Ano 6 ı Número 23 ı Trimestral ı Outubro 2018
Ano de 2018 – Exportações: Que Evolução? O conceito de “Place Branding” O Sector de Moldes na Argentina
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MARKET REPORT
N OTÍCIAS SECRETÁRIO DE ESTADO DA INTERNACIONALIZAÇÃO VISITOU INDÚSTRIA DE MOLDES Portuguesa de Moldes se assume hoje como um player de referência mundial, detentor de um posicionamento estratégico de suporte e integração das cadeias de valor dos principais clientes mundiais, com especial incidência na indústria automóvel”.
“É preciso ouvir” para o Governo “incorporar na política pública as prioridades, vontades e dificuldades que têm os empresários e as empresas”. Esta foi uma das principais mensagens que deixou Eurico Brilhante Dias, secretário de Estado da Internacionalização que, no passado dia 5 de julho, realizou uma visita à indústria de moldes e à região de Leiria, durante a qual almoçou com mais de uma centena de empresários e representantes de instituições (num evento organizado em conjunto pela CEFAMOL e pela NERLEI - Associação Empresarial da Região de Leiria), visitou empresas e reuniu com as entidades representativas do sector. “Faço muitas viagens ao exterior, mas também faço muitas cá dentro e é a partir destes encontros que consigo olhar os sectores, definir prioridades, escutar as questões mais prementes”, explicou, considerando que Leiria, em particular o seu sector empresarial e associativo, “tem tido um contributo muito importante para o crescimento económico do país e das exportações”. O Programa “Internacionalizar”, que apresentou durante o almoço de trabalho, “posiciona Portugal ao lado de outros parceiros, inclusive europeus”, disse ainda, visando acompanhar e auxiliar os sectores privado e público numa estratégia para aumentar o peso das exportações nacionais no Produto Interno Bruto (PIB) e captar maior volume de investimento direto junto de entidades estrangeiras.
Reforçar Posicionamento Internacional Coube a João Faustino, presidente da CEFAMOL fazer um enquadramento do sector, afirmando que “a Indústria
Sublinhando a “notável” evolução desta indústria na última década - com as exportações a registar um aumento superior a 100% entre 2010 e 2017 -, João Faustino considerou que se torna “fundamental que as empresas acompanhem permanentemente a sua envolvente negocial, a evolução política e social dos mercados, as novas tendências tecnológicas, o posicionamento da concorrência, o contexto evolutivo das indústrias que servem, entre muitos outros fatores que condicionam, direta ou indiretamente, a sua atividade e, consequentemente, a sua estratégia de desenvolvimento e diferenciação”. Mas não só. O presidente da CEFAMOL chamou ainda a atenção para as dificuldades que o sector sente em conseguir mão-de-obra qualificada, o que classificou como “o maior entrave ao nosso crescimento”. Para João Faustino, as empresas necessitam de equipas qualificadas e multidisciplinares que assegurem a necessária “aposta permanente na inovação e no conhecimento”, por forma a manterem uma das suas principais características de competitividade: a forte aposta na modernidade tecnológica e organizacional. A título de exemplo, referiu, “registamos mais de 42 milhões de euros de projetos nacionais de I+D+I, envolvendo mais de 100 empresas e cerca de 50 entidades do Sistema Científico, Tecnológico e outras entidades do Ensino Superior”.
Resolução de problemas
Sublinhou ainda que o sector - 3º produtor europeu e 8º a nível mundial na produção de moldes para injeção de plásticos - conseguiu criar “mais de 3.000 postos de trabalho líquidos no período entre 2010 e 2016”. “Operando a uma escala global, torna-se assim fundamental que as empresas acompanhem permanentemente a sua envolvente negocial, a evolução política e social dos mercados, as novas tendências tecnológicas, o posicionamento da concorrência, o contexto evolutivo das indústrias que servem, entre muitos outros fatores que condicionam, direta ou indiretamente, a sua atividade e, consequentemente, a sua estratégia de desenvolvimento e diferenciação”, adiantou, explicando que “a internacionalização, por via das exportações, do investimento, da integração em cadeias de valor globais, da vigilância de mercado ou das parcerias em projetos europeus de I&D e inovação que se têm constituído, assume um papel preponderante para a definição do posicionamento das empresas e, por que não dizer, do sector como um todo”. Destacou, a este nível, a importância que assumem entidades como a CEFAMOL, o CENTIMFE ou a POOL-NET, frisando que a campanha de promoção internacional assente na marca coletiva “Engineering & Tooling from Portugal” tem demonstrado “toda a cadeia de valor e integração de competências que representamos” e “tem sido fundamental e estratégica para os resultados alcançados”. Aludindo ainda à estratégia de diversificação de mercados que o sector tem procurado seguir, apontou os exemplos dos EUA, México, Europa Central ou Marrocos, como “alguns alvos para esta nova fase”. Por tudo isto, o presidente da CEFAMOL solicitou ao governante “apoio para manter esta trajetória de sucesso, continuando a reforçar o nosso posicionamento internacional”.
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Já Jorge Santos, presidente da NERLEI deu conta ao secretário de Estado de alguns dados económicos ilustrativos da importância da região de Leiria. “As exportações de 2006 a 2016 cresceram 92% na região, enquanto que no país cresceram pouco mais de 40%”, começou por referir, adiantando que, em 2011 “a nossa quota de exportação era de 2,4% e em 2017 3%”. Jorge Santos revelou ainda que, em valor acrescentado, “o distrito de Leiria, de 2015 para 2016, cresceu 9,1%, enquanto que a média do país cresceu 6%”, sublinhando que no que toca aos números de desemprego, “as nossas taxas têm sido sempre no mínimo 3 pontos percentuais abaixo da média nacional”. O responsável da NERLEI pediu, depois, ao governante, ajuda na resolução de problemas que, disse, as empresas enfrentam em mercados estrangeiros. Salientou o caso de Marrocos, apontando “dificuldades na obtenção de vistos de entrada em Portugal de cidadãos marroquinos”, salientando que o “processo pode demorar alguns meses” na embaixada portuguesa em Rabat, “o que dificulta a receção de empresários nas empresas e associações” portuguesas. Outros exemplos que deu foram a Argélia e o Irão, referindo-se às dificuldades na obtenção de vistos, no primeiro, e a impossibilidade de efetuar transferências bancárias, no segundo. Já em território nacional referiu os “processos de desalfandegamento demorados” e os custos dos portos nacionais que “são muito elevados”, pelo que os armadores estão “a desviar-se de Portugal e a ir para Espanha”. Elencou ainda outras questões, como a legislação laboral, o sistema fiscal ou a morosidade da justiça, como fatores que afetam a capacidade competitiva das empresas. Em resposta, Eurico Brilhante Dias referiu que do conjunto de questões “algumas são conhecidas” e outras classificou-as mesmo como “velhos problemas”. Referiu que, em matéria de vistos, foi alterada a legislação, sendo que o decreto regulamentar deverá ser aprovado na próxima semana. “Isso não resolve os problemas de capacidade dos nossos consulados”, reconheceu, admitindo que Marrocos e Argélia são “fortemente pressionados”, situação que o Executivo tem procurado resolver. Quanto ao Irão “o problema central é o banco correspondente”, no lado português, mas prometeu trabalhar nesta matéria.
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MARKET REPORT
‘IPL-INDÚSTRIA’: MAIS DE TRÊS DEZENAS DE EMPRESAS APOIAM 41 BOLSAS A ESTUDANTES É um projeto que se tem afirmado pelo crescimento, ano após ano. No ano letivo de 2018/2019, serão 41 os estudantes a ser apoiados com bolsas de estudo pelo ‘IPL-Indústria’, projeto que vai na sexta edição. O número de empresas que apoia os estudantes também subiu para 33 (foram 27 no ano letivo passado), mais de metade das quais pertencentes aos sectores de moldes e plásticos. Só na área da Engenharia Mecânica, vão ser atribuídas 20 bolsas. Este projeto, resultante de um protocolo firmado entre a CEFAMOL, a Associação Empresarial da Região de Leiria (NERLEI) e o Instituto Politécnico de Leiria (IPL), teve início em 2014 tendo sido, então, atribuídas sete bolsas por igual número de empresas. De então para cá, o número de empresas participantes e de bolsas tem crescido consideravelmente. Os resultados positivos foram apresentados no passado dia 19 de julho, no “VI Encontro IPL-Indústria”, numa sessão que serviu também para projetar o próximo ano do projeto e que juntou convidados e empresários da região de Leiria, para realçar a ligação já consolidada entre a academia e a indústria. A empresa GEOCAM foi uma das que marcou presença no evento, sendo também uma das que, regularmente, concede bolsas de estudo a jovens alunos. Eugénio Santos, responsável da empresa, explica ter aderido há três anos ao projeto que classifica como “muito positivo”. “A importância deste projeto, no fundo, e para além do seu papel social de ajuda aos jovens, é conseguir uma ligação muito mais próxima entre a empresa e o IPL e, com isso, atrair novos e mais qualificados colaboradores para a empresa”, considera, admitindo que a atração de recursos humanos para a empresa é, atualmente, uma das maiores dificuldades que sente. Desde que iniciou a ligação ao ‘IPL-Indústria’ tem notado
algumas alterações. “Noto que as pessoas nos contactam mais, abordam-nos para a possibilidade de realizar estágios e, provavelmente, podemos vir a ficar com eles na empresa”, explica, contando, como exemplo que, este verão, contaram com um aluno do IPL a fazer estágio. “Mas vamos sendo mais abordados, mais conhecidos pelos jovens e pela academia, o que para nós é bom”, aditando, considerando que o ‘IPL Indústria’ é, para a resolução do problema das dificuldades de angariação de recursos humanos “um passo importante, mas há ainda um caminho a percorrer”.
DESAFIOS FUTUROS Os resultados do protocolo ‘IPL-Indústria’ relativos ao ano letivo 2017/2018 foram apresentados por Carlos Capela, diretor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), mostrando valores muito positivos. Para além da atribuição de 37 bolsas por 27 empresas, a parceria entre as três entidades resultou, no último ano letivo, na realização de 34 visitas de estudo, e ao nível da formação em contexto empresarial destaque para a concretização de 98 estágios extracurriculares de verão, 142 estágios curriculares de licenciaturas, 34 estágios curriculares de mestrado nas empresas e 48 trabalhos de investigação. Durante os cinco anos de cooperação foram organizados 220 seminários, workshops, aulas abertas e ações de formação para colaboradores de empresas e 28 prestações de serviço a empresas. No âmbito dos desafios para o futuro da parceria ‘IPL-Indústria’, Carlos Capela elencou como prioridades “o alargamento do âmbito do protocolo”, o “follow-up do percurso dos estudantes premiados com bolsas”, a intensificação da partilha e valorização de conhecimento com o tecido empresarial”, bem como a possibilidade de organização de “um dia aberto para as empresas”.
Mostrando a sua satisfação pela parceria entre as três entidades e a forma como tem sido acolhida pelos parceiros, pelas empresas e pela comunidade académica, o secretário-geral da CEFAMOL, Manuel Oliveira, considerou que “esta é uma ligação que fortalece a indústria e a região, sobretudo a indústria de moldes, que se destaca pela inovação, pelo know-how e pelo rigor”. Manuel Oliveira frisou que, desde o seu início, o ‘IPL-Indústria’ tem tido o mérito de aproximar a academia e a indústria, de forma a adequar a oferta formativa em função das necessidades das empresas. “Valorizamos a escola e contribuímos para atrair talento para a nossa indústria”, sublinhou, enaltecendo o papel da equipa que tem trabalhado neste projeto que, assegurou, “tem desafios futuros em preparação”.
INOVAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, INTERNACIONALIZAÇÃO Rui Pedrosa, presidente do Politécnico de Leiria, destacou os conceitos da letra “i” que aparece três vezes no nome do protocolo ‘IPL-Indústria’. Assim, começou pela Inovação, na medida em que é um evento único, que liga o Politécnico de Leiria às empresas regionais e nacionais. “Existe uma dimensão de responsabilidade social neste protocolo, que não se encontra noutros projetos similares que surgiram posteriormente. É ainda um projeto inovador por promover a empregabilidade qualificada dos nossos diplomados”, considerou, salientando que “o segundo “i” corresponde à Investigação, já que muitos dos projetos são orientados para o desenvolvimento da economia local e regional, e deste território”. Quanto ao ultimo “i”, frisou, “é de Internacionalização, em que deixo o desafio de fazer deste um projeto internacional, implementá-lo além-fronteiras”. Rui Pedrosa terminou com palavras de incentivo para a continuação deste projeto que, disse, “muito nos orgulha e que é mais um exemplo de inovação e criatividade da região de Leiria”. Já Jorge Santos, presidente da Nerlei, destacou a importância das pessoas nas organizações, considerando que são elas que fazem a diferença. “O que o IPL tem feito é formar as pessoas em várias áreas, que valorizam e ganham competências nestas escolas”, disse, alertando que, no futuro, vão ser necessárias novas competências, pelo que é preciso estar atento às tendências do mercado e preparado para as grandes alterações a realizar. “Inteligência artificial, tecnologias aditivas e digitalização são alguns dos novos desafios que nos obrigam a mudar o nosso modelo de negócio, os processos produtivos ou até comerciais”, afirmou, sublinhando que “temos de trabalhar mais na inovação, seja nos modelos de negócios, seja nos processos produtivos e comerciais”. O evento terminou com a intervenção de Nuno Mangas, presidente do IAPMEI, que enalteceu a “excelente prática
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de apresentar um balanço, de prestar contas e mostrar o que foi feito”. Nuno Mangas falou da necessidade cada vez mais “gritante” de ter pessoas qualificadas no mercado de trabalho. “Temos falta de recursos humanos, de mão de obra industrial e comercial”, afirmou o presidente do IAPMEI. “Este protocolo permite colocar em evidência que a nossa indústria é moderna, desenvolvida, tecnologicamente avançada, virada para o exterior e para a exportação. Vale a pena apostar numa carreira que passe pela indústria”, frisou. Nuno Mangas referiu ainda que a temática da capacitação é “algo que está na génese do IAPMEI, com formação e parcerias com empresas, associações empresariais e sectoriais”. “Temos proximidade com as empresas, damos apoio comunitário, aconselhamento especializado e financeiro, sobretudo sobre fundos comunitários ou de financiamento”, referiu o presidente do IAPMEI, garantindo que “estamos cá para ajudar-vos nestas iniciativas que tornam as empresas mais competitivas e uma economia mais pujante”.
CIBERSEGURANÇA Esta sessão do ‘IPL-Indústria’ deu destaque ao tema ‘Cibersegurança na Indústria’, tendo sido esse o tema de uma conferência proferida por Francisco Nina Rente, gestor do Ciber Security Group da Prosegur. O orador falou dos crescentes desafios da cibersegurança no modelo de negócio industrial, que “é uma oportunidade de nos diferenciarmos e abordar outras realidades”. Sendo gradualmente uma indústria digitalizada, Francisco Rente explicou a grande probabilidade de ser vítima de ataques informáticos, com vários exemplos de boas práticas que as empresas descuram diariamente, como a escolha de uma password suficientemente forte ou o cuidado reforçado com o controlo de acesso aos sistemas de informação. “Há pessoas dedicadas a descobrir problemas para cometer crimes”, advertiu, considerando que, “se a empresa aplicar boas práticas de segurança vai ter qualidade por inerência”. “A transformação digital requer uma mudança de mentalidade e de postura”, reforçou. Admitindo que não é possível garantir a segurança a 100%, o responsável considerou que “a diferença faz-se pela capacidade de reação”. A indústria, disse, “tem fragilidades muito grandes, mas tem vindo a melhorar”. Um dos aspetos que considerou importantes é que quem desenha (o sistema de segurança) o faça da forma mais correta e quem o utilize que o faça da forma mais segura. Referiu ainda que muitas empresas procuram obter a certificação pela norma 27001 (segurança da informação), aconselhando a que o façam, não apenas para ostentar o selo, mas para adotar práticas verdadeiramente mais seguras.
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MARKET REPORT
MISSÃO NOS EUA Enquadrado no projeto de internacionalização “Engineering & Tooling from Portugal 2017-18”, a CEFAMOL promoveu uma Missão Empresarial nos EUA dedicada à área dos dispositivos médicos, que decorreu entre os dias 11 e 15 de junho, no estado de Nova Iorque, e que contou
com a participação das empresas Digimold, Frumolde, Inpomoldes e Moldegama. A iniciativa permitiu a visita aos eventos “MD&M East” e “Plastec East”, organizados conjuntamente no Jacob K. Javits Center, na cidade de Nova Iorque, e o estabelecimento de contactos comerciais com empresas locais que operam na área médica. Esta ação, e a aposta na área dos dispositivos médicos, está enquadrada na estratégia de eficiência coletiva definida para o sector, sendo a interação com indústrias de elevado valor acrescentado uma das orientações prioritárias para o cluster “Engineering & Tooling” em que a indústria de moldes se integra.
INDÚSTRIA PORTUGUESA DE MOLDES PRESENTE NA V EDIÇÃO DOS PLASTIC MEETINGS LYON A convenção internacional de negócios para a indústria de plásticos, realizada em Lyon, contou com uma forte presença portuguesa. A CEFAMOL organizou a participação coletiva de empresas nacionais no certame “Plastic Meetings” realizada nos dias 19 e 20 de junho no Espace Tête d’Or, em Lyon, França. O evento permitiu a promoção de reuniões bilaterais (B2B) entre representantes do sector e potenciais clientes, tendo como objetivo fomentar a cooperação económica e as relações comerciais entre os diferentes participantes.
Juntamente com a CEFAMOL, nesta V edição dos “Plastic Meetings” e a representar a indústria portuguesa de moldes e plásticos, estiveram as empresas ASG Moldes, Batista Moldes, CR Moulds, Fozmoldes, Moldata, NSB Group, Prifer e Steelplus. Esta iniciativa enquadrou-se no plano de promoção internacional “Engineering & Tooling from Portugal”.
Ano de 2018 – Exportações: Que Evolução?
José Ferro Camacho IADE / Universidade Europeia e BIID
1. COMÉRCIO INTERNACIONAL DE TOOLING A nível mundial, entre 2010 e 2017, as exportações de bens progrediram a uma taxa composta de crescimento anual de 4,6%, em Euros correntes. No mesmo período as exportações da UE28 desenvolveram-se a uma taxa equivalente de 4,5%. Esta proximidade evidencia a redução do contributo nos últimos anos para o crescimento das exportações das economias asiáticas. Embora com um padrão com semelhanças, as exportações de TDM (todas as categorias1) cresceram a taxas correspondentes superiores, 8,2% à escala mundial e 7,8 % na UE28.
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F5 – Exportações, Moldes para Plástico ou Borracha, 5 Maiores Exportadores, %, 2008 – 17
F6 – Exportações, Moldes para Plástico ou Borracha, 5 Seguintes Exportadores, %, 2008 – 17
perdedor em valor e relativo parece ser o Japão, recuando de uma quota de 12% em 2008 para 6% em 2017. Após um crescimento anterior, a Coreia recuou um pouco desde 2014. A Alemanha e a Itália mantiveram a sua quota e aumentaram em valor absoluto – 8,6% e 7,3% e USD mil milhões 1,3 e 1,1, respetivamente. O Canadá cresce a partir de 2011, embora direcionado ao mercado da NAFTA. Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F1 – Exportações Mundiais e UE28, Todas as Categorias, EUR milhões de milhões, 2008 – 17
F2 – Exportações Mundiais e UE28, Todas Categorias TDM, EUR mil milhões, 2008 – 17
Os cinco principais exportadores contabilizaram em conjunto USD 8,5 mil milhões e 58,7%. Em conjunto com os cinco principais seguintes exportadores totalizaram 79,9%, em 2017. Neste período em análise, a China é o principal exportador, embora sem evolução da quota de cerca de 25% a seguir a 2015. Neste período, o principal
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F3 – Exportações, Moldes para Plástico ou Borracha, 5 Maiores Exportadores, USD mil milhões, 2008 – 17
No capítulo das importações, os EUA e o México são os principais destinos das importações em 2017, com USD mil milhões 3,9 e 2,5, respetivamente. Assiste-se igualmente a uma redução absoluta e relativa das importações da China. As importações por parte da Alemanha e do Japão cresceram igualmente em termos absolutos para USD mil milhões 2,0 e 1,2. No domínio dos mais pequenos, o Vietname e a Índia merecem destaque, embora neste segundo caso se assista a uma redução após 2015.
F7 – Importações, Moldes para Plástico ou Borracha, 5 Maiores Importadores, USD mil milhões, 2008 – 17
F4 – Exportações, Moldes para Plástico ou Borracha, 5 Seguintes Exportadores, USD mil milhões,
2008 – 17
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F8 – Importações, Moldes para Plástico ou Borracha, 5 Seguintes Importadores, USD mil milhões, 2008 – 17
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MARKET REPORT
3. PERSPETIVAS PARA 2018
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F9 – Importações, Moldes para Plástico ou Borracha, 5 Maiores
Importadores, %, 2008 – 17
F10 – Importações, Moldes para Plástico ou Borracha, 5 Seguintes Importadores, %, 2008 – 17
O resultado deste ano é perpectivado a partir da informação mensal já existente, até ao mês de maio, e dos dados históricos de anos anteriores. A avaliação inclui três instrumentos: 1. A análise do volume acumulado de exportações dos meses com dados existentes de 2018, de janeiro a maio, comparados com o valor acumulado dos anos anteriores; 2. A análise do volume acumulado dos 12 meses anteriores, isto é, de junho de 2017 a maio de 2018, quando comparado com períodos idênticos de anos anteriores; 3. A comparação de meses homólogos nos 12 meses prévios.
2. EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS A nível da UE28, entre 2010 e 2017, as exportações de TDM bens progrediram a uma taxa composta de crescimento anual de 7,8%, em Euros correntes. No mesmo período as exportações da UE28 de moldes para plástico ou borracha (MPB) desenvolveram-se a uma taxa equivalente de 7,6 %. Nestes anos, as exportações portuguesas cresceram a taxas correspondentes superiores, 8,2% para TDM (todas as categorias) e 11,7 % para MBP.
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC – Trademap; Nota: MPB – Moldes para Plástico ou Borracha
F11 – Exportações UE28, TDM e MPB, EUR milhões, 2008 – 17
F12 – Exportações Portuguesas, TDM e MPB, EUR milhões, 2008 – 17
As exportações portuguesas têm apresentado como destinos principais a Alemanha, a Espanha e a França. Embora de forma lenta, a quota conjunta dos três maiores mercados têm vindo a decair de 65% no início do intervalo para 55% em 2017. Neste ano, a Rep. Checa (6,0%), a Polónia (5,2%), os EUA (4,8%), o México (4,4%) e o Reino Unido (3,2%) constituem os cinco maiores destinos seguintes.
3.1 PRINCIPAIS MERCADOS Alemanha As exportações para a Alemanha exibem um comportamento positivo, qualquer que seja o instrumento de análise. O valor acumulado nos primeiros cinco meses é superior aos anos anteriores. Da mesma forma, a avaliação do valor acumulado nos últi- Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat mos doze meses – Junho F15 – Exportações Mensais Acude 2017 a maio de 2018 -muladas, Moldes para Plástico ou Borracha, Início em Janeiro, – é superior a anos ante- EUR milhões, 2014 a 2018 riores avaliados da mesma forma. Na comparação de meses homólogos, apenas março de 2018 exibe um valor inferior a Março de 2017. Todos os restantes meses exibem valores iguais ou superiores. Perspetiva: com os dados actuais, 18% a 21% superior a 2017.
Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC – Trademap; Nota: MPB – Moldes para Plástico ou Borracha
F13 – Exportações MPB em Con- F14 – Exportações Portuguesas -junto para Alemanha, Espanha MPB, Quota por País, %, 2017 e França, % do total, 2008 – 17
F16 – Exportações Mensais Acumuladas, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, EUR milhões, 2014 a 2018
F17 – Comparação Exportações Mensais, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, Mês Homólogo, EUR milhões, 2014 a 2018
Espanha As exportações para a Espanha exibem um comportamento negativo, qualquer que seja o instrumento de análise. O valor acumulado nos primeiros cinco meses é inferior ou igual ao ano de 2014. Da mesma forma, a avaliação do valor acumulado nos Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat últimos doze meses – Ju- F18 – Exportações Mensais Acunho de 2017 a Maio de muladas, Moldes para Plástico ou Borracha, Início em Janeiro, 2018 – é apenas superior EUR milhões, 2014 a 2018 ao ano de 2015_16. Na comparação de meses homólogos, todos os últimos 12 meses exibem valores inferiores aos de meses homólogos. Uma avaliação complementar a partir dos dados de importação de Espanha (gráfico não apresentado) mostra Portugal e a China penalizadas em valores semelhantes durante estes meses de 2018. Perspetiva: com os dados actuais, 58% a 70% do valor de 2017.
Perspetiva: com os dados actuais, 4,7% superior a 2017 ou a 97% do valor de 2017.
Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat
F22 – Exportações Mensais Acumuladas, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, EUR milhões, 2014 a 2018
F23 – Comparação Exportações Mensais, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, Mês Homólogo, EUR milhões, 2014 a 2018
Uma avaliação em conjunto dos três principais mercados permite uma caracterização próxima do padrão histórico dos últimos anos: uma tendência crescente do mercado alemão, que poderá até acentuar-se ligeiramente; um padrão oscilante dos valores referentes aos mercados francês e espanhol, eventualmente associado a ciclos de lançamento de produtos. Os valores previstos, superior e inferior, estão de acordo com a evolução dos últimos anos. Embora, neste ano de 2018, exista uma coincidência dos valores inferiores nos dois mercados. Poderemos igualmente estar a assistir a um compasso de espera associado a decisões sobre o lançamento dos novos modelos eléctricos. Deste modo, e unicamente pelos dados actuais existentes, não é possível caracterizar estes valores inferiores como uma tendência a permanecer.
Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat
F19 – Exportações Mensais Acumuladas, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, EUR milhões, 2014 a 2018
F20 – Comparação Exportações Mensais, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, Mês Homólogo, EUR milhões, 2014 a 2018
França As exportações para a França apresentam um comportamento neutro, com uma relativa ambiguidade de resultados, em qualquer das vertentes em análise. O valor acumulado nos primeiros cinco meses é igual ou ligeiramente superior ao do ano de 2017. Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat Da mesma forma, a ava- F21 – Exportações Mensais Aculiação do valor acumulado muladas, Moldes para Plástico ou Borracha, Início em Janeiro, nos últimos doze meses – EUR milhões, 2014 a 2018 Junho de 2017 a Maio de 2018 – é ligeiramente inferior ao de 2016_17. Na comparação de meses homólogos, todos os últimos 12 meses exibem valores oscilantes.
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Fonte: Cálculos próprios
F24 – Avaliação em Conjunto dos Três Principais Mercados, EUR milhões, 2008-2018
3.2 MERCADOS DO LESTE EUROPEU Europa do Leste Rep. Checa, Polónia, Eslováquia, Hungria, Roménia A análise conjunta das exportações para este grupo de países tem em conta que a maioria das encomendas ser dirigida à indústria automóvel e de as indústrias destes países fazerem parte dos sistemas produtivos automóveis europeus. No conjunto, as análises apresentam um recuo relativamente a 2017, embora com valores iguais ou superiores a 2016.
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Contudo, existem evoluções diferentes. Enquanto a Rep. Checa e a Hungria estão em linha com os valores de 2017 ou até um pouco superiores, a Polónia e a Eslováquia apresentam reduções significativas, embora com valores próximos aos das Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat exportações de 2015. A F25 – Exportações Mensais AcuRoménia apresentava va- muladas, Moldes para Plástico ou Borracha, Início em Janeiro, lores em linha com 2017. EUR milhões, 2014 a 2018 Contudo, os valores das exportações de maio são de forma clara inferiores, que podem ser um erro ou uma descida real.
MARKET REPORT
superiores a 2017. Por outro lado, a perspetiva para o México é difícil de estabelecer. Se a perspetiva a 12 meses é positiva (30% acima), a realidade de curto prazo – novembro de 2017 a maio de 2018 – é a oposta com uma redução para 34% do volume do ano de 2017. Deste modo, a avaliação dos resultados finais para 2018 fica muito dependente das exportações para o México. Perspetiva conjunta: com os dados actuais, entre 56% e 7% superior ao valor de 2017.
Perspetiva conjunta: com os dados actuais, entre 79% e 72% do valor de 2017. Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat
F29 – Exportações Mensais Acumuladas, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, EUR milhões, 2014 a 2018
F30 – Comparação Exportações Mensais, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, Mês Homólogo, EUR milhões, 2014 a 2018
3.4 OUTROS MERCADOS
Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat
F26 – Exportações Mensais Acumuladas, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, EUR milhões, 2014 a 2018
F27 – Comparação Exportações Mensais, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, Mês Homólogo, EUR milhões, 2014 a 2018
3.3 MERCADOS DA AMÉRICA DO NORTE América do Norte
Para completar a lista dos países apresentada na figura 12, faltam o Reino Unido, a África do Sul e o conjunto representado pelo Resto do Mundo. O Reino Unido (gráficos não apresentados) apresenta em todas as análises uma perspetiva de ligeiro crescimento em torno dos 4% ou 5%. A análise mensal das exportações para a África do Sul está muito condicionada pela natureza irregular mensal e pela existência de meses com excelentes performances em 2017 que não se confirmam nos dados já conhecidos de 2018. A avaliação conjunta do Resto do Mundo exibe indicadores em linha com 2017.
EUA, México e Canadá A análise conjunta das exportações para este grupo de países tem em conta a integração industrial existente. Contudo, as exportações portuguesas para o Canadá são marginais. No conjunto, as anáFonte: Cálculos próprios - dados Eurosat lises apresentam um crescimento relativa- F25 – Exportações Mensais Acumuladas, Moldes para Plástico ou mente a 2017. Contu- Borracha, Início em Janeiro, EUR mido, existem evoluções lhões, 2014 a 2018 diferentes. Por um lado, as exportações para os EUA apresentam uma dinâmica fortemente crescente em todas as análises, com a perspetiva de terminar 2018 com valores 50% a 70%
4. CONCLUSÕES De forma singular, não é possível atribuir um sentido único ao valor final das exportações portuguesas em moldes para plástico ou borracha para 2018. Esta incerteza é resultante da coincidência de diversos fatores e do comportamento das exportações para os países de destino. Em primeiro lugar, a coincidência de valores em baixa para Espanha e para França que não é totalmente compensada pela continuação do crescimento das exportações para a Alemanha. Em segundo lugar, a incerteza quanto ao comportamento de alguns mercados mais dinâmicos dos últimos anos, como é o caso não só do México, mas também da Polónia e da Eslováquia. Por hipótese, o primeiro caso pode eventualmente estar associado à incerteza do destino da zona de comércio livre da América do Norte – NAFTA. Os fatores mais contingentes, como a renovação de modelos, ou mais estruturais, como a introdução dos
modelos eléctricos podem estar ligados a outras incertezas relatadas. Com os dados actuais, a Figura 31 apresenta os resultados agregados das avaliações individuais realizadas. No primeiro caso, o limite superior poderá apresentar um ganho de 1% a 2%. Na segunda situação, o limite inferior representa cerca de 88% do valor final de 2017. A concretizar-se, esta situação colocaria os resultados de 2018 com valores superiores aos de 2015 mas abaixo dos obtidos em 2016.
Em conclusão, se se mantiverem as actuais tendências é provável que o resultado final se situe entre estes valores. Contudo, mais do que obter um resultado final “certo”, que nesta altura do ano, em finais de Julho, pela natureza do negócio estará mais ou menos determinado, embora não totalmente conhecido, interessa avaliar tendências, principal objectivo deste artigo. Deste ponto de vista, interessa sublinhar o bom comportamento dinâmico em dois dos principais mercados importadores – Figuras 7 e 9 – como nos casos dos EUA e da Alemanha. O ano de 2018 e os próximos apresentam-se como os mais incertos, como resultados de potenciais ruturas que não esperávamos. Interessa reforçar a base e abrir oportunidades de diversificação.
___________________ 1 - Categorias HS comtempladas: 820730: Ferramentas de embutir, de estampar ou de puncionar, intercambiáveis; 848010: Caixas de fundição; 848020: Placas de fundo para moldes; 848030: Modelos para moldes; 848041+49: Moldes para metais ou carbonetos metálicos; 848050: Moldes para vidro; 848060: Moldes para matérias minerais; 848071+79: Moldes para borracha ou plástico
Fonte: Cálculos próprios
F31 – Perspetiva Integrada de Evolução para 2018, EUR milhões, 2008-2018
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ENGINEERING & TOOLING
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MARKET REPORT
O conceito de “Place Branding” Vítor Ferreira Dom Dinis Business School Todos os países ou regiões podem ser considerados uma marca. Alguns locais conseguem realizar um melhor trabalho ao posicionar-se e diferenciar-se das demais regiões. Cada um de nós tem certos atributos / perceções que nos vêm à mente quando pensamos em diferentes países: a França pode ser “perfumes” e moda, a Itália é “moda e design” e “automóveis e design”, a Suécia é “design simples e funcional”, a Alemanha é “grande engenharia”, Índia é “especiarias”, a Argentina é “tango”, a Suíça é “relógios, chocolate e até farmacêutica”, a China é “fabricação de baixo custo”. Obviamente que estas aceções são redutoras e mudam com o tempo, porque também um dia o Japão era conhecido como a terra do fabrico barato, tendo rapidamente transformado esse paradigma associandose à qualidade, inovação e eletrónica. Por outro lado, hoje quando pensamos em Japão temos sempre presente outros universos popularizados pela globalização, quer seja a sua cultura feudal ligada aos samurais, quer seja a sua cultura pop ligada ao universo da manga/videojogos (o que, por exemplo, contribui para as exportações de bens culturais do Japão). Isto é conhecido como “marca de lugar”. Muitas marcas “pedem emprestado” essas perceções comuns e transformam-nas em elementos diferenciadores que as ajudam a competir local e internacionalmente. O que significa “país de origem”? Bem, isto pode significar coisas diferentes. Pode significar que a empresa é originária daquele país, o que denota que ela reflete os valores e os atributos conhecidos do país. A Ikea promove a Suécia em todos os seus materiais de comunicação, começando pelas cores azul e amarela da marca e terminando com os produtos que eles vendem no refeitório. A Suécia é muito conhecida pelo design funcional e moderno, atributos que complementam perfeitamente a imagem da marca Ikea. Depois, há a vertente de país de origem “Made in”. Algumas marcas são famosas pelo posicionamento no local de fabricação. Os consumidores dos Estados Unidos, por exemplo, parecem colocar valor real no rótulo “Made in USA”. Apesar de muitas empresas lutarem para manter uma certa imagem de que seu produto é fabricado num país específico, na economia global de hoje essa perceção é muito difícil de manter e apoiar. Dois pontos a realçar. Primeiro, a importância do “país de origem” na decisão de compra varia de acordo com a categoria do produto. Como consumidor, tenho certas categorias em que o país de origem faz a diferença: prefiro vinhos franceses, relógios suíços e cerveja belga. Eu também compro frutas e legumes que são cultivados localmente, tão perto de casa quanto possível. Para outros produtos, o país de origem não tem significado: vestuário, eletrónica, etc. No mercado industrial, apesar de tudo, a maioria dos industriais tende a confiar em máquinas alemãs, suíças, italianas de forma muito mais considerável do que em máquinas chinesas ou, até mesmo, portuguesas. Segundo, o país de origem desempenha um papel menor quando os
produtos podem ser facilmente diferenciados através de outros elementos. Quanto mais diferenciado for o produto, mais fácil será afastar-se do rótulo do país de origem. Se vende um produto do tipo commodity, o país de origem torna-se muito importante (vinho português, azeite português, chá inglês/chinês, etc.). Por outro lado, se os seus produtos são inovadores e únicos, então tem muito mais opções para diferenciar e o local de origem torna-se um fator adicional em vez de ser um elemento de diferenciação. A Apple é conhecida principalmente pela sua inovação de produtos, afastada do conceito de país de origem. A embalagem do produto diz “Projetado pela Apple na Califórnia. Feito em “X” (normalmente China). O país de origem pode realçar a capacidade de diferenciar a marca da concorrência. Como várias marcas de um país podem fazer a mesma reivindicação de “país de origem”, essa não é a maneira mais segura de procurar uma diferenciação exclusiva. Todos os fabricantes de automóveis alemães incluem um elemento “alemão” na sua comunicação de marketing, por isso é difícil para o consumidor escolher o carro mais “alemão” disponível. No entanto, este é um elemento secundário das dimensões de marca que não deve ser negligenciável. Por outro lado, na maioria dos casos, a reivindicação de “país de origem” pode não ser sustentada a longo prazo. Na economia global de hoje, onde a maioria das empresas enfrenta pressões de preços, a tentação de transferir a produção para países de custo mais baixo não pode ser negada. Muitas marcas lutam para manter a perceção que criaram sobre onde o produto é fabricado, enquanto lutam contra pressões competitivas de preços. Simultaneamente, produtos complexos com componentes produzidos em todo o mundo, dificilmente podem afirmar-se que representam um país. Serve esta discussão para rematar a importância do país de origem na dimensão “marca industrial”. Apesar de tudo, o exemplo da indústria automóvel reforça que sendo um bem de equipamento, apesar da “germanicidade” não ser o fator extremo diferenciador da marca, ele cria uma aura de confiança associada à engenharia das várias marcas de carros alemãs. Da mesma forma, se o “país de origem” serve hoje para diferenciar do vinho ao turismo português, não existe uma verdadeira associação positiva global (ela existe a nível internacional no cluster do tooling) da indústria portuguesa. Ou seja, se o empresário coreano ou colombiano mais atento, dentro da fileira do desenvolvimento de produto, conhecer os méritos da nossa indústria (fruto do excelente trabalho dos nossos empresários e das entidades associadas ao sector), os empresários e gestores de compras fora de um foco específico terão conotações não tão positivas relacionadas com a indústria portuguesa. O ideal, para não copiar alemães ou italianos, é num espaço geracional criar uma dimensão que associe o país ao sol, comida e vinho, mas também ao design, criatividade e inovação, porque esses são atributos fundamentais no século XXI.
O SECTOR DE MOLDES NA ARGENTINA Rui Lourenรงo Pereira AICEP Buenos Aires
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Para muitos considerado um sector estratégico para qualquer país, na medida que tem um elevado peso na sua indústria, a produção de moldes para determinado uso específico, utilizados nos mais variados processos produtivos, tem um papel preponderante no desenvolvimento da indústria, em virtude do carácter inovador que pode imputar. A concepção e fabrico de ferramentas para a produção em massa atravessam, transversalmente, outras áreas de produção. Deste modo o conhecimento tecnológico do sector é incorporado em produtos e processos muito diferentes, enriquecendo a cultura tecnológica, optimizando recursos e matérias-primas acumulando conhecimento, incorporando permanentemente os mais recentes avanços tecnológicos.
MARKET REPORT
de 44 milhões de habitantes, existem apenas cerca de 2800 empresas no sector, as quais comportam na ordem dos 55000 trabalhadores. Destas, apenas 2% tem mais de 100 trabalhadores.
Fonte: CAIP
Assim sendo, os moldes são um item estratégico para o desenvolvimento e inovação industrial de um país e uma vez que esta indústria seja hipoteticamente desmantelada, a sua recomposição será muito difícil como já aconteceu noutros países. Na Argentina, o sector de moldes e matrizes é constituído por cerca de 500 empresas, onde a sua principal actividade é a concepção e fabrico de moldes. Estes são, geralmente, usados para a injecção de plástico, alumínio, borracha, vidro, etc, e em outros sectores da produção, para além do sector automóvel. Este universo de empresas são PME de origem nacional que em 99% dos casos são empresas familiares, administradas pelos seus proprietários, muitas delas impulsionadas por uma segunda geração já com mais formação profissional. É um sector que tem vindo a sofrer um grande desgaste, pois a aposta tem sido, essencialmente, na importação da Ásia, da China, sendo a montagem efectuada já na Argentina. Como já era expectável a sua participação no PIB é substancialmente baixa, em virtude da pouca participação que a indústria tem no país e da depauperação que a mesma tem sofrido nas últimas décadas. Num país que tem cerca
Indústria Transformadora de Plástico e a sua participação no Produ-
to Bruto (interno e industrial). Fonte: CAIP
Fonte: CAIP
A grande maioria das empresas do sector concentra-se na Grande Buenos Aires ou na Província de Buenos Aires, à semelhança do que acontece com os outros sectores de actividade. A importação de moldes e matrizes para a indústria plástica tem sido, à semelhança da economia do país, alvo de grandes oscilações como é evidente no quadro seguinte. A capacidade financeira de comprar ao exterior, muito dependente da disponibilidade monetária das empresas e da dinâmica cambial é bem patente e, desde 2016, os números não são muito animadores.
Balança Comercial de Moldes - Portugal / Mundo - Milhões de Euros
Fonte: INE
A origem destas importações é muito díspar, e apesar do Brasil e da China serem a grande origem das importações efetuadas pela Argentina, no que diz respeito a estes materiais, Portugal, ocupava no ano transacto, a 9ª posição, com uma ordem de valores ainda distante da 8ª posição. O relacionamento bilateral entre os dois países no que diz respeito ao comércio de moldes é bastante díspar. Em 2017, a Argentina representava o nosso 33º cliente (808 mil euros, valor correspondente a 0,2% das nossas exportações totais de moldes e a 1,0% das exportações totais para a Argentina), não havendo, segundo o INE, quaisquer registos eferentes a importações. As relações comerciais que Portugal tem desenvolvido com o mundo ao nível dos moldes têm sido francamente positivas durante a última década apresentando um saldo positivo superior a 400 milhões de euros. Particularmente, no que se refere à Argentina, este saldo, apesar de positivo segundo o INE, os seus valores são diminutos, representando no último ano, um saldo, como já foi atrás referido pouco inferior a um milhão de euros, sendo que não se registam quaisquer importações deste País da América do Sul. Efetivamente, o comércio de moldes com a Argentina representa muito pouco, não só, no relacionamento comer-
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Balança Comercial de Moldes - Portugal / Argentina - Milhões de Euros. Fonte: INE
cial que Portugal tem com os outros países a nível global, mas também, a nível dos moldes de uma forma particular. Segundo os dados disponíveis, que datam de 2016, as principais empresas portuguesas exportadoras de moldes para a Argentina são: CR Moldes, Lda Eqc - Equipamentos de Qualidade para Cerâmica, Lda I.M.A. - Indústria de Moldes de Azeméis, SA Intermolde - Moldes Vidreiros Internacionais, LDA MDA - Moldes de Azeméis, SA SETsa - Sociedade de Engenharia e Transformação, SA Vidrimolde - Indústria Internacional de Moldes, Lda Fonte: INE
ENGINEERING & TOOLING
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MARKET REPORT
Conclusões
Quota da Argentina - Comércio Int. Português de Moldes - %
Fonte: INE
A indústria argentina, de uma maneira geral, tem vindo a sofrer um grande desgaste desde a queda abrupta do preço do petróleo à qual, a variante dos moldes não é alheia. Com a impossibilidade de fazer face à oferta exterior em termos de preços, e não tendo possibilidade financeira para se renovar, tenta sobreviver. Na indústria argentina é bem evidente que apenas aqueles segmentos que não estão ligados à mão de obra intensiva, conseguem fazer face às dificuldades existentes. Os outros, digamos, fazem o que podem. O sector industrial argentino emprega atualmente cerca de 1,2 milhões de pessoas e representa cerca de 25% do PIB. Contudo, é pouco competitivo para aquilo que é desejável, pedindo as empresas argentinas que haja uma maior diminuição da carga fiscal, menos entrada de divisas no país, nomeadamente dólares, e que haja um maior protecionismo da economia, algo que é apanágio das economias sul-americanas. Só assim, segundo elas, poderão ser mais competitivas.
Quota dos Moldes - Comércio Portugal - Argentina - %
Fonte: INE
Evolução do Comércio de Moldes - Portugal com a Argentina - %
Fonte: INE
Destaque-se, contudo, a indústria automóvel da qual se espera um crescimento substancial nos próximos tempos. Assiste-se a um maior investimento estrangeiro e as vendas de automóveis têm aumentado, não só internamente, mas também para os parceiros que a Argentina tem no Mercosul. E é aqui que podem vir a ser encontradas algumas oportunidades para as empresas portuguesas, não só através de parcerias com as empresas e marcas dos mais diversos países que aqui investem, mas também, e com as devidas ponderações, com investimentos próprios.
EVOLUÇÃO DOS MERCADOS
Análise Comparativa Segundo Trimestre 2018
MERCADOS TRADICIONAIS
PESO DOS MERCADOS TRADICIONAIS NAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS
MERCADOS DA EUROPA CENTAL E DE LESTE
MERCADOS DA EUROPA OCIDENTAL
MERCADOS AMERICANOS
OUTROS MERCADOS ESTRATÉGICOS
Fonte: AICEP Portugal Valores de exportações em unidades de milhar
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