Market Report nº19 Outubro 2017

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Internacionalização em Cooperação: como Construir Novos Horizontes Design Thinking na Indústria África do Sul: Situação Económica e Perspetivas na indústria automóvel

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Número 19 ı

Trimestral

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MARKET REPORT

Internacionalização em Cooperação: como Construir Novos Horizontes1 José Ferro Camacho PhD, Professor de Gestão no IADE, Universidade Europeia

Enquadramento A indústria de tooling portuguesa, na configuração contemporânea, nasceu internacional. O percurso posterior, com uma progressiva especialização na indústria automóvel, impulsionou esta evolução e consolidou uma concentração geográfica. Embora com oscilações ao longo do período em análise, os três principais destinos de exportação mantêm um lugar de destaque e uma significativa quota das exportações. Os EUA, que, em 2006, representavam 8% do total, exibem ao longo dos últimos anos valores significativamente mais baixos em torno dos 3%. No conjunto, os três grandes representam cerca de 60% das exportações. Contudo, no grupo que designámos como “Europa” este valor cresce para valores superiores a 80% (85,1%, em 2015). A República Checa, o Reino Unido, a Polónia e também, nos últimos dois anos, a Suécia contribuíram de forma maioritária para a diferença de crescimento entre o somatório dos três grandes e a “Europa”.

Esta imagem, por um lado, apresenta uma excessiva concentração geográfica e, por outro, salienta o potencial de oportunidades não explorado noutras localizações ou com outras especializações. As estatísticas da ISTMA apresentam um panorama em que os maiores valores de transação se encontram nos espaços económicos integrados como a Europa, a América do Norte e a Ásia. Os fluxos comerciais entre estas áreas, apesar importantes e crescentes, são minoritários.

O investimento em cooperação como solução O investimento, como modo de internacionalização, permite ultrapassar barreiras de diverso cariz, incluindo as associadas à distância psíquica, aos bloqueios protecionistas, legais ou informais, de natureza competitiva, ao facilitar o seguimento de clientes pré-existentes e carateriza-se por proporcionar uma aceleração do processo de aprendizagem e de adaptação às particularidades locais. Contudo, re-

Notas: 1) valores correntes; 2) “Europa”: Alemanha, França, Espanha, Reino Unido, República Checa, Polónia, Suécia, Bélgica, Eslováquia, Suíça, Holanda, Áustria, Itália, Roménia e Hungria. Fonte: cálculos próprios a partir dados Eurostat

F1 – Portugal – Exportações de Moldes para Plástico e Borracha, 3 Principais Destinos, Europa, EUR milhões, %, 2005 -2015


sulta num compromisso de risco superior com os mercados, com maiores necessidades de investimento e que impulsiona alterações significativas nos modos de gestão. A internacionalização em cooperação pode constituir um formato de partilha de riscos, de mobilização dos recursos necessários – económicos, humanos e de gestão e, para uma PME, uma forma de ganhar escala na abordagem a novos mercados. Existe uma história e um contexto socioeconómico favorável. O setor de moldes é caracterizado por um importante e antigo dinamismo na criação de empresas, com o início anterior a 1950, em várias ondas, que sublinham um passado de empreendedorismo e de assunção de riscos. O ambiente socioeconómico é, igualmente, definido por uma rede densa de partilha de propriedade e de conjugação de percursos de vida inseridos nesta dinâmica de criação de empresas.

2. Compromisso de mercado, como domínio das decisões dos acordos a estabelecer: - Montante dos recursos e formato da sua distribuição, ligado à partilha de riscos e à mobilização de recursos colocados em comum; - Dimensão do investimento (produção, marketing, organização, pessoal); - Grau de compromisso, de modo a identificar as caraterísticas tangíveis e intangíveis dos parceiros que definem o grau de compromisso; - Utilização alternativa dos recursos, que resulta na avaliação da oportunidade do projeto, quando comparado com outras alternativas de investimento de cada um dos parceiros individuais (utilização alternativa dos recursos dos atuais dos parceiros e que possam ser viáveis mobilizar: incluem igualmente, não só recursos financeiros, como recursos organizacionais e humanos, conhecimento e relações). 3. Decisões de Compromisso:

Um processo incremental Entre diversificadas abordagens teóricas e metodológicas, o modelo de internacionalização incremental2 é geralmente referenciado. Esta abordagem, de pequenos passos, combina dois aspetos: - A perspetiva estática – o conhecimento do mercado e o compromisso de mercado e; - A dinâmica do modelo - as decisões de compromisso e as atividades atuais, as realizadas no presente. A experiência das últimas décadas de internacionalização – com avanços e retrocessos em diversos mercados – mostra este modelo como insuficiente. Não só porque não existe uma visão linear e incremental de percurso, mas também porque apesar de amplo conhecimento de mercados, é reduzido o número de empresas que deram o passo seguinte, com a criação de uma unidade de produção no domínio dos moldes. Contudo, existe um conjunto de elementos no modelo, interessantes para a abordagem que se pretende, nomeadamente:

- Oportunidades e problemas num mercado específico, que necessitam de análise – de acordo com metodologia adequada – e a mobilização dos instrumentos necessários; - O efeito económico, nomeadamente a correta identificação e a monitorização das expetativas de cada um dos parceiros; - Efeito de incerteza e da análise de risco, minimizado através das estratégias e das medidas adequadas, potencial base de decisão para a constituição da aliança. 4. Atividades atuais de negócio: - Equacionar um atraso no negócio atual e gerir antecipadamente as suas consequências; - Explorar como principal fonte de experiências. Do mesmo modo, o conceito de distância psíquica, definida3 como a soma de factores que impedem o fluxo de informação de e para mercado, deve ser operacionalizado. Na distância psíquica reside parte da explicação porque os mercados mais afastados são, tendencialmente, os menos procurados.

1. Conhecimento de mercado: - Conhecimento geral; - Métodos de marketing: hipótese de utilização da marca colectiva; - Caraterísticas comuns dos clientes: nomeadamente clientes internacionais já servidos noutras localizações por cada uma ou várias das empresas em cooperação; - Conhecimento específico de mercado: a melhorar e a aprofundar por métodos adequados; - Cultura de negócios: ligada a aspetos específicos do ambiente empresarial do novo investimento, deverá ser objeto de aprofundamento ou, em alternativa, equacionar uma aliança com um parceiro local; - Clima: caraterísticas das empresas clientes e do seu pessoal, domínio igualmente dos pontos anteriores.

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Processos não incrementais: respostas a desafios Contrariamente aos modelos incrementais e de racionalidade estratégica, em particular, na operação em redes de produção globais, o processo de internacionalização resulta de ou é induzido por solicitações externas não programadas. Neste campo, um modelo reativo (Bilkey & Tesar, 1997) aponta para uma resposta reativa inicial, seguida de uma busca ativa por oportunidades, produzindo saltos nãoincrementais. Estão incluídos neste domínio os movimentos para seguir clientes-negócios aproveitados por empresas ou parcerias interessadas em entrar em mercados com maiores oportunidades. Neste caso, a distância psíquica pode ser matizada por um maior conhecimento

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do cliente / indústria, como no caso da indústria automóvel para as empresas portuguesas. Em qualquer circunstância o modelo deve estar equacionado para permitir a sua utilização, a procura e a mobilização de parceiros. No modelo de internacionalização em rede, os participantes no processo – fornecedores, clientes, concorrentes ou outras instituições – e o ambiente em que a interação tem lugar afetam a forma como as empresas interagem. As complementaridades entre os intervenientes possibilitam a criação de uma rede de relacionamentos em que a internacionalização ocorre quando a rede é estendida para o exterior. Podemos estender este conceito, quer integrando as parcerias / alianças a criar numa rede mais abrangente que inclui clientes e outros intervenientes, quer com a extensão de parcerias existentes bem-sucedidas noutros domínios.

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3 - Podem, numa perspetiva mais abrangente, “formar alianças estratégicas com clientes, fornecedores ou concorrentes”6; 4 - “Trata-se de um desenvolvimento cooperativo, confiável, com uma visão compartilhada e objetivos comuns”7; 5 - E uma visão de longo prazo materializada no investimento em capacidades produtivas e / ou prestação de serviços destinada à entrada num mercado estrangeiro. De acordo com a estratégia do setor, o objeto da aliança pode ser estabelecido não só no domínio da produção, mas também na prestação de serviços ou no desenvolvimento de moldes, ferramentas ou produtos, ou uma combinação de partes da cadeia de valor da indústria. A aliança deve ser planeada de acordo com quatro etapas: 1. Seleção de parceiros;

A aliança estratégica como ferramenta de cooperação

2. Negociação e estrutura da aliança; 3. Operacionalização e gestão da aliança;

A aliança estratégica, implementada por PME, é o instrumento metodológico adequado que necessitamos.

4. Controlo e avaliação da sua performance, na lógica de cada um dos parceiros.

A aliança desta natureza pode ser caraterizada como:

A análise para a tomada de decisão deverá seguir um guião que contemple os seguintes factores, considerados críticos:

1 – “Acordos de cooperação entre duas ou mais empresas para melhorar a sua posição competitiva e o seu desempenho através da partilha de recursos”4; 2 - Em que “as empresas parceiras contribuem de forma permanente numa ou mais áreas estratégicas chave” , para “o acesso a novos mercados, complementar capacidades críticas e compartilhar o risco ou custo de projetos de desenvolvimento"5;

1. Diagnóstico das empresas, da sua capacidade para participar na aliança de acordo com o papel reservado e combinado entre as partes; 2. Perceção da competência para desempenharem o trabalho, incluindo recursos humanos e de gestão mobilizados;


3. Perceção da flexibilidade e da capacidade de adaptação ao ambiente externo; 4. Caraterização do conhecimento sobre alianças e avaliação de parcerias ou cooperação anterior, que permite identificar as possibilidades de desenvolvimento posterior com base na experiência e nas competências das empresas; 5. Expetativas e caraterísticas esperadas por cada parceiro, elementos determinantes quer para identificar a base de partida da aliança, quer para a monitorização da performance posterior na ótica de cada participante; 6. Identificação do grau de confiança entre parceiros e expetativas quanto ao seu desenvolvimento; 7. Identificação e caraterização dos benefícios esperados por cada interveniente (ver pontos anteriores e aspetos relativos à monitorização); 8. Identificação da perceção de risco associado por cada interveniente e formato dos instrumentos adequados, decisivos para a estruturação da aliança; 9. Definição dos mecanismos de controlo operacionais, caraterização dos indicadores de performance decisivos para cada interveniente e formatos de governo da aliança. Pela natureza dos elementos em análise, a introdução de um elemento facilitador externo é aconselhável.

- Criar bases empresariais alternativas para atuar em espaços económicos de integração regional. Esta abordagem poderá comportar outras vantagens – institucionais, políticas, de formação (ver anterior) e de mercado de trabalho insuficientemente antecipadas; - Participar de pleno direito no processo de desenvolvimento dos acordos e pactos de comércio livre; - Ambas as direções favorecem o desenvolvimento das redes informacionais e de parcerias necessárias. 3. Modelo tradicional de abordagem. As linhas de ação descritas anteriormente não esgotam, nesta fase, antes favorecem os modelos de abordagem previamente existentes, incluindo missões empresariais e de participação – coletivas e individuais – em feiras. 4. Gestão da marca coletiva. A gestão da comunicação no domínio da marca coletiva pode ser fundamental para consolidar e desenvolver esta abordagem, ao dar suporte comunicacional às alianças constituídas. 5. Constituição de um embrião de um serviço com competências especializadas como elemento facilitador da identificação, constituição e de apoio à gestão de alianças estratégicas desta natureza. •

Instrumentos de Suporte A Cefamol, e o Centimfe no âmbito específico, podem criar instrumentos e desenvolver ações facilitadoras desta tipologia de abordagem, de que se sugerem: 1. Criação de uma base regional de formação e de inteligência competitiva.

1- O artigo apresenta o Guia para a Internacionalização em Cooperação - Desenvolvimento de Modelo de Internacionalização, desenvolvido para a Cefamol. 2- Modelo de Uppsala (L-model): Johanson, J., & Vahlne, J. (1977 e 1990). 3- Johanson & Wiedersheim-Paul (1975). 4- Hitt (2000).

Esta abordagem, a desenvolver pela CEFAMOL no âmbito da Pool-neT (naturalmente, em colaboração com o Centimfe) poderá integrar os seguintes objetivos:

5- Yoshino & Rangan (1995) 6- Bain & Company (2006). 7- Lendrum (1998)

- Formação técnica e empresarial no contexto do Engineering & Tooling, em colaboração com parceiros e agências governamentais locais e regionais; - Identificação e suporte ao desenvolvimento de parcerias com empresas locais e regionais; - Inteligência competitiva e antena para a identificação e a interação com novos projetos de diversificação e progresso na cadeia de valor; - Participação em projetos a montante e a jusante.

Referências Bain & Company-Management Tools-The Tools-Strategic Alliances [On-line] (2006, January 20) disponível: http://www.bain.com/management_tools/tools_alliances.asp?groupCode=2 Johanson, J., & Vahlne, J. (1977). The internationalization process the firm – a modelo f knowledge development and increasing foreign market commitments. Journal Of International Business Studies, 8(1), 25-34; Johanson, J., & Vahlne, J. (1990). The Mechanism of Internationalism. International Marketing Review, 7(4), 11

2. Aprofundamento da participação em projetos integração regional. Este domínio, que é complementar da linha anterior, destina-se a favorecer dois objetivos:

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Lendrum, T. (1998). The Strategic Partnering Handbook. Australia: McGraw-Hill Book Company. Yoshino, M. Y., & Rangan, U. S. (1995). Strategic Alliances: An Entrepreneurial Approach to Globalization (Hardcover). Harvard Business School Press Books.

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Design Thinking na Indústria Vitor Ferreira D. Dinis Business School

A indústria sempre foi o berço de diversas tecnologias e de processos de gestão. Da automação, à robótica aos ERPs, passando por divisão do trabalho, gestão da qualidade e filosofias lean, todos estes conceitos foram transportados da manufatura para os outros setores. Neste sentido, não será de espantar que o mesmo possa acontecer com a filosofia de criatividade de Design Thinking, que embora esteja intimamente ligada ao desenvolvimento de novos produtos, pode hoje ser aplicada a uma infinda variedade de problemas. Para maioria dos novos projetos ou produtos, quer seja um automóvel ou um simples eletrodoméstico, a maioria das empresas recolhe informação dos utilizadores através de grupos de foco. Posteriormente, as organizações usam metodologias de qualidade (como a QFD) para priorizar recursos e a segmentação de mercado/preço para se posicionar e definir investimentos. Estas atividades recolhem informação para engenheiros a montante, que executam os vários elementos de design. Mas o problema com esta abordagem é que as empresas muitas vezes não têm uma visão sobre como as pessoas realmente usam os seus produtos ou podem usar certos recursos. Esta noção tanto é aplicável a um telemóvel, como a um molde ou uma máquina. Assim, descobrir quais os atributos essenciais (pode ser, por exemplo, a forma como uma máquina será integrada numa linha

de produção) usando uma abordagem de projeto centrada no ser humano pode catapultar a proposição de valor e, portanto, o retorno dos investimentos (um interessante estudo da London Business School mostrava que um investimento de 1% das vendas em design de novos produtos gerava um aumento de 4% ao ano nos resultados). O Design Thinking é um processo centrado no homem tendo em vista a inovação. Compreende um conjunto de métodos e estratégias para entrevistar e observar utilizadores, sintetizar insights, construir protótipos e testar e iterar soluções. Este tipo de processo pode transformar a forma como uma empresa desenvolve produtos, experiências e serviços digitais ou analógicos, dando aos colaboradores técnicas e ferramentas analíticas, criativas e intuitivas para resolver problemas multifacetados. Para a maioria das pessoas, o termo design costuma ser usado no contexto da estética, mas hoje o design é entendido como um processo centrado no homem e nas soluções. O Design Thinking é um sistema para enquadrar e resolver problemas e descobrir novas oportunidades. Este tipo de pensamento não requer um grande orçamento ou consultores externos e num sector de recursos escassos que enfrenta procura crescente, o Design Thinking é uma ferramenta que pode levar a resultados poderosos.


Este método permite que uma empresa considere e avalie proposições radicalmente novas a partir de múltiplas perspetivas, abrangendo as necessidades do utilizador, requisitos de negócios e exigências de tecnologia. A chave para este processo é que o design é essencial para a visão, a estratégia, a cultura, a liderança e os processos de desenvolvimento de uma empresa. O Design Thinking é estruturado em cinco fases: empatia; definir; ideação; protótipo; teste. O processo aqui descrito é baseado nos cursos de Stanford.

Empatia: é sobre os outros, não sobre nós A empatia é a pedra angular do design centrado no ser humano. Utilizando métodos etnográficos, a fase de empatia envolve entrevistas, observação e imersão no campo. No processo de conceção, antes de saltar para soluções ("precisamos de uma plataforma móvel", "precisamos de um tablet para o controlo de qualidade", “temos de desenhar uma peça mais esguia”, etc.), deverá começar a construir empatia com as pessoas para quem está a projetar a sua ideia. Deveremos observar estas pessoas e entender as suas necessidades e o que é importante para elas, antes mesmo de falar sobre o produto final ou solução. Devemos questionar as nossas suposições e entender as necessidades dos utilizadores antes de produzir soluções. Por exemplo, através de entrevistas realizadas, da observação do trabalho na linha de produção, da forma como uma máquina ou produto se insere num determinado contexto fabril, é possível perceber que uma ferramenta poderá não ter o impacto na produtividade esperado porque não se enquadra nas necessidades específicas da nossa empresa. Uma empresa que fabrica toalhas poderá querer conversar com utilizadores em hotéis ou perceber a perceção de pessoal de limpeza.

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Definir: qual é o problema? Antes de passar para soluções, o Design Thinking pede que se repense o problema. A fase Definir, que segue a fase da Empatia, envolve sintetizar resultados para identificar e articular o problema. Durante esta fase, os membros da equipa processam, mapeiam, discutem, categorizam, refletem e dão sentido aos dados acumulados no campo e reescrevem o desafio que vão enfrentar. Muitas vezes as pessoas consideram a fase de Ideação como mais relevante, mas é através deste processo de síntese que se fazem os maiores saltos de inspiração e inovação. Por exemplo, em Stanford, os alunos foram desafiados para desenvolver uma incubadora de baixo custo para uso em países em desenvolvimento. Eles pensavam que o problema era projetar uma incubadora mais barata para reduzir as mortes neonatais (como o exemplo da incubadora feita de peças automóvel). Mas, depois de entrevistar mães no Nepal rural, perceberam que a maioria das mães realiza os partos em casa e não têm acesso a um hospital. Assim, em vez de projetar uma incubadora mais barata, eles projetaram um "saco térmico de dormir para bebés". Para uma empresa industrial poderá ser nesta fase que se descobre que afinal o problema não ser a colagem de uma peça mas o desenho do produto, que uma toalha deverá suportar 140 lavagens e não 80 ou que o problema não está na bancada, mas na forma como uma peça foi maquinada.

Ideação A fase de ideação considera como resolver o problema que foi definido. Isto é, esta é a fase em que se geram soluções. O objetivo é quantidade e diversidade de ideias, não qualidade. Explorar opções e gerar uma grande variedade de ideias é essencial para chegar a soluções inovadoras. O método mais comum para gerar ideias em grupos é brains-

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torming. No coração do Design Thinking está uma atitude iminentemente otimista. Há um sentido de improvisação e de otimismo de abertura de possibilidades por oposição à clássica análise de porquê as ideias não funcionam. Novas metodologias de trabalho, ferramentas multifuncionais ou futuros de pura fabricação aditiva poderão resultar desta fase.

Protótipo e Teste As últimas fases do pensamento do projeto são protótipo e teste. A prototipagem consiste em fazer representações rápidas e simples das ideias, geralmente com o objetivo de comunicar as ideias aos utilizadores e obter feedback através de sessões de teste. Isso contrasta com o modo como muitas empresas costumam introduzir novos programas ou serviços: desenvolvemos "versões beta" totalmente funcionais ou "pilotos" caros que levam semanas ou meses a serem criados. Investir muito num protótipo significa que ele já está muito polido, e geralmente os seus criadores estão emocionalmente presos, o que os vai impedir de incorporar feedback significativo. Os limites de tempo para esta fase deverão ser curtos e são ajustados em torno da criação dos protótipos a partir de fita adesiva, post-its ou, hoje em dia, através de impressão 3D. Esses protótipos rápidos tornam mais fácil obter um feedback (um serviço pode ser representado em desenhos ou em maquetes simples). No caso da indústria de conceção, será mais fácil para muitas empresas produzir protótipos rápidos através de fabricação aditiva que poderão constituir um produto mínimo viável para testar.

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Como lançar uma iniciativa? Para começar com o processo deve pensar em pequena escala e assegurar que este é de facto um projecto diferente. A tentação de trabalhar em projetos até estes serem "perfeitos", com prazos que se transformam em novos prazos não é incomum em algumas empresas. Definir limites de tempo curtos faz com que o processo se torne mais intenso. Em vez de adicionar grandes tarefas a uma agenda lotada, reserve pequenos pedaços de tempo. Mesmo 45 minutos de entrevistas de empatia com os utilizadores/ clientes podem ser extremamente úteis. O simples ato de se mover de discussões abstratas sobre "o público" para interações com os utilizadores reais e vivos é incrivelmente vantajoso. Antes de perder tempo e recursos preciosos num novo programa (ou mesmo em uma iteração de um programa atual), tente fazer um protótipo de baixa resolução. Podem ser maquetes, serviços em “role-play”, interfaces de aplicação imaginários ou simples “post-its”. Qualquer iniciativa de Design Thinking deve ter apoio da gestão de topo e permitir o “empowerment”. Nesta medida, trata-se de uma abordagem Top-Down. Vai envolver energia e mentes abertas, para que o pensamento seja orientado para resolver grandes e pequenos desafios. Será necessária uma equipa pequena, capacitada e multifuncional, junto com um "gestor de negócio", que será um catalisador que colocará perguntas difíceis, será a voz externa que mantém a equipa no caminho certo. Um estudo recente, conduzido na na indústria automóvel, mostra que esta metodologia só funcionará concedendo elevada liberdade às equipas, fomentando uma cultura aberta à experimentação e um elevado grau de colaboração. O mesmo estudo aponta resultados muito positivos em termos de capacidade de inovação.


NOTÍCIAS

Portugal Lidera ISTMA Europe em Mandato de Três Anos A CEFAMOL, representada por Joaquim Menezes, irá liderar a ISTMA Europa (Associação Europeia da Indústria de Moldes e Ferramentas Especiais), num mandato de três anos (2017-2020). Portugal sucede assim, no cargo, à Finlândia, onde a associação europeia foi presidida por Jari Saaranen, em representação da TECHIND. O novo presidente, que assumirá simultaneamente o cargo de vice-presidente da associação mundial (ISTMA World), irá apresentar os seus objetivos e plano de ação para o mandato no próximo mês de novembro, mais concretamente nos dias 6 e 7, durante a reunião associativa que se realizará na Eslovénia. A promoção e visibilidade do setor, assim como o posicionamento da indústria de moldes e ferramentas especiais nas prioridades estratégicas da politica europeia estarão no topo da agenda.

Europeia, a plataforma “Manufuture” e a iniciativa “Factories of the Future”, dinamizada pela EFFRA, será um dos pilares desta presidência, cumulativamente com a promoção da cooperação e networking entre associações e empresas dos diferentes países membros, não esquecendo a relação com clientes e fornecedores da indústria, organizações tecnológicas e de ensino, consideradas áreas-chave para o sucesso deste mandato. Durante este período, também o secretariado da ISTMA Europe e da ISTMA World permanecerão em Portugal, liderados e dinamizados pela CEFAMOL. Informações adicionais sobre a ISTMA poderão ser obtidas em www.istma.org.

Também ao nível europeu, a ISTMA deverá continuar os seus esforços de promoção da importância estratégica e infraestruturante do setor para o desenvolvimento e sustentabilidade da indústria e da economia desta região. Em paralelo, o reforço da relação com a Comissão

Feira de 17 a 21 de outubro, na Alemanha CEFAMOL lança revista sobre a “Fakuma” A CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes lançou uma revista dedicada à presença nacional na “Fakuma”. Trata-se de uma publicação bilingue, de 96 páginas, que acompanhará a participação da indústria portuguesa nesta que é uma das mais importantes feiras do mundo para o setor dos plásticos e sua cadeia de valor, a qual decorre entre 17 e 21 de outubro, no Centro de Exposições de Friedrichshafen, na Alemanha. "A feira 'Fakuma', é o ponto alto na estratégia de promoção setorial, sendo o principal evento realizado este ano na Europa, mais concretamente no sul da Alemanha - por sinal, o maior e mais importante mercado europeu nesta área industrial", salienta, no editorial, o secretário-geral da CEFAMOL. Manuel Oliveira sublinha, ainda que, pela sua posição geográfica, esta feira "apresenta-se para as

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empresas portuguesas como um palco de excelência para a dinamização de novos negócios e parcerias na região, não esquecendo os inúmeros visitantes oriundos de outros países". São 26 as empresas portuguesas que acompanham a CEFAMOL nesta feira, que tem, este ano, uma edição festiva, ao assinalar a sua 25ª edição. Em entrevista, Bettina Schall, diretora-geral do evento, revela esperar um bom certame, com "casa cheia": são 1.700 expositores, oriundos de 35 países e esperam-se visitantes de todo o mundo. A revista apresenta ainda uma interessante reflexão da indústria portuguesa de moldes sobre o futuro do setor, sobretudo no que diz respeito aos desafios no âmbito da “Indústria 4.0”, que pode ser lida num artigo de opinião de João Faustino, presidente da CEFAMOL e num outro artigo que integra a opinião de várias das empresas presentes no certame.

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Pedro Leão, delegado da AICEP em Berlim, em entrevista, debruça-se também sobre o futuro, considerando que "a nova era digital irá beneficiar as empresas portuguesas que fornecem o mercado alemão". A história da indústria de moldes portuguesa, a sua evolução e posicionamento atual no mercado (com os mais recentes números do setor, cujo valor das exportações, em 2016, ascendeu a mais de 600 milhões de euros, colocando Portugal como o terceiro fabricante europeu de moldes e o oitavo a nível mundial) são o tema de abertura da publicação que destaca, também, a importância do cluster ‘Engineering & Tooling’ que procura afirmar Portugal como o país do desenvolvimento tecnológico. Rui Tocha, diretor-geral da Pool-Net, que gere o cluster 'Engineering &Tooling', assina um artigo de opinião, onde fala da marca coletiva que, diz, "representa o patamar mais elevado da cooperação industrial, através da qual os parceiros competem e cooperam (“coopetição”), procurando ganhar dimensão, visibilidade e afirmação da sua capacidade de oferta de soluções 'chave na mão', a clientes globais". A revista dá voz também a alguns dos fabricantes de moldes portugueses que vão estar presentes na “Fakuma”, dando conta das suas expetativas, quer sobre a participação na feira, quer sobre o mercado alemão. Tem ainda um espaço dedicado a cada uma das empresas, onde é feita

uma apresentação detalhada da sua atividade e dos seus produtos e serviços.

CEFAMOL Lança Iniciativa “Novas Fronteiras” mento de mercados, assim como a visita a certames internacionais que promovam o contacto e networking com outros intervenientes do mercado. No âmbito desta iniciativa, que se integra no projeto de promoção internacional “Engineering & Tooling from Portugal”, será promovida uma visita à feira “Fakuma 2017", que irá decorrer entre os dias 17 e 21 de outubro, na cidade de Friedrichshafen (Alemanha), especialmente dedicada a empresas (PME) que, atualmente, trabalhem para o mercado interno e tenham interesse em iniciar ou melhorar o seu processo de exportação direta.

Com o objetivo de apoiar mais empresas a exportar e reforçar a presença da indústria portuguesa de moldes no mercado internacional, a CEFAMOL lançou a iniciativa "Novas Fronteiras”, que contemplará diversos seminários e workshops dedicados à internacionalização e ao conheci-

Esta ação permitirá aos participantes analisar e avaliar as potencialidades geradas pela presença coletiva em feiras e o contacto direto com os expositores presentes.


(Bench)marketing & Boas Práticas @ Fakuma 2017 | @Plastimagen 2017

Enquadradas no projeto promoção internacional “Engineering & Tooling from Portugal”, a CEFAMOL irá promover as iniciativas “(Bench)Marketing & Boas Práticas” na: – “Fakuma 2017”, entre os dias 17 e 21 de outubro, na cidade de Friedrichshafen (Alemanha). – “Plastimagen 2017”, entre os dias 7 e 10 de novembro, na Cidade do México. Esta iniciativa destina-se a empresas nacionais (PME) de setores de atividade complementares à indústria de moldes, nomeadamente a indústria de plásticos e de componentes, permitindo o cruzamento de experiências e a interação

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com o setor, reforçando a complementaridade da oferta nacional no mercado. A ação permitirá aos participantes não só conhecer e interagir com as empresas que integram a presença nacional promovida pela CEFAMOL, como sensibilizar as mesmas para a relevância de iniciativas conjuntas, alertando para as vantagens de ações intersetores, no âmbito da promoção e notoriedade internacional.

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ÁFRICA DO SUL: SITUAÇÃO ECONÓMICA E PERSPETIVAS NA INDÚSTRIA AUTOMÓVEL Sérgio Espadas Delegação da AICEP em Pretória


Com um Produto Interno Bruto (PIB) relevante em termos mundiais (superior a 312 mil milhões de USD, em 2016), a África do Sul é a maior e a mais desenvolvida economia do continente africano; um importante parceiro internacional. Trata-se de uma economia emergente, de rendimento médio, com abundantes recursos naturais (diamantes, ouro, platina, outros metais e carvão), detentora de um desenvolvido sistema jurídico e financeiro, de uma razoável rede de infraestruturas e de um sistema de comunicações e de transportes que permitem uma eficiente distribuição de bens e serviços. A inclusão, em dezembro de 2010, da África do Sul no grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), constitui o reconhecimento formal de que este país é a principal potência da África Subsaariana. Por outro lado, a influência e a facilidade de acesso aos 15 países que compõem a SADC (Southern African Development Community), que agrega mais de 250 milhões de consumidores, confere-lhe um importante papel de plataforma para os restantes mercados da região. A economia sul-africana assenta no setor dos serviços e administração, que contribui com 67,4% para o PIB e é responsável por cerca de 66% do emprego. Seguem-se a indústria e minas, que representam 30,3% do PIB (18% do emprego) e a agricultura e pescas, com 2,4% do PIB (4% do emprego). Após vários anos em que a economia sul-africana evidenciou um comportamento bastante positivo, averbando taxas de crescimento superiores a 5%, entre 2004 e 2008 (sustentadas, sobretudo, pelo dinamismo da procura interna), o seu desempenho, em 2008, sofreu um abrandamento significativo, com a taxa de crescimento do PIB a fixar-se em 3,6%, com a atividade económica a ser afetada pelo agravamento dos preços dos combustíveis e dos produtos alimentares, pelo abrandamento do consumo privado e pelo declínio do investimento estrangeiro, na sequência da crise económica e financeira mundial. Em 2009, e pela primeira vez desde 1992, verificou-se uma contração do PIB de 1,5%, em consequência da diminuição da procura, do investimento e da descida dos preços das commodities (à exceção do ouro), que têm um peso significativo na estrutura das exportações sul-africanas, nomeadamente o aço e a platina. A recuperação da economia internacional e as medidas de estímulo económico adotadas pelo Governo impulsionaram, em 2010, o crescimento do PIB para 3,1%. Nos últimos 5 anos, o PIB cresceu a uma média anual de 1,6%. Apesar dos recentes cortes nas classificações de risco da África do Sul, por parte das Agências Standard & Poor's (S&P), Fitch e Moody's, as perspetivas de crescimento para 2017 mantêm-se positivas, segundo o FMI 1%, graças ao aumento na extração de minérios e ao restabelecimento da produção agrícola, impulsionado pelo abrandamento da

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seca verificada nos últimos anos. As projeções para o período 2018-2020 são mais animadoras, com o crescimento do PIB a atingir acima dos 2,5%, devido à esperada melhoria dos setores energético e dos transportes, da criação de emprego e do aumento dos salários, o que fará subir o consumo doméstico, suportado pela melhoria das condições de vida da classe média negra. No entanto, uma política monetária e fiscal restritiva condiciona o crescimento económico, bem como a incerteza política relacionada com a próxima eleição presidencial de 2019, a que se junta o défice continuado das contas externas sul-africanas. Outros constrangimentos ao crescimento incluem um investimento irregular (devido às constantes ameaças de greve e instabilidade política), a consolidação fiscal e as restrições monetárias. Dificuldades estruturais, tais como a falta de qualificações, o elevado desemprego e a ineficiência das instituições pesam igualmente na atividade económica da África do Sul.

Comércio Internacional da África do Sul A África do Sul assume um lugar de alguma relevância no comércio mundial, ocupando, em 2015, a 37ª posição do ranking de exportadores, com uma quota de 0,50% e a 33ª enquanto importador, com uma quota de 0,62%. A balança comercial, que se manteve próxima do equilíbrio até 2005, tem vindo a registar agravamentos quase sucessivos desde então, com a taxa de cobertura das importações pelas exportações ter atingido, em 2015, 78,15%. Naquele ano, as exportações totalizaram 81,7 mil milhões de dólares, o que representou um decréscimo de 10,2% relativamente ao ano anterior, com a China (9,1%) e os EUA (7,6%) como principais clientes. A União Europeia (UE) absorveu 21% das expedições sul-africanas em 2015 (19,7% no ano anterior), destacando-se neste grupo a Alemanha, que ocupou a 3ª posição com 6,6%. Seguem-se-lhe os mercados limítrofes da Namíbia (5,1%) e do Botswana (5,1%). Portugal ocupou o 53º lugar do ranking de clientes, em 2015, com uma quota de mercado de 0,15%, quota idêntica à alcançada no ano anterior. No contexto da UE, Portugal posicionou-se em 10º lugar. No que se refere às importações, que ascenderam a 104,6 mil milhões de dólares em 2015, verificou-se um decréscimo superior a 14% face ao ano anterior provocado, fundamentalmente, pela descida do preço dos combustíveis e pela desaceleração da procura doméstica. Como principais fornecedores da África do Sul, para além da China (18,3%), destacam-se a Alemanha (11,3%), os EUA (7%), a Índia (5%) e o Japão (3,7%). A UE representou 29,6% das importa-

ENGINEERING & TOOLING


16

ções, destacando-se como principais fornecedores, para além da Alemanha, o Reino Unido, a Itália, a França, a Espanha e os Países Baixos. Portugal ocupou a 53ª posição no ranking de fornecedores, correspondente a uma quota de 0,23% das importações sul-africanas. No âmbito da UE, Portugal posicionou-se em 17º lugar. Principais Produtos Transacionados – 2015 Exportações / Setor

%

MARKET REPORT

No que se refere à composição das exportações portuguesas para a África do Sul em 2016, destacam-se nas posições cimeiras os veículos e acessórios (31,7% do total), as obras de cortiça (5,1%), as chapas e folhas de plástico (2,6%), os pneumáticos de borracha (2,6%), os tecidos impregnados (2,2%), as caixas de fundição e moldes (1,7%) e as massas alimentícias (1,6%) que, no seu conjunto, representam 47,5% do total exportado naquele ano. Principais Produtos Exportados para a África do Sul

Importações / Setor

%

2015

2016

% Tot 16

Var % 16/15

71 – Pedras preciosas e metais preciosos

17,9

27 – Combustíveis e óleos minerais

15,7

8704 Veículos automóveis para transporte de mercadorias

15,9

24,5

16,7

53,9

87 – Veículos automóveis e componentes

11,3

84 – Máquinas e equipamentos mecânicos

13,9

8703 Automóveis de passageiros e outros veículos transporte passageiros, etc

12,8

11,4

7,8

-10,6

26 – Minérios, escórias e cinzas

10,5

85 – Máquinas e equipamentos elétricos

11,1

8708 Componentes e acessórios de veículos automóveis das posições 8701 a 8705

12,6

10,6

7,2

-15,7

27 – Combustíveis e óleos minerais

9,9

87 – Veículos automóveis e componentes

8,4

4503 Obras de cortiça natural

5,9

4,6

3,1

-22,0

84 – Máquinas e equipamentos mecânicos

7,1

39 – Plásticos

2,8

3921 Outras chapas, folhas, películas, tiras, e lâminas de plástico

2,7

3,8

2,6

43,2

4011 Pneumáticos novos, de borracha

3,1

3,7

2,6

21,5

5903 Tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados com plástico

3,7

3,2

2,2

-13,0

4504 Cortiça aglomerada (com ou sem aglutinantes) e suas obras

4,6

2,9

2,0

-36,3

8480 Caixas fundição; placas fundo p/ moldes; 3,4 modelos p/ moldes; moldes p/ metais

2,4

1,7

-28,6

1902 Massas alimentícias, mesmo cozidas ou recheadas

1,5

2,3

1,6

60,9

Amostra

66,0

69,5

47,5

-

Fonte: ITC – International Trade Centre

Relações Económicas de Portugal com a África do Sul O saldo da balança comercial bilateral, habitualmente desfavorável a Portugal até 2011, registou uma inversão desde então, com o coeficiente de cobertura das exportações pelas importações a alcançar 147,1% em 2013, o valor mais elevado para o período 2012-2016. No entanto, no ano transato o valor do saldo foi deficitário, -7,7 milhões de euros, circunstância que se deveu ao incremento significativo das exportações sul-africanas (+26,4%). Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), verifica-se que ao longo dos últimos cinco anos, as exportações portuguesas para a África do Sul tiveram uma evolução positiva, traduzida numa taxa de crescimento médio anual de 13,7%. Com exceção do ano atípico de 2014, é de salientar que o desempenho das exportações portuguesas para este mercado africano apresentou uma forte tendência de crescimento no período em análise, apenas interrompida em 2016, ano em que se registou uma ligeira quebra de 6,8 mil milhões de euros, correspondente a um decréscimo de 4,5%. Balança Comercial de Bens de Portugal com a África do Sul 2012

2013

2014

2015

2016

Var % 16/12a

Var % 16/15b

Exportações

101,8

160,9

122,6

153,2

146,4

13,7

-4,5

Importações

77,2

109,4

121,3

121,9

154,0

19,9

26,4

Saldo

24,6

51,5

1,3

31,3

-7,7

-

Coef. Cob. %

131,8

147,1

101,0

125,7

95,0

-

Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Unidade: Milhões de euros

Relativamente às compras portuguesas de produtos sulafricanos, assinala-se o elevado nível de concentração em apenas três grupos de produtos – citrinos (34,8%), veículos (20,4%) e peixes congelados (15,9%), que representaram 71,1% das importações em 2016. Principais Produtos Importados Provenientes da África do Sul 2015

2016

% Tot Var % 16 16/15

0805 Citrinos, frescos ou secos

45,1

53,6

34,8

18,8

8703 Automóveis de passageiros e outros veículos transporte passageiros, etc

10,8

19,4

12,6

79,3

0303 Peixes congelados exceto os filetes e carne de peixe da pp 0304

16,6

17,1

11,1

2,9

8704 Veículos automóveis para transporte de mercadorias

12,5

12,0

7,8

-3,6

3902 Polímeros de propileno ou de outras olefinas, em formas primárias

8,3

8,1

5,3

-2,7

0304 Filetes e outra carne de peixe, frescos, refrigerados ou congelados

5,6

7,3

4,8

30,3

6,3

4,1

§

2701 Hulhas; briquetes, bolas e combustíveis sólidos semelhantes, obtidos da hulha 0808 Maçãs, pêras e marmelos, frescos

4,1

5,9

3,8

41,6

-

0307 Moluscos c/ ou s/ concha, vivos, etc; invertebrados aquáticos, etc; farinhas

4,0

3,4

2,2

-14,6

-

8479 Máquinas e aparelhos mecânicos, c/ função própria, ainda n/ inc noutras pp

0,0

3,1

2,0

§

136,3 88,5

-

Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Unidade: Milhões de euros Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2012-2016 (b) Taxa de variação homóloga 2015-2016

Amostra Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Unidade: Milhões de euros

107,2


O Setor dos Plásticos na África do Sul O Sector dos Moldes na África do Sul

O setor dos plásticos na África do Sul é caracterizado, a montante, por uma concentração na produção de polímeros, diretamente relacionada com o processamento elevado de combustíveis fósseis local, e, a jusante, por uma indústria de produtos de plástico de menor dimensão.

De acordo com a Toolmaking Association of South Africa (TASA), a indústria de moldes, cunhos e cortantes (TDM, na sigla inglesa) local representa um volume de negócios na ordem dos 15 mil milhões de Rands (cerca de 1.034 M€ ao câmbio atual), dos quais 2 mil milhões dizem respeito a serviços de manutenção. O setor automóvel e o das embalagens são os principais consumidores deste tipo de ferramenta especial, com quotas variáveis de 50-55% e de 30-35%, respetivamente.

Enquanto no primeiro caso a indústria polímera é constituída por grandes empresas, com uma produção em grande escala e excedentária, relativamente às necessidades do país, como por exemplo o polipropileno, no segundo, o tecido empresarial é essencialmente formado por pequenas e médias empresas (PME), cuja produção é insuficiente para a procura interna, designadamente a destinada a setores com maior exigência técnica.

A TASA adianta ainda que a indústria TDM sul-africana sofreu, em termos de capacidade produtiva, um retrocesso significativo nos últimos 25 anos, em virtude de não ter acompanhado a evolução tecnológica e eficiência produtiva verificada em mercados desenvolvidos. Atualmente, a produção local satisfaz apenas 15% da procura interna de ferramentas.

Estima-se que existam atualmente 1.800 empresas a atuar na indústria plástica sul-africana, na sua maioria PME, empregando cerca de 60.000 trabalhadores. A contribuição desta indústria para o Produto Interno Produto do país, em 2015, foi de 1,9%, representando 16,5% da manufaturação total. A produção de polímeros, naquele ano, ascendeu a 322 milhões de toneladas, tendo a indústria transformadora local absorvido apenas 46,3% do total (149 MTon).

Embora não sejam conhecidos dados específicos, a noção geral é que, à semelhança do grupo de ferramentas acima referido, a indústria de moldes para plásticos na África do Sul é deficitária, tanto a nível quantitativo, como qualitativo. A título de exemplo, é referido que não existe no país capacidade para produzir moldes acima das 25 toneladas e que a maioria da produção local se destina ao setor da embalagem, onde o rigor técnico exigido é menor.

O setor da embalagem é, em larga escala, o principal consumidor de polímeros na África do Sul (53%, em 2015), seguindo-se os materiais de construção (13%), a agricultura (8,9%), as indústrias elétrica e eletrónica (6,3%) e a automóvel (4,2%), que, no seu conjunto representam 85,4% do consumo total. De referir que na área da embalagem, 23,3% diz respeito a produtos flexíveis e, os restantes 29,7% a embalagem rígida.

Assim, grande parte da indústria transformadora é forçada a recorrer à importação de moldes, cabendo à Ásia a maior fatia do mercado, como se pode verificar pelo quadro seguinte.

Fonte: Plastic Federation of South Africa (Platics SA)

África do Sul - Importação de Moldes de Injeção e de Compressão (Sh 84.80.71) 2014

Fornecedores Regiões Câmbio Médio

Valor ZAR

EURO

2015 % Total

2016

Valor ZAR

1 Euro = 14,44027 ZAR

EURO

% Total

1 Euro = 14,1443 ZAR

Valor ZAR

EURO

% Total

1 Euro = 16,2847 ZAR

TOTAL

427.284.653

29.589.797

100%

690.028.274

48.784.901

100%

567.659.924

34.858.482

100%

África

3.566.871

247.009

0,8%

0

0

0,0%

97.437

5.983

0,0%

América

21.700.782

1.502.796

5,1%

5.842.948

413.096

0,8%

67.537.063

4.147.271

11,9%

Ásia

205.861.064

14.256.040

48,2%

511.134.008

36.137.102

74,1%

198.272.872

12.175.408

34,9%

Europa

154.775.603

10.718.332

36,2%

145.971.287

10.320.149

21,2%

276.329.469

16.968.656

48,7%

Oceânia

41.061.934

2.843.571

9,6%

25.955.979

1.835.084

3,8%

25.303.083

1.553.795

4,5%

N.I.

318.399

22.049

0,1%

1.124.052

79.470

0,2%

120.000

7.369

0,0%

Fonte: Department of Trade and Industry (DTI)

17

ENGINEERING & TOOLING


18

MARKET REPORT

África do Sul - Importação de Moldes de Injeção e de Compressão (SH 84.80.71) 2014

Fornecedores Países Câmbio Médio

Valor ZAR

EURO

2015 % Total

2016

Valor ZAR

1 Euro = 14,44027 ZAR

EURO

% Total

1 Euro = 14,1443 ZAR

Valor ZAR

EURO

% Total

1 Euro = 16,2847 ZAR

TOTAL

427.284.653

29.589.797

100%

690.028.274

48.784.901

100%

567.659.924

34.858.482

100%

China

139.975.295

9.693.399

32,8%

270.031.480

19.091.187

39,1%

146.529.665

8.997.996

25,8%

Alemanha

44.972.796

3.114.401

10,5%

42.864.053

3.030.482

6,2%

89.901.031

5.520.583

15,8%

Luxemburgo

18.684.463

1.293.914

4,4%

13.534.178

956.864

2,0%

69.469.778

4.265.954

12,2%

Canadá

11.954.778

827.878

2,8%

0

0

0,0%

61.697.418

3.788.674

10,9%

Itália

34.571.984

2.394.137

8,1%

29.560.128

2.089.897

4,3%

61.190.101

3.757.521

10,8%

Austrália

31.777.622

2.200.625

7,4%

25.955.979

1.835.084

3,8%

25.283.584

1.552.597

4,5%

39.749

0,1%

7.226.937

510.943

1,0%

17.157.973

1.053.625

3,0%

Hungria

573.988

Portugal

10.494.155

726.728

2,5%

9.220.282

651.873

1,3%

15.738.775

966.476

2,8%

Taiwan

16.141.312

1.117.798

3,8%

68.052.407

4.811.296

9,9%

12.859.902

789.692

2,3%

Índia

9.753.007

675.403

2,3%

46.511.741

3.288.373

6,7%

12.681.707

778.750

2,2%

Rep. Checa

9.628.620

666.789

2,3%

6.725.683

475.505

1,0%

7.402.629

454.576

1,3%

EUA

7.364.038

509.965

1,7%

5.207.927

368.200

0,8%

5.128.060

314.900

0,9%

8,8%

4.255.495

261.319

0,7%

Japão

8.338.942

577.478

2,0%

60.984.983

4.311.630

Coreia do Sul

8.474.643

586.876

2,0%

44.863.105

3.171.815

6,5%

2.882.440

177.003

0,5%

França

8.144.018

563.980

1,9%

4.211.538

297.755

0,6%

1.991.076

122.267

0,4%

Bélgica

6.768.583

468.730

1,6%

8.676.508

613.428

1,3%

1.652.313

101.464

0,3%

Outros

59.666.409

4.131.946

14,0%

46.401.345

3.280.568

6,7%

31.837.977

1.955.085

5,6%

Fonte: Department of Trade and Industry (DTI)

Em termos de países fornecedores, confirma-se a posição cimeira de um país asiático, a China, cuja quota média no período em análise se situou acima de 30%, apesar de ter sofrido um decréscimo em 2016, em benefício da Alemanha e da Itália, que duplicaram as suas exportações naquele ano, passando a deter quotas de 15,8% e 10,8%, respetivamente. A totalidade dos restantes países asiáticos acompanharam, em 2016, o declínio da China, com destaque para o Japão e para o Taiwan, restando saber se se trata de uma tendência, ou apenas de uma situação circunstancial. Para além da Alemanha e da Itália, os outros fornecedores europeus a beneficiar desta situação foram o Luxemburgo, a Hungria e Portugal, sendo de assinalar, por outro lado, a ascendência do Canadá. Portugal ganhou quota de mercado em 2016, graças ao incremento de 71% verificado nas suas exportações de moldes, cujo valor ascendeu, praticamente, a um milhão de Euros naquele ano. De referir, no entanto, que os valores estatísticos registados pela entidade emissora sul-africana, Department of Trade and Industry (DTI), estão em completo desacordo com os divulgados pelo organismo congénere em Portugal, Instituto Nacional de Estatística (INE), conforme se pode constatar pela tabela abaixo reproduzida. A razão para tal discrepância dificilmente tem uma expli-

cação lógica, pois não serão, seguramente, as habituais disparidades entre os valores CIF e FOB a justificação plausível para a divergência apurada, em particular no que se refere aos anos de 2014 e 2015. Não obstante, não deixámos de apresentar os dados emanados pelo Estado sul-africano, na medida em que dão, de alguma forma, uma perceção sobre a composição dos principais fornecedores de moldes do mercado.

Exportação Nacional de Moldes para a África do Sul Como se constatou no capítulo relativo às Relações Económicas de Portugal com a África do Sul, a posição pautal, a quatro dígitos da Nomenclatura Combinada, relativa às caixas de fundição e moldes (84.80) ocupou a 6ª posição das nossas exportações para o mercado em 2016, com um valor de 2,4 M€. Numa análise mais detalhada, a seis dígitos (84.80.71), verifica-se que os moldes de injeção e de compressão representam 62,5% deste montante, ou seja 1,5 M€. A África do Sul, após ter ocupado, em 2013, a 13ª posição enquanto cliente dos moldes portugueses, com uma quota de 1,1%, absorveu apenas 0,3% do total exportado em 2016, em face do decréscimo acentuado verificado naquele ano (-50,6%), não deixando, no entanto, de se situar entre os 25 principais clientes com valores de exportação acima de um milhão de Euros.


Exportação de Moldes de Injeção e de Compressão (SH 84.80.71) 2012

2013

2014

2015

2016

Eur

Eur

Eur

Eur

Eur

% Total 2016

% Tvh 16/15

412.004.559

457.640.778

482.937.031

515.732.584

543.447.044

100,0

5,4

Espanha

72.604.879

111.083.061

111.360.329

87.240.293

117.217.858

21,6

34,4

Alemanha

86.075.228

99.236.155

103.901.655

115.299.728

113.139.482

20,8

-1,9

França

79.445.385

72.436.553

77.391.045

95.887.992

95.888.708

17,6

0,0

Polónia

13.989.652

23.290.546

16.404.928

21.094.345

36.049.960

6,6

70,9

Rep. Checa

21.227.356

17.722.483

35.902.701

25.388.821

31.622.197

5,8

24,6

R. Unido

16.294.961

13.117.833

17.505.532

31.052.028

22.357.936

4,1

-28,0

México

8.153.042

10.829.054

8.868.427

14.595.000

18.295.386

3,4

25,4

Eslováquia

4.024.382

4.636.645

7.051.153

9.726.702

13.198.945

2,4

35,7

EUA

8.517.010

16.450.899

14.769.562

12.496.789

11.170.758

2,1

-10,6

Bélgica

6.728.996

10.488.766

7.209.770

10.574.666

8.788.812

1,6

-16,9

Roménia

6.214.328

2.424.838

2.371.931

5.013.223

7.930.784

1,5

58,2

Suécia

4.006.187

3.065.735

14.422.559

11.626.191

6.858.782

1,3

-41,0

Itália

4.880.730

3.889.258

3.350.336

6.736.576

6.408.064

1,2

-4,9

Holanda

6.919.587

6.927.181

4.688.864

6.299.413

5.749.714

1,1

-8,7

Rússia

7.587.411

10.162.741

7.864.932

8.647.584

5.633.765

1,0

-34,9

Brasil

20.088.628

4.191.449

5.217.712

10.156.486

5.383.342

1,0

-47,0

Hungria

4.220.583

4.472.689

3.859.980

4.148.180

5.282.319

1,0

27,3

Suiça

6.961.719

6.177.135

5.098.198

7.294.808

4.747.372

0,9

-34,9

Áustria

3.928.295

3.096.284

7.468.185

6.771.472

4.381.707

0,8

-35,3

Turquia

5.298.174

2.068.160

1.045.562

3.128.707

3.446.621

0,6

10,2

China

1.303.446

3.263.717

4.624.414

1.814.062

2.283.785

0,4

25,9

Finlândia

872.027

492.190

389.613

320.944

1.761.195

0,3

448,8

África do Sul

TOTAL

1.088.430

4.868.430

2.435.345

3.074.802

1.519.091

0,3

-50,6

Argélia

206.045

84.190

275.426

300.910

1.277.608

0,2

324,6

Israel

1.396.342

1.304.785

352.245

3.191.266

1.254.474

0,2

-60,7

443.453

1.310.916

569.276

955.247

0,2

67,8

21.416.548

17.795.711

13.282.320

10.843.132

2,0

Eslovénia Outros

19.971.736

Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística

A Indústria Automóvel na África do Sul A indústria de veículos e componentes, com cerca de 113 mil trabalhadores (82 mil na área dos componentes), representou 33% da produção total da indústria transformadora da África do Sul em 2016, tendo contribuído em termos globais para 7,4% do PIB nacional.

res de Pretória (Rosslyn), em Gauteng, encontra-se a maior aglomeração de linhas de montagem de veículos ligeiros, incluindo a BMW, a Ford e a Nissan. Na Província de Eastern Cape, o fabrico de automóveis distribui-se por duas cidades, Port Elizabeth/Uitenhage (General Motors e Volkswagen) e East London (Mercedes Benz). No KwaZulu-Natal, nas imediações de Durban, está sediada a linha de montagem da Toyota.

Este setor possui, por outro lado, uma forte vertente exportadora, equivalente a 15,6% das expedições totais de bens sul-africanas registadas em 2016, com um valor recorde de 171,1 mil milhões de Rands (11.800 M€), abrangendo 154 mercados externos.

A nível de veículos comerciais pesados e de autocarros, destacam-se as linhas de montagem da Iveco, Scania e Tata, na Província de Gauteng, da FAW e Isuzu, em Eastern Cape, e da MAN e Volvo, no KwaZulu-Natal.

A produção automóvel está concentrada em três Províncias: Gauteng, KwaZulu-Natal e Eastern Cape. Nos arredo-

Embora alguns destes fabricantes tenham reforçado a sua presença no país, destacando-se o investimento de 6,1 mil

19

ENGINEERING & TOOLING


20

milhões de Rands (421 M€, ao câmbio atual) da Toyota, a General Motors anunciou este ano o encerramento da sua unidade em Port Elizabeth, cujas instalações serão adquiridas pela Isuzu, onde já eram montados os veículos pesados da marca japonesa. A Beijing Automobile International Corporation (BAIC), em parceria com a Industrial Development Corporation (IDC), uma instituição financeira do Governo sul-africano, assinou recentemente um acordo de 11 mil milhões de Rands (cerca de 760 M€), para a construção de uma nova linha de montagem na Província de Eastern Cape (Coega Development Zone, a cerca de 30 Km de Port Elizabeth), que representa o maior investimento no setor automóvel sulafricano nos últimos 40 anos. Em 2016, a África do Sul produziu 599.004 veículos (incluindo os comerciais médios e pesados), o que significou uma redução de 2,8% em relação ao ano anterior (616.082 unidades). Apesar deste decréscimo, o país manteve-se na 22ª posição no ranking de produção mundial de veículos, com uma quota global de mercado de 0,63% (15ª posição e quota de 1,24% nos veículos comerciais e 26ª - 0,46% nos de passageiros). Do total de veículos produzidos em 2016, 56% dizem respeito a automóveis para passageiros (335.539 unidades), 39,3% a veículos comerciais ligeiros (235.351) e apenas 4,7% a pesados e autocarros (28.114). O Department of Trade and Industry (DTI) estima que, até 2020, com o apoio do programa designado por APDP e adiante citado, a África do Sul poderá produzir 900 mil veículos por ano.

MARKET REPORT

Na área da aprendizagem, realçamos o projeto desenvolvido pelo Department of Trade and Industry (DTI), em associação com a Toolmaking Association of South Africa (TASA), para a formação contínua de técnicos especializados em ferramentas especiais, designado como National Tooling Initiative Programme. Este programa, que envolve 26 escolas técnicas e cerca de 200 empresas do setor, conta com o apoio de várias associações e centros tecnológicos internacionais, como por exemplo a CEFAMOL e o Centimfe, tendo o Presidente Executivo da entidade responsável pela execução do projeto, Intsimbi - National Tooling Initiative (NTI), enaltecido recentemente o Cluster de Moldes português, considerado como um exemplo de excelência a seguir pela África do Sul.

Oportunidades Não podendo a África do Sul ser considerada como um grande mercado consumidor de moldes, a evolução da sua indústria transformadora de plásticos, sobretudo no setor dos componentes automóvel, constitui uma excelente oportunidade para a diversificação de mercados por parte da indústria nacional de moldes, evidenciada pelos seguintes factos: - Inexistência de empresas sul-africanas com capacidade e conhecimentos para produzir moldes de alto rigor técnico, ou de grande dimensão; - Face a esta realidade, os fornecedores de primeira e segunda linha veem-se na obrigação de efetuar as suas compras de moldes no estrangeiro;

A produção de componentes está igualmente distribuída pelas três Províncias acima referidas, cabendo a Gauteng uma quota de 40% (200 empresas), à de Eastern Cape 36% (150 empresas) e a KwaZulu-Natal 20% (80 empresas), ou seja 96% de um universo total estimado em 480 indústrias de componentes automóvel, dos quais cerca de 120 são fornecedores de primeira linha.

- Não obstante, persistir uma certa tendência para a aquisição de moldes de baixo preço, designadamente chineses, a África do Sul não deixa de ser um importante nicho de mercado para moldes de tecnologia complexa, que, à semelhança do que acontece atualmente noutros continentes, estão a ser exigidos, cada vez mais, pela indústria local, em particular, pelos fabricantes de automóveis;

No âmbito da política de pró-investimento promovida pelo Governo sul-africano neste setor, foi criado, em 2013, o Automotive Production and Development Programme (APDP), em substituição do anterior Motor Industry Development Programme, cujo objetivo principal, além de manter os incentivos aos fabricantes de veículos, consiste em estimular a produção de componentes em território nacional. Em média, a incorporação de componentes produzidos localmente na indústria automóvel sul-africana é de apenas 40%.

- Excelentes oportunidades para a constituição de parcerias com empresas sul-africanas do setor para a produção local de moldes, opção preferencial por parte dos compradores face à desvalorização do Rand. Aliás, as orientações do Governo são para que o procurement local na indústria automóvel atinja 60% a médio prazo, existindo fortes medidas de apoio para alcançar esse objetivo.

A visão do APDP em aprofundar e alargar a base de fornecedores de componentes no país irá beneficiar os fabricantes locais desta indústria, tanto através de medidas de apoio para o seu desenvolvimento, designadamente na área da formação, como na atração de tecnologia de ponta, atualmente não disponível no país.

Abordagem ao Mercado Para se ter uma melhor perceção do mercado e encetar contactos com potenciais parceiros, sugere-se, numa primeira instância, a participação em missões ou feiras, idealmente promovidas por Associações ou Câmaras de Comércio no âmbito do programa de apoio comunitário Portugal 2020, por forma a reduzir custos.


Numa segunda fase, as visitas de prospeção são essenciais para follow-up de contactos estabelecidos anteriormente, as quais poderão ser realizadas com o apoio da Delegação da AICEP em Pretória, desde que programadas com a devida antecedência. A eventual participação individual em feiras, dever-se-á efetuar, preferencialmente, em conjunto com parceiro local ou após a constituição de empresa na África do Sul.

Feira integrada no principal certame dedicado ao setor da embalagem, PROPAK AFRICA.

Subcontratação INDUTEC (bienal) – Joanesburgo, maio de 2019 www.indutecafrica.com

Sites de Referência aicep Portugal Global – Livraria Digital http://www.portugalglobal.pt/PT/Biblioteca/Paginas/ Homepage.aspx

Feiras Setor Automóvel AUTOMECHANIKA (bienal) - Joanesburgo, 27 a 30 de setembro de 2017 www.automechanikasa.co.za Uma das principais feiras do setor, dedicada essencialmente ao segmento de mercado pós-venda. NAACAM Show & Conference (bienal) – Itinerante, abril de 2019 www.naacamshow.co.za Certame organizado pela National Association of Automotive Component and Allied Manufacturers of South Africa (NAACAM). Na próxima edição, cujo local de realização ainda não é conhecido, está prevista a integração da exSouth African Automotive Week, entretanto extinta.

Equipamento e Materiais para Indústria de Transformação de Plásticos PRO-PLAS EXPO (trienal) – Joanesburgo, 12 a 15 de março de 2019 www.proplasafrica.co.za

Plastic Federation of South Africa (Plastic | SA) www.plasticsinfo.co.za Plastixportal – Plastics Company Directory & News www.injectionmoulding.co.za/plastic_injection_moulding.html Toolmaking Association of South Africa (TASA) www.tasaweb.co.za National Tooling Initiative Programme (NTIP) www.ntipweb.co.za National Association of Automobile Manufacturers of South Africa (NAAMSA) www.naamsa.co.za National Association of Automotive Component and Allied Manufacturers (NAACAM) www.naacam.co.za Department of Trade and Industry (DTI) www.thedti.gov.za

Pretória

Durban Cidade do Cabo

21

ENGINEERING & TOOLING


22

MARKET REPORT

EVOLUÇÃO DOS MERCADOS

Análise Comparativa Terceiro Trimestre 2017

MERCADOS TRADICIONAIS

MERCADOS DA EUROPA CENTRAL E DE LESTE

MERCADOS AMERICANOS

PESO DOS MERCADOS TRADICIONAIS NAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS

MERCADOS DA EUROPA OCIDENTAL

OUTROS MERCADOS ESTRATÉGICOS

Fonte: AICEP Portugal Valores de exportações em unidades de milhar




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