O MOLDE nº109 Abril 2016

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aNo 27 04.2016 Nº 109

aNo 27 04.2016 Nº 109 €4,50

Indústria 4.0 – Tendências e oportunidades

Processos de obtenção e transformação/conformação dos aços

bélgica: o centro da europa e das oportunidades



ÍNDICE CONTENTS N 109 |04.2016

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DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA DESTAQUE HIGHLIGHT

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TECNOLOGIA

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EDITORIAL

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NOTÍCIAS CEFAMOL

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NOTÍCIAS CENTIMFE

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NOTÍCIAS OPEN

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NOTÍCIAS ASSOCIADOS

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NOVOS ASSOCIADOS

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Digitalização da Indústria: Uma visão da Indústria 4.0 no Cluster Engineering & Tooling Digitalisation in Industry: A vision of INDUSTRY 4.0 in the Engineering & Tooling” Cluster

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Indústria 4.0 – Tendências e Oportunidades Industry 4.0 – Trends and Opportunities

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Indústria 4.0 Industry 4.0

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A Internet das Coisas:… na Indústria The Internet of Things:… in Industry

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Dimensões da Colaboração na Indústria do Futuro Scope of Co-operation in Industry of the Future

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A Indústria 4.0 e a Digitalização no Engineering & Tooling Industry 4.0 and digitalisation in Engineering & Tooling

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Processos de Obtenção e Transformação/Conformação dos Aços

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Bélgica: O Centro da Europa e das Oportunidades

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Parentalidade, Igualdade e não Discriminação

TECHNOLOGY Equipamentos, Processos, Conhecimento Equipments, Proecesses, Expertise

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NEGÓCIOS BUSINESS Economia | Mercados | Estatísticas Economy | Market information | Statistics

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REFLEXÕES

FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes • REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Av. D.Dinis, 17 / 2430-263 MARINHA GRANDE - PORTUGAL / T: 244 575 150 / F: 244 575 159 / E: revista_omolde@cefamol.pt / www.cefamol.pt • FUNDADOR Fernando Pedro • DIRETOR Manuel Oliveira • CONSELHO EDITORIAL António Rato, António Santos, Eduardo Pedro, Luís Abreu e Sousa, Manuel Oliveira, Maria Arminda, Mário Gaspar, Vitor Hugo Beltrão • COORDENADORA EDITORIAL Maria Arminda • COLABORADORES Alberto Silva / António Baptista / Carlos Silva / Elsa Henriques / Hugo Rosa / João Faustino / Joaquim Menezes / Jorge Ferreira / José Carlos Caldeira / José Orosa / Maria Manuel Branco / Nuno Fidelis / Pedro Oliveira / Rui Soares / Rui Tocha / Vasco Lagarto / Victor Almeida / Vítor Hugo Ferreira • REVISÃO Sandra Pereira • PUBLICIDADE Rui Joaquim • EDIÇÃO E PAGINAÇÃO Colorestúdio – Artes Gráficas, Lda / Leiria / T: 244 813 685 / E: colorestudio@colorestudio.pt • PERIODICIDADE Trimestral • TIRAGEM 1500 exemplares • DEPÓSITO LEGAL 22499/88 • REGISTO ERC 113 153 • Nº ISSN 1647-6557

ANUNCIANTES Yudo 2 / Meusburger 7 / Balzers 9 / Amtools 11 / Strack 13 / Jaba 15 / Mafepre 16 / TTO 17 / Haimer 21 / Hasco 23 / Tecnirolo 27 / Eurocumsa 29 / GrandeSoft 31 / Hotel Mar&Sol 33 / Phyrius 35 / Cheto 37 / Codi 39 / Ferrol Marinha 41 / S3D 43 / Mafepre 45 / S3D 47 / Sew Eurodrive 49 / Isicom Tec 51 / CadSolid 55 / K2016 59 / CadSolid 61 / DNC 63 / Kaeser 64 / Fuchs 65 / Eurocumsa 67/ TCA 69 / Apoio Jurídico 70 / Simulflow 71 / Plano de Promoção Internacional capa interior / CMI contracapa interior / Tebis contracapa • Imagem gentilmente cedida pela empresa Moldes RP. • O conteúdo desta publicação não pode ser reproduzido no todo ou em parte sem autorização da CEFAMOL. • Conteúdos conforme o novo Acordo Ortográfico.



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editorial

manuel oliveira* * Secretário-geral da CEFAMOL

Competindo num mercado extremamente exigente e dinâmico que regularmente vai introduzindo novos conceitos ou processos, a Indústria Portuguesa de Moldes tem de, permanentemente, manter uma monitorização e vigilância sobre os fatores de competitividade que podem influenciar a sua trajetória de sucesso e o posicionamento internacional alcançado.

Competing in a very demanding and dynamic market that regularly introduces new concepts and processes, the Portuguese Molds Industry must permanently maintain the monitoring and surveillance of competitiveness factors that may influence its trajectory of success and achieved international positioning.

Assistimos a uma época marcada por alterações profundas nos conceitos organizacionais, nas tecnologias, pela disseminação de informação e partilha do conhecimento, pela interação entre os diferentes agentes da sociedade, pela economia digital. Esta verdadeira revolução, gera novos desafios, mas também novas oportunidades para as nossas empresas que, certamente, irão passar pela proximidade com os clientes, pelo desenvolvimento de trabalho colaborativo, pela eficiência de processos e pela comunicação de dados e informação em tempo real.

We are witnessing an era marked by profound changes in organizational concepts, technologies, the dissemination of information and sharing of knowledge, the interaction between different societal agents, through the digital economy. This true revolution creates new challenges but also new opportunities for our companies, which certainly will come in close proximity to customers through the development of collaborative work, the efficiency of processes and communication of data as well as real time information.

Esta revolução, a que se tem vindo convencionar chamar “Indústria 4.0”, irá influenciar determinantemente o futuro do nosso Sector, gerando novos modelos de negócio, exigindo novas competências e, obviamente, uma maior qualificação dos recursos humanos existentes. “Internet das Coisas”, “Digitalização da Indústria”, “Simulações de Produção”, apenas para referir alguns, serão termos que veremos cada vez mais presentes no discurso dos nossos clientes e da cadeia de valor onde os mesmos se integram.

This revolution, which has been conventionally called “Industry 4.0”, will decisively influence the future of our sector, creating new business models, requiring new skills and obviously the higher qualification of existing human resources. The “Internet of Things”, “The Digitization of Industry”, “Production Simulations”, just to name a few, are terms that we will see more often in the discourse of our customers and the value chain of which they are part.

É sobre esta temática que nos debruçamos neste número da Revista “O Molde”. Contando com a colaboração de especialistas e centros de saber, analisamos os efeitos que tais conceitos trarão à sociedade e à Indústria como um todo, e à conceção e produção de moldes e ferramentas em particular, observando como os mesmos poderão integrar e influenciar (ou condicionar) a nossa oferta de serviços e como a poderão projetar para novos clientes, mercados, negócios ou áreas de desenvolvimento.

This is the topic we deal with in this issue of The Mold magazine. With the collaboration of experts and knowledge centers, we analyze the effects that such concepts will bring to society and the Industry as a whole, along with the design and production of particular molds and tools, observing how they can integrate and influence (or condition) our offer of services and project them for new customers, markets, businesses and development areas.

Será fundamental manter e consolidar o sucesso atingido nos últimos anos, diferenciando, uma vez mais, a nossa Indústria no panorama internacional. Uma evolução contínua e persistente, intensificando a presença nacional não apenas em novas regiões, mas principalmente, em novas áreas de conhecimento que nos permitam continuar a incorporar competências e alargar o nível de serviços prestados aos nossos clientes.

It will be crucial to maintain and consolidate the success achieved in recent years, differentiating, once again, our Industry in the international arena. A continuous and persistent progress, an increasing national presence not only in new regions, but especially in new areas of knowledge, which allow us to continue incorporating skills and expanding the level of service to our customers.

Esta é uma estratégia que tem demonstrado o seu valor pelos resultados alcançados. Pelo quarto ano consecutivo as exportações da Indústria Portuguesa de Moldes atingiram valores recorde, tornando-se 2015 o melhor ano de sempre em termos de produção e exportação do Sector.

It is a strategy that has demonstrated its value through achieved results. For the fourth consecutive year, exports from the Portuguese Molds Industry has reached record levels, in 2015 becoming the best year ever in terms of the Sector’s production and export.

O valor atingido ao nível das exportações – 591 milhões de euros – revela uma acertada e dinâmica intervenção no mercado internacional, colocando Portugal como um dos maiores e mais importantes produtores de Moldes à escala mundial.

The value reached at the level of exports – 591 million euros – reveals a wise and dynamic intervention in the international market, making Portugal one of the largest and most important producers of Molds worldwide.

Registando um crescimento de 6,5% face ao ano anterior, as exportações do Sector assinalam um extraordinário aumento de 80% quando comparamos com valores de 2010, um facto verdadeiramente notável, principalmente quando tal é feito em mercados extremamente exigentes, altamente competitivos e junto de uma concorrência poderosa e reconhecida.

An increase of 6.5% over the previous year, the sector exports indicate a remarkable increase of 80% when compared to 2010 figures, a truly remarkable fact, especially when performed in extremely demanding markets, with highly competitive as well as powerful and recognized competition.

Felicitamos as empresas e os seus colaboradores pelo sucesso alcançado, destacando a sua capacidade de competir ao nível mais elevado, de investir constantemente, de apostar na inovação e conhecimento, na otimização de processos e recursos para atingirem este posicionamento no mercado global. Que a “Digitalização da Indústria” nos permita reforçar esta posição…

We congratulate the companies and their employees for the achieved success, highlighting their ability to compete at the highest level, to invest constantly, to focus on innovation and knowledge, on the optimization of processes and resources to achieve this positioning in the global market. The “Digitization of the Industry” will allow us to strengthen this position...


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NOTÍCIAS NEWS

CEFAMOL CEFAMOL elege novos Órgãos Sociais

reforço da competitividade e notoriedade das empresas no mercado internacional. Dos objetivos propostos e aprovados pelos membros da Associação para o próximo biénio, salientamos ainda o reforço do posicionamento e da imagem da Indústria Portuguesa de Moldes, o contributo para o reforço do conhecimento e das competências técnicas e humanas das empresas e a defesa dos interesses da Indústria junto do Governo, das instituições públicas e organismos internacionais. Eis a lista completa dos Órgãos Sociais agora empossados:

Reunidos em Assembleia-geral no passado dia 23 de março, os Associados da CEFAMOL elegeram os Órgãos Sociais que irão liderar os destinos da Associação no biénio 2016-2018. João Faustino, representante da empresa TJ Moldes, foi reeleito no cargo de Presidente da Direção da Associação, prometendo reforçar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido em prol do reconhecimento e visibilidade do Sector, ao mesmo tempo que pretende apoiar o

DIREÇÃO: Presidente TJ Moldes, S.A., representada por João Faustino Vice-Presidentes Moldes RP, Lda., representada por Rui Pinho Moldit, S.A., representada por José Costa Moldoplástico, S.A., representada por Manuel Espírito Santo Set, S.A. representada por Pedro Pereira

Vogais Erofio, S.A., representada por Claudia Novo Famolde, S.A., representada por Bruno Martins Geocam, Lda., representada por Eugénio Santos Tecnimoplás, Lda., representada por Hugo Carlos ASSEMBLEIA GERAL: Presidente Planimolde, S.A., representada por Telmo Ferraz Vice-Presidente A. Silva Godinho, Lda., representada por Paulo Pinho Secretário Tecnifreza, S.A, representada por Magda Leal CONSELHO FISCAL: Presidente Azemoldes, Lda., representada por Armindo Soares Vogais Dexprom, Lda., representada por Carla Ferreira Moldegama, S.A., representada por Andreia Fortes

Embaixador dos EUA e Secretária de Estado dos Assuntos Europeus visitam Indústria de Moldes O Embaixador dos EUA em Portugal, Robert Sherman, e a Secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Margarida Marques, visitaram a Indústria de Moldes a convite da CEFAMOL, no passado dia 30 de Março. Esta iniciativa, que contou com o apoio do Munícipio da Marinha Grande, permitiu apresentar as capacidades e competências do Sector, bem como a oferta integrada que as empresas disponibilizam no mercado internacional, apoiando a conceção e desenvolvimento de produtos sofisticados, complexos e integradores de tecnologia de ponta. A importância dos EUA nesta área de negócio, sendo o maior mercado mundial, e as oportu-

nidades que o mesmo encerra para as empresas nacionais foram o mote para esta visita ao Sector. Destaque para o “Almoço com a Indústria” que reuniu mais de quatro dezenas de participantes em S. Pedro de Moel e que permitiu, através dos discursos realizados pelos oradores

convidados, apresentar e discutir o acordo transnacional de comércio livre entre a Europa e os EUA (T-TIP), e os benefícios que o mesmo poderá trazer às economias das duas regiões.


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Mais de 400 técnicos do Sector participaram no Seminário “O Molde” 2016 Os workshops inseridos nesta iniciativa, organizada conjuntamente pela CEFAMOL e pelo Conselho Editorial da Revista “O Molde”, contaram com a ativa participação de xxx técnicos do Sector da Indústria de Moldes e Ferramentas Especiais nas sessões realizadas na Marinha Grande e Oliveira de Azeméis. As sessões técnicas realizadas de 14 a 17 de março na Marinha Grande e de 21 a 24 de maio em Oliveira de Azeméis, contribuíram para incrementar o conhecimento técnico e tecnológico dentro do Setor, promovendo a discussão sobre alguns dos desafios com que as empre-

sas se defrontam diariamente na sua busca por novas soluções que valorizem a sua competitividade no mercado internacional. Este ano, o Seminário “O Molde” contou com o apoio da TEAndM para a abordagem ao tema “Novos Desenvolvimentos em Revestimentos Anti Desgaste Multifuncionais”, da AGI para o tema “AGI: Asseguramos Competitividade”, da Mold-Tech Portugal para o tema “Texturiza-

ção Química ou a Laser; Cuidados a ter na conceção e produção de moldes” e da Cheto para o tema “Furação Profunda: Tecnologia e Produtividade”. Estes Seminários possibilitaram aos participantes trocar experiências e saberes, alargando os seus conhecimentos em diversas áreas conceptuais e produtivas, o que certamente permitirá a aplicação e desenvolvimento de novos conceitos, técnicas e tecnologias no nosso Setor. A todos quantos colaboraram e participaram no Seminário “O Molde” o nosso agradecimento.

“PLASTIMAGEN 2016” SUPERA EXPECTATIVAS DA INDÚSTRIA DE MOLDES NACIONAL Inserida no Plano de Atividades definidas para o ano de 2016, a CEFAMOL promoveu, uma vez mais, a participação coletiva da Indústria de Moldes e Ferramentas Especiais nacional da feira internacional “Plastimagen”, que decorreu na Cidade do México, entre os dias 8 e 11 de março. No Pavilhão Nacional promovido pela Associação, o maior construído até hoje pela CEFAMOL no México, estiveram presentes 13 empresas distintas, nomeadamente: Dexprom, Geco, JDD Moldes, Moldes RP, Moldoplastico, Moliporex, PMM, Proaz, Simoldes Aços, Socem, Speedturtle, Tecnifreza e Tecnimoplas. O feedback recolhido até ao momento, através da recolha de questionários de avaliação das empresas nacionais e da análise aos números da feira, levam a crer que esta foi uma das melhores edições de sempre deste cer-

tame, e a melhor deste que a CEFAMOL voltou a promover este evento em 2013. Motivada pelo excelente desempenho das empresas nacionais nesta edição da feira e pelo crescimento económico que se regista no mercado, a CEFAMOL já reservou espaço que permite o alargamento do Pavilhão Nacional para a próxima edição do evento, de forma a proporcionar a mais empresas uma presença forte, com uma comunicação eficaz, que sim-

plifique o esforço comercial. A próxima edição da “Plastimagen” realiza-se novamente na Cidade do México, entre os dias 7 e 10 de novembro de 2017. As inscrições para este evento junto da CEFAMOL irão abrir em breve, mas as empresas interessadas podem desde já manifestar o seu interesse.


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Missão Empresarial Marrocos / Encontros Bilaterais No âmbito da colaboração institucional que tem vindo a ser promovida pela CEFAMOL e AICEP com entidades representativas da Indústria Automóvel em Marrocos, a CEFAMOL promoveu de 2 a 4 de março, na cidade de Tanger, uma Missão Empresarial a Marrocos.

Esta iniciativa contou com a participação das empresas: Fozmoldes, Imoplastic, KLC, Nande, Simoldes, Srfam, Ribermold, Siroco e VL Moldes, as quais participarão numa sessão de Encontros Bilaterais e visitas a empresas e instituições locais.

as entidades presentes no certame aquelas com quem pretendem reunir.

O evento “MEDICAL DEVICES MEETINGS”, apresenta um conceito distinto das feiras convencionais, baseando-se na organização de contactos bilaterais (B2B), tendo as empresas participantes oportunidade de escolher entre

Esta ação, e a aposta nos Dispositivos Médicos, está enquadrada na estratégia de eficiência coletiva definida para o Sector, sendo a interação com indústrias de elevado valor acrescentado uma das orientações prioritárias para o Cluster Engineering & Tooling em que a Indústria de Moldes se integra.

das pela CEFAMOL em 2015 e os resultados alcançados pelo Sector no mercado internacional neste período. Também as ações previstas realizar em 2016, nomeadamente, feiras internacionais, missões empresariais ou missões de prospeção foram apresentadas pela Associação. A lista destas atividades, encontra-se disponível em www.cefamol.pt, na página do facebook da CEFAMOL e na aplicação móvel “Portuguese Tooling Follow-Up”.

CEFAMOL promoveu seminário “Os Caminhos da Internacionalização” Enquadrado no plano de atividades do projeto de internacionalização “Engineering & Tooling from Portugal”, realizou-se no dia 17 de fevereiro, na Marinha Grande, um seminário subordinado ao tema “Os Caminhos da Internacionalização”. Tendo como orador convidado o Presidente do Conselho de Administração da Frezite, José Manuel Fernandes, esta iniciativa contou com a presença de cerca de 50 participantes, em

Esta Missão está integrada no Projeto de Promoção Internacional ”Engineering &

"Engineering & Tooling from Portugal" nos "Medical Devices Meetings" Enquadrado no projeto de internacionalização “Engineering & Tooling from Portugal 201516”, a CEFAMOL promoveu a participação conjunta de um grupo de empresas suas associadas - Moldes RP, Moliporex, Ribermold e Uepro - no evento “MEDICAL DEVICES MEETINGS”, que se realiza nos dias 24 e 25 de fevereiro, em Estugarda (Alemanha).

Tooling From Portugal 2015-16”, e insere-se na estratégia de diversificação de mercados geográficos deste Cluster.

representação de diferentes entidades integradas no Cluster Engineering & Tooling. Durante a sessão foram apresentadas, as ações de Promoção Internacional dinamiza-



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agentes que a compõem ou com ela intera-

Encontro da Indústria de Moldes - Fundão

gem. Este Encontro integrou-se ainda na Iniciativa

A CEFAMOL organizou no dia 27 de fevereiro no Fundão, um Encontro da Indústria de Moldes onde os participantes, em ambiente informal, poderam partilhar ideias e iniciativas a pro-

“Dá-te a Conhecer” (www.dateaconhecer.com) que, neste contexto, pretende fomentar relamover no âmbito da Indústria que dinamizem e fomentem a cooperação entre os diferentes

ções institucionais e empresariais entre os Mu-

agrupamentos/instituições de ensino secundário da região. Pedro Biscaia, porta-voz de todos os agrupamentos escolares representados, agradeceu ao IPLeiria e aos seus parceiros a iniciativa, pois «é um justo e oportuno reconhecimento aos 24 estudantes», e resulta de «um trabalho esforçado das escolas que os ajudaram a crescer».

ações de responsabilidade social conjuntas, que aproximam a academia da realidade industrial, beneficiando estudantes, docentes e empresas. As bolsas de estudo “IPL Indústria”, cujo valor suportará os custos da propina anual fixada pelo IPLeiria, são concedidas aos estudantes que ingressam com melhor média nos cursos selecionados pelas empresas.

nicípios da Marinha Grande e do Fundão.

Cerimónia de Entrega de Bolsas IPL Indústria 2015/2016 Decorreu no dia 3 de março na ESTG, a cerimónia de entrega de bolsas IPL Indústria que distinguiu 24 estudantes da ESTG, os quais receberam bolsas atribuídas por 19 empresas associadas da NERLEI – Associação Empresarial da Região de Leiria e da CEFAMOL – Associação Nacional da Indústria de Moldes. A estas empresas foi também atribuída a distinção Responsabilidade Social. Mariana Dias, estudante de Engenharia e Gestão Industrial, foi a porta-voz de todos os estudantes distinguidos. «Esta bolsa traz uma motivação muito forte e mostra que todos nós podemos ser reconhecidos pelo mérito. Esta bolsa e a ligação às empresas trará vários benefícios no futuro». A estudante deixou ainda uma mensagem aos restantes jovens: «continuem a lutar pelos vossos objetivos porque serão recompensados». A iniciativa prestigiou ainda todos os agrupamentos escolares de origem dos estudantes galardoados. Anabela Graça, vereadora da Educação da Câmara Municipal de Leiria, e Pedro Martinho, diretor da ESTG/IPLeiria, atribuíram a distinção Ensino de Qualidade a 14

Pedro Martinho encerrou a cerimónia dando os parabéns e a todos os estudantes contemplados, «que esperamos que sejam embaixadores da mensagem: o mérito será recompensado. Este passo que liga a Academia e a Indústria será, com certeza, um contributo para uma aposta vencedora». As bolsas de estudo “IPL Indústria” resultam do protocolo estabelecido em julho de 2013 entre o IPLeiria, a NERLEI e a CEFAMOL, que tem como principais objetivos promover a formação em contexto empresarial, a disseminação do conhecimento e da tecnologia, e

Agradecemos o apoio das 19 empresas da região de Leiria que financiaram as bolsas IPL Indústria 2015/2016 e, desta forma, reconheceram a qualidade da formação ministrada no IPLeiria: Bollinghaus Steel; Bourbon AP; BPN; Caixa de Crédito de Leiria; Crisal – Grupo Libbey; EST; Famolde; GECO; InCentea; La Redoute; Moldoeste; Moldes RP Industria de Moldes s.u.; Planimolde; P.M.M. – Projectos, Moldes, Manufactura; Ribermold; Sodicor; TJ Moldes; Vipex e YUDO EU.


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Ciclo de Workshops sobre Estratégia e Internacionalização na Indústria Estratégia e Internacionalização é o mote para um ciclo de workshops que a CEFAMOL – Associação Nacional da Indústria de Moldes – irá organizar, mensalmente, no âmbito do Projeto “Tool2Market” e que decorrerá com o apoio da D. Dinis Business School entre março e julho de 2016. Estratégia, Comunicação Empresarial, Marketing Industrial, Internacionalização e Planos de Exportação são os temas dos 5 workshops que pretende “dinamizar um fórum de discussão e reflexão sobre dois elementos fundamentais para o sucesso e competitividade da Indústria a nível global”. Rui Filinto, ex-presidente da Keyplastics, e Vítor Ferreira, Diretor Executivo da D. Dinis Business School, foram os convidados do primeiro workshop, subordinado ao tema “Es-

tratégia Empresarial”, que se realizado no dia 8 de março, entre as 14h30 e 17h30, nas instalações da Incubadora OPEN, na Marinha Grande. As sessões procurarão reunir representantes da comunidade académica e industrial, com o objectivo de capacitar empresas e os seus quadros para enfrentar os novos desafios do mercado, partilhando experiências e analisando boas práticas em diferentes áreas e sectores industriais.

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• Fevereiro – CENTIMFE • Março – Escola Secundária Eng. Acácio Calazans Duarte • Abril – EPAMG • Maio – Instituto Politécnico de Leiria • Junho - CENFIM

CEFAMOL dinamiza a Coleção Visitável “Esculpir o Aço” em colaboração com Escolas, Institutos e Centros de Saber

Ao longo do primeiro semestre de 2016 a CEFAMOL irá dinamizar a Coleção Visitável “Esculpir o Aço”, patente no Edifício da Resinagem, localizado no centro histórico da Marinha Grande, promovendo a apresentação e divulgação de competências e oferta formativa de Escolas, Institutos e Centros de Saber que se distinguem pela interação e relacionamento que detêm com a Indústria de Moldes. Considerando o elevado interesse histórico, científico, técnico e cultural da Coleção Visitável, a CEFAMOL considera fundamental o envolvimento destas entidades com a Indústria de

Plano de Formação 2016

Apresentamos o Plano de Formação da CEFAMOL para o ano de 2016 direcionado a todos os profissionais da Indústria de Engineering & Tooling, cujas ações irão realizar-se na da Marinha Grande e Oliveira de Azeméis. Para além dos cursos que agora divulgamos, disponibilizamos também às empresas, formação à medida, com projetos desenvolvidos em função das suas necessidades específicas, permitindo uma resposta mais adequada e ajustada à sua realidade.•

Moldes e o Cluster Engineering & Tooling, sendo esta uma excelente oportunidade para as mesmas demonstrarem projetos ou iniciativas desenvolvidos com ou para o Sector e apresentarem a oferta formativa de cariz técnico que possa ser especialmente orientada para as empresas que o compõem. As entidades que, mensalmente e durante o primeiro semestre de 2016, irão apresentar as suas competências serão as seguintes: • Janeiro – ISDOM

Inaugurada em Dezembro de 2013, e por onde já passaram mais de 17.000 visitantes, esta Coleção Visitável tem como objetivo principal contribuir para a memória coletiva da Indústria Portuguesa de Moldes e recuperação de património que faz a História deste Sector, ao mesmo tempo que pretende demonstrar o seu atual posicionamento e os produtos inovadores que desenvolve nas suas empresas. A exposição encontra-se aberta de Terça a Sábado, entre as 10h00 e as 13h00, e entre as 14h00 e as 18h00.



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Workshop: “INDÚSTRIA 4.0 e a DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA: a nova revolução industrial” O CENTIMFE promoveu um Workshop, no passado dia 14 de Março, no Auditório da Resinagem, no Centro da Cidade da Marinha Grande, subordinado ao tema “INDÚSTRIA 4.0 e a DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA: a nova revolução industrial”, com o objetivo de promover a troca de ideias entre a indústria, a comunidade científica, peritos e decisores públicos, sobre assuntos críticos para a evolução das empresas no contexto desta nova revolução industrial. Tratando-se de um tema emergente e da maior importância estratégia, pretendeu-se lançar a reflexão e o debate sobre os impactos e caminhos a seguir pelas empresas e as organizações de suporte industrial, visando o reforço da competitividade do Cluster Engineering & Tooling.

Vasconcelos, e a intervenção do Cluster TICE.PT, de várias empresas e entidades de referência do Sector e com a Escola Secundária Engenheiro Acácio Calazans Duarte, que nos deram uma visão complementar dos caminhos para o futuro.

Este evento, que envolveu cerca de 200 participantes, contou ainda com a presença do Secretário de Estado da Indústria, João

Após este importante evento, foi efetuada uma visita à Exposição “Esculpir o Aço”, dinamizada pela CEFAMOL, na qual os participantes re-

gistaram um conjunto de resultados e produtos dinamizados pelo CENTIMFE ao longo dos seus 25 anos de trabalho com a Indústria. Seguiu-se uma reunião de trabalho com o Secretário de Estado da Indústria, com as direções do CENTIMFE, CEFAMOL, POOL-NET, na qual participou também o Presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, Paulo Vicente.

Encerramento do Projeto Europeu: METALMORPHOSIS O CENTIMFE realizou as atividades de encerramento do projeto europeu METALMORPHOSIS, apoiado no âmbito do 7FP, do qual foi coordenador, na cidade de Gent (Bélgica), entre os dias 22 a 24 de Fevereiro. Ao longo destes dias, foram dinamizadas várias reuniões de trabalho com o consórcio que envolveu seis países (Portugal, Espanha, Alemanha, Itália, Eslovénia e Bélgica), tendo sido

desenvolvida a avaliação final pelo representante da Comissão Europeia, que referiu “(…) os resultados que viu serem alcançados neste projeto, são impressionantes. Fiquei muito impressionado com o que foi conseguido em 30 meses de execução deste projeto. Seria excelente que nos próximos tempos, fossem desenvolvidos outros projetos demonstradores e complementares deste, para continuar o vosso trabalho conjunto. Devem ter orgulho no trabalho feito e muito obrigado pelo vosso contributo conjunto”. O projeto agora concluído teve como objetivo a otimização dos processos de ligação através de Electromagnetic Joining (EMJ) aplicado a componentes híbridos em materiais metálicos e compósitos. Os mais de 800 testes realizados permitiram desenvolver três d e m o n st ra d o re s aplicados à indústria automóvel em que os

componentes híbridos permitiram uma redução de peso que variou entre os 17% e 50%. O consórcio METALMORPHOSIS está capacitado para responder aos desafios da indústria para o desenvolvimento e industrialização de componentes híbridos (metal-compósitos). Para mais informações relativamente aos resultados deste projeto consulte o site www.metalmorphosis.eu


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Reunião no Ministério da Economia com as Infraestruturas Tecnológicas Nacionais O CENTIMFE participou no passado dia 15 de Março numa reunião com o Ministério da Economia e com as Infraestruturas Nacionais, na qual o Ministro da Economia Manuel Caldeira Cabral deu nota da aposta nos Centros Tecnológicos como plataformas de desenvolvimento da competitividade das empresas, da Indústria e da economia nacional, tendo em conta o papel de interface que estas desenvolvem entre a ciência e a economia. Neste sentido, foram ouvidos os representantes das Infraestruturas Tecnológicas e foi apresentado o novo quadro de financiamento para estas entidades no âmbito do Portugal 2020.

OPEN

A CROSSWORDS é a mais recente empresa instalada na Incubadora de Empresas OPEN mundo da tradução. É uma empresa dinâmica, jovem e inovadora, que parte rumo à conquista global, definindo-se, pouco a pouco, como uma referência do mercado e um sinónimo de qualidade e eficiência. A sua conduta reflete os A Crosswords, que prima pela excelência dos seus serviços, é uma figura conceituada no

mais altos padrões de ética e a nossa prima-

zia é a satisfação do cliente.

OPEN participou na reunião das Incubadoras com o Secretário de Estado da Industria A OPEN foi uma das 30 incubadoras que parti-

a área do empreendedorismo e das startups.

cipou na reunião promovida pelo Secretário de

A reunião serviu também para que as incubadoras apresentassem os seus pontos de vista e propostas de atuação da tutela nestas áreas.

Estado da Indústria, João Vasconcelos, com vista à apresentação das ideias do Governo para

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notícias news NOTÍCIAS ASSOCIADOS

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“ABRANTES” CELEBRA MOLDE 10.000 incorporou e contribuiu para a disseminação das mais avançadas tecnologias ligadas à metalomecânica. Atualmente integrada no Grupo IBEROMOLDES, mantém a sua missão de ser uma empresa líder na sua área de negócio, estando certificada pela Norma ISO 9001.

A mais antiga fábrica de moldes do país, a Anibal H. Abrantes, Sa, registou no passado dia 2 de Março, a encomenda do seu molde nº 10.000. Fundada em 1945, a “Abrantes” foi a empresa pioneira da indústria de moldes em Portugal, tendo formado inúmeros colaboradores muitos dos quais deram origem a outras empresas de moldes, fazendo do Setor uma referência em termos nacionais e internacionais. Ao longo da sua história, a “Abrantes” que foi também pioneira na exportação de moldes para os países mais industrializados do mundo,

A produção de uma média de 143 moldes de injeção de plástico e ligas metálicas leves por ano representa um feito muito relevante, especialmente se se considerar que os equipamentos e tecnologias empregues na sua construção tiveram uma evolução extraordinária tornando atualmente muito mais célere o respetivo fabrico. O molde 10.000 é um molde para o mercado alemão, destinado a produzir peças para um novo veículo automóvel de uma marca premium. Em cerimónia singela mas muito sentida, com a presença de todos os colaboradores da empresa, foi pelo acionista e Presidente do Conselho de Administração, Joaquim Menezes, enaltecido o papel de todos os que contribuíram para a história da empresa tendo formulado votos de perenidade.

MPR PROMOVE NOVOS SERVIÇOS A MPR é uma empresa especializada em serviços de bancada, manutenção e reparação de moldes para plásticos, localizada na Marinha Grande, que recentemente alargou o seu nível de serviços para a vertente da maquinação de 5 eixos, ao mesmo tempo que ampliou a sua área produtiva em 300m2 para a concretização deste novo projeto. No ultimo semestre de 2015, a empresa efetuou um investimento de, aproximadamente 300 mil euros em equipamento, software de maquinação e visualização de 3d para bancada, ferramentas, iluminação e aumento da área fabril, situação que permite reforçar em quantidade e qualidade a sua oferta de serviços. Já no inicio de 2016 a MPR encontra-se em fase bastante avançada para a constituição de novas valências que satisfaçam as necessidades dos seus clientes, cativando novos parceiros e novos mercados.


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notícias news NOTÍCIAS ASSOCIADOS

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A EXPOSIÇÃO “OS IBERZITOS” NO NÚCLEO DE ARTE CONTEMPORÂNEA DA MARINHA GRANDE Durante o mês de março, o Grupo Iberomoldes apresentou a exposição “Os Iberzitos” no Núcleo de Arte Contemporânea, localizado no Edifício da Resinagem, na Marinha Grande (junto à Exposição “Esculpir o Aço”), um projeto dinâmico tal como a própria indústria em si. Além da Exposição que agora se apresentou ao público em geral, este projeto foi originado por um pequeno livro que conta e apresenta, através de uma história em banda desenhada, a evolução do Grupo Iberomoldes, os seus principais feitos e momentos mais marcantes.

A exposição teve uma grande adesão por parte do público em geral e particularmente de grupos escolares (mais de 300 crianças já visitaram a exposição). O Livro foi concebido de forma didática, capaz de suscitar o interesse das diversas gerações e públicos, não só pela banda desenhada e a história do Grupo, mas também pelas figuras para colorir e espaço para a escrita de notas com outras histórias. Iniciativas como esta pretendem dinamizar o interesse pela Indústria, pela cultura e diversidade que não se devem deixar cair no esquecimento dos mais jovens. O primeiro livro da Coleção “Os IBERZITOS” encontra-se à venda na Livraria “Livros e Companhia” no Largo Ilídio de Carvalho (Marinha Grande).


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notícias news novos associados

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A RKP Moldes Unipessoal, Lda., foi fundada em 2013, sendo especializada no desenvolvimento e produção de moldes para a indústria de injeção de plásticos e fundição injetada até 7 toneladas. A empresa tem vindo a desenvolver as suas competências técnicas e tecnológicas, procurando responder de forma atenta e ágil às exigências dos seus clientes. A RKP encontra-se num processo de expansão para os mercados internacionais, ao mesmo tempo que pretende inovar ao nível do processo produtivo, apostando em profissionais com vasta experiência, empenhados na qualidade e executando eficientemente todas as suas tarefas. Incentivando e promovendo a excelência a RKP pretende ser uma referência no mercado nacional e internacional, onde a inovação e satisfação dos seus clientes e colaboradores é objetivo prioritário.



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destaque HIGHLIGHT

DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA

Digitalização da Indústria: Uma visão da Indústria 4.0 no Cluster Engineering & Tooling Digitalisation in Industry: A vision of INDUSTRY 4.0 in the Engineering & Tooling” Cluster

Indústria 4.0 – Tendências e Oportunidades Industry 4.0 – Trends and Opportunities

Indústria 4.0 Industry 4.0

The Internet of Things:… in Industry The Internet of Things:… in Industry

Dimensões da Colaboração na Indústria do Futuro Scope of Co-operation in Industry of the Future

A Indústria 4.0 e a Digitalização no Engineering & Tooling Industry 4.0 and digitalisation in Engineering & Tooling


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DESTAQUE HIGHLIGHT

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“DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA: UMA VISÃO DA INDÚSTRIA 4.0 NO CLUSTER ENGINEERING & TOOLING” “DIGITALISATION IN INDUSTRY: A VISION OF INDUSTRY 4.0 IN THE ENGINEERING & TOOLING” CLUSTER Joaquim Menezes *, Rui Tocha** * Presidente do Grupo Iberomoldes e Presidente do Conselho de Administração do CENTIMFE ** Economista e Diretor-Geral do CENTIMFE e da POOL-NET

A FÁBRICA DO FUTURO, será suportada no “Ciberespaço”, e na automatização dos processos produtivos no seu limite máximo, em prol da “produção zero-defeitos”, apelando a um ambiente de confiança e segurança informática, envolvendo gestão de informação fidedigna, sensorização, comunicação, monitorização, interoperabilidade dos softwares e dos sistemas computacionais, promovendo novos modelos de negócio e o reforço do trabalho e do Conhecimento, em Rede, respondendo às novas funções, digitais e de comunicação dos produtos (“Internet das Coisas”), exigindo novas competências e a requalificação dos Recursos Humanos (articulação dos conhecimentos de mecânica, informática, mecatrónica e automação, eletrónica, etc). Esta REVOLUÇÃO, levará à maior eficiência da economia, com o abaixamento generalizado dos custos de produção, e ao desenvolvimento do conceito de ECONOMIA CIRCULAR (eco-eficiente, verde, e responsável socialmente).

The FACTORY OF THE FUTURE will be fully supported by “Cyberspace”, and by automation of production processes, for the sake of “Production with Zero Defects”, calling for an atmosphere of trust and security of information, involving reliable information management, sensing, communication, monitoring, interoperability of software and computer systems, promoting new business models and reinforcement of work and Knowledge, on the Network, responding to new functions, digital ones and ones pertaining to communication of products (“Internet of Things”), requiring new skills and requalification of Human Resources (pooling of knowledge of mechanics, information technology, mechatronics and automation, electronics, etc.). This REVOLUTION will lead to increased efficiency in the economy, with a general fall in production costs, and development of the concept of the CIRCULAR ECONOMY (eco-efFicient, green, and socially responsible).

1 . Enquadramento

1. Framework

O conceito de INDÚSTRIA 4.0, está associado a um processo evolutivo da história da Indústria, referenciando o início da 4ª Revolução Industrial, marcada pela DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA, antecipando uma visão de desenvolvimento para os próximos 20 anos.

The concept of INDUSTRY 4.0 is associated with an ever-changing process in the history of Industry, signifying the start of the 4th Industrial Revolution, marked by the DIGITALISATION OF INDUSTRY, forecasting a vision of development in the next 20 years.

De facto, no século XVIII com a criação da máquina a vapor deu-se o primeiro passo para o desenvolvimento da Indústria, iniciando-se a 1ª Revolução Industrial. Com Henry Ford, em 1913, deu-se o arranque da 2ª Revolução Industrial com a introdução das linhas de montagem, que aumentaram significativamente a produtividade e a eficiência das empresas. A 3ª Revolução Industrial, foi desencadeada com a introdução do computador, nos anos 70, promovendo a automatização da produção substituindo gradualmente o trabalho manual de baixo valor acrescentado, incrementando consideravelmente a produtividade das empresas.

De facto, in the XVIIIth century, the creation of the steam engine marked the first step towards the development of Industry, and the beginning of the 1st Industrial Revolution. With Henry Ford, in 1913, we saw the start of the 2nd Industrial Revolution, with the introduction of assembly lines, which would significantly increase company productivity and efficiency. The 3rd Industrial Revolution was triggered with the introduction of the computer, in the '70s, promoting automation of production, gradually replacing low added value manual labour, and considerably increasing company productivity.

As primeiras referências ao conceito de “Sistemas Ciber-Físicos” foram efetuadas, em 2006 por James Truchard (CEO na National Instruments), e foi já em 2012, que o Governo Alemão decidiu formar um grupo de trabalho para projetar a estratégia de recomendações para implementar na Alemanha a “INDÚSTRIA 4.0”. Hoje esta estratégia de desenvolvimento, não é apenas uma visão, mas um processo em desenvolvimento,

The first references to the concept of “Cyber-Physical Systems” were made in 2006 by James Truchard (CEO of National Instruments), and then in 2012, the German government decided to form a work group to project the strategy of recommendations to implement “INDUSTRY 4.0” in Germany. Today, this development strategy is not just a vision, but a development process, in which different countries in Europe and the


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ao qual, os vários países da Europa e no resto do Mundo, estão crescentemente a comprometer-se com o estabelecimento de instrumentos de política que contribuam para apoiar a sua implementação de uma forma transversal e generalizada. Iniciamos assim, a 4ª Revolução Industrial, suportada na “DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA” que passou a ser de uma forma generalizada denominada de “INDÚSTRIA 4.0”, cujos objetivos estão ligados à “Fabricação com zero-defeitos” (i.e., Fabricação com domínio pleno dos processos produtivos, mitigação de erros e domínio metrológico ao longo da cadeia de produção, com ferramentas de LEAN MANUFACTURING, contribuindo para a redução generalizada dos custos e melhoria da eficiência dos processos). Na base desta evolução, estão um conjunto de conceitos considerados fundamentais para a concretização desta Revolução Industrial, nomeadamente: • Interoperabilidade dos softwares e dos sistemas computacionais – Processo de integração dos sistemas de informação da empresa, permitindo a tomada de decisões atempada e em segurança, a antecipação de riscos, a simulação e o cálculo, a ligação a clientes e fornecedores, etc; • “Big Data” – Sistema comunicacional/computacional que permite a geração, o cálculo e a análise de dados, em “tempo real”, contribuindo para a fiabilidade da tomada de decisão, o alargamento da oferta de serviços e eficiência produtiva; • “M2M – Máquina a Máquina” - Sistemas de produção inteligentes modulares, descentralizados que comecem a trabalhar juntos, comunicando entre si, sem fios, quer diretamente, quer através da “nuvem” na Internet (“Internet das Coisas”).

DESTAQUE HIGHLIGHT

rest of the World are promising to establish policy instruments which will contribute towards supporting their implementation across the board, generally. Thus, we are entering the 4th Industrial Revolution, supported by “DIGITALISATION OF INDUSTRY” which has generally become known as “INDUSTRY 4.0”, whose objectives focus on “Manufacturing with Zero Defects” (i.e., Manufacturing with full mastery of production processes, mitigation of errors and mastery of metrology throughout the production chain, with LEAN MANUFACTURING tools contributing towards generally reducing costs and increasing process efficiency). Based on this change, they are a set of concepts considered fundamental to securing this Industrial Revolution, namely: • Interoperability of software and computer systems – Process of integrating company information systems, enabling timely decision-making and in security, anticipation of risks, simulation and calculation, connection with customers and suppliers, etc.; • “Big Data” – Communication/computer system for generating, calculating and analysing data, in “real time”, contributing towards reliability of decision-making, expansion of services offered and efficiency in production; • “M2M – Machine to Machine” – Intelligent, modular, decentralised production systems which start to work together, communicating with one another, wirelessly, either directly, or through an Internet "cloud" (“Internet of Things”). •“Human Centred Manufacturing” – Design, simulation and development of production systems seeking optimisation in terms of productivity, ergonomics, mobility and access to necessary information.

• “Human Centred Manufacturing” – Conceção, simulação e desenvolvimento dos sistemas produtivos numa ótica de otimização em termos de produtividade, ergonomia, mobilidade, acesso a informação necessária.

• “Digital Twin” – Simultaneous development of physical manufacturing and virtual manufacturing/prototype production line, optimising processes and preventing/mitigating risks in manufacturing processes, seeking "Production with Zero Defects" and efficiency in production.

•“Digital Twin” – Desenvolvimento em simultâneo de fabricação física e fabricação virtual/linha de produção protótipo, otimizando processos e prevenindo/mitigando riscos nos processos de fabrico, visando a “produção com zero defeitos” e a eficiência produtiva;

Well, it is within this development framework that we are schematically presenting a “Vision of INDUSTRY 4.0, in the Engineering & Tooling" Cluster (which integrates the Moulds, Special Tools and Plastics sectors).

F1 – Visão da INDÚSTRIA 4.0, no Cluster Engineering & Tooling F1 – Vision of INDUSTRY 4.0 in the Engineering & Tooling” Cluster


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É pois, neste quadro de desenvolvimento que apresentamos de forma esquemática uma “Visão da INDÚSTRIA 4.0, no Cluster Engineering & Tooling” (que integra os setores de Moldes, Ferramentas Especiais e de Plásticos).

2. Engineering & Tooling Cluster: Development Model The Engineering & Tooling Cluster represents an extended value chain, infrastructuring and multi-disciplinary, integrating a set of strategic industrial sectors, which form the basis for the general development of the products we know.

2 . Cluster Engineering & Tooling: Modelo de Desenvolvimento O Cluster Engineering & Tooling, representa uma cadeia de valor alargada, infraestruturante e multidisciplinar, integrando um conjunto de setores industriais estratégicos, que estão na base do desenvolvimento da generalidade dos produtos que conhecemos. Em Portugal, esta imagem de referência traduz-se na comunicação da imagem coletiva “Engineering & Tooling from Portugal”, evidenciando a capacidade das empresas para de suportar clientes globais, com competências complementares, que vão do design ao produto final “one-stop-shop”! As empresas do Cluster Engineering & Tooling, têm feito ao longo dos últimos anos uma aposta clara em aspetos de modernidade Industrial, através da integração de quadros técnicos (especialmente ao nível da engenharia), de investimentos produtivos e de fronteira tecnológica (assumindo um pioneirismo na adoção de tecnologias como a computação gráfica, a fabricação aditiva, a maquinação de alta velocidade a três e mais eixos, robotização, automação e manipulação nos processos produtivos, etc), de domínio metrológico (criando laboratórios internos), mas também ao nível da Gestão (com a certificação dos seus sistemas de Gestão e a endogeneização de ferramentas de Lean Manufacturing - SMED, VSM, “5Ss”, etc). Por tudo isto, as empresas deste Cluster estão assumidamente na linha da frente, posicionando-se como claros demonstradores de eficiência e dos conceitos da INDÚSTRIA 4.0, como fatores distintivos e competitivos, no mercado global. Genericamente, podemos salientar que a afirmação da INDÚSTRIA 4.0, implica um modelo de desenvolvimento das empresas através de uma abordagem “Top-Down”, como demonstra a Figura 2. A decisão estratégica de implementação do modelo de desenvolvimento baseado nos conceitos da INDÚSTRIA 4.0, tem de ser tomada ao nível dos decisores máximos das empresas, impondo, uma política de desenvolvimento, princípios, procedimentos e regras de segurança, mas também disciplina e a afirmação de uma cultura de rigor, disciplina e controlo. A visão da “Fabricação com Zero Defeitos” impõe o domínio dos processos e da matriz metrológica da empresa, bem como o controlo e mitigação de riscos (tal como prevê já a nova Norma da Qualidade NP EN ISO 9001:2015). Por outro lado, o foco de atuação tem de ser centrada nos Recursos Humanos (“Human Production Design”- uma vez que este Cluster integra um conjunto de setores de capital e conhecimento intensivos,

In Portugal, this reference image is leading to communication of the collective image “Engineering & Tooling from Portugal”, demonstrating companies' capacity to support global customers, with complementary skills, ranging from design to the "one-stop-shop” end product In the last few years, the companies in the Engineering & Tooling Cluster have clearly bet on aspects of Industrial modernity, through integration of technical frameworks (especially at engineering level), investments in production and the technological frontier (assuming pioneerism backed up by technologies such as graphic computing, additive manufacture, threeor-more axis high-speed machining, use of robots, automation and handling in production processes, etc.), mastery of metrology (creating internal laboratories), but also at Management level (with certification of their Management systems and endogenisation of Lean Manufacturing tools SMED, VSM, “5Ss”, etc.). Accordingly, the companies in this Cluster are clearly on the front line, and clearly demonstrate efficiency and the concepts of INDUSTRY 4.0, as factors which distinguish them from competition, on the global market. Generically, we can say that affirmingINDUSTRY 4.0 involves a company development model through “Top-Down” coverage, as shown in Figure 2. The strategic decision to implement the development model based on the concepts of INDUSTRY 4.0 must be made by top company decision-makers, imposing a development policy, principles, procedures and security rules, but also discipline and affirmation of a culture of rigour, discipline and control. The vision of “Manufacturing with Zero Defects” imposes mastery of company processes and the metrological matrix, as well as control and mitigation of risks (as already foreseen in the new Quality Standard NP EN ISO 9001:2015).

F2 – INDÚSTRIA 4.0: Modelo de Desenvolvimento F2 – INDUSTRY 4.0: Development Model


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sendo necessário antecipar novas competências, re-qualificação, mobilização para a multidisciplinaridade, formação específica permanente, dinamização de turnos, standartização, etc). Neste processo evolutivo, torna-se fundamental a integração de competências de mecânica, materiais, eletrónica, informática e de gestão, reforçando assim a capacidade das empresas, para responder aos novos desafios do mercado e suportar a competitividade das empresas. Ao nível interno das empresas, muitos desafios terão de ser superados visando em especial a melhoria da PRODUTIVIDADE, nomeadamente: • Reforçar a Segurança e Política Informática; • Integrar os Sistemas Informáticos / Softwares / Plataformas;

DESTAQUE HIGHLIGHT

Moreover, the focus of action must be centred on Human Resources (“Human Production Design”- since this Cluster integrates a set of capital and intensive knowledge sectors, with the need to anticipate new skills, requalification, mobilisation for multi-disciplinarity, ongoing specific training, dynamisation of shifts, standardisation, etc.). In this process of change, it is fundamental to integrate skills in mechanics, materials, electronics, information technology and management, thus increasing companies' ability to meet new market challenges and deal with competition between companies. Internally within companies, many challenges will have to be overcome, especially if we want to increase PRODUCTIVITY, namely:

• Integrar a cadeia de valor e de oferta;

• Reinforcing Security and IT Policy;

• Dominar a “matriz metrológica” (conhecer / prevenir o erro / avaliar o risco);

• Integrating the value and offer chain;

• Integrar, Desenvolver, Adaptar e Gerir Competências (RH);

• Integrating Computer Systems/Software/Platforms; • Dominating the “metrological matrix” (knowing/preventing errors/assessing risk); • Integrating, Developing, Adapting and Managing Skills (HR); • Defining Policy, Discipline, Rigour, Communication; • Developing “Business Intelligence” and Participating in Networks; • Mapping, Automating and Bending Processes

• Definir Política, Disciplina, Rigor, Comunicação;

• Bending HR Mobility/Adjusting “command chains”.

• Desenvolver “Business Intelligence” e Participar em Redes;

In terms of Knowledge Networks, companies can especially progress in several ways, namely:

• Mapear, Automatizar e Flexibilizar os Processos • (pequenas séries/customização, turnos, etc);

• (small production runs/customisation, shifts, etc.);

• Integrating Innovation Networks and Knowledge; • Strengthening partners' relations with suppliers; • Integrating suppliers and partners in their OFFER chain (strategic areas);

• Flexibilizar a Mobilidade dos RH / Ajustar as “cadeias de comando”.

• Exploring Additive Manufacturing and Digital Twin opportunities (Simulation/Calculation);

Ao nível das Redes de Conhecimento, destacam-se vários caminhos de progresso para as empresas, nomeadamente:

• Speeding up Knowledge Scientific System and Technology projects and other Innovation Networks;

• Integrar as Redes de Inovação e Conhecimento;

• Promoting an active policy to upgrade skills (requalification, training, mobility, etc.);

• Reforçar a relação de parceria com Fornecedores; • Integrar Fornecedores e Parceiros na sua cadeia de OFERTA (áreas estratégicas); • Explorar oportunidades da Fabricação Aditiva e Digital Twin (Simulação/Cálculo); • Acelerar Conhecimento com projetos com Sistema Científico e Tecnológico e com outras Redes de Inovação; • Promover politica ativa de atualização de competências (re-qualificação, formação, mobilidade,…); • Integrar competências (Informática, Automação/Robótica, Electrónica, …);

• Integrating skills (Information Technology, Automation/Robotics, Electronics, etc.); • Obtaining Financing for technological upgrade; • Increasing institutional participation in Cluster organisations;

• Dinamizar, cumprir e fazer cumprir os Acordos de Confidencialidade.

• Dynamising, observing and ensuring that others observe Confidentiality Agreements.

Ao nível do Mercado, as empresas devem preparar-se para a antecipação de desafios, que reforcem a sua COMPETITIVIDADE junto dos clientes, nomeadamente:

In terms of the Market, companies must prepare themselves to foresee challenges, which will increase their COMPETITIVENESS vis-à-vis customers, namely:

• Procurar Meios de Financiamento para atualização tecnológica; • Reforçar participação institucional nas organizações do Cluster;


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• Integrar Plataformas de Negócios (entrar no “mapa das compras”);

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• Integrating Business Platforms (entering the “purchases map”);

• Alargar a cadeia de Valor e de Oferta; • Desenvolver as competências críticas (áreas estratégicas); • Ajustar a cadeia produtiva (mass production / small batch);

• Extending the value and offer chain;

• Acreditar, Certificar, e Desenvolver Acordos de Confidencialidade e de Reconhecimento mútuo (desenvolver “capital confiança”);

• Developing critical skills (strategic areas);

• Reforçar “Business Intelligence” (antecipação de tendências, monitorizar a envolvente, etc);

• Adjusting the production chain (mass production/small batch);

• Integrar a “Internet das Coisas” / Antecipar os desafios dos produtos do futuro;

• Accrediting, Certifying and Developing Confidentiality and Mutual Acknowledgement Agreements (developing “confidence capital”);

• Assumir Novos Modelos de Negócio e de Financiamento de projetos e tecnologias; • Apostar na Produção “Zero Defeitos”;

• Increasing “Business Intelligence” (anticipating trends, monitoring surroundings, etc.);

• Incorporar “inteligência e conhecimento” nos produtos e processos. Tendo presente os múltiplos desafios dos próximos anos, que as empresas vão enfrentar com o processo de DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA - INDÚSTRIA 4.0, devemos ter consciência que este é um processo cumulativo de desenvolvimento e não um processo disruptivo. Se olharmos cuidadosamente para a evolução do Cluster ao longo dos anos, podemos antever a consolidação de uma estratégia, alinhada com esta visão do futuro, antecipando uma nova competitividade desta Indústria portuguesa baseada numa nova oferta competitiva, no futuro próximo do nosso Cluster, que referenciamos de “Engineering & Tooling 4G”(materializado em conceitos de “Smart Tooling”, numa clara extensão de serviço ao cliente, que envolve desde a monitorização e otimização dos processos, até à assistência numa lógica de pós-venda, procurando desta forma a ampliação do valor da nossa oferta e da competitividade desta Indústria Portuguesa).

3 . Boas Práticas no Cluster Engineering & Tooling (INDÚSTRIA 4.0): Considerando que o desenvolvimento e consolidação do processo de DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA, é um processo evolutivo, convém destacar que ao longo dos últimos anos, vários têm sido os projetos de I&D (Investigação e Desenvolvimento) que têm sido levados a cabo neste Cluster, reforçando novas capacidades de desenvolvimento industrial, incremento competitivo, dinamização de redes de conhecimento e ofer-

F3 – “Engineering & Tooling 4G” F3 – “4G Engineering & Tooling”

• Integrating the “Internet of Things”/Foreseeing challenges in future products; • Assuming New Business Models and Financing for projects and technologies; • Betting on “Zero Defects” Production; • Incorporating “intelligence and knowledge” in products and processes. Considering the many challenges over the next few years, with which companies are going to be faced in the DIGITALISATION OF INDUSTRY - INDUSTRY 4.0 process, we must remember that this is a cumulative development process rather than a disruptive process. If we take a careful look at the change in the Cluster over the years, we can see consolidation of a strategy, in line with this vision of the future, foreseeing new competitiveness in this Portuguese Industry based on a new competitive offer, in the near future of our Cluster, which we call “4G Engineering & Tooling” (materialised in “Smart Tooling” concepts, in a clear extension to the customer service, which covers everything from monitoring and optimisation of processes, to support in after-sales logic, thus managing to increase the value of our offer and the competitiveness of this Portuguese Industry).


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tas mais competitivas e diferenciadoras no Mercado Global. Neste contexto, destacamos a título de exemplo, os projetos:

3. Good Practices in the Engineering & Tooling Cluster (INDUSTRY 4.0):

• RNPR – Rede Nacional de Prototipagem Rápida (Prototipagem Rápida / Fabricação Aditiva);

Considering that the development and consolidation of the process of DIGITALISATION OF INDUSTRY is ever-changing, it should be stressed that in the last few years, many R&D projects have gone ahead (Research and Development), carried out in this Cluster, increasing new capacities for industrial expansion, rise in competition, dynamising of knowledge networks and more competitive offers which stand out on the Global Market. In this context, we note, for example, the following projects:

• FRF – Fabrico Rápido de Ferramentas (Fabricação Aditiva / Rapid Tooling); • ROUND THE CLOCK (Redes/ Transferência de Dados / comunicação /Segurança Informática); • MARINHA GRANDE CIDADE DIGITAL (Redes/ Transferência de Dados / Segurança Informática);

• RNPR – Rede Nacional de Prototipagem Rápida (Rapid Prototyping/Additive Manufacturing);

• LEIRIA REGIÃO DIGITAL (Redes/ Transferência de Dados / Segurança Informática);

• FRF – Fabrico Rápido de Ferramentas (Additive Manufacturing/Rapid Tooling);

• EUROTOOLING 21 (séries curtas/Sensorização/KBE-Knowledge Based Systems);

• ROUND THE CLOCK (Networks/Data Transfer/Communications/IT Security);

• TAVAC (Maquinação de Alta Velocidade/novos Materiais)

• MARINHA GRANDE CIDADE DIGITAL (Networks/Data Transfer/IT Security);

• TIPSS – Tools for Innovative Products, Services & Systems (Molde Inteligente/Plataforma/Interface monitorização processo injeção - “Caixa Negra” – Mould Jini); • MICROHANDLING (Automatização processos/Manipulação de Micro peças e componentes). Em paralelo, as empresas têm apostado fortemente na modernização dos seus processos de fabrico, na integração de competências, de tecnologias e de conhecimento, como evidenciam as boas práticas de muitos casos de estudo do nosso Cluster, através de: • “Células de Produção Automáticas”; • Linhas de fabricação alimentadas por Robots (24 horas/dia); • Integração de Sistemas Informáticos (ERP); • Integração de Manipuladores, visualizadores automáticos, sistemas de paletização, etc; • Integração de processos de fabrico em linha produtiva; • Desenvolvimento de ferramentas “In-Moud” (decoration, painting, assembling…); • Desenvolvimento de Softwares de Gestão da Produção; • Integração de Sistemas de Segurança Avançados; • Etc. Por tudo isto, estamos certos que as empresas do nosso Cluster Engineering & Tooling, representam um ativo importante de demonstração e afirmação dos caminhos do futuro, tendo consciência que este é um processo de estando ainda no seu início, exigirá consolidação das estratégias de desenvolvimento das empresas, a continuidade da política de investimentos ativa, e uma atenção muito especial no reforço da segurança informática e das competências multidisciplinares ao nível do conhecimento, de forma a podermos continuar a assegurar a diferenciação competitiva que tem permitido a afirmação da nossa marca coletiva “Engineering & Tooling from Portugal”. Mas este caminho, não terá retorno, pelo que importa reforçarmos conjuntamente a vigilância e a resposta a estes novos desafios do mundo global. Neste contexto, de antecipação de tendências, vigilância, desenvolvimento e transferência tecnológica e de conhecimento, o CENTIMFE continuará a assumir a sua missão de parceiro da Indústria que representa. Contem connosco e desafiem-nos, para conjuntamente enfrentarmos os desafios do Futuro!

• LEIRIA REGIÃO DIGITAL (Networks/Data Transfer/IT Security); • EUROTOOLING 21 (Short production runs/Sensing/KBE-Knowledge Based Systems); • TAVAC (High-speed Machining/New materials) • TIPSS – Tools for Innovative Products, Services & Systems (Intelligent Mould/Platform/Injection process monitoring interface - “Caixa Negra” – Jini Mould); • MICROHANDLING (Process automation/Handling of Microcomponents and components). In parallel, companies have really bet on modernising their manufacturing processes, integrating skills, technologies and knowledge, as shown by the good practices in many study cases in our Cluster, through: • “Automatic Production Cells”; • Manufacturing lines fed by Robots (24 hours a day); • Information Systems Integration (ERP); • Integration of Handlers, automatic viewers, palletisation systems, etc.; • Integration of manufacturing processes in the production line; • Development of “In-Mould” tools (decoration, painting, assembling, etc.); • Development of Production Management Software; • Integration of Advanced Security Systems; • Etc. Accordingly, we are certain that the companies in our Engineering & Tooling Cluster are key assets when it comes to demonstrating and affirming the pathway to the future, remembering that this is a process of standing which is still in its infancy, and will require consolidation of corporate development strategies, continuity of the active investment policy, and real attention when it comes to increasing IT security and multi-disciplinary skills at knowledge level, so that we may continue to ensure that we stand out from competition and can really say of our collective brand “Engineering & Tooling from Portugal”. But there is no way back along this pathway, so it is important that, together, we increase our vigilance and our response to the new challenges of the global world. In this context, in anticipation of trends, vigilance, development and transfer of technology and knowledge, CENTIMFE will continue to assume its role as the Industrial partner it is. Count on us and entrust your challenges to us: we will confront the challenges of the Future together!



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INDÚSTRIA 4.0 – TENDÊNCIAS E OPORTUNIDADES INDUSTRY 4.0 – TRENDS AND OPPORTUNITIES José Carlos Caldeira * *

Presidente da Agência Nacional de Inovação

A conjugação de vários fatores contribuiu para o fenómeno que estamos a assistir de crescente penetração de tecnologias de informação, comunicação e eletrónica (TICs) nos produtos e processos industriais (e aos que lhes estão associados), que vulgarmente se designa por Indústria 4.0. Do lado dos mercados, a globalização e a costumização de produtos são apenas alguns exemplos que ilustram a necessidade de integrar e interagir com clientes e consumidores, mas também com fornecedores e parceiros, de uma forma rápida e ágil, recorrendo a soluções eletrónicas de representação e transferência de informação e conhecimento. O trabalho colaborativo e em rede assume também uma importância crescente neste contexto. Nos processos produtivos, as exigências de flexibilização e resposta rápida, de garantia de qualidade (zero defeitos), de aumento da produtividade (otimização da produção, zero paragens, etc.), só podem ser correspondidas através da incorporação de novas tecnologias digitais. Um outro contributo para esta transformação resulta das exigências que se colocam em áreas como a eficiência energética ou o impacto ambiental de produtos e processos. Os novos modelos que estão a ser desenvolvidos no âmbito da designada Economia Circular estão assentes na sua crescente digitalização. Em paralelo, na vertente da tecnologia, os desenvolvimentos em áreas como os sensores e atuadores, a robotização flexível e móvel, a impressão 3D, a modelização e simulação de produtos e processos, o armazenamento e processamento de informação e as redes de comunicação, conjugados com o decréscimo acentuado dos respetivos custos de aquisição e/ou utilização, vieram alargar de forma significativa o âmbito da sua utilização na indústria.

A combination of several factors has contributed towards the phenomenon that we are seeing increasing penetration of information, communications and electronic technologies (ICT) in industrial products and services (and ones with which they are associated), which are commonly known as Industry 4.0. As far as markets are concerned, globalisation and customisation of products are just a couple of examples which illustrate the need to integrate and interact with customers and consumers, as well as with suppliers and partners, quickly and flexibly, using electronic solutions for representing and transferring information and knowledge. Work, cooperative and over a network, also becoming increasingly important in this context. In production processes, the requirements for flexibility and rapid response, guaranteed quality (zero defects), and increase in productivity (optimisation of production, zero stops, etc.) can only be met by incorporating new digital technologies. Something else which has contributed towards this change has been requirements which have arisen in areas such as energy efficiency and the environmental impact of products and processes. New models which are going to be developed in the field of the so-called Circular Economy are becoming increasingly digital. In parallel, as far as technology is concerned, developments in areas such as sensors and actuators, flexible and mobile robotics, 3D printing, modelling and simulation of products and processes, storage and processing of information and communications networks, combined with the marked reduction in the respective costs of purchase and/or use, are significantly increasing the extent to which they are used in industry.

Apesar das TICs serem utilizadas na indústria há já muito tempo, é esta conjugação de fatores que despoleta uma tendência muito acentuada de digitalização de processos (sobretudo) mas também de produtos, de desenvolvimento de novos serviços e do aparecimento de novos modelos de negócio radicalmente diferentes dos existentes.

Despite that fact that ICT has already been used in industry for a long time, it is this combination of factors which is unleashing a trend very much focussed on digitalisation of processes (especially) but also products, development of new services and the emergence of new business models, radically different to current ones.

Esta transformação foi antecipada pela Plataforma Tecnológica MANUFUTURE, uma iniciativa europeia lançada em 2004 que, no seu roadmap tecnológico, identificou desde logo a área das TICs para a Indústria como prioritária (ICT for Manufacturing). Na sequência desse trabalho, em 2009, a CE lançou o Programa Factories of the Future, com um orçamento de 1.200 M¤ para o desenvolvimento de tecnologias avançadas de produção, que incluiu um eixo específico nessa área. Pode-se afirmar que estes eventos e iniciativas marcaram o início deste processo de transformação porque é a partir daí que começam a surgir um número significativo de outros programas e iniciativas complementares, a nacional e regional, aumentando exponencialmente o investimento em I&D e Inovação nesta área. Importa referir que Portugal tem

This transformation was anticipated by the MANUFUTURE Technology Platform, a European initiative launched in 2004 which, in its technological roadmap, identified the forthcoming emergence of ICT primarily for Industry (ICT for Manufacturing). In the course of this work, in 2009, the EU launched the Factories of the Future Programme, with a budget of € 1,200 m for development of advanced production technologies, including a share in this area. It may be said that these events and initiatives marked the beginning of this transformation process, because it was from then on that a significant number of other, complementary programmes and initiatives began to arise, nationally and regionally, exponentially increasing investment in R&D and innovation in this area. It is important to point out that


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participado ativamente neste processo, nomeadamente através do CENTIMFE.

Portugal has actively participated in this process, including through CENTIMFE.

Mais recentemente, a iniciativa alemã “Indústria 4.0” veio dar mais visibilidade a este processo de transformação e chamar a atenção para as alterações que estão em marcha, assim como para um conjunto de tecnologias e soluções que estão já a chegar ao mercado, fruto do investimento em I&D entretanto realizado. Mais uma vez, surgiu um conjunto de réplicas noutros países, assim como novas dinâmicas a nível europeu. A iniciativa “Digitising European Industry”, (https://ec.europa.eu/digital-agenda/en/digitising-european-industry), liderada pelo Comissário Oettinger e envolvendo mais de 15 países, é um exemplo da importância crescente desta área e também do significativo aumento do respetivo investimento público e privado. Paralelamente, apostas similares estão a ser realizadas noutros países e continentes, o que se traduzirá no desenvolvimento e disponibilização de um conjunto vasto e diversificado de novas soluções para a digitalização da indústria.

But recently, the German initiative “Industry 4.0” increased the focus on this transformation process and drew attention to the changes which are taking place, and a set of technologies and solutions which are now coming onto the market, the fruit of investment in R&D made already. Once again, a set of replicas is appearing in other countries, as well as new dynamics on a European scale. The initiative “Digitising European Industry”, (https://ec.europa.eu/digital-agenda/en/digitising-european-industry), led by the Öttinger Commission and involving more than 15 countries, is one example of the increasing importance of this area and also the significant increase in the respective public and private investment. In parallel, similar bets are being placed in other countries and continents, which will lead to the development and provision of a vast and diversified range of new solutions for the digitalisation of industry.

Os processos de alteração disruptiva são mais propícios a que empresas de menor dimensão consigam construir novas vantagens competitivas e “ganhar terreno” relativamente aos grandes grupos e aos líderes de mercado, por exemplo, tirando partido da agilidade que as caracteriza. Esta é, por isso, uma oportunidade que a indústria portuguesa não deve desperdiçar para reforçar a sua posição competitiva no mundo. Por outro lado, a necessidade de atuar globalmente e os investimentos e riscos envolvidos obrigam ao estabelecimento de estratégias de cooperação e de trabalho em rede.

Disruptive transition processes tend to blight smaller companies' chances of gaining new competitive advantages and "gaining ground" compared to large groups and market leaders, for example, acquiring the same flexibility which characterises them. Therefore, this is an opportunity which Portuguese industry must not waste when it comes to strengthening its position vis-à-vis world competition. Secondly, the need to act on a global scale and inherent investments and risks oblige the pursuit of strategies of co-operation and working over a network. It is important to ensure informed, integrated action, capable of profiting from and maximising the opportunities generated by technological upgrade and emerging markets, and preventing inherent risks, especially by:

Importa assegurar uma atuação informada e integrada, capaz de aproveitar e maximizar as oportunidades geradas pela evolução tecnológica e dos mercados que se está a verificar, e de evitar os riscos inerentes,

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e que passa nomeadamente por: • Acompanhar e monitorizar os múltiplos desenvolvimentos tecnológicos e antecipar os respetivos impactos. • Participar ativamente nos fora internacionais relevantes, por exemplo nas vertentes de investigação desenvolvimento e inovação ou de standardização e normalização, visando também influenciar as respetivas atividades e resultados. • Integrar os principais projetos e iniciativas internacionais (nomeadamente europeus) que irão desenvolver as futuras plataformas digitais. • Desenvolver e implementar estratégias e, se necessário, modelos de negócio inovadores, capazes de gerar novas vantagens competitivas para as empresas e setores. • Conceber e implementar projetos de IDI visando o desenvolvimento de produtos, processos e serviços inovadores, utilizando as tecnologias emergentes para responder às novas necessidades e tendências de mercado. • Formar e atrair recursos humanos com as qualificações exigidas (um dos principais desafios deste processo). • Mobilizar os financiamentos necessários, privados e públicos, existentes a nível nacional e internacional. Muitas destas atividades dificilmente podem ser asseguradas pelas empresas individualmente (sobretudo no caso das PME’s), o que reforça a necessidade e relevância das dinâmicas de clusterização, de articulação entre empresas e as entidades do sistema científico e tecnológico, e também da inserção nas redes internacionais. Finalmente, importa referir que o setor dos moldes e das ferramentas é um excelente exemplo para ilustrar esta evolução e os seus desafios, assim como formas de os endereçar: • Este setor esteve sempre na linha da frente do processo de digitalização da indústria, nomeadamente nas áreas do desenvolvimento de produtos e processos, da qualidade ou da manutenção. Foi também dos primeiros a compreender a relevância do trabalho colaborativo e em rede e a desenvolver soluções digitais para o apoiar. • A digitalização (ou funcionalização) de produtos exige muitas vezes novas formas de produção e a indústria de moldes e ferramentas tem estado no centro desse processo.

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• Supporting and monitoring the many technological developments and anticipating respective impacts. • Actively taking part in relevant international fora, for example focussing on research, development and innovation or standardisation and normalisation, also seeking to influence respective activities and results. • Integrating key international projects and initiatives (especially European ones) which will develop future digital platforms. • Developing and implementing innovative strategies and if necessary, business models, capable of forging new competitive advantages for companies and sectors. • Designing and implementing IDI projects seeking to develop innovative products, processes and services, using up-and-coming technologies to meet new requirements and market trends. • Training and attracting human resources with the qualifications required (one of the key challenges of this process). • Mobilising necessary financing, public and private, nationally and internationally. Many of these activities will be difficult for companies individually to guarantee (especially SMEs), which will increase the need and the relevance of clustering dynamics, partnerships between companies and entities in the scientific system or technology, plus insertion in international networks. Finally, it is important to mention that the moulds and tools sector is an excellent example which illustrates this change and its challenges, as well as ways of addressing them: • This sector remains on the front line in the industrial digitalisation process, especially in the areas of development of products and processes, and quality or handling. It was also one of the first to understand the relevance of work, co-operative and over networks and to develop digital solutions to support it. • Digitalisation (or functionalisation) of products very often requires new production methods and the moulds and tools industry has been at the centre of this process.

• Foi também um dos primeiros setores a utilizar as novas tecnologias de impressão 3D nas suas atividades, ao mesmo tempo que se prepara para os desafios que elas irão colocar ao setor a médio prazo, através da produção direta de produtos e componentes.

• It was also one of the first sectors to use new 3D printing technologies in its business, at the same time preparing for the challenges which they would pose for the sector in the medium term, through direct production of products and components.

• O setor foi capaz de se organizar e dinamizar uma iniciativa de clusterização, que é uma das mais dinâmicas a nível nacional e reconhecida internacionalmente. Para além disso, tem vindo a participar ativamente em diversas iniciativas internacionais e a promover um conjunto assinalável de projetos de IDI, nacionais e internacionais.

• The sector was capable of organising itself and dynamising a clustering initiative, which is one of the most dynamic nationally and is renowned internationally. Moreover, it intends to participate actively in different international initiatives and promote a notable set of IDI projects, both national and international.

Estes factos permitem afirmar que o setor dos moldes e das ferramentas reúne as condições para tirar partido das oportunidades resultantes deste processo de digitalização da indústria, reforçando a sua posição competitiva e aumentando a sua expressão a nível global.

These facts demonstrate that the moulds and tools sector meets the conditions for benefiting from the opportunities resulting from this industrial digitalisation process, strengthening its competitive position and increasing its impact globally.

A Agência Nacional de Inovação disponibiliza um conjunto de serviços e instrumentos para apoiar estas dinâmicas, nomeadamente ao nível da promoção da participação nacional nos programas europeus e do financiamento de projetos de I&DT e demonstradores de tecnologias avançadas, que colocamos ao dispor do setor para apoiar as suas iniciativas.

The National Innovation Agency is providing a set of services and instruments to support these dynamics, especially when it comes to promoting national participation in European programmes and financing TR&D projects and demonstrators of advanced technologies, which we intend to make available to the sector to support its initiatives.



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INDÚSTRIA 4.0 INDUSTRY 4.0

Vítor hugo ferreira * *

D. Dinis Business School

A ampla adoção pela indústria global de tecnologias da informação e comunicações tem aberto caminho para abordagens disruptivas ao nível do desenvolvimento de produto, produção e toda a cadeia logística inerente. O termo "Indústria 4.0” refere-se a uma quarta revolução industrial, que sucede à do vapor, da energia elétrica e da eletrónica. Esta revolução é centrada na existência de serviços que fundem as componentes digitais e físicas, unindo a noção de “internet das coisas” (máquinas, dispositivos e sensores ligados em rede) com a existência de sistemas inteligentes e a sua crescente automação. Estas redes digitais de máquinas são organizadas de forma semelhante às redes sociais. Simplificando, elas ligam componentes mecânicos e eletrónicos que, em seguida, comunicam entre si através de uma rede. Máquinas inteligentes compartilham continuamente informações sobre os atuais níveis de stock, problemas ou falhas e as mudanças nas encomendas ou níveis de procura (diga-se que uma parte do sucesso do grupo Inditex vem da antecipação desta tendência). Processos e prazos são coordenados com o objetivo de aumentar a eficiência e otimizar tempos de produção e utilização da capacidade instalada, enquanto melhoram a qualidade no desenvolvimento, no marketing e nas compras. Estas redes conectam não apenas máquinas com máquinas, mas criam uma rede inteligente de máquinas, ativos, sistemas de TIC, produtos inteligentes e indivíduos em toda a cadeia de valor e ciclo de vida do produto (sensores e elementos de controlo permitem ligar fábricas, frotas, humanos, otimizando todo o processo). Este não é um conceito novo, pois na área de economia da inovação há muito se debate (entre autores como Freeman e Perez) a existência de ciclos longos de crescimento económico, ligados à disseminação de inovações radicais que transformam a face da economia e da sociedade. Neste sentido esta seria assim a 5ª revolução industrial e não a 4ª (ligada a mecanização, vapor, eletricidade e motor de combustão, eletrónica e digital), sendo que neste momento estaríamos entre ciclos, o que justificaria, parcialmente, a crise que vivemos recentemente. Podemos resumir a quatro as características principais deste novo tipo de indústria: 1. Redes verticais de sistemas de produção inteligentes, tais como fábricas e produtos inteligentes e a criação de redes de logística inteligente, produção e marketing e serviços inteligentes, com uma forte orientação para necessidades individualizadas. Recursos e produtos estão ligados em rede, sendo que materiais e peças podem ser localizados em qualquer lugar e a qualquer momento. Todos os estágios de processamento no processo de produção são registados, com discrepâncias automaticamente registadas. Alterações a ordens, flutuações na qualidade ou avarias em máquinas podem ser tratadas mais rapidamente. Esses processos também permitem uma melhor monotorização do desgaste de materiais (existe uma forte ênfase na eficiência). 2. Integração horizontal através de uma nova geração de redes globais de criação de valor, incluindo a integração de parceiros de negócios e clientes, gerando novos modelos de negócios e de cooperação entre os

Full adoption of information and communications technologies by global industry has opened up the pathway to disruption to product development, production and the whole of the inherent logistic chain. The term "Industry 4.0” refers to a fourth industrial revolution which is taking place in vapour, electrical energy and electronics. This revolution is centred on the existence of services which produce digital and physical components, combining the concept of the “Internet of Things" (machines, devices and sensors connected over a network) and the existence of intelligent systems and their increasing automation. These digital networks of machines are organised similarly to social networks. In simpler terms, they connect mechanical and electronic components which then communicate with one another over a network. Intelligent machines continuously share information on current stock levels, problems or faults and most common changes or procurement levels (it could be said that some of the Inditex group's success has come from foreseeing this trend). Processes and timeframes are co-ordinated in such a way as to increase efficiency and optimise production time and use of installed capacity, inasmuch as they improve quality in development, marketing and purchases. These networks connect not only machines to machines, but create an intelligent network of machines, assets, ICT systems, intelligent products and individuals throughout the value chain and product life cycle (sensors and control devices mean that factories, fleets and humans may be connected, optimising the whole process). This is not a new concept, as, in the field of innovation economics, there is a lot of debate (between authors such as Freeman and Perez) on the existence of long economic growth cycles, as a result of the dissemination of radical innovations which are transforming the face of the economy and society. So this would make for a 5th industrial revolution rather than a 4th (due to mechanisation, vapour, electricity and the combustion engine, electronics and digital), since at the moment, we are between cycles, which partially justifies the crisis which we have seen recently. We can summarise the main features of this new type of industry under four headings: 1. Vertical intelligent production systems networks, such as factories and intelligent products and the creation of intelligent logistic networks, production and marketing and intelligent services, largely orientated towards individual needs. Resources and products are connected over a network, since materials and parts may be located anywhere at any time. All processing stages in the production process are logged, with discrepancies logged automatically. Changes in orders, fluctuations in quality or machine breakdowns may be dealt with more quickly. These processes also make for better monitoring of material wear (efficiency is especially emphasised). 2. All-round integration through new generation of global value creation


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países e continentes. Estas novas redes de criação de valor existem em tempo real, permitindo uma transparência integrada e oferecendo elevada flexibilidade. A história de qualquer peça ou produto é registrada e pode ser consultada a qualquer momento, assegurando a rastreabilidade constante (um conceito conhecido como "memória do produto"). Isso cria transparência nas cadeias de valor, melhorando a relação entre fornecedores e clientes. 3. Foco de engenharia ao longo de toda a cadeia de valor, não só no processo de produção, mas também no produto final - ou seja, todo o ciclo de vida do produto. Dados e informações estão disponíveis em todas as fases do ciclo de vida do produto, gerando novos e mais flexíveis processos, definidos a partir da prototipagem e modelação em diversos estágios. 4. Aceleração através de “tecnologias exponenciais”. Estas tecnologias não são novas em termos de desenvolvimento histórico, mas só agora estão a ser aplicadas massivamente, já que os seus custos se reduziram extremamente e o seu poder de computação aumentou significativamente. Alguns exemplos destas tecnologias agora acessíveis são a existência de robots em armazéns plenamente automatizados, a utilização de nano-materiais e nano-sensores, a melhoria da eficiência através de algoritmos genéticos (“aprendizagem de máquina”) ou o uso de impressão 3d (não só na prototipagem, mas também na produção de séries pequenas, altamente customizadas, para o consumidor final). Atualmente, a fabricação convencional oferece vantagens de custo quando os volumes e ciclos de produção são elevados, embora seja provável que isto mude rapidamente (à medida que as máquinas melhoram, os seus preços baixam e dos materiais também). A impressão 3D é, pelo contrário, atraente, mesmo para pequenos volumes. Outra vantagem da impressão 3D, em comparação com a fabricação tradicional, é a sua maior margem para projetos mais complexos, lançamento no mercado mais rápidos (economias no tempo de desenvolvimento) e redução de resíduos, resultando em um processo de fabricação mais eficiente.

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networks, including of business partners and customers, generating new business models and co-operation between countries and continents. These value creation networks are real-time, making for complete transparency and making for considerable flexibility. The history of any part or product is logged and may be consulted at any time, so it may be constantly tracked (a concept known as "product memory"). This creates transparency in value chains, improving relations between suppliers and customers. 3. The focus is on engineering throughout the value chain, not only in the production process, but also the end product - or rather, the whole of the product life cycle. Data and information are available at every phase of the product life cycle, generating new, more flexible processes, defined by means of prototyping and modelling at several stages. 4. Speeding up through “exponential technologies". These technologies are not new in terms of historic development, but only now are they being applied en masse, since they are becoming increasingly cheaper and their computational power has increased significantly. Some examples of these now affordable technologies are robots in fully-automated stores, use of nano-materials and nano-sensors, increased efficiency through genetic algorithms (“machine learning”) and use of 3D printing (not only in prototyping, but also small-scale production, highly customised, for the end consumer). Nowadays, conventional manufacturing offers cost benefits when volumes and production cycles are high, although it is unlikely that this will change in a hurry (insofar as machines are improving, their prices are falling, and so are those of their materials). However, 3D printing is attractive, even for small volumes. Another advantage of 3D printing, compared with traditional manufacturing, is its higher margin for more complex projects, quicker market launch (savings on development time) and reduction in waste, leading to a more efficient manufacturing process.

Esta alteração tecnológica aumentará a competitividade ao longo das cadeias industriais e de certo modo, concentrará as indústrias de novo junto aos mercados clientes (a deslocalização de negócios não irá parar, mas estará mais concentrada na produção para mercados em crescimento do que na procura do custo mais baixo – assim, haverá vantagens de localização na China, Índia e outros países, mas com o objetivo de servir esses mercados).

This technological change will increase competitiveness throughout industrial chains and to a degree, will refocus industries on customer markets (businesses are not going to stop relocating, but will focus more on production for up-and-coming markets then seeking lower-cost ones – accordingly, there will be benefits in the event of relocation to China, India and other countries, rather seeking to serve these markets).

A indústria 4.0 representa uma série de grandes oportunidades para as empresas de caráter industrial. Ela abre novos caminhos para as empresas a integrarem as necessidades e preferências dos seus clientes nos seus processos de desenvolvimento e produção. Contudo, esta revolução exige também um maior foco na preparação de recursos humanos (neste caso muito qualificados) e no repensar dos processos de gestão. Este é, pois, um futuro inevitável.

Industry 4.0 offers a whole host of major opportunities for companies of an industrial nature. It is opening up new channels for companies to integrate their customers' requirements and preferences in their development and production processes. However, this revolution also requires greater focus on preparing human resources (in this case, highly qualified people) and rethinking management processes. Well, this will be inevitable in future.


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A INTERNET DAS COISAS:… NA INDÚSTRIA1 THE INTERNET OF THINGS:… IN INDUSTRY1 Vasco Lagarto * *

CEO TICE.PT

…e mais uma vez as tecnologias de informação comunicação e electrónica…neste caso aplicadas à indústria. Há quem considere esta “fusão” como a quarta revolução industrial tal é o impacto expectável desta “simbiose”!

…once again, information, communications and electronic technologies…this time applied to industry. Some people consider this “merger” as the fourth industrial revolution: such is the anticipated impact of this “symbiosis”!

Já é comum as TICE aparecerem como apoio ao projecto (desenho, visualização, etc) ou integradas nos equipamentos (cad-cam, impressoras 3D,..) de forma a permitirem o seu funcionamento automático e preciso. O desafio actual é a interligação de tudo levando inclusivamente a conceitos de produção distribuída ou hibrida em oposição a uma produção centralizada.

At ICT, it is now commonplace for them to be seen supporting a project (design, visualisation, etc.) or integrated in equipment (CAD/CAM, 3D printers, etc.), being used automatically and accurately. The challenge now is to interconnect everything and combine the concepts of distributed or hybrid production, as opposed to centralised production.

A evolução da electrónica, do software e das comunicações sem fios permite a construção de sensores e actuadores inteligentes, capazes de comunicar entre si, de reagir de forma autónoma e/ou coordenada a estímulos e informação interna ou externa aos processos.

By upgrading electronics, software and wireless communications, we will be able to build intelligent sensors and actuators, capable of communicating with one another, reacting autonomously and/or in a co-ordinated manner to stimuli and information internal or external to processes.

Esta “disrupção digital” que estamos a viver vai abrir oportunidades para novos actores, capazes de inovar de forma rápida e assim ganharem posição no mercado. Esta situação não acontece apenas na industria das TICE mas também nas industrias aparentemente menos tecnológicas. Novos modelos de negócio vão surgir com consequentes novos desafios, mesmo a nível de trabalho2 colocando-nos fortes desafios a todo um processo de qualificação de recursos humanos.

This “digital disruption” which we are seeing is going to open up opportunities for new players, capable of innovating fast and thus taking their place in the market. This situation is not just seen in ICT's industry, but in industries which are apparently less technologically-minded. New business models will appear with consequent new challenges, at work level2, confronting us with the real challenges of a whole human resources qualification process.

A internet das coisas (ou a internet de tudo3) está na base de toda esta “inquietação” ao ligar pessoas, processos, dados, “coisas”,…enfim, tudo! Trata-se de uma nova visão do mundo e da forma como nos vemos e trabalhamos dentro desse mesmo mundo. Há quem estime, que em 2020, teremos mais de 50 mil milhões de dispositivos ligados! Se recuarmos no tempo e fizermos uma analogia com que aconteceu com as comunicações móveis em que a sua utilização cresceu a um ritmo muito mais rápido que o estimado, é bem possível que nos próximos 5 anos os números cresçam a uma velocidade muito mais rápida do que a estimada. Para isso, irá com certeza contribuir a miniaturização dos sensores e a sua crescente redução de preço. Com tantas “coisas” ligadas, surgem de imediato dois desafios: capacidade de tratar a informação gerada de forma a tirar partido dela (big data e data analitics) e segurança!

The Internet of Things (or the Internet of Everything 3 ) is at the heart of all of this “preoccupation” as it connects people, processes, data, “things”, … ultimately, everything! It is a new vision of the world and how we see ourselves working in that world. Some people believe that by 2020, there will be more than 50 thousand million connected devices! If we look back over time and compare ourselves with what happened with mobile communications, inasmuch as their use has increased at a much faster pace than anyone could ever have anticipated, it is quite possible that in the next 5 years, numbers will increase at a much faster pace than anyone could ever have anticipated. Accordingly, it is bound to contribute towards the miniaturisation of sensors and their tumbling price. With so many connected “things”, two challenges will immediately be posed: capacity to process information generated to acquire a stake in it (big data and data analytics) and trust!

A internet das coisas vai alterar por completo os processos de fabrico, os transportes, a forma de trabalho…a nossa vida! Nos próximos anos, a Internet das Coisas vai revolucionar a indústria. Os negócios serão transferidos dos produtos para os serviços. Surgirão novas cadeias de valor resultantes da análise de grandes quantidades de informação produzida pelas “coisas” interligadas. A capacidade de tomar decisões de forma automática e em tempo real será crucial! A Internet das Coisas irá melhorar a eficiência operacional, dará origem a novos processos colaborativos, juntando produtos e serviços para satisfazer as necessidades dos clientes. Nesta linha, as plataformas de software assumem um papel importante ao agregar, processar e trocar a informação entre todos os elementos do ecossistema. Pelo importante papel assim assumido, os “produtores” de plataformas e seus

The Internet of Things is going to transform manufacturing processes, transport, the way we work… our lives! In the next few years, the Internet of Things is going to revolutionise Industry. Business will be transferred from products to services. New value chains will emerge from analysis of the large quantities of information produced by interconnected “things”. Capacity to make decisions automatically and in real time will be crucial! The Internet of Things will increase operational efficiency, and will provide a basis for new, co-operative processes, combining products and services to satisfy customer requirements. Here, software platforms play an important role in collecting, processing and exchanging


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parceiros passam a ter um papel de relevo na produção de novos negócios e de criação de novas cadeias de valor (veja-se por exemplo a Philips, na vertente da iluminação…). Com o elevado número de “coisas” ligadas, várias questões surgem! Umas de caracter técnico, outras mais comportamentais: 1.redes de comunicação-internet do futuro Em muitos casos, a capacidade de comunicação nas redes de acesso (físicas e sem fios) é muito superior às necessidades! Daí o aparecimento de novos protocolos focalizados na transmissão de baixos débitos. (interessante que um dos projectos ancora propostos pelo TICE.PT em 2009 (no primeiro reconhecimento), chamado “trilhos”, abordava precisamente este desafio…mas foi considerado não relevante ….). Com tantas “redes”, a interoperabilidade é um desafio a ultrapassar, não só entre redes mas também entre sistemas de diferentes fornecedores.. No caso específico da indústria, um desafio adicional é colocado à “internet”! a latência tem que ser mínima e mais do que a latência, a sua variação tem que ser …nula. Os processos industriais não se compadecem com as variações e capacidade de adaptação actualmente existentes em serviços como a voz ou vídeo! Ter uma boa rede de comunicação, privada e pública, é fundamental para o sucesso. Neste caso, tanto em termos públicos como em capacidade e conhecimento, Portugal encontra-se numa posição de relevo! 2.Segurança A segurança já é um problema hoje! Com tantas “coisas” ligadas, o problema avoluma-se. Ter a certeza de que se comunica com quem se quer e que se recebe a informação do elemento correcto é um desafio cada vez maior. Para além da segurança das comunicações, a criação de mecanismos de protecção contra os “cyber-attacks” é um dos desafios de maior importância. …e a quem pertence a informação gerada, por exemplo, por uma máquina numa indústria? Questões aparentemente tão simples como esta obrigam a que o próprio poder políctico/legislativo se debruce sobre estas questões antecipando disputas sobre a pertença de dados e da sua utilização. 3.Plataformas de suporte As plataformas de software surgem como elementos de captação, de agregação, processamento e distribuição de informação, assumindo assim um papel importante em todo este processo. Aqui se inclui a análise de informação e a identificação das acções a tomar de acordo com os dados recebidos/processados. Ter uma plataforma “aberta” ou seja sobre a qual se podem desenvolver e criar aplicações/serviços por entidades “terceiras” é um dos factores que permite, por um lado, independência tecnológica e por outro capacidade de encontrar a melhor aplicação para a função em causa.

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information between all of the components of the ecosystem. Through the important role thus assumed, platform “producers” and their partners will assume a relief role in production of new business and creation of new value chains (look, for example, at Philips, the lighting specialist, etc.). With the high number of connected “things”, several issues arise! Some of a technical nature, others more behavioural: 1.Communications networks-Internet of the future In many cases, communications capacity on access networks (physical and wireless) far exceeds requirements! Then new protocols emerge, focussing on low-speed transmission. (interesting that one of the anchor projects proposed by TICE.PT in 2009 (when it was first acknowledged), called “rails”, focussed on this very challenge… but was considered irrelevant, ...). With so many “networks”, interoperability is a challenge to be overcome, not only between networks, but also between systems from different suppliers. In the specific case of Industry, another challenge is the “Internet”! Latency must be kept to a minimum and more than latency, changes in it must be… zero. Industrial processes are unsympathetic towards the changes in capacity to adapt which are now found in services such as voice and video! Having a good communications network, private and public, is fundamental to success. Here, both in terms of the public and capacity for knowledge, Portugal is in a relief position! 2.Security Security is now a real problem! With so many connected “things”, the problem is increasing. Ensuring that you are communicating with the person you want to and that the information is being received how you want it to be is an increasing challenge. In addition to security of communications, creation of mechanisms to protect against “cyber-attacks” is a key challenge. …to whom does the information generated, for example, by a machine in an industry, belong? Issues apparently so simple that they oblige the very political/legislative power to hand the questions over in anticipation of disputes over the ownership of data and how it is used. 3.Support platforms Software platforms are devices for capturing, collecting, processing and distributing information, and thus assume an important role throughout the process. This includes analysis of information and identification of action to be taken according to the data received/processed. Having an “open” platform, or rather, one on which applications/services may be provided by “third party” entities is one of the factors which makes for firstly, technological independence, and


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Cooperação Surgirá uma maior competição. Por um lado, o digital permite chegar “mais longe”, facilitando a criação de um maior numero de alianças comerciais. Mas tal implica uma maior abertura à cooperação entre entidades! Cada vez será mais difícil que um simples actor consiga abranger toda a cadeia de valor! A necessidade de investir no longo prazo em I&DI implica grandes esforços que só podem ser conseguidos através de cooperação entre indústrias e o sistema cientifico (a base de constituição de um cluster…). A forma mais simples de validação dos conceitos, com riscos distribuídos, é precisamente através de grandes projectos (mobilizadores) que permitam validar os conceitos e avançar de forma segura na transformação dos processos. Competências É um facto que as “coisas” ficam cada vez mais inteligentes, com capacidade de obter, processar e enviar informação…e executar (principalmente tarefas repetitivas…) instruções! Entramos na era da robótica, onde pequenas “máquinas” são capazes de fazer melhor, mais rápido e com menos falhas que o ser humano. Uma nova forma de “cooperação” surge: humanos e robots! Para que esta combinação tenha sucesso, o ser humano tem que se focalizar em actividades que possam complementar as funções destes novos “parceiros”. Tal coloca desafios a todo um sistema de formação que tem que ser mais dinâmico, flexível e alinhado com as necessidades do “mercado”! Uma vez que cada vez será mais importante e necessário a execução de acções de maior valor acrescentado (as máquinas vão crescendo também nas suas capacidades..), a aquisição de novos conhecimentos e competências tem que ser agilizada, recorrendo eventualmente a formação mais informal e ágil ou independente como por exemplo o recurso a formação “on-line”. Isto irá obrigar as entidades de formação a criar plataformas de formação contínua em cooperação com a industria e o sistema polictico de forma a produzirem conteúdos relevantes para as satisfazer as competências necessárias. Não esquecer que a crescente introdução do digital vai obrigar a subir, de forma contínua, o nível da “qualificação mínima”.

secondly, capacity to find the best application for the function in concerned. Co-operation Competition will increase. Firstly, digital will take us “further”, so it will be possible to forge more business alliances. But this implies more openness to co-operation between entities! It will become increasingly difficult for a single player to cover the whole of the value chain! The need to invest in the long term in IR&D implies significant effort which can only be obtained through co-operation between industries and the scientific system (based on building a cluster…). The simplest way of approving the concepts, spreading the risks, is precisely through major projects (motivating), which may be used to validate concepts and securely progress towards transforming processes. Skills It is a fact that “things” are becoming increasingly intelligent, with the capacities to obtain, process and send information... and execute (mainly repetitive tasks…) instructions! We are entering a robotic era, in which small “machines” are capable of doing better, and working faster, with fewer mistakes than a human being would make. A new way of “co-operating” is emerging: humans and robots! To make this combination successful, the human being must focus on activities which will complement what these new “partners” do. This will connect the challenges of a whole training system which has to be more dynamic, flexible and in line with “market” needs! Since it is becoming increasingly important and necessary to execute actions which offer more added value (machines are also increasing their capacities, etc.), acquiring new knowledge and skills must become more flexible, if necessary through more informal and flexible or independent training, for example, through the “online” training resource. This will oblige training entities to create ongoing training platforms in conjunction with Industry and the political system to produce relevant content to acquire necessary skills. Do not forget that the increasing introduction of digital will oblige “minimum qualifications” to rise continuously.

Em resumo, a internet das coisas e mais concretamente na Indústria, vai provocar uma nova revolução industrial para a qual nos temos que preparar. Não se trata apenas de um esforço de “re-industrialização” mas sim de uma mudança de paradigma para o qual nos devemos preparar. Não significa que tudo vá acontecer de um momento para o outro, até porque os processos na indústria têm a sua “inércia”! Vai levar tempo…mas temos que aproveitar esse mesmo tempo para preparar o caminho e fundamentalmente para preparar as pessoas com as competências necessárias para serem capazes de responder aos desafios deste futuro próximo.

In summary, the Internet of Things more specifically focusses on industry, and will lead to a new industrial revolution for which we will have to prepare. It is not just about making an effort to “re-industrialise”, but a shift of paradigm for which we will have to prepare. This does not mean that everything is going to happen at one time or another, but that processes in industry have their “inertia”! It is going to take time…but we have to make the most of this time to prepare the way and fundamentally to prepare people with the skills necessary so that they are capable of rising to the challenges of what lies ahead.

Conforme foi referido, a cooperação entre empresas e com o sistema científico é um passo importante para se começar este caminho. A criação deste ambiente é precisamente um dos objectivos dos clusters.

As we have said, co-operation between companies and with the scientific system is a major step towards embarking on this journey. Creating this environment is one of the very aims of clusters.

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1- A maior parte das ideias aqui inseridas são resultado de uma leitura do relatório do “World Economic Forum” com o título “Industrial nternet of Things:unleashing the potential of connected produtcs and services” (http://www3.weforum.org/docs/WEFUSA_IndustrialInternet_Report2015.pdf). Recomendo a leitura atenta deste documento.

1- Most of the ideas contained in this document have come from reading the “World Economic Forum”'s report entitled “Industrial Internet of Things: unleashing the potential of connected products and services” (http://www3.weforum.org/docs/WEFUSA_IndustrialInternet_Report2015.pdf). I recommend reading this document carefully.

2 - http://pplware.sapo.pt/informacao/robos-vao-substituir-profissionais-com-salarios-maisbaixos/

2 - http://pplware.sapo.pt/informacao/robos-vao-substituir-profissionais-com-salarios-maisbaixos/

3 - “Digital Vortex-how digital disruption is redefining industries->http://www.cisco.com/ c/dam/en/us/ solutions/collateral/industry-solutions/digital-vortex-report.pdf

3 - “Digital Vortex-how digital disruption is redefining industries->http://www.cisco.com/c/dam/ en/us/solutions/collateral/industry-solutions/digital-vortex-report.pdf



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DIMENSÕES DA COLABORAÇÃO NA INDÚSTRIA DO FUTURO SCOPE OF CO-OPERATION IN INDUSTRY OF THE FUTURE Elsa Henriques * *

Departamento de Engenharia Mecânica Instituto Superior Técnico

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Os mercados industriais assumem hoje uma natureza volátil, sujeitos a uma concorrência global e a uma exigência de individualização dos produtos e serviços. Embora, nenhum destes conceitos seja na sua essência uma novidade, a velocidade com que os mercados atualmente se alteram e o potencial disponibilizado pelos novos desenvolvimentos tecnológicos apontam para a emergência rápida de uma nova era industrial caracterizada pela automação digital da produção, cimentada na eletrónica, nas tecnologias de comunicação e, em última análise, no poder computacional disponível.

Nowadays, industrial markets are becoming volatile by nature, subject to global competition and a requirement to make their products and services stand out. Now, none of these concepts is in essence a novelty; the speed with which markets are now changing and the potential being made available through the development of new technologies are rapidly taking us into a new industrial era characterised by digital automation of production, founded on electronics, communications technologies and according to a recent analysis, computer power available.

Para competir com sucesso num ambiente complexo e dinâmico, o conhecimento, as novas tecnologias e a inovação são apontados como três fatores críticos que, pelas suas correlações, devem ser geridos de forma integrada. Mas sem dúvida que num contexto de elevado custo do trabalho, a evolução continuada da produtividade continua a manter-se como um pilar competitivo. Se a produtividade pode ser definida simplesmente como uma relação entre consumos e resultados, o seu aumento envolve múltiplos fatores, desde a tecnologia disponível, a regulação e a concorrência, aos processos produtivos, ao capital humano e à gestão. As novas tecnologias e, em particular, as tecnologias da informação e comunicação são correntemente associadas a aumentos da produtividade. Contudo, esse impacto é normalmente diferido face ao instante da sua introdução, uma vez que é exigida a endogeneização de novo conhecimento e a transformação e adaptação da empresa a essas novas tecnologias. De facto, o aumento da produtividade resulta não apenas da eletrónica, dos circuitos integrados e da potência computacional, mas também (essencialmente…) da inovação organizacional que proporcionam. Tal significa que explorar com sucesso competitivo o potencial da transformação industrial em curso implica muito mais do que acompanhar a evolução tecnológica numa perspetiva simplista de aquisição de equipamentos e sistemas de automação, softwares ou sistemas de planeamento e controlo. Envolve repensar a organização, os processos, a sustentabilidade, a interação com fornecedores e parceiros e a satisfação do cliente. Uma cadeia de valor significará cada vez mais uma rede inteligente de sistemas e processos onde os intervenientes colaboram para um objetivo comum. Neste contexto, num estudo financiado pelo estado alemão, foi recentemente cunhado o termo “Indústria 4.0” para exprimir de forma simples a próxima revolução industrial. Ultrapassando claramente os inerentes desafios tecnológicos, a transformação em curso, como prefiro referi-la, modificará significativamente as estruturas organizacionais das empresas industriais. Em particular, são referidos alguns pilares que suportarão essa indústria do futuro e que, de uma forma direta ou indireta, envolverão sempre componentes de transformação tecnológica e organizacional (Kagermann, 2013):

To successfully compete in a complex, dynamic environment, know-how, new technologies and innovation are founded on three critical factors which, by virtue of their correlations, must be managed in an integrated way. But no doubt this will be in a context of high employment cost, with the ongoing rise in productivity to be maintained as a pillar of competition. Although productivity can be defined merely as a relationship between consumption and results, increasing it involves many factors, from technology available, to regulation and competition, to production processes, to human capital and management. New technologies, and in particular, information and communications technologies, are now associated with increased productivity. However, this impact is normally deferred as soon as it is introduced, since new knowledge needs to be made endogenous and the company needs to change and adapt to these new technologies. De facto, increased productivity does not just come about through electronics, integrated circuits and computer power, but also (essentially…) from innovation within the organisation which provides it. This means that successfully and competitively exploring the potential for the industrial transformation currently under way implies much more than playing a part in technological upgrade, in a simplistic desire to acquire equipment and systems for automation, software or systems for planning and control. It involves rethinking the organisation, processes, sustainability, interaction with suppliers and partners and customer satisfaction. A value chain will increasingly mean an intelligent network of systems and processes in which operators co-operate towards a common objective. In this context, in a financial survey by the German government, the term “Industry 4.0” was recently coined to express the next industrial revolution simply. Clearly overcoming the inherent technological challenges, the transformation under way, as I prefer to call it, will significantly change the organisational structures of industrial companies. In particular, some pillars are mentioned which will support this industry of the future and which, directly or indirectly, will always involve components of technological and organisational transformation (Kagermann, 2013): • New scope in socio-technical interaction between all players and resources involved in the “intelligent factory”. This means networks of distributed and autonomous resources, capable of acknowledging different situations, reconfiguring and controlling themselves, integrating engi-



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• Novas dimensões na interação socio-técnica entre todos os atores e recursos envolvidos na “fábrica inteligente”. Tal significa redes de recursos distribuídos e autónomos, capazes de reconhecer diferentes situações, de se reconfigurarem e controlarem, integrando capacidades de engenharia e planeamento na cadeia de valor alargada a fornecedores, parceiros e clientes. • Produtos inteligentes, identificáveis, com memória e sempre localizáveis. Os produtos em curso conhecem os detalhes dos seus processos de fabrico, podendo assim interagir com a “fábrica inteligente” e assumir um papel ativo no controlo da produção. Os produtos acabados conhecem as suas condições de funcionamento e reconhecem estados de degradação e desgaste durante o seu ciclo de vida. • Produtos individualizados ao longo do ciclo de vida, desde o design, planeamento, produção, utilização e fim-de-vida, com características personalizadas. A “fábrica inteligente”, suportada em sistemas com capacidades de reconfiguração flexível viabiliza as muito pequenas séries, a incorporação de alterações de requisitos do produto e, em última análise, a sua individualização. • Controlo autónomo e configuração da rede de recursos inteligentes e das etapas da produção realizado pelos recursos humanos com base no estado de condição do sistema e em objetivos sensíveis ao contexto. Os recursos humanos mantêm assim um papel nuclear focados em atividades criativas e de valor acrescentado mas libertados das tarefas de rotina. • Informação e dados relacionados com o produto acompanharão o seu ciclo de vida e serão centrais na sua gestão. Tal implicará a expansão da infraestrutura de rede e a especificação de segurança e níveis serviço que permitam aplicações e serviços de processamento e análise de dados sempre disponíveis. Uma característica que parece inerente à mudança organizacional preconizada pelo paradigma “Indústria 4.0” relaciona-se com a importância assumida pela colaboração, estendendo-se o conceito para englobar, a um nível macro, a cooperação entre empresas e, a um nível mais fino, a colaboração entre os humanos e os sistemas produtivos (ou, como passaram a ser referidos, os sistemas ciber-físicos de produção). Existem mesmo alguma perceção de que os ganhos de produtividade esperados na transformação industrial irão resultar da nova dimensão que a colaboração pode alcançar nas suas vertentes de comunicação, coordenação e cooperação. De facto, se analisarmos a indústria atual encontramos inúmeras situações onde a deficiente comunicação intra e inter empresas é responsável por perdas de produtividade. Sem pretender ser exaustiva, aponta-se a comunicação pobre com clientes e parceiros, que implica a execução de trabalho com especificações desatualizadas ou pouco definidas ou a incapacidade de acompanhar o desempenho do molde (definido como um produto) e as condições da sua utilização em serviço. Mas também dentro da empresa se pode apontar a comunicação ineficiente como uma causa primária para as dificuldades inerentes ao planeamento e controlo da produção na indústria de Engineering & Tooling. De facto, o dinamismo e a complexidade da produção implicam um esforço significativo na recolha da informação. Quando essa informação é disponibilizada e alimenta o planeamento, a realidade já foi alterada, levando a que decisões fundadas nesse planeamento percam o seu grau de oportunidade. A decisão é então tomada de forma tácita e local, sem uma adequada perceção da sua influência global e, como tal, com risco elevado de não se optar pela alternativa mais adequada. Também na fase de design as decisões são frequentemente tomadas

F – Dimensões e efeitos da “Indústria 4.0” na colaboração industrial. Adaptado de Schuh et al. (2014) F – Scope and effects of “Industry 4.0” in industrial co-operation. Adapted from Schuh et al. (2014)

neering and planning capacities in the value chain extended to suppliers, partners and customers. • Intelligent. identifiable products, with memory, ones which are always easy to locate. Products in progress are seeing their manufacturing processes becoming much more complicated, and are thus able to interact with the “intelligent factory” and assume an active role in production control. Finished products are being used to the full and are seeing damage and wear during their life cycle. • Products which stand out throughout their life cycle, from design, planning, production and use to end-of-life, with custom specifications. The “intelligent factory”, supported in systems with flexible reconfiguration capacities, is making very small production runs profitable, incorporating changes of product requirements and, in the latest analysis, making them stand out. • Autonomous control and configuration of the intelligent resources and phases of production undertaken by human resources based on system status and context-sensitive objectives. Human resources thus maintain a key role, focussing on creative activities with added value, yet free of routine tasks. • Information and data relating to the product will help it through its life cycle and will be central to its management. This will imply expanding the network infrastructure and security specifications and service levels which enable processing applications and services and ever-available data analysis. One feature which appears inherent to the organisational change recommended by the “Industry 4.0” paradigm is related to the importance assumed by co-operation, the concept extending to cover, on a macro level, co-operation between companies and, at a finer level, co-operation between humans and production systems (or, as they will become known, cyber-physical production systems). There is even a certain perception that the gains in productivity expected in the industrial transformation will result from the new scope which the co-operation may attain through the potential of its communications, co-ordination and co-operation. De facto, if we analyse current industry, we find countless situations in which deficient intra- and inter-company communications are responsible for losses of productivity. Non-exhaustively, we note poor communications with customers and partners, which imply doing work with specifications which are outdated or ill-defined or inability to help to produce a mould (defined as a product) and conditions for its use in service But also within



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de forma pouco informada e com base em critérios restritos, sem a ponderação clara dos seus impactos no processo de fabrico, no desempenho do produto e na satisfação do cliente. O intervalo temporal entre a recolha da informação e a sua interpretação ajuizada pode ser colmatado com base nos sistemas ciber-físicos típicos da “Indústria 4.0”. Não apenas a omnipresença de sensores baratos permitirá obter informação imediata com a granularidade requerida sobre o estado atual, como também a análise e antecipação dos efeitos de decisões locais no contexto global será facilitada com soluções de simulação com base em dados reais. A coordenação dos recursos envolvidos num processo de colaboração é crítica, especialmente quando unidades produtivas independentes, ou múltiplos produtos, competem por recursos limitados. Tradicionalmente este problema é abordado recorrendo a processos de negociação e controlo, que para além de difíceis são frequentes fontes de conflito. Mais ainda, a coordenação depara-se com as dificuldades inerentes a múltiplos protocolos e interfaces, que dificultam coordenação de colaborações ad-hoc. Os sistemas ciber-físicos da Indústria 4.0 reconhecem o contexto onde se encontram, permitem a conexão autonomamente entre si e possuem formas coerentes e comuns de reporte, facilitando a criação rápida de novos sistemas temporários de produção. Nesse sentido facilitarão a coordenação de qualquer trabalho colaborativo. A atividade produtiva possui por excelência uma natureza cooperativa no sentido em que múltiplos atores desenvolvem um conjunto de ações conjuntas que partilham recursos, perspetivando benefícios e objetivos comuns. Essa cooperação envolve recursos multi-funcionais e competências multi-disciplinares capazes de lidar com a complexidade dos produtos e dos sistemas industriais. É esperado que os sistemas ciber-fisicos em desenvolvimento elevem essa cooperação intra e inter-empresas, à medida que a interação entre os sistemas e entre os produtos e os equipamentos evolua. De facto, a integração do mundo virtual e real tenderá a facilitar a cooperação de uma forma mais independente da distância física. A interligação estará presente não apenas entre as diferentes unidades funcionais e os processos relevantes de gestão do negócio, como também externamente com os parceiros na cadeia de valor. Certamente que os aspetos referidos revelam essencialmente uma visão futura, mas na realidade a transformação está a acontecer e irá ter efeitos nas pequenas e médias empresas da indústria de Engineering & Tooling. Não é ainda claro qual será esse efeito. Poder-se-á intuir que os moldes e ferramentas serão mais eficientes e mais inteligentes, no sentido de controlarem as suas condições em serviço, avaliarem o seu estado de condição e predizerem as suas necessidades de manutenção; especular sobre equipamentos interligados capazes de se autocontrolarem e aprenderem as melhores estratégias para gerar as geometrias de acordo com as especificações; imaginar sistemas de planeamento e controlo alimentados por dados em tempo real, capazes avaliar contingências e de replanear de forma coerente e eficaz; pressentir exigências de supervisão automática dos processos de design e produção por parte de parceiros e clientes; conjeturar sobre um contexto onde a qualidade é garantida e não há espaço para testes e ensaios mal sucedidos. Contudo, as incertezas sobre os efeitos da transformação em curso, que são na sua essência potenciados pela proliferação da eletrónica, dos microprocessadores, dos sensores e pela potência computacional disponível, não pode significar inação. Uma perspetiva pode ser assumida: muito mais do que mudanças nos

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the company, we note inefficient communications as a primary cause of difficulties inherent to planning and control of production in the Engineering & Tooling industry. De facto, dynamism and complexity of production imply putting significant effort into collecting information. When this information is made available and feeds planning, we find that the reality has changed, and decisions founded on this planning waste a real opportunity. The decision is then made automatically and locally, without adequate perception of its overall influence, and as such, there is a high risk that the most appropriate alternative will not be chosen. Furthermore, during the design phase, decisions are frequently ill-informed, based on restricted criteria, with no clear consideration of their impact on the manufacturing process, product performance and customer satisfaction. The period of time between collecting the information and its judged interpretation may be remedied based on the typical cyber-physical systems of “Industry 4.0”. Not only will the omnipresence of cheap sensors enable us to obtain immediate information with the required granularity on current status, but also analysis and anticipation of the effects of local decisions in the global context will be facilitated with simulation solutions based on real data. Co-ordination of the resources involved in a co-operation process is critical, especially when independent production units, or multiple products, compete for limited resources. Traditionally, this problem is covered by resorting to negotiation and control processes, which, although difficult, are common causes of conflict. And, co-ordination is confronted with the difficulties inherent to multiple protocols and interfaces, which make co-ordinating ad hoc co-operation difficult. The cyber-physical systems of Industry 4.0 acknowledge the context in which they find themselves: they enable autonomous connection to one another and have consistent, common ways of reporting, enabling fast creation of new, temporary production systems. Accordingly, they will enable co-ordination of any co-operative work. Par excellence, production activity is of a co-operative nature insofar as many players undertake a set of joint actions which share resources, foreseeing common benefits and objectives. This co-operation involves multifunctional resources and multi-disciplinary skills capable of coping with the complexity of products and industrial systems. It is hoped that cyberphysical systems being developed will promote this intra- and inter-company co-operation, insofar as the interaction between systems and between products and equipment will change. De facto, integrating the virtual and the real worlds will tend to facilitate co-operation in a way which does not have so much to do with physical distance. Interconnection is present not only between different functional units and relevant business management processes, but also externally with partners in the value chain. It is clear that said aspects essentially reveal a future vision, but in reality, the transformation is taking place and is going to have effects on small- and medium-sized companies in the Engineering & Tooling industry. What this effect will be remains unclear. Some might say that moulds and tools will be more efficient and more intelligent, inasmuch as they will control their conditions in service, will assess their status and will predict their need for maintenance; speculating on interconnected equipment capable of selfcontrol and learning the best strategies for generating geometry in line with specifications; imaging planning and control systems fed by data in real time, capable of assessing contingencies and consistently and effectively replanning; foreseeing requirements for automatic supervision of design and production processes by partners and customers; guessing on a context in which quality is guaranteed and there is no space for poorly conducted tests and trials. However, uncertainties as to the effects of the transformation under way, which are in their essence empowered by the proliferation of electronics, microprocessors, sensors and computer power available, cannot mean inaction.


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ativos tecnológicos, a transformação envolverá mudanças organizacionais significativas e alargará o âmbito da colaboração entre unidades funcionais dentro da empresa, entre a empresa e os seus parceiros e clientes e entre operadores e equipamentos, até porque as barreiras tecnológicas que têm em larga medida dificultado a interação tenderão a esbater-se e os ganhos de produtividade acontecerão essencialmente como resultado dessa colaboração.

A forecast may be assumed: much more than changes in our technological assets, the transformation will involve significant organisational changes and will widen the scope of co-operation between functional units within the company, between the company and its partners and customers and between operators and equipment; after all, technological barriers which have to a large extent made interaction difficult will tend to blur and increases in productivity will be seen, essentially as a result of this co-operation.

Contudo, importa salientar que desenvolver uma organização colaborativa implica promover lideranças e capacidades de decisão distribuídas. No mundo em rede e no contexto colaborativo da “Indústria 4.0”, a importância do fator humano ganhará um novo significado, na medida em que estará envolvido na configuração do sistema produtivo e no design, na instalação e manutenção dos sistemas ciber-físicos, para além ser determinante na definição das lógicas e regras de produção e estar envolvido nos processos de decisão colaborativa.

However, it is important to point out that developing a co-operative organisation implies promoting leadership and distributed decision-making capacities. In the network world and in the co-operative context of “Industry 4.0”, the importance of the human factor will acquire a new meaning, insofar as it will be involved in the configuration of the production system and design, installation and maintenance of cyber-physical systems, even becoming a determining factor when it comes to defining production logics and rules and being involved in co-operative decision-making processes.

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Kagermann, H., Wahlster, W., Helbig, J. (2013) Recommendations for implementing the strategic initiative Industry, ACATECH

Kagermann, H., Wahlster, W., Helbig, J. (2013) Recommendations for implementing the strategic initiative Industry, ACATECH

Schuh, G., Potente,T., Varandani, R., Hausberg, C., Fränken, B. (2014) Collaboration Moves Productivity To The Next Level, in Procedia CIRP 17, pp 3 – 8.

Schuh, G., Potente,T., Varandani, R., Hausberg, C., Fränken, B. (2014) Collaboration Moves Productivity To The Next Level, in Procedia CIRP 17, pp 3 – 8.


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A INDÚSTRIA 4.0 E A DIGITALIZAÇÃO NO ENGINEERING & TOOLING INDUSTRY 4.0 AND DIGITALISATION IN ENGINEERING & TOOLING António Baptista1, Nuno Fidelis1, Rui Soares1, Alberto Silva2, Carlos Silva3, Hugo Rosa4, Jorge Ferreira5, Pedro Oliveira6 1

CENTIMFE, 2 ABRANTES, 3 SIMOLDES, 4 MOLDES RP, 5 INTERMOLDE, 6 GLN MOLDS

A evolução tecnológica e as tecnologias de informação proporcionam uma rápida disponibilidade de informação sobre diferentes áreas e matérias técnicas ou sociais a nível global. No entanto, existem alguns desafios no processamento e organização de toda esta informação de forma correta e, acima de tudo, dificuldade em valorizá-la. Como exemplo encontramos hoje referências à Quarta Revolução Industrial, à Industria 4.0, à digitalização industrial, IoT (Internet of Things) e outros tópicos que não é possível reconhecer de imediato e cujos conceitos e significados são difíceis de compreender na sua totalidade. O conceito da Indústria 4.0 surgiu na Alemanha pela discussão de soluções para aumentar a produtividade na indústria. O mesmo ocorreu nos Estados Unidos, onde foram tomadas medidas para re-industrializar o país em sectores críticos, e outros países como a Itália, o Reino Unido e o Canadá seguem a mesma direção. A nova revolução industrial estabelece novos paradigmas de desenvolvimento, organização e produção e introduz a integração entre sistemas digitais, mecânicos e de automação. Este conceito envolve novas soluções tecnológicas que, agregadas, permitem estruturar toda a produção em ambiente digital, prevendo possíveis congestionamentos ou dificuldades, permitindo reduzir os custos de forma mais consistente, antes mesmo do início da operação, possibilita a criação e teste das soluções ou da produção em ambiente virtual reduzindo a utilização de protótipos físicos e de recursos. Este conceito exige que as empresas olhem para a digitalização como uma nova etapa, e que desenvolvam as políticas necessárias para a adoção de novas tecnologias na sua cadeia produtiva, procurando aumentar a sua competitividade e dinamizando benefícios para toda a economia envolvente. O conceito da Indústria 4.0 está a ganhar cada vez mais atenção no Setor de Engineering & Tooling (E&T), e reforça a necessidade do uso de tecnologias de produção recentes e flexíveis, e a sua integração com as tecnologias de informação e comunicação. Segundo este conceito as fábricas passam a ser mais flexíveis e eficientes, unindo rapidez, baixo custo e níveis mais elevados de qualidade, promovendo novos postos de trabalho e altamente qualificados. As empresas do E&T têm ao longo dos anos actualizado os seus sistemas, estimuladas quer pela necessidade de responder ao cliente de uma forma mais eficiente, quer pela necessidade de melhorar a sua eficiência e dos seus processos. Estas empresas recorreram a soluções desenvolvidas internamente ou a soluções de mercado já demonstradas noutros sectores conhecidos, procurando assistência robusta para dinamizar as melhorias procuradas. No entanto, algumas empresas ainda estão relutantes nesta tipologia de investimento, principalmente devido a questões de confidencialidade e segurança dos dados, questões muito

Upgrade of technology and information technologies makes for rapid availability of information on different technical or social areas and matters globally. However, there are a few challenges when it comes to processing and organising all of this information correctly and above all, difficulty assessing it. For example, today, we find references to the Fourth Industrial Revolution, Industry 4.0, industrial digitalisation, IoT (Internet of Things) and other topics which it is not possible to acknowledge immediately, whose concepts and meanings are difficult to fully understand. The concept of Industry 4.0 arose in Germany through discussion of solutions to increase productivity in industry. The same thing happened in the United States, where measures were taken to reindustrialise the country in critical sectors, and other countries such as Italy, the United Kingdom and Canada are going in the same direction. The new industrial revolution establishes new paradigms in development, organisation and production and introduces integration between digitial and mechanical systems and automation. This concept involves new technological solutions which, collectively, may be used to structure the whole of production in a digital environment, preventing possible congestion or difficulties, and thus reducing costs more consistently, before the operation even begins, enabling the creation and testing of solutions or production in a virtual environment, reducing use of physical prototypes and resources. This concept requires that companies look upon digitalisation as a new step, and develop the policies necessary for backing up new technologies in their production chain, managing to increase their competitiveness and dynamising benefits for the whole of the surrounding economy. The concept of Industry 4.0 seeks to focus more and more attention on the Engineering & Tooling (E&T) Sector, and increases the need to use recent, flexible production technologies, and integrate them into information and communications technologies. According to this concept, factories become more flexible and efficient, combining speed, low cost and higher levels of quality, promoting new, highly qualified posts. Over the years, companies in E&T have upgraded their systems, stimulated either by the need to respond to the customer more effectively, or the need to increase their efficiency and their processes. These companies turn to internationally-developed solutions or market solutions which have already been demonstrated in other known sectors, providing robust support to dynamise improvements made. However, some companies are still reluctant to make this type of investment, mainly because of data confidentiality and security issues, issues which are absolutely critical to the customer market, especially the automotive industry.

Upgrade to CAD/CAE/CAM in E&T The rapid development of CAD/CAM technology and perfecting of software and hardware provide a powerful technical medium in the Enginee-


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críticas para o mercado cliente, em particular a indústria automóvel.

A evolução do CAD/CAE/CAM no E&T O rápido desenvolvimento da tecnologia CAD / CAM e o aperfeiçoamento do software e do hardware forneceram um suporte técnico forte à indústria do Engineering and Tooling e deram um forte impulso na qualidade do desenvolvimento de produto, fabricação e nível de produção nas empresas. Tornou-se a opção ideal para a informatização, integração e networking nas empresas de moldes. A conceção tradicional de projeto de moldes tradicional dependia fortemente de processos manuais, design de soluções baseadas na experiência, minimizando o número de soluções e sendo de difícil otimização. Era também impossível realizar análises mecânicas complicadas, realizar cálculos dinâmicos precisos, resultando facilmente em erros, e com muito tempo consumido na fase de projeto e desenho de componentes, e de montagem, caracterizando-se ainda por baixa replicabilidade, elevado tempo de projeto e baixa eficiência. Assim, o projeto de moldes tradicional baseava-se no trabalho e em procedimentos manuais que foram sendo insuficientes para responder às necessidades das empresas de moldes. O rápido desenvolvimento da tecnologia informática e das tecnologias de fabricação proporcionaram as condições para encurtar o tempo de projeto de componentes e moldes, o tempo de fabricação e a melhoria da qualidade de fabricação. A tecnologia de moldes foi migrando gradualmente do projeto manual, baseado na experiência manual para as tecnologias CAD/CAE/CAM (projeto, engenharia e fabricação assistida por computa-

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ring and Tooling industry and provide considerable impulse for quality of product development, manufacturing and the level of production in companies. They provide the ideal option for computerisation, integration and networking in mould companies. The traditional design of a traditional mould project used to largely depend on manual processes, design of solutions based on experience, and minimising the number of solutions, ones difficult to optimise. It was also impossible to carry out complicated mechanical analyses, and perform accurate dynamic calculations, which would easily lead to errors, with a lot of time wasted during the project and component design phase, and the assembly phase, further characterised by little replicability, significant time on the project and low efficiency. Thus, the traditional moulds project was based on manual work and procedures which were insufficient to meet the needs of mould companies. The rapid development of information technology and manufacturing technologies will provide the conditions to reduce components and moulds project time, and time spent manufacturing and improving manufacturing quality. Mould technology was gradually migrating from a manual project, based on manual experience, to CAD/CAE/CAM technologies (project, engineering and computer-assisted manufacture). Historically, it is acknowledged that the moulds industry was the pioneer in computer-assisted project technology in Portugal, later using integrated CAD/CAE/CAM systems to develop moulds. Simulators based on analysis of finite elements are used to foresee the behaviour of components and how moulds work, resorting to advanced knowledge and historic data. Or rather, all of the "intelligence" incorporated comes from collecting data and equating it to logic algorithms used to foresee behaviour in the future. The stan-


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dor). Historicamente reconhece-se que a indústria de moldes foi pioneira na implementação a tecnologia de projeto assistido por computador em Portugal, utilizando mais tarde sistemas integrados CAD/CAE/CAM no desenvolvimento de moldes. Os simuladores com base na análise de elementos finitos permitem prever o comportamento dos componentes e o funcionamento do molde, recorrendo a conhecimento avançado e dados históricos. Ou seja, toda a "inteligência" incorporada resulta da recolha de dados e a sua equação em algoritmos lógicos que permite prever comportamentos no futuro. A estandardização e a facilidade de uso das ferramentas de CAD, CAE, CAM têm permitido uma maior dinâmica de utilização e aplicação destas tecnologias no sector. As empresas do E&T adotaram ativamente as metodologias de Engenharia Simultânea/ Concorrente (EC), combinando recursos humanos, tecnologia e gestão para integrar pessoas, tecnologia, informação e recursos, formando um fluxo complexo de logística e de informação. Isto permite aos projetistas considerar todas as necessidades do ciclo de vida do produto, durante a fase de conceção. A dinamização do trabalho colaborativo permite tirar vantagens dos sistemas, permitindo aos utilizadores desenvolver um projeto e uma análise mais compreensível e profissional, indo de encontro à tendência da produção global através da implementação de engenharia e inovação de produto, verdadeira integração e partilha de recursos. Esta metodologia foi demonstrada pelo projeto Round the Clock que permitiu o desenvolvimento de produto em trabalho colaborativo contínuo tirando vantagem das diferenças horárias entre Europa, China e México. A variedade de meios de processamento via hardware e software, torna possível a virtualização e a sensação de realismo que facilita a criatividade dos designers e engenheiros. A combinação da tecnologia de realidade virtual, tecnologia multimédia e tecnologia de simulação computacional permite hoje às empresas atingir resultados de simulação de design de produto, projeto de molde e processo de fabricação impressionantes, que estão à disposição das empresas de E&T.

Sistemas de controlo e gestão na produção No passado muitas empresas do E&T realizaram investimentos para melhorar os seus sistemas de informação e comunicação e introduziram as bases para os novos sistemas de controlo e gestão produtivos, que mais ou menos automatizados tiveram como principal objectivo elevar o nível de produtividade. Como exemplo refira-se a aplicação para monitorizar o estado de cada máquina sem recurso a intervenção humana. Esta abordagem era considerada muito avançada para a altura, proporcionava informações importantes aos responsáveis, mas estava limitada pela dificuldade de recolha dos dados a partir dos equipamentos, estando confinada a alguns componentes como a árvore ou os eixos. Mais tarde, e com alguma evolução nos sistemas informáticos, passouse a obter dados através da conjugação de sinais de diferentes fontes como avanços, esforços e potências na expectativa de maior fiabilidade. De referir que há 20 anos os dados eram sobretudo analógicos e que essa informação era tratada com hardware que convertia todos esses sinais analógicos em sinais digitais que posteriormente eram guardados em bases de dados, considerando-se um “pesadelo” a sua manipulação com os computadores da altura. Apesar de tudo, as aplicações foram evoluindo no sentido de mitigar algumas dificuldades, procurando sempre a independência da intervenção humana e “bebendo” informação de softwares em uso, como por exemplo softwares de apuramento de custos, rastreando o trabalho em cada equipamento, e esta evolução da tecnologia tornou possível observar e monitorizar um largo espectro de equipamentos produtivos.

F1 – Estação de trabalho integrado. F1 – Integrated workstation.

dardisation and ease of use of CAD, CAE and CAM tools has led to increased dynamics of use and application of these technologies in the sector. Companies in E&T will actively adopt Simultaneous Concurrent Engineering (EC) methods, combining human resources, technology and management to integrate people, technology, information and resources, forming a complex flow of logistics and information. This will enable project managers to consider all of the needs of the product life cycle, during the design phase. Dynamisation of co-operative work will enable us to reap the benefits of the systems, enabling users to develop a project and much more understandable and professional analysis, from finding to the global production trend by implementing product engineering and innovation, real integration and sharing of resources. This method was demonstrated by the Round the Clock project, which enabled product development through continuous co-operative work, reaping the benefits of the different time zones in Europe, China and Mexico. The variety of media for processing via hardware and software make it possible to virtualise and sense the realism which will enable creativity amongst designers and engineers. The combination of virtual reality technology, multimedia technology and computational simulation technology is now making it possible for companies to achieve results from simulation of product design, the mould project and impressive manufacturing processes, which are available to E&T companies.

Production control and management systems In the past, many E&T companies used to invest in improving their information and communication systems and introduce bases for new production control and management systems, automated to a greater or lesser extent, their main objective to increase the level of productivity. An example is the application for monitoring each machine's status without resorting to human intervention. This coverage was considered highly advanced at the time: it provided important information to managers, but was limited due to the difficulty of collecting data from equipment, being confined to a few components such as the shaft or axles. Later, and with some computer system upgrades, data was obtained through the linking of signals from different sources such as advancements, efforts and potentials in the hope of increased reliability. It is worth mentioning that 20 years ago, data was essentially analogue and that this information was processed using hardware which converted all of these analogue signals into digital signals which were then kept on databases, handling them with the computers of the time considered a “nightmare”. Despite this, applications were changing in the sense that they


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“Os avanços na informática, electrónica e comunicação da última década permitem a disponibilidade de outros recursos, atribuatributos e capacidades diferenciadas aos diferentes equipamentos, o que conjugado com o desenvolvimento das redes sem fios torna possível o acompanhamento dos trabalhos em qualquer local do mundo.” Jorge Ferreira/ INTERMOLDE

A integração de equipamentos A evolução das tecnologias permitiu a associação e a integração de equipamentos, iniciando-se este processo com as células para fabrico de eléctrodos. Estas eram essencialmente compostas por um centro de maquinação, erosões de penetração, sistema de medição, armazém de elétrodos e um robot, sendo tudo controlado pelo mesmo software. Atualmente, um sistema com esta tipologia permite que todo o processo seja desenhado e desenvolvido durante a fase de estudo do elétrodo, concentrando assim a definição de todo o processo de erosão no momento em que este é desenhado. Com esta integração num único posto de trabalho é possível atingir a jusante uma grande automatização dos processos, automatização esta que não significa apenas processos autónomos executados por máquinas, mas sim que estes ocorrem com uma probabilidade de erro muito baixa ou quase nula. Os elétrodos são maquinados e medidos, e são realizados os programas de erosão com os parâmetros previamente definidos sem possibilidade de alteração durante os diferentes processos do fabrico.

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were able to mitigate some difficulties, always seeking to do away with human intervention and “drinking” information from software in use, such as, for example, software for establishing costs, tracking work on each piece of equipment, and this technological upgrade made it possible to observe and monitor a whole spectrum of production equipment. “Advances in information technology, electronics and communicommunications in the last decade have made other resources, attributes and capacities available, unique to different equipment, which, combined with development of wireness networks, makes it pospossible to support work anywhere in the world.” Jorge Ferreira/INTERMOLDE

Equipment integration Technological upgrade has led to the association and integration of equipment, this process beginning with cells for the manufacture of electrodes. These are essentially comprised of a machining centre, penetration erosions, a measuring system, an electrode store and a robot, all controlled by the same software. Currently, a system of this type means that the whole process is designed and developed during the electrode study phase, thus concentrating on defining the whole of the erosion process when it is designed. With this integration into a single workstation, it is possible, downstream, to achieve largely automated processes, this automation not only leading to autonomous processes done by machines, but resulting in much less, or even zero, margin for error. . The electrodes are machined and measured and erosion programs are produced with pre-defined pa-


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“Quando um elétrodo é projetado na fase do CAD, são já definidefinidos todos os parâmetros de erosão, nomeadamente: Material, GAP e Acabamento de superfície. São também definidos os ponpontos de controlo importantes para garantir a qualidade do elétrodo e são também elaborados os programas de CNC para o fabrico do elétrodo, processo onde são utilizadas macros que permitem calcular as trajetórias de uma forma quase automática.” Pedro Oliveira/ GLN MOLDS

A estandardização Ao longo dos anos a indústria E&T ambicionou pela fabricação inteligente, o que apenas se consegue pelo investimento na estandardização dos processos, componentes e procedimentos, e pela adequada preparação e simulação. Os avanços nos sistemas de controlo numérico computorizado (CNC) e na distribuição de programas de maquinagem (DNC), nos sistemas de CAD, CAM, e CAE; a introdução da fresagem de alta velocidade (HSM) e da fresagem a 5 eixos associada ao conhecimento e domínio das tecnologias tornaram as operações mais previsíveis e com elevado grau de repetibilidade. Por outro lado, reconhece-se que toda a "inteligência" associada à gestão dos processos resulta da recolha e tratamento sistemático de dados, e a sua equação em algoritmos lógicos permitem prever comportamentos no futuro e automatizar quase todas as operações e processos de fabrico dos moldes e componentes.

F2 – Célula produtiva implementada na Moldes RP. F2 – Production cell implemented at Moldes RP.

rameters so that there is no chance of anything changing during the different manufacturing processes. “When an electrode is projected during the CAD phase, all erosion parameters are already defined, namely: Material, GAP and SurSurface finishing. Key control points for guaranteeing electrode quaquality are also defined and CNC programs are also developed for electrode manufacture, a process in which macros are used to calculate trajectories almost automatically.“ Pedro Oliveira/GLN MOLDS Standardisation

As soluções de Lean Manufacturing com introdução da estandardização das soluções sejam processos, metodologias ou ferramentas são um caminho a percorrer pelo sector, reconhecendo-se que muitas empresas já iniciaram este caminho, tendo criado os seus próprios sistemas estandardizados. Refiram-se aqui os sistemas de gestão de informação, as soluções paperless, as soluções estandardizadas de projeto e/ou de fabrico, e os novos processos de fabrico como o Fabrico Aditivo os quais contribuem para redução de tempo de desenvolvimento, redução do tempo de produção e aumento da qualidade, e dessa forma para o aumento da disponibilidade dos recursos produtivos para outras produções.

Over the years, the E&T industry's ambition has been intelligent manufacturing, which will only be achieved through investment in standardising processes, components and procedures, and adequate preparation and simulation. Advances in computerised numerical control (CNC) systems and distribution of machining programs (DNC), on CAD, CAM and CAE systems; the introduction of high speed milling (HSM) and 5-axis milling associated with knowledge and mastery of technologies will speed up the most foreseeable operations with considerable repeatability. Secondly, it is acknowledged that all of the "intelligence" associated with managing processes results from the collection and systematic processing of data, and by equating it to logic algorithms, it will be possible to see behaviour in the future and automate almost all operations and processes in the manufacturing of moulds and components.

A reorganização dos layouts

Lean Manufacturing

A reorganização dos layouts de fabrico suportados na IoT (Internet of Things) e M2M (Machine To Machine) introduzem uma nova visão estratégica das células de produção e conduzem a uma mudança baseada na automação como veículo para a automatização, no suporte informático e digitalização e na estandardização processual produtiva. Todo este processo se baseia na conexão lógica de todos os dispositivos e recursos relacionados com o ambiente produtivo, na leitura em tempo real dos dados produtivos decorrentes do chão de fábrica, no seu tratamento analítico, na introdução de alterações e suas combinações com os objetivos, seguido de poder gestionário sobre as cadeias automatizadas. Estas suportam-se ainda de soluções de robotização, gerando novos desafios, estratégias e competências para preparação das operações, para o planeamento e para a Gestão de Produção.

Lean Manufacturing solutions with the introduction of standardisation of solutions, either processes, methods or tools, are one way of covering the sector, on the understanding that many companies have already taken this route, having created their own standardised systems. Here, we refer to information management systems, paperless solutions, projectand/or manufacturing-standardised solutions, and new manufacturing processes such as Additive Manufacture, which contribute towards reducing development time, reducing production time and increasing quality, thus increasing availability of production resources for other production.

O Lean Manufacturing

“Há uma integração processual do digital ao “real” que, no nosso caso, vai desde o projeto à produção de elétrodos e componencomponentes das ferramentas, apoiada, numa primeira instância, na sisimulação de processos e na transferência de informação e, numa segunda fase, no fabrico, recorrendo a automação e robótica e

Reorganisation of layouts The reorganisation of manufacturing layouts supported by the IoT (Internet of Things) and M2M (Machine to Machine) is bringing about a new strategic vision of production cells and leading to change based on automation as the vehicle for making everything automatic, for IT support and digitalisation and standardisation of production processes. This whole process is based on logically connecting all devices and resources related to the production environment, for real time reading of production data from the factory floor, its analytical processing, introduction of changes and combining them with ob-


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a equipamentos de maquinação e erosão evoluídos.” Hugo Rosa/ MOLDES RP

A célula de produção flexível O conceito de célula de produção flexível no E&T pode apresentar-se como sendo constituída pela incorporação de um conjunto alargado de tecnologias e equipamentos interligados por sistemas de manipulação automatizados, geridos por um sistema centralizado de gestão de informação, e onde se produzem e controlam componentes do molde ou elétrodos autonomamente. “Foi realizado um grande investimento em estudos e desenvoldesenvolvimento para criar standards nos processos, componentes e procedimentos. Isto permite automatizar quase tudo na manumanufatura dos moldes. …. O sistema instalado na ABRANTES permite paletizar as peças em qualquer uma das máquinas, fornece serserviços de "TMS" e fornece meios para o controlo dimensional após maquinação final.” Alberto Silva/ ABRANTES O maior desafio na implementação de uma célula flexível encontra-se na integração de toda a informação necessária ao seu funcionamento, nomeadamente a informação proveniente do CAD, CAM, CMM (controlo dimensional) e ERP, bem como programas de maquinação e a gestão das sequências do sistema de carga e descarga das peças en-

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jectives, tracked by the managers of the automated chain. These are even supported by robotic solutions, creating new challenges, strategies and skills for preparing operations, planning and Production Management. There is process integration of digital in “real” which, in our case, goes from the project to production of electrodes and components of tools, supported, firstly, by simulation of processes and transtransfer of information, and secondly, by manufacturing, through auautomation and robotics and upgraded equipment for machining and erosion. Hugo Rosa/MOLDES RP The flexible production cell The concept of the flexible production cell in E&T may be considered as incorporating a whole range of technologies and equipment interconnected by automated handling systems, managed by a centralised information management system, in which mould components or electrodes are produced and controlled autonomously. Significant investment has been made in research and development to create standards in processes, components and procedures. This has led to the automation of almost all mould manufacturing. …. The system installed at ABRANTES is used to palletise parts on any of the machines; it provides "TMS" services and provides reresources for dimensional control after final machining. Alberto Silva – ABRANTES


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tre as diversas etapas e estações de trabalho da célula. Estes sistemas apresentam um elevado grau de automatização e robotização, os elétrodos e as peças metálicas, fabricados neste sistema estão rastreados internamente sem qualquer necessidade adicional (como códigos de barra ou RFID) e o seu controlo de qualidade é completamente automático e independente de qualquer intervenção humana, podendo ser geradas ordens de retrabalho ou de rejeição de peça. As ferramentas de corte, bem como os parâmetros tecnológicos e de regulação dos equipamentos, componente crítica do sistema de produção são controladas e geridas automaticamente tendo por base todo o conhecimento armazenado em informação histórica. A gestão da ordem das operações e dos trabalhos nas máquinas é automática, seguindo um fluxo inicialmente estabelecido no planeamento, mas que pode ser redefinido pelo centro de controlo, ponderando diferentes prioridades ou ordem dos processos. Nesta perspetiva, a mudança e exigências desta inovadora pospostura da função do colaborador, exigem uma capacidade de adapadaptação muito rápida e empenhada, e sobretudo disruptiva da condução tradicional da função. Aos colaboradores é agora exiexigida uma postura mais assertiva das suas funções, conheciconhecimentos de informática gerais e especializados, conduzindo a novas perspetivas de contratação e especialização. As necessinecessidades de formação, também elas, são agora outras onde dentro delas, a capacidade de humana de atualização e aprendizagem contínua são cada vez mais uma realidade incontornável. Carlos Silva/ SIMOLDES De destacar que ao nível da eficiência produtiva, as Células Flexíveis de Produção apresentam um forte impacto na redução de perdas produtivas tais como tempos de espera, de transporte e de movimentação, e de erros, evitando retrabalho. De destacar ainda a organização das células flexíveis e de troca rápida de ferramentas e bases de apoio ao trabalho, que têm também como propósito o aumento da eficiência produtiva resultante do factor trabalho. Os sistemas de planeamento interativos permitem acompanhar em qualquer momento o estado da construção de uma determinada ferramenta, e visualizar as cargas dos recursos em tempo útil e com projeções no tempo, permitindo assim uma utilização racional e eficaz dos recursos, e não menos relevante, fornecendo dados que permitem decisões sobre negócios de forma também ela racionalizada, identificando picos e baixas de carga, sobrecargas e necessidades de subcontratação. O esforço de continuidade na implementação de sistemas autónomos, robotizados e integrados no E&T deve focar-se na integração dos processos da empresa, desde o projeto ao teste do molde. Desta forma criase uma empresa mais robusta, integrada, em prol da “produção zero-defeitos”, envolvendo sistemas de gestão de informação, sistemas de sensorização, comunicação, monitorização, elevada interoperabilidade dos softwares e dos sistemas computacionais, criando um modelo virtual da empresa (Digital Twin) de modo a que toda a gestão de processos e retorno de informação sejam controlados pelos centros de controlo e planeamento. Os novos conceitos permitirão que as empresas utilizem a digitalização como uma ferramenta eficaz, que complementada por novas tecnologias conduzirá ao aumento da sua competitividade ao mesmo tempo que dinamizará benefícios para toda a economia envolvente.

The greatest challenge when it comes to implementing a flexible cell is integrating all information necessary for it to work, namely information from CAD, CAM, CMM (dimensional control) and ERP, as well as machining programs and management of system sequences for loading and unloading parts at different stages and at cell workstations. These systems demonstrate significant automation and robotics; the electrodes and metal parts, manufactured using the system, are internally tracked and nothing else is needed (such as barcodes or RFID); their quality control is completely automatic and requires no human intervention; orders may be generated to rework or reject parts. Cutting tools, as well as parameters for technology and regulating equipment, a critical component of the production system, are controlled and managed automatically based on all of the knowledge stored in historic information. Management of orders for operations and work on machines is automatic, according to a flow initially established in planning, but which may be redefined by the control centre, considering different priorities or process orders. As far as this is concerned, the changes and requirements of this innovative posture on employee conduct require very fast, comcommitted willingness to adapt, extremely disruptive as far as the traditional conduct of the work is concerned. Employees are now required to adopt a more assertive attitude in the work they do, and display general and specialist knowledge of information technotechnology, leading to new perspectives when it comes to recruitment and specialisation. And training requirements are now an area where human capacities to update and learn continuously are becoming an increasing, unavoidable reality. Carlos Silva/SIMOLDES It should be stressed that as far as production efficiency is concerned, Flexible Production Cells have significant impact when it comes to reducing production losses such as time spent waiting, for transportation and movement, and errors, preventing reworking. It is even worth stressing organisation of flexible cells and rapid exchange of tools and the bases for work support, which also seek to increase the production efficiency resulting from the work factor. At any time, interactive planning systems are used to assess the status of construction of a given tool, and virtualise the responsibilities of resources in good time with time forecasts, thus enabling rational and effective use of resources, and equally importantly, providing data for use in business decisions, this also rationalised, identifying load peaks and troughs, overload and the need for subcontracting. Continued effort to implement systems which are autonomous, robotic and integrated in E&T must be focussed on integrating company processes, from the project to the mould test. Accordingly, this will create a company which is more robust, integrated, ready for “Zero-Defects Production”, involving information management systems, sensing systems, communication, monitoring and considerable interoperability between software and computational systems, creating a virtual company model (Digital Twin) so that all process management and feedback are controlled by control centres and planning. The new concepts will make it possible for companies to use digitalisation as an effective tool which, complemented by new technologies, will lead to increased competitiveness and at the same time, dynamise the benefits for the whole of the surrounding economy.



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TECNOLOGIA TECHNOLOGY Equipamentos, Processos, Conhecimento Equipments, Processes, Expertise

Processos de Obtenção e Transformação/Conformação dos Aços


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TECNOLOGIA TECHNOLOGY

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PROCESSOS DE OBTENÇÃO E TRANSFORMAÇÃO/CONFORMAÇÃO DOS AÇOS Victor Almeida

Durante o processo de fusão e afinação dos elementos de liga dos aços, no forno eléctrico, a cada fusão é atribuído um número de “identidade” do material, ou seja, o número de vazamento. Este número, deve ser sempre indicado nos documentos de todos os fornecimentos efetuados, devendo estar inscrito em todas as peças fornecidas, de modo a permitir a rastreabilidade do material.

PROCESSOS DE VAZAMENTO Vazamento em lingoteiras Este processo é utilizado para a obtenção de lingotes utilizados na transformação/conformação de barras, chapas, redondos, quadrados e outros perfis, independentemente das dimensões e da qualidade dos aços. Neste processo, o aço líquido é transferido do forno eléctrico (em fusão) para um cadinho ou “panela”, para posteriormente ser vazado nas lingoteiras. O vazamento pode ser direto (por cima), ou indireto (por baixo), tipo “sifão”. Nos aços especiais, de maior qualidade, nos aços-ferramenta, entre outros, o vazamento é efectuado pelo processo tipo “sifão”. As lingoteiras são colocadas ao mesmo nível no solo e ligadas entre si por um canal que conduz o metal líquido de baixo para cima, de modo a fazer emergir para o topo superior do lingote, as impurezas que ainda se encontrem na “massa” líquida do aço.

Vazamento contínuo

e quadrados) e placas (rectangulares), em dimensões mais aproximadas das medidas finais pretendidas, reduzindo de modo bastante significativo os tempos de laminagem dos perfis a produzir, contribuindo assim para um menor custo na produção deste tipo de aços.

PROCESSOS DE OBTENÇÃO No caso concreto dos aços-ferramenta, tendo em consideração o grau de exigência e de qualidade requeridos, principalmente nos que são destinados a serem aplicados nas zonas moldantes dos moldes para plásticos ou para fundição injetada, os mesmos devem ter, durante o período em que o aço se encontra no estado líquido dentro do cadinho ou “panela”, os seguintes requisitos no processo de obtenção: • Correção, quando necessário, da composição química da qualidade do aço pretendida, adicionando as microligas; • Dessulfurização através da introdução de sopro de cálcio no aço líquido, para a redução e globalização dos sulfuretos de manganês (Mns); • Desgaseificação em vácuo (Processo VOD - Vacuum Oxygen Decarburzation);

Vazamento em lingoteiras

Vazamento contínuo Este processo, que nem todos os produtores de aço dispõem, surgiu como alternativa ao processo de vazamento em lingoteiras. É essencialmente utilizado para pequenas espessuras, nos aços sem liga, principalmente os aços de base, que não exigem processos de obtenção e vazamento de um elevado rigor. O vazamento contínuo, permite a obtenção de perfis, tarugos (redondos

Este último requisito consiste na colocação, do referido cadinho ou “panela” dentro de uma câmara de desgaseificação em vácuo. No topo superior dessa câmara é introduzido um tubo que mergulha no aço líquido, através do qual é injectado um gás neutro (árgon (Ar) para provocar a agitação, de modo a melhorar a sua homogeneização e reduzir/eliminar os gazes existentes, especialmente o hidrogénio (H), o azoto Desgaseificação em vácuo


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TECNOLOGIA TECHNOLOGY

são do lingote a refundir (sem escória-electro-condutora) e na atmosfera de refusão (em vácuo). O processo VAR melhora a pureza a nível dos óxidos evitando a eliminação dos elementos reactivos, tais como o alumínio (Al) e o titânio (Ti). Tendo em consideração os meios utilizados no processo VAR, os custos de produção dos aços através deste processo, são mais elevados do que no processo ESR.

(N) e o oxigénio (O). Após a conclusão dos referidos processos, o cadinho ou “panela” é colocado na zona das lingoteiras, para se proceder ao processo de vazamento, conforme atrás referido.

PROCESSOS DE REFUSÃO Para além dos processos convencionais, para a obtenção de aços de qualidade para a aplicação nas zonas moldantes de moldes para plásticos, e quando são solicitadas elevadas exigências como por exemplo: polimentos ópticos ou texturas químicas finas, assim como para as zonas moldantes de moldes para a fundição injectada, em particular, com geometrias complexas, além de outras aplicações bem específicas, existem dois processos de refusão que garantem uma melhor qualidade de alguns aços de alta liga (ex: 1.2083 1.2343, 1.2344, 1.2367 e 2767). Os lingotes destinados a estes processos de refusão, são sujeitos a cuidados especiais, ou seja, antes de serem colocados dentro do cadinho de refusão, o topo inferior do lingote é cortado e as restantes faces limpas por um processo mecânico de esmerilamento, de modo a retirar a calamina e outras impurezas existentes nas superfícies.

Processo ESR

Processo ESR - Electro Slag Remelting (Refusão por Escória ElectroCondutora). O lingote de aço a refundir entra (na posição vertical) dentro de um cadinho em cobre que se encontra envolto por uma “camisa”, tendo um sistema de refrigeração com água. Entre o fundo do cadinho em cobre e por cima da placa da base, também refrigerada com água, existe uma placa para estabelecer a passagem de corrente eléctrica entre o topo superior do lingote/eléctrodo e essa placa, que origina a fusão da “escória” a uma temperatura entre os 1800 e 2000º C. O topo inferior do lingote ao penetrar, de forma progressiva, na escória líquida, que se encontra à temperatura atrás referida, derrete-se lentamente e as gotas do aço líquido ao atravessarem essa escória são submetidas a uma reacção de remoção de impurezas, tais como o enxofre (S), o fósforo (P), o oxigénio (O), entre outras. As gotas do aço refundido, começam a solidificar-se no fundo do cadinho em cobre devido ao referido sistema de arrefecimento com água, tanto na placa da base como na “camisa” de refrigeração, formando assim progressivamente o lingote refundido. Processo VAR - Vacuum Arc Remelting (Refusão em Vácuo). Este processo de obtenção é praticamente similar ao processo ESR. As únicas diferenças estão nos processos da fonte de calor para a fu-

Lingote refundido

Os Aços provenientes destes processos de refusão, se não fossem transformados/conformados noutros perfis e dimensões, através dos processos de laminagem ou forjamento, seriam considerados aços quase isotrópicos, ou seja, aços que não teriam o sentido das fibras.

PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO/CONFORMAÇÃO A QUENTE Os Lingotes são aquecidos em fornos a temperaturas que variam em função da sua composição química, entre os 850 e os1250º C, para serem laminados ou forjados e transformados/conformados nos perfis pretendidos.

Forno para o aquecimento dos lingotes

No que refere a obtenção dos perfis para aplicação nas zonas moldantes dos moldes para plásticos e fundição injetada, a experiência do passado demonstrou-nos, que não era recomendável a transformação/conformação pelo processo de laminagem de perfis com dimensões superiores a 200 mm, de espessura ou diâmetro nos aços de média liga (1.2311, 1.2312 e 1.2738…) e 125 mm para os aços de alta liga (ex: 1.2343, 1.2344, 1.2367 e 1.2767…), devido ao facto da laminagem não garantir a obtenção de uma perfeita compactação do material no centro desses perfis. Pelo atrás referido, e tendo em consideração que o fundo das cavidades de alguns moldes se encontra numa dimensão próxima

Laminador de barras

Forja de barras


TECNOLOGIA TECHNOLOGY

do centro desses perfis, os problemas da deficiente compactação nessa zona, podia/pode dar origem a problemas nos acabamentos superficiais pretendidos. Temos verificado nestes últimos anos, o surgimento (a nível mundial) de novos laminadores com um aumento bastante significativo na potência (pressão)

Laminador de varões

Forja de varões

de laminagem. Mesmo assim, não é recomendável a aplicação de aços laminados nas zonas moldantes de moldes para plásticos de média liga (ex: 1.2311, 1.2312 e 1.2738…), com espessuras ou diâmetros superiores a 250 mm, assim como nos aços a aplicar nas zonas moldantes dos moldes para plásticos e para a fundição injectada, de alta liga (ex: 1.2343, 1.2344, 1.2367 e 2767…), em espessuras ou diâmetros superiores a 150 mm. A partir das dimensões atrás referidas, e de modo a se conseguir obter uma boa compactação no centro das barras ou varões, os mesmos devem ser forjados. No caso dos aços de construção (1.1191) para a aplicação nas estruturas dos moldes ou outras aplicações, devido ao surgimento a nível mundial dos tais novos laminadores com um aumento significativo potência (pressão) de laminagem, já se conseguem obter barras laminadas até 350 mm de espessura, com uma razoável compactação no centro. Para as zonas moldantes de moldes protótipo em aços de construção, (1.1730), é recomendável a aplicação de aços forjados em espessuras superiores a 250 mm. Após a obtenção do perfil e da dimensão pretendida, as barras e os blocos retangulares, os redondos, assim como todos os outros perfis, são sujeitos a tratamentos térmicos de modo a se obterem os estados de fornecimento pretendidos: normalizados para os aços de construção, recozidos para os aços de têmpera. Os aços pré-tratados nas diferentes durezas são posteriormente temperados e revenidos. Todos estes tratamentos térmicos são efectuados pelos produtores do aço.


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NEGÓCIOS BUSINESS Economia, mercados, estatísticas Economy, market information, statistics

Bélgica: O Centro da Europa e das Oportunidades

Parentalidade, Igualdade e não Discriminação


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NEGÓCIOS BUSINESS

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BÉLGICA: O CENTRO DA EUROPA E DAS OPORTUNIDADES Maria Manuel Branco * * Diretora da AICEP em Bruxelas

Introdução Na sequência do pedido efetuado pela CEFAMOL a esta delegação da AICEP, a nossa proposta de comunicação aos agentes e empresas da Indústria de Moldes será dividida em dois grandes blocos. Numa primeira parte, apresentamos um enquadramento genérico sobre o mercado da Bélgica, com dados económicos e financeiros relevantes, bem como dados mais recentes do relacionamento bilateral entre Portugal e a Bélgica. Na segunda parte, abordamos as oportunidades que podem ser desenvolvidas para as empresas portuguesas do setor dos moldes, tendo em conta as características do mercado belga. Tendo em consideração, por um lado, o facto do setor ser um dos mais dinâmicos da economia portuguesa e Portugal ser um dos principais produtores mundiais de moldes para injeção de plástico, exportando cerca de 90% da sua produção, e, por outro lado, o facto de na Bélgica apresentar uma estrutura caracterizada e sistematizada, de forma repartida nos sub-setores do plástico, desenvolveremos este artigo a partir desta área industrial. A característica principal do setor belga de moldes é a sua presença constante nos sub-setores do plástico - os seus principais clientes - o setor automóvel, eletrónica, embalagem, construção, saúde, que dependem de uma indústria cada vez mais sofisticada e inovadora.

Bélgica – enquadramento económico A Bélgica é um país localizado na zona mais rica e densamente povoada da Europa, e faz fronteira com a França, Holanda, Luxemburgo e Alemanha. A Bélgica é reconhecida como uma das economias mais modernas do mundo, que registou um PIB per capita de 36.100 EUR, ocupando por isso um lugar de relevo a nível mundial, sendo a 25ª economia mundial (Banco Mundial) e a 9ª da União Europeia (2014). Detentora de uma rede de infraestruturas rodoviárias e portuárias de referência internacional, como o porto de Antuérpia (quinto porto mundial e primeiro cluster químico europeu) e o porto de Bruges (primeiro porto mundial em exportação e importação de automóveis novos).

Área: 30 528 Km2 População: 11,2 milhões de habitantes (2014) Densidade populacional: 367 hab./Km2 (2014) Designação oficial: Reino da Bélgica Forma de Estado: Monarquia Constitucional com uma estrutura política federal, dividida em três Regiões (Valónia, Flandres e Bruxelas). Fonte: EIU

A localização central da Bélgica, aliada à rede de infraestruturas que também a sustenta, facilita a sua componente fortemente exportadora, ocupando o 12º lugar a nível mundial como exportador de serviços e o 13º como exportador de bens (2014), tendo como principal destino os países vizinhos (Alemanha, França e Holanda). Os setores de maior competitividade são o químico e petroquímico, o farmacêutico e biotecnológico, agroalimentar, aeronáutico, automóvel (montagem), equipamentos, logística e tecnologias de informação. Além da sua posição geográfica privilegiada, a Bélgica tem ainda como capital uma cidade que é sede de várias organizações internacionais, como a Comissão Europeia, a NATO e o Parlamento Europeu, atraindo várias empresas multinacionais e grupos lobistas. Bruxelas é o segundo local do mundo, depois de Washington, com maior concentração de grupos de interesse.

Perspetivas da economia belga Apesar da crise financeira, de acordo com dados do FMI, a Bélgica conseguiu manter uma posição relativamente robusta, contraindo apenas 1% em 2008 e 2.8% em 2009. No entanto, apesar de ter crescido 2.3% em 2010, a economia Belga voltou a desacelerar 1.8% em 2011, mas nos últimos anos tem registado uma evolução positiva. (0.2% em 2013 e 1.0% em 2014). De acordo com o Gabinete Federal do Planeamento, a


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Relações económicas bilaterais Em relação às relações económicas e comerciais entre Portugal e a Bélgica, é de destacar a importância e o reconhecimento crescente das empresas portuguesas neste mercado, quer ao nível da exportação, internacionalização, parcerias e cooperação com mercados terceiros. Sinal claro desta aposta das empresas é o crescimento de 13% no número de empresas portuguesas que exportam para a Bélgica entre 2010 e 2014, que passou de 1.928 para 2.175.

economia belga deverá ter crescido 1.4% em 2015 (valor provisório), estimando-se 1.6% em 2016 e 1.7% em 2017, e prevendo-se a manutenção de 1,5% até 2020. Este crescimento deverá ser explicado pelo aumento das exportações, que deverão crescer 3.9% em 2015 e 2016 e uma média de 4% entre 2017 e 2020, e pela recuperação da procura interna, uma vez que o investimento deverá progredir em média 2.4% entre 2016 e 2020, por consequência da melhoria da confiança na economia, de melhor competitividade e melhores margens de lucro. Sublinhe-se que, sendo a Bélgica uma economia extremamente aberta e dependente do comércio internacional, com um peso das exportações no PIB de cerca de 84% (2014), é expectável que a performance da economia belga siga a evolução da economia europeia e da evolução dos mercados internacionais, que também têm sido alvo de impactos significativos derivados de fatores não económicos. Perspetivas da Economia Belga 2015 (e)

2016 (p)

2017 - 2020 (p1)

PIB ( crescimento %)

1,4

1,2

1,6

Consumo Privado ( crescimento %)

1,3

0,9

1,2

Consumo Público (crescimento %)

0,3

0,1

0,7

Investimento (crescimento %)

2,2

-0,2

2,3

Exportações (bens + serviços, crescimento %)

3,5

4,1

4,0

Importações (bens + serviços, crescimento %)

3,9

3,3

3,8

Défice (% PIB)

-2,7

-2,5

-1,1

Dívida Pública (% PIB)

106,9

106,6

101,6

Nota: e - estimado; p (previsão); p1 valores médios (previsão) Fonte: Bureau Fédéral du Plan

Em relação às finanças públicas, a situação deve melhorar ao longo do tempo, com o défice a diminuir de 2.7% do PIB em 2015 para 1.1% do PIB em 2020. Esta melhoria deve-se à diminuição das taxas de juro da dívida pública e das medidas de austeridade e das reformas económicas levadas a cabo pelo novo Governo. Além disso, a dívida pública deverá diminuir de 106.9% do PIB em 2015 para 101.6% do PIB em 2020. Ao nível do comércio internacional, o gabinete federal prevê uma evolução bastante positiva das exportações, em consequência da melhoria das condições dos mercados parceiros da Bélgica, e da depreciação do euro e moderação salarial que conduzirá a importantes ganhos ao nível da competitividade dos produtos belgas. Como resultado, a Bélgica espera alcançar em 2015 uma balança comercial positiva pela primeira vez desde 2007, assim como um superavit na conta corrente de aproximadamente 2% do PIB (European Economic Forecast,, outono 2015). O top 10 de produtos exportados pela Bélgica, em 2014, de acordo com o International Trade Center (ITC) é o seguinte: petroquímicos, produtos farmacêuticos, veículos motorizados, químicos, maquinaria, plásticos, pedras preciosas, ferro e aço, tecnologia e produtos médicos e equipamentos eletrónicos. Por outro lado, e de acordo com a mesma fonte, os principais países importadores de produtos belgas foram a Alemanha, França, Holanda, Reino Unido e Estados Unidos.

De acordo com os recentes dados publicados pelo Banco de Portugal e pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), referentes ao ano de 2015, ao nível do comércio de bens e serviços, a Bélgica ocupou o 7º lugar como fornecedor e o 9º lugar como cliente de Portugal, equivalente a uma quota de 2,6% das exportações portuguesas. Entre 2010 e 2015, as exportações portuguesas para a Bélgica cresceram cerca de 30%, aumentando de 1.463 M € para 1.905 M €. Importa ainda realçar que o setor dos serviços tem crescido gradualmente e representou em 2015 cerca de 41,3% do valor das exportações. Interessante será também evidenciar alguns valores relativos a 2015, em comparação com o ano anterior, no comércio com a Bélgica: a exportação de veículos e material de transporte cresceu 15%, as exportações de automóveis de passageiros e outros veículos de passageiros cresceram 36,5%, as Telecomunicações, Informática e Informação cresceram 27,8%.


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O fluxo de investimento de Portugal para a Bélgica passou, de 2014 para 2015, de 98,9 M€ para 716,2 M€, respetivamente. E, por sua vez, o fluxo de investimento da Bélgica para Portugal, no mesmo período, cresceu de um valor negativo (-128,8 M€) para 446 M€. Os valores evidenciados demonstram que as empresas portuguesas têm vindo a considerar a Bélgica como um mercado de interesse crescente e curiosamente, pelos dados apontados pela CEFAMOL, a Bélgica não é um dos principais mercados de destino da indústria de moldes.

O setor dos Plásticos A Bélgica é um mercado de oportunidades, quer pela dinâmica dos diferentes setores que podem ser clientes de moldes, como também pela plataforma exportadora que este mercado representa, sobretudo no espaço europeu. O setor dos plásticos é um dos principais setores exportadores da Bélgica e tem mais do que uma Associação que se dedica ao estudo e promoção da indústria. A Federplast.be, enquanto associação belga dos produtores de artigos em plástico e borracha, representa cerca de 254 empresas e 23.000 trabalhadores, e segundo esta Associação, a Bélgica encontra-se no top mundial em transformação (180 kg per capita) e produção de matérias plásticas (1.000 kg per capita), sendo a indústria considerada uma história de sucesso.

Contamos com o plástico

O constante aumento do desafio de reduzir as emissões CO2, a nível mundial, abre enormes potencialidades de crescimento à indústria de construção. Ambiciona-se uma construção sustentável e de elevada eficiência energética com matérias plásticas de alto rendimento. Até o betão armado já não enferruja quando compósitos de carbono substituem as armações em ferro. A feira mais importante do mundo para a indústria de plásticos e borracha apresenta-lhe, com cerca de 3’200 expositores, em 19 pavilhões de feira, em mais de 171’000 m2 de área útil de exposição, o espectro completo e global da oferta do sector. Tudo o que, no futuro, faz mover o mundo.

Apesar da sua pequena dimensão, a Bélgica representa a nível Europeu 10% do total da produção de matérias plásticas e 5% de matérias plásticas transformadas. Não é por acaso que o ‘pai’ da indústria dos plásticos é um belga. Em 1907, Léo Baekeland, criou o primeiro plástico em 1907.

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Uma grande parte desta produção é direcionada para as exportações (70%) tendo sido em 2013 estes os principais mercados de destino dos plásticos: Alemanha (22%), França (14%), Holanda (8%), Reino Unido (7%) e Itália (7%). Desta forma, é um dos setores mais relevantes para a balança comercial belga, contribuindo com cerca de 8 mil milhões de euros. Também a associação dos fabricantes de plásticos ao nível europeu (PlasticsEurope), classifica a Bélgica, ao nível do consumo de plásticos, enquanto sétimo país da Europa. Informações: Walter & Cia., Lda. Largo de Andaluz, 15, 3º Esq. - 2 1050-004 Lisboa Tel. +351-213 556 254 _ Fax +351-213 539 311 geral@walter.pt

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Os pontos fortes responsáveis pelo sucesso desta indústria são fáceis de identificar, tendo em conta o poder de compra existente no centro da Europa, a posição privilegiada de plataforma comercial, ao nível de logística/distribuição, que facilita o acesso a matérias-primas, o forte apoio estatal para promover a inovação e o investimento. A indústria dos plásticos é uma indústria de elevado valor acrescentado, com uma componente tecnológica inovadora muito significativa, tendo registado, na Bélgica, um crescimento médio anual, entre 2001 e 2011, de 4,1 %, em termos de valor acrescentado, contra 1,8% para o resto da UE 28. Associado a esta tendência, os centros de investigação e a rede de institutos de investigação e universidades no setor dos plásticos têm-se vindo a multiplicar e diversificar para dar resposta às necessidades deste setor (Canaero, Centexbel, Certech, Materia Nova, Sirris e VKC – Technology Centre of Flanders’ Plastic Vision). Devemos salientar que os principais setores clientes da indústria dos plásticos na Bélgica coincidem com os principais clientes da indústria de moldes em Portugal: embalagens, construção, Automóvel e Transportes, Reciclagem, Eletrónica e Mobiliário e artigos médicos.

Embalagens O principal cliente, com 19% do mercado dos plásticos, são as embalagens: existem mais de 60 empresas fabricantes de embalagens (embalagens flexíveis, sacos, saquetas ou tubagens; embalagens rígidas como garrafas, recipientes e embalagens de espuma) e os setores que mais utilizam as embalagens são o agroalimentar, saúde e higiene e indústria e transporte (Federplast.be). O setor das embalagens é também um dos que mais investe na inovação e novas tecnologias de produção (como por exemplo na injeção, na termomoldagem e na extrusão), o que representa interessantes oportunidades para a indústria de moldes portuguesa. A sustentabilidade ambiental é uma das mais exigentes prioridades do setor, pelo que a reciclagem e reutilização das embalagens fazem parte das preocupações mundiais crescentes e afetam diretamente esta indústria. E a Bélgica é um dos países europeus com a melhor performance em termos de reciclagem. Só no ano de 2014, cerca de 600.000 toneladas de embalagens provenientes das empresas foram recicladas. Uma das tendências apontadas pelo Instituto Belga da Embalagem é que em 2025 todas as embalagens produzidas sejam inteiramente biodegradáveis. Prevê-se ainda que as embalagens sejam cada vez mais produzidas à base de derivados de celulose e menos de petróleo, uma vez que a celulose as torna 100% biodegradáveis, trazendo inúmeros benefícios para a preservação do meio-ambiente.

Automóvel/Transporte O setor automóvel e equipamentos de transporte é o terceiro setor mais exportador da Bélgica (depois dos produtos químicos e maquinaria/equipamentos), tendo atingido cerca de 28.000 M€ em exportações (Agence pour le Commerce Extérieur, jan 2015-set 2015). Sendo o plástico um dos produtos utilizados nesta indústria, na Bélgica o terceiro cliente da indústria dos plásticos é o setor automóvel e transportes, que também é o principal cliente da indústria de moldes portuguesa. Neste âmbito, as associações Agoria - Fédération de l’industrie technologique e Febiac - Fédération Belge de l'Automobile & du Cycle, representam o setor automóvel na Bélgica e criaram juntas uma

plataforma online para este setor: BeAutomotive.be –“The website of the Belgian automotive industry”. A Bélgica é sinónimo de uma indústria automóvel dinâmica e exportadora, com sensivelmente 90% da produção do setor automóvel destinada à exportação. Mais de 300 empresas empregam aproximadamente 70.000 pessoas, representando 10% do total de emprego na indústria. Todos os anos, mais de 3 milhões de veículos são expedidos dos portos de Antuérpia e Bruges para o exterior, sendo o porto de Bruges o crucial em importação e exportação de viaturas novas. Vários produtores automóveis internacionais estão presentes no mercado Belga, como, por exemplo, a Opel, Ford, Audi, Volvo, Van Hool, Tuco, e Toyota. A Bélgica tem assim 3 unidades de montagem de viaturas ligeiras, uma unidade de montagem de viaturas pesadas de mercadorias e duas de produção de viaturas pesadas de passageiros. Todos os atores da indústria (OEM’s), fornecedores de componentes automóveis, tecnologia e serviços, têm uma relevante ligação com as universidades e centros de investigação. De acordo com a ACEA - European Automobile Manufacturers' Association, a Bélgica produziu em 2014 um total de 513.225 veículos, sendo o 9º maior produtor Europeu. Deste valor, a maioria são veículos de passageiros (481.642), seguido de veículos comerciais pesados (29.760) e veículos comerciais médios (1.823). O valor de produção média de veículos por trabalhador em 2012 foi de 13.9, apenas atrás da Espanha, com uma aposta forte no investimento em inovação e alta tecnologia. Estes valores confirmam a importância deste setor na Bélgica, que é um país bastante atrativo para a indústria automóvel, o que representa uma oportunidade clara para a indústria portuguesa. Em termos de consumo, a Bélgica foi o segundo país da UE com a maior quantidade de veículos de passageiros novos registados por 1000 habitantes, apenas atrás do Luxemburgo. Além disso, a Bélgica é um dos países com a maior percentagem de viaturas com menos de 2 anos e um dos países com a menor percentagem de viaturas com mais de 10 anos.


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Tecnologia & Eletrónica No âmbito da tecnologia e da eletrónica existem oportunidades para a indústria de moldes. De acordo com a Agoria - Fédération de l’industrie technologique, estavam empregadas em 2014 cerca de 268.800 pessoas, num conjunto de 1.700 empresas, com um volume de negócios de 94.4 mil milhões de euros. Este setor é ainda responsável por 30% dos investimentos privados em I&D, por 9% do valor acrescentado do setor privado, e exporta 66% da sua produção. O âmbito setorial da Agoria é muito abrangente, incluindo vários domínios como a tecnologia dos materiais, tecnologia da construção; mecatrónica e tecnologia de produção; aeronáutica, espaço, segurança e defesa. Todos estes setores são considerados setores estratégicos pela CEFAMOL, constituindo um mercado de oportunidades a explorar pelas empresas portuguesas de moldes. Destacamos a aeronáutica, espaço, segurança e defesa, que teve um crescimento, na Bélgica, de 6% em 2014 (Volume de negócios) e tem vindo a proporcionar crescentes oportunidades ao nível mundial, com uma elevada componente inovadora, com parcerias entre grupos nacionais e internacionais, altamente focadas na exportação. Esta indústria ganha especial relevância na Bélgica, por causa de organizações como a NATO ou a ESA. A indústria aeroespacial belga fabrica para grandes empresas, como a Airbus e a Boeing, e participa em diversos programas espaciais como o Ariane ou satélites como o SPOT. Entre as várias empresas do setor, podem destacar-se a Newtec, Alcatel ETCA, Sonaca, Spacebel, Verhaert Space, etc. A Belgospace, Associação Belga da Indústria Espacial, promove fortemente as relações do setor do espaço com o mundo académico e empresarial, difundindo e apoiando a investigação, a par da ESA, no desenvolvimento de novas tecnologias, satélites, etc. A Belgian Security & Defense Industry, representa 90% da indústria da segurança nacional e da defesa. É uma indústria conhecida pelos seus elevados níveis de alta tecnologia, e que envolve frequentemente a cooperação internacional entre outros países europeus e não europeus. Existem cerca de 15.000 pessoas empregadas nesta indústria, o que representa um volume de negócios de 1.5 mil milhões de euros e onde mais de 90% da produção é para exportação (50% para União Europeia e NATO).

Outros setores No sentido de fornecer informação que responda às prioridades e estratégia do setor de moldes em Portugal, evidenciaríamos apenas mais dois domínios onde certamente as empresas portuguesas têm características e know-how para explorar oportunidades de negócio e parcerias – Saúde e Energia/Ambiente. O setor da saúde é um dos mais relevantes no mercado belga e com maior potencial para a indústria dos plásticos e moldes, uma vez que os plásticos têm inúmeras vantagens ao nível da higiene, esterilidade, leveza, durabilidade, transparência e compatibilidade com outros materiais. Os plásticos são utilizados, cada vez mais, para várias aplicações cirúrgicas, nomeadamente nas ortopédicas. A Essenscia - Fédération belge des industries chimiques et des sciences


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de la vie, integra 800 empresas no setor da indústria química, matérias plásticas e ciências da vida. Em 2014, este setor foi responsável por cerca de 88.225 empregos diretos e 145.000 empregos indiretos, com um volume de negócios de 64.2 mil milhões de euros e um saldo comercial de 23 mil milhões de euros; gastou em I&D cerca de 3 mil milhões de euros, um aumento de 50% em 10 anos, sendo o setor com a mais forte intensidade de investimento em I&D da Bélgica. Em 10 anos, o volume de negócios deste setor passou a representar 23% do total da indústria na Bélgica. No total do setor, a transformação de matérias plásticas representa 21,7% do emprego total do setor. Além disso, no seu conjunto, a indústria química, matérias plásticas e ciências da vida exporta mais de 75% dos produtos produzidos. Relativamente ao Ambiente e Energia, trata-se de um setor que tem merecido uma especial atenção na Bélgica, por parte do Governo Federal e dos Governos Regionais, com a criação de várias políticas pró ambientais, investimentos em I&D e benefícios fiscais e a criação de pólos/plataformas de competitividade e apoio para start-ups e PMEs. Em 10 anos o número de empresas no setor da indústria do ambiente aumentou 44%, o volume de negócios cresceu 22% e o emprego 40% (Business.Belgium). O ambiente é uma das prioridades da agenda política mundial, ainda recentemente na Cimeira do Clima (COPS 21, 7-8.12.2015), em Paris se propuseram objetivos muito ambiciosos que podem abrir oportunidades para a indústria mundial, em termos de reforço de soluções inovadoras.

Conclusão O setor de moldes em Portugal é um dos setores mais relevantes na economia portuguesa, com exportações para mais de 80 países. As cerca de 450 empresas e 7.640 trabalhadores fazem deste setor uma referência, com provas dadas e reconhecidas internacionalmente. Portugal, assim como a Bélgica, apesar de ser um pequeno país, tem qualidade, experiência acumulada, tecnologia, inovação, capacidade empresarial que projeta o país em todos os continentes, com números crescentes na produção, inovação e exportação. Os mercados mais importantes na exportação da indústria dos moldes portuguesa são a Alemanha, Espanha, França, República Checa e Reino Unido. A Bélgica representou 2% do total das exportações do setor, o que face aos fatores já apresentados poderemos afirmar que existe uma clara janela de oportunidade para reforçar a exploração deste setor na Bélgica. As Embalagens, o Automóvel, a Eletrónica e Tecnologias, a Aeronáutica, o Ambiente e a Saúde/Dispositivos Médicos são setores cuja dinâmica e competitividade justifica um aumento das exportações portuguesas e das parcerias entre Portugal e a Bélgica, plataforma geograficamente inserida entre aqueles que são já os principais mercados clientes do setor de moldes português. As importações belgas de moldes (8480-Intenational Trade Centre,ITC) provenientes de Portugal cresceram 137% em 4 anos (2010-2014), correspondendo a uma subida, enquanto fornecedor da Bélgica, da 12ª posição para a 6ª posição. Estes números só demonstram a estratégia e o dinamismo das empresas portuguesas, que têm vindo a crescer no mercado, e acreditamos que a Bélgica tem as condições propícias para reforçar a internacionalização do setor de moldes.

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A AICEP na Bélgica, em colaboração com a Embaixada de Portugal, na sua função de apoio à competitividade externa dos setores económicos, está disponível para cooperar com o setor, nas iniciativas que o possam continuar a promover, bem como facilitar contactos com vista à realização de negócio, parcerias estratégicas, fornecimento de soluções integradas e inovadoras. Queria registar uma nota de agradecimento ao Dr Tiago Monteiro, estagiário da Embaixada de Portugal na Bélgica, no trabalho de apoio à investigação elaborada para a realização do presente artigo.

__________________ Endereços Úteis: Associações Bilaterais: Embaixada da Bélgica em Portugal Praça Marquês de Pombal, 14 – 6º 1269-024 Lisboa Tel.: (+351) 21 3170510 | Fax: (+ 351) 21 3561556 E-mail: lisbon@diplobel.be | Web: www.diplomatie.be/lisbon Embaixada de Portugal na Bélgica Avenue Cortenbergh, 12 1040 Bruxelles - Belgique Tel.: (+32) 25 330 700 | Fax: (+32) 25 390 773 E-mail: bruxelas@mne.pt | www.embaixadadeportugal.be Câmara de Comércio Luso-Belga-Luxemburguesa Av. Duque d'Ávila, 203 – 5.º 1050 - 082 Lisboa Tel.: (+351) 21 315 25 02/03 I Fax: (+351) 21 354 7738 E-mail: info@cclbl.com | www.cclbl.com/ Câmara de Comércio Belgo-Portuguesa BLD ANSPACH 111 1000 Bruxelles Tél :+32 (0)2 2308323 Fax :+32(0)2 2306866 E-mail :ccportugal@skynet.be |www.ccb-portugal.be aicep Portugal Global, Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, EPE Rua Júlio Dinis, nº 748 – 8º e 9º Dto. 4050-012 PORTO Tel.: (+351) 226 055 300 | Fax: (+351) 226 055 399 Av. 5 de Outubro, 101 1050-051 LISBOA Tel.: (+351) 217 909 500 | Fax: (+351) 217 909 581 E-mail: aicep@portugalglobal.pt | www.portugalglobal.pt aicep Portugal Global - Bruxelas Avenue Cortenbergh, 12 Kortenberglaan 1040 Bruxelles - Belgique Tel: 00-32-2-286 43 40 Fax: 00-32-2-231 04 47 E-mail: aicep.brussels@portugalglobal.pt I www.portugalglobal.pt/

Associações belgas para a promoção da economia e investimento: Federal Agency for Foreign Investments Ministry of Economic Affairs - Service for Foreign Investments City Atrium C Rue du Progrès, 50 1210 Bruxelles - Belgique Tel.: +32 277 69 13 | Fax: (+ 32) 22 775 306 / 0800 120 57 E-mail:invest.belgium@economie.fgov.be | www.ib.fgov.be/ Wallonia Office for Exports and Foreign Investors (AWEX) Avenue des Dessus de Lives, 6 5101 Namur - Belgique Tel.: (+ 32) 81 332 850 | Fax: (+ 32) 81 332 869 E-mail: investinwallonia@investinwallonia.be | www.investinwallonia.be


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Flanders Investment and Trade (FIT) Koning Albert II-laan 37 1030 Brussels - Belgium Tel.: +32 2 504 87 11 | E-mail: info@fitagency.be | www.flandersinvestmentandtrade.com/ Brussels Invest & Export –Belgique Avenue Louise 500 1050 Brussels Tel : +32 (0)2 800 40 63 | Fax : +32 (0)2 800 40 01 www.investinbrussels.com Wallonia Regional Investment Company (SRIW) Ave. Destenay, 13 4000 Liège - Belgique Tel.: (+ 32) 42 219 811 | Fax: (+32) 42 219 999 E-mail: info@sriw.be | www.sriw.be Investment Company for Flandres (GIMV) Karel Oomsstraat, 37 B-2018 Antwerpen - Belgique Tel.: (+ 32) 32 902 100 | Fax: (+ 32) 32 902 105 E-mail: info@gimv.com | www.gimv.com Chambre de Commerce et d’Industrie de Bruxelles (BECI) Ave. Louise, 500 1050 Bruxelles – Belgique Tel.: (+ 32) 26 485 002 | Fax: (+ 32) 26 409 328 E-mail: info@beci.be | www.beci.be Brussels Regional Investment Company (SRIB) Rue Stassart, 32 1050 Bruxelles – Belgique Tel.: (+ 32) 25 482 211 | Fax: (+ 32) 25 119 074 E-mail: info@srib.be | www.finance.brussels/

Associações do setor: FEDERPLAST.BE - Association des Producteurs d'Articles en Matières Plastiques et Elastomères Diamant Building Boulevard A. Reyers 80 B - 1030 Bruxelles - Belgique Secrétaire général - Geert Scheys T +32 (0)2 238 97 39 F +32 (0)2 238 99 98 E-mail: geert.scheys@federplast.be | www.federplast.be AGORIA - fédération de l’industrie technologique Diamant Building - Bd A. Reyers Ln 80b 1030 Bruxelles - Belgique Tél. +32-2-706 78 00 www.agoria.be Febiac - Fédération Belge de l'Automobile & du Cycle Boulevard de la Woluwe 46 bte 6 1200 Sint-Lambrechts-Woluwe - Belgique T 02 / 778.64.00 F 02 / 762.81.71 E-mail : info@febiac.be | www.febiac.be Essenscia - Fédération belge des industries chimiques et des sciences de la vie Diamant Building Boulevard Auguste Reyers 80 1030 Bruxelles - Belgique +32 (0)2 238 97 11 E-mail : info@essenscia.be | www.essenscia.be Plastiwin - Cluster Wallonie Pôle d'ingénierie des Matériaux de Wallonie (PiMW) B56 - Quartier polytech 2 Rue des Pôles, 1 4000 Liège – Belgique E-mail : info@plastiwin.be |www.clusters.wallonie.be/plastiwin-fr


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PARENTALIDADE, IGUALDADE E NÃO DISCRIMINAÇÃO JOSÉ OROSA* * Assessor Jurídico da CEFAMOL

No final do ano transacto foi publicada a Lei nº 120/2015 de 1 de Setembro, que formaliza alterações às questões da parentalidade e outros direitos e deveres, nomeadamente na área da igualdade e não discriminação. Uma das principais alterações da referida Lei, no que respeita às responsabilidades imediatas das empresas, foi o aditamento da cláusula nº 4 ao artigo 127.º do Código do Trabalho, que obriga as mesmas à afixação na empresa da informação mais relevante sobre esta matéria. Assim, no site da ACT - Autoridade para as Condições do Trabalho, foi divulgado um documento com as obrigações “mínimas” de cumprimento dos normativos legais referidos anteriormente, o qual deverá ser, de imediato, afixado nas empresas, em local apropriado, constituindo a sua não publicitação, uma contra-ordenação leve. Tal documento pode ser descarregado no site da CEFAMOL (www.cefamol.pt) na área “Apoio Jurídico”. Acresce que, para além daquela obrigação urgente, a Lei nº 120/2015 de 1 de Setembro, contém ainda, outras importantes alterações, que a seguir se nomeiam: Quanto ao gozo da licença parental inicial (art. 40º CT (Código do Trabalho), a licença entre os 120 e os 150 dias passa a poder ser gozada em

simultâneo pelos dois progenitores. No caso das microempresas, tem de existir acordo do empregador para que tal aconteça. • A mãe e o pai trabalhadores têm direito por nascimento de filho, a licença parental inicial, cujo gozo podem partilhar após o parto. A mãe tem que gozar obrigatoriamente seis semanas de licença a seguir ao parto – artigo 40.º do CT. • No caso da partilha do gozo da licença, a mãe e o pai, devem informar os respetivos empregadores, até sete dias após o parto, do início e fim dos períodos a gozar por cada um, entregando para o efeito declaração conjunta - artigo 40.º n.º 4 do CT. • Caso a licença não seja partilhada pela mãe e pelo pai, o progenitor que gozar a licença (que pode ser o pai) informa o respetivo empregador sete dias após o parto da duração da licença e do início do respetivo período, juntando declaração do outro progenitor do qual conste que o mesmo exerce atividade profissional e que não goza a licença parental inicial – artigo 40.º n.º 5 do CT. • Períodos da licença parental - 120 dias pagos a 100 % da remuneração; 150 dias pagos a 80 %, mas se a mãe e o pai gozarem cada um/a, em exclusivo, pelo menos 30 dias consecutivos, ou dois períodos de 15 dias consecutivos, o montante é igual a 100 %. • A licença parental inicial de 150 dias consecutivos, pode ter a duração de 180 dias consecutivos, se a mãe e o pai gozarem cada um/a, em exclusivo, pelo menos 30 dias consecutivos, ou dois períodos de 15 dias consecutivos, após o período de gozo obrigatório pela mãe de seis semanas, pagos a 83% da remuneração de referência – artigo 40.º n.º 2 do CT. • Dispensa de trabalho - para amamentação (pela mãe) e aleitação (pela mãe ou pai) de dois períodos distintos, com a duração máxima de uma hora cada, devendo ser comunicadas ao empregador com a antecedência de 10 dias – artigos 47.º e 48.º do CT. • Faltas até, 30 dias por ano para assistência, em caso de doença ou acidente, a filho/a menor de 12 anos e 15 dias por ano, para assistência, a filho/a com 12 ou mais anos de idade - as faltas são justificadas, podendo o empregador exigir ao trabalhador prova da justificação. O montante diário dos subsídios é igual a 65 % da remuneração de referência - artigos 49.º n.ºs 2 e 5 do CT e faltas até quatro horas, uma vez por trimestre, para se deslocar à escola - as faltas são justificadas e não determinam perda de retribuição – artigo 249.º, n.º 2, al. f) e artigo 255.º, n.º 1 do CT. Proteção no despedimento: A trabalhadora grávida, em gozo de licença parental inicial ou que amamente o/a filho/a ou de trabalhador no gozo da licença parental inicial (pode ser o pai) têm direito à proteção no despedimento, sendo obrigatória a solicitação de parecer prévio pela entidade empregadora à Comissão para a Igualdade no Trabalho e no


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NEGÓCIOS BUSINESS

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Emprego (CITE), que o deverá emitir em 30 dias – artigo 63.º do CT.

grávida, puérpera ou lactante passa de contra-ordenação leve a grave.

Licença parental exclusiva do pai (art. 43.º CT)

Teletrabalho (art. 166.º)

Esta licença passa de 10 para 15 dias.

O trabalhador com filho com idade até 3 anos tem direito a exercer a atividade em regime de teletrabalho, quando este seja compatível com a atividade desempenhada e a entidade patronal disponha de recursos e meios para o efeito, não podendo o empregador opor-se ao pedido do trabalhador nestas circunstâncias.

Só entra em vigor no Orçamento de Estado de 2016, ainda, á data não promulgado. A licença parental inicial exclusiva do pai tem a duração total de 20 dias úteis, dos quais 10 são de gozo obrigatório e os outros 10 de gozo facultativo pagos a 100% da remuneração de referência. Os 10 dias úteis obrigatórios devem ser gozados nos 30 dias seguintes ao nascimento do/a filho/a, sendo os primeiros 5 dias gozados de modo consecutivo, imediatamente a seguir ao nascimento. Os 10 dias úteis facultativos podem ser gozados após os primeiros 10 dias obrigatórios, de modo consecutivo ou interpolado, em simultâneo com a licença parental inicial por parte da mãe.

Adaptabilidade grupal e banco de horas grupal - (art. 206.º e 208.ºB) Só se aplicam os regimes da adaptabilidade grupal e do banco de horas grupal ao trabalhador com filho menor de 3 anos de idade, que manifeste, por escrito, a sua concordância. Assédio (art. 29.º e ss)

O trabalhador com responsabilidades familiares que opte por regime de tempo parcial ou de horário flexível não pode ser penalizado em matéria de avaliação e progressão na carreira.

É proibido o assédio moral e sexual. O assédio é um comportamento indesejado nomeadamente baseado nalgum fator discriminatório (por ex. sexo, nacionalidade, deficiência etc.) e praticado com algum grau de repetição com o objetivo ou o efeito de afetar a dignidade da pessoa ou criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador.

Agravamento da contra-ordenação (art. 144.º), no caso da não comunicação por parte do empregador à CITE do motivo da não renovação de contrato de trabalho a termo sempre que estiver em causa uma trabalhadora

Em conclusão, esperamos ter contribuído com esta abordagem da nova parentalidade e da igualdade e não discriminação no trabalho, a uma melhor compreensão deste tema.

Avaliação e progressão da carreira (art. 55.º e 56.º CT)


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REFLEXÕES

João Faustino Presidente da CEFAMOL

ANO NOVO, VIDA NOVA “Ano Novo, Vida Nova” é uma expressão que procura marcar um distanciamento, mas também uma ligação com o ano transato. No entanto, poder-se-á considerar como um degrau para implementar ou marcar o ritmo de um novo conceito, uma nova abordagem de vida ou estilo nas pessoas, organizações ou instituições. Este degrau entre o passado e o presente serve para ajustar novas referências, atos, métodos, estratégias ou atitude, visando uma melhoria direcionada para o novo, moderno, inovador ou um outro desígnio relacionado com a vontade expressa de uma mudança concebida ou a conceber. Por outras palavras, esta frase procura dinamizar e interiorizar aquilo a que se chama “novo ciclo”. A Indústria de Moldes apresenta, no ano de 2016, novas oportunidades e desafios face aos ciclos de prosperidade cada vez mais curtos da envolvente que nos acompanha e que tem como base a economia à escala mundial. A determinação das empresas e todos os que estão envolvidos neste sector de atividade, conseguiram sempre, de forma mais ou menos consistente, ultrapassar as vicissitudes com que se depararam ao longo do seu caminho. No momento em que novos avanços tecnológicos são realidades diárias, não existem dúvidas de que a digitalização, impres-

são tridimensional, automação, robótica, novos materiais, inovação e I&D constituem fatores e áreas que irão assumir um papel de preponderância no dia-a-dia das nossas empresas.

“Forma bem os teus colaboradores para que possam partir. Trata-os bem para que não o queiram fazer” são palavras de Richard Branson da Virgin Airlines que agora, e mais do que nunca, se aplicam na perfeição à nossa Indústria.

Este novo ciclo da Indústria tem de ser encarado com energia e dinamismo. As apostas das empresas devem-se concentrar na rentabilidade dos seus recursos, abandonando muitas vezes ideias pré-concebidas ao longo dos anos e adotando novos métodos.

Esta filosofia alicerçada na confiança adquirida

A Indústria de Moldes tem de ter consciência de que só com a afirmação e foco na competitividade será possível criar o compromisso da qualidade, para tornar o nosso Sector mais atrativo perante os clientes. A meta é exigente, no entanto, o know-how e o empenho para abraçar novos desafios devem ser a aposta com vista ao aumento da sua flexibilidade e eficiência, para que possamos continuar a fabricar produtos inovadores e de reconhecida qualidade.

mais qualificados, mais preparados, dotados

A remodelação e modernização constante das organizações aliada à formação dos seus quadros deve ser a base dos aumentos de eficiência coletiva, em detrimento das práticas pouco éticas na busca de soluções de curto prazo para a resolução dos seus problemas, provocando desconforto no Sector e interpretações negativas ainda que não assumidas por parte de quem as pratica.

ao longo dos 70 anos de história, cria valor às empresas e dota-as de capacidade para enfrentar todos os novos desafios: saber trabalhar em equipa, liderar, gerir e integrar as atividades distintas com recursos humanos com novas competências, técnicas, humanas e comportamentais são aspetos fundamentais para as organizações. A união e a coesão no seio da Indústria em torno de desígnios comuns serão determinantes para a consolidação e aumento da cadeia de valor e no relacionamento com os centros de saber que assumirão um papel fundamental neste novo ciclo. Sair da zona de conforto, criar laços de cooperação entre empresas, reforçar relações e interações, são estratégias possíveis para se complementarem ofertas e/ou construírem soluções comuns, de forma a dar resposta às necessidades dos clientes e assim sobreviver no mercado global e exigente com o qual trabalhamos, neste Ano Novo que pretendemos

também que seja de Vida Nova.


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REFLEXÕES

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verifica-se que com o desaparecimento de algumas regras, a destruição, o ódio, o medo e a desilusão têm vindo a ocupar terrenos até aqui intactos e puros.

primeiro Congresso da Industria de Moldes, que foram “ditadas e apadrinhadas” por muitas empresas as regras básicas para o desenvolvimento da nossa Indústria.

No Mundo civilizado em que vivemos existem, e continuarão a existir, regras para tudo e para todos - no futebol, de trânsito, na educação, na justiça, de etiqueta, comportamentais, apenas para referir algumas. Estas procuram em todos os casos gerir relações, definir condutas com vista à moderação, segurança, saber estar e ao desenvolvimento coerente e harmonioso da sociedade.

Nas famílias, nos povos, nas nações e nas empresas, o uso das boas regras deve (ou deveria) contribuir para cimentar a esperança no futuro que cada um aspira. O “não” dito a uma criança, representa um ato de coragem no sentido de lhe permitir a assimilação das regras de comportamento. O “não” ou a aplicação de um castigo a um estudante ou jogador enquanto adolescente, pode e deve resultar numa consciencialização cívica ou numa lição de vida, já que na vida nem sempre “tudo é possível” e que a vida não se faz de “améns”, mas que o “não” e o “nem sempre” também estão presentes e devemos aprender a lidar com as dificuldades. No entanto, tudo isto apenas é possível se existirem valores e regras familiares objetivas e racionais.

A numeração e designação dos diferentes componentes de moldes, acessórios e sua normalização, especificações técnicas, controlo de qualidade, utilização de máquinas de controlo numérico, tratamentos térmicos, noções de gestão, planeamento da produção, métodos e preparação de trabalho, controlo, custeio, entre muitos outros, foram temas preponderantes para a criação de regras que tiveram a sua aplicabilidade e o seu consequente desenvolvimento ao longo dos últimos 30 anos. Os tempos, as técnicas, os requisitos dos clientes e as próprias empresas evoluíram. Contudo, muito deste conhecimento continua a ser atual e vital para que as empresas se desenvolvam e enfrentem diariamente os desafios com que se confrontam.

Ao longo dos últimos anos, mal ou bem, têm vindo a ser alteradas muitas regras que em tempos foram pilares inequívocos de gerações, continentes, religiões e outros mais. À luz da “modernice dos tempos”, da falta de valores morais, das birras ou teimosias associadas à transversalidade da igualdade e dos direitos,

A Industria de Moldes nos seus quase 70 anos de atividade teve também necessidade de criar regras. Umas idealizadas por respeitados professores nas escolas e outras organizadas por verdadeiros mestres no chão de fábrica. Não obstante a aplicação das regras existentes, foi somente em 1985, aquando da realização do

A introdução de novas tecnologias, a comunicação direta entre máquinas, a sintonia e o encadeamento das operações produtivas a partir de células, a produtividade, a pressão da redução de custos e a organização transversal a todos os setores, só será possível com a implementação e otimização de boas regras.

REGRAs No Mundo em que vivemos existe um conjunto de princípios basilares que devem nortear o dia-a-dia de organizações, empresas, pessoas e comunidades. Desde a infância até à idade adulta em todas estas entidades existem regras que se vão aprofundando e/ou alterando ao longo do seu desenvolvimento e que são de extrema importância para a sua sustentabilidade e relacionamento com o próximo.


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homenagem

Maria arminda Revista O Molde

Telmo Ferraz Profissional do Ano para o Rotary Club da Marinha Grande

Um líder carismático, solícito e solidário, é um líder que INSPIRA e motiva. (Guilherme Machado)

Seguindo uma tradição internacional, o Rotary Club da Marinha Grande faz questão de, anualmente, prestar publicamente homenagem a profissionais que, nas suas áreas de atividade, pautam o seu percurso de vida pelo exemplo cívico, pela dedicação e pelo apego que se lhes reconhece, não só para com as suas profissões, mas também para com as causas humanas e sociais a que se dedicam, engrandecendo assim, a comunidade onde se inserem. Foi com base nestes princípios que este Club distinguiu no passado dia 20 de Fevereiro, como profissional do ano de 2015, o empresário Telmo Ferraz, tendo a cerimónia decorrido no Sport Operário Marinhense (sala Jorge Martins). E foram muitos (cerca de centena e meia) de amigos e colaboradores que quiseram associar-se a esta justa homenagem e que quiseram publicamente relembrar alguns factos e episódios do ou com o homenageado. O ambiente familiar que reinou em volta do homenageado era tal que, a determinada altura, a emoção tomou conta do momento, quando os seus netos lhe agradeceram por ele ser quem era e por ser adepto do Sporting: - “Saudações leoninas, avô”. Telmo Ferraz era um homem feliz ao dizer que não sabia se merecia tal homenagem, mas tinha a plena consciência que os amigos presentes estavam ali de coração. Telmo Lopes da Silva Ferraz nasceu em Ma-

ceira - Liz a 4 de Novembro de 1943. Iniciou a sua formação no pré-escolar da então “Empresa de Cimentos da Maceira-Liz”, concluindo a mesma na Escola Industrial e Comercial da Marinha Grande. Porque a formação escolar nunca está completamente concluída, fez diversos cursos de formação em gestão, nomeadamente, no CIFAG - Formação em Finanças para Gestores não Financeiros e aperfeiçoou o seu inglês no IF - “ Intensive American English“.

o 1º classificado no seu curso de Ponteneiros de Engenharia, é escolhido pelos seus superiores para formador na sua especialidade. Atualmente, exerce o cargo de Presidente da Assembleia Municipal da Marinha Grande, para o qual foi eleito em 2009 e reeleito em 2013. Pertenceu aos órgãos sociais do Sport Operário Marinhense, sendo ainda hoje presidente do conselho fiscal, e do Atlético Clube Marinhense. Profissionalmente, aos quinze anos de idade iniciou a sua atividade como aprendiz de projeto de moldes na secção de desenho da Firma Edilásio Carreira da Silva.

Outra faceta que talvez seja do desconhecimento de alguns, é que Telmo Ferraz foi atleta federado no Atlético Clube Marinhense na década de 60 do século XX e com 17 anos de idade, fez parte da equipa principal de futebol que na época de 60/61 esteve muito perto da subida à 1ª Divisão Nacional, tendo inclusive sido chamado por José Maria Pedroto, então selecionador nacional, aos treinos da Seleção Nacional de Juniores.

Conta-se que no primeiro dia de trabalho, o seu chefe (Victor Alexandre) o mandou arrumar uns desenhos num armário que ficava junto à porta de entrada do gabinete, quando outro colaborador da mesma empresa (Joaquim Matos) entrou na sala e disse ao chefe:

Fez o Serviço Militar na Escola Prática de Engenharia em Tancos e ao ter conseguido ser

- Tens um ajudante novo?! Um “soteras” para te ajudar?


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Ao que o chefe respondeu: - Não sei se tenho um ajudante ou alguém para me chatear a cabeça. Ficaram amigos e ainda hoje se respeitam e sentem mutuamente um certo carinho fraternal. Cinco anos volvidos, é promovido a chefe de seção, substituindo na sua chefia direta, o saudoso Victor Alexandre que se havia transferido para a Lismolde, como sócio daquela unidade industrial. No final da década de 60, participa ativamente na criação do Sindicato Nacional dos Técnicos de Desenho, registado com o nr. sócio 559. A 15 de Maio de 1978 é um dos sócios fundadores da Planimolde Lda.

Em 2012, e quando esperava reduzir a sua já longa atividade profissional e inclusive havia vendido as ações que detinha na empresa ao Grupo LN Moldes, o inesperado acontece. Com o falecimento súbito de Leonel Costa, principal acionista do Grupo LN, junta-se a Telmo Ferraz um novo investidor e a 30 de Novembro de 2013, assumem a totalidade do capital da Planimolde S.A. Reorganiza o organigrama da empresa, promove colaboradores do seu quadro de pessoal e, em conjunto, enfrentam com confiança e determinação, uma nova realidade. Fez parte do elenco diretivo da CEFAMOL em representação das empresas Edilásio Carreira da Silva e Planimolde, durante vários mandatos, sendo ainda presentemente parte

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integrante dos órgãos sociais desta Associação e da OPEN - Associação para Oportunidades Especificas de Negócio. Como orador convidado, participou em diversos Congressos e Seminários, destacandose os Congressos da Indústria de Moldes. Atualmente, Telmo Ferraz, é diretor geral e presidente do conselho de administração da Planimolde S.A., e principal responsável de toda a sua estrutura. Foi uma homenagem justa e merecida a um homem que dedicou grande parte da sua vida às causas cívicas e humanas. Parabéns Telmo! Que a vida lhe continue a sorrir.


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IN MEMORIAM

Maria arminda Revista O Molde

António Baridó Gil

“Morremos a cada dia, a cada dia falta uma parte da vida” (Seneca) e é uma parte da nossa vida que cada amigo que parte leva consigo.

Assim aconteceu com António Baridó Gil, que nasceu a 15 de dezembro de 1939 no seio de uma família vidreira, no lugar das Figueiras, freguesia e concelho da Marinha Grande. Foi na escola do Engenho que iniciou a instrução pri-

mária, vindo a concluir este grau de ensino na escola da Embra. Daqui passou para o ensino secundário onde concluiu o curso industrial.

sabilidade. Os dias de férias eram poucos e gozados parcialmente. Praticamente nunca se desligava da empresa.

Por iniciativa da sua madrinha, que vivia em Lisboa, foi viver para a capital e entrou ao serviço do LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil, como aprendiz de desenhador. Mas as saudades da sua terra, fizeram-no regressar à Marinha Grande ingressando na empresa Acácio Calazans Duarte na secção de desenho, sob a batuta do próprio engenheiro Calazans.

Em representação da Novateca fez parte do elenco diretivo da CEFAMOL – Associação Nacional da Indústria de Moldes durante alguns mandatos, cargos que desempenhava com rigor e cooperação.

Estávamos no final da década de sessenta e a indústria de moldes estava em expansão. António Pedroso era sócio de uma empresa de moldes mas pretendia vender a sua quota. Foi oferece-la a António Baridó que, apesar de algum receio de não ser bem-sucedido, teve o apoio e motivação daquela que viria a ser sua esposa, acabou por comprar a referida quota. Foi assim que entrou na empresa Novateca, Lda., indo assumir não só a sua gerência, mas também a responsabilidade do departamento de desenho e do setor comercial. Foram anos de muita luta, muito trabalho e muita respon-

De acordo com a sua personalidade de homem bom e dedicado às causas associativas, foi sócio e membro diretivo do Sporting Clube Marinhense. No limiar da idade da reforma, os sócios venderam a empresa e António Baridó Gil ainda colaborou algum tempo com a empresa Tecmolde, mas tinham sido muitos anos de muitas canseiras, por isso decidiu abandonar a atividade profissional e dedicar-se aos seus hobbies preferidos (a caça e a pesca). Deixou-nos no dia 10 de janeiro de 2016. Morreu como sempre viveu: Homem simples, íntegro e cumpridor dos seus deveres. À sua família (esposa, filhos, noras e netos) as mais sentidas condolências do corpo redatorial da revista “O Molde”.


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IN MEMORIAM

Vítor hugo Beltrão*, Joaquim Menezes** * Revista O Molde, ** Iberomoldes

LARRY A. FATTORI A inexorável lei da vida vai-nos empobrecendo, paulatinamente, roubando-nos o convívio dos amigos e nossos mestres, até chegar a nossa vez. Não fomos surpreendidos pelo seu falecimento, pois sabíamos que estava doente e a decair demasiado rápido, mas é sempre doloroso ver partir um amigo por quem se tem muito respeito, admiração e estima.

Faleceu o Mister Fattori, o senhor “zarcão” (como carinhosamente era conhecido e gostava de ser tratado) quando visitava, na fabricação, os seus moldes e explicava as dúvidas que, eventualmente, pudesse ter sobre a qualidade do justamento dos seus moldes. Tinha prazer em ensinar e explicar o que pretendia, as suas exigências, o como e o porquê, porque era um mestre e sabia ensinar. Gostava de partilhar com todos o que sabia. Larry Fattori nasceu a 7 de setembro de 1927 em Carlstadt, New Jersey nos USA, descen-


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dente duma família italiana e faleceu a 14 de janeiro deste ano. Seu pai tinha uma pequena oficina, com dois sócios que se dedicavam à modelação de monóculos e armações para óculos de sol. Naqueles tempos não utilizavam as máquinas de injeção e os aros eram feitos em peças coladas, isto nos anos de 1947/1948. Larry frequentou a Valley Forge Military Academy e em 1949 obteve o diploma de engenharia mecânica no Stevens Institute of Technology. Durante a Segunda Guerra Mundial serviu o seu país como piloto naval e a sua paixão pela aeronáutica continuou por toda a sua vida. Desde a idade dos 16 anos, que Larry entrou na moldação, nos moldes e no desenvolvimento de produtos plásticos. Até ao seu falecimento nunca deixou esta indústria (em dezembro tinha discutido com Joaquim Menezes detalhes de um novo desenvolvimento do seu “selo” de segurança). Ao terminar o curso de engenharia, funda a Rel Manufacturing Corporation, que em poucos anos se transformou num “custom molder” de referência. Chega a ter 18 “toolmakers”, que produziram alguns moldes, mas, sobretudo eram necessários para manter e reparar moldes que utilizava. Inicialmente dedicou-se à fabricação de pequenos brinquedos, mas os intermediários eram tantos, cada um a preocupar-se em reter a sua percentagem, que se tornou impossível trabalhar nestas condições. Começa então a trabalhar por encomenda com clientes diretos, nomeadamente a TransWorld Display, que o introduz em grandes empresas,

como as bebidas Seagrams, os perfumes Fabergé, a Salton eletrodomésticos e muitos outros, que lhe permitiram expandir o negócio e conhecer o mercado europeu de moldes, particularmente Portugal na Marinha Grande. A experiência com outros mercados europeus, não o seduziram – Alemanha, Suíça, Itália e foi na Marinha Grande, na empresa Aníbal H. Abrantes e mais tarde no Grupo Iberomoldes, que encontrou a qualidade, a capacidade de resposta e a organização que pretendia. De tal maneira foi intensa a sua atividade em Portugal, que acaba por adquirir um apartamento com terraço panorâmico em Cascais, com vistas para a serra de Sintra e para a baía de Cascais, paisagens maravilhosas, que o inspirava e convidava a concentrar-se no estudo das suas invenções. Invenções sempre patenteadas e em vários continentes, cerca de sessenta patentes, na Austrália, Japão, América do Sul – Chile, Argentina, Canadá e naturalmente nos Estados Unidos da América. Era um inovador. Aliando a sua formação em engenharia, a experiencia e dedicado estudo e investigação de toda uma vida de trabalho, fez da inovação o seu modo de vida. De muitos produtos e processos, salienta-se uma válvula de compressão para a indústria da embalagem do leite, com capacidade para vinte e cinco galões, depois utilizada com outros líquidos e que ainda hoje encontramos nos supermercados em Portugal na distribuição de vinho (“bag in a box”). Em 1992, patenteou um “selo” inviolável para os contentores marítimos, que desenvolveu desde 1989, que foi um sucesso e se sobrepôs a todos os outros negócios. Foi este o produto

da sua “aposentação”, vendeu a Rel Manufacturing Corporation e foi viver para West Palm Beach, na Florida, onde criou uma nova, a Relcor, para a produção e venda deste “selo”. Teve uma vida intensa, grande parte dela ligada a Portugal que visitava quase todos os meses. Foi durante uma das estadias em Portugal, em 1976, que teve um grave problema cardíaco, tendo sido imediatamente assistido pelo Professor Fernando Pádua. Este incidente veio a reforçar ainda mais os laços que o ligavam a Portugal e aos amigos portugueses. Foi intervencionado três vezes ao longo da vida, com pioneiras e delicadas cirurgias ao coração. Joaquim Menezes, foi para ele o “filho português”, como carinhosamente o tratava, o confidente e amigo de todas as horas da família Fattori, o irmão dos verdadeiros filhos – sete - desde 1975 sempre presente em todos os momentos – bons e menos bons – da família, nomeadamente as reuniões anuais da família em que se sentia e era tratado sempre como um deles. Partilhou e participou no desenvolvimento de muitas das patentes e dos seus conselhos e ensinamentos técnicos, foi de todos nós quem melhor o conheceu. No seu funeral, restrito à família, foi conjuntamente com o encarregado cubano da Relcor, Armando Diaz, as únicas pessoas externas à família que estiveram presentes. A doença venceu por fim o “gigante”, deixando em todos nós uma grande e sentida saudade. À sua esposa e filhos, apresentamos os nossos sentidos pêsames. “Larry Fattori um morto eternamente vivo, nos nossos corações”.



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