MISSÃO À IRLANDA REVELA OPORTUNIDADES DO MERCADO DOS DISPOSITIVOS MÉDICOS
CEFAMOL, Pool-Net e CENTIMFE fizeram-se acompanhar por um grupo de empresas de moldes, numa Missão Empresarial realizada na Irlanda, entre 26 e 30 de junho, com o objetivo de identificar as oportunidades na indústria de dispositivos médicos nesse país.
Celoplás, MD Group, SET, Socem, SteelPLUS e UEPro tiveram oportunidade, no decorrer da ação, de visitar entidades e empresas no mercado que, nos últimos anos, tem demonstrado níveis assinaláveis de crescimento, figurando atualmente entre os principais mercados no que aos dispositivos médicos diz respeito.
Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, conta que se tratou da primeira abordagem conjunta feita naquele mercado, inserida numa estratégia de intensificar a aposta dos moldes portugueses na área de dispositivos médicos. A maioria das ações teve lugar nas regiões de Dublin, Athlone e Belfast. E aí, relata, foi possível constatar que a Irlanda se apresenta como um mercado que apresenta “uma dinâmica muito interessante, centrada
sobretudo na área dos dispositivos médicos, mas também da indústria farmacêutica”, acentuou.
A missão centrou-se num conjunto de visitas e reuniões ‘cirúrgicas’ com empresas e instituições locais, de forma a adquirir informação detalhada sobre o mercado, as suas tendências de desenvolvimento e o modo de funcionamento do sector que mantém uma trajetória crescente naquele país. Foram visitados ainda centros tecnológicos e universidades com laboratórios de apoio a empresas, no âmbito da investigação e desenvolvimento de produto.
A missão contemplou também a realização de várias reuniões B2B, nas quais as empresas e as diferentes entidades que integraram esta missão tiveram a oportunidade de se apresentar e procurar estabelecer pontos de sinergia. Algumas das empresas nacionais têm, já, algum trabalhado realizado naquele país; para outras, tratou-se de uma primeira abordagem que revelaram ter considerado interessante e com possibilidade de vir a desenvolver
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negócios no futuro. Foi, no entender de Manuel Oliveira, “um promissor primeiro passo no sentido de vir a estabelecer um processo de ligação, de conhecimento e interação com as empresas daquele país, no sentido de, progressivamente, virem a considerar os fabricantes portugueses nas suas cadeias de fornecimento”, sustentou.
Esta ação, integrada no projeto ‘Engineering & Tooling From Portugal’, contou com a colaboração local do cluster irlandês ATIM (Advanced Technologies in Manufacturing) e a associação de polímeros da Irlanda do Norte (NIPA), com os quais a indústria de moldes nacional procura estreitar os laços.
A CEFAMOL, juntamente com o CENTIMFE e a Pool-net, adiantou Manuel Oliveira, estão já a preparar outras iniciativas com agentes deste mercado, procurando identificar novas linhas de ação que se venham a traduzir como oportunidades para as empresas nacionais.
O foco, salientou, estará sempre muito centrado no sector dos dispositivos médicos, no entanto, e no decorrer desta visita, revelou, foi possível contactar com empresas de outras áreas de negócio e, portanto, em termos de futuro, as ações a realizar poderão ter um leque de contactos mais diversificado.
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EMPRESAS NACIONAIS DESTACAM CONTACTOS RELEVANTES NA MOULDING EXPO
Patrício Tavares, da CEFAMOL, explica que esta é uma feira internacional centrada na cadeia de abastecimento da indústria de plásticos, logo muito focada na indústria de moldes. Tem a localização como uma das grandes vantagens, ao ser realizada em Estugarda – região que concentra algumas das principais marcas automóveis alemãs.
“É uma região com muita tradição automóvel, mas também com muita indústria”, o que, salienta, tem atraído a visita de muitos dos principais players da indústria, nas anteriores edições do certame. Este ano, apesar de em menor quantidade, conta que a feira atraiu potenciais clientes e permitiu às empresas nacionais estabelecer alguns contactos de elevado interesse, com vista ao desenvolvimento de negócios futuros.
No decorrer do certame, as empresas nacionais receberam a visita, quer do delegado da AICEP em Berlim, Rui Boavista Marques, quer do cônsul de Portugal em Estugarda, Leandro Amado, que manifestaram o seu apreço pela qualidade que as empresas portuguesas demonstraram na feira, catapultando a importância dos moldes portugueses. Ambos se mostraram disponíveis para colaborar com a CEFAMOL no conjunto de outras ações de abordagem ao mercado alemão que estão já em preparação para os próximos meses.
As empresas que, em conjunto com a CEFAMOL, integraram a participação coletiva de Portugal na feira Moulding Expo, fizeram um balanço moderadamente positivo do evento, destacando que apesar de serem num número inferior ao inicialmente expectável, e que muito se relaciona com o momento atual do mercado, foi possível a realização de contactos relevantes com vários clientes e identificar possíveis futuros negócios.
O certame, que decorreu entre 13 e 16 junho, em Estugarda (Alemanha), representou o regresso desta feira, após um interregno de quase quatro anos: a feira realiza-se a cada dois anos e a edição de 2021 foi cancelada, devido à pandemia de Covid-19. Talvez por isso, a feira reuniu um conjunto de expositores não tão vasto como, à partida, esperariam as empresas de moldes nacionais. No entanto, esta versão mais reduzida acabou por revelar alguns aspetos positivos, permitindo um contacto mais prolongado com os visitantes do certame.
Integrado no projeto de promoção internacional “Engineering & Tooling from Portugal”, a CEFAMOL fez-se acompanhar por 20 empresas (Bormat, CR Moulds, Ecotool, FozMoldes, Frumolde, Ideal Molde, Itecmo, Moldoeste, Moldoplástico, Pearlmaster, Planimolde, PMM, Ribermold, Socem, Steelplus, Tecnimoplás, TJ Moldes, Uepro, VL Moldes e VSV), constituindo a segunda maior participação em número de empresas, logo depois da representação alemã.
NOTAS DE OTIMISMO
Desta feira da Alemanha, e apesar da aprensão e continua incerteza que carateriza atualmente o mercado, as empresas nacionais trouxeram, também, algumas notas de otimismo em relação ao futuro da indústria automóvel na Alemanha.
Patrício Tavares revela que, em conversa com alguns dos expositores, foi possível perceber que há alguns projetos que poderão ser lançados nos próximos tempos, mas há, sobretudo, um conjunto de clientes com modelos em fase de protótipo, o que significa que a decisão de avançar para o fabrico poderá surgir nos próximos meses.
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“É certo que se nota alguma apreensão em relação ao futuro, mas à mistura com algum otimismo, face a estas revelações transmitidas por empresas do sector automóvel”, salienta.
APOSTA PROFISSIONAL
De acordo com os dados da organização, a edição deste ano da Moulding Expo recebeu a visita de mais de seis mil profissionais, destacando-se “a sua elevada experiência no sector: 83 % eram os únicos responsáveis, co-responsáveis ou responsáveis a título consultivo pelas decisões de compra e aquisição nas suas empresas”, enquanto “12 % integravam a gestão das fábricas”.
Desta forma, destaca a organização, “a Moulding Expo é uma feira líder no sector de ferramentas e fabricação de moldes”, tendo sido o palco escolhido para a realização de diversos debates sobre tendências no sector, lançamento de novos produtos e, até, da realização de um encontro da ISTMA, que permitiu apresentar a Conferência Internacional que a associação realizará no final deste ano, na África do Sul.
FÓRUM TECH-I9: ANTECIPAR E PLANEAR SÃO GARANTE DA SUSTENTABILIDADE
As empresas procuram as melhores respostas para a necessidade de adotar práticas sustentáveis em todas as suas vertentes: ambiental, económica e social. Este é hoje um dos grandes desafios que se coloca à indústria e, por isso, a sustentabilidade é o tema em destaque na mais recente edição da revista ‘Tech-i9’. Elaborada pela CEFAMOL, foi lançada no dia 4 de julho, no decorrer de mais um ‘Fórum Tech-i9’, que reuniu mais de oito dezenas de profissionais do sector no Centro Empresarial da Marinha Grande.
Para João Faustino, presidente da CEFAMOL, na abertura do Fórum Tech-i9, evento que, salientou, tem, nas suas várias edições, procurado ser um espaço de reflexão técnico e centrado nos principais desafios que se colocam às empresas, é necessário olhar para a sustentabilidade em todas as suas vertentes: seja na tecnologia, nas pessoas, nas finanças e também no impacto ambiental.
Sendo a tecnologia um dos principais temas quando se pensa no futuro, o primeiro painel do Fórum Tech-i9, teve como tema ‘Engenharia assistida por computador no projeto de moldes: otimização estrutural e térmica’. O orador principal, Lourenço Bastos, do Pólo de Inovação em En-
genharia de Polímeros (PIEP), considerou que a simulação numérica “é vital” para o desenvolvimento do produto, permitindo ensaios sem a necessidade de construir protótipos. Com isso, enfatizou, as empresas reduzem tempos de fabrico e diminuem o erro, assegurando maior controlo dos custos de produção. Ora, lembrou, “isso é fundamental, numa altura em que estas são questões críticas para a sustentabilidade das empresas”.
Já no painel de debate, tendo como moderador António Pontes, da Universidade do Minho, Júlio Grilo, do Grupo Simoldes, considerou que uma das grandes vantagens da engenharia assistida por computador “é a possibilidade de eliminar o desperdício”, uma vez que, afirmou, “com a simulação, é possível assegurar que fazemos bem à primeira”.
Leonel Calças, da Cadmold, chamou a atenção para o que considerou ser um dos grandes desafios das empresas: “temos de ter mais conhecimento e mais ferramentas e oferecer tudo isso aos nossos clientes, mas pelo mesmo valor de antes”. Um exercício que, considerou, é difícil de colocar em prática e que obriga a grande ponderação e planeamento no momento de decidir
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pela aquisição de novas soluções. Contudo, salientou, a engenharia assistida por computador apresenta “benefícios evidentes” no que diz respeito à sua atividade: o projeto de moldes.
Num momento de interação com a plateia, Teresa Neves da Simulflow, especializada na realização de simulações, destacou ter sido pioneira nesta área, a nível europeu, lembrando que, no início, “havia, sobretudo, um grande desconhecimento e colocava-se em causa a fiabilidade desta ferramenta”. Com o passar dos anos, a simulação foi ganhando importância no processo e a fiabilidade, salientou, “é uma das questões que preocupa sempre quem desenvolve o software”. Contudo, acentuou, de uma maneira geral, as empresas confiam porque sentem as vantagens que a tecnologia tem.
PLANEAR PARA GANHAR EFICIÊNCIA
O tema do segundo painel do Fórum foi ‘Planeamento e Eficiência Produtiva’. E este serviu de mote a que o primeiro orador, Armando Bastos, da AS Bastos Consultoria, centrasse a sua intervenção na “incrível semelhança que existe entre o equipamento CNC e o carro do (seu) primo João”. E afinal, quais as semelhanças? São, no entender do orador, bastantes, mas podem resumir-se numa frase: “tanto no carro como no equipamento CNC há paragens não planeadas e, logo à partida, o tempo definido e os custos definidos acabam por ‘derrapar’, com prejuízo evidente”. Para que tal não aconteça, é fundamental que as empresas olhem com maior atenção para a questão do planeamento.
No painel de debate, tendo como moderador Nuno Fidélis, do CENTIMFE, Dulce Alves, da Moliporex, defendeu que o planeamento deve começar o mais cedo possível no processo de fabrico. No seu entender, logo na área comercial. É que, lembrou, a quantidade de informação a ser processada é imensa e quanto mais cedo começarem a ser tratados os dados, mais rápido se torna depois o processo.
António Pina, da Aníbal H. Abrantes, defendeu que para ganhar sustentabilidade, é preciso elaborar standards para ir de encontro aos objetivos definidos. Um dos mais importantes, considerou, “é produzir mais rápido”. E isso, explicou, “obriga a mudar o processo produtivo, de forma a tentar evitar perdas de tempo e diminuir o erro e tendo o processo encadeado”. Ora, no seu entender, estas questões têm de ser planeadas e ficar definidas na fase do projeto.
Já Paulo Fernandes, da TJ Moldes, explicou que “temos vindo a desenvolver um software que inclui, desde o planeamento à produção, e integra as várias fases. Desta forma, a pessoa que pega no trabalho para fazer, sabe automaticamente quais os passos porque já está planeado”, explica. Deixou ainda uma advertência em relação às pessoas nas organizações. No seu entender, para além de trabalhar no sentido de atrair os jovens, as empresas não podem descurar a experiência dos mais antigos. “Há um lado bom no ‘sempre se fez assim’ e que temos que saber aproveitar”, enfatizou.
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