uma resolução histórica para a sustentabilidade da gestão hídrica em seu território. Trata-se da resolução CONERH 110/2017 que dispõe sobre as “diretrizes e critérios gerais para a cobrança pelo uso de recursos hídricos no estado da Bahia.” A resolução, de há muito reivindicada pelo Fórum Baiano de Comitês de Bacias Hidrográficas, representa uma conquista importante dos usuários, do poder público e da sociedade civil envolvidos diretamente na gestão de águas e no importante esforço para dotar o modelo de desenvolvimento estadual dos parâmetros estratégicos de sustentabilidade no uso racional da água, do solo e dos recursos naturais. No que diz respeito ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, que vem postulando firmemente junto aos governos dos estados da Bacia a instituição da cobrança pelo uso da água bruta em todos os rios perenes e afluentes ao São Francisco, resoluções como essa adotada pelo CONERH Bahia são condição imprescindível para que possamos efetivamente cumprir o Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do São Francisco e, ao mesmo tempo, avançar na consecução do Pacto da Legalidade que consiste na universalização, por cada um dos governos estaduais, da implementação dos instrumentos da gestão hídrica em seus rios estaduais e numa bacia federal que ocupa nada menos do que 7% do território brasileiro. Ao tempo em que devemos destacar, no teor da resolução adotada, o papel que legitimamente será cumprido pelos Comitês estaduais da Bahia no processo da instituição e gerenciamento da cobrança pelo uso da água bruta, esperamos que os recursos dela advindos, recursos esses oriundos dos usuários das águas baianas, sejam efetivamente devolvidos pelo Tesouro Estadual para uso planejado e compartilhado conforme os Planos de Recursos Hídricos e Planos de Aplicação Financeira aprovados e gerenciados pelos Comitês das Bacias Hidrográficas baianas nas quais a respectiva cobrança foi originada. Parabéns, portanto, para todos: governo, sociedade civil e usuários das águas da Bahia!

Anivaldo Miranda Presidente do CBHSF

Presidente do CBHSF participa de audiência pública no Senado Audiência foi realizada pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado Federal para debater segurança hídrica e gestão das águas nas regiões Norte e Nordeste Texto e foto: Priscilla Atala O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, participou, no dia 29 de dezembro, de audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado Federal, que trata da segurança hídrica e da gestão das águas nas regiões Norte e Nordeste. “A revitalização do São Francisco é o caminho para a união do Nordeste”, afirmou Anivaldo Miranda. As mudanças climáticas que vêm afetando

o fornecimento de água internacionalmente são apenas uma parte do problema no Brasil. Para os debatedores na audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado (CDR), o país precisa urgentemente melhorar a qualidade da gestão hídrica. “Nós temos que cuidar do São Francisco e para isso a revitalização tem que sair do papel”, comentou a senadora Fátima Bezerra, presidente da Comissão.

Para Anivaldo Miranda, a revitalização do São Francisco é o caminho para a união do Norte e Nordeste


Encontro traz experiências sobre a preservação e revitalização de rios no mundo Crise Hídrica, Transposição e Revitalização são temas de painel dividido entre Anivaldo Miranda e João Suassuna no III Encontro Internacional de Revitalização de Rios Texto: Mariana Martins e fotos: Bianca Aun Entre os dias 28 e 30 de novembro, Belo Horizonte (MG) sediou o III Encontro Internacional de Revitalização de Rios e o I Encontro das Bacias Hidrográficas de Minas Gerais. A troca de experiências sobre preservação e revitalização de rios no mundo foi o foco do evento. O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, participou do Painel São Francisco: Escassez Hídrica, Transposição e Revitalização, no dia 30 de novembro, com João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco. Anivaldo apresentou as ações de gerenciamento da crise hídrica: controle de vazões, restrições de uso da água e medidas emergenciais para diminuir os impactos. Para além da crise, o CBHSF propõe uma agenda paralela que estabelece mudanças estratégicas nas matrizes energética e agrícola da Bacia e um ‘Pacto das Águas’ que terá como base o Plano de Recursos Hídricos aprovado pelo CBHSF. João Suassuna, que antecedeu o presidente do CBHSF, destacou o projeto de Transposição do Rio São Francisco em sua fala: “Sempre entendi que o Rio São Francisco, por ter múltiplos e conflituosos usos, jamais teria condições de fornecer seus volumes para atender às demandas de um projeto desta magnitude”. Suassuna destacou a importância do uso racional da água e defendeu o desenvolvimento de campanhas permanentes de informação à população sobre isso. Para ele, “a solução para os problemas de escassez de água nas cidades não é o aumento da sua oferta, mediante a construção de obras extraordinárias, como o projeto de transposição, mas sim a mobilização da população sobre o uso cada vez mais inteligente da água disponível”, afirmou. Anivaldo Miranda reforçou a questão da má gestão dos recursos hídricos como fator principal desencadeador da grave escassez hídrica pela qual o Velho Chico está passando. Para ele, conjugada ao momento de extremos climáticos que o mundo enfrenta atualmente, está a crise de gestão. “A questão está em todos os segmentos do país, mas, em se tratando da gestão dos recursos hídricos, essa é a que mais nos afeta”, diz. Segundo Anivaldo, o Brasil apresenta algumas ilhas de excelência de gestão em recursos hídricos, e Minas Gerais é uma delas. Porém, nos últimos anos, assim como a Bahia

e o Rio Grande do Sul, vem experimentando um retrocesso lamentável. Em um apelo ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), o presidente pediu que o órgão apoie de fato os Comitês de Bacia de Minas Gerais. É necessário que os comitês sejam fortalecidos e que os recursos oriundos da Cobrança sejam imediatamente entregues aos Comitês em sua totalidade, sem cortes, sem delongas, porque isso é uma obrigação do governo de Minas Gerais”, enfatizou. Na opinião do presidente, é impossível falar em revitalização do Rio São Francisco se não houver envolvimento político dos estados que compõem a sua Bacia. “Os estados precisam implementar os instrumentos de gestão hídrica. Planos de Bacia, sistemas de outorga confiáveis, enquadramento dos rios, classificação dos usos e implantação da cobrança são fundamentais para que se consiga realizar um programa de revitalização”, explicou. Os encontros foram realizados pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas (FMCBH), Projeto Manuelzão, Agência Peixe Vivo e Governo do Estado de Minas Gerais, por meio do IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas).

Para Miranda, a escassez é hídrica, mas a crise é de gestão

João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco, no Encontro em BH, com membros do Comitê e da Agência Peixe Vivo

3


Com avaliação do ano, CBHSF abre XXXIII Plenária Ordinária Texto: Vitor Luz e fotos: Edson Oliveira O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) reuniu seus membros na XXXIII Plenária Ordinária, última do ano de 2017, realizada entre os dias 07 e 08 de dezembro, no município baiano de Paulo Afonso. Durante a abertura do evento, o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, fez um relato das ações de 2017, primeiro ano do mandato desta diretoria. Além de citar as deliberações sobre a atualização do Plano de Aplicação Plurianual com vigência para o período de 2018 a 2020, o presidente pontuou os avanços conquistados nos planos e projetos executados, além da importância em efetivar o cadastramento e recadastramento dos usuários da água na calha do São Francisco, para monitoramento em condições favoráveis e, principalmente, em ocasiões críticas de captação. Além disso, sinalizou como ação pioneira a atualização da metodologia de cobrança pelo uso da água realizada pelo Comitê. Também participaram da mesa de abertura da XXXIII Plenária o vice-presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, o secretário, Lessandro Gabriel da Costa, o secretário de Meio Ambiente da Bahia, José Geraldo Reis, a representante do Ministério Público da Bahia, promotora Luciana Khoury, o secretário de

4

Meio Ambiente de Sergipe, Olivier Chagas e os coordenadores das Câmaras Consultivas Regionais (CCRs) Alto, Médio, Submédio e Baixo São Francisco, Silvia Freedman Ruas Durães, Ednaldo de Castro Campos, Julianeli Tolentino de Lima e Honey Gama Oliveira, respectivamente. Os coordenadores das CCRs apresentaram durante os dois dias do evento as principais atividades realizadas em cada região fisiográfica da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Homenagens Pensando na contribuição para a Bacia do São Francisco, o CBHSF homenageou quatro membros, representando o conjunto do Comitê, pelo trabalho desenvolvido de forma voluntária para a preservação do rio. São eles: Antonio Eustáquio Vieira (Tonhão) da região do Alto São Francisco, Edison Ribeiro do Médio São Francisco, José Almir Cirilo do Submédio São Francisco e Antônio Jackson, do Baixo São Francisco. Em comum, os homenageados carregam as ideias da tolerância e consenso. Para o próximo ano, a ideia é ampliar as homenagens estendendo aos usuários que desenvolverem boas práticas de uso da água.

Aprovação do PAP Os membros do CBHSF aprovaram durante a Plenária o Plano de Aplicação Plurianual (PAP) que foi apresentado pela secretária da Câmara Técnica de Planos, Programas e Projetos (CTPPP), Larissa Rosa. O PAP é um instrumento básico e harmonizado de orientação dos estudos, planos, projetos e ações a serem executados com recursos financeiros oriundos da cobrança pelo uso da água da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, para o período de 2018 a 2020. Entre as novidades que contemplam o PAP estão o apoio às ações das atividades de integração aos Comitês Afluentes, além da criação de um plano continuado de mobilização e sensibilização ambiental. Não menos importante, também está incluso o suporte ao desenvolvimento de produções científicas inerentes ao CBHSF. Mesa Redonda – Agenda 2030 A mesa redonda sobre as contribuição do CBHSF para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foi apresentada pelo professor e representante da Organização das Nações Unidades (ONU), Marconi Aureliano, representante do segmento educacional. A mesa foi mediada pelo professor Julianeli Tolentino.


O CBHSF também conquistou um espaço na Agenda 2030, que representa a Declaração Global de Interdependência. Ela representa um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade, que busca fortalecer a paz universal. O plano indica 17 ODS e 169 metas para erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta. São objetivos e metas claras, para que todos os países adotem de acordo com suas próprias prioridades e atuem no espírito de uma parceria global que orienta as escolhas necessárias para melhorar a vida das pessoas, agora e no futuro. Abertura da XXXIII Plenária Ordinária, em Paulo Afonso (BA)

Membros do CBHSF realizam visita ao Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso na Bahia Texto: Juciana Cavalcante e fotos: Edson Oliveira Parte dos membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e da Agência Peixe Vivo visitaram as instalações do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso, na Bahia, no dia 06 de dezembro. A visita foi guiada pelo engenheiro eletricista Felipe Freire Gonçalves e serviu para apresentar parte do sistema que é responsável pela geração de aproximadamente 5 milhões de KW, energia gerada a partir da força das águas da cachoeira de Paulo Afonso, onde há um desnível natural de 80 metros do Rio São Francisco.

Os homenageados Tonhão, Edison Ribeiro, José Almir Cirilo e Antônio Jackson, junto com o presidente e o vice-presidente do CBHSF e os coordenadores das CCRs

5


Palestrantes do Simpósio da ABRH fazem reflexões sobre a gestão da água Presidente do CBHSF questiona, no 22º Simpósio da ABRH, se há gestão de recursos hídricos no Brasil Texto: Magali Moser e fotos: Rodrigo Sambaqui Com o tema “Ciência e tecnologia da água: inovação e oportunidades para o desenvolvimento sustentável” aconteceu o XXII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), entre os dias 26 de novembro e 1º de dezembro, em Florianópolis (SC). O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, participou da mesa “Superficial ou subterrânea, a água é a mesma? E a gestão?” realizada na tarde do dia 27 de novembro. Na oportunidade Anivaldo fez importantes indagações. “Será que nós temos, de fato, gestão de recursos hídricos no Brasil? A gestão é suficiente para atingir o território de um país continental como o nosso e sensibilizar atores públicos, sobretudo num cenário em que só se costuma valorizar três áreas centrais: educação, saúde e segurança?”, perguntou o presidente do CBHSF sob os olhares atentos de uma plateia formada por pesquisadores, técnicos e estudiosos do tema. Anivaldo participou da discussão juntamente com o professor titular

do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP) e vice-diretor do Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas, Ricardo Hirata; o superintendente de Programas e Projetos da Agência Nacional de Águas (ANA), Tibério Magalhães Pinheiro e o doutorando em Hidrogeologia pela Universidade do Estado de São Paulo (UNESP), Roberto Kirchheim. Anivaldo Miranda explicou que a gestão ambiental tem de ser participativa, descentralizada e compartilhada. “Nem se o Estado colocasse todos os integrantes das forças armadas e policiais daria conta do tamanho da complexidade e do desafio que é monitorar a questão ambiental. É por isso que o poder público precisa dar à sua gestão um caráter participativo, descentralizado e compartilhado”, enfatizou, ao citar o caso do Ceará como um modelo dos mais avançados que conhece. “Não adianta ser apenas uma questão coercitiva, não vai resolver. Nós vamos ter de criar espaços onde o compartilhamento e a descentralização possam acontecer. Os espaços onde isso acontecerá são os Comitês, onde serão construídos os consensos para

tornar a gestão de recursos hídricos possível”, reconheceu. Empoderar os Comitês de Bacias e estabelecer o diálogo no conflito da água são encaminhamentos necessários para estimular a cultura da tolerância e criação de consensos. Na opinião do presidente do CBHSF, todos os interesses são legítimos na questão das águas, desde os dos navegantes aos dos quilombolas, das indústrias à aquicultura. Mas, às vezes, são conflitantes. E só há uma maneira de resolver isso: com os espaços de diálogo, como os Comitês. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco age em uma Bacia marcada por contradições. “A nossa suposta elite acha que o semiárido brasileiro não serve para nada. Ali, na vegetação, poderemos ter soluções e respostas. Biomas como a Caatinga e o Cerrado estão sendo destruídos. Precisamos reverter. Defender a floresta amazônica é importante, mas os dois biomas (a Caatinga e o Cerrado) também. Interesses econômicos retrógrados e obsoletos não deixam que isso aconteça”, denunciou.

Anivaldo Miranda, Ricardo Hirata, Tibério Magalhães Pinheiro e Roberto Kirchheim dividem a mesa “Superficial ou subterrânea, a água é a mesma? E a gestão?”

6


Obra é iniciada na tribo indígena Pankará CBHSF investirá cerca de R$ 3,8 milhões em Sistema de Abastecimento de Água na aldeia Texto: Juciana Cavalcante e foto: Edson Oliveira Mais de 12 anos após ocupar o atual território, o povo indígena Pankará, localizado na Aldeia Serrote dos Campos em Itacuruba (PE), finalmente terá água para o cultivo e criação de animais. Hoje, a disponibilidade é apenas para o consumo humano. A expectativa é de que até o final do primeiro semestre de 2018 os 418 índios recebam a conclusão da obra do Sistema de Abastecimento de Água (SAA) e deixem de depender de caminhões pipa. O investimento é em torno de R$ 3,8 milhões e a obra prevê ligações domiciliares, redes de distribuição, adutora, elevatória, linhas de recalque e estação de tratamento, sistema de irrigação com conjunto de estruturas e equipamentos para captação, adução, armazenamento, distribuição e aplicação de água em culturas. É integralmente financiada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).

“O nosso povo, que sempre viveu da agricultura e da pesca, volta a ter esperança de poder sobreviver da sua força, da sua cultura”, afirmou a vice-cacique Cícera Leal. Ainda durante a concepção do projeto, a tribo, com apoio do CBHSF, obteve na Agência Nacional de Águas (ANA) a outorga para captação de água a partir do reservatório de Itaparica para o consumo humano e irrigação da aldeia. “Este projeto contou com o envolvimento direto da comunidade e representantes da academia para desenvolver o planejamento que resultou na obra concreta. Com recurso do CBHSF, que investe na tribo para garantir o acesso à água de modo consciente e racional, o sistema de abastecimento beneficiará inúmeras famílias da aldeia indígena Pankará”, explicou o coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) Submédio São Francisco, Julianeli Lima.

Obras na tribo indígena Pankará devem ser concluídas ainda no primeiro semestre de 2018

FPI e Direc apresentam balanço anual

O encontro foi em Paulo Afonso e reuniu membros do CBHSF e promotores de Justiça Texto: Vitor Luz e foto: Edson Oliveira No dia 06 de dezembro, os membros da Diretoria Colegiada do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e promotores de Justiça envolvidos na Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) realizaram reunião de balanço do ano de 2017, em Paulo Afonso, Bahia. Durante a reunião, o vice-presidente Maciel Oliveira elogiou a atuação da Agência Peixe Vivo: “Nós evoluímos muito até aqui, a Peixe Vivo tem sido uma grande protagonista nos avanços da FPI, e estamos muito contentes com a disposição e excelência de vocês”. A FPI São Francisco é um programa continuado de caráter principalmente educativo e preventivo. Desmatamento, captação irregular e abastecimento de água, gerenciamento de resíduos sólidos, extração irregular de minérios, comércio de animais silvestres, pesca predatória e prejuízo aos patrimônios ambiental, histórico e cultural são alguns dos danos ambientais que a FPI do São Francisco visa combater nos municípios da Bacia. A iniciativa, promovida pelos Ministérios Públicos Estaduais e pelo Federal, conta com o apoio financeiro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. A fiscalização já foi realizada nos estados da Bahia, Alagoas, Minas Gerais e Sergipe. O próximo estado a ser contemplado é Pernambuco, e a operação terá seis etapas em sua totalidade. Para o próximo triênio, conforme anúncio do presidente Anivaldo Miranda, o investimento do Comitê será de dez milhões de reais.

Membros da Direc do CBHSF e parte dos integrantes da FPI do São Francisco

7


Dois

dedos de

prosa Luiz Dourado

Luiz Alberto Rodrigues Dourado, turismólogo e antropólogo por formação, é pós-graduado em Educação Socioambiental e Desenvolvimento Sustentável, especialista em governança de recursos hídricos. Atualmente, vem contribuindo com a Associação dos Condutores de Visitantes do Morro do Chapéu, cidade onde reside. Nascido em Juazeiro, no norte da Bahia, define sua relação com o Rio São Francisco como sendo de “corpo, alma e espírito”, já que viveu desde a infância até a fase adulta aproveitando todas as formas de lazer existentes no rio.

Texto e foto: Juciana Cavalcante Como e quando começou sua atuação no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco? Por que decidiu contribuir com o CBHSF? Começou em 2009. A decisão foi tomada em face da minha aposentadoria e pelo fato de querer devolver ao rio um pouco do muito que ele me deu na vida em forma de lazer e bem-estar. Sinto como se as águas do rio

corressem dentro do meu corpo dando manutenção a todos os processos vitais e bioquímicos que me mantém vivo. Qual a sua avaliação sobre a situação de crise hídrica? Do seu ponto de vista, quais fatores externos poderiam ter contribuído para o cenário atual? A crise hídrica atual tem três componentes intrinsecamente relacionados: 1 - A ocupação e predação da Bacia Hidrográfica desde 1501, com a expedição de Américo Vespúcio, decorrendo 517 anos. 2 - Os impactos naturais advindos das secas, cheias e estiagens, havidos e por haver, constituindo-se em fator imponderável da natureza. 3 - O que denomino de “seca de gestão governamental”, que é o pior deles, porque acentua os impactos dos dois fatores supracitados. Inexiste, praticamente, a impostergável revitalização. Tudo isso contribui para o estado de degradação da Bacia atualmente. Como o CBHSF em suas diversas atuações pode e vem contribuindo para a mudança desse cenário? Exercendo o seu papel político-institucional lutando para conectar as políticas públicas relacionadas com os três entes federativos que detêm o quantum necessário para a revitalização. A diretoria Executiva (DIREX) do CBHSF tem buscado, em seu protagonismo notável nas duas últimas gestões, sensibilizar os órgãos relacionados para que aproveitem bem a atualização do Plano de Bacia para aportarem recursos necessários para a pretensa revitalização. Vale ressaltar que a revitalização requer vultosos recursos detidos pelos municípios, estados e União e se vale dos recursos da cobrança para fazer “obras demonstrativas” que devem ser aprimoradas ao longo do tempo-espaço de gestão. Chegamos a um patamar de preocupação com o atual cenário do Rio São Francisco no qual percebemos que, a cada ano, o

travessia Notícias do São Francisco

Presidente: Anivaldo de Miranda Pinto Vice-presidente: José Maciel Nunes Oliveira Secretário: Lessandro Gabriel da Costa Produzido pela Assessoria de Comunicação do CBHSF - Tanto Expresso imprensa@cbhsaofrancisco.org.br www.cbhsaofrancisco.org.br

Como você define o Rio São Francisco? Um rio da vida do Semiárido que não corre mais primaveril e nem canta mais o amor de chegar ao mar onde quase não deságua. E aqui deixo meu verso neste universo-rio que corre dentro de mim. “Meu rio que vejo da ponte onde sempre estou debruçado (entre Juazeiro e Petrolina) embora existam outras pontes mais do meu imaginário, distendida sobre suas águas. Ponte que une e que separa, separa e une num trânsito eterno de ir e vir entre Juazeiro e Petrolina. Dos olhos meus chorados junto com as águas, as minhas lágrimas de lamento e saudade dos tempos idos. Rio da vida que não corre mais primaveril e nem canta mais o grande amor de suas torrentes e não pode mais ir a mar. E neste trânsito de polos parafráguas, entre ondas e vagas quase mortas e que quase desesperançadas, de navegar nos barcos de adeuses e de rio. De onde para onde meu Rio São Francisco? Para mais e menos infinitude e eternidade. (autoria: Luiz Dourado)”

Luiz Dourado integra também a CTIL Câmara Técnica Institucional e Legal, do CBHSF

Impressão: Gráfica Atividade Tiragem: 5000 exemplares Direitos Reservados. Permitido o uso das informações desde que citada a fonte.

cbhsaofrancisco.org.br 8

O cenário de degradação atual só pode ser recomposto tempestivamente pelas ações da natureza em seus processos de “reequilíbrio” naturais e espontâneos. Não sabemos se nesse “tempo natural” o homem da bacia suportará e, quiçá, sobreviverá.

Coordenação Geral: Paulo Vilela, Pedro Vilela, Rodrigo de Angelis Edição: Mariana Martins Textos: Juciana Cavalcante, Vitor Luz, Priscilla Atala, Mariana Martins e Magali Mozer Projeto Gráfico: Márcio Barbalho Assessoria de Imprensa: Mariana Martins Fotos: Acervo CBHSF / TantoExpresso: Priscilla Atala, Edson Oliveira, Rodrigo Sambaqui e Bianca Aun

Acompanhe as ações e os projetos do CBHSF por meio do nosso portal e redes sociais

#cbhsaofrancisco

nível dos reservatórios não consegue se recuperar o suficiente. Na sua percepção, esse cenário pode se tornar ainda pior? É possível evitá-lo? Como?

Secretaria do Comitê: Rua Carijós, 166, 5º andar, Centro - Belo Horizonte - MG - CEP: 30120-060 (31) 3207-8500 - secretaria@cbhsaofrancisco.org.br - www.cbhsaofrancisco.org.br Atendimento aos usuários de recursos hídricos na Bacia do Rio São Francisco: 0800-031-1607 Assessoria de Comunicação: comunicacao@cbhsaofrancisco.org.br Comunicação

Apoio Técnico

Realização


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.