travessia Notícias do São Francisco
JORNAL DO COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO / JUNHO 2018 | Nº 14
Aracaju (SE) e Januária (MG) concentrarão as atividades da campanha “Eu viro carranca para defender o Velho Chico” II SBHSF vai abordar os desafios da ciência para a recuperação do Velho Chico
XXXIV Plenária Ordinária teve como tema principal a gestão das águas subterrâneas
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Editorial SALVE O VELHO CHICO O Dia Nacional em Defesa do Rio São Francisco, comemorado no dia 03 de junho, traz à tona o debate sobre este rio, que corre perigo, e que é responsável direta e indiretamente pelo sustento de cerca de 18 milhões de brasileiros que dele dependem para a sua sobrevivência. O que podemos fazer pelo rio São Francisco? A campanha “Eu viro carranca para defender o Velho Chico” objetiva mobilizar o país para essa causa. Este ano, as atividades serão realizadas em Aracaju (SE) e em Januária (MG). Em tempos de crise hídrica, é necessário proteger as nossas águas subterrâneas que vem sendo exploradas de forma desordenada. Nos dias 17 e 18 de maio, cerca de 200 convidados participaram XXXIV Plenária Ordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). A gestão integrada das águas superficiais e subterrâneas foi o tema que norteou a reunião de onde surgiram diretrizes para ações eficientes. Este mês, outro evento de extrema importância, o Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, será realizado em Aracaju, reunindo pesquisadores, estudiosos e especialistas de todo o país e internacionais, em busca de soluções para a recuperação do Velho Chico. Em sua segunda edição, o simpósio é promovido pelo CBHSF e pelo Fórum de Pesquisadores de Instituições de Ensino Superior da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (FIENPE). Todas essas ações são fruto do esforço conjunto dos membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e seus parceiros na luta em defesa do Velho Chico.
Agência Nacional de Águas prorroga “Dia do Rio” até julho
Participe você também e vire carranca para defender o nosso rio!
Texto: Delane Barros / Foto: Bianca Aun O chamado Dia do Rio, medida adotada pela Agência Nacional de Águas (ANA) e que consiste na suspensão das captações de água todas as quartas-feiras no Rio São Francisco, com exceção para os setores de abastecimento humano e dessedentação animal, será prorrogado até o final de julho. A decisão foi adotada pela agência federal tendo em vista que, a precipitação nos reservatórios instalados na bacia hidrográfica do Rio São Francisco é de 50%, em média, de sua capacidade.
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Desde a instituição do Dia do Rio, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) declarou total apoio à medida. “Todos os segmentos de usuários precisam contribuir”, afirmou o presidente do colegiado, Anivaldo Miranda quando a medida foi adotada. A prorrogação está contida na resolução 33/2018 da ANA e foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), com o prazo estabelecido até 31 de julho, podendo ser prorrogada em caso de necessidade.
II SBHSF tem como tema os “Desafios da Ciência para um novo Velho Chico” Evento resultará em um diagnóstico do estado atual do conhecimento sobre o Rio São Francisco e sua Bacia Texto: Mariana Martins / Fotos: Ohana Padilha e Cristiano Costa Entre os dias 03 e 06 de junho, Aracaju (SE) vai sediar o II Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (II SBHSF). Promovido pelo Fórum de Pesquisadores de Instituições de Ensino Superior da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (FIENPE) e pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), o Simpósio terá como tema central os “Desafios da Ciência para um novo Velho Chico”. De acordo com o coordenador geral do II SBHSF, professor Inajá Francisco de Sousa, a expectativa é abrir espaço para discussões, para que a partir daí possíveis soluções possam ser encaminhadas para os tomadores de decisão. “Estaremos focados no rio São Francisco. O II SBHSF fortalecerá a colaboração na construção de conhecimento científico para a compreensão dos seus problemas e que norteará as decisões técnicas sobre o futuro Velho Chico”, afirma o professor. O objetivo é congregar cinco eixos temáticos: Governança; Qualidade e Quantidade da Água; Conservação e Recuperação Ambiental; Dimensão Social; e Dimensão Saúde, para assim chegar a um diagnóstico do estado atual do conhecimento sobre o Rio São Francisco e sua Bacia. O evento, que promete ser tão concorrido quanto o anterior, terá cerca de 400 participantes, entre inscritos e convidados, pesquisadores e técnicos de órgãos que atuam no contexto espacial da Bacia Hidrográfica, bem como representações sociais de comunidades, associações e cooperativas. Entre os palestrantes, especialistas de todo o Brasil e internacionais. A programação contará com apresentações orais e painéis, palestras, conferências e mesas redondas, visitas técnicas e culturais, exposições, reuniões temáticas e minicursos. São mais de 200 trabalhos inscritos, de pesquisadores do país inteiro. O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, ressalta a importância do Simpósio: “o Comitê e a Bacia precisam do apoio das universidades, sejam públicas ou privadas, para resolver questões centrais que a ciência demanda, para que de fato tornemos a nossa irrigação mais racional, para que avancemos na tecnologia de produção, de consumo, de uso da água na agricultura, da navegação, do turismo, entre outros”.
As atividades serão realizadas na Universidade Federal de Sergipe, entre os dias 04 e 06 de junho, na Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos, sn – São Cristóvão, no Campus da Universidade Federal de Sergipe (UFS). A abertura oficial será realizada no 03 de junho, às 18h, no auditório do hotel SESC Atalaia, Av. Santos Dumont, 543, Atalaia.
II SIMPÓSIO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO
Qualidade de vida e saúde A mesa tem como objetivo expor e discutir a problemática socioambiental da qualidade de vida e da saúde urbana e rural na BHSF. Toma destaque a apropriação e transformação da natureza e da sociedade; os riscos e a vulnerabilidade decorrentes de poluição do ar, solo e água; qualidade da água; condições de vida; dentre outros.
TEMÁRIO Qualidade e quantidade da água A mesa tem como objetivo expor e discutir a crise hídrica da BHSF, as alterações na dinâmica ambiental decorrentes de mudanças climáticas, de retenção pelas barragens de subtrações por irrigação, transposição e abastecimento. Discutirá-se disponibilidade, impactos socioeconômicos e ambientais. Território, governança e gestão das águas A mesa tem como objetivo propiciar a troca de experiências e fomentar a discussão sobre a governança e gestão do território das águas da BHSF. O debate entre planejamento/gestão/governança demanda esforços do Estado, dos Movimentos Sociais, dos Usuários e das Empresas. Mobilização e dimensão social A mesa tem como objetivo expor e discutir mobilizações e conflitos nas transversalidades das identidades e das socioespacialidades das expressões culturais dos habitantes da BHSF. A especialização e diversificação produtivas propiciaram novos fluxos migratórios e redistribuição espacial da população. Conservação, biodiversidade e requalificação hidroambiental A mesa tem como objetivo discutir o contexto ambiental, social e político em que estão inseridas a conservação, recuperação e a biodiversidade, destacando conquistas, ações políticas e possíveis retrocessos na BHSF. Discutese a recuperação e a requalificação ambiental considerando os modelos de uso e ocupação do solo.
Professor Inajá Francisco de Sousa é o coordenador geral do II SBHSF
O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, ressalta a importância do apoio das universidades na recuperação do Velho Chico
Confira a programação completa no site sbhsf.com.br, e também pelo QR CODE ao lado.
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Campanha “Eu viro carranca para defender o Velho Chico” mobilizará o país inteiro Pelo quinto ano consecutivo, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), comemora no dia 03 de junho, o Dia Nacional em Defesa do Rio São Francisco Texto: Mariana Martins / Fotos: Edson Oliveira e Fernando Piancastelli
Para divulgar essa data o CBHSF lançou, em 2014, a campanha “Eu viro carranca pra defender o Velho Chico”. O objetivo é conscientizar a população sobre a preservação do rio e mobilizar todos pelo uso responsável dos seus recursos hídricos. Tendo a carranca como ícone, a ideia é chamar a atenção de todos para os graves problemas enfrentados pelo Rio e sua Bacia, e para a necessária e urgente revitalização, a fim de que o Velho Chico continue alimentando a vida e a esperança dos 18 milhões de brasileiros que dependem direta ou indiretamente de suas águas. Para isso, serão realizadas uma série de atividades culturais e de educação ambiental, como distribuição de mudas, mobilização de crianças e adolescentes acerca do tema Rio São Francisco, através de totens interativos, shows musicais, barqueata, danças folclóricas regionais e muito mais. Este ano, a campanha concentrará as suas atividades em duas cidades: Aracaju (SE) e Januária (MG). Haverá também mobilização nas cidades de Traipú (AL) e Gararu (SE), localizadas no Baixo São Francisco.
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Aracaju (SE) Nos dias 02 e 03 de junho, a mobilização ocorrerá no Hotel do SESC (Atalaia). Entre os dias 04 e 06 de junho, acontece no Centro de Vivência da Universidade Federal de Sergipe – UFS. Será montada uma estrutura com totens com informações sobre o rio São Francisco, sua bacia e o CBHSF, um letreiro EU AMO O VELHO CHICO e moldura para fotos nos dois locais. Alunos de escolas do Ensino Fundamental e Médio de Aracaju, além dos alunos da UFS, participarão das atividades. Januária (MG) Em Januária, as atividades serão realizadas entre os dias 01 e 03/06, na Praça Patrocínio Motta. Na programação estão previstos sanfonata, shows musicais, danças típicas regionais, barqueata, exposição de artesanato e barracas com comidas e bebidas típicas. Na região do Alto São Francisco foram mobilizados sete municípios, que levarão alunos das redes estadual e municipal, além de estudantes das faculdades para participar das atividades em Januária. A expectativa é de que o público gire em torno de cinco mil pessoas por dia. Silvia Freedman, coordenadora da CCR Alto São Francisco enfatiza: “Eu Viro Carranca para juntos salvarmos o São Francisco,
vamos todos juntos para Januária, para realizarmos essa grande mobilização, representando toda a água do Alto São Francisco”. A estrutura física será a mesma de Aracaju. Gararu (SE) e Traipu (AL) Em Gararu e Traipu haverá gincana ambiental com escolas de povoados não ribeirinhos, inserindos-os na luta pelo Velho Chico, incluindo limpezas da orla e palestra, terminando com um grande abraço ambiental, cantando Riacho do Navio. Em Traipu será inaugurado o painel “Eu amo o Velho Chico”. As prefeituras promoverão, em parceria, corridas de Canoas, com prêmios, esporte tradicional entre ribeirinhos. Para Antônio Jackson, membro do CBHSF e responsável pela mobilização nas duas cidades, “a expectativa é de que esse dia conscientize as pessoas de que precisamos defender o São Francisco”. São esperados 250 alunos das redes estadual e municipal em cada município. As atividades serão realizadas no dia 02/06, em Gararu, na orla da cidade e, no dia 03/06 em Traipu. Coletiva de Imprensa No dia 03 de junho, domingo, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda, concederá entrevista coletiva para apresentar a Campanha e os projetos e ações que o CBHSF vem realizando em prol da revitalização do Velho Chico, entre os quais, o II SBHSF. A entrevista será realizada no Hotel do SESC, às 15 horas.
3 de Junho
Dia Nacional em defesa do Rio São Francisco
Dia Nacional em Defesa do Rio São Francisco O Dia Nacional em Defesa do Rio São Francisco é uma iniciativa do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco e propõe que o dia 3 de junho seja de mobilizações simultâneas em toda a extensão da bacia, alertando a todos para a necessidade de revitalização do rio. Estratégia A campanha terá forte atuação nas redes sociais (Facebook, Instagram e Whatsapp) por meio do site virecarranca. com.br. Serão distribuídos materiais gráficos e de divulgação como: camisetas, bonés, adesivos, vídeos, spots para rádio e carro de som, faixas, flyer e cartazes. Também será feito um monitoramento de hashtags e interação para migrar o conteúdo para o site. Isso significa que cada pessoa que tirar uma foto, postar no Instagram e usar a #virecarranca terá sua foto publicada no site. Os membros presentes na XXXIV Plenária Ordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco foram apresentados, no dia 17 de maio, às ações da campanha. A apresentação foi feita por Paulo Vilela e Pedro Vilela, diretores da TantoExpresso, empresa responsável pela comunicação do CBHSF e que executará as ações em 2018. “O mote principal da campanha é ‘Eu amo o Velho Chico’. A campanha é fortemente apoiada e baseada em redes sociais. A hashtag (#) VireCarranca nos ajudará a disseminar a luta do CBHSF para as maiores mídias sociais da atualidade”, esclareceu Paulo Vilela. Para mais informações sobre a campanha, acesse: virecarranca.com.br
Publicidade A campanha será veiculada em emissoras de rádio, em sites e redes sociais, TV e impressos. Como estratégia para medir a adesão à campanha, foi criado o site virecarranca.com.br, onde serão postadas notícias, programação, fotos e vídeos. Foram criados spots para veiculação em rádio e carros de som, e VT’s para veiculação em TV e redes sociais. Além disso, a campanha conta com uma página no Facebook (@virecarranca) e no Instagram (#virecarranca).
Acesse o QR Code através do seu celular
Poste uma foto no Instagram, use a #virecarranca e participe do nosso mural em defesa do Velho Chico no site
virecarranca.com.br
/virecarranca
Os vídeos podem ser acessados em youtube.com/cbhsaofrancisco
Membros do CBHSF viram carranca para defender o Velho Chico
Os spots e podcasts produzidos estão disponíveis para download em soundcloud.com/cbhsaofrancisco
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Lagoa da Prata foi palco da XXXIV Reunião Plenária do CBHSF Texto: Luiza Baggio e Luiz Ribeiro/ Fotos: Fernando Piancastelli
Com o tema central ‘Águas Subterrâneas’, a XXXIV Reunião Plenária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), que aconteceu nos dias 17 e 18 de maio, em Lagoa da Prata (MG), contou com as apresentações da diretora geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), Marília Carvalho de Melo, e do coordenador de águas subterrâneas da Agência Nacional de Águas (ANA), Fernando Oliveira, sobre a gestão integrada dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, com foco na bacia do Velho Chico. Fernando Oliveira apresentou uma visão sistêmica sobre o ciclo hidrológico e a relação entre as águas superficiais e subterrâneas, com destaque para as outorgas que são concedidas pelos órgãos de estado. “Para garantirmos a manutenção e a perenidade de rios é preciso que a água infiltre, para que a caixa d’água continue permanentemente enchendo. Além disso, são as águas subterrâneas que dão a vazão que dá lastro para as outorgas de águas superficiais”, explicou. Para ele, o principal desafio é incluir as águas subterrâneas na
pauta do poder público, da sociedade, comitês de bacia e usuários, além de implementar o monitoramento integrado. Marília Carvalho de Melo, diretora do IGAM, apresentou o monitoramento das águas subterrâneas em Minas, iniciado em 1997 com o programa Águas de Minas. Segundo ela, “onde tem problema de disponibilidade de água superficial é onde ocorre uma tendência de utilização de água subterrânea. Isso se dá sobretudo na região do semiárido mineiro, além do Triângulo Mineiro e proximidades de Paracatu e Unaí”, explicou. Melo também apresentou o Projeto Águas do Norte de Minas, cujo objetivo é avaliar a disponibilidade hídrica subterrânea desta região do semiárido do Estado. Termo de compromisso CBHSF e SEMAD/MG A Plenária foi marcada pela solenidade de assinatura do Termo de Compromisso entre a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas
Da esquerda para direita: o vice-presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, o secretário do CBHSF, Lessandro Gabriel, a diretora geral da APV, Célia Fróes, o secretário de Meio Ambiente de MG, Germano Vieira e o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda
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Confira a fala do presidente do CBHSF na abertura da Plenária. Acesse com o QRCode acima
Gerais (Semad – MG) e o Comitê. O termo visa implantar ações de interface entre o Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (PRH-SF 2016-2025), elaborado pelo CBHSF, e o planejamento do governo de Minas Gerais para realizar ações de preservação e revitalização na bacia do Velho Chico. Para o secretário Germano Vieira, “nada melhor do que o diálogo para a convergência de ações. Estamos em um período de vacas magras e precisamos racionalizar os projetos e recursos públicos. Meio ambiente é investimento e temos conseguido avançar na parte de gestão e política”. O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, explicou que o termo de compromisso abre portas para ações conjuntas do Comitê e do governo de Minas Gerais. “Já assinamos um termo como este com a Bahia e esperamos assinar com os demais estados que compõem a bacia do São Francisco. A partir desse documento, criamos as condições jurídicas e práticas para a cooperação e a parceria”, esclareceu.
Raquel Lacerda, do Ibama, apresentou o Programa de Conversão de Multas
Programa de Conversão de Multas O I Chamamento Público para seleção de projetos do programa de Conversão de Multas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) também foi pauta da reunião plenária. Raquel Lacerda, representante do Instituto, ressaltou, durante a sua apresentação, que “a interação com os Comitês de Bacia é muito importante para o sucesso do programa de conversão de multas ambientais”. Na bacia do São Francisco serão selecionados projetos para recuperação de Áreas de Preservação Permanente (nascentes e áreas marginais aos cursos d’água) e recarga de aquíferos. O Ibama irá selecionar projetos em 195 municípios na bacia do São Francisco e 213 na bacia do Parnaíba. No São Francisco há potencial para aplicação de mais de R$ 2,5 bilhões em multas a serem convertidas, e estima-se o atendimento de pelo menos 5 mil famílias com ações socioambientais no Parnaíba. O prazo previsto para investimentos na região do São Francisco é de 20 anos, e de 10 no Parnaíba. Projetos ambientais de sucesso foram apresentados na Plenária O Projeto Lagoas Marginais, de acordo com Renato Constâncio, representante da Cemig e membro do CBHSF, “busca avaliar a integridade ecológica das lagoas marginais consideradas como prioritárias para preservação da biodiversidade do Rio São Francisco, associando com a operação otimizada dos reservatórios da usina, no reabastecimento dessas lagoas, e propondo ações em parceria com as comunidades da área de influência do projeto para a promoção da conservação e recuperação destes ambientes”. Elaborado
Fernando Oliveira, da ANA, entre Marília Melo (Igam) e Maciel Oliveira (CBHSF)
em conjunto com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), na região do Alto São Francisco, o projeto aborda a questão especialmente sensível de que é na lagoa marginal que o alevino tem chance de escapar dos predadores e se desenvolver – para, na cheia, passar a viver no rio. As contrapartidas da Cemig no projeto serão basicamente com pesquisa e desenvolvimento. O Instituto Espinhaço apresentou o projeto ‘Plantando o Futuro – Semeando Floresta, Colhendo Águas na Serra do Espinhaço’, iniciativa que visa o plantio de 3 milhões de árvores para a recuperação de 40 mil nascentes, 6 mil hectares de mata ciliar e 2 mil hectares de áreas degradadas, até o final de 2018. O presidente do Instituto Espinhaço, Luiz Cláudio de Oliveira, destacou que 265 municípios mineiros declararam estado de emergência ou calamidade, em razão da seca. Em meio a esse contexto, o projeto visa contribuir para solucionar ou amenizar essa questão. “Estamos nas três principais bacias de Minas, em 61 municípios, sendo 34 na bacia do São Francisco – a perspectiva é chegar a 200. Trata-se do maior projeto de restauração ambiental do Estado”. O projeto é coordenado pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), em cooperação com as Secretarias de Estado e estruturas vinculadas ao Governo do Estado de Minas Gerais.
de água na tribo. O investimento do CBHSF de cerca R$ 3,8 milhões passa a ser de inteira responsabilidade da Associação Indígena da Aldeia Serrote, a partir da assinatura do Termo de Cessão. Os 418 índios da tribo receberão água com a conclusão da obra do sistema de abastecimento de água e deixarão de depender de caminhões pipa.
Índios Pankará recebem obras do Sistema de Abastecimento de Água Os membros do CBHSF votaram a favor da cessão à aldeia indígena Pankará, localizada em Serrote dos Campos, Itacoruba (PE), de todos os bens adquiridos e benfeitorias realizadas na construção do sistema de abastecimento
Montes Claros será sede da próxima Plenária O município mineiro de Montes Claros será a sede da próxima Reunião Plenária, a ser realizada no segundo semestre de 2018 em data ainda a ser definida.
Doação do Atlas e Relatório do Rio São Francisco para Antônio Jackson, responsável pelo Museu do São Francisco, em Traipu (AL)
Visita técnica A Plenária contou com uma visita técnica a três pontos representativos do município anfitrião do encontro, Lagoa da Prata: a Praia Municipal de Lagoa da Prata, cartão postal da cidade, a ponte que atravessa o Velho Chico, construída nos anos 1920 e a ETE (Estação de Tratamento de Esgotos), operada pelo SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), que se orgulha de coletar e tratar 100% do esgoto na cidade. Na ponte, foi realizado o ato de entrega do livro Atlas e Relatório do Rio São Francisco – cuja posse estava com o município de Lagoa da Prata – ao Museu do São Francisco, situado em Traipu (AL), sob a responsabilidade de Antônio Jackson, ambientalista que atua no CBHSF há mais de dez anos. A obra, de relevante valor histórico, deriva de um estudo encomendado por Dom Pedro II, em 1852 sobre as condições de navegação no Rio São Francisco e seus afluentes, desde a cachoeira de Pirapora até o Oceano Atlântico.
ETE de Lagoa da Prata coleta e trata 100% do esgoto da cidade
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Dois
dedos de
prosa
Ana Catarina Pires Ana Catarina Pires possui formação em Engenharia Civil e é especialista em Engenharia de Qualidade e Gestão de Recursos Hídricos, trabalha como consultora da empresa AMAM Engenharia e Gestão Ltda. Já coordenou a CTPPP no passado e acredita que só é possível construir um caminho se a equipe souber onde precisa chegar.
Texto: Mariana Martins Foto: Bianca Aun
De onde vem a sua relação com o Velho Chico? A ligação vem desde 1998 quando, como consultora do Banco Mundial, fui responsável, junto com outros colegas, por implementar as as leis das águas federal ( 9.433) e estadual (5.965). Para implementá-las nossas atividades profissionais exigiam ações nas bacias, fossem elas estaduais ou federais. Em nosso estado – Alagoas - a principal bacia é a do São Francisco. Foi aí que essa relação aconteceu. Digo sempre que quem dessa água beber, ficará presa eternamente. O Velho Chico me prende até hoje. Quando e como começou a sua atuação no Comitê? Dentro do CBHSF, minha atuação aconteceu na plenária de Piranhas, em agosto de 2007. Eu era então secretária de Estado da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, em Alagoas e, meio sem entender direito, fui eleita secretária executiva do CBHSF. Naquela época não existia a figura da agência de bacia. Aí o “bicho pegou”: a transposição era o assunto do momento e, com os conhecimentos e aprofundamentos, foi necessária muita força grupal para garantir o diálogo, principalmente com o governo federal. Como é a participação da mulher, hoje, na gestão das águas? Quais os maiores desafios? Desde 1992, um dos Princípios da Água de Dublin considera: as mulheres têm um papel central na provisão, gerenciamento e conservação da água. Portanto a mulher, a meu ver, desempenha um papel significativo no mundo. A mulher dona de casa é quem cuida e orienta o uso da água, a mulher profissional que enfrenta, muitas vezes, a falta de sistemas apropriados, principalmente as urbanas, como os dos efluentes dos esgotos domésticos, a mulher gestora que tenta suprir ações que promovam qualidade de vida e proteção ambiental para garantir o precioso líquido, e a mulher gestante que garante sobrevivência de outro ser em uma bolsa de água dentro dela. Esta mulher está na família, na comunidade, no trabalho, enfim, no mundo. Ela hoje saiu de seu casulo e enfrenta todos os dias desafios para sobreviver. Dependendo da região os desafios são enormes. Vou falar da região semiárida que abrange 54% da área da bacia. Entendo que o maior desafio é definir medidas adequadas para promover a equidade na distribuição da água, respeitando a cultura local e as práticas de convivência com a escassez, e a mitigação dos efeitos das inundações.
travessia Notícias do São Francisco
Presidente: Anivaldo de Miranda Pinto Vice-presidente: José Maciel Nunes Oliveira Secretário: Lessandro Gabriel da Costa
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Quais as principais atribuições e prioridades da CTPPP? As atribuições estão definidas na Deliberação espaçamento: nº 28/2005: “é uma instância colegiada, criada com a responsabilidade de analisar, apresentar propostas e de examinar matérias de cunho técnico-científico, analisando estudos e propostas, de modo a contratar projetos eficientes visando subsidiar decisões de plenárias e garantindo uma boa aplicação dos recursos da cobrança”. A meu ver, hoje a principal prioridade da CTPPP é trabalhar as ações definidas no Plano de Bacia do SF, ou seja, implementar um dos instrumentos da Lei das Águas. Mas para isso é necessário que todos os membros o conheçam. Então, a prioridade é de todos, desde o nosso presidente aos membros das CCRs e todos os atores e a sociedade da bacia. Aí é onde está a nossa principal atribuição: facilitar esse entendimento procurando adequar uma linguagem escrita, que é um Plano, a uma fala, que é a compreensão dele. Qual a sua expectativa em relação à campanha “Eu viro carranca para defender o Velho Chico”, este ano? Já fazem cinco anos dessa campanha de sucesso que tem como objetivo conscientizar a população sobre a preservação do rio e mobilizar todos pelo uso responsável dos seus recursos hídricos. A revitalização urge e como qualquer pessoa que milita e conhece as dores e sabores de ser um fabuloso corpo hídrico, eu espero que ele sobreviva à pressão de ser um rio de integração que une seis estados, cerca de 500 municípios em seus 2.863 km², 8% do território nacional, numa bacia que percorre 54% em região semiárida e com grande diversidade de características físicas e hidroclimáticas. Já dá para perceber que precisamos sonhar muito. Mas meu sonho combativo, de carranca, é que a bacia, com toda sua diversidade, seja respeitada, que não caiamos no erro de achar que ela se comporta e reage de forma uniforme. Vale a pena sonhar e esperar para que o Semiárido se torne visível e que seus ativos (calor, ventos, biodiversidade e bioma caatinga) possam também apagar do imaginário de muitos (vidas secas) gerando riquezas e convivência racional e sustentável pois cada dia mais a escassez nos coloca diante de uma realidade adversa. Eu sempre virei carranca para defender o Velho Chico. Perco a noção do perigo!
Coordenação Geral: Paulo Vilela, Pedro Vilela, Rodrigo de Angelis Edição: Mariana Martins Textos: Delane Barros, Luiza Baggio, Luiz Ribeiro, Mariana Martins Design Gráfico: Rodrigo de Angelis e Rafael Bergo Assessoria de Imprensa: Mariana Martins Fotos: Acervo CBHSF / TantoExpresso: Bianca Aun, Cristiano Costa, Edson Oliveira, Fernando Piancastelli, Ohana Padilha Impressão: ARW Gráfica e Editora Tiragem: 5000 exemplares Direitos Reservados. Permitido o uso das informações desde que citada a fonte. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Secretaria do Comitê: Rua Carijós, 166, 5º andar, Centro - Belo Horizonte - MG - CEP: 30120-060 (31) 3207-8500 - secretaria@cbhsaofrancisco.org.br - www.cbhsaofrancisco.org.br Atendimento aos usuários de recursos hídricos na Bacia do Rio São Francisco: 0800-031-1607 Assessoria de Comunicação: comunicacao@cbhsaofrancisco.org.br Comunicação
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