Market Report 33 - abril 2021

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ANO 9 NÚMERO 33

33 MARKET REPORT DESTAQUES

O declínio da Inovação Europeia Evolução dos Mercados de Exportação - Análise Comparativa Primeiro Trimestre 2021

TRIMESTRAL ABRIL 2021



CONTEÚDOS 4

Notícias

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O Declínio da Inovação Europeia

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Evolução dos Mercados de Exportação - Análise Comparativa Primeiro Trimestre 2021

FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE: CEFAMOL - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE MOLDES REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: AV. D. DINIS, 17 2430-263 MARINHA GRANDE - PORTUGAL TELEFONE: 244 575 150

WWW.CEFAMOL.PT


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MARKET REPORT

CEFAMOL ACOMPANHOU EMPRESAS NA AUTOMOTIVE EXPO & B2B MEETINGS DIGITAL EDITION A Automotive Expo & B2B Meetings, a versão digital da feira romena, decorreu a 27 de maio com o propósito de desenvolver e promover o networking entre os profissionais que atuam no sector automóvel. Esta feira foi palco para exibição de novos produtos, apresentação de tecnologias inovadoras e facilitará a cooperação e o estabelecimento de novas parcerias. Entre as várias empresas participantes, destacam-se as portuguesas AES Moldes, BatistaMoldes, FozMoldes, Informoldes, Moldes 2000, Planimolde, SteelPLUS e VL Moldes, que marcaram presença com o apoio da CEFAMOL.

WEBINAR REVELA POTENCIALIDADES DO MERCADO DO MÉXICO “O México é um lugar de muitas oportunidades, com um potencial de crescimento muito grande”, no qual os moldes são uma fatia importante. O sector representa cerca de 12 mil milhões de dólares naquele país e, por ano, são produzidos mais de cinco mil moldes. A revelação foi feita por Eduardo Medrano, presidente da Asociación Mexicana de Manufactura de Moldes y Troqueles (AMMMT), no decorrer do webinar ‘Oportunidades de internacionalização no México para o Setor dos Moldes’ que, organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Mexicana (CCILM), teve lugar no dia 27 de maio.

Explicando que os produtores portugueses podem entrar no país juntando-se com produtores locais ou em negociações diretas com as OEM, lembrou que ali estão presentes os maiores produtores mundiais de automóveis e que o país ocupa a sétima posição no ranking dos fabricantes de automóveis ligeiros. Para além desta indústria, frisou, outros sectores, como o aeronáutico, de dispositivos médicos ou ramo alimentar, têm também uma relevância interessante.

De acordo com os dados apresentados, o México registou, em 2019, um saldo da balança comercial de mais de 5 mil milhões de dólares. Nas importações do país, os moldes representam um valor importante, destacou ainda o responsável da associação mexicana, adiantando que se trata de um mercado muito interessante para a indústria portuguesa. E pode ser ainda maior, salientou, quando ficarem definidos alguns aspetos do Acordo Comercial entre os Estados Unidos, o México e o Canadá. “A proximidade com os Estados Unidos será uma enorme vantagem e vai haver grande necessidade de moldes. No nosso país, esta indústria vai-se tornando robusta, mas ainda não tem a capacidade que é preciso. Portugal pode ser, neste ponto, um parceiro estratégico”, sublinhou ainda Eduardo Medrano.

Já Luis Rossano, da ‘Blue Quark Group’, considerou que aquilo que falta no país são “recursos humanos qualificados” na área dos moldes, defendendo que, até por isso, Portugal pode ter um papel importante. “É reconhecido o engenho técnico português”, afirmou. Contou que tem, na sua empresa, um parceiro português e que isso confere ao serviço que prestam “qualidade, técnica e compromisso”. Referiu ainda que 65% da produção da empresa é desenvolvida no México e o restante em Portugal, advertindo que a indústria europeia tem, no México, “uma oportunidade de crescimento muito grande”.

Crescimento

Salientando que o mercado mexicano representa cerca de 3% das exportações de moldes portugueses, João Faustino, presidente da CEFAMOL, manifestou “a vontade” que


decidir investir no México. Começou com a prestação de serviço aos moldes e hoje tem ali uma fábrica de moldes e injeção de plásticos.

Formação os fabricantes nacionais e a associação têm de “aumentar a presença no país”. Entre 2015-2017, contou, registou-se um crescimento de exportações de moldes para aquele mercado. Mas logo depois, esse valor decresceu, voltando a registar uma ligeira subida em 2020. “Estamos muito envolvidos na indústria automóvel e temos todo o interesse em integrar um dos seus principais players, que é o México”, afirmou. Referiu o investimento de várias empresas do sector do mercado, atuando inclusive em consórcio, como exemplos da estratégia portuguesa de implantação no México. Também a formação de técnicos locais foi referida como forma de atuação das empresas nacionais para colmatar as necessidades sentidas localmente. Considerando que se trata de um mercado com muitas oportunidades, destacou que a CEFAMOL tem desenvolvido as mais variadas ações de promoção dos moldes portugueses, de forma a desenvolver contactos e aumentar a presença dos fabricantes portugueses no país e que tal será continuado através de ações já previstas para 2022. O grupo GLN é um dos exemplos e, por isso, José Carlos Gomes, partilhou a sua experiência que começou há cinco anos naquele país. A grande dimensão do mercado e a falta de capacidade de intervenção local em moldes técnicos, foram duas das razões que levaram o grupo a

Um dos maiores desafios, contou, tem sido a questão dos recursos humanos. “O mercado tem de formar técnicos nesta área”, defendeu, contando que, no caso do grupo GLN, as pessoas são formadas na empresa. “É preciso resiliência e uma aposta nos projetos a médio/longo prazo, de forma a conquistar confiança”, considerou. Miguel Gomes da Costa, presidente da CCILM, explicou que este webinar, inserido no projeto ‘Portugal Connect’, teve como objetivo reforçar o processo de internacionalização das empresas portuguesas no mercado mexicano, principalmente nos sectores dos moldes, máquinas e ferramentas indústria e plástico. “Acreditamos que com o conjunto de ações que estamos a desenvolver, conseguiremos, até final de 2022, tornar mais conhecida no México a tecnologia e as capacidades da indústria portuguesa”, explicou. Nesse sentido, destacou algumas atividades que serão desenvolvidas, como a participação em feiras ou a realização de missões empresariais entre empresários dos dois países. Por seu turno, Luís Castro e Almeida, do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria em Portugal, explicou que a instituição tem um serviço de apoio à internacionalização das empresas intitulado Global Coordinators. O webinar contou com uma plateia virtual composta por mais de meia centena de pessoas, a maioria representando a indústria portuguesa de moldes.

CEFAMOL CRIA BARÓMETRO DIGITAL PARA ACOMPANHAR TENDÊNCIAS DO SECTOR No âmbito do Projeto TECH-i9 e com o objetivo de reforçar a monitorização e acompanhamento de tendências do sector, a CEFAMOL criou e irá dinamizar um Barómetro Digital, ferramenta que permite, trimestralmente, a recolha, organização e apresentação gráfica de dados de evolução da indústria, tendo por base quer informação fornecida pelas empresas participantes, quer por outras fontes de informação estatística e de mercado. Adicionalmente, o Barómetro Digital irá fazer o acompanhamento trimestral da evolução dos principais países e regiões-alvo, assim como a evolução do posicionamento dos principais concorrentes, tendo por base estatísticas de comércio internacional e análise da dinâmica dos mercados. A par destes indicadores sectoriais serão também

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identificadas e desenvolvidas ações de monitorização da evolução de tendências nas indústrias clientes, nomeadamente, automóvel, dispositivos médicos e embalagem. Atualmente, a plataforma apresenta conteúdos públicos para que os utilizadores possam explorar a sua estrutura. No entanto, à medida que for inserida informação mais específica, os conteúdos serão apenas disponibilizados às empresas registadas e que participam nos respetivos inquéritos trimestrais. Para obter mais informações sobre o Barómetro Digital, envie-nos um email para cefamol@cefamol.pt.

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WEBINAR ESCLARECE ALTERAÇÕES ADUANEIRAS NO PÓS-BREXIT tros domínios, como o investimento, os apoios estatais, a concorrência, transportes aéreos e rodoviários, entre outros. Prevê também direitos aduaneiros nulos e contingentes pautais com isenção de direitos para todas as mercadorias que cumpram as regras de origem adequadas. E é precisamente neste ponto que surge a importância do estatuto ‘REX’, como facilitador para as empresas que mantenham negócios com o Reino Unido que, sublinhou Elisabete Cunha, “é agora um país terceiro como, por exemplo, a Turquia ou a Suíça”. A maior parte das mercadorias têm taxa zero, desde que oriundas da União Europeia, sendo por isso, imprescindível atestar a sua origem, sublinhou.

O webinar ‘Alterações Aduaneiras no pós-Brexit: questões práticas’, organizado pela CEFAMOL, foi marcado pelo esclarecimento de um conjunto alargado de dúvidas em relação aos novos procedimentos para as transações comerciais com o Reino Unido. A sessão decorreu no dia 9 de fevereiro, tendo como oradora Elisabete Cunha, da Autoridade Tributária e Aduaneira da Alfândega de Peniche e contando com uma plateia virtual composta por mais de meia centena de profissionais da indústria de moldes. Uma das principais mensagens que a responsável deixou foi a necessidade de as empresas solicitarem o estatuto ‘REX’, no sentido de agilizar as exportações para o país que, no final do ano passado, deixou oficialmente de fazer parte da União Europeia. No essencial, o acordo estabelecido entre a UE e o Reino Unido (denominado Acordo de Comércio e Cooperação) abrange não só o comércio de bens e serviços, mas também uma gama alargada de ou-

As empresas que exportam para aquele país e que pretendam efetuar Certificados de Origem para os seus produtos (cujo valor de remessa seja superior a 6 mil euros, uma vez que, abaixo desse valor, qualquer exportador o poderá fazer), terão de ser detentores deste estatuto, o que implica estarem registados na base de dados REX, e ter-lhes sido atribuído o respetivo número de registo. A responsável falou do conjunto de documentos necessários para uma série alargada de transações negociais que as empresas podem ter necessidade de realizar com aquele país, aconselhando a que consultem a legislação publicada no portal das Finanças ou que contactem os próprios serviços da Entidade Aduaneira nacional sempre que tenham alguma dúvida. Salientou também a necessidade de se certificarem que todos os documentos estão devidamente preenchidos, de forma a acautelar o sucesso das transações e assegurar o correto procedimento em relação aos impostos. No sentido de melhor responder a algumas das dúvidas colocadas, referentes sobretudo a documentação necessária, Elisabete Cunha apresentou alguns casos práticos. Foi uma sessão muito dinâmica, mas também muito esclarecedora, com a sequência de perguntas e respostas entre o público e a oradora.


O Declínio da Inovação Europeia Vítor Ferreira Diretor Executivo Startup Leiria / Docente Politécnico de Leiria

Apple, Samsung, Alphabet, Alibaba, Amazon, Tencent, TSMC: estas são algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo e têm uma coisa em comum nenhuma delas é europeia. Embora a UE seja a segunda maior economia do mundo - atrás dos EUA em termos nominais, e da China, em relação à paridade de poder de compra – a Europa já não é vista como uma potência tecnológica. Para que recupere o seu lugar de ator principal, é necessária uma ação política mais musculada. O investimento em Investigação e Desenvolvimento (I&D), a base que sustenta o progresso tecnológico, tem diminuído na UE de forma relativa face aos principais blocos/países. Em 2000, a UE alocou 1,67% do seu PIB para I&D, quase o dobro da China (0,89%) nesse ano. Porém, em 2018 a China gastou 2,14% do seu PIB em I&D, os EUA 2,83%, o Japão 3,3%, Coreia 4,5% e UE apenas 2,03% (OCDE, 2021).

é cada vez mais difícil acompanhar os líderes, dada a natureza cumulativa da inovação, o facto de estes dominarem e protegerem as suas tecnologias e de as grandes empresas criarem barreiras à entrada, capturando o espaço de mercado e a notoriedade junto dos consumidores.

Mas aumentar simplesmente a despesa de I&D não vai resolver o problema e recuperar o domínio tecnológico. Complementarmente, as atitudes culturais em relação ao risco precisam de ser desafiadas e as estruturas regulatórias devem ser reformadas, caso seja demonstrado que estas sufocam a inovação. Infelizmente, mesmo isto pode não ser suficiente, pois o problema de negligenciar a I&D e Inovação é que, uma vez que se “perde o comboio”,

É claro que a Europa ainda tem várias empresas de tecnologia que desempenham um importante papel global. Empresas como a Siemens, Accenture ou mesmo Capgemini reinventaram-se, de diferentes formas no mundo tecnológico. Dados produzidos pelo “think tank” - “Tornando a Europa o Continente Mais Empreendedor” - colocavam em 2020, o valor das empresas europeias de tecnologia em €618 biliões. Em 2020, o valor das empresas euro-

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Em todo o caso, a UE não é, na verdade, totalmente homogénea, mantendo a liderança mundial em sectores como a produção automóvel, petroquímica e serviços financeiros, farmacêutica, etc. No entanto, não tem sido capaz de competir com os EUA ou a China quando se trata de indústrias digitais disruptivas. Nenhuma das atuais 15 maiores empresas digitais do mundo é europeia, e os Estados Unidos devem gastar 175% mais em desenvolvimento de TI do que a Europa Ocidental entre 2018 e 2022, alertou a empresa de inteligência de mercado (IDC, 2020).

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peias de tecnologia aumentou 46%, embora o maior salto tenha ocorrido entre 2015 e o início de janeiro de 2020. Em outubro de 2020, um terço do valor combinado das empresas baseava-se nas dez principais empresas de tecnologia da Europa: Adyen, BioNtech, Delivery Hero, Klarna, Spotify, Ocado, HelloFresh, Takeaway.com, UiPath e Zalando. A mesma pesquisa constatou que existiam dois milhões de empregados na área de tecnologia, um aumento de 43% em relação aos números de 2016 e 73% dos empregos europeus em tecnologia são gerados por mais de 4900 start-ups. Estes parecem ser dados empolgantes, mas não podemos esquecer que no final de 2020 a Apple valia mais de $2,2 triliões, a Microsoft $1,68 triliões e a Amazon $1,6 triliões e a Google $1,18 triliões, o que significa que as quatro maiores empresas de tecnologia do mundo valiam dez vezes mais do que todo o sector de tecnologia na Europa. E mesmo as empresas europeias de tecnologia com avaliações mais altas dificilmente podem ser consideradas disruptivas - o relatório de 2019 do Banco Europeu de Investimento considerava que apenas 8% das empresas na UE são classificadas como ‘inovadores líderes’. Nos Estados Unidos, esse número é duas vezes maior. Várias razões podem ser encontradas para justificar este problema. Por exemplo, embora a UE tenha um mercado comum para bens físicos, esse mercado não tem um correspondente de serviços. Quando a indústria de telemóveis estava focada em hardware, isso não era um problema, e empresas como a Nokia e a Ericsson conseguiram destacar-se. Hoje, porém, os smartphones são artefactos de software e a economia digital é centrada em plataformas. Desta forma, para empresas digitais fundadas na UE, a expansão dentro do seu país é “algo fácil”, porém capturar clientes em toda UE é muito mais difícil. Casos como a Bookings são exceções (ou, por exemplo, a nossa Lovys que está em França, Portugal e Espanha). Existem barreiras de idioma a serem superadas e diferentes considerações de mercado para navegar. Isso torna muito mais difícil crescer rapidamente. Uma start-up nos Estados Unidos pode capturar uma fatia significativa dos 327 milhões de clientes potenciais do país com uma estratégia de negócios relativamente homogénea. Uma empresa chinesa pode fazer o mesmo quando tem como alvo 1,39 biliões de pessoas. Ou seja, embora a UE possa ter mais de 500 milhões de habitantes, estes dificilmente são um mercado homogéneo. Outro aspeto do dilema da I&D da UE é uma questão de cultura: os empresários europeus parecem muito mais avessos ao risco do que os seus homólogos noutros locais. O acesso ao capital - especialmente para negócios não comprovados - é mais desafiador. Como referia o fundador da Lovys em recente entrevista, nos EUA é fácil angariar capital só para “falhar”. Na UE, as start-ups são

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forçadas a concentrarem-se nas receitas e nos lucros desde o início, enquanto as empresas americanas e chinesas podem priorizar o crescimento. A última abordagem permitiu que empresas como a Netflix, a Uber e a Alibaba acumulassem montanhas de dívidas em troca de participação no mercado. Enquanto o investimento de capital de risco dos EUA atingiu um recorde de US $ 130,9 biliões (€ 116,6 biliões) em 2018, a Europa registou, comparativamente, uns magros € 23 biliões. Essa divisão surge apesar de a UE possuir uma população maior do que os EUA e uma economia de tamanho semelhante. Além disso, 40% de todo o capital de risco na Europa vem do sector público, conhecido pela sua aversão ao risco. E na Europa estão situados apenas 10% dos unicórnios do mundo (start-ups com uma avaliação de mercado de mais de 1 bilião de dólares) e a maioria destas empresas está localizada no Reino Unido. Parte do motivo pelo qual esse número não é maior parece dever-se à falta de acesso das empresas europeias ao capital necessário para escalar. O Skype é um exemplo: embora a empresa tenha sido fundada na Europa, não demorou muito para que a empresa aceitasse uma oferta de aquisição de US $ 8,5 biliões (€ 7,6 biliões) da Microsoft. Na Europa, as PMEs e as empresas em crescimento lutam para encontrar o capital de que precisam para comercializar e expandir, devido à limitação dos mercados de capital de risco menor. O investimento nas fases iniciais de desenvolvimento de negócios - trazer uma ideia ao mercado - foi nove vezes maior nos EUA do que na UE em 2015, de acordo com a Association for Financial Markets in Europe. A diferença aumenta ainda mais quando se trata de expansão. Os investimentos de capital de risco em estágio posterior foram 20 vezes maiores nos EUA do que na UE em 2015. No fundo, para além do mercado e da cultura, outro problema é a falta de capital de risco. Isto significa que as empresas europeias são forçadas a procurar financiamento noutros lugares e muitas vezes mudam de continente como consequência. Claramente, com maiores incentivos, como redução de impostos de I&D, recompensas fiscais para investimentos de alto risco ou taxas de impostos mais baixas para lucros obtidos de trabalhos relacionados com I&D em toda a Europa, isso pode mudar. Se as empresas europeias lutam para angariar o capital de que precisam para alcançar o status de unicórnio, os governos poderiam pelo menos oferecer maiores incentivos financeiros para aqueles que investem em I&D. Por outro lado, as empresas também precisam começar a assumir alguns riscos adicionais. Por exemplo, os retornos das despesas com I&D variam entre 20 e 30%, o que é significativamente maior do que os investimentos em ativos físicos. Mesmo que os proprietários prefiram uma abordagem lenta e constante a uma de expansão rápida, investir em inovação deveria ser o caminho a percorrer.


A fragmentação continua a ser um grande obstáculo à criação de empresas europeias de classe mundial, com os diferentes regulamentos, impostos e normas da indústria encontrados em diversos países, constituindo obstáculos aos investimentos transfronteiriços. Estas são áreas em que a UE poderia fazer mais para encorajar a uniformidade, especialmente no que diz respeito às despesas de I&D. Enquanto países como Suécia, Áustria, Dinamarca e Alemanha gastaram mais de 3% do PIB em I&D em 2017, oito estados membros registraram uma intensidade de I&D abaixo de 1%. Há muito que os formuladores de políticas da UE podem fazer e cabe aos governos nacionais individuais reduzir a burocracia, criar ambientes que promovam I&D e trabalhar em estreita colaboração com outras nações europeias para garantir uma abordagem unificada. A Europa precisa de pensar como uma região global, se quiser competir com gigantes como os EUA e a China. Em muitos aspetos, a UE deu grandes passos na promoção de normas comuns e de uma reflexão conjunta além das fronteiras nacionais. A abolição das tarifas de roaming em 2017, o Regulamento Geral de Proteção de Dados e a segunda Diretiva de Serviços de Pagamento são passos para um mercado único digital unificado. No entanto, quando a concorrência vem de países como EUA e China, a fragmentação que ainda existe entre os estados-membros da UE representa outro obstáculo a ser superado por empresas e investidores. Apesar de tudo, existem alguns sinais no sentido certo. O programa Horizonte tem 100 biliões de euros para apoiar o cultivo de habilidades digitais e o desenvolvi-

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mento das empresas que delas dependem. Este ambicioso programa espera aproveitar os progressos já realizados pelo seu antecessor, o Horizonte 2020. O Horizonte 2020, que pretendia investir 80 mil milhões de euros entre 2014 e 2020, foi um sucesso relativo embora qualificado. Foi responsável pela emissão de mais de 15.000 bolsas de pesquisa desde 2014 e apoiou o desenvolvimento tecnológico em áreas como medicina, agricultura e astronomia. Mas várias críticas ao projeto apontavam falta de visão e falta de apoio a projetos mais arriscados. Mais uma vez, o dinheiro, só por si, não será suficiente. As universidades da Europa Ocidental também têm mais experiência no processo de financiamento e o conhecimento da melhor forma de estruturar uma proposta de financiamento. Uma colaboração mais próxima entre instituições baseadas em diferentes estados da UE pode ser uma forma de garantir que propostas de pesquisa promissoras vindas de fora dos centros de tecnologia de Londres, Paris e Berlim não sejam esquecidas. As novas tecnologias em áreas como inteligência artificial, realidade virtual e biomedicina serão o principal motor do crescimento económico e da prosperidade na próxima década, mas só surgirão na Europa com um significativo investimento de longo prazo em I&D e uma mudança substancial de mentalidade. Talvez uma boa forma de perceber que o continente está a ficar num papel secundário, e que todos se perguntam se será a China, ou os EUA, os vencedores desta corrida, e ninguém aponta a Europa.

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EVOLUÇÃO DOS MERCADOS DE EXPORTAÇÃO Análise Comparativa Primeiro Trimestre 2021 MERCADOS TRADICIONAIS

PESO DOS MERCADOS TRADICIONAIS NAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS

MERCADOS EUROPEUS


MERCADOS DA EUROPA CENTRAL

MERCADOS AMERICANOS

OUTROS MERCADOS

Fonte: AICEP Portugal Valores de exportações em unidades de milhar

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