Market Report nº13 Abril 2016

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Número 13 ı

Trimestral

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Geração de Competências para a Indústria de Moldes CEFAMOL apresenta “Manual de Boas Práticas de Excelência Empresarial na Indústria de Moldes” Marrocos: Um crescendo de oportunidades

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MARKET REPORT

Geração de Competências

PARA A INDÚSTRIA DE MOLDES Pedro Martinho – Diretor da ESTG - IPLeiria

Nos anos 80 do século XX, na Marinha Grande, discutia-se a necessidade da Indústria de Moldes ter técnicos e quadros superiores com mais conhecimentos técnico-científicos, principalmente nas áreas relacionadas com o projeto e fabrico de moldes, a ciência e engenharia dos materiais, a tecnologia de maquinação, os órgãos de máquinas (hidráulica, mecânica e eletricidade), a eletrónica e a tecnologia de transformação de plásticos. Como menciona Fernando Pedro, no livro do II Congresso da Indústria de Moldes, publicado em maio de 1987, “É urgente a implementação de esquemas de formação profissional que possam garantir resultados satisfatórios e sejam respostas efetivas aos nossos problemas e necessidades”. A génese da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria (ESTG-IPleiria) reside, precisamente, nesta necessidade e surge com os esforços desenvolvidos por várias entidades da região, nomeadamente pela Associação Nacional da Indústria de Moldes (CEFA-

MOL) que, através dos seus congressos, jornadas técnicas e outros encontros de caráter técnico-científico, procurou sensibilizar as entidades competentes para a necessidade da criação de cursos que respondessem às necessidades desta indústria. No ano letivo de 1989/1990, a ESTG-IPLeiria iniciou a sua atividade com 100 estudantes inscritos em três cursos de bacharelato, em que, tal como atualmente, os planos curriculares já englobavam disciplinas de raciocínio matemático e de conhecimento geral, tais como a informática e a língua estrangeira. Simultaneamente, eram ministradas disciplinas que permtiam adquirir os conhecimentos especializados, aliando a teoria à prática, quer em contexto laboratorial na própria escola, quer na ligação que, desde logo, foi estabelecida com o tecido industrial. Do número de cursos e estudantes de há 25 anos, a ESTG-IPLeiria passou, atualmente, para cerca de 5000 es-


tudantes, distribuídos por cursos de licenciatura, mestrado, pós-graduações e cursos de especialização tecnológica nas áreas da Engenharia e Tecnologia, das Ciências Empresariais e das Ciências Jurídicas Aplicadas, tendo hoje um corpo docente altamente qualificado e pluridisciplinar. No que diz respeito às instalações, o nosso crescimento permite contar hoje com: • 1 edifício especificamente dedicado aos serviços administrativos e académicos; • 3 edifícios pedagógicos, com cerca de 100 laboratórios e espaços especialmente destinados ao desenvolvimento de atividades letivas, para além das atividades de investigação e desenvolvimento, onde se encontram igualmente cerca de 160 gabinetes de docentes; • e 1 edifício mais vocacionado para a investigação e transferência de conhecimento, com gabinetes de apoio à investigação e a projetos com o exterior. A oferta formativa atual inclui um conjunto de cursos com planos curriculares perfeitamente adequados às exigências e necessidades da Indústria de Moldes e Plásticos. Como exemplo referem-se: a licenciatura em Engenharia Mecânica, com uma forte componente de formação em materiais e tecnologia, processos de fabrico e um leque muito alargado de ferramentas de simulação e apoio à conceção, ao projeto e às técnicas e tecnologias avançadas de transformação de materiais; as licenciaturas em Engenharia Eletrotécnica, Engenharia Informática e em Engenharia e Gestão Industrial. Ao nível dos cursos de mestrado nas áreas da engenharia, e mais relacionados com o desenvolvimento de competências para a Indústria de Moldes, salientam-se: o mestrado de Engenharia Mecânica - Produção Industrial; o mestrado de Engenharia da Conceção e Desenvolvimento do Produto e o mestrado de Engenharia Eletrotécnica, ramo de Energia e Automação. Também nas áreas das ciências empresariais a ESTG-IPLeiria ministra os cursos de licenciatura em Gestão, Marketing e em Contabilidade e Finanças e os cursos de mestrado em Gestão, Controlo

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e Relato de Gestão, Marketing Relacional e Negócios Internacionais. Os cursos de mestrado, e também os cursos de pós-graduação, têm um papel muito ativo de ligação ao tecido empresarial, nomeadamente na realização de projetos, estágios e dissertações. É ainda no âmbito destes cursos que a ESTG-IPLeiria iniciou o caminho para a internacionalização ao oferecer formação em língua inglesa. No ano letivo de 2015/2016 irá ainda oferecer um vasto conjunto de cursos técnicos superiores profissionais - nas áreas do Fabrico Automático, Projeto de Moldes, Automação, Robótica e Manutenção Industrial, Gestão de Negócios Internacionais, Redes e Sistemas Informáticos, Sistemas Eletromecânicos e o curso de Apoio à Gestão - com conteúdos programáticos que vão conferir aos estudantes competências específicas e com forte aplicação na Indústria de Moldes e Plásticos. Toda esta dinâmica é também transposta para as relações com o exterior, o que tem permitido a esta escola estabelecer um vasto conjunto de protocolos e parcerias com outras instituições, associações e o meio empresarial, e que se têm concretizado na realização de projetos de investigação e desenvolvimento, de prestações de serviço e de ações de formação em ambiente empresarial. Mas penso ainda que continua a ser fundamental a consolidação da prática de atividades de investigação científica e o envolvimento da comunidade académica em projetos e parcerias com o meio exterior, promovendo a transferência e aplicação de conhecimento e tecnologia do meio académico para o meio empresarial. Por fim, relevo a importância que tem a internacionalização, e nomeadamente a lecionação de cursos em língua inglesa, permitindo aumentar os conhecimentos dos estudantes e as competências dos profissionais das áreas da Indústria de Moldes e Plásticos para acompanhar as tendências de um mercado mais global.•

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CEFAMOL apresenta

“MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE EXCELÊNCIA EMPRESARIAL NA INDÚSTRIA DE MOLDES”

A indústria de moldes compete, desde há longos anos, num mercado muito exigente do ponto de vista da qualidade intrínseca dos produtos, dos prazos de entrega, da inovação tecnológica, dos custos, da produtividade e da eficiência, entre vários outros parâmetros e características. O seu sucesso é explicado pela capacidade de satisfazer os requisitos dos clientes. Para o conseguir, tem alterado e melhorado métodos de trabalho, tem realizado investimentos significativos em equipamentos e nas pessoas e tem conseguido antecipar as necessidades dos clientes e facultar-lhes respostas em tempo oportuno. Muito esforço tem sido envolvido neste processo, quer por parte dos gestores, quer por parte dos restantes trabalhadores das empresas do sector. Apesar do sucesso, há um sentimento transversal de que é possível e desejável alcançar os mesmos resultados ou até melhores, com menos esforço, com menos “sacrifício” de horas, nomeadamente de horas improdutivas. A solução assumida (não descurando a capacidade de adaptação das empresas e dos seus trabalhadores, por vezes designada de “improviso”), assenta no facto de ser necessário trabalhar melhor, com mais método, isto é, com metodologias de planeamento, de gestão e de controlo gestão devidamente testadas e validadas, relativamente às quais, pela sua aplicação em empresas de sucesso, não haja dúvidas quanto aos resultados que podem proporcionar. A procura da Excelência, sistematizada nos vários modelos adotados na Europa, nos EUA, no Japão ou no espaço Iberoamericano, entre outros, pode proporcionar à indústria de moldes portuguesa duas grandes ajudas nesta fase do seu desenvolvimento e dos seus desafios no domínio da competitividade, a saber:

1. A utilização organizada, progressiva e sistematizada de ferramentas de gestão que ajudem a reforçar os pontos fortes da indústria e a mitigar ou eliminar pontos fracos, reforçando a eficiência interna das empresas e, portanto, a sua competitividade e capacidade de internacionalização; 2. A obtenção de reconhecimento, segundo os níveis de excelência da EFQM, que evidenciem junto dos clientes atuais e potenciais a excelência das organizações e do trabalho por elas realizado. O estudo, promovido pela CEFAMOL no âmbito do projeto InTooling, e agora editado, apresenta, sob vários pontos de vista, uma abordagem passível de ser utilizada pelas empresas de moldes portuguesas para adotarem, progressivamente, a filosofia, os conceitos e as ferramentas inerentes ao Modelo de Excelência da European Foundation for Quality Management (EFQM). Este Modelo de Excelência seguido na Europa, concebido e gerido pela EFQM desde 1988, com as suas várias revisões (a última ocorrida em 2013), visa, tal como os modelos seguidos nos EUA (Malcon Baldrige Award), no Japão (Deming Prize), ou no espaço iberoamericano (Fundibeq), dar orientação às organizações de diferentes dimensões e natureza para que possam agir e responder às mutações do seu contexto externo, alcançando resultados excelentes de forma sustentada. Para a EFQM: “Organizações excelentes alcançam e mantêm níveis notáveis de desempenho que satisfazem ou excedem as expectativas de todos os seus stakeholders” Tal implica que as organizações excelentes: • Detenham uma clara compreensão sobre quem são os seus stakeholders e quais as suas expectativas; • Desenvolvam estratégias para satisfazerem ou excederem estas expectativas; • Alcancem, no presente, resultados excelentes; • Evidenciem que podem manter este desempenho no futuro, demonstrando que as causas destes resultados são compreendidas e geridas eficazmente. O modelo da EFQM e a sua adaptação para a indústria de


moldes, integra três componentes, que devem ser aplicadas de forma complementar e integrada, de modo a produzir os resultados pretendidos em todo o seu potencial e que são:

3) O RADAR e sua aplicação

1) Os Conceitos Fundamentais da Excelência

O RADAR (Resultados, Abordagens, Desdobramento, Avaliação e Refinamento) constitui ao mesmo tempo, uma metodologia de avaliação da Excelência e um método de melhoria.

2) Os Critérios e partes de critério

O Modelo contempla nove critérios, sendo cinco os critérios de “Meios” (o que a organização pode fazer), e quatro os critérios de Resultados (o que a organização alcança). Cada critério está dividido em “Partes de Critério” totali-

zando trinta e duas “Partes de Critério”. Cada “Parte de Critério” contém “Pontos de Orientação”, explicitando o que deve ser feito para que a organização caminhe no sentido da Excelência.

Para este efeito a pontuação máxima suscetível de ser atingida é de 1000 pontos, tendo os Critérios do Modelo diferentes pesos (percentagens) conforme se passa a representar:

De referir que o Modelo de Excelência pode ser pontuado, constituindo assim um referencial, quer para medir a evolução da empresa no caminho da Excelência, quer em termos de comparação com outras empresas que também utilizem o Modelo da EFQM.

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Consideramos que este estudo é um precioso auxiliar para as empresas do sector na formulação da sua estratégia de intervenção no mercado e definição de objetivos e metas a alcançar pela organização. Todos os interessados em consultar ou adquirir o “Manual de Boas Práticas de Excelência Empresarial para a Indústria de Moldes” deverão contactar a CEFAMOL.•

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Livro “Indústria Portuguesa de Moldes para Plásticos – contributos para a sua história” geográfica; a produção orientada, maioritariamente, para exportação; a rápida multiplicação de empresas num espaço curto de tempo; e o facto de ser um Sector que recorre essencialmente a tecnologias de última geração.

O livro “Indústria Portuguesa de Moldes para Plásticos – contributos para a sua história”, da autoria de Nuno Gomes, apresenta um notável contributo para que a História do nosso Sector seja conhecida, valorizada e disseminada. Ao longo da leitura, procura-se identificar o surgimento desta Indústria e alguns dos momentos mais marcantes da sua evolução, até aos nossos dias, descrevendo algumas das suas tão aclamadas imagens de marca: a concentração

Este livro não se afirma com um fim em si mesmo, mas apenas um contributo. Um texto que concorra para o conhecimento e reconhecimento do Sector, quer em Portugal, quer no estrangeiro (edição bilingue – português e inglês). Foi um texto pensado não exclusivamente para a Indústria e para os seus principais agentes, procurando ser igualmente atrativo para quem não esteja ligado a esta e que, de alguma forma, ajude a descomplexificar uma indústria conhecida pela sua enorme complexidade. A CEFAMOL, tem este livro disponível para venda nas suas instalações e na Exposição “Esculpir o Aço”, Edifício da Resinagem, na Marinha Grande.

CEFAMOL dinamiza a Coleção Visitável “Esculpir o Aço” em colaboração com Escolas, Institutos e Centros de Saber Ao longo do primeiro semestre de 2016 a CEFAMOL irá dinamizar a Coleção Visitável “Esculpir o Aço”, patente no Edifício da Resinagem, localizado no centro histórico da Marinha Grande, promovendo a apresentação e divulgação de competências e oferta formativa de Escolas, Institutos e Centros de Saber que se distinguem pela interação e relacionamento que detêm com a Indústria de Moldes. Considerando o elevado interesse histórico, científico, técnico e cultural da Coleção Visitável, a CEFAMOL considera fundamental o envolvimento destas entidades com a Indústria de Moldes e o Cluster Engineering & Tooling, sendo esta uma excelente oportunidade para as mesmas demonstrarem projetos ou iniciativas desenvolvidos com ou para o Sector e apresentarem a oferta formativa de cariz técnico que possa ser especialmente orientada para as empresas que o compõem. As entidades que, mensalmente e durante o primeiro semestre de 2016, irão apresentar as suas competências serão as seguintes: Janeiro – ISDOM Fevereiro – CENTIMFE

Março – Escola Secundária Eng. Acácio Calazans Duarte Abril – EPAMG Maio – Instituto Politécnico de Leiria Junho - CENFIM Integrada na exposição “Da Sala de Aula à Fábrica”, organizada pelo ISDOM – Instituto Superior D. Dinis, e patente durante o mês de Janeiro, será organizado já no próximo Sábado, dia 23, pelas 15h30, uma sessão de apresentação de trabalhos desenvolvidos nos últimos anos por alunos finalistas dos cursos aí ministrados. Inaugurada em Dezembro de 2013, e por onde já passaram mais de 16.000 visitantes, esta Coleção Visitável tem como objetivo principal contribuir para a memória coletiva da Indústria Portuguesa de Moldes e recuperação de património que faz a História deste Sector, ao mesmo tempo que pretende demonstrar o seu atual posicionamento e os produtos inovadores que desenvolve nas suas empresas. A exposição encontra-se aberta de Terça a Sábado, entre as 10h00 e as 13h00, e entre as 14h00 e as 18h00.


CEFAMOL promoveu seminário “Os Caminhos da Internacionalização” de Administração da Frezite, José Manuel Fernandes, esta iniciativa contou com a presença de cerca de 50 participantes, em representação de diferentes entidades integradas no Cluster Engineering & Tooling.

Enquadrado no plano de atividades do projeto de internacionalização “Engineering & Tooling from Portugal”, realizou-se no dia 17 de fevereiro, na Marinha Grande, um seminário subordinado ao tema “Os Caminhos da Internacionalização”.

Durante a sessão foram apresentadas, as ações de Promoção Internacional dinamizadas pela CEFAMOL em 2015 e os resultados alcançados pelo Sector no mercado internacional neste período. Também as ações previstas realizar em 2016, nomeadamente, feiras internacionais, missões empresariais ou missões de prospeção foram apresentadas pela Associação. A lista destas atividades, encontra-se disponível em www.cefamol.pt, na página do facebook da CEFAMOL e na aplicação móvel “Portuguese Tooling Follow-Up”.

Tendo como orador convidado o Presidente do Conselho

"Engineering & Tooling from Portugal" nos "Medical Devices Meetings" O evento “MEDICAL DEVICES MEETINGS”, apresenta um conceito distinto das feiras convencionais, baseando-se na organização de contactos bilaterais (B2B), tendo as empresas participantes oportunidade de escolher entre as entidades presentes no certame aquelas com quem pretendem reunir.

Enquadrado no projeto de internacionalização “Engineering & Tooling from Portugal 2015-16”, a CEFAMOL está a promover a participação conjunta de um grupo de empresas suas associadas - Moldes RP, Moliporex, Ribermold e Uepro - no evento “MEDICAL DEVICES MEETINGS”, que se realiza nos dias 24 e 25 de fevereiro, em Estugarda (Alemanha).

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Esta ação, e a aposta nos Dispositivos Médicos, está enquadrada na estratégia de eficiência coletiva definida para o Sector, sendo a interação com indústrias de elevado valor acrescentado uma das orientações prioritárias para o Cluster Engineering & Tooling em que a Indústria de Moldes se integra.

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MARROCOS: UM CRESCENDO DE OPORTUNIDADES Rui Cordovil AICEP Marrocos


Na região do Magrebe, o Reino de Marrocos é certamente o país que apresenta um ritmo de modernização mais acentuado. Com uma economia muito aberta ao exterior, mantém Acordos de Livre Circulação de Bens com mais de 55 países (1.000 milhões de consumidores), entre os quais se destacam os países da UE e os EUA. Esta dinâmica económica coloca Marrocos, ao nível mundial, entre os países em crescimento e não em vias de desenvolvimento. Para este contexto de crescimento muito têm contribuído a grande estabilidade política e social, relativamente à qual não se preveem alterações, bem como o estabelecimento, por parte do governo marroquino, de planos estratégicos de desenvolvimento sectorial de médio e longo prazo para diversos sectores de atividade económica, entre os quais se destacam a energia, a agricultura, a indústria e o turismo. Em 2014, o PIB marroquino registou um crescimento de 2,4%, menos acentuado do que aquele que se verificou em 2013 (+4,4%), essencialmente devido às condições climatéricas que afetaram fortemente o desempenho do sector agrícola (-2%), o qual representa cerca de 13 % do PIB do país e emprega cerca de 40% da população ativa. Assim, o crescimento positivo do PIB de 2014 deveu-se às atividades não agrícolas, como sejam a crescente atividade do sector secundário (2,4%) e a consolidação das atividades do sector terciário (3,3%). O consumo privado e as receitas do Turismo registaram igualmente crescimentos positivos, assim como as remessas provenientes da emigração. De realçar, que apesar de ainda se manter a conjuntura adversa a nível mundial, e mais concretamente na Europa, o seu principal parceiro económico, Marrocos continua a manter taxas de crescimento positivas. No que respeita às contas públicas, o défice orçamental em 2014, estimado em 4,7% do PIB, registou uma melhoria de 0,8%, em relação a 2013. Esta evolução positiva deveu-se, essencialmente, à redução das despesas do Estado pela via do fim dos subsídios atribuídos aos combustíveis. Contudo, apesar da redução das despesas do Estado e de um crescimento das receitas, em termos percentuais de PIB, registou-se um novo aumento do endividamento do país passando de 73,1%, em 2013, para 76,5% do PIB, em 2014. De salientar, que Marrocos conseguiu recentemente renegociar junto do FMI a manutenção da linha de “précaution et liquidité”, criada em 2012, com um valor de 5,0 mil milhões de USD, o que permite ao país continuar a realizar empréstimos a nível internacional com taxas de juros relativamente baixas.

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Em termos de comércio externo, as importações de bens e serviços, em 2014, foram na ordem dos 50,2 mil milhões de USD, registando um aumento de 3,0%, contribuindo para este crescimento as compras de bens alimentares, equipamento e de consumo (aumento da despesa das famílias em 2,1 %, devido ao aumento das remessas de emigrantes e do crédito ao consumo). As exportações rondaram os 35,8 mil milhões de USD, cerca de 1,8% de crescimento, concentrando-se a venda de bens marroquinos no sector automóvel, essencialmente viaturas (Renault) e cablagens elétricas, sector têxtil e eletrónico. Os fosfatos, produto líder no passado e principal riqueza natural do país, viram as suas vendas ao exterior regredirem em 2014. O saldo da balança comercial de bens marroquino continua a ser muito desfavorável, com a taxa de cobertura a permanecer em torno dos 50%. Em 2014, a inflação caiu 1,5%, fixando-se a média anual em 0,9%, e a taxa de desemprego terá aumentado 0,7%, situando-se em torno dos 9,9%. Na expectativa de se verificar uma melhoria da situação económica na Europa, o progressivo crescimento dos sectores não agrícolas, mais concretamente do sector industrial, no qual o automóvel e a aeronáutica continuam a registar investimentos de relevo (Renault e Bombardier), tudo indica que o crescimento do PIB possa situar-se acima dos 4% em 2015. Neste sentido, o governo marroquino atualizou recentemente vários programas de apoio ao desenvolvimento, nomeadamente no sector industrial, agrícola, energético, TIC’s, turismo e logística, os quais certamente vão ter um efeito positivo no desempenho económico do país, em 2015. Por outro lado, com a redução dos subsídios aos combustíveis e a manutenção da política de contenção orçamental, é previsível haver uma retoma do investimento público no corrente ano. Finalmente, a política de expansão comercial para os países a sul, fortemente impulsionada institucionalmente pelo rei e pelo governo, com o intuito de compensar o recuo económico da Europa, começa a ter resultados muito positivos, constatando-se existir um crescente número de empresas marroquinas a internacionalizar a sua atividade para esses países. O que se poderá traduzir em oportunidades para as empresas portuguesas via criação de parcerias ou simplesmente de fornecimento de bens para esses países com os quais Marrocos detêm um relacionamento privilegiado. Neste contexto, e face à atual dinâmica da economia marroquina e da estabilidade política do país, as análises eco-

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nómicas disponíveis sobre Marrocos, apontam para um crescimento do seu PIB na ordem dos 4%, durante os próximos quatro anos.

O sector do plástico em Marrocos De acordo com os escassos dados disponíveis, e muito díspares consoante a fonte, o sector do plástico em Marrocos é composto por cerca de 650 empresas, presumindo-se que 71% sejam transformadoras, 27% distribuidoras e 2% fabricantes de moldes. Este sector gera cerca de 45.000 empregos diretos e 300.000 indiretos. Tudo indica que a indústria de transformação de plástico marroquina se segmente em cinco grandes áreas de fabricação: artigos para construção e infraestruturas (tubagens), artigos para a agricultura (fios, sacos, filmes e caixas), embalagens para o sector alimentar e doméstico, peças técnicas para o sector automóvel e elétrico e, por último, artigos para o sector têxtil e artigos diversos em plástico (mobiliário jardim, baldes, entre outros). Dados de 2012, indicam que os principais sectores-clientes da indústria de transformação de plásticos marroquina são o sector alimentar (30%), a construção e as infraestruturas (15%) e a agricultura (12%). E estima-se que o volume de negócios do sector de transformação de plásticos tenha registado um crescimento de 50% nos últimos cinco anos, e que em 2014 o seu volume de negócios ronde os 10,08 mil milhões de dirham (cerca de mil milhões de euros) num universo de 276 empresas. Quanto às matérias-primas transformadas anualmente, estas deverão rondar as 500 mil toneladas/ano. Refira-se que as empresas marroquinas do sector do plástico importam a quase totalidade das matérias-primas utilizadas pela indústria de transformação, à exceção do PVC que é produzido por uma empresa local (SNEP) e fornece cerca de 90% das necessidades do país.

Moldes A inexistência de informação concreta sobre a indústria local de moldes, leva-nos a considerar que a produção local seja muito residual e provavelmente muito centrada nos sectores alimentar, construção e agricultura, pois como acima se constatou, estes são os principais clientes da indústria de transformação de plásticos marroquina. Por outro lado, sabe-se que os incentivos ao desenvolvimento do sector de fabricação automóvel em Marrocos, foram concedidos no pressuposto da taxa de incorporação local atingir os 60%, valor que parece ainda não ter sido alcançado. Foi certamente esta a razão pela qual o sector

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da transformação de plástico, essencial para a indústria automóvel, foi expressamente contemplado no âmbito do novo programa de desenvolvimento industrial 2013-2020, no qual seguramente existirão generosos apoios à criação de empresas neste ramo de atividade, prevendo-se assim que a produção de peças em plástico para o sector automóvel tenha necessariamente de aumentar nos próximos anos. As análises estatísticas referentes ao comércio bilateral entre Portugal e Marrocos são surpreendentemente díspares consoante a fonte. De acordo com as estatísticas do International Trade Centre (ITC), as importações marroquinas de moldes (848071), entre 2009 e 2013, aumentaram em média cerca de 51%, e as provenientes de Portugal, nesse mesmo período de 5 anos, aumentaram 166%, ocupando Portugal a quarta posição no ranking dos fornecedores em 2013, com a China a liderar, seguida pela França e Espanha. Em termos de valores, em 2013, as importações globais da mesma posição pautal foram de 14,6 milhões de euros, 10,9 milhões, em 2012 e 15,9 milhões, em 2011. De acordo com a mesma fonte, as importações provenientes de Portugal foram de 1,6 milhões de euros em 2013, 818 mil euros em 2012 e 880 mil euros, em 2011. Importa referir que o ITC indica, que em 2010, as importações de Portugal estiveram um pouco acima dos mil milhões de euros. No entanto, os dados do INE apontam para valores muito diferentes em termos de exportações para os mesmos períodos e posição pautal. Assim, em 2013 terão sido exportados 4,2 milhões de euros, 1,7 milhões em 2012 e 2,4 milhões em 2011. Os primeiros dados referentes a 2014 do INE indicam para Marrocos uma exportação 1,2 mil milhões de euros. Sabemos que a fonte das estatísticas do ITC tem a sua origem em Marrocos e na UN COMTRADE e inclui provavelmente custos de transporte e seguros, o que poderá justificar uma pequena parte das diferenças de valores. Uma explicação possível para a origem destas discrepâncias pode dever-se ao facto de muitos dos moldes produzidos em Portugal serem destinados a clientes franceses e espanhóis e que portanto sejam contabilizados como provenientes de França ou Espanha. De qualquer forma, não restam dúvidas que Portugal é um importante fornecedor de moldes para Marrocos e certamente há uma boa margem para crescer tendo em consideração as necessidades da indústria automóvel em matéria de peças em plástico.


O sector automóvel em Marrocos A expectativa de crescimento do sector automóvel em Marrocos é grande. O projeto Renault, em Tanger, foi o enorme impulsionador do arranque da uma indústria automóvel que há cinco anos era quase inexistente, à exceção das cablagens. Atualmente, o Grupo Renault tem duas unidades em Marrocos, uma unicamente dedicada à montagem (SOMECA), na região de Casablanca, e a fábrica de Tanger, Renault/Nissan, inaugurada em 2012 com duas linhas de produção a funcionar. Apesar da fábrica de Tanger só ter atingido cerca 50% da sua capacidade de produção em 2014, já foram produzidos cerca de 174 mil viaturas, das quais somente 4 mil foram vendidas no mercado local. No conjunto, a Renault exportou de Marrocos cerca 203 mil veículos em 2014, o que levou as exportações do sector automóvel - veículos e componentes - a aumentarem 26,2%, num valor de 3,65 mil milhões de euros. Assim, este sector já representou cerca de 20% do total das exportações marroquinas realizadas no ano passado.

porta referir que o governo marroquino está a desenvolver todos os esforços para identificar outro construtor com interesse em investir neste país. Assim, tudo indica que fornecedores de peças em plástico de segunda e terceira linha vão surgir em Marrocos, os quais necessariamente vão ter de adquirir moldes. Aliás, é notório o interesse local para realizar uma aproximação a Portugal neste âmbito, tendo em consideração que os moldes importados de regiões mais longínquas se confrontam com grandes problemas ao nível da reparação e manutenção. Neste sentido, não só pela nossa proximidade geográfica, mas sobretudo pela reconhecida qualidade dos nossos moldes, Portugal poderá ser a solução para o desenvolvimento da indústria de peças em plástico para o sector automóvel, em Marrocos. Finalmente, a AICEP em Rabat colabora em todas as iniciativas e desenvolve todos os esforços para que o sector de moldes português, em Marrocos, seja uma referência incontornável.•

Fruto deste investimento, estimado em 1,1 mil milhões de euros, assistiu-se, em paralelo, à instalação dos grandes fornecedores de primeira linha que terão de se aprovisionar cada vez mais localmente de modo a que seja cumprida a componente de integração local. É previsível, pois, que a indústria de plásticos para o sector automóvel cresça em Marrocos. Neste contexto de expansão e alargamento da oferta do sector automóvel, im-

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MARKET REPORT

EVOLUÇÃO DOS MERCADOS

Análise Comparativa Primeiro Trimestre 2011-2016

MERCADOS TRADICIONAIS

MERCADOS DA EUROPA CENTRAL E DE LESTE

MERCADOS AMERICANOS

PESO DOS MERCADOS TRADICIONAIS NAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS

MERCADOS DA EUROPA OCIDENTAL

OUTROS MERCADOS ESTRATÉGICOS

Fonte: AICEP Portugal Valores de exportações em unidades de milhar




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