CONSUMIDOR
Como recuperar o crédito no pós-pandemia? Confira as dicas de um especialista em negociação A economia foi atingida diretamente como efeito paralelo das medidas adotadas contra a pandemia do Covid-19, aumentando a dívida de muitas pessoas que ficaram sem trabalhar e, consequentemente, não puderam manter em dias seus compromissos financeiros. Com o avanço da vacinação, a vida começa a voltar ao normal, mas ainda existe a preocupação em saber como colocar em dia as dívidas acumuladas. Para ajudar a elucidar esta questão, trazemos a opinião e dicas de um especialista em finanças, o vice-diretor Administrativo Financeiro das Faculdades Integradas de Taquara, professor Sérgio Antônio Nikolay, que tem ainda experiência principalmente nas áreas de administração geral, controle, crédito, risco, análise e concessão de crédito, entre outras. Nikolay defende que as empresas precisam entender este momento de recuperação para atuar de forma mais flexível nas negociações, abrindo mais possibilidades de atração da clientela. Ele sugere que prazos mais longos e mais campanhas de marketing mais agressivas podem ser diferenciais neste momento, e que podem ajudar também a atrair novos clientes que talvez tenham receio de gastar agora. CDL Negócios: Iniciando o momento de recuperação econômica após a Pandemia, como as empresas devem agir para recuperar clientes endividados? Professor Sérgio Nikolay: Desde março de 2020, vivemos momentos atípicos na nossa sociedade, com impactos diretos na economia mundial e, em especial, na brasileira, tudo em função do indigesto vírus da Covid-19. Esse reflexo na economia atingiu e está atingindo diretamente o fluxo de caixa das empresas, e, por consequência, a sua saúde financeira. Para enfrentar essa situação adversa, devemos exercer o espírito de compreensão e buscar mecanismos que amenizem a inadimplência no Contas a Receber. CDL Negócios: Alguma dica mais específica para as empresas? Professor Sérgio Nikolay: - Efetuar campanhas de atração, retenção e comprometimento dos clientes: “trazer o cliente às lojas”; - Conceder descontos para pagamento à vista das dívidas; - Efetuar negociações e renegociações com maiores facilidades e com juros reduzidos; - Efetuar isenção da cobrança de juros e multas para inadimplentes com atrasos de um a 180 dias; ou, ainda, efetuar isenção de juros e multas para débitos vencidos há mais de 360 dias; ou, ainda, efetuar isenção de juros e multas para débitos prescritos; e outros mais, dependendo da criatividade de cada empresário.
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CDL Negócios: Como os clientes podem, e devem, fazer para renegociar débitos neste momento? Professor Sérgio Nikolay: Inicialmente, todos devem estar conscientes do atual momento, que gerou muito desemprego em nossa região e agora é marcado por retomadas e novas ofertas de empregos. Todavia, todos nós “clientes/consumidores” devemos efetuar o tradicional “orçamento familiar”, reunindo a família (pai, mãe, filhos e outros) para, em conjunto, encontrar uma solução viável, indo ao encontro dos credores, propondo uma negociação ou uma nova renegociação que seja possível honrar. A negociação é um ótimo instrumento de regularização de nossos débitos. CDL Negócios: No caso específico de dívidas com cartões de crédito e bancárias, qual a melhor forma de negociar? Professor Sérgio Nikolay: Esta é uma outra situação desconfortável para débitos junto a instituições financeiras, pois, normalmente, os estabelecimentos de créditos (bancos e financeiras) não possuem a mesma flexibilidade que os empresários do comércio. Minha sugestão, inicialmente, é evitar por completo dívidas com cartões de créditos e/ou cheques especiais, pois as taxas de juros são astronômicas, se comparadas às do mercado comercial. Todos devem fazer um esforço, em conjunto com a família, para regularizar os débitos, mediante negociações com taxas de juros reduzidas ao máximo de 1% ao mês. CDL Negócios: Que dicas o senhor pode passar para evitar um endividamento ainda maior? Professor Sérgio Nikolay: Entendo que o caminho é reunir-se com a família e efetuar de forma simples o orçamento familiar, pois é muito simples, basta querer. E o grande segredo é ainda mais simples: primeiro, economize de 5% a 10% do seu salário mensal e depois gaste o restante. De nada adianta gastar e depois querer economizar. Acompanho muitos dramas de pessoas, que dizem “mas não me sobra nada no final do mês, pelo contrário, falta”. Realmente não é fácil, é necessário muita dedicação, disciplina e comprometimento. Dicas: Anote tudo o que você gasta; Economize; Faça sua poupança Faça planejamento;
Evite cheque especial; Evite desperdícios; Evite compras por impulso; Nunca gaste mais que pode; Pense no futuro e na sua família.