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DESTAQUES

Entrevista a Paulo Bártolo (Diretor Executivo do Centro de 3D Printing de Singapura) dos Mercados de Exportação

MARKET REPORT

Evolução

NÚMERO 39 EDIÇÃOSETEMBROTRIMESTRAL2022 39

CONTEÚDOS EntrevistaNotícias a Paulo Bártolo deEvoluçãoSingapura)deExecutivo(DiretordoCentro3DPrintingdedosMercadosExportação20221184 FICHA PROPRIEDADETÉCNICA : CEFAMOL - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE MOLDES REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO : CENTRO EMPRESARIAL DA MARINHA GRANDE RUA DE PORTUGAL, LOTE 18 - FRAÇÃO A 2430-028 MARINHA GRANDE – PORTUGAL TELEFONE: 244 575 150 WWW.CEFAMOL.PT

Seguiram-se dois painéis de debate. No primeiro, o tema em destaque foi ‘Inovação: como transformar ideias em resultados’. Na contextualização, Francisco Aguiar (Start

Inovação. Mercados. Foram os principais temas em deba te no decorrer de mais uma edição do Fórum TECH-i9 que, organizado pela CEFAMOL, teve lugar no dia 30 de junho. E em jeito de conclusão, os diversos oradores foram unâ nimes em considerar que para conseguir vencer os desa fios que se colocam nessas duas questões, e noutras, as empresas têm de ser ágeis, mas também resilientes e cooperar para ganhar escala.

No entanto, toda esta região do Sudeste norte-america no (englobando os Estados da Carolina do Norte, Carolina do Sul, Tennessee, Alabama, Georgia, entre outros) está a atrair um grande número de empresas, dos mais va riados sectores, que estão a instalar aí novas unidades.

É, portanto, um mercado diversificado e em crescimento, sublinhou. E isso foi possível observar durante o even to ou em visitas realizadas pelas empresas a potenciais clientes na região.

João Faustino, Presidente da Direção da CEFAMOL, consi derou, logo na abertura dos trabalhos, que o sector pas sa, neste momento, por um período crucial, que determi nará o seu futuro. Aludindo ao ‘boom’ de projetos que as empresas nacionais estão a receber e que constitui um verdadeiro teste à sua capacidade de resposta e, ao mes mo tempo, o aumento dos preços das matérias-primas e custos de produção, o responsável defendeu que a indús

FEIRA “PLASTEC SOUTH” ACOLHEU PRESENÇA NACIONAL NOS EUA

Aliás, a diversidade de áreas industriais é também uma das características desta feira que, tendo na Plastec Sou th, uma montra mais direcionada para a transformação do plástico, tem, no conjunto das várias naves de expo sição, outros sectores, como a indústria médica ou de embalagem.

As empresas de moldes nacionais promoveram as suas capacidades e competências na feira “Plastec South”, que decorreu entre 14 e 16 de junho, na cidade de Charlotte, no Estado da Carolina do Norte (EUA). Esta participação coletiva foi organizada pela CEFAMOL e integrada no âm bito do projeto de promoção internacional ‘Engineering & Tooling from Portugal’, apoiado pelo Compete 2020. Nela, estiveram presentes as empresas: Erofio, MoldWor ld, Moldoplastico, Moliporex, Ribermold, Grupo Socem e VL PatrícioMoldes.Tavares,

da CEFAMOL, que acompanhou esta ação, refere que o balanço “foi positivo”, uma vez que permitiu evidenciar a presença nacional e despertar o in teresse das empresas locais para a nossa oferta. Numa região que contempla um grande número de potenciais clientes, “a quantidade de contactos promissores foi inte ressante”, enfatiza, sublinhando que, por não se realizar há já algum tempo e por nunca ter tido uma participação coletiva dos moldes nacionais, apresentava o desafio adi cional de captar a atenção do público local.

PARA VENCEREM DESAFIOS

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EMPRESAS TÊM DE SER ÁGEIS, RESILIENTES E COOPERAR

tria precisa de refletir, debater e partilhar opiniões sobre a forma como pode posicionar-se para que as empresas saiam mais fortalecidas. Um palco de excelência para fa zer essa reflexão será, no seu entender, o Congresso da Indústria de Moldes, agendado para novembro próximo. “Desde o último congresso, há três anos, muito mudou e muito irá mudar até novembro. Estamos a passar por um período de enormes incertezas, que não nos deixam antever se o futuro será mais ou menos sombrio. Mas uma coisa sabemos: temos de ser resilientes”, defendeu, falando no Centro Empresarial da Marinha Grande, peran te uma plateia composta por mais de sete dezenas de profissionais do sector.

Sublinhando que o acesso a tecnologias é cada vez mais fácil, considerou que, pelo contrário, os recursos humanos são o mais complexo. Mas é neles que as empresas têm

Moderada por Victor Neto (Universidade de Aveiro), se guiu-se uma interessante partilha de opiniões e experiên cias sobre a forma como as empresas veem a inovação.

Guida Figueiredo (Carfi) defendeu que inovar implica uma cultura empresarial que o valorize, como forma de adap tação às mudanças que vão surgindo. No caso da sua empresa, explicou, a inovação está presente, de forma consistente, desde 2008. A sua vantagem, explicou, “é que se transforma em resultados e lucro para a organiza ção”. Mas para que tal aconteça, defendeu ser fundamen tal “ter um processo e sistema de gestão integrada da inovação, que abranja todos os degraus da organização”.

Uma outra questão que considerou fulcral para o futuro das empresas é a sua cultura organizacional, que se reflete, por exemplo nas dificuldades de recrutar e reter pessoas. “É preciso perceber a razão disto acontecer e o que mudar”, defendeu. Para isso, é imperativo que as empresas consi gam antecipar o futuro. “O peso do passado impede-nos de avançar e viver apenas no presente é limitador. Temos de nos colocar no futuro, conseguir definir cenários para pensar como vais ser daqui a 20 anos”, explicou.

Começando por sublinhar que “nem sempre é fácil ter ideias que resultem em projetos de inovação”, Pedro Pe reira (SET) defendeu que é fundamental existir uma cultu ra de inovação. No caso do Grupo Iberomoldes, explicou, a inovação é um dos pilares do negócio desde a década de 1990. As várias empresas do grupo têm participado, de forma consistente, em projetos de inovação, integran do consórcios com outras empresas e entidades. Para que isto aconteça, considerou, é fundamental “motivar colaboradores e estimular a empresa para a inovação”. “Mas não esqueçamos que o propósito da empresa é ge rar lucro. Por isso, é preciso ter claro o que queremos atin gir com o projeto. Se não contribui para evoluir, estamos a perder tempo”, defendeu.

-Up Leiria) afirmou que as empresas têm, constantemen te, de se “reinventar, ser ágeis e perceber constantemen te o que quer o cliente”. E a inovação surge como um meio para alcançar estes fatores.

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de apostar, criando condições para que o conhecimento da organização não esteja apenas na cabeça dos seus colaboradores. Isso, salientou, “é muito arriscado”.

E o que tem tudo isto a ver com inovação? No seu entendi mento, tudo. “É preciso ter ideias para inovar, cultivando o bem-estar e mindset criativo. Isso torna as empresas mais ágeis e disponíveis para inovar”, considerou, adiantando que o caminho é apostar numa “cultura de inovação”.

Empresas ágeis

Carlos Teixeira (Cheto) explicou que o espírito de mudan ça e inovação é algo que está presente, diariamente, por toda a sua empresa, que, sublinhou, com cerca de dez anos de atividade é ainda bastante jovem. No seu caso, e ao contrário dos produtores de moldes, fabrica um pro duto (máquinas para a indústria) e, por isso, tem desen volvida uma cultura de inovação, “mas com respeito pela posição de cada um”. Destacou o importante papel que representam as escolas e os centros tecnológicos que, no seu entender, “são uma ajuda fundamental para a in dústria”, ao colocar no mercado pessoas qualificadas com “novas ideias e vontade de inovar”.

No seu entender, inovar começa com uma ideia. Mas é preciso criar condições para que ela surja, ou seja, esti mular o sentido de criatividade. Adiantou que a inovação nem sempre é disruptiva. Por vezes, “pode ser gradual, como a melhoria do processo”. Salientando que, quando se fala em inovação pensa-se, de uma maneira geral, no processo produtivo, lembrou que “há outras formas de uma empresa inovar”. Exemplificou: “pode fazê-lo do lado do negócio”. Muitas vezes, enfatizou, “andamos a correr atrás dos resultados e não percebemos que temos de inovar processo e o produto. Temos de antecipar o futuro sob pena de deixar de ter negócio”.

E olhar para o negócio implica ver a realidade envolven te. Os desafios: sejam tecnológicos, sejam de mudanças abruptas na sociedade (como o caso da guerra na Ucrâ nia) ou mesmo a antecipação da tendência de mercado e do desejo do cliente. Além disso, salientou, há ainda o desafio da sustentabilidade.

Com moderação de José Morais (Lexus Consultores), se guiu-se o espaço de debate, no qual os oradores teceram comentários ao estudo apresentado e expressaram, tam bém, a sua opinião sobre as tendências dos mercados. Nuno Cipriano (Vangest), comentando os resultados do estudo, considerou que a eficiência “é uma necessidade que temos todos”. E, sublinhou, esta não passa, apenas, pela rentabilização das máquinas. “É preciso ver como ser mais rápido, resistir e preparar o futuro”, considerou. Na sua opinião, e apontando o tema para os mercados, a diferenciação das empresas portuguesas deve fazer-se “pelo serviço que prestam e este tem de ser ‘premium’, porque o cliente tem de estar disposto a pagar pela qua lidade”.

Os mercados estiveram em análise no segundo debate do Fórum. ‘Os novos requisitos de mercado: estamos preparados?’, foi o tema central da ação que, no início, contou com a presença de Tiago Ferreira (Tebis Consul ting) que apresentou o resultado de um estudo sobre as tendências do sector junto dos fabricantes de moldes na DeAlemanha.acordo

Para os alemães, os fatores-chave da competitividade são eficiência, estratégia (modelo de negócio) e profis sionalização das vendas. A diferenciação tecnológica é também apontada por muitos. Já a preocupação com a sustentabilidade está no final da lista. Quanto à participa ção em projetos de I&D e inovação, apenas 30% alegam fazê-lo regularmente. E os modelos de negócio alternati vos, com o fabricante mais próximo do cliente, auxiliando no desenvolvimento do produto, são apontados como os fatores de sucesso do futuro do sector.

Emoldes.sefalha

Para Paulo Ferreira Pinto (Mold World), a tecnologia só por si não é suficiente para assegurar o bom resultado da empresa. Para além de ser necessário rentabilizar os equipamentos, considerou ser também imperioso apos tar em comunicação, recursos e análises mais eficientes e eficazes. Destacando que, atualmente, a prioridade dos clientes é o preço, defendeu ser necessário incrementar a aposta na imagem do sector.

Os alemães consideram ainda ser necessário melhorar os tempos de produção em 10% para alcançar competitivi dade, bem como a redução das margens de lucro para uma melhor eficiência.

Nos sectores de maior crescimento, a medicina lidera, se guida do automóvel e a embalagem ganha relevância com a questão da sustentabilidade e a introdução de novos de materiais. O sector aeronáutico surge no final da lista das prioridades dos produtores alemães.

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com o documento, cerca de 50% das em presas alemãs está otimista em relação ao volume de encomendas que classifica como ‘bom ou muito bom’, apontando os sectores da medicina e automóvel como principais clientes. O ano passado, lembrou, no mesmo inquérito, 70% dos inquiridos olhavam com reservas para esta questão.

No que diz respeito aos preços dos moldes, destacou que apenas um quarto das empresas ouvidas no estudo espera um recuo ainda maior. A maioria acredita que se manterão ou subirão.

Já Valdemiro Teixeira (Moldoeste) considerou que as tec nologias ajudam a ganhar eficiência e rentabilidade. Mas, no seu entender, o verdadeiro desafio das empresas na cionais está “na pouca comunicação”. “Nunca falámos tão pouco uns com os outros como atualmente. E esta é uma questão estrutural das empresas que temos de resolver”, afirmou, sublinhando considerar essencial que as empre sas consigam cooperar para ganhar escala. No caso dos mercados, é preciso repensar métodos e processos, de fendeu. “Hoje, o cliente vê o preço. Não percebe nada de

Cooperar para ganhar escala

“Há uma questão crítica – a nossa escala - que pode ser resolvida pela criação de redes entre empresas”, afirmou, defendendo “mais cooperação, de forma a ter economia de escala não apenas nos mercados, mas também na criação de estruturas no sector”. “Não temos massa crí tica para influenciar os mercados. Por isso, esperamos, vamos acompanhando e procurando ir de encontro ao mercado. Não temos mercado em casa, como a Alema nha, nem nunca beneficiámos disso. Logo, o que deve ser melhorado é a forma como chegamos aos mercados, ou seja, devemos apostar mais no marketing”, salientou.

alguma coisa, isso põe em causa a relação com o fornecedor, por isso devemos apostar na excelência”, afirmou, adiantando que, no seu entendimento, não have rá necessidade de diversificar geograficamente os merca dos. “Creio que não devemos inventar muito. Os nossos mercados são os de sempre: os tradicionais”, explicou. Advertiu ainda para a necessidade de olhar de outra for ma para a nova geração. “Temos de ter respeito pelos jovens empresários e os novos projetos que estão hoje a surgir e que vão ser o nosso futuro. Não podemos pôr -lhes travão; pelo contrário, temos de cooperar”.

Carfi, CHETO, Distrim2 (Grupo VANGEST), DRT Rapid, Erofio, Frumolde, Intermolde, Mold World, Moldit, Neu troplast, PMM, Prifer, Ribermold, SF Moldes, Simoldes, Tecnifreza, Tecnisata, Vidrimolde e Yudo. foram empre sas associadas da CEFAMOL que viram a sua gestão dis tinguida com o Estatuto Inovadora COTEC, graças aos seus elevados padrões de solidez financeira, competên cias de inovação e desempenho económico, tornando-se exemplos de criação de valor para o país.

A renovação do Estatuto é realizada anualmente, me diante submissão de candidatura e cumprimento dos re quisitos apresentados no respetivo regulamento.

ESTATUTO INOVADORA COTEC DISTINGUE DOEMPRESASSECTOR

de gestão das empresas, ao nível de volume de negó cios, inovação, I&D e propriedade intelectual.

Esta distinção, que resulta de uma parceria abrangen te com o sector financeiro, apresenta novas vantagens para as empresas reconhecidas, funcionando como um selo de reputação e prestígio, permitindo obter condi ções vantajosas junto do sector financeiro, além de me lhorar a eficiência na gestão do risco de crédito da banca.

A iniciativa Estatuto Inovadora COTEC consiste num ra ting que avalia a robustez da tesouraria e a capacidade

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“O sector de moldes português é um bom exemplo de que o investimento em inovação e digitalização começa a dar frutos”

Ao pensar em inovação e I&D é incontornável o tema da indústria 4.0 e o que representa enquanto mudança de paradigma. Na prática, que alterações tem trazido este conceito ao mundo das empresas, nomeadamente na indústria de moldes?

Entrevista a Paulo Bártolo (Diretor Executivo do Centro de 3D Printing de Singapura)

Têm sido feitos progressos muito significativos no que diz respeito a este conceito da digitalização industrial no sector dos moldes. A pandemia de Covid-19 veio acelerar a necessidade desta transformação porque as empresas

Defende ainda uma ligação cada vez mais estreita com os centros de saber de forma que o sector mantenha a sua posição de vanguarda nos domínios tecnológicos e do conhecimento.

Em Singapura desde 2021, onde é professor na ‘Nanyang Technological University’, diretor executivo do ‘Singapo re Centre for 3D Printing’ e diretor do ‘Nacional Additive Manufacturing Innovation Cluster (NAMIC)’, Paulo Bártolo está atento, apesar da distância, à evolução do sector de moldes em Portugal, considerando que este “é um bom exemplo de que o investimento em inovação e digitaliza ção começa a dar frutos”.

Os moldes portugueses, salienta, centram o seu fator diferenciador no domínio das tecnologias, no seu carác ter inovador, o que lhes tem permitido fazer melhor, mais rápido e fazer algo complexo que os outros não conse guem. Ou seja, fornecer soluções inovadoras. A inovação é, no seu entender, a chave do sucesso deste percurso.

perceberam que tinham de ser mais resilientes e esta re volução industrial, baseada nas tecnologias digitais, que já vinha em marcha com a indústria 4.0, contribuiu para transformar estas empresas em organizações mais ágeis e aptas a enfrentar as mudanças.

moldes é reconhecido pelo seu carácter ino vador e tem estado, desde sempre, bastante avançado na utilização de tecnologias de ponta.

Este carácter inovador deve-se, sobretudo, a quê?

No seu entender, esta aposta na inovação começou a notar-se quando se passou a colocar mais ênfase nestas questões, ou este sector fê-lo como caminho natural de evolução, numa lógica de vanguarda tecnológica que vi nha mantendo?

Oinformação.sectordos

Esses países competem com Portugal se nos limitarmos a colocar o foco na questão da mão de obra barata. No entanto, o fator diferenciador português é o domínio da tecnologia: fazer melhor, fazer mais rápido e fazer algo complexo e que os outros não conseguem. Ou seja, for necer soluções inovadoras. Por isso, o sector dos moldes português teve de apostar, desde muito cedo, em tecno logia. A fabricação aditiva é disso um bom exemplo. Lem bro-me que há muitos anos, a indústria de moldes liderou

a primeira rede de prototipagem rápida em Portugal. E quando olhamos para essa iniciativa e aquilo que estava a ser feito noutros países, percebemos o quão inovadora foi. Do ponto de vista de introdução de novas tecnolo gias, os moldes em Portugal têm sido um exemplo e têm dado cartas a nível global.

É certo que o sector não tem percorrido sozinho este caminho. Qual tem sido o papel das escolas, universi dade e centros tecnológicos no acompanhamento deste processo?

Muitas vezes, temos a ideia de que as transformações são imediatas, mas levam tempo. Penso que o sector de moldes português é um bom exemplo de que o investi mento em inovação e digitalização começa a dar frutos. Os moldes estão numa posição muito boa e, para isso, tem contribuído e sido muito positivo, o trabalho que en tidades como o CENTIMFE e a CEFAMOL têm feito.

Tem sido um percurso evolutivo. Quem está no estrangei ro, como é o meu caso, sabe e sente isso. Por exemplo, quando comparamos o sector das ferramentas de outros países e olhamos para Portugal, é notório o desenvolvi mento do nosso sector dos moldes. E quando falamos em indústria 4.0, na integração das tecnologias digitais, a verdade é que, de alguma forma, isso já acontecia no sec tor. A automação já estava presente, bem como outras tecnologias e já se sentia a necessidade de avançar para a integração. E nesse aspeto, como referi, tem sido muito importante o papel de entidades como a CEFAMOL e o CENTIMFE, no trabalho que têm desenvolvido junto com as empresas no sentido de criar soluções de integração, seja de ferramentas, seja de novos materiais e técnicas e também de aspetos relacionados com o tratamento da

Por um lado, à internacionalização das empresas e, por outro, à exigência das indústrias com as quais trabalha. E isto vem sendo feito desde há décadas e com grande vantagem competitiva. Em Singapura, onde me encontro de momento, temos países à volta que estão a apostar fortemente no tooling, como sejam o Vietname, a Tailân dia ou a Indonésia.

Tem sido muito positivo. Lembro-me que quando iniciei a minha carreira no Instituto Politécnico de Leiria, em 1994, falávamos muito na ligação entre a indústria e a acade mia. Na época, haviam imensas barreiras. As pessoas fa lavam linguagens diferentes, mas essas diferenças desva neceram-se nos últimos anos. As empresas perceberam e sabiam que era importantíssimo trabalharem com a aca demia, e a academia percebeu a importância de trabalhar com a indústria. E em Portugal, temos exemplos muito importantes e relevantes dessa colaboração. E têm sido feitos imensos progressos. Claro que há sempre espaço para se fazer melhor e, com o apoio estatal, por exem plo, pode fazer-se mais. Penso que neste momento estão reunidas as condições em Portugal para se dar um salto adicional. Até porque a indústria de moldes tem de conti nuar a subir na cadeia de valor e, para isso, tem de inovar e integrar pessoas qualificadas.

Pode dar algum exemplo desse “salto adicional” que possa ser dado?

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Em Singapura, o programa NAMIC, do qual é diretor, dedica-se ao desenvolvimento de inovação no processo aditivo. Como é que, na prática, funciona?

Que conselhos ou sugestões gostaria de deixar às empresas de moldes para uma abordagem mais efetiva aos temas da inovação, I&D e cooperação com centros de saber?

Apesar de estar afastado, tenho tido e acompanhado o que se está a passar em Portugal. Sei que estão a ser dados passos muito importantes para a contínua afirma ção da indústria de moldes. É um sector que está muito exposto à conjuntura internacional. Há trabalhos muito in teressantes que estão a ser desenvolvidos, por exemplo, ao nível do sector médico, mas em muitos outros. As uni versidades e os centros tecnológicos são fulcrais neste processo: têm de ter a capacidade de antecipar o futuro e de ajudar as empresas a fazer face aos problemas que têm hoje e no futuro. Daí este diálogo ser importantís simo e fundamental. Está tudo a mudar de uma forma muito rápida e as empresas têm de estar preparadas para essas mudanças e só o conseguem com uma articulação muito forte com os centros tecnológicos, universidades e politécnicos.

Estamos a começar agora a fase dois deste programa que é o NAMIC. Em traços muito gerais, recebe financiamento do governo de Singapura para, por um lado, permitir que os diferentes hubs, que são universidades e alguns poli técnicos, possam adquirir tecnologia. E, por outro lado, que com esse financiamento possam contratar pessoas para trabalhar com essa tecnologia. Mas a grande fatia de investimento visa criar um ‘bolo financeiro’ para apoio a empresas. As empresas aproximam-se de um dos hubs desta rede, expõem a sua ideia, a sua necessidade e são desenvolvidos projetos.

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Essa é uma reflexão que temos feito: o que virá depois da indústria 4.0 ou o que caracterizará a indústria 5.0. A nossa conclusão é que a indústria 5.0 será novamente o trazer a pessoa para o centro do sistema de produção. Nós percebemos que com os robôs conseguimos realizar

No seu entender, com a intensificação da aposta nas tecnologias, que papel está reservado às pessoas?

No meu percurso profissional, constatei um interessante exemplo em Inglaterra. Em Portugal, temos tido a capa cidade de envolver muitos alunos licenciados e com mes trado em projetos com a indústria, mas é preciso mais. A próxima preocupação penso que será em termos de atrair doutorados para a indústria. Em Inglaterra, existem projetos de inovação e transferência de conhecimento fi nanciados pela agência de inovação Innovate UK. As uni versidades podem recrutar, durante cerca de dois anos, um aluno doutorado. Esse aluno, pago pelo programa, é funcionário da universidade, mas trabalha na empresa que participa no programa. O que a agência espera é que o projeto decorra de forma positiva e que, no final, esta pessoa seja englobada nos quadros da empresa. São me canismos deste tipo que penso que, em Portugal, ainda fazem falta, no sentido de incorporar mais conhecimento e pessoas altamente qualificadas na indústria.

As empresas põem algum investimento, dependendo da dimensão do projeto, mas esta contribuição pode ser em tempo ou facultando as suas instalações. Depois, a rede avalia o projeto e, se for aprovado, financia-o do seu pró prio ‘bolo’. O que se espera com este programa é que contribua para criar inovação, para mais patentes, para a criação de novos postos de trabalho. Uma segunda ver tente tem a ver com a atração de investimento estrangei ro. Nesta rede existe também um ‘bolo financeiro’ para empresas que desejem instalar-se em Singapura. Um as peto que considero muito relevante em tudo isto é que, de seis em seis meses, temos de informar as agências sobre o impacto da nossa investigação. Ou seja, quantos postos de trabalho um determinado projeto com uma em presa gerou ou quantos novos produtos foram criados. Não basta dizer se correu bem ou mal. A lógica é muito virada para os resultados.

tarefas muito complexas, com muita eficiência e rapidez, mas não podemos esperar que os robôs tenham a capaci dade de criar ou de resolver problemas muito complexos e que surgem inesperadamente, de um momento para o outro. Aí, aparece o ser humano. Temos essa capacidade única de resolver problemas que as máquinas não conse guem e temos também a capacidade de criar. Por outro lado, as máquinas também não percebem outras ques tões extremamente importantes como a relação entre uma empresa e os seus clientes, fornecedores ou concor rentes. Por isso, a Pessoa está a voltar para o sistema de produção e há uma preocupação cada vez maior com a relação entre o Homem e estes sistemas digitais em am biente produtivo. Mas vamos ter necessidade de pessoas com qualificações diferentes. A ideia antiga de que nas empresas a formação necessária era muito específica, como os engenheiros mecânicos ou eletrotécnicos, está a desvanecer-se. O nível de conhecimento, as exigências de múltiplas áreas que as empresas necessitam obrigam a ter pessoas de várias áreas a trabalhar, com formações muito distintas. Ou seja, equipas multidisciplinares.

EVOLUÇÃO DOS MERCADOS DE EXPORTAÇÃO

OUTROS MERCADOS

Análise Comparativa Segundo Trimestre 2022

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Fonte: AICEP Portugal

Valores de exportações em unidades de milhar

MERCADOS EUROPEUS

MERCADOS AMERICANOS

MERCADOS DA EUROPA CENTRAL

MERCADOS TRADICIONAIS

PESO DOS MERCADOS TRADICIONAIS NAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS

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