Ano 6 ı Número 20 ı Trimestral ı Janeiro 2018
Cooperar no Seio de um Cluster é uma Questão de Convicção e de Cultura e não uma Moda Reformular a Indústria Oportunidades no Golfo: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar
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MARKET REPORT
Cooperar no Seio de um Cluster é uma Questão de Convicção e de Cultura e não uma Moda Rui Tocha Diretor-geral da Pool-Net / Cluster de Competitividade “Engineering & Tooling”
Dificilmente, em 2007, alguém poderia prever um feito tão notável como o alcançado pelo cluster “Engineering & Tooling” (sobretudo pela indústria de moldes), ao concretizar, em seis anos, um crescimento do volume de exportações superior a 90%! Longe vão os tempos (2007-2009), em que se cerraram fileiras entre os principais protagonistas desta indústria, para, conjuntamente, fazerem frente a uma vaga de destruição de empesas, postos de trabalho, investimento e sobretudo de negócios à escala mundial, resultante de uma crise financeira que rapidamente contaminou também a indústria automóvel (cada vez mais poderosa e mais concentrada). De facto, a indústria de moldes, sendo infraestruturante (por estar na base do desenvolvimento da generalidade dos produtos mundiais), é também, por natureza, uma indústria de pequena dimensão e de grande flexibilidade (composta, essencialmente, por micro e pequenas empresas), cuja base tecnológica e de conhecimento impõem fortíssimos impactes de escala, em particular nos produtos sofisticados e nos mercados evoluídos, de clientes globais. Este posicionamento coloca-a na linha da frente da evolução económica. Naturalmente, que o desenvolvimento de uma crise global que arraste a indústria automóvel, tem também um impacte devastador na economia e em particular na sua cadeia de fornecimento (onde se inserem os setores de moldes e plásticos). Foi neste quadro que surgiu a estratégica coletiva, corporizada e assumida por um conjunto de protagonistas (40 entidades) que criaram a Pool-Net (Associação que representa e coordena o cluster “Engineering & Tooling”). E esta é, seguramente, a génese da força competitiva do nosso cluster e da nossa indústria, que percebendo a necessidade de se apresentar no mercado global como cadeia de valor alargada (one-stop-shop), reforçou a sua competitividade no apoio a clientes globais, desenvolvendo, um plano estratégico (visão de longo prazo), ancorado na marca coletiva “Engineering & Tooling from Portugal”.
Os resultados desta trajetória de desenvolvimento conjunta, são demasiado evidentes e altamente positivos, para que mesmo os mais críticos relativamente à cooperação empresarial não percebam as suas vantagens, como por exemplo: - Aumento superior a 90% nas exportações, desde 2010; - Afirmação internacional da marca coletiva “Engineering & Tooling from Portugal”; - Assinatura de 8 Acordos de Cooperação Internacional em vários continentes; - Mais de 150 milhões de euros de projetos de I+D+I (Investigação + Desenvolvimento + Inovação); - Mais de 30.000 pesquisas no portal do cluster; - Crescente integração de colaboradores com grau de mestrado nas empresas; - Crescente participação em redes e projetos nacionais e europeus; - Mais de 90 associados da Pool-Net em 2017; - Aprovação de vários projetos mobilizadores, envolvendo redes alargadas de parceiros (projetos com mais de 25 parceiros); - Reconhecimento internacional da indústria de moldes; - Atribuição do “Gold Label” ao nosso cluster pela ESCA (selo de excelência à escala mundial); - Reconhecimento do cluster pelo Governo Português; - Tooling e plásticos, reconhecidos pelas regiões nacionais, como áreas estratégicas de especialização inteligente (tornando elegíveis os projetos do cluster no quadro regional); Naturalmente, que estes resultados e muitos outros, percecionados no dia a dia, não são exclusivos da ação isolada da Pool-Net, da CEFAMOL ou do Centimfe, mas são seguramente o resultado de um trabalho conjunto e alinhado, ao longo dos últimos anos, ancorado numa ação diária das principais protagonistas que são as empresas do cluster.
Juntos, temos sabido demonstrar a coerência desta trajetória de desenvolvimento, beneficiando por isso do reconhecimento dos clientes globais e dos poderes públicos que assumem este cluster como um exemplo e motor de desenvolvimento económico. No entanto, não podemos esquecer a volatilidade da economia e a instabilidade e riscos que regem os negócios internacionais. O reconhecimento, como sabemos, é efémero se não estiver suportado numa base de credibilidade robusta e pode perder-se em qualquer momento. Não podemos esquecer, que a base da nossa estratégia assenta numa visão de desenvolvimento de longo prazo, na qual importa cimentar a cooperação, a visibilidade diferenciadora e a qualidade competitiva da nossa oferta. O caminho é longo, e uma marca leva muito tempo para se afirmar, pelo que importa reforçarmos a capacidade afirmação conjunta. O mercado é amplo, mas isolados sabemos que teremos muito mais dificuldades e necessitaremos de mais recursos (daí a nossa opção por uma estratégia de eficiência coletiva).
para reforçarmos a competitividade e o uso da nossa marca coletiva “Engineering & Tooling from Portugal”; estreitarmos o relacionamento institucional e entre pares; cuidarmos da forma como comunicamos (os empresários, as empresas, as instituições e o cluster); explorarmos a diferenciação de clientes e mercados (mitigando riscos futuros); integrarmos bem e desenvolvermos os nossos recursos humanos para os desafios do presente e do futuro; apostarmos em tecnologia e conhecimento diferenciador; etc. Enfim, todos sabemos que não podemos deixar de fazer aquilo que sempre fizemos, afirmando o nosso cluster (empresas, setores, industrias, instituições) de forma positiva, inovadora e diferenciadora, como modelo de desenvolvimento sustentado e de afirmação global. Juntos continuaremos a marcar a diferença do nosso “Engineering & Tooling from Portugal”.
A Pool-Net, a CEFAMOL e o Centimfe, assumem-se como os parceiros âncora do cluster “Engineering & Tooling”, no qual as empresas são a sua essência para os desafios do futuro. Assim, nesta segunda fase de desenvolvimento do cluster, torna-se vital aproveitarmos os projetos aprovados
ENGINEERING & TOOLING
MARKET REPORT
Reformular a Indústria Vítor Ferreira D. Dinis Business School
Para o empresário ou gestor da indústria de moldes, os últimos avisos de abertura do Portugal 2020 trouxeram a novidade da introdução obrigatória de um alinhamento do investimento com a estratégia nacional para a indústria 4.0. Investimentos em integração de sistemas informáticos, recolha de dados de produção, comunicação ao longo da cadeia de valor (de preferência entre vários níveis de fornecedores até ao cliente final), introdução de sensores, criação de modelos de otimização (com machine learning, ou pelo menos algumas rotinas próximas de inteligência artificial), introdução de sistemas de cibersegurança, são vários exemplos que devem ser ponderados na definição da estratégia individual das empresas industriais portuguesas. Ao redor deste contexto, conceitos fundamentais são a automação inteligente (se automação robótica existe desde os anos 60-70, já a capacidade de máquinas e de software para aprender iterativamente e serem flexíveis é algo novo), a Internet das Coisas (recolha automática de dados através de sensores mais ou menos ubíquos e máquinas que comunicam entre si em rede) e Big Data (os dados permitem a otimização e colocar as máquinas a aprender). Neste contexto há uma notícia que pode passar desper-
cebida, mas que deixa antever o futuro da economia global. Coletivamente, Google, Amazon, Apple, Facebook e Microsoft arrecadaram mais de 25 mil milhões de lucro líquido no primeiro trimestre de 2017. A Amazon capturou metade de todos os dólares gastos online nos EUA, enquanto Google e Facebook representaram quase todo o crescimento da receita em publicidade digital nos EUA do ano passado. Não nos esqueçamos, no entanto, que a maior empresa de comércio eletrónico não está neste lote (Alibaba) e que outros gigantes do software estão hoje entre as maiores empresas do mundo, como é o caso da chinesa Tencent, avaliada em 347 mil milhões de euros, que muitos preveem ser a maior empresa do mundo a médio-prazo (a Tencent tem tido enorme sucesso copiando empresas ocidentais, desde serviços de mensagem, até aos pagamentos online, passando pelas plataformas tipo Uber, etc.). Desta forma, parece evidente que o petróleo do século XXI são os “dados” que movem o negócio destas empresas. Ao vermos televisão, corrermos, conduzirmos, navegarmos na internet ou fazermos “likes” estamos a gerar dados que são tratados por estas empresas. Enquanto isso, as técnicas de inteligência artificial (IA), como
a aprendizagem por máquina, extraem mais valor desses dados e criam padrões que permitem otimizar ofertas. Estes algoritmos podem prever quando um cliente está pronto para comprar, um motor a jato precisa de serviço ou uma pessoa está em risco de uma doença. Como sabemos, esta tendência chegou à indústria e é conhecida pelo termo “indústria 4.0”, com a digitalização e recolha de dados sobre processos de produção (sensores em máquinas, linhas de produção, embalagens, etc.), que permitirão criar modelos para maior eficiência. Na verdade, gigantes industriais como a GE e a Siemens “vendem-se” hoje como empresas de dados. Mas tal como no início do século passado as economias de escala deram origem a “quase monopólios”, também hoje o domínio dos dados gera economias de rede que bloqueiam a concorrência (sem acesso a dados, os pequenos concorrentes não conseguem competir). Este é um fenómeno que se sente na publicidade online ou em outras áreas (como o comércio eletrónico), uma vez que as economias de rede são propícias a modelos de “vencedor arrecada tudo”. Talvez seja um bom aviso para as empresas nacionais, de que o ouro negro deste século são os dados e modelos. Dentro dos fortes investimentos proporcionados pelo Portugal 2020, a maioria das PMEs portuguesas na área industrial tem apostado fortemente na modernização de equipamentos (inovação de processo, mas cujo valor acrescentado vem muito do fornecedor), melhoria da estrutura de pessoal (evidenciado pelo drástico aumento do número de engenheiros nestas empresas – com efeitos futuros muito positivos ), algum investimento em software/ERPs (mas também aqui são os fornecedores a potenciar a inovação) e algumas parcerias com o sistema científico e tecnológico (dada a pequena escala das empresas
que não lhes permite ter uma estrutura/investimentos de I&D, as parcerias permitem criar projetos de investigação aplicados, melhorando a capacidade endógena de inovação). Contudo, parece evidente que a maioria das empresas não tem apostado noutras áreas que serão vitais, como a criação de novos modelos de negócio ligados à customização em massa, tecnologias de fabrico digital e IoT; como a reformulação das culturas empresariais (não podemos gerir uma força de trabalho altamente formada e criativa com os modelos de gestão presentes na maioria das empresas), ou ainda como a integração de cadeias de valor, recolha de dados e criação de modelos (de preferência proprietários ou as grandes empresas terão sempre vantagem). Estes modelos exigem um aumento da capacidade competitiva que pode derivar de lógicas de cooperação ou mesmo de fusões entre várias empresas. No fundo, se por um lado estamos a falar de tecnologias avançadas, que passam pelos domínios da inteligência artificial, da eletrónica e robótica, por outro lado, há uma necessidade de reinventar, reorganizar e gerir as empresas de uma forma diferente (foi por essa mesma razão que a D. Dinis Business School, a ESTIA e o CDRsp se juntaram para criar um programa de gestão da indústria 4.0). Esperemos que quer os gestores/empresários, quer as entidades de política pública percebam que, para além do brilho da tecnologia, devemos aprofundar a capacidade de inovação da indústria nacional, alterar modelos de negócio e criar mais valor acrescentado por unidade produzida (seja de uma peça de cerâmica, um molde, um sapato ou uma garrafa de vinho), pois só dessa forma poderemos ser competitivos face não só aos países emergentes (da China à Eslováquia), mas também face à Alemanha, França e EUA.
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MARKET REPORT
N OTÍCIAS Secretária de Estado da Indústria em Almoço-Conferência da CEFAMOL “Indústria de moldes é das que mais prestigia Portugal” “A indústria de moldes é uma das indústrias que mais prestigia Portugal: tem uma visão de futuro e uma ambição internacional que é, de facto, assinalável”. Assim o considerou Ana Teresa Lehmann, secretária de Estado da Indústria, no passado dia 10 de outubro, em São Pedro de Moel (Marinha Grande), no decorrer de um almoço-conferência, organizado pela CEFAMOL e integrado no ciclo de sessões “Engineering & Tooling: Oportunidades e Desafios”. A responsável governamental classificou ainda este como “o sector que se tem imposto internacionalmente como uma referência, mostrando, no mundo, o que de melhor se faz no nosso país”. Reportando-se à última década, Ana Teresa Lehmann considerou que esta indústria teve uma evolução “impressionante” por ter conseguido “fazer sempre este upgrade, em inovação e investimento, e ter conseguido, em simultâneo, indicadores tão interessantes, sobretudo no que toca às exportações”. Reconhecendo a necessidade de mão de obra qualificada e reiterando o apoio do Governo à formação profissional para o sector e à atração de jovens para a indústria, a secretária de Estado lançou um repto às empresas: “Conta-
mos convosco para um desafio fundamental, algo que conhecem muito bem, a ‘Indústria 4.0’”, disse, sublinhando que este processo de mudança “não deve ser visto apenas como um processo tecnológico, mas também como social e transformador”. Esta iniciativa contou com a presença de cinco dezenas de participantes, na sua maioria, os responsáveis máximos de empresas do sector. Previamente à sessão pública, as Direções da CEFAMOL e Centimfe, tiveram oportunidade de reunir com a secretária de Estado, fazendo uma breve caracterização do sector e da sua evolução, indicando alguns dos principais constrangimentos que afetam as empresas e a sua dinâmica, sugerindo possíveis soluções para ultrapassar ou minimizar tais desafios.
Protocolo estreita relação entre CEFAMOL e associação automóvel de Marrocos A CEFAMOL assinou um protocolo de colaboração com a AMICA (Associação Marroquina dos Fornecedores da Indústria Automóvel), que prevê estreitar as relações já existentes entre ambas as associações. O documento identifica várias áreas de intervenção que pretendem promover e dinamizar as relações económicas e de parceria entre empresas dos dois países. Desde já, se salienta a participação da CEFAMOL e seus associados no “Salão de Subcontratação Automóvel“ de Tânger, prevista para abril de 2018. A assinatura deste protocolo teve lugar durante a realização de uma missão empresarial que a CEFAMOL promo-
veu em Marrocos, nos passados dias 5 e 6 de dezembro, e que coincidiu com a 13ª Cimeira Luso-Marroquina, presidida pelos primeiros-ministros de ambos os países, e que contou ainda com a presença, na representação portuguesa, de dois ministros (da Economia e do Mar) e dos secretários de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, da Modernização Administrativa e da Energia. A missão da CEFAMOL integrou-se no âmbito do projeto de promoção internacional “Engineering & Tooling from Portugal” e foi realizada em parceria com a AICEP e a Associação de Fornecedores da Indústria Automóvel (AFIA). Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, conta
tatação de que “a indústria automóvel em Marrocos se encontra em pleno desenvolvimento, com a instalação de empresas construtoras”. São disso exemplo os casos da Renault, já ali instalada, e da PSA (grupo Peugeot Citroen) que prepara a instalação no país. A missão empresarial da CEFAMOL visitou a zona franca de Kenitra, futura localização dessa unidade.
que a deslocação permitiu “perceber que existem muitas oportunidades para a indústria de moldes nacional, nomeadamente junto da indústria automóvel”. O responsável sublinha que “há uma interessante aproximação entre os dois países, a nível económico”. E isso é confirmado pelos dados do Governo português, segundo os quais, em matéria de relações económicas, mais de 1.300 empresas nacionais estão a exportar para o mercado marroquino, país que registou, no ano passado, um crescimento económico na ordem dos 4%.
Integrada no programa da cimeira entre os dois países, teve lugar um fórum empresarial luso-marroquino, que permitiu às empresas portuguesas reforçar o seu conhecimento sobre o desenvolvimento do mercado e estabelecer um conjunto de contactos e interligações com alguns players da economia local. No âmbito desta missão, houve ainda a oportunidade para a realização de visitas a empresas de injeção de plásticos, estabelecidas na região de Casablanca. Para além de representantes das duas associações (CEFAMOL e AFIA) a missão integrou nove empresas: Batista Moldes, Epedal, Inapal Metal, Itecmo, Kirchhoff Automotive, Moldene, Moldoeste, O2A e TJ Moldes.
Manuel Oliveira conta ainda que um dos aspetos interessantes para a indústria de moldes nacional foi a cons-
Sector discute “Internacionalização em Cooperação” Inserido no projeto “Tool2Market”, a CEFAMOL dinamizou, no passado dia 10 de outubro, o workshop “Internacionalização em Cooperação”, no decorrer do qual foi apresentado o estudo promovido pela associação dedicado ao mesmo tema. Esta iniciativa pretende sensibilizar e capacitar as empresas, para diferentes modelos de cooperação e interação no mercado, que dinamizem a sua internacionalização, sendo esta uma excelente oportunidade para as empresas ganharem dimensão e gerarem massa crítica que permita minimizar riscos e aplicação de recursos, conseguindo assim tornarem-se mais fortes e competitivas e seguir alguns dos seus principais clientes a nível global.
A sessão terminou com o debate do tema por representantes do sec- tor. Os empresários, João Faustino (TJ Moldes) e Nuno Silva (Moldit), par- tilharam com os presentes alguma da experiência que têm nesta temática falando, por exemplo, de projetos em curso, alguns ainda em fase embrionária, mas que permitem ganhar experiência e ilações im- portantes para um novo modelo de presença no mercado internacional.
José Camacho, da Business Innovation & Industrial Dynamics (BIID) foi um dos oradores convidados para falar sobre o tema e apresentar o guia desenvolvido, onde, para além da análise de vários modelos de internacionalização, se apresentam diversas recomendações às empresas, entre as quais, a possibilidade de desenvolverem “redes” ou “alianças estratégicas” com diferentes tipologias de parceiros.
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CEFAMOL apresenta “Guia para a Internacionalização em Cooperação” A ideia-chave do documento é a cooperação: internacionalizar, mas não sozinho. O estudo defende, como recomendação, a criação de alianças estratégicas entre as empresas como “um instrumento metodológico adequado”.
Estratégia
Trata-se de um estudo, encomendado pela CEFAMOL Associação Nacional da Indústria de Moldes, e plasmado num documento com 74 páginas, sobre a “Internacionalização em Cooperação” das empresas do sector de moldes, apontando como vantagens a possibilidade de uma participação efetiva nos processos e nos planos desenvolvidos e o acesso a países e a mercados integrados no âmbito macrorregional. O investimento direto no estrangeiro pode ser uma das respostas a algumas das condicionantes que se colocam, atualmente, à indústria de moldes no acompanhamento dos seus clientes a nível global. Tal investimento poderá permitir ultrapassar a situação de elevada dependência (das empresas portuguesas) de mercados tradicionais que pode ser entendida como uma vulnerabilidade. Possibilita também “contornar o que a estatística evidencia: a concentração da atividade comercial internacional nas grandes áreas geográficas”, assumindo ainda “um papel de relevo no processo de diversificação de sectores clientes, nos casos em que a localização de atividades, junto de clusters ou polos pré-existentes e consolidados, pode constituir o fator necessário para criar laços, parcerias e desenvolver negócios”. Estas são algumas das conclusões do “Guia para a Internacionalização em Cooperação”. “Esta iniciativa pretende sensibilizar e capacitar as empresas para diferentes modelos de cooperação e interação no mercado, que dinamizem a sua internacionalização”, explica Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL.
A CEFAMOL e o Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos (Centimfe) “podem criar instrumentos e desenvolver ações facilitadoras” à internacionalização em cooperação, como a criação de “uma base regional de formação e de inteligência competitiva”, o aprofundamento da participação em projetos de integração regional, defende o estudo que realça também a necessidade de se manterem os modelos tradicionais de abordagem aos mercados internacionais (como as missões empresariais ou a participação coletiva ou individual em feiras). Aconselha ainda a que seja mantida a gestão da comunicação da marca coletiva “Engineering & Tooling from Portugal” - em sintonia com a empresa gestora Pool-Net - devendo apostar-se ainda na “constituição de um embrião de um serviço com competências especializadas como elemento facilitador da identificação, constituição e de apoio à gestão de alianças estratégicas”. No estudo é também proposto um modelo a seguir no que diz respeito ao planeamento da aliança entre as empresas, sublinhando a importância se considerarem questões como a seleção dos parceiros, a negociação e estrutura, a operacionalização e gestão e o controlo e performance da aliança, na lógica de cada um dos parceiros. A estratégia definida e aconselhada surge como o resultado de uma rigorosa análise (que faz parte deste guia) à evolução económica dos mercados, no sector de moldes e plásticos, nos últimos anos, mas também à evolução do próprio sector nas últimas décadas.
“Fakuma” termina com balanço positivo Representação portuguesa desperta interesse de imprensa alemã Saldou-se pela positiva a participação da CEFAMOL, juntamente com 26 empresas portuguesas na “Fakuma”, uma das mais importantes feiras mundiais para o sector dos plásticos e sua cadeia de valor, que decorreu entre 17 a 21 de outubro, no Centro de Exposições de Friedrichshafen, na Alemanha. “Penso que, de um modo geral, todas as empresas ficaram agradadas com esta participação”, contou, em jeito de balanço, João Faustino, presidente da CEFAMOL. Um dos pontos interessantes foi a curiosidade que a representação nacional despertou junto da imprensa alemã. A CEFAMOL foi contactada, inicialmente, por algumas revistas especializada do sector dos plásticos, vindo a ser, mais tarde, visitada por um canal de televisão especializado nesta fileira industrial - a Plastiale.tv - que está a produzir uma reportagem centrada, sobretudo, na estratégia de promoção internacional do sector de moldes português. “Foi muito gratificante perceber este interesse. Por aquilo que apurámos, centrou-se na representação portuguesa pelo seu peso e importância como fornecedor de moldes à Alemanha “, explica. Este trabalho televisivo incidiu também no papel da CEFAMOL e da Pool-Net, tendo os responsáveis por estas duas associações sido entrevistados.
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“O que se pretendeu foi dar a conhecer e dinamizar as nossas valências enquanto produtores de moldes para a Europa e abordar um pouco o papel da CEFAMOL e da Pool-Net como entidades representativas do sector”, adianta João Faustino. Quanto à “Fakuma”, o presidente da CEFAMOL sublinha que se trata de uma feira onde vários dos produtores nacionais de moldes já marcam presença há muitos anos e, uma vez mais, “foi positiva”. Classificando a “Fakuma” como “das melhores feiras do sector”, justifica que se trata de um certame, até pela localização geográfica, onde “marcam presença todos os que procuram fornecedores de moldes, independentemente da localização”. A representação portuguesa, acrescenta, “teve muitos visitantes de vários pontos da Europa, nomeadamente, central e de leste”. “A ‘Fakuma’ é uma feira onde há análise das várias capacidades - sejam portuguesas ou estrangeiras - do sector dos moldes”, explica ainda. “No sector, existe sempre aquela expectativa de como vão ser os próximos meses, em termos de encomendas e de volume de trabalho. Esta feira e o contacto que permite, é importante para as empresas receberem o feedback dos clientes relativamente a novos projetos”, considera.
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Missão da CEFAMOL ao Japão atinge objetivos Saldou-se pela positiva a missão empresarial da CEFAMOL, ao Japão. “A deslocação permitiu-nos conhecer um pouco da realidade da indústria de moldes no Japão, desde a dinâmica deste mercado às tecnologias de que dispõe”, conta Manuel Oliveira, secretário-geral da associação, sublinhando que, por isso, a missão “correu de forma positiva e dentro das nossas expectativas”.
te. Inclusivamente, há três anos, o cluster “Enginneering & Tooling” celebrou um protocolo de cooperação com a Nagano Techno Foundation, envolvendo entidades locais dos dois países e, no caso nacional, também a Universidade do Minho. Desde então, têm-se efetuado encontros regulares, com a realização de várias ações, todos os anos, ora em Portugal, ora no Japão.
Contando com a participação de dez empresas, a PoolNet e ainda com a Universidade do Minho, esta deslocação decorreu entre os dias 23 e 27 de outubro. Permitiu aos participantes conhecer melhor a realidade da indústria local - “Percebemos que o sector tem uma relação próxima com os seus clientes no mercado interno japonês e que as operações fora do Japão são, sobretudo, com as empresas japonesas que se estabeleceram no estrangeiro. Ou seja, seguem os seus clientes dentro e fora do país”, explica Manuel Oliveira.
Esta missão, adiantou Manuel Oliveira, permitiu não só “um reforço desta relação” como também tomar conhecimento dos mais recentes projetos em curso promovidos pelos parceiros “perspetivando o desenvolvimento de áreas de cooperação para o futuro”.
Uma postura que os participantes na missão consideraram “muito interessante” e que permitiu, dentro do grupo português, ir comentando, entre si, as diferenças de estratégia que iam encontrando, concluindo sobre a melhor forma de interagir com as empresas japonesas localizadas, por exemplo, na Europa. “Um dos desafios por que passa, também a indústria japonesa, é a necessidade de atrair juventude. Não têm a carência que se nota no sector, seja em Portugal, seja noutros países da Europa, mas é também uma questão que os preocupa”, adiantou Manuel Oliveira. O Japão é um mercado que a indústria portuguesa de moldes tem acompanhado de há alguns anos a esta par-
O programa da missão, para além da visita a várias regiões - contactos empresariais - contemplou também a participação na “International Plastics Fair” (IPF) que, reunindo 800 expositores, decorreu na Makuhari Messe, em Tóquio. “Permitiu o contacto com muitas empresas locais - a grande maioria dos expositores eram japoneses - mas também possibilitou conhecer muito do desenvolvimento tecnológico para a nossa indústria e para o sector dos plásticos. O Japão tem uma grande base de conhecimento e tecnologia que chega a outros mercados e foi possível observar isso nesta feira”, sublinha o secretáriogeral da CEFAMOL. Nesta missão, a CEFAMOL fez-se acompanhar pelas empresas A. Silva Godinho, Exportools, Moldit, MoldWorld, Iberomoldes, Geocam, Portumolde, Tebis, Iber-Oleff e ainda pela Pool-Net e Universidade do Minho.
“Plastimagen”: Empresas portuguesas satisfeitas com feira no México Saldou-se pela positiva, a participação coletiva da indústria portuguesa de moldes na feira “Plastimagen”, que decorreu entre 7 e 10 de novembro, na Cidade do México. Nesta representação, a CEFAMOL, fez-se acompanhar por 16 empresas que, no seu conjunto, ocuparam um dos pavilhões do certame, numa área de 382 metros quadrados. Uma representação de dimensão assinalável, que se destacou e até recebeu elogios, quer da organização, da imprensa local e de muitos visitantes. “Foi uma participação que se saldou pela positiva. No final, as empresas portuguesas mostravam-se satisfeitas”, explicou Patrício Tavares, da CEFAMOL, adiantando que “a ‘Plastimagen’ é uma feira dedicada ao sector dos plásticos e toda a sua cadeia de valor, mas de características muito específicas, muito focada na indústria interna mexicana”.
A representação nacional recebeu a visita do delegado da AICEP Portugal no México, Álvaro Cunha, que esclareceu algumas das empresas em relação a questões específicas sobre o mercado mexicano. O responsável da AICEP manifestou-se “otimista em relação à presença dos moldes portugueses” naquele país e disponível para apoiar as empresas que pretendam desenvolver aí negócios, contou ainda Patrício Tavares. A CEFAMOL fez-se acompanhar, nesta feira, pelas empresas Batista Moldes, Frumolde, Geco, JDD Moldes, Mexportools, Moldes RP, Moldoeste, Moliporex, Pearlmaster, Prifer, Socem, SRFAM, Steelplus, Tecnifreza, Tecnimoplas e Wattcool.
No que diz respeito aos visitantes, Patrício Tavares explicou que se destacou o interesse que demonstraram pelo sector de moldes português, proporcionando às empresas nacionais presentes estabelecer “bons contactos”.
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CEFAMOL realiza ‘Roadshow’ no México em 2018 para as exportações desta indústria. Com efeito, sublinha o responsável, até setembro de 2017, o valor das exportações do sector para o mercado mexicano “já ultrapassou o total do ano de 2016”. Nesse ano, o México integrava a lista dos dez principais mercados da indústria de moldes portuguesa, na sexta posição, representando 4% do total.
A CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes vai realizar, em 2018, um ‘roadshow’ de carácter inovador no México. Nesse âmbito, a associação propõe-se levar empresas nacionais a participar em dois eventos, na zona centro daquele país, nos quais o sector português nunca marcou presença de forma coletiva: a “Expoplast” (uma feira que se realiza em novembro, em Guadalajara) e o ‘Foro Proveeduría Automotriz (um importante evento do sector automóvel, que também tem uma mostra incorporada, e que se realiza em outubro, na zona de León). O anúncio foi feito no decorrer do seminário “México: Oportunidades de Mercado e Internacionalização” que, organizado pela CEFAMOL, teve lugar no dia 23 de novembro, nas instalações da incubadora OPEN, na Marinha Grande, tendo como objetivo dar a conhecer às empresas do sector as potencialidades deste mercado que tem crescido, nos últimos anos, como destino das exportações da indústria nacional. Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, explicou que a participação nestes eventos complementa a abordagem ao mercado e o trabalho de promoção do sector que a associação tem vindo a desenvolver naquele país, um destino que assume uma importância cada vez maior
“A abordagem que temos programada tem ações novas e projetos diferentes”, afirmou Manuel Oliveira, convidando as empresas a participar com a CEFAMOL, quer na modalidade de stand coletivo - uma metodologia que tem sido usada, com bastante sucesso, em alguns certames no estrangeiro - ou através de stands individuais. “O México oferece muitas oportunidades. Pela forma como está a crescer, é muito interessante e tem carência de novos negócios”, explicou, sublinhando que a CEFAMOL “está disponível para apoiar as empresas que tenham interesse neste mercado”. Em 2017, a CEFAMOL organizou a participação coletiva em duas feiras: a “Automotive Meetings Queretaro” e a “Plastimagen”, para além de ter desenvolvido missões empresariais naquele país e de ter trazido a Portugal alguns potenciais clientes a visitar empresas do sector. Foram realizados, também, alguns workshops sobre o mercado mexicano. Um dos principais destaques deste trabalho foi a publicação, apresentada no dia 23 de novembro, do ‘Case Study - México Criação de uma Unidade de Apoio’, integrado no projeto “Internacionalização em Cooperação”. Este documento, de cem páginas, explica o processo de apoio à criação de uma unidade produtora de moldes no mercado e os passos a desenvolver para a mesma. “Este modelo (de cooperação) é possível, mas é preciso que as empresas saibam discutir os objetivos e definir bem as regras do modelo a seguir”, considerou Manuel Oliveira, sublinhando que “é possível, não apenas para o México, mas também para outros mercados”.
Seminário apresenta oportunidades no Leste da Europa e Golfo Pérsico “Golfo Pérsico e Europa de leste: Oportunidades de Mercado e Internacionalização” foi o tema de um seminário, organizado pela CEFAMOL, que decorreu no dia 20 de dezembro, na incubadora OPEN, na Marinha Grande. O evento, que se destinou prioritariamente a empresários e quadros dirigentes da indústria de moldes e ferramentas especiais, teve como ponto principal a apresentação de dois estudos, produzidos pela associação, para os mercados da Europa de leste (Roménia e Bulgária) e do Golfo Pérsico (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar). Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, explicou que a elaboração dos estudos se insere na estratégia de diversificação de mercados levada a cabo pela associação e cuja finalidade é, dando a conhecer as suas potencialidades, permitir às empresas do sector “encontrar novas oportunidades de negócios”. “Existe uma natural tendência para o que são os mercados tradicionais, como a Espanha ou a Alemanha, mas há que olhar para o mundo e procurar novas oportunidades”, defendeu, frisando que, com esse objetivo em mente, a CEFAMOL “tem trabalhado em várias ações, desde o conhecimento do ‘terreno’, através das missões ou feiras, até à elaboração de estudos e análises que permitam conhecer melhor outras regiões”. Coube a José Camacho, da Business Innovation & Industrial Dynamics (BIID) fazer a apresentação dos estudos. Como introdução, o responsável salientou que se trata de mercados com características muito diferentes. “O mercado do Golfo Pérsico é um mercado de futuro, onde a componente principal é estar presente para poder antecipar o futuro”, afirmou. Já nos mercados do leste da Europa, considera que a componente principal, uma vez que há já empresas portuguesas a trabalhar essa região, “é alargar a nossa intervenção, ou seja, criar pontes para as indústrias presentes, tendo em atenção as cadeias de valor em que estas estão envolvidas”.
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Os estudos referem que, quer num, quer noutro mercado, há vantagens a considerar. “O que encontramos no Golfo Pérsico tem a ver com aspectos de intervenção política dos Estados, no sentido de criar uma diversificação importante no que é o seu negócio principal: o petróleo. As bases industriais estão a ser instaladas neste momento e a lógica é positiva, bem como os instrumentos que estão em curso”, explica. No caso da Roménia e da Bulgária, salienta,”o que estamos a assistir é a expansão da integração desses dois países na União Europeia e nos seus sistemas industriais, logo o que é possível encontrar, do ponto de vista das empresas portuguesas, são instrumentos de natureza industrial ou sectorial que são muito semelhantes aos que conhecemos no nosso país”. Mas nem tudo são vantagens e, por isso, aconselha José Camacho, é preciso alguma cautela na decisão de avançar. “O Golfo Pérsico é, do ponto de vista da distância psíquica (que tem em conta, para além da distância física, as diferenças culturais), um mercado que está mais longe de nós e a nossa abordagem tem de ser mais cautelosa”, considera, referindo que, no que diz respeito à Roménia e à Bulgária, “são mercados que já conhecemos, onde as regras são relativamente semelhantes e a abordagem é muito mais fácil e mais franca”.
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Oportunidades a Leste “Europa de leste - Oportunidades para a Indústria de Tooling” é um estudo de oportunidades para a indústria de moldes portuguesa na Bulgária e Roménia, mas que inclui também informações sobre o comércio internacional de tooling em seis outros países de leste: Polónia, República Checa, Eslováquia, Eslovénia e Croácia. O estudo, um documento de 98 páginas, considera que o nível de comércio da Bulgária e da Roménia com Portugal é limitado, tendo, no entanto, potencial de crescimento. “Há visão, quer dos países, quer de empresas, em processo de integração nas redes industriais globais, em particular nos sectores automóvel e aeronáutico, com dinâmica de crescimento”, refere. “O crescimento da presença nestes mercados passa pela integração em projetos e em encomendas conjuntas ou complementares com as das empresas e subsidiárias de multinacionais aí instaladas”, ressalva ainda o estudo. Aconselha que sejam realizadas ações ao terreno, como missões, participação em feiras, visitas a empresas, comunicação da marca coletiva, entre outras. Sublinha também que ambos os países acedem a instrumentos europeus e locais no domínio da formação, da competitividade e da investigação e desenvolvimento que podem ser utilizados para criar parcerias e novas possibilidades de entrada no mercado. As exportações portuguesas para o leste da Europa foram, em 2016, de 106,4 milhões de euros. Nos moldes para plástico e borracha, Polónia e República Checa detinham, em 2016, a quarta e quinta posições como principais destinos, com 6,4 e 5,5% respetivamente, e correspondendo a 37 e 32 milhões de euros.
Bulgária e Roménia Em termos de caracterização, recorrendo a vários estudos e análises, este documento da CEFAMOL considera que a Bulgária “enfrenta um processo de aprendizagem desafiante”, destacando que a produção industrial cresceu cerca de 2,8%, em 2016. “Mas o seu maior problema é a falta geral de estratégia e de visão sobre o seu próprio papel na União”, refere o estudo. As importações de moldes para plásticos ou borracha são, atualmente, oriundas, sobretudo, da China e tem a indústria automóvel num lugar sólido da economia do país, representando 3,5 % do PIB. A Roménia é considerada também como um mercado interessante. “Espera-se que o seu crescimento económico se situe nos 4%, em 2017, e continue nos anos seguintes”, aponta o estudo. Os maiores projetos novos estão na indústria automóvel. O número de automóveis produzidos quase que duplicou nos últimos 10 anos, atingindo 387 mil, em 2015. Para além disso, a indústria aeroespacial tem forte presença, com um conjunto alargado de fabricantes de produtos e componentes.
Golfo Pérsico quer diversificar “Golfo Pérsico: Oportunidades para a Indústria de Tooling no Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos”, é o tema do estudo apresentado pela CEFAMOL. Um documento que, com 108 páginas, faz uma caracterização exaustiva de uma economia que procura alternativas à forte dependência do petróleo. Chama ainda a atenção que, pela localização geográfica, está muito próxima de zonas de grande instabilidade. Segundo o estudo, “as economias do Conselho de Cooperação do Golfo evoluíram significativamente na última década, mas é necessária uma maior diversificação”. Dá conta que estes estados têm estratégias para o desenvolvimento sustentável de forma a reduzir a dependência das receitas petrolíferas (que têm baixado) e aumentar a criação de emprego no sector privado. O documento explica que têm havido várias políticas e iniciativas para melhorar o clima dos negócios, concluindo que as reformas introduzidas têm melhorado o arranque e licenciamento de empresas, definido políticas de concorrência, e outras questões como os direitos de investidores e consumidores e leis relacionadas com as empresas.
Oportunidades Na indústria de moldes, as importações e exportações nestes países são muito reduzidas devido à limitada capacidade produtiva existente. Na Arábia Saudita, a China foi o principal parceiro, de onde importou 22,8% do total, em 2015. Mas há ainda importações de outros mercados, ainda com pouca expressão, como Luxemburgo, Suíça ou Alemanha. A região está, no entanto, entre os maiores mercados do consumo de au- tomóveis, tendo as importações atingido 38 biliões de dólares, em 2013.
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A Arábia Saudita encabeça esta lista e tem projetos para desenvolver a industria automóvel, incentivando investimentos locais e estrangeiros. É neste país que se localiza a sede da Saudi Basic Industries Corporation (SABIC), um dos líderes mundiais em tecnologia relacionada com a transformação do plástico, sendo responsável por 60% dos materiais poliméricos usados hoje na indústria automóvel. Os Emirados Árabes Unidos têm planos para um novo e importante centro automóvel, em Abu Dhabi, que visa estender-se por 12 km2 de terrenos e prevê a instalação de várias marcas automóveis. O país tem já uma presença considerável de fabricantes de componentes e quer aumentar também as oportunidades na indústria aeroespacial. Quanto ao Qatar, mostra-se recetivo a projetos de investimento de novos produtos e tecnologias que deem destaque às matérias-primas locais e indústrias que promovam a exportação. Oferece algumas vantagens para os investidores estrangeiros, onde se destacam algumas isenções fiscais.
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OPORTUNIDADES NO GOLFO: ARÁBIA SAUDITA, EMIRADOS ÁRABES UNIDOS E QATAR1 José Ferro Camacho Ph.D., Professor de Gestão no IADE, Universidade Europeia
1. Enquadramento Considerado estratégico, o objetivo de diversificação de mercados de destino da produção portuguesa necessita do desenvolvimento de ferramentas de observação e de análise de novos potenciais clientes. Na linha de outros trabalhos realizados no passado, este artigo faz um breve resumo do estudo de oportunidades no Golfo Pérsico. A Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos (EAU) e o Qatar podem ser objeto de uma análise conjunta, não só porque constituem componentes importantes do “Cooperation Council for the Arab States of the Gulf”, geralmente referenciado como GCC – Gulf Cooperation Council, mas também por terem estabelecido políticas económicas semelhantes. Numa fase posterior à elaboração do trabalho, a relação entre estes países desembocou num conflito com um foco no Qatar, tendo como base as relações do país com o terrorismo islâmico (Irmandade Muçulmana e outros grupos islamitas como Hezbollah do Líbano, apoiado pelo Irão, a Al-Qaeda e o Daesh), a influência da cadeia televisiva Al Jazeera e a tipologia das relações com o Irão. Liderados pela Arábia Saudita e os EAU, um grupo crescente de países árabes cortou relações diplomáticas, fechou as fronteiras com o Qatar e apresentou um conjunto de exigências a serem cumpridas. Contudo, a situação é objeto de uma grande ambiguidade, quer devido à Arábia Saudita também ser acusada de apoiar financeiramente o Wahhabismo Salafita, uma forma fundamentalista do Islamismo, base ideológica do Estado Islâmico (ISIS / Daesh), quer pelos EUA manterem no Qatar a sua maior base - Al Udeid – no Médio Oriente, que suporta as campanhas militares contra o ISIS e a guerra no Afeganistão. Acresce a este panorama o interesse da China no desenvolvimento de uma nova “Rota da Seda”, cenário em que o Qatar terá um papel importante. Neste contexto de enorme complexidade, o congelamento do conflito pode emergir como uma solução respeitável para os envolvidos, após concessões por parte do Qatar. Neste novo quadro, as conclusões referentes às políticas económicas permanecem válidas, embora passíveis de ajustamentos posteriores.
As políticas que estão a ser implementadas baseiam-se na experiência internacional e incluem os seguintes aspetos: - Reforço dos investimentos na educação, nos domínios da ciência e da tecnologia e do ensino técnico e profissional; - Desenvolvimento de setores específicos; - Investimentos em infraestruturas físicas e fortalecimento do ambiente legal e regulatório para reduzir o custo de fazer negócios (incluindo zonas de livre comércio); - Incentivo ao empreendedorismo e à inovação através do acesso à informação, às tecnologias de comunicação e ao financiamento e uma maior despesa em investigação e desenvolvimento. Os países de sucesso concentraram-se na criação de incentivos para encorajar as empresas a desenvolver mercados de exportação e para apoiar os trabalhadores na aquisição das competências e da educação, conseguindo empregos nestas novas áreas em expansão. Além de se concentrarem na criação de um ambiente económico estável e num clima favorável para a realização de negócios, os incentivos implicaram o seguinte: - Realizar investimentos em clusters industriais de alta produtividade, mesmo quando não existia nenhuma vantagem comparativa anterior; - Desenvolver ligações horizontais e verticais a partir de clusters industriais. A criação de redes de fornecedores locais em torno das indústrias de exportação existentes pode expandir o potencial de emprego de um determinado setor; - Utilizar capital estrangeiro para promover a transferência tecnológica, através da criação de zonas de livre comércio, da oferta de incentivos fiscais e da flexibilização das restrições tarifárias e da redução das barreiras nãotarifárias; - Utilizar subsídios à exportação, incentivos fiscais e acesso ao financiamento para facilitar a tomada de riscos por parte dos empresários, especialmente das PME, nas indústrias nascentes.
3. Iniciativas Nacionais Arábia Saudita 2. Necessidade de Diversificação2 As economias do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) evoluíram significativamente ao longo da última década, mas continua a necessidade de uma maior diversificação. Embora a participação da produção de não-hidrocarbonetos no PIB tenha aumentado de forma constante, a diversificação das exportações tem sido ainda limitada. Estas estratégias visam promover o desenvolvimento sustentável, reduzir a dependência das receitas petrolíferas e aumentar a criação de emprego no setor privado. Estes objetivos estão presentes nas estratégias de longo prazo da Saudi Vision 2030, na Oman Vision 2020, na UAE Vision 2021, na Bahrein Vision 2030 e na Qatar National Vision 2030.
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Cidades Industriais: a instituição e o desenvolvimento de cidades industriais, como Jubail, Yanbu, Jeddah ou Dammam, constituem um instrumento importante desta política, com a oferta de incentivos a novas empresas. Indústria Automóvel: desenvolvimento de um polo automóvel de classe mundial para o Médio Oriente, quer como forma suprir a crescente procura local (800.000/ ano), quer como base para toda a região. Esta estratégia comporta três vertentes: 1) OEM, quer no domínio dos veículos de transporte que integra joint-ventures com a Mercedes-Benz, a Volvo, a MAN ou a montagem da Isuzu, quer no capítulo dos veículos ligeiros, aonde prefiguram as intenções da Jaguar / Land Rover e da Toyota;
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2) A Arábia Saudita é atualmente responsável por 183 das 300 unidades de montagem e fabricação de peças da região do Golfo e procura expandir seu papel como um setor internacional de componentes automóveis; 3) Iniciativas autónomas locais, como o exemplo do Ghazal 1, primeiro automóvel desenhado e construído pela Arábia Saudita, especificamente para o clima do Golfo e que se baseia no SUV da Classe G da Mercedes.
Emirados Árabes Unidos Indústria automóvel: planos para o desenvolvimento de um centro automóvel em Abu Dhabi - Auto City. A Rahayel City contará com espaço para fabricantes de automóveis, distribuidores, revendedores e fornecedores de peças. Estender-se-á por 12 quilómetros quadrados de terreno. Os trabalhos já começaram na primeira fase do projeto, com um investimento de USD 1,6 mil milhões na sua infraestrutura. OEM presentes: 1) Scania - Fábrica de JAFZA, destinada a montar veículos pesados de transporte; 2) Ashok Leyland, da Índia, com uma unidade de montagem em Ras Al Khaimah, destinada a pesados de passageiros; 3) Volgren, originária da Austrália, destinada à montagem sob licença de pesados de passageiros; 4) Praktiko GT, produtor de motores Praktiko GT, planeia produzir modelos minicarros (Tiger Kub) de exportação para África e para a Índia; 5) Trans Continental Industries, no Complexo Industrial de Mussaffah, em Abu Dhabi, para a produção de autocarros.
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os investidores estrangeiros na indústria transformadora podem igualmente beneficiar de isenções fiscais. Com o objetivo de fazer crescer as exportações, o desenvolvimento as áreas industriais têm sido agrupadas em torno dos portos de Ras Laffan Industrial City e de Mesaieed Industrial Area, que são os principais centros de energia do Qatar. Contudo, e embora existam diversos tipos de incentivo, a diversificação parece ter sido realizada em torno da produção de aço e diversos materiais de construção, assim como de fertilizantes. De sinalizar ainda o desenvolvimento vertical a montante da indústria de polímeros com projetos importantes em desenvolvimento na Arábia Saudita, nos EAU e também em Omã.
4. Comércio Internacional de TDM Agregado por Categorias e Destino A aparente fragilidade dos sistemas estatísticos nacionais levou-nos a procurar uma análise dos fluxos de comércio em espelho, isto é, a partir dos dados de exportação dos principais parceiros comerciais, identificados a partir da
Fornecedores: UAE tem uma presença de fabricantes de componentes automóveis, com 17 grandes fabricante. Indústria Aeroespacial: a Strata Manufacturing, subsidiária da Mubadala Development Company, assinou contratos no valor de USD 1 bilhão com a Airbus para fornecer peças para pequenas e médias aeronaves da empresa, além de fornecer módulos horizontais da cauda para o A320 e abas internas para o A350-900. Este contrato sinaliza a relação anterior no âmbito do A330 da Airbus ou o fornecimento de componentes e de aeroestruturas avançadas para programas comerciais da Boeing. O Cytec Solvay Group, um fornecedor belga de materiais e materiais avançados para a indústria aeroespacial, anunciou uma parceria de 50:50 com Mubadala para fornecer compósitos pré-impregnados de fibra de carbono, materiais para os 777 da Boeing. A maioria dos investimentos aeroespaciais em Abu Dhabi está centrada no Nibras Al Ain Aerospace Park.
Qatar Existem, atualmente, duas zonas francas nas operações - o Qatar Financial Centre e o Qatar Science and Technology Park - dos quais pode operar o investimento estrangeiro em serviços relacionados com as finanças e tecnologias (incluindo empresas de investigação). Além disso,
Fonte: cálculos próprios baseados em dados UN Comtrade Database
G1 – Categorias em análise - importações – USD milhões
informação referente a importações.
Exportações Portuguesas
O Gráfico 1 permite identificar que, no total, os três países em conjunto representam um valor aproximado de USD 100 milhões. Entre 2010 e 2015, o mercado conjunto terá crescido em valores próximos de USD 40 milhões. O mercado do Qatar é residual. A partir de 2012, o mercado da Arábia Saudita diverge através de um crescimento superior nas categorias Ferramentas para Estampar (820730) e Moldes para Plástico ou Borracha (848271+79).
As exportações portuguesas para este conjunto de países aparecem nas estatísticas como residuais: USD 1,281 milhões (S 2007-9); USD 0,114 milhões (S 201012) e USD 0,798 milhões (S 2013-15). Embora muito dispersas no tempo, prevalecem as exportações para a Arábia Saudita. As exportações para o Qatar são mesmo inexistentes. Por categorias, as exportações portuguesas exibem a especialização habitual, com os moldes para plástico ou borracha a representar entre 80% a 90% do total.
Os Gráficos 2 e 3 xibem uma análise das exportações destinadas aos três países em conjunto, por país de origem. Devido à fragmentação das séries e à reduzida dimensão do valor das exportações, a análise é apresentada por coortes dos anos 2007-9, 2010-12 e 2013-15. Nesta avaliação, a China, a Alemanha, a Suíça, os EUA, a Índia e o Reino Unido cresceram em valor absoluto, pelo menos entre o primeiro e o terceiro e último coorte. Contudo, o crescimento das exportações com origem na China é significativamente superior, cerca de USD 57 milhões.
5. Conclusões No quadro atual, os três países analisados constituem parceiros comerciais e industriais muito limitados. Contudo, existem políticas públicas multidimensionais que estão a ser desenvolvidas, em particular com mais interesse pela Arábia Saudita e pelos EAU, que podem elevar o potencial de atratividade. Estas iniciativas têm como denominador comum a diversificação, com a introdução de outros setores para além dos hidrocarbonetos, com impacto nos mercados locais e nas exportações. Embora o ponto de partida não esteja associado a setores / produtos em que as vantagens comparativas anteriores sejam evidentes, a intenção estratégica, os meios mobilizados e a visão integrada do desenvolvimento, que combina fatores tangíveis e intangíveis, podem constituir elementos decisivos para a obtenção de resultados e suavizar a incerteza. Uma parte significativa destas políticas destina-se a integrar os países nas redes industriais globais, em especial, no que nos respeita, no domínio do automóvel e do aeroespacial.
Fonte: cálculos próprios baseados em dados UN Comtrade Database
G2 – Importações agregadas por países de origem, acumuladas por intervalo de tempo – USD milhares
Neste contexto, faz sentido manter uma vigilância estratégica sobre estes mercados, quer através de instrumentos autónomos – revisão regular de fluxos comerciais, identificação e acompanhamento de projetos industriais de interesse em curso e missões, quer pela identificação das trajetórias e de encomendas no âmbito das redes de fornecimento de que as empresas e associações já fazem parte. A obtenção de encomendas nesta fase, não constituindo porventura um largo interesse comercial, pode ser um instrumento de aprendizagem dos mercados e o início de relacionamentos importantes no futuro.
1 - O artigo apresenta um resumo do trabalho “Golfo Pérsico: Oportunidades para a Indústria de Tooling. Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Fonte: cálculos próprios baseados em dados UN Comtrade Database
G3 – Importações agregadas por países de origem, acumuladas por intervalo de tempo – %
Na realidade, uma análise do Gráfico 3 permite identificar a Alemanha (-6,3%), o Japão (-4,1%), a Áustria (-2,3%), a Itália (-2,1%) e a Índia (-1,2). No sentido inverso, a China (+10,8%) é o país com maiores ganhos, embora também possam ser nomeados a Turquia (+2,3%), a Coreia (+1,6%) e a Suíça (+1,5%).
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2 - Com base em IMF (2014), Economic Diversification in the GCC: Past, Present, and Future, IMF Staff Discussion Note, SDN/14/12, tradução livre.
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MARKET REPORT
EVOLUÇÃO DOS MERCADOS
Análise Comparativa Quarto Trimestre 2017
MERCADOS TRADICIONAIS
PESO DOS MERCADOS TRADICIONAIS NAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS
MERCADOS DA EUROPA CENTAL E DE LESTE
MERCADOS DA EUROPA OCIDENTAL
MERCADOS AMERICANOS
OUTROS MERCADOS ESTRATÉGICOS
Fonte: AICEP Portugal Valores de exportações em unidades de milhar