Market Report 22 - julho 2018

Page 1

Ano 6 ı Número 22 ı Trimestral ı Julho 2018

Branding Industrial TOOLING 4G | Advanced Tools for Smart Manufacturing Mercado da Suécia



o i r á

m u S

4

as

ci otí

N

1 0

l

ia str

u

nd gI

in

d ran

B

| for ng G 4 ols uri G IN d To fact L u O ce TO van Man Ad art cia é Sm Su os a d d do rca a e c r M Me os d ão ç gal u rtu l Po o / nde Ev Gra ha

1 2

1 6 2 3

Av. ão: t ç a tr l.p inis mo dm .cefa A e w ão : ww p daç Re / htt // t / s lde mol.p o M efa c de tria mol@ s ú a d cef n I da ail: m nal cio // e a N 9 o 5 çã cia 51 sso 44 57 A A OL x: 2 a NIC ÉC CEFAM // F T : A 0 e 5 d H FIC prieda 575 1 Pro . 244 f Tel

arin

3M

D.

Din

17 is,

/2

43

6 0-2


MARKET REPORT

N OTÍCIAS PARTICIPAÇÃO NA ‘NPE 2018’ REVELA INTERESSE DOS AMERICANOS PELOS PRODUTORES DE MOLDES PORTUGUESES

A Indústria Portuguesa de Moldes esteve representada naquela que é a maior feira realizada nos Estados Unidos dedicada à indústria de plásticos e sua cadeia de valor, a ‘NPE 2018’. A CEFAMOL fez- se acompanhar no certame, que decorreu entre os dias 7 e 11 de maio, por doze empresas do sector, criando uma extensa área de exposição nacional no espaço do certame dedicado à produção de moldes. “De uma maneira geral, a feira correu muito bem”, explicou, em jeito de balanço, Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, adiantando que, para a generalidade das empresas nacionais, “esta participação foi geradora de novos e interessantes contactos, sobretudo no mercado norte americano, mas também em países da América Latina que, apesar de em menor quantidade, também se fez representar na feira”. Foi, no entender do responsável, “notório o interesse demonstrado pelos americanos na oferta da indústria portuguesa”, tendo sido também evidente que “Portugal se assume como uma opção muito interessante enquanto fornecedor de moldes”. Agora, sublinha Manuel Oliveira, é necessário corresponder a esse interesse e incrementar a presença portuguesa no mercado americano. “A partir daqui, será necessário pensar e desenvolver mais iniciativas, seja individualmente (por cada empresa), seja coletivamente, de forma a aumentar ainda mais a nossa visibilidade

e notoriedade neste país”, sustenta o responsável. “É um esforço que tem de ser feito com um trabalho mais intenso no terreno”, frisou ainda. A ‘NPE’, que se realiza de três em três anos e que, durante muitos anos se localizou em Chicago, decorreu pela terceira vez na cidade de Orlando. E, a exemplo das anteriores edições, foi um certame com uma dimensão assinalável e recheado de atividades, como palestras, conferências e diversas apresentações. Nesta ação de promoção das competências e capacidades da Indústria Portuguesa de Moldes, acompanharam a CEFAMOL as empresas AES Moldes, Dexprom, E&T, Geco, JDD Moldes, Moldes RP, Moldit, Moldoeste, Moldoplástico, Socem, Tecnifreza e Uepro. Esta participação, segundo a CEFAMOL, insere-se na aposta que tem vindo a ser feita naquele mercado ao longo dos últimos anos com a presença nacional em diversos eventos e certames locais. “Aquele que é um dos maiores mercados mundiais de moldes apresenta sinais de crescimento e de geração de novos projetos”, refere a Associação. Esse crescimento é visível, por exemplo, nas exportações nacionais do sector, sendo os EUA, atualmente, o sexto maior mercado para as empresas portuguesas de moldes.


PARTICIPAÇÃO DA CEFAMOL NA FEIRA DA SUBCONTRATAÇÃO AUTOMÓVEL COM SALDO POSITIVO aproveitou para fazer uma apresentação do mercado e esclarecer algumas dúvidas sobre o mesmo às empresas portuguesas”. Patrício Tavares esclareceu ainda que o pavilhão de Portugal recebeu também uma visita do Ministro da Economia de Marrocos.

A CEFAMOL participou, juntamente com um grupo de empresas do sector, na Feira de Subcontratação para fornecedores da indústria automóvel em Marrocos, o “Salon Sous Traitance Automobile”, que se realizou entre os dias 25 e 27 de abril, na Tangier Free Zone, na cidade de Tânger. No certame, as empresas Batista Moldes, Edaetech, Epedal, Moldit, Moldoeste II, Prifer e Uwin uniram-se numa representação nacional, onde marcaram presença institucional a CEFAMOL e a AFIA (Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel). A participação saldou-se pela positiva. “Recebemos várias visitas de potenciais clientes, alguns já presentes no mercado de Marrocos e muitos outros a avaliar as hipóteses de entrar no mesmo”, contou Patrício Tavares, representante da CEFAMOL que acompanhou esta representação, adiantando que, durante a feira, “contámos com a presença do representante da AICEP, Rui Cordovil, que

Com a participação nesta feira, a CEFAMOL teve como objetivos analisar a situação atual do mercado e identificar oportunidades de negócio e colaboração para as empresas, ao mesmo tempo que procurou consolidar parcerias estratégicas ao nível institucional. De acordo com Patrício Tavares, a deslocação permitiu concluir que “o mercado (de Marrocos) tem grande potencial e tem registado um forte crescimento em vários sectores, nomeadamente na indústria automóvel”. Saliente-se que esta deslocação surge na sequência de, em dezembro do ano passado, a CEFAMOL ter assinado um protocolo de colaboração com a AMICA (Associação Marroquina dos Fornecedores da Indústria Automóvel), no decorrer de uma missão que coincidiu com a realização da 13ª Cimeira Luso Marroquina. O documento então assinado entre as associações dos dois países prevê estreitar ainda mais as relações já existentes, desde há algum tempo, entre ambas. Uma das medidas que o documento preconizava era, precisamente, a participação portuguesa nesta feira, considerada de grande relevância para o sector automóvel local.

ENGINEERING & TOOLING


MARKET REPORT

PLASTPOL2018 COM ‘SALDO POSITIVO’ PARA EMPRESAS NACIONAIS

Saldou-se pela positiva, a participação da indústria de moldes portuguesa na feira ‘Plastpol2018’, que decorreu de 22 a 25 de maio, em Kielce, na Polónia. A Associação Nacional da Indústria de Moldes (CEFAMOL) organizou esta participação coletiva - constituindose como um verdadeiro ‘pavilhão nacional’ - no âmbito do projeto “Engineering & Tooling from Portugal” e fez-se acompanhar por nove empresas nacionais - CR Moulds, Fozmoldes, Frumolde, Itecmo, Moldene, Moldit, Moldoeste, Socem e Uepro. A área de exposição nacional estendeu- se por 166m2, divididos pelos nove expositores presentes. A participação permitiu interessantes contactos com multinacionais representadas naquele país, bem como com produtores locais de componentes e peças plásticas. De acordo com Patrício Tavares, da CEFAMOL, “O número de visitantes na feira foi ligeiramente mais baixo em relação a edições anteriores, no entanto, notou-se que a qualidade dos contatos aumentou”, explicou o responsável, adiantando que o mercado “também começa a ser mais explorado e algumas das empresas presentes com a CEFAMOL já têm um conhecimento alargado do mesmo, o que lhes permite trabalhar melhor a presença em feira, nomeadamente através do estreitar de relações com clientes que já tinham contactado antes”. “Como sucedeu em outros mercados, muitas empresas nacionais acabam por já exportar indiretamente para a Polónia, razão pela qual estão motivadas para abordar o mercado diretamente”, afirma ainda.

Patrício Tavares conta, ainda, que “dada a importância do mercado, a CEFAMOL tem promovido várias ações na Polónia, promovendo uma abordagem contínua que permita fortalecer as relações comerciais existentes e facilite a criação de novas parcerias com potenciais clientes”. Com isto, sublinha, “pretende-se aumentar a cota de mercado de moldes na Polónia através da fidelização e prospeção de clientes”. O mercado do leste da Europa tem registado, nos últimos anos, um crescimento muito interessante para os moldes portugueses. A Polónia ocupou em 2017, no ranking das exportações do sector, a quinta posição. Neste país, estão representadas importantes multinacionais, não apenas da indústria automóvel, mas também dos sectores da embalagem, eletrónica e utilidades domésticas, entre outros. Ea produção local de plásticos tem também uma dimensão muito interessante, realça Patrício Tavares, referindo que, de uma maneira geral, essa dinâmica foi visível nesta edição da feira. A ‘Plastpol’, dedicada à cadeia de valor da indústria de plásticos, é uma das maiores feiras da Polónia e da Europa de Leste, atraindo os principais produtores locais e regionais.


FÓRUM TECH-I9 REÚNE INDÚSTRIA EM REFLEXÃO SOBRE O FUTURO “Tecnologia e Inovação (Tech-i9)” foi o tema do Fórum que a CEFAMOL promoveu no dia 17 de maio, juntando no Edifício da Resinagem, na Marinha Grande, uma centena de profissionais da indústria, oriundos, quer da região da Marinha Grande, quer da região de Oliveira de Azeméis. A iniciativa, um novo projeto, lançado este ano pela CEFAMOL e que tem como missão congregar a indústria de moldes para discutir alguns dos temas mais prementes no sector teve, como complemento ao debate, o lançamento de uma nova revista criada pela Associação - uma publicação vocacionada para a análise de temas de relevância para as empresas. Neste primeiro número, o tema em destaque foi a ‘Standardização’. “Pretendemos realizar todos os anos, a partir de agora, um fórum tecnológico, debruçando-nos sobre temas numa lógica de desenvolvimento constante e tendo presente que é com a aposta tecnológica e de saber que as empresas se tornam mais fortes”, explicou João Faustino, presidente da CEFAMOL, sublinhando que o objetivo é ainda “apoiar as empresas a preparar-se, em conjunto, para os desafios que têm de enfrentar”. Para o presidente da Associação, uma das grandes questões é “pensar o futuro do negócio da indústria de moldes, os seus problemas e desafios, com as alterações às condições negociais, a pressão da concorrência internacional, a rentabilidade dos equipamentos dentro das empresas e a articulação com o digital, numa lógica de alcançar ‘zero erros’.

A importância dos recursos humanos A iniciativa teve dois temas em destaque. O primeiro foi ‘O Futuro da Indústria’, tendo como o orador convidado José Carlos Caldeira, do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC-TEC) a defender que “a evolução tecnológica e a evolução dos negócios aceleraram muito” e a aconselhar as empresas a apostar nas parcerias para ganhar maior capacidade, seja com “as associações empresariais, com os centros tecnológicos ou de saber, ou com os clusters”. “É preciso uma estratégia e um plano de ação: a empresa e o sector têm de definir onde vão estar daqui a cinco anos”, defendeu ainda, realçando a importância de diferentes sectores (emergentes e tradicionais) colaborarem

para retirar partido de uma maior rentabilidade. Destacou, a este nível, a “resiliência” como uma das principais características que as organizações precisam ter, de forma a conseguirem adaptar-se e sobreviver com sucesso. No seu entender, é preciso ter ainda em atenção outro aspeto: “alinhar o desenvolvimento tecnológico com a formação dos recursos humanos”. Tudo isto porque, considera, “vai haver uma necessidade enorme de formar novos elementos, mas também de requalificar as pessoas que já estão nas empresas”. A temática dos recursos humanos, pela sua importância e pela preocupação que suscita junto das empresas, acabou por tornar- se no tema mais debatido no Fórum, estendendo-se a sua discussão pelos painéis seguintes. Fernando Vicente e Nuno Silva, empresários da Somema e Moldit, respetivamente, defenderam a necessidade de se apostar na formação e de cativar mais jovens para a indústria. “Precisamos que o sistema de ensino se articule mais com a realidade, mas que os gestores das empresas pensem na forma de recrutar pessoas de qualidade e delas se irem formando nas empresas, ao longo da vida”, defendeu Nuno Silva. “O maior desafio está nos gestores que têm de perceber a mudança que está em curso”, frisou. Lembrou também que é preciso criar condições para “tornar ‘sexy’ o sector de moldes: ainda não é um sector interessante, há um estigma em relação a esta indústria que precisamos de combater e é preciso um esforço grande para isso”. Fernando Vicente chamou a atenção para os efeitos nefastos da “rotatividade de pessoas entre empresas”, aconselhando cada instituição a criar condições para reter os seus recursos humanos, dizendo que no seu entender, “foram eles, desde sempre, o fundamental para a indústria”.

Parcerias Os dois empresários defenderam, ainda, a necessidade das empresas conseguirem trabalhar em parceria, quer entre si, quer com os clientes. Fernando Vicente falou da questão da cibersegurança, considerando-a “uma preocupação enorme” que tem de ser levada em conta. Nuno Silva concordou, afirmando que “a segurança na empresa tem de ser pensada e trabalhada diariamente”.

ENGINEERING & TOOLING


MARKET REPORT

Ganhar, rentabilizar No painel de debate que se seguiu, moderado por Mercedes Domingues, do Centimfe, participaram António Ventura (E&T), Carlos Silva (Planitec), Eugénio Santos (Geocam) e Marco Ruivo (Speedturtle). Os responsáveis das empresas destacaram os passos que deram e a forma como a produção está a mudar face à standardização do processo de fabrico.

Fernando Vicente deu conta de uma outra preocupação: a pressão dos clientes. “Os clientes têm cada vez mais poder, a pressão é cada vez maior e temos de perceber até onde conseguimos ceder ou optar por não fazer o negócio”, explicou. “Somos todos muito pequenos para o nosso tipo de clientes. No caso do sector automóvel, por exemplo, muitos players estão agora concentrados e são ainda mais fortes. Ou permitimos que nos suguem até ao tutano ou tentamos unir-nos e fazer com que as empresas funcionem como um bloco para ganhar peso”, defendeu.

Necessidade O segundo tema em destaque no evento foi a ‘Standardização na Indústria de Moldes’. Rafael Pastor, consultor de empresas, e que lançou o tema, considerou que esta tentativa de uniformização de processos dentro da indústria de moldes “é uma necessidade, não de agora mas de sempre”. “A indústria em Portugal está sempre a mexer porque sabe que, se parar, perde competitividade”, defendeu, considerando que “Portugal não pode permitir que seja o cliente a dizer para melhorar o processo porque, se isso acontecer, já está a ser ultrapassado”. E, nesse aspeto, a normalização de processos pode ajudar, disse. “Para mim, e como a concebo, a standardização é trabalhar de forma mais inteligente e criar standards que facilitem o trabalho mas sempre a pensar em termos de futuro”, declarou. “É preciso standardizar o processo, o método de trabalho e criar um ‘carimbo’ de qualidade para que o cliente prefira os moldes portugueses porque confia neles”, explicou, salientando que, com a standardização, “se consegue também ter impacto na qualidade, nos custos e nos prazos”.

Marco Ruivo defendeu que, no processo de standardização é preciso ter em conta também “o serviço prestado pelas empresas”, esclarecendo que “ganham com o processo mas têm de definir uma estratégia para isso”. António Ventura considerou que a standardização não pode chegar às pessoas. “Standardizar pessoas é impossível e é até desnecessário porque corre-se o risco de acabar com a ‘massa cinzenta’ e isso é parar a empresa”, disse, defendendo que a standardização deve cingir-se ao processo e aos métodos de fabrico. “O desafio é criar um processo que abranja, desde a administração ao pessoal da limpeza”, disse. Carlos Silva contou o percurso da Planitec para justificar a importância da introdução de processos standard, concluindo que, no caso da empresa, “foi fundamental conseguir a classificação dos moldes” que produzem. Eugénio Santos revelou que a uniformização nos processos permite dar resposta a um conjunto de desafios: “ganhar tempo, reduzir custos e rentabilizar máquinas e pessoas”. Também durante este painel foi notória a preocupação que, quer os palestrantes, quer a plateia revelam em relação aos recursos humanos. Respondendo a um repto de José Carlos Caldeira - que questionou os empresários sobre a possibilidade de aumento dos salários na indústria -, António Ventura lançou o desafio às empresas de se juntarem e, em conjunto, conseguirem fazê-lo. “Se todos fazemos investimento em tecnologia que nos coloca no topo do mundo não é chegada a altura de fazer o mesmo com os recursos humanos?”, questionou. Considerou ainda que para cativar os jovens, a indústria tem de conseguir mostrar que “não é monótona, pelo contrário está constantemente a inovar e a mudar”. Carlos Silva, diretor do Pólo do Cenfim da Marinha Grande, lembrou que a questão salarial, por si só, pode não ser suficiente, frisando ser preciso “criar motivação e interesse pelo trabalho no chão de fábrica”. Nesse sentido, defendeu ser fundamental “dedicar tempo a acompanhar os jovens para que possam crescer nas empresas”, lembrando a importância de se estabelecerem “planos de carreira”. Sobre esta temática, o consultor Rafael Pastor concluiu que “pior do que formar uma pessoa e ela sair da empresa é não formar a pessoa e ela ficar”.


ção, é uma necessidade. Mas não é de agora: é de sempre. Para mim, como concebo a standardização, significa trabalhar de forma mais inteligente e criar standards que facilitem o trabalho. Mas tendo sempre presente a necessidade de ir inovando sempre porque os standards que criarmos agora, amanhã podem não ser o suficiente. Por isso, a standardização é uma necessidade de agora, tal como já foi de antes e vai continuar a ser.

José Carlos Caldeira Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) “As empresas têm de estar muito atentas à evolução e ao futuro.” - Quais os principais desafios para as empresas tendo como meta o futuro?

E a standardização não pode nunca estar separada da inovação: as duas têm de estar sempre interligadas.

O futuro acelerou muito, tal como a evolução tecnológica e a evolução dos negócios. Uma primeira coisa que as empresas têm de fazer é estar atentas a essa evolução. Quando falamos de PMEs, nem sempre é fácil que as empresas tenham capacidade para fazer, individualmente, o seguimento de todas essas evoluções e aí, quer as associações empresariais, quer os centros tecnológicos, quer os clusters, podem ter um papel fundamental de fazer essa vigilância e esse acompanhamento e depois partilhar essa informação. Mas é preciso que as empresas estejam atentas e disponíveis para esse fenómeno e depois que trabalhem de forma articulada com essas outras organizações.

NOVA REVISTA PROMOVE REFLEXÃO SOBRE TECNOLOGIA E INOVAÇÃO ‘Tech-i9’ - Tecnologia e Inovação’18 é uma nova revista, lançada este ano pela CEFAMOL e que se propõe ter uma periodicidade anual. O primeiro número, com 82 páginas, foi dedicado ao tema da ‘Standardização na Indústria de Moldes’. “Assistimos a uma época marcada por alterações profundas nos conceitos organizacionais, pela disseminação de informação e partilha do conhecimento, pela interação entre os diferentes agentes da sociedade, pela economia digital. É neste contexto que as empresas de moldes se assumem como um puzzle de competências e oferta abrangente, onde convive a experiência e know-how acumulado com tecnologias diferenciadoras e, muitas vezes, disruptivas, promovendo a diferenciação de uma indústria pujante que revela uma senda de crescimento no panorama internacional”, diz, no editorial, Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, chamando a atenção para a importância dos recursos humanos. “As pessoas serão o elemento chave desta equação”, sublinha.

A segunda questão é que essa evolução tecnológica vai obrigar a investimentos e a mudanças significativas. Não é fácil para as empresas assegurar e viabilizar investimentos em tecnologia e inovação substanciais que são precisos em algumas matérias. Por isso, é preciso que as empresas colaborem com outras, com outros sectores e com entidades do sistema científico e tecnológico. A cooperação e práticas de inovação abertas serão fundamentais para que seja possível às empresas viabilizarem os investimentos necessários. E em terceiro, a importância dos recursos humanos. Vai haver uma necessidade enorme de formar novos recursos humanos, mas também de requalificar as pessoas que já estão nas empresas e aí, na vertente da formação, há um desafio muito grande. As empresas, mais uma vez, vão precisar de cooperar entre elas através da criação de academias de formação, mas também com entidades do centro científico e tecnológico: universidades, politécnicos. Os ciclos de formação têm de ser muito mais rápidos e vai ser necessário ‘casar’, alinhar o desenvolvimento tecnológico com a formação dos recursos humanos necessários para fazer o seu desenvolvimento e a sua implementação porque, devido à aceleração, isso vai ter de ser feito em simultâneo e não de forma consecutiva como muitas vezes acontecia até agora.

Sobre a revista, explica que, “contando com a colaboração de quem convive com esta (r)evolução diariamente, analisamos e debatemos os seus efeitos na indústria e como tal influenciará (ou condicionará) a nossa oferta e posicionamento ou a projetará para novos clientes, mercados, negócios e áreas de desenvolvimento”. Para além da contribuição de vários empresários e técnicos de diversas empresas do sector de moldes, a publicação conta com a opinião de um conjunto de parceiros e fornecedores desta indústria que dão nota da sua experiência em relação ao tema da standardização, refletindo sobre a forma como esta uniformização de processos está, já, a alterar a vida das organizações.

Rafael Pastor Consultor

Num interessante artigo de opinião, João Faustino, presidente da CEFAMOL, adverte que “o mundo vive uma nova revolução industrial - ‘Indústria 4.0’ para uns, ‘Internet das Coisas’ para outros - o que obriga a que as empresas tenham forçosamente de acompanhar os avanços tecnológicos e alterar porventura a sua estrutura organizativa”.

“É preciso que a standardização esteja sempre ligada à inovação.” - Qual a importância da standardização no futuro da indústria? A standardização não é uma op-

ENGINEERING & TOOLING


10

MARKET REPORT

Branding Industrial Vítor Ferreira D. Dinis Business School

Durante muitos anos a construção de marcas industriais foi considerada uma preocupação secundária. Empresários e gestores viam a gestão de marca como uma tarefa de “vendedores de sabonetes”, que encetavam esforços para construir imagens na mente do consumidor final (“fácil de modelar”, diziam alguns empresários). Todavia, em conversas informais, inúmeras vezes ouvi empresários a louvar este ou aquele fabricante de máquinas de injeção, de CNC, de estações de trabalho, etc. A verdade é que essas conversas, para além de terem uma sustentação em factos quantitativos (uma máquina pode de facto ter melhor rendimento) têm, contudo, um valor de marca associado (uma presunção sobre fiabilidade e desempenho que não tem de ser verdadeira, porque o próprio empresário não consegue comparar todos os fornecedores existentes no mundo, mas consegue reconhecer “aquele fabricante”). A componente central de uma marca é a sua ideia básica subjacente ou a essência da marca. Descobrir e localizar essa essência é o primeiro desafio que os profissionais de marketing industrial enfrentam; estabelecê-la e sustentála a longo prazo, é o segundo e maior desafio. A essência de uma marca é composta por um conjunto completo de razões racionais e/ou emocionais para comprar um produto. Estas razões cristalizam-se num significado que confere identidade à marca. Então, a partir deste conjunto de razões para comprar a marca, extrapolamos uma promessa sugerida pela marca, ou seja, uma condição necessária para que o comprador entre num contrato vinculativo

com o fabricante. Na verdade, para uma empresa industrial (B2B) pode ser mais fácil localizar a identidade da sua marca do que para marcas destinadas ao consumidor final (B2C). A resposta reside nas origens das empresas industriais e sobre a natureza da identidade da marca principal. As questões-chave para o funcionamento de uma identidade de marca principal são estas: a minha promessa é relevante? É plausível? Os meus clientes aceitam o que eu reivindico? Ou é incompreensível e inverosímil? Uma marca ganha em plausibilidade se a sua essência, a sua identidade não é pura invenção, mas é sim baseada em factos. As empresas industriais têm, em geral, as suas origens num único fundador ou num pequeno grupo de fundadores e, como esses fundadores quase sempre apresentaram uma ideia muito específica, com a qual planeavam mudar o mundo, as empresas em questão começam com uma vantagem inestimável. Seja ser uma referência na produção nacional, produzir moldes mais técnicos, fornecer serviços únicos ou pautar-se por uma liderança tecnológica, observando de perto a história da empresa podemos identificar a essência da marca. Curiosamente, num mundo onde a causa e o efeito são estudados e analisados nos mais minuciosos detalhes, construir marcas e estratégias B2B exige um alto grau de “intuição” (mesmo que existam princípios científicos a seguir). Numa situação B2C, o que acontece é que o cliente tem um problema e ele quer que o fornecedor o resolva de


forma eficaz e eficiente. E como sabe o fornecedor quais os problemas que os seus clientes têm? Através da pesquisa de mercado. Identifica-se o segmento-alvo e observa-se a vida quotidiana e o comportamento do mercado dos consumidores à procura de soluções. Mas no mercado industrial não há, normalmente, pesquisa estruturada. É a força de vendas que contacta diretamente com clientes e que retorna com informação para os departamentos de I&D. Contudo, essa informação é muitas vezes incompleta e mal detalhada (o que não permite desenvolver máquinas/produtos com especificações certas). Nos mercados de bens industriais, a ordem natural de causa e efeito é frequentemente revertida. Por exemplo, o advento da fabricação automatizada na indústria, ou o avanço sem precedentes dos robôs como agentes-chave nos processos de produção moderna, certamente não ocorreu porque certos grupos foram capazes de articular as suas necessidades específicas de forma muito clara. Em vez disso, os fabricantes que enfrentavam uma pressão de custos crescentes tinham de encontrar uma forma de racionalizar os seus processos de produção. Este foi um problema ao qual os fornecedores de tecnologia de automação foram chamados para fornecer uma solução. No entanto, muitos outros utilizadores de máquinas não conseguem perceber que os seus problemas podiam ser resolvidos instalando sistemas de produção assistidos por robôs. Nesse caso, a marca B2B e o segmento alvo nascem em simultâneo, mas novos segmentos emergem somente após o estabelecimento de uma marca identificada com uma solução. É precisamente no mundo da tecnologia em que a ideia de uma marca intuitiva pode ser favorável. É talvez aqui que podemos realçar a famosa expressão de Henry Ford (não a dos “carros pretos”), que dizia mais ou menos que, “se perguntassem às pessoas o que queriam no final do século XIX como meio de transporte ninguém diria automóvel, mas sim cavalos mais rápidos” (porque o conceito de automóvel não existia). Cabe assim ao gestor/empresário industrial usar a sua intuição para afirmar a sua marca em áreas completamente novas, que vão além da pesquisa de mercado.

11

Contudo, esta afirmação de identidade inovadora não deve ser pueril e inconstante. A gestão de uma marca pode ser comparada a uma maratona. Toda a gestão da marca exige uma medida de obstinação e poder de permanência. Todas as razões podem parecer boas para mudar uma marca. Isto é particularmente verdadeiro para o B2B. Muitas vezes, uma mudança de diretor de marketing é suficiente para desencadear uma mudança na marca. O novo diretor de marketing vem com a sua própria “agenda” e está interessado em “marcar o seu território” ao mudar a marca. Ou então, o departamento de desenvolvimento de produto toma essa iniciativa criando um novo posicionamento. Mas estas iniciativas podem dispersar a marca, já que, mesmo que existam novas linhas de produtos, estas devem respeitar a promessa inicial, devem enquadrar-se naquilo que os clientes acreditam ser possível e, quando a marca muda, muda gradualmente (por exemplo, os fabricantes japoneses demoraram décadas, dos anos 50 aos anos 70, a afirmarem-se com “promessas” de qualidade e desempenho, da mesma forma que alguns fabricantes chineses o estão a fazer agora – veja-se o caso da Huawei, a empresa mais “patenteadora” do mundo, que lentamente transferiu a sua promessa de mercado para o espectro da qualidade esperada elevada). Na gestão de marca, os objetivos de longo prazo são sempre mais importantes do que os eventos de curto prazo, porque a continuidade e a promessa de continuidade estão entre os principais ativos de qualquer marca. Portanto, o melhor conselho para os fornecedores de bens industriais é fazer com que a gestão da marca seja responsável pela tomada de decisão ao nível estratégico da empresa. Em conclusão, pode afirmar-se com confiança que não existe uma alternativa real às marcas no mercado B2B, assim como não há alternativa no mercado de bens de consumo. Deste modo, da mesma forma que se espera que os produtos industriais sejam mais precisos e mais consistentes do que os produtos de consumo, também as marcas B2B precisam ser geridas de forma mais precisa, de forma mais consistente do que as marcas B2C.

ENGINEERING & TOOLING


12

MARKET REPORT

TOOLING 4G | Advanced Tools for Smart Manufacturing ANTÓNIO BAPTISTA, DULCÍNIA SANTOS CENTIMFE

UM PROJETO MOBILIZADOR PARA O CLUSTER ENGINEERING & TOOLING O TOOLING 4G - Advanced Tools for Smart Manufacturing é um projeto mobilizador que nasceu no seio do cluster Engineering & Tooling, que conta com a participação de 30 entidades. De entre estas, 20 são empresas (Abrantes, Edilasio, Set, TJ Aços, Moldit, Planimolde, Moldes RP, Geco, Tecnimoplas, Intermolde, Vidrimolde, Erofio, GLN Molds, GLN Plast, Iberoleff, Distrim Sistemas, MP Tool, e Distrim2, Toolpresse, e Incentea), e 10 são entidades não empresariais do Sistema de Investigação e Inovação (Centimfe, Universidade de Coimbra, Instituto Superior Técnico, Universidade do Minho, Instituto Politecnico de Leiria, Universidade de Aveiro, Centi, Inegi, IPN e Piep), ao que se junta a associação Pool-Net. O projeto é liderado pela empresa A.H. Abrantes e é coordenado pelo Centimfe Centro Tecnológico da Indústria de Moldes Ferramentas Especiais e Plásticos. Decorrerá durante um período de 36 meses, tendo-se iniciado em 1 de março de 2018. O projeto Tooling 4G resultou de uma dinâmica coletiva e estratégica das empresas e entidades do sistema científico e tecnológicos que participam no Cluster estratégico Engineering & Tooling. O projeto Tooling 4G pretende dar um contributo importante para a capacitação das empresas do cluster, permitindo-lhes criar conhecimento que lhes possibilite concorrer a nível global com uma nova oferta diferenciada e vencer os desafios do mercado internacional.

F1 – Impacto sectorial esperado.

Este projeto envolve atividades de investigação e desenvolvimento que concorrem para a inovação nas áreas dos materiais, produtos e processos, e na endogeneização das tecnologias e paradigmas organizacionais relacionadas com os conceitos da Indústria 4.0, da digitalização da indústria, e em especial, da “fabricação-zero defeitos”. O plano de atividades de I&D possui um forte carácter coletivo e um forte efeito indutor e demonstrador, atuando nos processos de fabrico híbrido, ferramentas/sistemas inteligentes, ferramentas eficientes para fabrico de produtos multimaterial, ferramentas multiprocesso, digitalização da indústria, cadeias de produção sustentável “zero-defeitos”. Destas atividades esperam-se impactos significativos ao nível da competitividade e da internacionalização, resultantes do desenvolvimento da oferta de produtos e serviços inovadores por parte da fileira nacional das tecnologias de produção, e também da transformação e modernização dos processos produtivos dos sectores utilizadores. O TOOLING 4G ou tooling de quarta geração materializa assim as ferramentas do futuro que integram tecnologias e inteligência com vista ao fabrico one step e zero-defeitos dos produtos finais de forma rápida e económica. O projeto possui uma arquitetura organizada por PPS (Produtos/Processos/ Sistemas), típica de projetos mobilizadores, como se mostra na figura 2. No PPS1 (Processos de Fabrico Híbrido) serão desenvolvidas soluções construtivas híbridas para a produção industrial de cavidades moldantes, será estudada a deposição/processabilidade multimaterial e estratificada, através das tecnologias de Directed Energy Deposition (DED) e Selective Laser Melting (SLM). Serão realizados estudos para a otimização da ligação entre diferentes materiais, assim como estudos de viabilidade e sustentabilidade das melhores práticas disponíveis para preparação da matéria-prima (pós metálicos). Serão realizados estudos e simulações por elementos finitos para inferir sobre o comportamento mecânico e a transferência de calor, e estudados e testados novos sistemas de aquecimento/ arrefecimento de moldes (permitidos pelas tecnologias aditivas), mais eficazes e eficientes, que se traduzirão na


F2 – Arquitetura do projeto.

otimização dos ciclos de injeção e das características de qualidade das peças finais. No PPS2 (Ferramentas/Sistemas Inteligentes) pretendese desenvolver soluções tecnológicas para criação de um sistema inteligente [Molde-Máquina de injeção]. Os desenvolvimentos serão realizados a diferentes níveis, nomeadamente, envolvem (1) a integração de novos sistemas de monitorização e controlo do processo de injeção com recurso a sensores e atuadores que permitam uma ação rápida sobre o processo; (2) a integração de revestimento multifuncional que apresente uma série de funções para o funcionamento ótimo; (3) a sensorização e atuação direta na cavidade moldante e nas propriedades inerentes ao molde; (4) a integração de sistemas avançados do tipo conformal cooling, envolvendo sistemas de controlo de temperatura inteligente; (5) e a Integração de automatização para comunicação entre o molde e a máquina para a monitorização dos mesmos, em tempo real. No PPS3 (Ferramentas para o fabrico de produtos multimaterial com maior eficiência) o consórcio propõe-se desenvolver uma nova tipologia de molde (ferramenta moldante) caracterizada pela sensorização da sua superfície moldante, vocacionada para moldação de séries longas de peças de pequena dimensão ou peças com pormenores de pequena dimensão. O avanço perspetivado exige a criação de sistemas avançados que, apesar de desenvolvidos em separado, funcionarão de forma integrada na ferramenta/ molde e permitirão a comunicação entre

13

as ferramentas, a máquina e a envolvente. Os sistemas avançados, que têm por base o desenvolvimento de revestimentos multifuncionais, sensores não convencionais e matrizes flexíveis de sensores, serão integrados na ferramenta, permitindo um controlo preciso da qualidade das peças e sobre o tempo total de ciclo, sendo por isso altamente vantajosos. No PPS4 (Ferramentas multiprocesso) pretende-se criar um novo paradigma de ferramenta moldante capaz de realizar outras operações tecnológicas que não só a moldação por injeção. Esta nova solução permitirá obter produtos mais complexos e em diferentes materiais num mesmo ciclo de produção ou combinando diferentes processos tecnológicos na mesma ferramenta (molde), assumindo por isso um carácter de multiprocesso e multifuncional. As atividades a realizar serão orientadas para o desenvolvimento de novas soluções para (1) ferramentas multiprocesso para o fabrico de componentes em materiais compósitos de matriz termoplástica; (2) ferramentas multiprocesso para o fabrico de peças multicomponente (envolvendo processamento de polímeros e de metais) num único molde montado numa máquina de injeção; (3) incorporação de soluções de monitorização com base em sensores e parametrização avançada e localizada em zonas críticas das ferramentas. É evidente a valorização atribuída pelas indústrias clientes a esta nova filosofia de moldes/ferramentas, na medida em que elimina a ne-

ENGINEERING & TOOLING


14

MARKET REPORT

cessidade de operações de logística interna (manuseamento, transporte e armazenamento), e reduz o número de ferramentas e de máquinas ferramenta independentes necessárias à produção de uma peça ou componente. No PPS5 (Digitalização da indústria) o projeto pretende aproximar o cluster Engineering & Tooling aos conceitos da Indústria 4.0 ou quarta revolução industrial, intervindo em cinco áreas fundamentais: A robótica colaborativa, a realidade aumentada, a recolha e controlo de dados ao nível do chão de fábrica, a localização de produtos e a melhoria dos dados de processo reportados pelos equipamentos produtivos. A área da robótica encontra-se claramente sub-representada no tooling, certamente por causa da natureza de produto personalizado que esta apresenta, mas também porque os robôs industriais correntes não apresentam a flexibilidade suficiente para operar nesta indústria. A robótica colaborativa, com a sua capacidade de interação direta com os operadores, constitui uma oportunidade de trazer para este sector a robótica avançada, aumentar a capacidade de trabalho de um operador e para atingir níveis de desempenho superiores, com maior segurança e com menores riscos de problemas de saúde laboral. A Realidade Aumentada, outro dos vetores da 4ª revolução industrial, vai permitir uma mais simples e imediata compreensão de tarefas selecionadas mesmo para operadores com menor experiência, minimizando erros e atrasos no fabrico das ferramentas/ moldes e na sua manutenção, garantindo maior previsibilidade na duração de tarefas críticas. O conhecimento detalhado dos dados do chão de fábrica em tempo real e com grande detalhe é um aspeto fundamental neste cluster, permitindo, não só que equipamentos com maiores níveis de inteligência possam tomar decisões baseadas no estado dos produtos que fabricam, mas para que as decisões sobre o desenrolar do fabrico possam ser tomadas em tempo útil, o que assume uma importância maior neste sector, tendo em conta o


valor unitário de uma ferramenta/ molde, sabendo ainda que cada molde é um produto diferente. O PPS6 (Cadeias de produção zero-defeitos e sustentáveis) envolve o aprofundamento do conhecimento relacionado com a frequência de ocorrência e impactos de erros e não conformidades no sistema produtivo característico do cluster Engineering & Tooling. As suas causas e ações de prevenção de ocorrência e de proteção de efeitos serão estudadas, planeadas e avaliadas. Será ainda desenvolvido um modelo virtual do sistema produtivo com capacidades de simulação para avaliar o impacto global dessas ações e serão igualmente desenvolvidas soluções com vista ao controlo automático da qualidade no posto de trabalho, em tempo quase real e sem interferência no fluxo de produção, com recurso a sistemas baseados na visão artificial e no processamento de imagem. Ainda no PPS6 está previsto proceder à avaliação dos casos de estudo demonstradores, incluindo os desenvolvidos nos diversos PPSs, numa perspetiva da análise da sustentabilidade do seu ciclo de vida, considerando as dimensões económicas (custo), ambiental e social/organizacional por comparação com as soluções convencionais.

pelo desenvolvimento de integradores/ demonstradores globais que integram os desenvolvimentos obtidos nos PPS de investigação industrial (PPS1 a PPS5). As soluções a demonstrar em ambiente pré-industrial consubstanciarão o conceito Tooling 4G e testemunharão a capacidade do cluster de integrar os diferentes desenvolvimentos tecnológicos (e.g. materiais, revestimentos, tecnologias construtivas híbridas, monitorização e controlo, multi-funcionalidade centrada no tooling, etc.) em soluções de tooling orientadas para a produção zero-defeitos de componentes finais. O projeto Tooling 4G, pela sua dimensão também no domínio do desenvolvimento de competências e de conhecimento, contribuirá para o reforço e afirmação da imagem internacional e nacional de vanguarda e de modernidade da nossa indústria e de Portugal, especialmente junto de clientes globais. Por isso, este projeto assume um impacto fundamental para o futuro da nossa indústria e cluster, na captação e fixação de recursos humanos qualificados, tão necessários e escassos para o sucesso da trajetória de desenvolvimento das indústrias do nosso cluster Engineering & Tooling.

A componente de desmonstração dos resultados está bem patente neste projeto, não só pelo desenvolvimento dos casos de estudo em cada um dos PPS, mas também

15

ENGINEERING & TOOLING


MERCADO DA SUÉCIA Carlos Moura AICEP Estocolmo


1 - SITUAÇÃO ECONÓMICA E PERSPETIVAS DE MERCADO A Suécia é, atualmente, uma das economias mais desenvolvidas, competitivas e modernas do mundo, conciliando um sistema assente nas tecnologias de ponta com um extenso leque de benefícios sociais e elevados padrões de vida. A posição preponderante da economia sueca é explicada ainda por outros fatores, tais como um alto grau de maturidade tecnológica, uma capacidade inovadora liderante, uma cultura empresarial muito sofisticada e um ambiente macroeconómico estável. Estes aspetos resultam da atenção prestada à criação de condições favoráveis a um desenvolvimento norteado pela inovação e à formação de uma mão-de-obra altamente qualificada, de instituições públicas e privadas que gozam de uma excelente reputação internacional. A Suécia é um Estado próspero, constituindo-se, no âmbito da União Europeia (EU), como a 6ª maior economia em 2016 (em termos de Produto Interno Bruto a preços de mercado) e a 3ª no que respeita ao PIB per capita. Como sucede em países que privilegiam o bem-estar da sociedade, dispõe de um vasto sector público, o que se reflete num consumo privado que representa, ainda assim, 44,5% do PIB, inferior à média europeia e onde as desigualdades ficam igualmente aquém dos valores médios observados na Europa. A excelência do país em termos de investigação e desenvolvimento (I&D) faz da Suécia uma localização atrativa para investidores internacionais em alta tecnologia. Após a recessão de 2009 1, a solidez económica do país, assente, sobretudo, no desempenho do consumo interno, revelou-se decisiva para a rápida recuperação encetada a partir de 2010 2. A solidez do consumo privado foi, em grande medida, responsável pela rápida recuperação económica pós-2009. Com efeito, em 2008-2009 este registou uma descida marginal (contrastando com que se verificou na maioria da UE), recuperando rapidamente no período 2010-2013, reflexo da sólida base económica sueca (sector bancário, mercado de trabalho, contas domésticas equilibradas, crescimento dos índices de produtividade). Suportado pelo aumento do rendimento disponível das famílias, pela descida da taxa de desemprego e ainda pela diminuição dos custos dos produtos alimentares e da energia, em 2015 e 2016, o consumo doméstico cresceu 3% e 2,1%, respetivamente. Entre 2017 e 2019, este deverá crescer a uma média anual de 2,2%. O crescimento económico em 2016 (3%) representa um decréscimo em relação ao biénio 2014-15 (média anual de 3,5%), altura em que a economia sueca registou uma rápida recuperação, fruto de uma política monetária expansionista, de um forte crescimento do sector imobiliário e de um desemprego em queda, abaixo de 7%. Em 2017, e segundo o Economist Intelligence Unit (EIU) a economia sueca terá crescido 2,7%, impulsionada pelo investimento

17

interno e pelas exportações. Para 2018, a mesma fonte projeta que a economia se mantenha estável, crescendo 2,6%, devendo, para o período 2019- 2022, crescer a uma taxa média anual de 2,3%. No 3º trimestre de 2017, a taxa de inflação ultrapassou 2%, o valor mais elevado desde 2011; no entanto, em outubro, e após uma valorização de moeda, este indicador baixou para 1,7%, o que resultou numa taxa de inflação anual de 1,8%. Para o EIU, o índice de preços deverá manter-se estável entre 2018 e 2021. Segundo fontes locais, nos três primeiros trimestres de 2017 diminuiu o excedente da balança corrente, em função da forte procura interna, provocando um aumento das importações e uma redução dos saldos das balanças comercial e de serviços. Em 2016 o saldo da balança corrente atingiu 4,5% do PIB, que compara com 4,7% registado em 2015. No ano transato, este saldo deverá ter diminuído para 4%, refletindo um decréscimo do saldo da balança de serviços, situação que não deverá sofrer alteração em 2018. Uma quebra da procura interna deverá conduzir a uma nova subida do saldo da balança corrente em 2019, voltando a cair em 2020, em função da diminuição global das exportações, consequência do previsível abrandamento cíclico da economia dos EUA. No médio prazo, o saldo da balança de rendimentos deverá continuar positivo; no entanto, parte deste saldo será esbatido pelos défices da balança de transferências. Um crescimento sustentado do emprego, alcançar a mais baixa taxa de desemprego da UE, reforçar o sistema de segurança social e tornar-se num dos primeiros Estados a banir os combustíveis fósseis constituem as principais apostas da coligação governamental atualmente no poder. A longo prazo, a Suécia ver-se-á confrontada com o problema do envelhecimento da sua população. Por um lado, a curto prazo continua a crescer a população empregada; por outro, a percentagem da população em idade de trabalho (que atingiu 64,3% da população total em 2007, deverá cair para 60% em 2025), apesar dos fluxos líquidos de imigração. Dentro de pouco mais de uma década, a população acima dos 65 anos representará 22% do total (17% em 2000). Neste cenário, o grande desafio consistirá em encontrar formas de financiamento de uma despesa pública crescente, sobretudo na área da saúde, assim como em reduzir a taxa de desemprego da população jovem, que em 2016 atingiu 18,8%. Com uma economia largamente voltada para a exportação 3, as perspetivas económicas dos seus principais clientes são um fator determinante na evolução do crescimento da Suécia. O principal risco que a economia sueca enfrenta reside na eventual quebra dos fluxos do comércio a nível global, em geral, e a nível comunitário, em particular.

ENGINEERING & TOOLING


18

2 - RELAÇÕES ECONÓMICAS PORTUGALSUÉCIA

MARKET REPORT

Balança Comercial de Bens

Comércio de Bens e Serviços Não sendo um dos principais parceiros comerciais de Portugal, a Suécia apresenta uma assinalável margem de progressão para o comércio internacional português. Em 2017, o país representou 0,91% das exportações portuguesas de bens e serviços e 0,89% das importações. Balança Comercial de Bens e Serviços Em 2017, e interrompendo um período de 3 anos, a balança comercial de bens e serviços foi positiva para Portugal, com o saldo a atingir 53,8 milhões de euros. De assinalar que as exportações cresceram 7,3% face ao ano anterior, e as importações registaram um decréscimo de 3,8%. No período 2013-2017, as exportações e as importações tiveram uma evolução positiva, tendo-se verificado crescimentos médios anuais de 3,7% e 5,9%, respetivamente, cf dados abaixo:

''

''

''

''

Fonte: Banco de Portugal Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2013-2017 (b) Taxa de variação homóloga 2016-2017 Devido a diferenças metodológicas de apuramento, o valor referente a “Bens e Serviços” não corresponde à soma [“Bens” (INE) + “Serviços” (Banco de Portugal)]. Componente de Bens com base em dados INE, ajustados para valores f.o.b.

''

''

''

''

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE) Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2013-2017; (b) Taxa de variação homóloga 2016-2017; 2013 a 2015 - resultados definitivos; 2016 - resultados provisórios; 2017 – resultados preliminares

Serviços No que se refere ao comércio de serviços, em 2017 a Suécia absorveu 0,90% das nossas vendas totais ao exterior, e foi responsável por 0,58% das importações totais. No período 2013- 2017, constata-se uma diminuição quase contínua da quota do país enquanto cliente de Portugal (de 1,07% em 2013 para 0,90% em 2017). Na qualidade de fornecedor, a Suécia manteve uma quota de mercado inferior, registando em 2014 o melhor resultado do período (0,89%). Ao invés do que sucede no comércio de mercadorias, na área dos serviços a balança bilateral é tradicional e amplamente favorável a Portugal. No período 2013-2017, a balança comercial de serviços luso-sueca viu decrescer a sua taxa de cobertura das importações pelas exportações de 479,3% para 320,1%. Balança Comercial de Serviços

Comércio de Bens Em termos globais, e no que se refere ao comércio de bens, a Suécia é um parceiro relativamente importante para Portugal, surgindo, em 2017, no ranking de clientes, na 15ª posição, com uma quota de mercado de 0,91%, e no de fornecedores, igualmente na 15ª posição, com uma quota de mercado de 0,94%.

Fonte: Banco de Portugal; Unidade: Milhões de euros Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2013-2017; (b) Taxa de variação homóloga 2016-2017

Todavia, no período 2013-2017, a Suécia perdeu um lugar no ranking de clientes, tendo a sua quota de mercado regredido de 0,93% para 0,91%, e subiu um lugar enquanto fornecedor, mas diminuindo a sua quota de mercado de 0,97% para 0,94%. No âmbito da UE, em 2017 a Suécia posicionou-se como o 9º maior cliente e fornecedor de Portugal. No período de 2013-2017, a balança comercial luso-sueca foi, como habitualmente, desfavorável a Portugal. As taxas médias de crescimento das exportações e importações foram de 3,8% e 4,6%, respetivamente, e a taxa de cobertura das importações pelas exportações desceu de 79,9% para 77,3%, tendo o défice comercial crescido de 111 para 147 milhões de EUR. No cômputo geral, neste período as exportações subiram de 441 para 502 milhões de EUR e as importações de 551 para 649 milhões de EUR.

3 - CARACTERIZAÇÃO GERAL DO SECTOR DE MOLDES NA SUÉCIA Produção A Suécia tem uma longa tradição no sector da manufatura, sendo que várias empresas estão a expandir-se e a localizar-se na Suécia. Algumas das empresas mundiais líderes na indústria transformadora tiveram origem na Suécia, como é o caso da Volvo e da Scania, com um grande peso ainda hoje e agora acompanhadas por várias empresas estrangeiras com operações no país.


Principais sectores da indústria transformadora na Suécia

fusão com a Saab, mas a Scania tornou-se novamente uma empresa independente em 1995. Em 2000, a sua aquisição pela Volvo foi recusada pela agência de concorrência da UE e a Volkswagen tornou-se o maior acionista da empresa, e o único proprietário desde 2014. Adicionalmente, em 2013 - 2015, a National Electric Vehicles Sweden (NEVS), retomou a produção dos automóveis Saab, mas em pequenos volumes. A principal estratégia da NEVS é o desenvolvimento de veículos elétricos. Localização da Produção

Indústria Automóvel e Componentes para Automóveis Quando a GM e a Ford anunciaram que queriam alienar a Saab Automobile e a Volvo Cars, o futuro da indústria automóvel na Suécia foi, por vezes, questionado. No entanto, as preocupações, pelo menos a médio prazo, não se tornaram realidade. A Suécia mantém-se um país onde a indústria automóvel tem um grande impacto na comunidade de negócios e na economia. Apesar de contar, apenas, com pouco mais de 10 milhões de habitantes, tem dois dos maiores fabricantes de veículos pesados – Scania AB e Volvo Group AB – e o maior fabricante de veículos ligeiros – Volvo Car Corporation – com as principais operações na Suécia. A Volvo foi fundada em 1927 como produtor de camiões. O primeiro passo para se tornar um Grupo global foi a abertura, em 1975, de uma fábrica de camiões na Bélgica. Em 1999 vendeu a divisão de automóveis (Volvo Cars) à Ford Motor Company e, a partir de então, foi alargando a oferta. Em 2015 o Grupo Volvo AB, em que a maioria dos acionistas é sueca, incluía um leque alargado de marcas: Volvo, Volvo Penta, UD, Terex Trucks, Renault Trucks, Prevost, Nova Bus e Mack plus, tendo alianças e joint ventures com as marcas Sunwin, SDLG, Eicher e Dongfeng. As vendas repartiam-se por camiões (68% do total), equipamentos para a construção (16%) e autocarros (7%).

Estes fabricantes estão orientados para a exportação (mais de 85% da produção), sendo que a sua performance determina o desempenho dos pequenos fornecedores suecos. De acordo com um estudo realizado pela Vinnova Analysis, publicado em outubro de 2017 (The automotive industry in Sweden - A cluster study), em 2016, a indústria automóvel era a maior indústria exportadora da Suécia, com cerca de 14% da exportação sueca de bens. A indústria de componentes, embora mais concentrada no sul, distribui-se por praticamente todo o território sueco, com grupos de empresas em quase todas as cidades. Västra Götaland e Estocolmo têm os dois maiores clusters do sector, seguidos pela região de Jönköping. Localização dos Fornecedores do Sector Automóvel (2015)

Em 2010 a Ford vendeu a Volvo Cars à Geely Holding e, em 2015, foram vendidos meio milhão de veículos, dos quais uma pequena parte com motor elétrico ou híbrido. Nos três primeiros trimestres de 2017, o valor das vendas aumentou, em termos homólogos, 18,9% para SEK 149 250 milhões, correspondentes a 413 472 unidades. O EBIT e o lucro líquido aumentaram, respetivamente, 36 e 42%. Este crescimento está assente na aceitação pelo mercado da nova geração de modelos, estratégia que se deverá manter quer em 2018, com a substituição dos modelos S60 e V60, quer em 2019 com a oferta dos novos modelos em versão híbrida ou elétrica. A Scania foi fundada em 1891 como Vabis e estabeleceu uma subsidiária no Brasil em 1957. Em 1969, ocorreu a

19

Fonte: Vinnova Analysis, The automotive industry in Sweden - A cluster study

ENGINEERING & TOOLING


20

O número de empresas ativas fixou-se em 593 em 2015 e tem permanecido relativamente estável: entre 2007 e 2015, cessaram operações 35 empresas mas 45 iniciaram atividade.

MARKET REPORT

Produção de veículos motorizados, por país, na UE em 2016

Suécia – maiores empresas do sector automóvel por volume de negócios

Fonte: ACEA

Produção total de veículos por fabricante sueco (incluindo produção no exterior) Fonte: Largest companies by turnover/manufacture of motor vehicles trailers and se- mitrailers

De acordo com a ACEA, na Suécia, o sector empregou 1,47% da população em 2015 (68 336 pessoas), acima da média europeia de 1,14% (2,5 milhões de pessoas). No mesmo ano, foram produzidos, em média, 3 veículos motorizados por cada empregado direto, contra a média europeia de 7,6 por trabalhador. Emprego direto na produção automóvel, por país (2015)

Fonte: BIL Sweden

A indústria automóvel é um dos sectores onde o investimento é mais significativo, com uma percentagem de 18% do total do investimento sueco na indústria em 2015; segundo o estudo The automotive industry in Sweden - A cluster study a participação do sector (automóveis e componentes) nos investimentos da indústria sueca atingiu 21% em 2016. Por outro lado, a indústria de veículos e embarcações na Suécia, um pouco maior do que a indústria automóvel, respondeu, em 2015, por 21% de todos os investimentos suecos em I&D. Em 2016, foram registados na Suécia, 431 818 veículos, dos quais 372 318 ligeiros de passageiros, 51 650 comerciais e autocarros ligeiros até 3,5 toneladas, 6 520 comerciais acima de 3,5 ton. (camiões) e 1 330 autocarros acima das 3,5 toneladas.

O estudo realizado pela Vinnova Analysis, que considera, também, o sector de componentes, refere que o emprego atingiu, em 2015, um total de 101 596 trabalhadores, mantendo-se relativamente estável desde 2010/2011. A principal base da indústria automóvel sueca assenta na produção de veículos de passageiros e de comerciais pesados acima das 15 toneladas (incluindo camiões articulados). Em 2016, foram produzidos 205 355 veículos de passageiros e 41 378 comerciais pesados, num total de 246 733 veículos, respetivamente, mais 33 406 e 5 460 veículos do que no ano anterior.

Indústria do plástico e borracha Em 2015, a Suécia contava com cerca de 1 300 empresas fabricantes de produtos de borracha e plástico que respondiam por um volume de negócios da ordem dos 4 698 milhões de euros. A tendência, desde 2008, aponta para a redução do número de empresas (menos 54 em sete anos) a par do aumento do volume de negócios (mais 467 milhões de euros no mesmo período, não obstante uma forte contração em 2009.


Suécia – maiores empresas do sector do plástico e borracha por volume de negócios

4 - POSICIONAMENTO DA SUÉCIA NO SECTOR DE MOLDES Principais valores estatisiticos De acordo com os dados do ITC - International Trade Centre, em 2016, a Suécia foi o 29º maior importador mundial de bens, representando 0,88% do total das importações. Nos moldes ocupava a 45ª posição no ranking, respondendo por 53,2 M€ correspondentes a 0,35% das importações mundiais destes produtos. O valor das importações suecas de bens em 2012 foi muito próximo do verificado em 2016 (respetivamente, 127,9 e 127,5 mil milhões de euros). Já nos moldes, as importações da Suécia no final do período superaram, em 3,2M€ o valor de 2012, registando um crescimento médio anual de 3%, ainda assim, inferior à média mundial de 4,9%.

Fonte: Largest companies by turnover/manufacture of rubber and plastic products

Além do desenvolvimento da indústria automóvel, indutora da procura de componentes de plástico e borracha, também tem sido impulsionado o volume de vendas do sector da embalagem em resultado quer do crescimento da população sueca, quer do reforço da procura de soluções cada vez mais amigas do ambiente, desde a fase de fabrico até ao transporte e reciclagem. Um dos principais fatores competitivos remete para novas soluções de embalagem, tanto nos materiais utilizados no processo de produção, como em termos visuais. Neste sector, a tendência é eco-friendly, com foco na sustentabilidade, reciclagem, saúde e segurança. O principal desafio está em soluções de embalagens leves, duradouras e fáceis de usar, sendo que a procura crescente e a evolução da legislação nesta área são desafios que obrigam os fabricantes a procurar soluções biodegradáveis ou que derivem de fontes sustentáveis. Segundo o Euromonitor, esta tendência tem tido efeito, por exemplo, ao nível da dimensão das embalagens, com uma procura acrescida de soluções com menor capacidade explicada, em parte, pelo elevado número de famílias unicelulares e pela falta de espaço, mas também, pela associação de embalagens mais pequenas a menor desperdício dos produtos e a utilização de menos material para a sua produção. No caso dos bens alimentares, a preocupação com o ambiente deu lugar a uma maior utilização de embalagens bioplásticas e biodegradáveis. A cosmética parece ser um dos poucos sectores em que a importância do design e da rotulagem se sobrepõem às preocupações ambientais mas, ainda assim, está a ser dada cada vez mais importância a soluções de embalagens ecológicas.

21

Contudo, cabe destacar que, neste sector, em 2016, as importações suecas diminuíram 14,6% enquanto as mundiais registaram um decréscimo de 0,1%. A balança comercial de bens é tradicionalmente favorável ao mercado mas, desde 2012, os superavits têm vindo a reduzir–se sistematicamente, e em 2016 ocorreu o primeiro défice do período. No sector de moldes, a balança foi sempre deficitária ao longo do período. Em 2016, o valor das importações suecas de moldes foi superior ao das exportações em 37M€ (53,2M€ versus 16,3M€). Principais fornecedores Em 2016, a China liderou o mercado de moldes, com uma quota de 41,4%. As importações suecas de moldes chineses cresceram, em média, 12,9% ao ano desde 2012, fixando-se em 22M€ em 2016, um acréscimo de 5,1M€ face ao início do período. O segundo e terceiro lugares do ranking de fornecedores oscilou entre a Itália e a Alemanha nos últimos cinco anos. Em 2016, a Suécia importou 7,9M€ de moldes italianos e 6,4M€ de moldes alemães, 14,8% e 12% do total, respetivamente. Entre 2012 e 2016, a evolução das compras suecas foi positiva, embora com flutuações ao longo do período, com taxas médias de crescimento de 17,1% e de 8,8%. Os valores importados em 2016 ultrapassaram os registados em 2012 em 2,8M€ no caso italiano e, em resultado de uma forte contração no último ano, apenas 188 mil euros no caso alemão. Os fornecedores seguintes, Japão (4º), Suíça (5º) e Portugal (6º), respondiam juntos por 12,6% do mercado em 2016 (9% em 2012). O Japão tem reforçado a posição no mercado, subindo três lugares no ranking de fornecedores. A quota passou de 1,3% para 4,3%, e as compras mais do que triplicaram em cinco anos, de 630 mil euros

ENGINEERING & TOOLING


22

para 2,3M€. Pelo contrário, a Suíça perdeu parcelas de mercado. As importações baixaram de 2,6M€ em 2012 (5,2% do total) para 2,2M€ em 2016 (4,2%), apesar de um pico em 2013 (5,5M€ ou 12,1% do total). No caso de Portugal, as importações suecas de moldes aumentaram, bem como a respetiva quota de mercado (ver ponto 5). De referir, ainda, que, em 2016, cerca de 77% (40,9M€) das importações suecas deste sector foram moldes para plástico ou borracha, quer para moldação por injeção ou compressão (8480 71), como outros não especificados (8480 79). As compras da Suécia a Portugal concentraram-se na totalidade neste tipo de moldes. No mesmo ano, Portugal foi o 5º fornecedor do mercado de moldes para plástico ou borracha, para moldação por injeção ou compressão (8480 71), com uma quota de 4,9%, correspondente a 1,9M€; nos outros moldes para plástico ou borracha não especificados (8480 79), a posição subiu para 3ª no ranking de fornecedores, com 264 mil euros e uma quota de mercado de 14%.

5 - RELACIONAMENTO PORTUGAL SUÉCIA NO SECTOR DE MOLDES De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, em 2017, a Suécia foi o 15º cliente das exportações portuguesas de bens (502M€) e o 15º fornecedor (649M€). O mercado foi o 15º cliente de moldes portugueses em 2016, com aquisições de mais de 7M€, que corresponderam a 1,1% das exportações do sector; Em 2017, o valor subiu para 9,3M€ e a Suécia subiu uma posição no ranking de clientes, com uma quota de 1,4%. Entre 2012 e 2016, as saídas de moldes para o mercado sueco cresceram a uma média anual de 56,7%, apesar da evolução ao longo do período não ter sido constante; em 2014 registou-se o valor de exportações mais significativo (14,5M€), seguido de dois anos de quebras. Esta tendência alterou-se em 2017, com as exportações de

MARKET REPORT

moldes para a Suécia a crescerem 33,7%, bem acima dos 7,1% do sector. Os valores publicados pelo INE são muito superiores aos divulgados pelo ITC em todos os anos do período em análise. Esta diferença poderá ser explicada por diferentes critérios de apuramento de dados. Enquanto fornecedor de moldes a Portugal, a Suécia ocupou o 12º lugar em 2016 com uma quota de 1,1% (2M€) e o 15º em 2017 com 0,9% e 1,4M€. As importações portuguesas aumentaram, em média, 169,1% ao ano entre 2012 e 2016, taxa justificada, em larga medida, pelos baixos valores de partida (400 mil euros em 2012). Deste modo, o saldo da balança comercial é favorável a Portugal em todos os anos e, de forma geral, com tendência para o reforço do saldo; o superavit mais elevado foi alcançado em 2015 (9,9M€).

6 - OUTROS ASPETOS Como principal entidade relacionadas com o sector encontramos a FKG Fordonskomponentgruppen - Associação comercial dos fornecedores escandinavos para a indústria automóvel (apresenta como o organismo central desta indústria). Por ultimo é de referir o principal evento do sector - Elmia Subcontractor - principal feira do Norte da Europa direcionada para a indústria na vertente da subcontratação, especializada no desenvolvimento e compra de produtos. A feira é realizada anualmente em Elmia (Jönköping, Suécia). A importância deste vento reflete-se no número de expositores e visitantes, com cerca de 1 200 expositores de 30 países e cerca de 15000 visitantes, bem como no valor dos contratos celebrados em cada ano. A próxima edição é de 13-16 novembro 2018.

_____________________ 1 - Nesse ano, a economia contraiu 5,1%. 2 - Entre 2010 e 2015, a economia cresceu a uma taxa média de 2,6% ao ano. 3 - As exportações totais representam, atualmente, cerca de 45% do PIB sueco.


EVOLUÇÃO DOS MERCADOS

Análise Comparativa Segundo Trimestre 2018

MERCADOS TRADICIONAIS

PESO DOS MERCADOS TRADICIONAIS NAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS

MERCADOS DA EUROPA CENTAL E DE LESTE

MERCADOS DA EUROPA OCIDENTAL

MERCADOS AMERICANOS

OUTROS MERCADOS ESTRATÉGICOS

Fonte: AICEP Portugal Valores de exportações em unidades de milhar

23

ENGINEERING & TOOLING



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.