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7.3.3 Bacia do Rio Carinhanha
from Entendimento da Utilização das Águas na área de influência do Aquífero Urucuia e Aquífero Cárstico
7.3.3 Bacia do Rio Carinhanha
Para a calibração da bacia do rio Carinhanha, a região foi discretizada em apenas 4 sub-bacias, em virtude da baixa quantidade de postos fluviométricos com dados no período de interesse, conforme apresentado na Figura 7.35. Cada uma delas foi calibrada pela estação fluviométrica mais a jusante dentro da mesma utilizando a propagação pelo método de Muskingum-Cunge.
Figura 7.35 – Divisão das sub-bacias adotada para a calibração dos parâmetros do modelo MGB para a bacia hidrográfica do rio Carinhanha.
A seguir são apresentados os resultados da calibração das estações localizadas mais a jusante dos rios principais, tendo em vista que as mesmas agregam nos resultados: 45170001, 45131000, 45210000, 45220000 e 45260000. As análises de cada uma das estações estão apresentadas no relatório supracitado.
Estação 45170001:
A Figura 7.36 apresenta os hidrogramas observados e simulados na localização da estação 45170001, de nome “Fazenda Porto Alegre”, que fica localizada no Rio Itaguari e que possui uma área de drenagem a montante de 5.850 km². Já a Figura 7.37 apresenta as curvas de permanência observadas e simuladas na localidade dessa estação.
Da mesma maneira como para várias outras estações apresentadas até aqui, repara-se que nos últimos 3 anos são observadas as maiores diferenças entre as vazões de base simuladas e observadas. Porém, para os demais anos foi possível representar muito bem o comportamento das vazões de base. Foram obtidos coeficientes de Nash e Nash-log de 0,776 e 0,543, respectivamente, além de um erro volumétrico de apenas 0,495%.
A comparação entre as curvas de permanência mostra que os resultados da modelagem, apesar do valor relativamente baixo do Nash-log, foram capazes de representar com sucesso as vazões de referência. Quanto a essas, a vazão Q50 observada foi de 42,8 m³/s e a simulada foi de 43,2 m³/s. Na Q90, obtiveram-se valores de 30,96 e 32,16 m³/s, enquanto para a Q95 foram obtidos valores de 29,27 e 30,47 m³/s.
Figura 7.36 – Hidrogramas observado (azul) e simulado (vermelho) na minibacia da estação fluviométrica 45170001, na bacia do rio Carinhanha.
Figura 7.37 – Curvas de permanência observada (azul) e simulada (vermelho) na minibacia da estação fluviométrica 45170001, na bacia do rio Corrente.
Estação 45131000:
A Figura 7.38 apresenta os hidrogramas observados e simulados na localização da estação 45131000, de nome “São Gonçalo”, localizada no Rio Carinhanha com uma área de drenagem a montante de 6.020 km². Já a Figura 7.39 apresenta as curvas de permanência observadas e simuladas na localidade dessa estação.
No caso dessa sub-bacia pode-se dizer que foram obtidos excelentes resultados. Foram conseguidos com a calibração coeficientes de Nash e Nash-log de 0,836 e 0,875, respectivamente, além de um erro volumétrico de apenas -0,615%.
A comparação entre as curvas de permanência mostra que o simulado ficou praticamente idêntico ao observado. A vazão Q50 observada foi de 39,92 m³/s e a simulada foi de 40,05 m³/s. Na Q90, obtiveram-se valores de 28,2 e 28,81 m³/s, enquanto para a Q95 foram obtidos valores de 26,38 e 27,39 m³/s.
Figura 7.38 – Hidrogramas observado (azul) e simulado (vermelho) na minibacia da estação fluviométrica 45131000, na bacia do rio Carinhanha.
Figura 7.39 – Curvas de permanência observada (azul) e simulada (vermelho) na minibacia da estação fluviométrica 45131000, na bacia do rio Corrente.
Estação 45210000:
A Figura 7.40 apresenta os hidrogramas observados e simulados na localização da estação 45210000, de nome “Lagoa das Pedras”, localizada também no Rio Carinhanha com uma área de drenagem a montante de 12.600 km². Já a Figura 7.41 apresenta as curvas de permanência observadas e simuladas na localidade dessa estação.
No caso dessa sub-bacia também pode-se dizer que foram obtidos resultados muito bons. A calibração permitiu alcançar coeficientes de Nash e Nash-log de 0,807 e 0,824, respectivamente, e um erro volumétrico de 4,372%.
A comparação entre as curvas de permanência mostra que o simulado ficou muito próximo ao observado, sendo prejudicado principalmente pela recorrente queda das vazões observadas em relação às simuladas nos anos finais da simulação. A vazão Q50 observada foi de 81,85 m³/s e a simulada foi de 86,21 m³/s. Na Q90, obtiveram-se valores de 58,66 e 64,05 m³/s, enquanto para a Q95 foram obtidos valores de 54,63 e 60,79 m³/s.
Figura 7.40 – Hidrogramas observado (azul) e simulado (vermelho) na minibacia da estação fluviométrica 45210000, na bacia do rio Carinhanha.
Figura 7.41 – Curvas de permanência observada (azul) e simulada (vermelho) na minibacia da estação fluviométrica 45210000, na bacia do rio Corrente.
Estação 45220000:
A Figura 7.42 apresenta os hidrogramas observados e simulados na localização da estação 45220000, de nome “Capitânea”, localizada no Rio Coxá com uma área de drenagem a montante de 2.380 km². A Figura 7.43 apresenta as curvas de permanência observadas e simuladas na localidade dessa estação. Nessa estação, novamente o mesmo comportamento com relação aos últimos anos é percebido.
A comparação entre as curvas de permanência mostra que ocorre falta de aderência entre elas para as vazões mais baixas, possivelmente por causa dos usos consultivos na bacia. A vazão Q50 observada foi de 5,94 m³/s e a simulada foi de 6,07 m³/s. Na Q90, obtiveram-se valores de 3,66 e 4,29 m³/s, enquanto para a Q95 foram obtidos valores de 3,19 e 3,95 m³/s.
Figura 7.42 – Hidrogramas observado (azul) e simulado (vermelho) na minibacia da estação fluviométrica 45220000, na bacia do rio Carinhanha.
Figura 7.43 – Curvas de permanência observada (azul) e simulada (vermelho) na minibacia da estação fluviométrica 45220000, na bacia do rio Corrente.
Estação 45260000:
Por fim, a Figura 7.44 apresenta os hidrogramas observados e simulados na localização da estação 45260000, de nome “Juvenília”, localizada mais a jusante no rio Carinhanha, com uma área de drenagem a montante de 16.300 km². A Figura 7.45 apresenta as curvas de permanência observadas e simuladas na localidade dessa estação. Também nessa estação o mesmo comportamento com relação aos últimos anos é percebido, com as vazões observadas mais baixas que as simuladas no período seco.
Os resultados da calibração do modelo para essa estação podem-se dizer também excelentes uma vez que foram obtidos Nash de 0,851, Nash-log de 0,846 e BIAS de 4,172%. Com relação às vazões de referência, a vazão Q50 observada foi de 89,17 m³/s e a simulada foi de 93,04 m³/s. Na Q90, obtiveram-se valores de 61,62 m³/s e 68,81 m³/s, enquanto para a Q95 foram obtidos valores de 57,99 e 65,24 m³/s.
Ainda, na Figura 7.46 é mostrado o resultado da simulação com o MGB para todo o período simulado, ou seja, desde 1990. Isso é possível para a bacia do Carinhanha pois essa nunca teve um número grande de estações pluviométricas por perto ou dentro que tenham parado de funcionar a partir de 2004. Vendo a comparação entre o simulado e o observado, repara-se que o MGB, um modelo do tipo chuva-vazão, consegue representar o decréscimo que vem ocorrendo nas vazões de base na bacia. Enquanto no início da simulação são observadas vazões de base superiores a 100 m³/s, ao final essa se aproxima de 50 m³/s. Esse resultado é muito parecido com o obtido por Collischonn et al. (2021), que aplicou o modelo MGB para a bacia do Carinhanha usando apenas um único conjunto de parâmetros, e reforça que, além da provável diminuição da disponibilidade hídrica pela presença das demandas, existe na diminuição da precipitação uma causa muito forte para a redução das vazões no rio Carinhanha e também nas demais bacias.
Figura 7.44 – Hidrogramas observado (azul) e simulado (vermelho) na minibacia da estação fluviométrica 45260000, na bacia do rio Carinhanha.
Figura 7.45 – Curvas de permanência observada (azul) e simulada (vermelho) na minibacia da estação fluviométrica 45260000, na bacia do rio Corrente.