Market Report 29 - abril 2020

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Ano 8 ı Número 29 ı Trimestral ı Abril 2020

Irlanda: Indústria de Moldes e Plásticos Desenvolver novos Líderes, influenciar pessoas pela positiva Cadeias Globais de Valor



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MARKET REPORT

N OTÍCIAS MISSÃO INVERSA DA POLÓNIA’ CONTOU COM A PARTICIPAÇÃO DE ONZE EMPRESAS Onze empresas da indústria de moldes (dez localizadas na Marinha Grande e uma em Oliveira de Azeméis) participaram na ‘Missão Inversa da Polónia’, que decorreu entre 28 e 30 de janeiro. Tratou-se de uma organização conjunta entre a CEFAMOL e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), que trouxe ao nosso país representantes de três empresas polacas. Patrício Tavares, da CEFAMOL, classificou a ação como “muito positiva”, contando que as empresas nacionais se mostraram satisfeitas com a iniciativa, “não só por aquilo que (as empresas polacas) representam em termos comerciais, mas também pelo profissionalismo demonstrado pelos seus representantes durante toda a semana em que visitaram potenciais fornecedores”. Por outro lado, sublinhou, também as empresas visitantes demonstraram satisfação pela deslocação a Portugal. Manifestaram apreço, desde logo, “pelas capacidades e competências das nossas empresas no que respeita a instalações, maquinaria e condições de trabalho”, considerando que correspondem à oferta e aos serviços específicos que procuravam.

“Podemos dizer que regressaram à Polónia com uma imagem muito positiva, não só da nossa indústria, mas também do trabalho promovido pela CEFAMOL e pela AICEP”, adiantou Patrício Tavares. Erofio, Fozmoldes, Moldes RP, Moliporex, PMM, Ribermold, RKP Moldes, Socem, SRFam, Steelplus e VL Moldes foram as empresas nacionais a participar nesta ação.

VISITA DA MEDTRONIC A PORTUGAL Depois do sucesso da missão empresarial à sede da multinacional americana Medtronic, em Minneapolis (EUA), realizada em junho de 2019, liderada pelo secretário de

Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, decorreu uma missão inversa de representantes dessa empresa a Portugal, entre os dias 2 e 4 de março. Com o objetivo de demonstrar a capacidade e a qualidade da oferta portuguesa de moldes para a indústria de dispositivos médicos, o programa, coorganizado pela CEFAMOL e AICEP e com o apoio da Medtronic Portugal, teve início no Ministério dos Negócios Estrangeiros, com uma reunião com o secretário de Estado da Internacionalização e previu a visita às empresas que fizeram parte da “Missão aos EUA” em 2019: Celoplás, Famolde/GLN, MoldesRP, Set/Iberomoldes, Socem e Ribermold. O HCP-Health Cluster Portugal, parceiro da AICEP para a Fileira da Saúde acompanhou também esta missão na perspetiva de potenciar o sector da saúde nacional no âmbito da I&D para a área dos dispositivos médicos. A multinacional Medtronic é líder mundial em soluções, serviços e tecnologia médica.


EMPRESAS DE MOLDES E PLÁSTICOS ATRIBUEM BOLSAS A ESTUDANTES DO IPL Subiu para 53 o número de bolsas atribuídas por empresas da região a estudantes do Politécnico de Leiria (IPL), no âmbito do programa ‘Bolsas + Indústria’ que celebra a proximidade entre a instituição de ensino e as empresas da região, como fator diferenciador. Uma dezena e meia (do total das 39 empresas que aderiram ao programa) pertence aos sectores dos moldes e plásticos, o que é bastante revelador do interesse das empresas neste projeto que resulta de um protocolo firmado entre a CEFAMOL, a Associação Empresarial da Região de Leiria (NERLEI) e o Politécnico de Leiria. Teve início em 2013/14 tendo sido, então, atribuídas sete bolsas por igual número de empresas. De então para cá, o número de empresas participantes e de bolsas tem crescido consideravelmente, a cada edição. Trata-se de uma iniciativa de cariz inédito no nosso país, como fez questão de realçar Rui Pedrosa, presidente do IPL, na cerimónia de entrega das bolsas, que decorreu no dia 3 de março, em Leiria. O responsável considerou que este programa “não tem paralelo no país” e que só é possível “por esta proximidade, pelo compromisso dos nossos professores e investigadores, dos empresários e do poder autárquico”. “É este o grande fator diferenciador de regiões como a de Leiria e do Oeste: a proximidade entre instituições de ensino superior, municípios, entre empresas, entre atores do sistema cultural, do sistema social”, destacou ainda o presidente do IPL, reforçando que “é esta proximidade que fica à distância de um telefonema, que permite a mobilização de empresas, de estudantes, de professores, de investigadores, que faz a diferença. E isso não é possível fazer nas grandes cidades”. Na sua intervenção, o presidente do Politécnico de Leiria, destacou ainda o alargamento deste projeto, que agora tem uma presença maior no território, “de norte a sul do distrito de Leiria, com mais empresas e mais cursos en-

volvidos”, de quatro escolas do Politécnico de Leiria, mas também com a nova componente de “responsabilidade social, além da atribuição das bolsas de reconhecimento do mérito”. Exemplo disso, referiu Rui Pedrosa é o projeto desenvolvido por três estudantes da Escola Superior de Artes e Design do Politécnico de Leiria (ESAD.CR) para a remodelação do mobiliário de quartos, com o apoio das empresas. Esta ação, sublinhou, permite que “estudantes com mais necessidades económicas possam usufruir e sentir o compromisso de atração de talento e de responsabilidade social das empresas”.

Integrar academia e indústria Presente na cerimónia, Pedro Pereira, vice-presidente da CEFAMOL, considerou que “as pessoas, o seu conhecimento e competências técnicas e comportamentais assumem um papel estruturante” para as empresas, destacando ser “fundamental integrar o mundo académico e empresarial, enquadrando as duas realidades, pois só assim seremos mais fortes e competitivos a nível global»”. Para o representante da CEFAMOL, “esta iniciativa contribui decisivamente para este objetivo”. No entanto, alertou que “as bolsas terão de ser complementadas com a proatividade de todos: pelos alunos no seu percurso com as empresas, mas também das próprias empresas ao saber acolher e integrar os estudantes, permitindo à academia adaptar os seus conteúdos pedagógicos às necessidades das empresas”. Por sua vez, António Poças, presidente da NERLEI, destacou que “o sucesso desta região, no futuro, será a capacidade de atrair pessoas” e recordou que as empresas associadas da NERLEI referem que precisam de mais pessoas qualificadas. “É um desígnio que as entidades da região têm procurado articular para trazer mais pessoas”, referiu, adiantando que “estar a acolher um conjunto de pessoas que vêm estudar para a região é um bom sinal do que podemos fazer todos os dias”. Já Gonçalo Lopes, presidente da Câmara Municipal de Leiria, considerou que a região “é um território onde a representação, o empreendedorismo e o poder das empresas é uma imagem de marca”, e que “a indústria faz parte do nosso DNA”, assumindo orgulho em presidir a uma autarquia de “uma região onde o sector industrial é uma referência a nível nacional, com uma forte vocação exportadora, com empresários que não viram a cara à luta e que, nos momentos difíceis, contribuem para a recuperação do país”. O autarca reforçou ainda que “Leiria tem na área da ciência, na área do ensino, na área da inovação, um Politécnico capaz de poder afirmar-se no contexto nacional para atrair jovens para os seus diversos cursos”.

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Apoio a mais de 180 estudantes As ‘Bolsas + Indústria’ são financiadas pelo tecido empresarial da região de Leiria desde 2013. O programa então inaugurado tem procurado envolver a indústria, em parceria com o Politécnico de Leiria, a desenvolver ações que aproximem a academia da realidade industrial, a promover a formação em contexto empresarial, a disseminar o conhecimento e tecnologia, e a realizar ações de responsabilidade social conjuntas, beneficiando estudantes, professores e empresas. Ao abrigo do protocolo ‘+Indústria’, foram já apoiados, desde 2013, 184 estudantes, por cerca de 60 empresas. Nesta edição, foram atribuídas nove bolsas ao curso de Engenharia Mecânica, também nove ao curso de Engenharia e Gestão Industrial, sete foram atribuídas ao curso de Engenharia Eletrotécnica de Computadores, cinco ao curso de Engenharia Alimentar, quatro ao curso de Engenharia Informática, três ao curso de Contabilidade e Finanças, três ao curso de Design Industrial, duas bolsas ao curso de Engenharia Civil e duas ao curso de Marketing. Os cursos de Fisioterapia e Gestão receberam uma bolsa cada e foram, ainda, atribuídas duas bolsas a dois

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cursos de Mestrado (uma ao de Engenharia Informática e de Computação Móvel e outra ao de Engenharia Mecânica e Produção Industrial) e outras cinco bolsas para remodelação de quartos nas residências de estudantes do IPL. Integram esta ação 39 empresas da região. Esta parceria resulta de um trabalho de proximidade desenvolvido entre as empresas, através da CEFAMOL, NERLEI, e o Politécnico de Leiria, assente na confiança mútua e no reconhecimento da complementaridade entre estes dois tipos de instituições. Esta proximidade traz benefícios importantes para a academia e para as empresas. Por um lado, a formação ministrada é mais ajustada à realidade das empresas, permitindo aos diplomados uma melhor inserção no mercado de trabalho. Por outro lado, o maior envolvimento do tecido empresarial em projetos conjuntos de investigação e inovação potencia os processos de partilha e valorização do conhecimento, fundamentais para a melhoria dos seus produtos e processos, assim como para o reforço da sua capacidade competitiva.


IRLANDA: INDÚSTRIA DE MOLDES E PLÁSTICOS LUÍS REIS Delegado da AICEP na Irlanda 7

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SITUAÇÃO ECONÓMICA E PERSPETIVAS Nas últimas duas décadas, a Irlanda sofreu uma transformação social e económica sem precedentes, posicionando-se atualmente como um dos produtores de referência mundial ao nível industrial em sectores de grande inovação como o farmacêutico e o de equipamentos médicos ou o das tecnologias de informação. Para esta alteração e performance foi decisivo o fluxo de investimento estrangeiro direto, que transformou uma pequena economia local numa das mais avançadas e abertas a nível mundial (décima terceira maior economia europeia e trigésima segunda do mundo) mas, por consequência, também uma das mais expostas e fortemente dependente do comportamento da procura global.

Mais informações sobre o mercado estão disponíveis em https://myaicep.portugalexporta.pt/mercados-internacionais/ie/irlanda

A Irlanda exportou, em 2018, bens no valor de 167 mil milhões de USD, com destaque para os produtos farmacêuticos (32%) e os produtos químicos orgânicos (19,8%) que, no seu somatório, representaram mais de metade do valor total das exportações irlandesas. De referir ainda que a quota de exportação de produtos farmacêuticos aumentou cerca de 45% entre 2014 e 2018.

RELAÇÕES BILATERAIS No somatório das exportações de bens e serviços, a Irlanda é atualmente o 12º cliente de Portugal, com 1,2% de quota das exportações nacionais, onde as viagens e turismo representam dois terços desse total, existindo potencial para o aumento das exportações de bens de consumo e industriais, mesmo considerando que se trata de um pequeno mercado com 4,8 milhões de consumidores, mas com elevado poder de compra e um forte tecido industrial em sectores de grande inovação.

Não obstante as incertezas que o impacto do BREXIT poderá provocar na economia irlandesa, todas as previsões económicas, incluindo as publicadas pela Comissão Europeia, fazem projeções do crescimento real do PIB de 3,5% para 2020 e 3,2% para 2021, com um histórico recente de crescimentos de 5,6% em 2019 e de mais de 8% em 2018. Nesta fase de agravamento da situação provocada pelo COVID-19 e o inevitável impacto económico que provocará na economia europeia e mundial, estas projeções serão significativamente afetadas.

Ao nível da indústria de moldes, NC 8480, são praticamente inexistentes as relações comerciais entre os dois países, tendo, segundo dados do INE, Portugal exportado 450 mil euros em 2018 e apenas 90 mil euros em 2019, o que representou uma quebra de 80% face ao ano anterior, posicionando o mercado apenas como sexagésimo primeiro destino do sector.

2018

2019

Tons

1000 EUR

% Tot

Tons

1000 EUR

% Tot

Var. %

TOTAL

33 316

669 250

100,00

29 847

611 967

100,00

-8,56

1

Espanha

6 726

120 608

18,02

8 216

143 992

23,53

19,39

2

Alemanha

6 592

144 099

21,53

4 988

115 423

18,86

-19,90

3

França

4 202

86 138

12,87

3 740

71 484

11,68

-17,01

4

República Checa

2 275

45 288

6,77

1 998

43 151

7,05

-4,72

5

Polónia

1 637

34 727

5,19

1 296

29 664

4,85

-14,58

6

Estados Unidos da América

1 896

36 614

5,47

655

18 608

3,04

-49,18

7

Eslováquia

513

11 605

1,73

881

18 511

3,02

59,51

8

Reino Unido

1 468

28 524

4,26

912

17 429

2,85

-38,90

9

Rússia

308

8 924

1,33

740

15 434

2,52

72,94

10

Itália

373

8 890

1,33

662

15 029

2,46

69,07

11

Bélgica

816

14 500

2,17

779

13 640

2,23

-5,93

12

Suiça

621

9 958

1,49

446

11 188

1,83

12,35

13

México

611

14 227

2,13

385

10 914

1,78

-23,28

14

Roménia

234

7 876

1,18

384

10 038

1,64

27,45

15

Suécia

722

10 456

1,56

463

7 648

1,25

-26,86

61

Irlanda

20

450

0,07

2

90

0,01

-80,01


A reduzida dimensão das exportações portuguesas para o mercado são reflexo da forte concentração industrial da Irlanda no sector farmaceutico e dispositivos médicos e de muitas empresas terem privilegiado abordagens indiretas, via Reino Unido, ou dirigidas a outros sectores como o automóvel, com expressão reduzida no mercado. Em termos de importações globais de moldes, a Irlanda apresenta valores baixos (quadro Importações Irlanda NC 8480), perfazendo pouco mais de 26 milhões de euros em 2018 e uma tendência de redução das exportações desde 2016, o que reflete em parte um cluster local forte e em crescimento, totalmente integrado nas cadeias de valor industriais do mercado.

no mercado, beneficiando da óbvia proximidade territorial, cultural e linguística, ainda que, neste caso, são por norma empresas mais direcionadas para atuar no mercado aeronáutico, espacial e automóvel. Os grandes centros do sector na República da Irlanda concentram-se em Athlone, Limerick, Galway, Sligo, Dublin, Cork e Waterford. O cluster inclui processadores de todos os tipos de tecnologia, desde a injeção, sopro, extrusão, etc., fornecedores de matérias-primas, moldes, ferramentas, máquinas e componentes, para além de serviços de desenvolvimento e design que disponibilizam soluções de engenharia de polímeros e prototipagem.

SECTORES DE OPORTUNIDADE

Entre os países que mais exportam moldes (NC 8480) para a Irlanda, em 2019 a Suíça teve uma quota de 30%, seguida do EUA com 15% e da China com 20%. Os 10 países que mais exportam moldes para a Irlanda representam 94% do total das importações locais.

Sendo a República da Irlanda um dos líderes mundiais no sector das ciências da vida e da saúde, nomeadamente na indústria farmacêutica e de tecnologia/dispositivos médicos (Medtech), existem oportunidades reais para as empresas portuguesas também conseguirem integrar esta cadeia de valor, desde o fornecimento de matérias-primas e máquinas, até moldes e ferramentas para um número crescente de fabricantes de instrumentos e aparelhos médicos. O sector Medtech na Irlanda é constituído aproximadamente por 450 empresas, que empregam 38.000 pessoas, sendo o segundo maior empregador de profissionais da área médica na Europa per capita, com exportações anuais de mais de 12,6 bilhões de euros destinadas a mais de 100 mercados em todo o mundo. Nove das dez maiores empresas de tecnologia médica do mundo (Medtech) têm uma base na Irlanda, sendo, no entanto, notável que cerca de 60% das 450 empresas de tecnologia médica são de origem local. Por outro lado, no sector farmaceutico, constata-se uma dinâmica ainda mais intensa, com mais de 4 bilhões de euros de investimento desde 2012 realizados pela área da Biofarmácia, que resultaram na criação de mais de 8.000 novos empregos diretos, numa indústria que emprega atualmente mais de 26 mil pessoas diretamente e, indiretamente, outras 25 mil.

O SECTOR DE MOLDES E PLÁSTICOS NA IRLANDA O sector de moldes e plásticos na Irlanda apresentou, nos últimos dois anos, um crescimento de 7,7%, constituindo-se atualmente por 230 empresas, mais de 7.000 trabalhadores e um volume de negócios de 2,1 mil milhões de euros, em grande parte destinados aos mercados internacionais. De todas as empresas que constituem o sector, 53% são de injeção (122 empresas), com um peso significativo da área farmaceutica e de dispositivos médicos, e 13% são de produção de moldes e ferramentas (pouco mais de 30 empresas). A este grupo de fabricantes de moldes e ferramentas estabelecidos na Irlanda, deve considerar-se igualmente um número representativo de empresas da Irlanda do Norte com condições privilegiadas para atuar

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Grandes multinacionais como a BioMarin, a Eli Lilly, a MSD Brinny, a Janssen ou mesmo a portuguesa Hovione, são apenas alguns dos exemplos mais recentes de empresas que apostaram numa presença forte e de contínua expansão num país que conta com a presença industrial e de I&D das 10 principais empresas farmacêuticas mundiais, entre mais 100 empresas instaladas na Irlanda.

ASSOCIAÇÕES SECTORIAIS - Polymer Technology Ireland https://polymertechnology.ie/ - The Northern Ireland Polymers Association (NIPA) http://www.polymersni.com/

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MARKET REPORT

Desenvolver novos Líderes, influenciar pessoas pela positiva

Artur Ferraz Consultor Internacional para a Gestão de Pessoas

O mercado global está a passar por um período de grande reajustamento, as grandes questões do nosso tempo – a desigualdade, as alterações climáticas e a digitalização das economias – estão a moldar as decisões dos principais players mundiais, quer sejam grandes organizações transnacionais, quer sejam países ou blocos económicos. Estes reajustamentos anunciam o surgimento de um novo período que será radicalmente diferente do período anterior a estas transformações profundas. As soluções do passado passam assim, por necessitar de um fact – check exaustivo que permita conceber o ajustamento de uma dada solução, outrora eficaz em continuar a sê-lo. Perante estas realidades cruzadas, as nossas organizações, que são fortemente influenciadas por todas estas transformações e que não as influenciam, sofrem os efeitos das ondas de choque, sem muitas vezes perceberem a sua própria origem. Fortemente dependentes de uma estrutura organizacional frágil e pouco desenvolvida, sentem grande dificuldade em encontrar um rumo de ação no qual consigam navegar nestas águas mais agitadas. Os períodos transformacionais têm destas coisas, as organizações tornaram-se tecnologicamente bastante avançadas, mas com uma carência primordial: - Uma estrutura adaptada para um mundo em constante mutação -.

e adaptá-los em função das necessidades do mercado. Embora pareça simples, esta mudança é manifestamente difícil e morosa, pois as empresas tendem a cristalizar os seus processos de decisão e trabalho aceitando as alterações com muito pouco interesse. É desta forma que se torna imperioso intervir ao nível dos modelos mentais das pessoas, começando sempre, pelas lideranças. O desenvolvimento de novos tipos de líderes, que se ajustam às necessidades dos clientes e das situações, obriga as pessoas, as empresas, as lideranças, a desenvolver novas formas de pensamento e novos comportamentos, procurar compromissos, envolver os restantes membros das equipas e manter um clima de trabalho saudável, aberto a novas ideias e novas formas de organização que promovam processos de trabalho mais simples e mais eficientes. Este modelo mental de transição de modelos organizacionais estáticos para uns de geometria variável e complexa, em que as lideranças o são porque facilitam processos e/ ou projetos, mas sem assumirem responsabilidades de chefia efetiva, necessitam de competências que não encontramos em organizações onde os poderes são centralizados e onde não existe histórico de delegação efetiva de responsabilidades. A nova geração de líderes, será, seguramente uma geração de influenciadores positivos de pessoas, mobilizando-as para a ação através do exemplo, promovendo ações de envolvimento e desenvolvimento de trabalho colaborativo, que irão conhecer de forma clara os limites das suas responsabilidades e onde as estruturas organizacionais estarão claramente definidas e a fronteira entre as atividades de execução, gestão e administração estarão claramente definidas e separadas.

Torna-se, pois, urgente intervir nesta área. Desenvolver as estruturas organizacionais e promover o desenvolvimento de competências diferenciadoras nas pessoas, especialmente nas lideranças. A intervenção nas estruturas organizacionais das empresas deve ser efetuada tendo em especial atenção o propósito da empresa, a sua missão e os valores em que quer assentar para o seu futuro. O desenho organizacional é assim fundamental para agilizar os processos de trabalho

Urge preparar as nossas empresas para esse desafio, urge proporcionar às empresas mecanismos de gestão efetivos, onde o capital e a gestão não se confundam e onde os líderes podem fazer acontecer os resultados organizacionais necessários. Os processos de mudança estão aí, é necessário agir para desenvolver os novos líderes de amanhã. Não podemos ficar mais tempo à espera precisamos de influenciar pessoas pela positiva!


Cadeias Globais de Valor Vítor Ferreira D. Dinis Business School As cadeias globais de valor (CVGs) referem-se à partilha internacional da produção, um fenómeno em que a produção é dividida em atividades e tarefas realizadas em diferentes países. Elas podem ser compreendidas como uma evolução da divisão de trabalho do século XVIII, que remonta à época de Adam Smith. No famoso exemplo atribuído a Smith, a produção de um alfinete era dividida em várias operações distintas dentro de uma fábrica, cada uma realizada por um trabalhador dedicado. Nas CVG, as operações estão espalhadas globalmente (em vez de confinadas ao mesmo local) e os produtos fabricados são muito mais complexos do que um alfinete. A produção transfronteiriça foi possibilitada pela liberalização do comércio e investimento, custos mais baixos de transporte, avanços na tecnologia da informação e comunicação e inovações na logística. Na verdade, os custos de transporte e de logística têm vindo a decrescer nos últimos 150 anos, primeiro dadas as inovações tecnológicas no transporte (mais o crescimento do tamanho dos navios), mas depois como resultado da inovação em tecnologias de informação e na criação desse herói esquecido do século XX – o contentor. Embora a produção além-fronteiras possa não ser nova, ela expandiu-se rapidamente em muitos sectores nas últimas 4/5 décadas. Este desenvolvimento foi amplamente impulsionado por empresas transnacionais em economias industrializadas, que reestruturam continuamente os seus negócios e reorganizam/realocam as suas operações por razões de concorrência, à procura de vantagens competitivas locais. O exemplo manifesto de realocação é a terceirização (“outsourcing”) de estágios de produção intensivos em mão-de-obra, das economias industrializadas para os países em desenvolvimento, com baixos salários e mão-de-obra abundante. As operações comerciais, no entanto, também são reorganizadas nas economias industrializadas. Além das atividades serem divididas e dispersas geograficamente, uma característica que distingue as CVG reside no facto de as atividades de produção serem, cada vez mais, realizadas por terceiros sem vínculos legais às empresas multinacionais (o que também é conhecido como terceirização internacional). Nesse sentido, as empresas multinacionais consolidaram as suas operações internacionais em segmentos de indústrias, refletindo os seus principais pontos fortes. Desta forma, tornaram-se mais poderosas ao controlar e coordenar as suas redes de produção internacionais (elas são, na verdade, o cérebro de uma rede de empresas, controlada por aqueles que detêm a propriedade intelectual – marcas, patentes, bases

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de dados). Uma estimativa sugere que as CVG ‘governadas’ pelas empresas multinacionais representam 80% do comércio mundial a cada ano. Os países participam destas CVG através de ligações bidirecionais. As ligações são criadas quando o país A usa inputs do país B para a produção doméstica. As empresas do país A podem obter inputs do país B por meio de importações diretas e indiretas, ou seja, os inputs são fornecidos por afiliadas locais de empresas transnacionais do país B ou por empresas de propriedade local que importam inputs de outros países. Ser capaz de obter inputs estrangeiros é particularmente vantajoso se os inputs necessários para a produção não estiverem disponíveis localmente ou estiverem disponíveis, mas forem deficientes em alguns aspetos (por exemplo, quantidade, qualidade e preço). Outros vínculos são criados quando o país A fornece inputs usados para ​​ produção no país B. Os bens produzidos em países estrangeiros podem ser produtos finais (para consumo e investimento local) ou produtos intermédios que são exportados para outros lugares para uso como inputs. Ser capaz de fornecer inputs para produção a empresas de outros países pode ser especialmente importante para países em desenvolvimento que procuram entrar em novas indústrias e que estão no processo de aprender a produzir e exportar novos bens (por mais simples que sejam). Esses inputs são, no entanto, igualmente importantes para economias industrializadas que fornecem inputs complexos, especializados e de alto valor. Um exemplo podia ser encontrado na China, com 80% da produção mundial de canetas esferográficas, mas que teve de importar as pontas das canetas necessárias para a produção do Japão, Alemanha e Suíça - os poucos países que realmente sabem como produzir as pontas das canetas. Os produtos atravessam várias fronteiras nas CVG em diferentes estágios de produção antes de serem transformados em bens finais. Como tal, o comércio de bens intermédios, que requerem processamento adicional e são usados ​​como inputs para a produção (aqui incluímos tanto peças, componentes como matérias-primas), é frequentemente usado como uma medida de quantificação da importância das CVG. Desde 1995, os fabricantes de produtos intermédios representam consistentemente cerca de metade das exportações e importações de manufaturados a nível global. Existe uma óbvia disparidade entre regiões. Por exemplo, a África e a Oceânia (lideradas pela Austrália e Nova Zelândia) exportam mais bens intermédios (em percenta-

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gem das suas exportações de produtos) do que outras regiões. Isto não é surpreendente, já que a maioria das suas exportações são de bens baseados em recursos que variam de minerais a produtos agrícolas, que são usados​​ como matéria-prima para a produção. A Ásia e a Europa importam mais bens intermédios do que outras regiões. A Ásia importa visivelmente mais produtos intermédios do que exporta. Isso sugere que a região está mais envolvida em ‘montagem’ do que na produção de componentes. Um estudo do Asian Development Bank Institute relata que a China exportou iPhones da Apple para os EUA a um preço unitário de US $179. Do valor total de cada unidade de $179, aproximadamente $172 consistiam em custos de importação de inputs ou peças estrangeiros (principalmente do Japão, Coreia, Alemanha e EUA), ou seja, o valor adicionado na China representou apenas $6,5. A China tem, desde então, obtido alguns ganhos em relação aos seus esforços para deixar de ser o ponto de montagem final de componentes produzidos em outros lugares. A participação da CVG não gera apenas resultados positivos. Alguns dos riscos incluem possível colapso na coesão social, erosão do bem-estar do trabalho e degradação ambiental, riscos que não se limitam a países cujas capacidades de governança e regulamentação são fracas. Além disso, como resultado da divisão do trabalho, existe o risco de aumentar as brechas económicas entre os países. Os países participantes das CVG podem, por exemplo, a longo prazo ver-se presos a atividades de baixo valor agregado. Esta é uma questão particularmente complexa, já que a inexistência de empresas líder pode prender as regiões nessas atividades – em Portugal isso é notório não só nos têxteis, como em outras indústrias (onde a maioria do valor criado é capturado pelo “dono” da CVG – vide o preço final de uma peça de roupa na distribuição versus o valor de referência de 1 euro na produção).

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A participação da CVG aumenta ainda a exposição da economia local a decisões e choques externos. Estes riscos são patentes quando uma multinacional decide procurar novos fornecedores (o que tem acontecido com os têxteis em Portugal face a Marrocos e Turquia), quando existem quebras nas cadeias geradas por fenómenos imprevistos (como é o caso do coronavírus) ou acontecimentos político-económicos (protecionismo, tarifas, etc.). Apesar dos riscos, as CVG representam uma opção relativamente atraente e direta para os países. Devido à fragmentação internacional da produção e à separação das operações, os países não precisam mais criar produtos completos ou cadeias de valor. Em vez disso, eles podem criar indústrias-alvo “inserindo-se” num estágio específico de produção ao longo da cadeia de valor que se adapte ao seu nível de capacidade existente. Existem outros benefícios em participar nas CVG. O fornecimento de inputs para as empresas que exportam aumenta as perspetivas dos países (especialmente aqueles com um pequeno mercado interno, como Portugal) para alcançar rapidamente economias de escala. A produção para exportação contribui para o crescimento económico, criação de empregos, geração de rendimento e receita tributária. A participação em CVG também abre oportunidades consideráveis ​​para transferência de conhecimento entre empresas. Essas transferências podem levar à ‘atualização’ industrial, resultando na melhoria da qualidade do produto, facilitando operações e processos e promovendo o envolvimento em atividades de maior valor na produção. Estas são algumas ideias, vantagens e desvantagens das CVG, tão faladas pela sua disrupção das últimas semanas. Fica, no entanto, no ar a ideia de que mais do que integrar ou não integrar cadeias (não é possivel não integrar e Portugal é, sobretudo, um produtor intermédio), o objetivo de política económica deve ser criar mais valor acrescentado e menos produtos e serviços de baixo valor.


PLANO DE PROMOÇÃO INTERNACIONAL 2021 FEIRAS INTERNACIONAIS NPE

FIP

Plastpol

Fakuma

Moulding Expo

ENCONTROS BILATERAIS Plastics Meetings Lyon Automotive Meetings Queretaro Automotive Meetings Bucareste Automotive Meetings Madrid


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MARKET REPORT

EVOLUÇÃO TRIMESTRAL DE MERCADOS

Análise Comparativa Primeiro Trimestre 2020

MERCADOS TRADICIONAIS

OUTROS MERCADOS ESTRATÉGICOS

MERCADOS DA EUROPA CENTRAL E DE LESTE


PESO DOS MERCADOS TRADICIONAIS NAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS

MERCADOS AMERICANOS

OUTROS MERCADOS TRADICIONAIS

Fonte: AICEP Portugal Valores de exportações em unidades de milhar

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ENGINEERING & TOOLING



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