Guia Especial CCJ

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Especial Centro Cultural da Juventude

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O CENTRO CULTURAL DA JUVENTUDE

O Centro Cultural da Juventude é um lugar vivo, pulsante, repleto de energia, cores e encontros. Criado para atender a cidade, e administrado pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, foi inaugurado no dia 27 de março de 2006. Fruto de importante mobilização da co2

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munidade que, à época, lutou para que o prédio abandonado se transformasse em algo proveitoso, e fortalecido pelas ações participativas que vêm sendo praticadas, o equipamento tornou-se fonte de inspiração para outros centros de referência de juventude pelo Brasil e pelo mundo. Sendo o maior espaço cultural público dedicado aos interesses da geração jovem, ele proporciona transversalidade entre as diversas temáticas relativas à vivência e realidades dessa galera, por meio de ações culturais e artísticas, na busca pelo empoderamento e protagonismo desse público. Para o CCJ, essa geração não é somente espectadora, é também promotora, organizadora, provocadora e realizadora dos programas e projetos do espaço, que permitem mais do que vivenciar os cursos e apresentações. Nesse local é possível criar, conviver, propor, participar, estudar, brincar, se descobrir e se reinventar a todo momento. A fim ampliar a participação da comu-

nidade nas tomadas de decisão e no cotidiano do equipamento, de 2013 em diante, o Centro Cultural da Juventude institui o Fórum de Gestão Participativa, cria o Orçamento Participativo da Programação e aproxima, ainda mais, a equipe daqueles que frequentam e se interessam pelas transformações do equipamento”. Trabalhando com jovens e para jovens, o CCJ foi responsável pela expansão do Programa Jovem Monitor/a Cultural para toda cidade. Em conformidade com os pressupostos legais (Lei nº 14.968/09 e Decreto nº 51.121/09), muitos equipamentos da SMC receberam jovens. Para se ter ideia, antes apenas o CCJ possuía monitores/as (aproximadamente, 28) até 2014. Daquele ano em diante, o número alçou para 263 jovens em 90 espaços municipais de cultura. Toda ação, coordenada pela gestão do CCJ, garantiu a oportunidade de formação, no campo da gestão cultural, para jovens da cidade de São Paulo, possibilitando qualificar o atendimento


ao público e melhorar capacidade de articulação desses equipamentos com o entorno. Além dessas ações, que visam a relação do equipamento com a cidade, o Centro passou a desenvolver outras atividades. Nesses 4 anos, chegou ao Jardim Damasceno, a outras instituições (como o CEU Jaçanã e CEU Paz), Jardim Elisa Maria, entre outros. No total, mais de 50 atividades externas foram realizadas por ano.Nesse sentido, a parceria com o Mistério da Cultura coroou as iniciativas que contemplavam artistas locais, assim como, o reforço às atividades proposta para dentro e fora do CCJ. O projeto de Mapeamento e Desenvolvimento de Cultura Local, do qual fez parte o Edital de Iniciativas Culturais Locais (lançado no fim de 2016), é prova dos esforços para engrandecer as redes e parcerias do Centro Cultural da Juventude - seja institucional ou com os coletivos de cultura da cidade. Assumida com vigor, as novas diretrizes da gestão, a partir de 2013, permitiram

frentamento ao racismo, LGBTfobia e ao machismo. Mais um marco importante foi a criação do eixo Educativo fundamental para despertar nas crianças e adolescentes a capacidade de reflexão e ampliação de repertório artístico, preparando o público jovem do amanhã.

que o CCJ ampliasse sua atuação no território, para fora de seus muros, democratizando o acesso e garantindo mais direitos para a população. Outra novidade foi a criação dos núcleos temáticos para as ações do espaço, como os de Empoderamento Feminino e LGBT, o Étnico-racial: todos com objetivo de promover a reflexão e o fortalecimento de identidades, o enEspecial Centro Cultural da Juventude

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O PAPEL EDUCADOR DO CCJ Quando o CCJ diz que o espaço é seu, ele é seu de verdade. Se as ações se desenvolvem a partir de um papel educador, todos somos educadores. Em 2013 surge o eixo Educativo no CCJ, fundamental para a reflexão das responsabilidades que deveriam ser observadas pela programação, e marcando um território pertencente, também, às crianças da região, garantindo a democratização deste espaço. Além de despertar o olhar de quem frequenta o local para seus direitos e possibilidades, o Educativo explora caminhos diferentes daqueles típicos na maioria das salas de aulas escolares. O eixo constrói uma relação dialógica com os públicos, permitindo que estes reconheçam e se reconheçam como protagonistas em seus fazeres e aprendizados. As atividades 4

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desenvolvidas por este setor buscam de diferentes formas fazer com que não só os/ as jovens, mas todas as pessoas no geral, se percebam como cidadãs e praticantes de cidadania. Seja, por exemplo, a partir de uma sessão de cinema para as crianças, com diálogos após o filme, que incitam reflexões sobre alguma temática proposta, ou em passeios para museus e /ou outros locais turísticos - atividades típicas do CCJ Visita, a proposta do eixo é a extensão do espaço. É permitir que o que se aprende e se reflete no equipamento possa ser utilizado em outros territórios e situações. Nos últimos 4 anos, a equipe do CCJ “desbravou” a fundo o sentido, de fato, do protagonismo juvenil. Projetos como o

O educativo é um lugar que não existe, e por isso a gente se reinventa trimestralmente. Thayame Porto

Gestora do Educativo

“Observatório da Juventude”, que fomenta outras frentes de jovens em situação de vulnerabilidade na cidade, com ênfase para a zona norte, fora apoiado, trazendo diversos frutos que dão subsídios para promover uma programação dinâmica e que dialoga de maneira direta com o público alvo do CCJ. A relação entre o Educativo e o “Observatório da Juventude” rendeu frutos importantes. Em 2015, o eixo criou o projeto “Empodera Juventudes”, que levou saraus temáticos para dentro das escolas (em articulação com a Diretoria Regional de Educação Freguesia/Brasilândia). No ano seguinte, com a participação de jovens monitores/as e do “Observatório da Juventude”, o programa se expandiu e garantiu o direito de fala aos/às aluno/as da rede municipal, especialmente, mais próximas ao CCJ. Assuntos diversos como: genocídio jovem, machismo, violência doméstica, juventude. Caminhos de desenvolvimentos integral dessa geração foram discutidos e refletidos com a intenção de deixar vestígios aos alunos/as (neste caso do 9º ano) e também aos professores, que em alguns casos, participaram da elaboração e dinâmica das ações. Sejam os vestígios na


Vivenciar as demandas do grupo Valéria (grupo de transexuais em situação de rua, que estão “arranjadas” em uma acolhida especial), por exemplo pontualmente uma vez por semana, acompanhar o “fluxo” de funk da zona norte mais popular, denominado IRAQUE, entre outras ações, nos faz perceber as lacunas socioculturais que permeiam o desenvolvimento cultural das juventudes. Nessa imersão que escolhemos como caminho de interação, fomentamos outras vivências nas comunidades. Elcy Alves

Educativo CCJ

Brinquedoteca CCJ criticidade ou na problematização de novos contextos. No geral foram 66 professores e 378 alunos participantes, dos quais 91% “curtiram” o projeto e 42% gostariam que ocorresse mais vezes. Outra frente primorosa alinhada às ações do eixo é o acolhimento de jovens em medida socioeducativa dos serviços do entorno. Atualmente o CCJ recebe 5 serviços de medida socioeducativa. O que repercute em 10 jovens de medida socioeducativa em meio aberto, cumprindo PSC (Prestação de Serviço a Comunidade) no espaço, por mês. Especial Centro Cultural da Juventude

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A FEIRA DO LIVRO DO CCJ Bienais, feiras e eventos que têm como personagem principal os livros são cada vez mais frequentes pelo Brasil afora. É um evento que reúne pessoas interessadas em um mesmo objetivo: viajar para outros mundos por meio da imaginação que a leitura proporciona. Para comemorar uma década de sua existência, o CCJ organizou mais uma feira do livro, que contou não somente com a venda das publicações, mas com muitas atrações como saraus, oficinas, shows, rodas de conversa e autógrafos de escritores independentes, que estiveram presentes para divulgar e trocar sobre suas obras. Em sua quarta edição, a Feira do Livro do CCJ de 2016 recebeu diversos autores e editoras entre eles Adriana Rocha, Ana Cristina Gonçalves, Cristina Valori, Dany Tovaruela, Nina Reis, Akins Kintê, Guilherme Moura, Tata Oliveira, Robson Cerqueira, e outros, assim como a participação de pessoas de diversas idades e regiões. Além de garantir acessibilidade à obras e títulos 6

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dos mais variados assuntos, o evento no geral pode proporcionar muito mais do que o consumo e incentivo a leitura, mas uma troca entre interessados/as, público do espaço, equipe do CCJ, artistas, escritores/ as, jovens, adultos e crianças. Quem não comprou um livro, no mínimo sentiu uma poesia dançada, declamada, musicada, proclamada ou versada. De alguma forma ela chegou!

Leite, leitura letras, literatura, tudo o que passa, tudo o que dura tudo o que duramente passa tudo o que passageiramente dura tudo, tudo, tudo não passa de caricatura de você, minha amargura de ver que viver não tem cura - Paulo Leminski


VOCÊ SABIA QUE A LEITURA MUDA A VIDA DAS PESSOAS?

Feira do Livro do CCJ

O CCJ têm contadores/as de histórias, sobretudo infanto-juvenis, para estimular a imaginação e desenvolver o hábito da leitura desde criança. Segundo o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), quase metade da classe estudante brasileira (44,1%) está abaixo do nível de aprendizagem considerado adequado em leitura. Os/ as alunos/as não conseguem reconhecer a ideia principal em um texto, interpretar dados e questões abordadas. Por esse e outros motivos, o CCJ convida todo mundo para leituras diárias, rodas de conversa e contação de histórias em sua biblioteca. Tendo um acervo com mais de 10 mil exemplares, contendo livros, álbuns de HQ’s, mangás, periódicos e material audiovisual, a Biblioteca Jayme Cortez está aberta durante todo o horário de funcionamento do equipamento, e possibilita diversas vivências através da leitura. Ela também possuí um espaço

chamado “Bosque da Leitura”, local ambientado para crianças com pufs, tapetes e outras formas de interação que permitem a elas se aproximarem e vivenciarem de diferentes maneiras o universo da leitura.

Bosque da Leitura CCJ

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COMUNICAÇÃO, MUDANÇAS E POSSIBILIDADES Nos últimos anos muitas coisas mudaram, inclusive na forma de pensar conteúdos feitos para juventudes e pelas juventudes.

Ao longo dos anos, sobretudo a partir de 2013, o eixo da comunicação no CCJ modificou sua forma de se entender enquanto “comunicação”, ampliando sua atuação e assumindo outros papéis na gestão do espaço. Desde a sua mudança geográfica, saindo do Espaço Administrativo e indo para a Área de Convivência (onde tudo acontece, inclusive a cobertura online das atividades do equipamento), até a padronização de sua linguagem orientada pelo “Manual para Uso Não Sexista da Linguagem” e o “Manual de Identidade Visual do CCJ”, o qual foi construído em conjunto com a comunidade do Centro Cultural. Também foi incorporado o uso da rede 8

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social do Facebook, que vem se tornando cada vez mais uma plataforma de comunicação ativa e eficaz. Por meio dela o CCJ informa para seus seguidores os eventos, horário de funcionamento, cursos e oficinas, atividades e shows. Em 2016, a página do CCJ chegou a marca de 60 mil curtidas (em 2013 eram apenas 9 mil).

Esperamos alcançar mais pessoas para que elas saibam que estamos de portas abertas para a realização de diversas atividades e possibilidades de interação. Pois além dos eventos e cursos, nosso laboratório de pesquisa, biblioteca, internet livre e área de convivência foram reformados e adequados para serem ocupados e vividos diariamente. Rogério Fonseca

Comunicação CCJ

Este canal de comunicação, assim como o site do CCJ e a criação do “fale conosco” assumem um papel importante e facilitador para a proposta de diálogo que vem sendo desenvolvida no espaço. Mais do que informar “programação”, o CCJ se comunica a todo momento com o seu público. Pensando nesta lógica de jovens e para jovens, o espaço possui uma parceria com a Viração Educomunicação, instituição que trabalha com conteúdos e formação em comunicação para juventudes. Nos anos de 2014 e 2015 três cursos ligados à “Vira” foram oferecidos, e em 2016, uma formação mais específica,


com foco em Design Gráfico, Jornalismo e Publicidade - Comunicação e Seus Efeitos Sociais, que possibilitou ações como a cobertura e a edição de alguns eventos do CCJ, além da criação da nova edição 2017 da agenda CCJ/ Viração. Outro curso de destaque relacionado a área foi o “Curso de Práticas em Mídias Sociais”, ministrado pelo CCJ em parceria com Catraca Livre e ETEC CEPAM. O curso foi uma iniciativa importante para jovens da região, pois parte destes disseram que quando eram adolescentes e moravam no bairro, não havia nenhuma opção de atividade como essa na Cachoeirinha.

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CALÇADÃO DOUGLAS RODRIGUES Para além da ocupação, o CCJ é um espaço aberto para ser...

Em 2015, as grades do CCJ foram retiradas, dando espaço para um grande calçadão que integra mais uma área de convivência na cidade. Para “nomear” este novo espaço foi proposto um processo participativo com a comunidade, que sugeriu mais de 50 opções. Por meio de votação online, o nome vencedor homenageia um jovem negro, Douglas Rodrigues. O jovem atingido e morto por um disparo da Polícia Militar em outubro de 2013 no bairro do Jardim Brasil,

zona norte de São Paulo, faz ecoar a indignação de toda juventude violentada pelo Estado, deixando pairar no ar a pergunta que Douglas fez antes de morrer: ”Por quê o senhor atirou em mim?” Se uma pessoa só morre quando não é mais lembrada, Douglas continuará vivo por muito tempo. O calçadão do Centro Cultural da Juventude carrega seu nome e sua história, e representa uma realidade comum às periferias da cidade: o genocídio da juventude negra.

Calçadão Doulglas Rodrigues 10 Especial Centro Cultural da Juventude


CCJ E AS TRAJETÓRIAS DA JUVENTUDE Assuntos como, racismo, machismo e política fazem parte do cotidiano da sociedade jovem atual

CULTURA, TRABALHO E RESISTÊNCIA

O Dia da Juventude no CCJ de 2016 contou com uma programação que se debruçou na temática: “Cultura, trabalho e resistência”. Através do convite feito para um pessoal jovem, que vêm se destacando em sua atuação profissional, sobretudo artística, e relacionada a temáticas cada vez mais discutida e refletida em agendas públicas no Brasil e no mundo, e por isso também no universo juvenil, a equipe do CCJ trouxe atividades e diálogos entre convidados/as e frequentadores/as que permitiram, além do conhecimento de diferentes possibilidades, a troca direta de “jovens para jovens”.

A ideia era fazer com que diferentes jovens enxergassem possibilidades de atuação profissional em campos que “fogem um pouco da lógica de mercado”. Mostrar que, mesmo não “tendo ou vindo” de uma base com condições financeiras favoráveis, hoje em dia é possível trabalhar, por exemplo, com dança e performance, música, literatura e poesia, moda e tecnologia ou até empreender um espaço de cuidado e beleza. Além de apresentar redes que possibilitam fundos e financiamentos coletivos, como a criação de moedas e estratégias de apoio e desenvolvimento local. E mais do que isso, mostrar que é possível dizer e ser o que se tem vontade, “resistir” de diferentes formas. Shayanny Sá

Comunicação CCJ

Com 12 horas de programação, o dia da juventude no CCJ contou com a presença de oficinas de customização de roupas e oficina de corte e cabelo; consultorias do Sebrae para a abertura de microempresas; apresentação de dança, música e sarau; feira de jovens empreendedores e uma roda de conversa aberta com a presença dos/as jovens convidados\as: Nataly Neri (YouTuber), Djalma Moura (dançarino e artista orientador no Programa Vocacional), Adriele Araújo (Jornalista e Escritora para a Revista Agência Jovem), Akins Kintê (poeta e escritor), James Bantu (cantor), e Max B.O. para mediação. A juventude de hoje lê o tempo todo porque as informações chegam a cada segundo em suas mãos através do celular, e as oportunidades de discutir interesses em comum aumentam. Nas páginas das redes sociais, por exemplo, se discute machismo, racismo, gordofobia, homofobia, questões de gêneros e mais uma infinidade de assuntos que sempre foram necessários, mas que possuiam poucos espaços para serem abordados e escoados. Especial Centro Cultural da Juventude 11


Foi customizando roupas e trançando cabelos que Nataly Neri, do canal Afros e Afins, descobriu que poderia unir assuntos de moda e beleza, com questões importantes da sociedade. A YouTuber de 22 anos, passou sua infância navegando na internet, mas nunca tinha visto alguém abordando questões raciais, machistas ou sobre o poder da indústria.

Antes de conhecer o feminismo muitas coisas passavam batidas porque estávamos no âmbito da ignorância. Hoje, sabemos como o preconceito atinge o mundo, como as empresas se organizam e como atingem as pessoas. Não dá para lutar contra tudo. Já tentei, mas não consegui. Fez mal à minha saúde mental. Hoje escolho as lutas que eu luto. Nataly Neri, 22 anos YouTuber

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Dia da Juventude no CCJ

CANAL AFROS E AFINS

Segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a juventude representa 45,5% das pessoas desempregadas do país. O período de maior índice está entre 16 e 24 anos. Uma fase que coincide com a conclusão de uma formação e a busca por uma vaga no mercado de trabalho. Hoje, a população jovem procura formas alternativas para ga-


nharem o próprio dinheiro. Desde um canal no YouTube, até aprendendo o ofício de cabeleireiro. Casimiro Kawassaki, 25 anos, é dono da Barbearia do Casih, zona norte de São Paulo, e começou a profissão com 14 anos, na garagem de casa.

Minha vizinha cortava cabelo e eu tinha oito anos, dali foi surgindo o interesse. Hoje, ensino para jovens que poderiam perder suas vidas nas ruas. É um curso barato e que beneficia a população. Não há segredo, a dica é dar o primeiro passo.

Dia da Juventude no CCJ

Casimiro Kawassaki, 25 anos Cabeleireiro

Barbearia Do Casih

Dia da Juventude no CCJ Especial Centro Cultural da Juventude 13


Tendo lançado seu primeiro livro em 2007 e com o espetáculo “Muzimba” em 2016, o escritor Akins não considerava suas escritas boas para virarem música. Atualmente, o artista se sente seguro e aborda temas de empoderamento da juventude e das mulheres negras. “As mulheres pensam muito mais além, pensam o mundo e a vida de uma maneira melhor. Até nas questões da saúde, que ao contrário dos homens, não se intimidam. Cada vez mais homens morrem por se sentirem superiores e não vão até um hospital”, comentou o poeta. Akins leva seu trabalho para centros culturais, casas de cultura, saraus e espaços abertos. Seus poemas falam de resistência jovem, de mulheres, de amor, de sociedade e empoderamento da população negra. “Se você observar a história, vai ver que sempre foram os jovens que começaram com grandes revoluções. Conforme o tempo passa, os motivos vão mudando, mas sempre são os jovens que tomam a frente de uma causa. Me considero um grão de areia, mas quero fazer parte da luta. Na humildade, sem maldade, como diz o meu trabalho”, finalizou o artista escritor. 14 Especial Centro Cultural da Juventude

Duro não é o cabelo Em outra geração Tranças-labirintos da opressão É o sistema E não alisa Quebra na emenda De mantê-lo É orgulho Entenda a persistência Crespo na essência Político e resistência

- Akins Kintê

Dia da Juventude no CCJ


VOCÊ CONHECE O PROGRAMA JOVEM MONITOR/A CULTURAL? Uma experiência de de autonomia e protagonismo juvenil na cidade de São Paulo. Mais do que um Programa, uma Política de afirmação. O Jovem Monitor/a Cultural é um programa de formação e experimentação profissional em gestão cultural voltado especificamente para o público jovem da cidade de São Paulo e, preferencialmente, de baixa renda. Criado em 2008, a partir da experiência de atuação e formação no Centro Cultural da Juventude, em 2013, o Programa é colocado em prática de acordo com as normativas da legislação que o regulamenta, e ganha um novo caráter e dimensão. Por meio de um convênio com organizações que atuam nas áreas de educação e juventudes, a partir de 2015, a proposta se expandiu

#10anosCCJ

Festa Junina do CCJ

para outros espaços culturais da Secretaria Municipal de Cultura atingindo teatros, bibliotecas, casas de cultura, museus e centros culturais, e também, alguns setores da própria Secretaria como: gabinete, divisão de programação, fomentos e cidadania cultural. Dessa forma a iniciativa parte do CCJ para a cidade toda. O que antes estava em um único equipamento e região específica, atualmente atinge 90 espaços culturais municipais e diversos territórios.

Inovamos ao promover uma formação combinada em que os/as jovens ampliam seu repertório e experimentam, na prática, os diversos aspectos da gestão cultural, a vida e rotina de um equipamento/ departamento cultural, produção, desenvolvimento de programas e projetos. Isabela Tramansoli Coordenadora Político Pedagógica do Programa Jovem Monitor/a Cultural

Festa Junina do CCJ

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EXPANSÃO PROGRAMA JOVEM MONITOR 2013 - 2016

2013 16 Especial Centro Cultural da Juventude

2016


Saiba mais sobre o

Programa Jovem Monitor Cultural:

O Legal é perceber que após “passar” pelo programa, os/as jovens participantes no geral se sentem satisfeitos/ as e transformados/as. A maioria entende a proposta da experimentação e da vivência. Se descobrem e redescobrem enquanto potencialidades, direitos e exercício de cidadania(...) Sem contar que uma boa parte dos/as jovens que passaram pelo programa, atualmente trabalham na área da gestão cultural, seja no setor público, em instituições privadas ou a frente de projetos coletivos e pessoais. O legado continua.

Briquedoteca CCJ

A formação também conta com uma perspectiva teórica que aborda questões que envolvem diversidade, cidadania, direito à cidade, questões étnico-raciais e de gênero, bem como a participação e a importância do/as jovens nos processos de transformação social e política da sociedade. O exercício do protagonismo jovem, é uma premissa do Programa. Por isso, espaços como o Conselho Participativo e o GT de Comunicação, também foram criados na gestão do PJMC, para possibilitar a construção dessa política pública de forma coletiva, transparente e mais próxima da realidade dos/as jovens participantes do projeto, e das dinâmicas de seus territórios de atuação. Atualmente, 263 jovens exercem seus direitos e constroem uma das principais políticas públicas voltadas exclusivamente para as juventudes na cidade.

Ricardo Scardoelli Diretor Geral CCJ

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PROGRAMAS E PROJETOS DO CCJ

Em maio de 2016, rolou o “Rolezinho CCJ” com apresentações de DJ’s, grupos de dança, e Mc’s de funk, e de dez intervenções circenses e de empoderamento feminino. Fazer eventos desse tipo, dentro de um espaço público da Secretaria Municipal de Cultura? Sim! E a ideia começou a circular pelo Centro Cultural da Juventude em 2013, momento em que a efervescência do movimento estava posta pelo público jovem da cidade. Logo, pensando na abertura do equipamento para essa “onda”, onde se pudesse ouvir e dançar Funk e fazer, com segurança e cuidado, aquilo que vinha ocorrendo nos shopping's e estacionamentos, se tornou uma meta para a equipe.

Os espaços do CCJ são ocupados com atividades diárias e com uma programação empoderada norteada por núcleos e temáticas que dialogam diretamente com as realidades juvenis

FUNK É CULTURA?

Aqui a juventude está mais segura, não corre o risco de tomar um tiro ou da polícia reprimir, como aconteceu, por exemplo, no baile da Marcone.

No Rolezinho do CCJ de 2016, companhia de dança convidou a juventude para o palco com a frase “Quem dança é sempre mais feliz” Rolezinho CCJ

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Wembley dos Santos

morador de Caieiras, São Paulo


Dessa forma foi possível mostrar mais uma vez que a galera jovem sabe muito bem compartilhar suas demandas e espaço de forma segura e responsável, e que nem sempre o que é “vendido” como algo inapropriado, é inapropriado de fato. Mas os Rolezinhos que aconteceram no CCJ, não foram apenas para dançar e cantar. Houve momentos para “aproveitar” a presença dessa juventude, em massa, para dar dicas sobre sexo seguro com o experiente Jairo Bauer - que arrebentou tirando muitas dúvidas de maneira leve e descontraída - e a equipe da Secretaria Municipal de Saúde na distribuição de camisinhas. Foi assim, também, quando, em março de 2015, quando as MC’s deram a letra sobre a força das mulheres e falaram sobre respeito ao corpo e ao espaço e desejo delas. Empoderamento feminino de fato, num “lugar” e “momento propício”.

Rolezinho CCJ

AFINAL DE CONTAS... 19


LUGAR DE MULHER É ONDE ELA QUISER! Com a intenção de construir e fortalecer uma rede entre as mulheres; incentivar a autoestima e a autonomia das mesmas, questionar padrões pré-determinados e gerar uma série de reflexões sobre o machismo, o Centro Cultural da Juventude desenvolve uma série de atividades ligadas diretamente com o Empoderamento Feminino.

Para sermos ouvidas precisamos falar. Mas para falarmos precisamos de espaço e segurança. Um lugar que nos respeite e respeite a nossa causa. Karen Rego

Programação CCJ 20 Especial Centro Cultural da Juventude

Virada Feminista

Esta frente surgiu no ano de 2014 e se tornou um núcleo dentro da programação do espaço, com o objetivo de deixar a pauta feminista mais visível, sendo norteada e organizada mensalmente na diversidade das ações que são propostas para o espaço. Apesar de ser um tema polêmico, a posição da mulher na sociedade ainda é, em muitos ambientes, de submissão e omissão de sua vontade própria, autoestima e liberdade. O empoderamento implica na alteração dos processos e das estruturas que reproduzem esta condição. Por isso é importante e necessário que atividades com esse recorte sejam cada vez mais desenvolvidas e apoiadas. Um evento de grande destaque criado e articulado pelo núcleo de Empoderamento Feminino é a “Virada Feminista no CCJ”. O evento é organizado pela SOF (Sempreviva Organização Feminista) através do projeto Ponto de Cultura Feminista e pela Fuzarca Feminista, núcleo da Marcha Mundial das Mulheres. São 24 horas diretas de atividades que abarcam diferentes linguagens e recortes associados a questão feminista, e que são programadas, comunicadas e produzidas exclusivamente por mulheres.


Virada Feminista no CCJ

POR QUE UMA VIRADA FEMINISTA? Enquanto o machismo tenta transformar os corpos femininos em objetos, as distâncias geográficas e sociais, produzidas nas cidades, aprofundam as desigualdades entre mulheres e homens, brancos e negras, pobres e ricas. Submetidas a uma intensa jornada de trabalho e responsáveis por uma série de cuidados que envolvem desde famílias e lares a ocupações pessoais, as mulheres no geral são excluídas de vivenciar e transformar a cidade. No mundo em que vivemos, estar no espaço público pode significar para as mulheres, possibilidades de serem deslegitimadas, desrespeitadas, assediadas e violentadas. Ao mesmo tempo, ocupar este espaço é uma das mais

fortes demonstrações de resistência. A primeira edição da Virada Feminista no CCJ (e na América Latina) ocorreu em 2015. Devido ao sucesso e a repercussão da ação, no ano seguinte, mesmo com dificuldades em conseguir recursos para a sua realização, a intervenção aconteceu. Com cerca de 60 atividades programadas, além das espontâneas, o tema da segunda edição da Virada Feminista foi “A resistência que transforma”, pertinente, pois vivemos em uma sociedade patriarcal, desigual em que há a predominância masculina nos espaços de poder.

Eu adorei o evento e a iniciativa. Acredito que há uma resposta muito melhor da sociedade com esse tipo de intervenção social que é sem sombra de dúvida de grande valia. Acredito que a mudança que tanto queremos se dará a partir da cultura. Tatiane

Mulher presente na Virada Feminista

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ELZA SOARES REAFIRMOU O DIREITO DA MULHER A cantora convidou o público para cantar sobre o racismo no Brasil, democracia e poder feminino Em 2016, o CCJ também recebeu a cantora Elza Soares. Com seu novo álbum “A Mulher do Fim do Mundo”, ela, que é considerada pela BBC a cantora do milênio, emocionou o público presente no equipamento. A carreira de Elza sempre foi pautada por sua ousadia, o que não foi diferente no Centro Cultural. Entre uma música e outra, a artista pediu para que as pessoas fizessem barulho e lutassem pela democracia, além de levantar a bandeira feminista cantando "Maria", música que incentiva as denúncias de violências contra a mulher. 22 Especial Centro Cultural da Juventude

“Que vai de graça para o presídio e para debaixo do plástico Que vai de graça para o subemprego e para os hospitais psiquiátricos A carne mais barata do mercado é a carne negra Levo minha mãe comigo, embora se tenha ido Levo minha mãe comigo, talvez por sermos tão parecidos Levo minha mãe comigo de um modo que não sei dizer Levo minha mãe comigo, pois deu-me seu próprio ser”

- Elza Soares

Em entrevista ao CCJ, Elza disse que gostaria que houvesse mais espaços como este. "Estou muito feliz em ter feito um show aqui, o espaço é maravilhoso", comentou. E quando foi questionada sobre o público, a cantora contou o que sente. “Meu público é bem jovem, isso é sinal de que estou fazendo algo bom", finalizou.

Show da Elza Soares no CCJ


SÃO PAULO TERRITÓRIO DIGITAL Feministas de diversos lugares da cidade reuniram-se para debater questões de gênero, classe social e o ciberativismo

Roda de conversa Feminismo Digital

Integrando a programação da casa, em 2016 o CCJ conseguiu realizar a primeira etapa de mais um de seus projetos, conveniado com o Ministério da Cultura. O projeto de Cultura Digital na Cidade, a

princípio, veio com o objetivo de fazer um mapeamento de grupos/coletivos e ações relacionados à temática digital. Porém, através de uma parceria proposta à equipe São Paulo Aberta (da Secretaria Municipal de Relações Internacionais e Federativas), por meio do programa Agente de Governo Aberto, os cinco articuladores em cultura digital que tiveram destaque no programa, junto com a equipe do CCJ, optaram por fazer uma análise crítica do cenário artístico tecnológico de São Paulo dando origem a ação São Paulo Territorio Digital. A ideia era garantir uma série de encontros entre artistas e coletivos, estudantes, fazedores/ as e interessados/as no geral sobre o assunto, para que dessa forma, não somente grupos e atividades fossem mapeados, mas também, opiniões, problemáticas, processos e propostas. E de maneira colaborativa e “aberta” entender o que rola e o que é possível potencializar sobre esta “categoria” do setor cultural, que não é tão nova, mas que vêm a cada dia, inovando as forma de se fazer e consumir cultura, e nos propondo diferentes maneiras de se relacionar. Foram 12 encontros em diversos espaços

público da cidade, nos quais foram discutidos assuntos ligados diretamente a interesses jovens, como: o genocídio da juventude negra, a ocupação dos espaços, arte e política, feminismo, direito à cidade, midialivrismo, hackerativismo e ciberativismo, mercado e inovação e realidades e ações das regiões norte, sul, leste e centro-oeste. No geral 60 convidados/ as (entre artistas/coletivos e fazedores/as de cultura digital) fizeram as mediações nos encontros e mais de 400 pessoas interessadas discutiram as questões.

Na programação do CCJ, nada é solto. Existe uma lógica que é orientada pelos núcleos e projetos especiais. A gente se debruça para alinhar as pautas e demandas de uma forma que respeite as diversidades das linguagens, e as questões latentes na sociedade - sobretudo para as juventudes e realidades do espaço e realidades do espaço.

Murilo Pace Diretor de Programação CCJ Especial Centro Cultural da Juventude 23


É preciso relatar como você é tratada nos espaços públicos. Ao invés de postar uma selfie, conte como foi recebida no SUS (Sistema Único de Saúde), por exemplo. Regiane Soares

Agente de Governo Aberto

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Ligada a frente do Empoderamento Feminino, a roda de conversa sobre “Feminismo Digital” abriu espaços para análises críticas e colaborativas sobre pontos que precisam ser debatidos além do mundo virtual. Um desses pontos é o ódio ao feminismo. Por que ele existe? Talvez porque venha trazer à luz assuntos esquecidos pela mídia e pela sociedade sobre as pessoas e grupos que mais sofrem: mulheres, LGBT, negros, pessoas com deficiência. A ideia de que as mulheres querem ter mais poder que o homem também pode ser um fator crucial neste pensamento, quando, a verdade, a luta é pela igualdade. De forma inconsciente, as mulheres procuram ocupar o menor espaço possível, enquanto os homens ocupam tudo que estiver disponível, e isso não é natural. A mulher é oprimida pelo machismo. A mulher negra é violentada também pelo racismo e a mulher negra e pobre sofre com a violência que a segrega por sua condição social, além da sua cor e seu gênero. O feminismo negro é fundamental para encarar as diferenças panorâmicas e para suprir as necessidades, que antes eram ignoradas. A Agente de Governo Aberto, Regiane Soares, descobriu-se feminista negra há alguns anos ao ler escritoras do movimento

negro. “Sempre fui de movimentos sociais, mas não do movimento negro. O feminismo negro pega o conceito interseccional para poder entender a estrutura social. Daí você entende que classe está ligada à raça e que raça está ligada à questão do machismo, gênero, sexualidade. Quando uma mulher é preta e periférica, não tem como falar de apenas uma dessas opressões”. A agente também alerta para os papéis da mulher nas redes sociais.

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E por falar em mulher negra, aqui

NO CCJ A CULTURA AFRO-BRASILEIRA TAMBÉM TEM O SEU ESPAÇO É necessário buscar primeiro paridade entre os diversos seguimentos da população, negros, indígenas, mulheres, transsexuais, lesbicas, gays. E conjuntamente, precisamos lutar por uma reeducação das relações raciais, de gênero e sexualidade, para que assim possamos caminhar para um pais de fato democrático e participativo. Ingrid Santos

Redes e Parcerias - CCJ 26 Especial Centro Cultural da Juventude

A Cultura Afro-Brasileira se faz presente na maioria das esferas de nossa sociedade. É inegável a sua contribuição nas manifestações artísticas, políticas, organização social, econômica, educação entre outras. Porém, a participação da população preta nos espaços de decisão e gestões públicas e privadas ainda é insuficiente frente a sua representação na sociedade brasileira, visto que 51% dos brasileiros se autodeclaram pretos e pardos. Para fazer frente a esta desigualdade, o CCJ acolhe as temáticas étnico-raciais todos os meses do ano e não somente em datas comemorativas. É a partir do Núcleo Étnico-Racial, que compõem uma das frentes norteadoras da programação do equipamento, que isso acontece. Este eixo surgiu com intuito principal de atender a Lei Nacional de Educação 10.639/03, que visa o ensino da história e cultura dos afro-brasileiros e africanos. Além de um espaço formativo, o núcleo étnico-racial estabeleceu como diretriz a contratação de produtores e artistas negros e negras da cidade de São Paulo para desenvolvimento de

rodas de conversa, oficinas, shows e diversas atividades. Garantindo o protagonismo da juventude negra, e sensibilizando por meio de sua presença uma programação mais paritária para todos os outros eixos e núcleos. Por meio da cultura, as danças e cantos do Oeste Africano, e as danças e cantos da etnia Bantu, que compõem as manifestações culturais do sudeste brasileiro são trazidas e desveladas no equipamento através do projeto de oficinas de danças e vivências afro-paulistanas. As discussões sobre “racismo” e “identidade” também se fizeram presentes nas rodas de conversas do projeto Terça Afro, e as formações sobre a reeducação das relações raciais no projeto Muntu, o qual recebeu participantes de todas as regiões da cidade de São Paulo para as rodas de conversas e reflexões propostas. Todas as atividades contaram com a contratação de jovens negros e negras, contribuindo para a luta de termos mais pessoas negras falando sobre pessoas negras, ou sobre o que mais elas quiserem


falar, garantindo assim, vozes e olhares. Por meio da cultura, as danças e cantos do Oeste Africano, e as danças e cantos da etnia Bantu, que compõem as manifestações culturais do sudeste brasileiro são trazidas e desveladas no equipamento através do projeto de oficinas de danças e vivências afro-paulistanas.

Ele é importante porque garante que jovens negros e negras sejam contratados. Os produtores/as, artistas, organizadores/as são negros/as. É preciso SIM, e cada vez mais, ENEGRECER os espaços para que o povo preto entre na disputa por uma nova narrativa próxima em relação a contribuição do negro na construção da história brasileira. Ingrid Santos

Redes e Parcerias - CCJ Especial Centro Cultural da Juventude 27


Pontos de vistas e multilinguagens que se apresentaram também no dia 25 de Julho – Dia Internacional da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha –, foi um marco pela luta das mulheres negras, e um marco para o CCJ.

O evento nos permitiu amadurecer relações com os coletivos que pautam a discussão racial, como Casa no Meio do Mundo e GAPP (Grupo de Articulação de Políticas Pretas). Ingrid Santos

Redes e Parcerias - CCJ 28 Especial Centro Cultural da Juventude


DRAG CONTEST A figura LGBT marca contextos e territórios Em um país onde a cada 28 horas um homossexual morre de forma violenta, é necessário abrir espaços para discussões acerca deste assunto. Segundo o Grupo Gay da Bahia – GGB – (a mais antiga associação de defesa dos direitos homossexuais no Brasil), até julho de 2016 foram registrados 173 assassinatos vitimando bissexuais, gays, lésbicas, transexuais e travestis. Por essas e outras realidades, o “Empoderamento LGBT” também faz parte da cultura do CCJ. E assim como os demais eixos norteadores da programação do espaço, possibilita que a diversidade presente na juventude, neste caso, os/as gays, bissexuais, lésbicas, transexuais e travestis tenham voz, respeito e visibilidade. Um dos eventos ligado a esta frente é o Drag Contest, que acontece todo ano, reunindo figuras LGBT’s importantes e realizando um concurso de Drag Queens. Com o intuito de combater o preconceito

Drag Contest

social, divulgar a cultura DRAG e incentivar novos talentos para despontar na cena paulista, o Drag Contest ja está na sua nona edição. Em 2016, além do concurso e apresentação de diversas Drags, a ação ofereceu oficinas de maquiagem e figurino, roda de conversa e exposição fotográfica sobre LGBT em situação de rua, fomentando ainda mais a causa. E como de costume, a iniciativa contou com um grande um grande público apreciador tanto para prestigiar o concurso quanto para as oficinas. Interessados/as até mesmo de outras cidades fizeram questão de apoiar a pauta, que pode ser manifestada também em outras atividades do CCJ através do Eixo de Empoderamento LGBT, como foi o caso da mostra "O Cinema que Ousa Dizer Seu Nome", que aconteceu em fevereiro de 2016 trazendo ao espaço a apresentação de 26 curtas-metragens relacionados a temática lgbtista. 29


Mas antes do público prestigiar os artistas,

A EQUIPE DO CCJ FICA ATENTA AOS DETALHES

E quando a festa acaba é aí que entra a pós-produção Antes de um show ou qualquer atividade, é preciso que os ambientes sejam adaptados para se adequarem a cada estilo e linguagem proposta, mantendo os objetivos da ação e respeitando suas particularidades e especificações, técnicas ou não. Portanto é preciso atenção aos detalhes para que toda experimentação seja vivenciada de forma intensa pelo público. E quando a festa acaba? É aí que entra a pós-produção. Nesse momento, a equipe do CCJ avalia se os objetivos foram atingidos: se o número de pessoas pretendido foi alcançado, se eram elas o público pro qual a atividade foi pensada, se toda parte técnica ocorreu como o esperado, quais foram os erros e acertos. 30 Especial Centro Cultural da Juventude

Nos debruçamos de fato para corrigir as falhas e, assim, aperfeiçoarmos nos processos. Procuramos, com isso, que a população perceba esse cuidado e usufrua, desfrute e ocupe um equipamento público que preza pela diversidade e qualidade nas atividades e eventos oferecidos. Eduardo Melo Produção - CCJ Com uma média de 240 atividades programadas por mês, além das ações espontâneas, agendamentos de espaço, áreas de lazer (convivência, mirante, calçadão Douglas Rodrigues, Espaço Sarau, Horta Comunitária), e serviços (internet livre, estúdio de gravação, biblioteca, laboratório de pesquisa, brinquedoteca), o CCJ a cada dia que passa acolhe cada vez mais pessoas e desenvolve novos projetos, pensando sempre nas necessidades da comunida-

de, e respeitando todas as juventudes e realidades. Se é certo que as pessoas pintam as linhas de suas vidas a cada dia, no emaranhado de suas relações e sentimentos, experiências e sensações, e que isso torna única cada existência, é preciso preparar um cenário para que essa obra aconteça. No Centro Cultural da Juventude, o concreto e os vidros são apenas estrutura para o que há de melhor: ser espaço livre para a juventude se esparramar; ser base da vida toda; ser fase pra vida toda.


EQUIPE CCJ Diretor Geral Alex Piero (2013-2014) Ricardo Ponzio Scardoelli (2015-

2016)

Diretor de Programas e Projetos Murilo Pace Vernier dos Santos Equipe de colaboradores do CCJ Adriele Araújo Alaete Evangelista de Andrade Alex Alves Gomes da Silva Alexandre Ricardo Ana Carolina Thomaz Lourenço Ana Paula dos Santos Ana Paula Milanez Saraiva André Gimael Angelica Cristina Gomes Ariane Almeida Brito Beatriz Cristov Benedito Aparecido Cardoso Beth Seno Bruna Caroline Ferreira Vilalva Bruna da Silva Rocha Bruna Tamires de Souza Cruz Bruno Molliga Bruno Moura Pereira Carlos Neves Carmen Lucia de Lima Cátia Elias Misael Cauã Alex Domingos Fernandes César Augusto Garcia de Alencar Clayton João da Silva Cleber Flaviano Moreira Cleber Luizi Pissutti Cleusa Maria de Toledo Cristiani Roberta da Silva Ferreira Daiane Zito Rosa

Daniel Fagundes Danielle Menon Dayane dos Santos Dias Dora Lia Gomes Édipo Ruan de Lima Eduardo de Mello Ferrari Elaine de Souza Machado Elci Alves Arruda Elizabeth Luriko Tanaka Sena Eloisa Oliveira Rodrigues de Jesus Erica Gleisse Simões Ermiro Gonçalves dos Santos Gerson Sergio Brandão Sampaio Gianlucca Lisboa D’Antonio Henrique Sergio Rodrigues Costa Igor dos Santos Silva Ingrid Cordeiro Pierazzo Ingrid Soares Santos Isaias Ferreira Italo Yuri Leal Mendes Jeferson de Jesus Rodrigues Jefferson Barros Duarte Jesus Cavalcante de Assis Neto Jorge Duarte Josiane Elias Lima Julia Ferreira de Oliveira Juliana Niero Assumpção Kaliane Pereira Miranda Karen Cristina Magalhães dos Santos Karen Cristine D. de Moraes R. e Silva Karina Francielle Karina Marta Julio Kátia Nadal Kátia Regina de Jesus Leia Soares Gonçalves Leonardo Felippe Napoleão de Goes Luana Maria de Souza Marcelo Barbosa da Silva Maria das Merces Silva Maria das Montanhas Santos Costa

Maria de Souza Maria José Reis da Conceição Mariane Souza Teixeira Mauro Victor Vieira de Brito Mayara Amaral dos Santos Murilo Pace Vernier dos Santos Natasha Tsiftzoglou Pedro Henrique da Silva Melim Quele Ramone Maria de Jesus Perluiz Rafael Lemos de Freitas Rafael Silva de Souza Raquel Catelan Martins Pereira Ricardo Ponzio Scardoelli Rodrigo Antonio dos Santos Rodrigo Coimbra Alves Roger Silva de Lima Rogério Gonçalves Macedo Fonseca Romário Monte Sara Teixeira Gama Sarita Maria Martins Selma de Categero Bueno Shayanny Kassia de Sá Silvana Regina Giglio de Almeida Thais da Silva Caetano Thais Vieira Costa Thayame Silva Porto Uyrá Potyra Conceição de Jesus Vanessa Hala de Jesus dos Santos Victória Caroline Sales de Sousa Vinicius Barbosa Soares Washington Coelho Weslley Matos Willian Gabriel Elias Cordeiro Willy Marcolino

FICHA TÉCNICA Redação Adriele Araújo Eduardo de Mello Elcy Arruda Gerson Brandão Ingrid Soares Juliana Niero Karen Rego Murilo Pace Ricardo Scardoelli Rogério Fonseca Shayanny Sá Thayame Porto Entrevistas Adriele Araújo Projeto gráfico, diagramação e ilustração Ingrid Pierazzo Revisão Adriele Araújo Rogério Fonseca Impressão RBDigital Tiragem 3.000 exemplares

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Avenida Deputado EmĂ­lio Carlos, 3641 Vila Nova Cachoeirinha - CEP 02721-200 SĂŁo Paulo - SP - (11) 3343-8999 comunica@ccj.art.br | www.ccjuve.prefeitura.sp.gov.br twitter.com/CCJuventude facebook.com/CCJuventude


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