Ano 7 ı Número 25 ı Trimestral ı Abril 2019
Pessoas, Tecnologia e Mudança: O Debate Urgente Gestão de Recursos Humanos e o Princípio de Peter Indonésia: Um mercado em crescimento
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MARKET REPORT
N OTÍCIAS PORTUGAL LIDERA DELEGAÇÕES INTERNACIONAIS DE EXPOSITORES NA MOULDING EXPO 2019 mil pessoas, oriundas de 52 países. Este ano, a organização espera acolher ainda mais visitantes. Presente no evento de apresentação internacional, Bob Williamson, presidente da International Special Tooling and Machining Association (ISTMA) sublinhou a importância da “Moulding Expo”, que classificou como “um ponto de encontro internacional”, uma vez que reúne empresas de todo o mundo. Por isso, considerou importante a adesão das empresas a este evento.
Dinâmica eslovena A indústria portuguesa de moldes encabeça, em número, a lista de expositores internacionais que participam na edição deste ano da Feira “Moulding Expo”, que decorre de 21 a 24 de maio, na Messe Stuttgart, na Alemanha, revelou Florian Schmitz, da organização do certame, durante a apresentação oficial que decorreu em Liubliana, na Eslovénia, e que contou com a participação da CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes. “A maioria dos expositores internacionais vem de Portugal, Itália e Turquia”, explicou o responsável, adiantando que a feira espera acolher mais de 700 expositores e “mais de duas dezenas são produtores portugueses”. “Portugal é verdadeiramente um grande mercado a nível de produção de moldes, especialmente nas zonas da Marinha Grande e em Oliveira de Azeméis. Temos um contacto estreito com a sua dinâmica associação, a CEFAMOL, e estamos ansiosos por recebê-los nesta edição da nossa feira”, sublinhou. O certame, referiu ainda, tem como principal missão “estar ao lado do sector e juntar todas as principais empresas que nele trabalham”. Nesta edição, 41% dos participantes são da indústria automóvel e 29% são fabricantes de moldes. “As maiores empresas do sector automóvel estarão lá representadas e isso será uma ótima oportunidade para os produtores portugueses conhecerem e estabelecerem bons contactos e talvez, até, contactar futuros clientes”, considerou. Sem um tema principal, a “Moulding Expo” procura “abordar uma panóplia de temas que vá ao encontro do que preocupa atualmente este sector”, explicou ainda Florian Schmitz. Quando arrancou, em 2015, esta feira teve um sucesso imediato, tendo recebido a visita de mais de 14
Depois de, há dois anos, a organização da “Moulding Expo” ter escolhido Portugal para a primeira apresentação internacional da feira, coube, este ano, esse papel à Eslovénia. O objetivo da organização deste certame alemão - que realiza, este ano, a sua terceira edição - é “fazer estes lançamentos junto de clusters dinâmicos e fortes no sector de moldes e plásticos”. Ora, considera Florian Schmitz, a Eslovénia “é um desses exemplos”. “Há muita dinâmica no país, marcada pelas muitas empresas, quer de moldes, quer de estampagem, quer de plásticos”, frisou. Segundo Peter Wortnet, secretário de Estado do governo esloveno, este é “o maior país em número de fabricantes de moldes per capita na Europa e o segundo maior no mundo”. Atualmente, adiantou, mais de três mil pessoas trabalham na indústria de moldes que é composto por cerca de 170 empresas, a maioria de pequena e média dimensão. No decorrer do programa de apresentação da feira, os participantes (entre os quais 41 jornalistas de vários países) tiveram oportunidade de visitar algumas das principais empresas fabricantes de moldes e ferramentas de estampagem, como a EMO, a Gorenje (que se juntou, recentemente, com a empresa chinesa Hisense), a Kolektor, a Bizjan, a SIBO e a LTH Castings. Houve ainda oportunidade de conhecer o centro tecnológico Tecos que, em conjunto com as empresas, trabalha
e desenvolve projetos de investigação, procurando melhorar a competitividade do sector. Aleš Hančič, responsável do centro, explicou que 65 empresas produtoras de moldes, ou seja 35% do total do país, são representadas pelo Tecos. Mas o centro, esclarece, trabalha com outras, quer de plásticos, quer de outros sectores, tendo até parcerias em projetos de investigação com empresas e centros tecnológicos e de investigação de outros países da Europa. “Trabalhamos em parcerias várias e desenvolvemos investigação, a vários níveis, com empresas, outros centros e até escolas”, explicou.
No que diz respeito à Eslovénia, o maior desafio neste momento, contou, “é criar condições para dotar as empresas de novas capacidades, inovação e tecnologias que permitam ultrapassar dois dos maiores problemas que sentem: a pressão dos preços no seu produto e a necessidade imperiosa de operários especializados”.
MOLDES PORTUGUESES DESPERTAM INTERESSE NO MÉXICO A CEFAMOL marcou presença, entre os dias 19 e 21 de fevereiro, no certame ‘Automotive Meetings’, que decorreu na cidade de Queretaro, no México. Nesta participação coletiva, cujo saldo foi “muito positivo”, segundo Patrício Tavares, da CEFAMOL, a Associação fez-se acompanhar por quatro empresas: Batista Moldes, CR Moulds, MD Moldes e VL Moldes. A iniciativa foi composta pela realização de encontros bilaterais, onde as empresas nacionais tiveram oportunidade de reunir com potenciais clientes locais, multinacionais do ramo automóvel e fornecedores de primeira linha deste sector, o qual representa a maior parte da produção dos moldes portugueses. Patrício Tavares revela que, no evento, as empresas portuguesas tiveram stands individuais, onde realizaram as reuniões e apresentaram os seus projetos. Também a CEFAMOL foi abordada por diversas empresas do ramo automóvel, interessadas em conhecer a história e as potencialidades da indústria portuguesa de moldes. “Os moldes portugueses despertaram bastante curiosidade junto destas multinacionais, que procuraram saber de que forma as empresas nacionais estão posicionadas ou tencionam posicionar-se no México”. Neste certame, terá sido notória a importância e o crescimento que o ramo automóvel está a ter naquele país, por contrapartida do que se passa na Europa, onde a indústria automóvel passa por alguma estagnação.
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“Há novas unidades a ser construídas, há multinacionais a instalar-se e nota-se que o mercado mexicano, no que diz respeito ao sector automóvel, precisa de mais respostas a nível de fabrico de moldes”, explicou Patrício Tavares, concluindo ser um mercado com um interessante potencial de crescimento para a indústria de moldes. Algumas das empresas que participaram neste evento com a CEFAMOL têm já alguma experiência de trabalho com o mercado ou têm mesmo presença oficial no território, através de parcerias locais, o que certamente ajudará no esforço comercial a desenvolver.
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MARKET REPORT
‘AUTOMOTIVE MEETINGS’ EM MARROCOS COM SALDO POSITIVO “De uma maneira geral, as empresas portuguesas sentiram que cumpriram o seu objetivo de divulgação das suas capacidades, tendo conseguido perceber o desenvolvimento daquele mercado, sobretudo no que diz respeito ao sector automóvel”, explica Manuel Oliveira. O secretário-geral da CEFAMOL refere ainda que um dos aspetos interessantes foi a constatação de que “sector automóvel em Marrocos se encontra em expansão, com a instalação de novas empresas, em virtude dos investimentos da Renault, instalada em Tânger, ou da PSA (grupo Peugeot Citroen), em Kenitra.
Saldou-se pela positiva a participação da CEFAMOL, acompanhada por oito empresas nacionais, e com o apoio da AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel, na iniciativa ‘Automotive Meetings’, que decorreu em Tânger, Marrocos, entre os dias 6 e 8 de fevereiro. A ação centrou-se, essencialmente, na realização de encontros bilaterais que proporcionaram às empresas nacionais o contacto com diversos players daquele mercado (desde potenciais clientes locais a multinacionais ali instaladas). Esta ação foi complementada com a presença das empresas numa mostra das suas potencialidades. No final, as oito empresas - Batista Moldes, CR Moldes, Gotec, KLC, MD Moldes, Moldit, Prifer e Toolpresse-TJ - manifestaram-se satisfeitas pela participação, que proporcionou ainda a possibilidade à comitiva nacional de visitar a unidade da Renault instalada em Tânger e à empresa Denso (fornecedor de primeira linha da indústria automóvel).
Com a participação nesta iniciativa, a CEFAMOL teve como objetivos analisar a situação atual do mercado e identificar oportunidades de negócio, sendo possível concluir que o mercado tem grande potencial e tem registado um forte crescimento em várias indústrias, sentindo, cada vez mais, a necessidade, não apenas de aquisição de moldes, mas também de algumas soluções locais para manutenção e apoio técnico à produção. A participação nesta atividade surge na sequência de, em dezembro de 2017, a CEFAMOL ter assinado um protocolo de colaboração com a AMICA (Associação Marroquina dos Fornecedores da Indústria Automóvel), no decorrer de uma missão que coincidiu com a realização da 13ª Cimeira Luso Marroquina. O documento então assinado entre as associações dos dois países prevê estreitar ainda mais as relações existentes entre ambas. Uma das medidas que o documento previa era, precisamente, a promoção da participação portuguesa em diversas atividades em Marrocos, como encontros bilaterais e feiras, consideradas de grande relevância para o sector automóvel.
COMITIVA MEXICANA VISITOU INDÚSTRIA PORTUGUESA DE MOLDES E APRESENTOU OPORTUNIDADES EM SAN LUIS POTOSÍ “é muito importante pois reúne um conjunto de fábricas automóvel, mas também de fornecedores dessas unidades”. Chamou ainda a atenção para a importância do mercado mexicano, pela sua dimensão e potencial de crescimento. “É um mercado que está a crescer, para o qual temos de olhar muito atentamente porque tem tido níveis de desenvolvimento muito grandes. A presença da nossa indústria em visitas e exposições no México tem sido muito alargada e temos constatado que tem tido uma evolução constante, uma expectativa crescente da realização de negócios, seja lá ou nos países envolventes”, destacou.
O Secretario de Desarrollo Económico del Gobierno de San Luis Potosí, Gustavo Puente Orozco e Alfredo Pérez Bravo, Embaixador do México em Portugal, visitaram a Indústria de Moldes, nos passados dias 25 e 26 de fevereiro, tendo oportunidade de conhecer algumas unidades de produção e contactado empresários do sector, bem como instituições como o CENTIMFE ou o Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentável do Produto (CDRSP). Foi realizada ainda uma visita à exposição ‘Esculpir o Aço’. O programa da visita desta comitiva culminou no dia 27 de fevereiro com a realização em Leiria de um seminário sobre as oportunidades e negócios neste Estado mexicano.
O Presidente da CEFAMOL lembrou, ainda que algumas empresas portuguesas já têm uma forte presença no mercado, havendo algumas com acordos e parceiros locais, outras que têm capacidade instalada para dar assistência aos fabricantes de peças produzidas em Portugal e várias que “estão a dar passos no sentido de aumentar as vendas para aquele mercado”. Enquanto membro do consórcio ‘Mexportools’, João Faustino explicou ainda que o projeto tem como “base principal dar uma assistência pós-venda aquilo que fabricamos”. Nesse sentido, contou, “temos vindo a dar formação técnica a quadros mexicanos para que desenvolvam competências e para que, num prazo mais alargado, possamos vir a produzir moldes lá”. Contudo, salientou, “o principal objetivo é haver uma complementaridade entre o que fazemos aqui e lá”. Conclui dizendo que se trata de “um mercado promissor para a nossa indústria”.
A ação inseriu-se no âmbito do projeto do consórcio ‘Mexportools’, uma parceria inovadora para o mercado do México, que envolve cinco empresas de moldes nacionais e diversas entidades mexicanas, e que será materializada com a construção de uma unidade, ainda este ano, no Estado de San Luis Potosí. A deslocação foi apoiada pela CEFAMOL e o seu Presidente, João Faustino, explicou que se tratou de uma importante ação para o fortalecimento de relações entre os dois países. “Nós já vendemos muitos moldes para o México, mas queremos aumentar ainda mais a nossa penetração nesse mercado”, contou, explicando que o Estado de San Luis Potosí, localizado na zona central do México,
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MARKET REPORT
Pessoas, Tecnologia e Mudança: O Debate Urgente Artur Ferraz Consultor de Empresas
A evolução tecnológica é uma constante dos nossos tempos, afetando, de forma efetiva e muitas vezes indelével o nosso quotidiano. A primeira e mais decisiva implicação das mudanças provocadas pela tecnologia inovadora assume um preocupante efeito direto sobre cada um de nós com cariz bidirecional, atenta a forma como as pessoas percebem a sua estrutura e capacidade, bem como, as suas consequentes perceções acerca dos seus efeitos, agindo, normalmente, em função dessas perceções, gerando impactos distintos, mas muito efetivos na capacidade de produção e de distribuição de riqueza. O nível da compreensão associado ao potencial das tecnologias disponíveis, ou em perspetiva de o virem a ser, depende muito dos conhecimentos específicos de cada
observador, donde decorre serem muito diferenciadas as perceções que se vão inventariando, mesmo que as amostras não sejam muito robustas. A complexidade do futuro tecnológico trouxe para a ribalta aquilo que se designa genericamente por “inteligência artificial”, que, simplificadamente, tem vindo a ser recorrentemente ilustrada como fonte da possibilidade de desenvolvimento de uma máquina superinteligente que conseguirá ultrapassar todas as atividades intelectuais de qualquer homem. Embora simples, a “definição” dá para perceber, sobejamente, que está profundamente ameaçado o monopólio humano de dominação da criação, absorção e difusão do conhecimento, e do consequente poder que a tal está associado.
Bill Gates afirmou perentoriamente situar-se “no campo dos que estão preocupados com a superinteligência. Primeiro, as máquinas farão muitos trabalhos em nosso lugar e não serão superinteligentes. Isso deveria ser positivo se o geríssemos bem … depois disso, a sua inteligência será suficientemente forte para se tornar uma preocupação”. É já possível tornar cognoscível, os sentimentos, os medos, as perceções, os valores e outras variáveis que pela sua complexidade não conseguiríamos dominar ao mesmo tempo e da mesma maneira, uma vez que o avanço tecnológico disponível permite colecionar e tratar dados sobre comportamentos, necessidades e anseios a diferentes níveis da nossa vida quotidiana numa escala nunca antes conseguida, utilizando-os para análises preditivas consequentes. A gestão de toda essa imensa informação é hoje feita em verdadeiros repositórios da experiência humana do dia a dia, das suas ações, dos seus interesses das suas relações, e de muitas outras formas quase inimagináveis para o comum mortal.
nomeadamente, permitem que qualquer organização estruture novas formas de relacionamento profissional com as pessoas que nela trabalham. Vamos chamar-lhe “Gestão Moderna de Pessoas” (GMP), se assim o pudermos chamar. Esta GMP permitirá renovar, nomeadamente: a articulação das diferentes áreas funcionais (imagem percebida, competitividade, fatores críticos de sucesso, etc.); a otimização da relação com o meio envolvente (competências disponíveis, mercado de trabalho, cultura, política e ambiente económico e social), proporcionando mutações rápidas através de desempenhos diferenciadores e complexos, induzindo mudanças nas competências, tendo sempre como meta o crescimento da capacidade de produção e de distribuição de riqueza. É neste quadro que a relação Tecnologia – Pessoas tem de ser debatida. Debate urgente que abre um novo mundo de perguntas que deveremos estar preparados para colocar, pois a designada nova revolução industrial ou do conhecimento está a acontecer agora mesmo.
Esta combinação tem permitido às grandes companhias um avanço imenso no desenvolvimento de sistemas que,
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MARKET REPORT
Gestão de Recursos Humanos e o Princípio de Peter
Vítor Ferreira Dom Dinis Business School
Selecionar e promover colaboradores é algo que nem sempre é bem entendido nas empresas portuguesas. Na indústria de moldes o mérito técnico dos bancadeiros e a qualidade da tecnologia reinaram durante décadas. Contudo, as bases de conhecimento complexificaram-se e uma “empresa de moldes” passou a ser uma empresa de engenharia, de desenvolvimento de produto, onde o conhecimento tácito acumulado pelos técnicos (o “saber fazer”) é agora apenas uma peça de um complexo puzzle que exige conhecimentos de engenharia mecânica, de CAD/CAM, de engenharia de materiais, de qualidade e otimização, de design, de marketing, de gestão de projetos, de gestão financeira, de estratégia, de controlo orçamental e, crescentemente, de programação/ engenharia informática. Esta complexidade conhecimento, de tarefas e de funções exige aos empresários e gestores um tipo de gestão mais moderna, centrada nas pessoas e na transformação do seu conhecimento e motivação em outputs que acrescentam valor. As pessoas dentro da organização devem ser escolhidas de acordo com cada função (para isso é necessário identificar e estudar as várias funções da organização, de modo a obter uma estrutura organizacional otimizada). Desta forma, a seleção, avaliação e análise da função são parte da mesma equação fundamental para a correta gestão das pessoas dentro de cada organização. É precisamente no meio desta equação que se intromete de forma negativa o famoso “princípio de Peter”. Ninguém sabe se em 1968 Laurence J. Peter estava a brincar quando formulou o seu famoso princípio: “Numa hierarquia cada empregado tende a subir ao seu nível de incompetência”. Se um empregado tem um bom desempenho, deve ser recompensado com uma promoção. Se ele tem novamente um bom desempenho, será promovido novamente. E este processo de promoção continua até ao ponto em que as suas competências deixam de estar ajustadas em relação à sua função. Desta forma, no âmbito da gestão de recursos humanos, é tradicional enfatizar que alguém deve ser promovido de acordo com a sua capacidade de desempenhar as novas funções e não pelo seu excelente desempenho nas anteriores. De forma redutora, um exemplo da área comercial pode ilustrar esta questão. Se um diretor-geral tiver de promover alguém para o cargo de diretor comercial pode ser tentado a escolher o vendedor com a melhor performance. Contudo, um excelente vendedor pode não ser um bom organizador, líder, motivador e “controlador” de uma equipa de vendas. Desta forma, a empresa pode perder um excelente vendedor e ganhar um mau diretor. Recentemente, Alan Benson, da Universidade de Minnesota, Danielle Li, do MIT, e Kelly Shue, de
Yale, analisaram o desempenho de 53.035 funcionários de vendas em 214 empresas americanas de 2005 a 2011 e conseguiram verificar que afinal este princípio é de facto verdadeiro (em tendência e não de forma absoluta, como sempre acontece na gestão e na economia). Os investigadores conseguiram identificar a repetição do padrão de promoção de colaboradores com base em desempenhos de vendas que posteriormente apresentavam dificuldades em funções e ordem diferente. O trabalhador mais produtivo nem sempre é o melhor candidato a gestor, e, no entanto, as empresas têm maior probabilidade de promover os melhores vendedores para cargos de gestão. Uma empresa que confia demasiado nas vendas como critério de promoção paga assim duas vezes pelo erro. A remoção de um vendedor de alto desempenho da “linha” pode prejudicar o relacionamento com os clientes e colocar em risco a receita dessas contas. A equipa que estará sob sua direção está em maior risco de baixo desempenho. Estas descobertas salientam a possibilidade de que a promoção baseada em habilidades profissionais de nível mais baixo, em vez de habilidades de gestão é extremamente cara. Sendo assim, a correta promoção deve ser sempre baseada num “matching” entre experiência, competências relacionais, competências técnicas, perfil, conhecimentos adquiridos, formação, personalidade, motivação e as caraterísticas da nova função (entrevistas, psicotécnicos, avaliações “on the job”, serão assim essenciais, mesmo num processo de promoção interna). Deste modo, a recompensa de um excelente vendedor (ou de outro colaborador) não tem de ser a promoção (quando este não é adequado à nova função), mas pode ser sim a existência de prémios e/ou outras recompensas não monetárias. Este princípio tem ecos em outras áreas, quando em organizações (empresas familiares, partidos, instituições públicas) as pessoas são promovidas por motivos de confiança (política, institucional, familiar) e não pela sua capacidade de desempenhar o cargo. Ora, se em alguns cargos/funções existem técnicos para auxiliar os recém-promovidos, outras tantas organizações não têm esses técnicos ou confiam demasiado nas pessoas escolhidas, com um impacto negativo na produtividade, qualidade das decisões ou no próprio rumo estratégico. Claro, podemos argumentar que a maioria das pessoas com tempo, experiência, formação, treino, poderão vir a ser melhores diretores e decisores, mas a verdade é que o tempo e custo de adaptação estão sempre lá. Se é liderado por pessoas genuínas e inspiradoras, lembre-se de que é um estado um tanto raro e frágil que não deve ser dado como garantido, porque, por vezes, a incompetência é a norma.
INDONÉSIA: Um mercado em crescimento JOSÉ FERRO CAMACHO IADE / Universidade Europeia e BIID
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1. INTRODUÇÃO O artigo apresenta um resumo do “Estudo de Oportunidades na Indonésia” integrado no projeto “Engineering & Tooling from Portugal 2017-18”. Este trabalho, num total de 130 páginas, 176 figuras e 33 tabelas, inclui ainda, entre outros aspectos, uma avaliação da evolução das Cadeias Globais de Valor na região, o papel das transformações em curso na economia chinesa e o potencial de impacto sobre a economia da Indonésia. No domínio das TDM1 inclui, adicionalmente ao país em estudo, uma análise dos principais intervenientes da ASEAN: a Malásia, Singapura, a Tailândia e o Vietname.
2. A INDONÉSIA – PAÍS JOVEM E COM ELEVADO POTENCIAL A Indonésia constitui a 16ª maior economia mundial, em termos nominais. O actual crescimento tem como base um aumento do consumo doméstico e um ganho de competitividade. Até 2030, o país poderá tornar-se a 7ª maior economia do mundo, superando a Alemanha e o Reino Unido. Em simultâneo, o país continua a desenvolver a sua posição no comércio internacional, quer com base na integração na ASEAN2, quer com o desenvolvimento resultante de acordos da ASEAN com a China3 ou a Austrália, por exemplo. Desde a crise asiática de 1997-8, o país tem crescido a taxas anuais iguais ou superiores a 5% do PIB. Uma pirâmide etária jovem, cerca de 42% para população com uma idade inferior a 24 anos, e um crescimento contínuo da população, atualmente 267 milhões, coloca, por um lado, uma importante pressão para a criação de emprego e sobre os serviços de educação mas, por outro, tenderá a fazer chegar ao mercado um número substancial de novos consumidores, adicionando cerca de 30 milhões até ao ano 2030. Apesar desta pressão demográfica, o país apresenta taxas de desemprego de cerca de 4%. Durante a crise financeira global, a Indonésia superou os seus vizinhos regionais e juntou-se à China e à Índia como os únicos membros do G20 a crescerem. O deficit orçamental anual da Indonésia é limitado a 3% do PIB, e o governo reduziu o rácio dívida / PIB de um máximo de 100% logo após a crise financeira asiática de 1997-8 para 34%, actualmente. Contudo, o país ainda luta contra a pobreza, infraestruturas inadequadas, a corrupção, um ambiente regulatório complexo e a distribuição desigual de recursos entre as suas regiões.
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3. O ENQUADRAMENTO REGIONAL O ajustamento económico da RPC (República Popular da China) e a sua ascensão nas CGV (Cadeias Globais de Valor) estão a abrir novas oportunidades comerciais para a própria RPC e para outros países da região. Dados sobre a produção da China confirmam que segue um modelo de maior valor acrescentado, que acompanha com o desenvolvimento de uma capacidade de inovação. Isto implica o desenvolvimento de cadeias de valor regionais tecnologicamente mais sofisticadas e de serviços relacionados na Ásia Oriental, que podem impulsionar uma nova fase de crescimento do comércio regional e global. Os recentes passos protecionistas introduzidos pelos EUA do Presidente Donald Trump poderão contribuir para acelerar e aprofundar este processo regional. O aumento do IDE em produção na região por parte da RPC traduziu-se num aumento do rácio de importações de bens intermédios em relação às exportações de bens produzidos para outras economias regionais, de 62,9% para 73,4% entre 2000 e 2015. Existem poucas dúvidas sobre o forte papel que a China desempenhará nas relações comerciais da Indonésia com o mundo exterior num futuro próximo.
4. A EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO EXTERNO A participação da Indonésia nas CGV através das exportações é principalmente impulsionada por ligações a jusante, à medida que outros países utilizam intensivamente os produtos intermédios do país nas suas exportações. Este alto grau de participação direta está, entre outros, intimamente ligado às exportações de recursos naturais da Indonésia. Contudo, podemos incluir igualmente o ainda recente mas crescente papel desempenhado na indústria automóvel e na exportação de componentes.
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F1 –Exportações de Bens, 5 Maiores Destinos, USD mil milhões, 2008 – 17
F2 – Exportações de Bens, 5 Maiores Destinos, % Total, 2008 – 17
No domínio das exportações assiste-se a uma acentuada perda de influência do Japão como destino dos fluxos comerciais da Indonésia. Em 2017, a China (13,7%) tornou-se o principal destino das exportações de bens. Seguem-se os EUA (10,6%), o Japão (10,5%), a Índia (8,3%) e Singapura (7,6%). A Malásia, a Coreia do Sul, as Filipinas, a Tailândia e o Taipei são os seguintes destinos, embora com quotas inferiores a 5% em 2017. Esta distribuição saliente a forte componente asiática e regional. Fonte: Cálculos próprios a partir de dados de ITC - Tradema
F7 – Importações de Bens, 5 Principais Produtos, USD mil milhões, 2008 – 17
F8 – Importações de Bens, 5 Principais Produtos, % Total, 2008 – 17
evidenciando as dificuldades operacionais de um país produtor. Contudo, emergem também as importações crescentes de componentes para automóvel (8708) que sinalizam a posição do país na cadeia de valor regional. Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F3 – Importações de Bens, 5 Maiores Parceiros, USD mil milhões, 2008 – 17
F4 – Importações de Bens, 5 Maiores Parceiros, % Total, 2008 – 17
5. RELAÇÕES COMERCIAIS PORTUGAL INDONÉSIA
Desde 2011, a China é a principal origem das importações de bens da Indonésia. Em 2017, esse valor ascendeu a 21,9%. Seguem-se, por ordem decrescente, Singapura (10,8%), o Japão (9,0%), que têm perdido volume e quota, e a Malásia (5,8%) e a Tailândia (5,7%). Nas 5 posições seguintes encontram-se os EUA, a Coreia do Sul, a Austrália, a Índia e a Arábia Saudita.
Fonte: Cálculos próprios a partir de dados de ITC - Trademap
F5 – Exportações de Bens, 5 Principais Produtos, USD mil milhões, 2008 – 17
F6 – Exportações de Bens, 5 Principais Produtos, % Total, 2008 – 17
Os três primeiros produtos exportados pertencem à categoria 27, combustíveis minerais, num total de 18,9% em 2017. O minério de cobre (2603) é o produto seguinte, com 2,0% do total em 2017. Contudo, combustíveis e minério têm reduzido o seu peso no total. No quinto lugar emerge um produto industrial, automóveis de passageiros (8703), que representou, em 2017, 1,8% do total das exportações, embora com um crescimento acelerado como veremos posteriormente. Três das principais importações (16,5% do total de bens) continuam no capítulo 27 dos combustíveis minerais,
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As relações comerciais de Portugal com a Indonésia apresentam-se muito limitadas: em 2017, correspondem a 0,2% dos bens importados por Portugal e a 0,03% das exportações de bens. Neste domínio, a balança comercial eviFonte: Cálculos próprios a partir de dados de ITC - Trademap dencia uma tendência F9 – Comércio Portugal – Indonédesfavorável, com um sia, USD milhões, 2008 – 17 saldo negativo de USD 159 milhões em 2017. Principais fluxos em 2017: Exportações - máquinas e aparelhos mecânicos (29,3%), máquinas eléctricas (11,1%), madeira e obras de madeira (5,2%), instrumentos de óptica (5,2%) e fibras sintéticas (4,9%); Importações - calçado (30,4%), fibras sintéticas (19,8%), borracha (12,9%), peixe, crustáceos e moluscos (5,1%) e algodão (5,0%).
6. DINÂMICAS NO TOOLING 6.1. ASEAN - Importação de Moldes para Plástico ou Borracha No caso dos moldes para plástico ou borracha, em 2017, a Tailândia e o Vietname apresentam valores semelhantes de importação, um pouco superiores a USD 400 milhões, Evidenciam contudo comportamentos divergentes, com o Vietname a crescer e a Tailândia a reduzir. A Indonésia e a Malásia apresentam-se estáveis desde 2012 em torno dos USD 200 milhões.
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2010 e 2017, as importações de moldes para plástico ou borracha cresceram 183% para USD 225,4 milhões, e exibem o potencial do país.
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F10 – Países ASEAN, Importações, Moldes para Plástico ou Borracha, USD milhões, 2008 – 17 Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC
6.2. Comércio Portugal – ASEAN – Todas a Categorias
F12 – Indonésia, Importações e Exportações, Todas as Categorias, USD milhões, 2008 – 17
F13 – Indonésia, Importações e Exportações, Moldes para Plástico ou Borracha, USD milhões, 2008 – 17
As trocas comerciais em TDM, todas as categorias4, para os países constituintes da ASEAN são limitadas, com valores máximos em 2016, importações da ASEAN de USD 3,2 milhões e de exportações para a ASEAN de USD 3,4 milhões.
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F11 – TDM – Portugal – ASEAN, Comércio Internacional, USD milhões, 2008-17
Em 2017, a Malásia com 51,0% foi o principal destino das nossas exportações, seguida do Vietname com 34,6%. No mesmo ano, o Vietname, com 70,6% foi dominante no capítulo das importações, seguida da Tailândia (17,1%) e da Malásia (11,1%).
Os moldes para plástico ou borracha é a principal categoria exportada em 2017, com uma participação de 86,7%, seguida das ferramentas para estampar com 9,1%. No capítulo das importações, a imagem inverte-se. As ferramentas para estampar são maioritárias (77%) seguidas da categoria de moldes para plástico ou borracha (20%). No capítulo das TDM o comércio com a Indonésia é residual com um valor máximo de exportações de USD 615 milhares em 2012 e USD 110 milhares em importações no ano de 2014.
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F14 – Indonésia, Importações, Distribuição por Categorias, %, 2008 – 17
Nos anos em análise, a maioria das importações teve lugar na categoria de moldes para plástico ou borracha (47%, em 2017), seguida das ferramentas para estampagem – 820730 (22%, em 2017). O Japão mantém-se como a principal origem das importações em TDM, embora com uma tendência decrescente. Entre 2009 e 2017, a China cresceu de um valor reduzido de USD 24,7 milhões para USD 127,4 milhões no final do período. Em quota, representa um crescimento de 9,9% para 26,6%. A Coreia exibe uma participação entre 10% e 15% e Taipei e a Tailândia com valores perto de 5%. As exportações exibem valores baixos. Como principais destinos aparecem a Malásia, o Japão, a Tailândia, a Chi-
6.3. Indonésia – Comércio Internacional de TDM 6.3.1. TDM – Todas as Categorias No conjunto, as importações de TDM cresceram de forma significativa entre 2009 e 2013, de USD 176 para 523 milhões. As exportações mantiveram-se na generalidade dos anos em valores inferiores a USD 50 milhões. Entre
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F15 – Indonésia, Importações, Países, Todas as Categorias, USD milhões, 2008 – 17
F16 – Indonésia, Importações, Países, Todas as Categorias, %, 2008 – 17
valores de exportação são muito limitados e não ultrapassaram um total de USD 12 milhões em 2017.
7. OPORTUNIDADES NA INDÚSTRIA AUTOMÓVEL
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F17 –Indonésia, Exportações, Países, Todas as Categorias, USD milhões, 2008 – 17
F18 – Indonésia, Exportações, Países, Todas as Categorias, %, 2008 – 17
na e Singapura. Contudo, nenhum deles ultrapassa os USD 8 milhões em 2017, com uma grande dispersão em quota.
6.3.2. Moldes para Plástico ou Borracha No capítulo da importação de moldes para plástico ou borracha, a China emerge com uma grande dinâmica e uma taxa de crescimento médio anual de 21,67% entre 2009 e 2017. Fecha o período com uma quota de 32,9% das importações e USD 74,2 milhões. Após um período de redução, a Coreia cresceu nos últimos dois anos (USD 48,5 milhões e 21,5%, em 2017). Nesta competição o Japão aparece como o grande perdedor, em queda desde 2012 e termina o período com USD 41,4 milhões e 18,3%, quase metade da quota de mercado que exibia em 2012. Os
A Indonésia é o maior mercado automóvel da ASEAN - com mais de 260 milhões de pessoas e, com um rácio de veículos de apenas 40 carros por mil habitantes, revela um potencial significativo de crescimento. As OEM japoneses dominam o mercado indonésio com a Daihatsu e a Toyota como líderes de mercado e o Mini MVP (Veículo Polivalente) como o segmento preferido. A indústria automóvel é o terceiro maior sector e contribui com 10% do PIB do país. O sector concorre para as exportações e as importações criando um fluxo comercial assinalável. As empresas globais têm investido para aproveitar o forte crescimento da maior economia do Sudeste Asiático A indústria é dominada principalmente por veículos orientados para a família. Existem outros tipos de veículos que despertam o interesse do consumidor indonésio, veículos vendidos no país são típicos veículos familiares 4x2, com as pick-up em segundo lugar. A Indonésia é também uma grande base de produção para fabricantes internacionais de todo o mundo, incluindo alguns dos líderes mundiais como a Honda, a Toyota e a Daihatsu. Estima-se que somente em 2012, as exportações de novos automóveis atingiram quase 200.000, com um volume de exportação esperado para atingir mais de 30% da produção total até 2017. Contudo, ainda são importados cerca de 70% dos componentes, uma situação que é suposto mudar nos próximos anos com a política industrial em desenvolvimento.
7.1. Exportações Veículos e Componentes Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F19 – Indonésia, Importações, Países, Moldes para Plástico ou Borracha, USD milhões, 2008 – 17
A exportação de veículos evidencia uma mudança de direcção, com uma integração regional, à medida que o seu crescimento tem lugar. As Filipinas tomam o lugar da Arábia Saudita e alcançam 40% do valor exportado.
F20 – Indonésia, Importações, Países, Moldes para Plástico ou Borracha, %, 2008 – 17
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F21 – Indonésia, Exportações, Países, Moldes para Plástico ou Borracha, USD milhões, 2008 – 17
Fonte: Cálculos próprios a partir de dados de ITC
F22 – Indonésia, Exportações, Países, Moldes para Plástico ou Borracha, %, 2008 – 17
F23 – Exportações de Veículos e Componentes, USD mil milhões, 2008 – 17
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ENGINEERING & TOOLING
F24 – Exportações de Veículos e Componentes, % do Total Automóvel, 2008 – 17
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MARKET REPORT
O Vietname, embora muito atrás, exibe igualmente uma tendência crescente. No capítulo dos componentes, a Tailândia alcança cerca de 25% do total e USD 500 milhões em 2017, constituindo o destino que mais beneficiou do aumento das exportações. Seguem-se o Japão e a Malásia, com 13,2% e 12,3% em 2017, respetivamente. Nas posições seguintes aparecem o Brasil e o México, com uma participação um pouco acima dos 5% e dos USD 120 milhões. Fonte: Cálculos próprios a partir de dados da OICA
F29 – Indonésia, Produção de Veículos, Unidades, 2008 – 17
(9,6%), a Mitsubishi Motors (3,1%) constituíram as primeiras cinco OEM em produção em 2016 e um total 90,6% em quota.
Fonte: Cálculos próprios a partir de dados de ITC
F25 – Exportações de Veículos, Por País, USD milhões, 2008 – 17
F26 – Exportações de Componentes, Por País, USD milhões, 2008 – 17
A indústria na Indonésia é centrada na região de Java Ocidental, que consiste nas províncias de Banten, Jakarta e Java Ocidental. No entanto, existe também um pequeno número de empresas localizadas na Java Central e Oriental.
7.2. Importações Veículos e Componentes O ganho na importação de componentes está em linha com uma maior montagem doméstica. Novamente, a Tailândia e o Japão disputam a liderança, embora com um ganho claro do Japão (45%). Fonte: Indonesia Investment Coordination Board, GAIKINDO, AISI, GIAMM
F30 – Indonésia, Localização do Cluster automóvel
Fonte: Cálculos próprios a partir de dados de ITC
F27 – Importações de Componentes, Por País, USD milhões, 2008 – 17
F28 – Importações de Componentes, Por País, % do Total Automóvel, 2008 – 17
7.3. Produção Em número de unidades produzidas, a Indonésia em 2017 situou-se entre a República Checa (1.419.993) e a Itália (1.142.210) de acordo com dados da OICA. No domínio da ASEAN, com 1.216.615 veículos produzidos, a Indonésia posicionou-se no segundo lugar (30,1%) dos países da ASEAN, depois da Tailândia (1.988.823 e 49,1%) e antes da Malásia (499.639 e 12,3%). As marcas asiáticas dominam completamente a produção. A Toyota (45,6%), a Honda (16,6%), a Daihatsu (15,7%), a Suzuki
Os fornecedores5 de primeiro nível e os OEM dominam o mercado de peças de marca ou genuínas, concentrando-se na produção de produtos de maior valor, como sistemas elétricos, motorizações, sistemas de freios, sistemas de resfriamento e componentes de estrutura e sistemas de suspensão, e uma grande variedade de produtos de plástico, borracha e aço forjado. Os fornecedores de componentes de primeiro nível são tipicamente joint-ventures entre empresas locais e estrangeiras (muitas vezes japonesas), como por exemplo a Astra International ou o Indomobil Group. Estas empresas estão principalmente envolvidas na produção de peças para o mercado de montagem de primeiro nível, que são vendidos sob marcas OEM conhecidas. Os principais intervenientes da indústria de componentes automóveis indonésios são a PT. Astra Otoparts, o Grupo Indospring, o Grupo Pako, a Bakrie Tosanjaya e o Dharma Polimetal Group. A GIAMM (Gabungan Industri Alat-Alat Mobil dan Motor, a associação da indústria de componentes para automó-
veis da Indonésia) conta com 161 membros, consistindo em 95 joint-ventures (70 com empresas japonesas); principalmente para fabricação de componentes do motor e de componentes do corpo do veículo.
8. OPORTUNIDADES NA INDÚSTRIA AERONÁUTICA 8.1. PT Dirgantara Indonesia (Persero) A empresa estatal indonésia, a PT. Dirgantara Indonesia (PTDI) é o primeiro e o maior fabricante de aeronaves na Indonésia, criado em 1976. A PTDI tem competência no projecto e no desenvolvimento de aeronaves, na fabricação de estruturas, na montagem e nos serviços para aviões de médio porte, civis ou militares. As Unidades de Negócios de Serviço para Aeronaves da PTDI também incluem MRO6, alterações e logística para certos tipos de aeronaves: CN235, NC-212-100 / 200/400, NC212i, Bell412EP, BO-105, NAS332 Super Puma, B737-200 / 300/400/500, A320, Fokker 100 e Fokker 27. A empresa7 produz várias aeronaves e helicópteros: N219, NC212i, NC212-200, C212-400, CN235-220MPA, CN235-220M, CN 295, bem como helicópteros NAS-332 C1, AS725-Cougar, e AS365N3+. A PTDI também fabrica componentes, ferramentas e acessórios para aeronaves, principalmente para produtos da Airbus, como componentes de asa de A380, A350, A320-A321. A PTDI é um subcontratante certificado para o Helicóptero Bell Textron Incorporated, a KAI, o Spirit Aero System UK. Fornece, igualmente, componentes para o F-16 e o Fokker 100. Atualmente, a PTDI está empenhada no desenvolvimento do N219, que é em particular adaptada ao terreno montanhoso da Indonésia. Esta aeronave é projetada para as características geográficas extremas em áreas isoladas, onde os aeródromos são limitados.
8.2. PT. Regio Aviasi Industri (RAI) A empresa PT. Regio Aviasi Industri (RAI) planeia desenvolver aeronaves comerciais, o Regio 80 (R80). A empresa foi concessionada pelo filho do ex-presidente B.J Habibie, Dr. Ilham Akbar Habibie. Cada aeronave terá uma capacidade de 80 a 90 passageiros e está projetada para poder voar 1.000 milhas. Espera-se que os aviões façam o seu voo inaugural em 2018. Três companhias aéreas, nomeadamente Kalstar, Trigana Air e NAM Air encomendaram 155 aviões do tipo RAI, cada um com um preço entre 22 e 25 milhões de dólares.
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9. OPORTUNIDADES NOS PLÁSTICOS E EMBALAGENS O consumo8 de plástico na Indonésia, segundo a Associação Indonésia de Olefina, Aromáticos e Plásticos (INAplas) ainda é relativamente baixo per capita em pouco mais de 17 kg por ano, comparado com cerca de 35 kg na Malásia, 40 kg na Tailândia e Singapura e cerca de 100 kg na Europa Ocidental. Isso destaca a possibilidade de crescimento futuro, à medida que os rendimentos das famílias continuarem a aumentar na Indonésia. A oferta da indústria nacional contribui com 3,6 milhões de toneladas de plásticos por ano para a procura total de 4,3 milhões de toneladas, com o restante do material importado. Além da indústria de alimentos e bebidas, que representa a maior parte do uso de plástico na Indonésia, a agricultura e o sector de construção, bem como as indústrias automóvel e eletrónica, são os principais compradores de plásticos. Os fabricantes de produtos plásticos locais dependem de importações devido à escassez de matéria-prima na Indonésia. Atualmente, mais de 40% dos petroquímicos utilizados na indústria de plásticos vêm do exterior. A maioria das importações de plásticos do país, compreendendo principalmente propeno e polietileno, vem de países vizinhos, incluindo Singapura, Malásia e Tailândia, assim como da Europa, dos EUA e do Oriente Médio. Com uma procura em alta por matérias-primas, as empresas locais estão cada vez mais interessadas no processo de reciclagem e uso de material reciclado na sua produção. A indústria de embalagens de plástico da Indonésia cresceu 8% para cerca de USD 5,3 mil milhões em 2013, segundo a Indonesian Packaging Federation (FPI). A mudança dos mercados tradicionais para supermercados modernos e para lojas de conveniência cria muita procura por embalagens de bens de consumo de alta rotatividade (FMCG), especialmente alimentos e bebidas. Quase 70% do uso total de plásticos foi contabilizado pelos sectores de embalagens de alimentos e bebidas. As vendas serão impulsionadas principalmente pela procura do sector industrial, principalmente a indústria de alimentos e bebidas. A indústria de alimentos e bebidas representaria 40% das vendas do sector neste ano, seguida por embalagens agrícolas (15%), fabricantes de automóveis e produtos eletrónicos (7,5%) e o sector de construção (7,5%) (INAplas).
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10. CONCLUSÕES A Indonésia apresenta um elevado potencial de desenvolvimento nos próximos 10 anos. Este progresso, a concretizar-se, resultará 1) das condições domésticas, com a conjugação entre fatores demográficos, com a expansão de mercados resultante de uma crescente procura jovem e ambiciosa, e do reforço da oferta em sectores industriais e 2) da integração nas cadeias de valor globais, em particular em articulação com os passos em curso na China e na perspetiva de uma maior integração económica no domínio da ASEAN. As oportunidades integradas neste relatório espelham este potencial: o sector automóvel, com a passagem da mobilidade da motocicleta para o automóvel familiar, embora modulado pelo compromisso verde; o sector das embalagens e dos artigos em plástico, resultante da expansão dos mercados de consumo; e a aeronáutica, projectando a mobilidade nacional, num país com 17.504 ilhas, e regional, na área do globo com maior expansão de viagens de avião. Contudo, o negócio do tooling é largamente asiático. Do conjunto dos países da ASEAN, incluindo a Indonésia, são residuais os valores estatísticos referentes a importações de origem não-asiática. Independentemente da exploração e da caracterização comercial indispensável, parece adequado identificar o potencial do modelo de internacionalização em cooperação, já elaborado anteriormente, como o mais apropriado para a exploração e desenvolvimento de mercado, com forma de lidar com as barreiras de diversa natureza existentes e como modo de partilhar riscos e gestão. No domínio da redução da distância psicológica e cultural,
MARKET REPORT
poderá ser interessante explorar o potencial de desenvolvimento de um projecto integrando uma componente de educação e formação e uma vertente industrial em Timor-Leste, como base para as relações com os países da ASEAN. O processo de integração do país na ASEAN segue actualmente o seu curso e um projecto neste domínio pode revelar a prazo repercussões positivas para todos os envolvidos, numa fase em que a redução dos rendimentos provenientes do hidrocarbonetos impõe a diversificação e a necessidade de criação de emprego jovem é urgente.
_______________ 1 - TDM – Tools Dies and Molds no original. 2 - A Association of Southeast Asian Nations, foi fundada em 8 de agosto de 1967 (Declaração de Bangkok) pelos fundadores, Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura e Tailândia, a que se juntaram o Brunei, o Vietname, o Laos, o Mianmar e o Camboja. A criação da Comunidade Económica da ASEAN (AEC) em 2015 é um marco importante na agenda regional de integração económica na ASEAN, oferecendo oportunidades na forma de um enorme mercado de USD 2,6 triliões e mais de 622 milhões de pessoas. Em 2014, a AEC era coletivamente a terceira maior economia da Ásia e a sétima maior do mundo. 3 - ACFTA - ASEAN – China Free Trade Area. 4 - No Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, 820730: Ferramentas de embutir, de estampar ou de puncionar, intercambiáveis; 848010: Caixas de fundição; 848020: Placas de fundo para moldes; 848030: Modelos para moldes; 848041+49: Moldes para metais ou carbonetos metálicos; 848050: Moldes para vidro; 848060: Moldes para matérias minerais; 848071+79: Moldes para borracha ou plástico 5 - Baseado em The EU-Indonesia Business Network (EIBN) (2015), EIBN Sectors Report: automotive, tradução livre http://www.eibn.org 6 - Maintenance, Repair, Operations 7 - Portfolio completo: www.indonesian-aerospace.com/portfolio 8 - Baseado em BRITISH PLASTICS FEDERATION (2015), Plastics Industry in Indonesia, BPF Report, tradução livre
EVOLUÇÃO DOS MERCADOS
Análise Comparativa Primeiro Trimestre 2019
MERCADOS TRADICIONAIS
PESO DOS MERCADOS TRADICIONAIS NAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS
MERCADOS DA EUROPA CENTRAL E DE LESTE
MERCADOS DA EUROPA OCIDENTAL
MERCADOS AMERICANOS
OUTROS MERCADOS ESTRATÉGICOS
Fonte: AICEP Portugal Valores de exportações em unidades de milhar
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