O MOLDE nº115 Outubro 2017

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aNo 28 10.2017 Nº 115

aNo 28 10.2017 Nº 115 €4,50

ENTREVISTA: JOAQUIM MENEZES, PRESIDENTE DA ISTMA EUROPe

O setor fala de… polimento

Oportunidades no Golfo: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar



ÍNDICE CONTENTS N 115 |10.2017

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MOLDPLÁS DESTAQUE HIGHLIGHT

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INOVAÇÃO INNOVATION O que as empresas concebem de forma singular e inovadora What our companies concieve in a singular and innovative way

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TECNOLOGIA TECHNOLOGY

3 4 12 13 14 16 18 20 22

ENTREVISTA: JOAQUIM MENEZES, PRESIDENTE DA ISTMA EUROPE ESPECIAL: FORMAÇÃO NO SETOR DE MOLDES

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“Moldplás” de 8 a 11 de novembro na Batalha

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Entrevista: José Frazão, diretor da Exposalão

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“Moldplás” | Expositores e visitantes satisfeitos com o certame

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Elementos de construção standard nos moldes de injeção. Ontem, hoje e amanhã!

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MMC Hitachi Tool apresenta “Moldino”

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Axile: agile smart machining

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Tebis revoluciona a produção industrial

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Projeto I&DI “Flexcraft”

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Projeto I&DI “Modseat”

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A ATT na vanguarda da inovação tecnológica

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Compostos termoplásticos reforçados por fibras para aplicações de blindagem EMI Fiber reinforced thermoplastics compounds for EMI shielding applications

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O setor fala de… polimento

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Elementos móveis mecânicos para moldes 2k rotativos: o que são e para que servem?

68

Tratamentos avançados baseados na nitruração para fundição injetada

73

Cooperar no seio de um cluster é uma questão de convicção e de cultura e não uma moda

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Exportações de moldes no 1º semestre de 2017

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Estratégia e qualidade na indústria de moldes

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Oportunidades no Golfo: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar

Equipamentos, Processos, Conhecimento Equipments, Processes, Expertise

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NEGÓCIOS BUSINESS Economia | Mercados | Estatísticas Economy | Market information | Statistics

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EDITORIAL NOTÍCIAS CEFAMOL NOTÍCIAS CENTIMFE NOTÍCIAS OPEN NOVOS ASSOCIADOS NOTÍCIAS DOS ASSOCIADOS ANIVERSÁRIO DOS ASSOCIADOS

REFLEXÕES

FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes • REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Av. D.Dinis, 17 / 2430-263 MARINHA GRANDE - PORTUGAL / T: 244 575 150 / F: 244 575 159 / E: revista_omolde@cefamol.pt / www.cefamol.pt • FUNDADOR Fernando Pedro • DIRETOR Manuel Oliveira • CONSELHO EDITORIAL António Rato, Eduardo Pedro, Luís Abreu e Sousa, Manuel Oliveira, Maria Arminda, Mário Gaspar, Vitor Hugo Beltrão • COORDENADORA EDITORIAL Maria Arminda • COLABORADORES António J. Pontes / António Lino / António Selada / Carlos Martinho / João Luís Domingues / João Faustino / João Sabino Pais / José Augusto Alfaia / José Carlos Pereira / José Ferro Camacho / José Silva / Leonel de Jesus / Luís C. Martins / Luís Moreira / Paulo Duarte / Pedro Bernardo / Rui Tocha / Vítor Ferreira • REVISÃO Sandra Pereira • PUBLICIDADE Rui Joaquim • EDIÇÃO E PAGINAÇÃO Colorestúdio – Artes Gráficas, Lda – Leiria / T: 244 813 685 / E: colorestudio@colorestudio.pt • PERIODICIDADE Trimestral • TIRAGEM 1500 exemplares • DEPÓSITO LEGAL 22499/88 • REGISTO ERC 113 153 • Nº ISSN 1647-6557

ANUNCIANTES Meusburger 2 / Cadmould 5 / MMC Hitachi Tool Engineering Europe GmbH 7; 35 / Fluxoterm 11 / Hotel Mar&Sol 12 / Haimer 15 / Cheto 19 / Simulflow 21 / Open Mind 25 / Synventive 29 / Hasco 33 / Mater 37 / FCS System 39 / Tecnirolo 43 / Oerlikon Balzers 45 / S3D 47; 81 / Amtools Group 49 / TTO 51 / Knarr 53 / Sew Eurodrive 55 / Fuchs 57 / Eurocumsa 61 / GrandeSoft 65 / Misumi 67 / Heto 69 / Yudo 71 / Blasqem 75 / TCA 77 / DNC Técnica 79 / Konica Minolta/Etron 82 / FerrolMarinha 83 / Jaba 84 / Misumi capa interior / Moldplas 2017 contracapa interior / Tebis contracapa • Imagem gentilmente cedida pela Exposalão - Batalha. • O conteúdo desta publicação não pode ser reproduzido no todo ou em parte sem autorização da CEFAMOL. • Conteúdos conforme a nova ortografia.



O MOLDE N115 10.2017

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editorial

manuel oliveira* * Secretário-geral da CEFAMOL

“Moldplás 2017” Desde os primórdios da civilização que as feiras são pontos de encontro e de promoção de negócio entre produtores e consumidores. Têm sido locais, por excelência, para apresentação de novidades, onde se dá a conhecer ao público o que de melhor se produz, colmatando necessidades existentes, gerando outras necessidades, concentrando num único espaço a oferta de diferentes produtores que tentam diversificar e valorizar os seus bens junto do potencial cliente.

“Moldplás 2017” Since the very beginnings of civilisation, trade fairs have been places for meeting and promoting business between producers and consumers. They have been places, par excellence, for presenting innovations, where the very best items produced have been presented to the public, meeting existing needs, generating other needs, concentrating within a single space the offers of different producers seeking to diversify and ensure that their goods are right for potential customers.

Atualmente, a situação não é muito diferente deste conceito mais tradicional. Muda a abrangência da oferta, com mais produtores, com diferentes origens, valorizam-se não apenas os produtos, mas os serviços a ele agregados, aposta-se na diferenciação e personalização dos conceitos, reforça-se a promoção e o marketing para a atração de novos clientes.

Nowadays, the situation is not far removed from what it used to be. The scope of the offer changes, with more producers, of different origins; they optimise not only their products, but also services complementary to them, betting on distinction and personalisation, encouraging their promotion and marketing to attract new customers.

No nosso setor, a situação não é diferente, sendo as feiras valorizadas de forma distinta, caso estejamos na posição de clientes ou fornecedores. Normalmente, analisamos as feiras e o seu contributo para o desenvolvimento da indústria, muito na posição do expositor, que apresenta a sua oferta, tenta captar novos clientes, entrar em novos mercados ou (e cada vez mais), aproveitar a oportunidade para reforçar relacionamentos e interação com atuais clientes.

In our sector, whether a customer or a supplier, the situation is no different; trade fairs are exploited in a different way. Normally, we analyse trade fairs and their contribution towards the development of industry, especially from the perspective of an exhibitor, presenting their offer; they try to attract new customers, enter new markets or (increasingly) make the most of the opportunity to strengthen relationships and interact with other customers.

E no que diz respeito à importância das feiras no papel do visitante ou do cliente? Não são estes eventos oportunidades de excelência para conhecer novos produtos e serviços que possamos vir a incorporar na nossa oferta? Para conhecermos novas tecnologias e materiais que poderão apoiar os nossos esforços em busca da rentabilidade e competitividade das organizações? Para reforçar relacionamentos e parcerias com os nossos fornecedores?

And how important is the size of a trade fair from a visitor's or customer's perspective? Are these events not excellent opportunities to learn about new products and services which may become integral parts of our offer? To learn about new technologies and materials which may support us in our efforts as we seek organisational profitability and competitiveness? To strengthen relationships and forge partnerships with our suppliers?

É claro que sim, e as nossas empresas fazem-no com regularidade, aproveitando estes fóruns para conhecer o que de melhor se faz a nível internacional e como podem tais soluções reforçar a sua oferta competitiva ao mercado. O que acontece normalmente é que estes eventos, têm lugar muitas vezes a nível internacional, com especial destaque para países como a Alemanha, França ou EUA, limitando a possibilidade de muitos dos que trabalham no setor contactarem com tais realidades. Esta é uma das principais razões porque consideramos a existência da feira “Moldplás” de importância estratégica para a nossa indústria. Por um lado, permite-nos ter “à porta de casa”, um evento (apesar de menor dimensão quando comparado com alguns certames internacionais) com as caraterísticas acima descritas, onde os decisores das nossas empresas têm contacto com a oferta internacional dedicada ao nosso setor. Por outro, permite que os técnicos qualificados das empresas a possam visitar – são muitas aquelas que organizam a visita dos seus colaboradores ao certame – gerando contacto com novas soluções, promovendo o seu conhecimento e envolvimento na vida da empresa, motivando os mesmos para identificar oportunidades para as organizações ultrapassarem os desafios constantes do setor.

It is quite clear that yes, our companies do this regularly, making the most of these fora, to determine the best way of doing things on an international scale and how such solutions may strengthen their competitive offer to the market. What normally happens is that these events are often on an international scale, especially focussing on countries such as Germany, France and the USA, limiting the ability for many of those who work in the sector to confront realities. This is one of the key reasons why we consider the existence of the “Moldplás” trade fair of strategic importance to our industry. Firstly, it gives us, “on our doorstep”, an event (albeit a small one compared with some international competitions) with the aforementioned characteristics, where the decision-makers in our companies have contact with the international offer dedicated to our particular sector. Secondly, it gives companies' qualified technicians the opportunity to visit – many organise employee visits to competitions – generating contact with new solutions, promoting their learning and development in the life of the company, motivating them to identify opportunities for organisations to look beyond the sector's usual challenges.

Porém, acreditamos que a existência desta feira, especialmente orientada para os setores de moldes e plásticos, vai mais longe pois permite dar maior visibilidade à indústria, chamando a atenção da comunidade, atraindo os jovens para a mesma e para as oportunidades que aqui têm para desenvolver as suas futuras carreiras profissionais – não são despicientes as visitas organizadas ao evento pelas escolas, principalmente quando a atração de jovens talentos é uma das prioridades do setor.

However, we believe that the existence of this trade fair, especially orientated towards the moulds and plastics sectors, goes much further since it provides the industry with better visibility, drawing the attention of the community, attracting young people into it and the opportunities which it offers them to develop their future professional careers – visits to events organised by schools are not insignificant, particularly when attracting young talents is one of the sector's priorities.

Estas são algumas das razões pelas quais damos neste número da revista “O Molde”, especial destaque à “Moldplás 2017”, falando com os seus responsáveis, analisando as suas expetativas, demonstrando a sua expansão e evolução, mas também ouvindo expositores e visitantes, conhecendo algumas das novidades que serão aí apresentadas, esperando nós, também motivar a vossa visita ao evento.

These are just some of the reasons we are giving in this issue of the magazine “O Molde”, in preparation for “Moldplás 2017”, speaking to its organisers, analysing its expectations, demonstrating its expansion and development, but also listening to exhibitors and visitors, learning about some of the innovations which will be presented at it; we hope that it will also motivate you to visit the event.


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NOTÍCIAS NEWS

PORTUGAL LIDERA ISTMA EUROPE EM MANDATO DE TRÊS ANOS A CEFAMOL, representada por Joaquim Menezes, irá liderar a ISTMA Europa (Associação Europeia da Indústria de Moldes e Ferramentas Especiais), num mandato de três anos (2017-2020). Portugal sucede assim, no cargo, à Finlândia, onde a associação europeia foi presidida por Jari Saaranen, em representação da TECHIND.

EFFRA, será um dos pilares desta presidência, cumulativamente com a promoção da cooperação e networking entre associações e empresas dos diferentes países membros, não esquecendo a relação com clientes e fornecedores da indústria, organizações tecnológicas e de ensino, consideradas áreas-chave para o sucesso deste mandato.

O novo presidente, que assumirá simultaneamente o cargo de vice-presidente da associação mundial (ISTMA World), irá apresentar os seus objetivos e plano de ação para o mandato no próximo mês de novembro, mais concretamente nos dias 6 e 7, durante a reunião associativa que se realizará na Eslovénia. A promoção e visibilidade do setor, assim como o posicionamento da indústria de moldes e ferramentas especiais nas prioridades estratégicas da politica europeia estarão no topo da agenda.

Durante este período, também o secretariado da ISTMA Europe e da ISTMA World permanecerão em Portugal, liderados e dinamizados pela CEFAMOL.

Também ao nível europeu, a ISTMA deverá continuar os seus esforços de promoção da importância estratégica e infraestruturante do setor para o desenvolvimento e sustentabilidade da indústria e da economia desta região. Em paralelo, o reforço da relação com a Comissão Europeia, a plataforma “Manufuture” e a iniciativa “Factories of the Future”, dinamizada pela

Feira de 17 a 21 de outubro, na Alemanha CEFAMOL lança revista sobre a “Fakuma” A CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes lançou uma revista dedicada à presença nacional na “Fakuma”. Trata-se de uma publicação bilingue, de 96 páginas, que acompanhará a participação da indústria portuguesa nesta que é uma das mais importantes feiras do mundo para o setor dos plásticos e sua cadeia de valor, a qual decorre entre 17 e 21 de outubro, no Centro de Exposições de Friedrichshafen, na Alemanha. "A feira 'Fakuma', é o ponto alto na estratégia de promoção setorial, sendo o principal evento realizado este ano na Europa, mais concretamente no sul da Alemanha - por sinal, o maior e mais importante mercado europeu nesta área industrial", salienta, no editorial, o secretário-geral da CEFAMOL. Manuel Oliveira sublinha, ainda que, pela sua posição geográfica, esta feira "apresenta-se para as empresas portuguesas como um palco de excelência para a dinamização de novos negócios e parcerias na região, não esquecendo os inúmeros visitantes oriundos de outros países".

Informações adicionais sobre a ISTMA poderão ser obtidas em www.istma.org.


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São 26 as empresas portuguesas que acompanham a CEFAMOL nesta feira, que tem, este ano, uma edição festiva, ao assinalar a sua 25ª edição. Em entrevista, Bettina Schall, diretora-geral do evento, revela esperar um bom certame, com "casa cheia": são 1.700 expositores, oriundos de 35 países e esperam-se visitantes de todo o mundo. A revista apresenta ainda uma interessante reflexão da indústria portuguesa de moldes sobre o futuro do setor, sobretudo no que diz respeito aos desafios no âmbito da “Indústria 4.0”, que pode ser lida num artigo de opinião de João Faustino, presidente da CEFAMOL e num outro artigo que integra a opinião de várias das empresas presentes no certame. Pedro Leão, delegado da AICEP em Berlim, em entrevista, debruça-se também sobre o futuro, considerando que "a nova era digital irá beneficiar as empresas portuguesas que fornecem o mercado alemão". A história da indústria de moldes portuguesa, a sua evolução e posicionamento atual no mercado (com os mais recentes números do setor, cujo valor das exportações, em 2016, ascendeu a mais de 600 milhões de euros, colocando Portugal como o terceiro fabricante europeu de moldes e o oitavo a nível mundial) são o tema de abertura da publicação que destaca, também, a importância do cluster ‘Engineering & Tooling’ que procura afirmar Portugal como o país do desenvolvimento tecnológico.

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Rui Tocha, diretor-geral da Pool-Net, que gere o cluster 'Engineering &Tooling', assina um artigo de opinião, onde fala da marca coletiva que, diz, "representa o patamar mais elevado da cooperação industrial, através da qual os parceiros competem e cooperam (“coopetição”), procurando ganhar dimensão, visibilidade e afirmação da sua capacidade de oferta de soluções 'chave na mão', a clientes globais". A revista dá voz também a alguns dos fabricantes de moldes portugueses que vão estar presentes na “Fakuma”, dando conta das suas expetativas, quer sobre a participação na feira, quer sobre o mercado alemão. Tem ainda um espaço dedicado a cada uma das empresas, onde é feita uma apresentação detalhada da sua atividade e dos seus produtos e serviços.


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CEFAMOL LANÇA INICIATIVA “NOVAS FRONTEIRAS” Com o objetivo de apoiar mais empresas a exportar e reforçar a presença da indústria portuguesa de moldes no mercado internacional, a CEFAMOL lançou a iniciativa "Novas Fronteiras”, que contemplará diversos seminários e workshops dedicados à internacionalização e ao conhecimento de mercados, assim como a visita a certames internacionais que promovam o contacto e networking com outros intervenientes do mercado. No âmbito desta iniciativa, que se integra no projeto de promoção internacional “Engineering & Tooling from Portugal”, será promovida uma visita à feira “Fakuma 2017", que irá decorrer entre os dias 17 e 21 de outubro, na cidade de Friedrichshafen (Alemanha), especialmente dedicada a empresas (PME) que, atualmente, trabalhem para o mercado interno e tenham interesse em iniciar ou melhorar o seu processo de exportação direta. Esta ação permitirá aos participantes analisar e avaliar as potencialidades geradas pela presença coletiva em feiras e o contacto direto com os expositores presentes.

(Bench)marketing & Boas Práticas @ Fakuma 2017 | @Plastimagen 2017 Enquadradas no projeto promoção internacional “Engineering & Tooling from Portugal”, a CEFAMOL irá promover as iniciativas “(Bench)Marketing & Boas Práticas” na: – “Fakuma 2017”, entre os dias 17 e 21 de outubro, na cidade de Friedrichshafen (Alemanha). – “Plastimagen 2017”, entre os dias 7 e 10 de novembro, na Cidade do México. Esta iniciativa destina-se a empresas nacionais (PME) de setores de atividade complementares à indústria de moldes, nomeadamente a indústria de plásticos e de componentes, permitindo o cruzamento de experiências e a interação com o setor, reforçando a complementaridade da oferta nacional no mercado. A ação permitirá aos participantes não só conhecer e interagir com as empresas que integram a presença nacional promovida pela CEFAMOL, como sensibilizar as mesmas para a relevância de iniciativas conjuntas, alertando para as vantagens de ações intersetores, no âmbito da promoção e notoriedade internacional.



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DEZASSEIS EMPRESAS DE MOLDES E PLÁSTICOS PATROCINAM BOLSAS DE ESTUDO NO ANO LETIVO 2017/2018 Vinte e sete empresas, entre as quais 16 dos setores de moldes e plásticos, patrocinam, este ano letivo, 38 bolsas de estudo “IPL Indústria” a estudantes de nove cursos do Instituto Politécnico de Leiria, lecionados na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, em Leiria, e na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, em Peniche. Em relação ao ano letivo passado, trata-se de uma subida no número de bolsas apoiadas, na ordem dos 40%, atestando o sucesso do protocolo firmado, em 2013, entre o Politécnico de Leiria, a Associação Nacional da Indústria de Moldes (CEFAMOL) e a Associação Empresarial da Região de Leiria (NERLEI).

para a necessidade de "repensar a carreira do docente: deve ser atrativa e motivadora, de forma a gerar mais valor para o sistema de ensino e investigação e para as próprias empresas".

No ano letivo anterior foram 21 as empresas participantes, doze das quais da indústria de moldes, tendo, no total, sido apoiados 27 estudantes.

António Mira, diretor para a área da Indústria da Siemens Portugal – Responsável pelos temas digitalização, “Indústria 4.0” destacou o centro de competências na área de I&D que existe em Portugal, fornecedor de quadros qualificados, nomeadamente na área da cibersegurança, que importa requalificar para os novos desafios na automatização de processos. Já Paulo Almeida, presidente da Associação Empresarial de Portugal, salientou que esta “revolução” não se iniciou agora, pois muitos dos setores já incorporam estas tecnologias. «Temos uma atividade empresarial muito virada para os mercados externos, embora no ranking mundial não sejamos vistos como um país exportador.»

Os resultados do protocolo foram apresentados em julho, no decorrer do V Encontro “IPL Indústria”, que decorreu nas instalações da NERLEI. De acordo com os promotores, realizaram-se, no âmbito da parceria estabelecida entre as três entidades, 31 visitas de estudo, 73 estágios extracurriculares de verão, 135 estágios curriculares de licenciaturas, 49 estágios curriculares de mestrado nas empresas e 28 trabalhos de investigação e de projeto de mestrado.

No decorrer da sessão, teve lugar uma mesa redonda, subordinada ao tema 'Os desafios da Indústria 4.0'. Moderada pela jornalista Ana Isabel Costa, da Antena 1, juntou António Mira, da Siemens Portugal, Gilberto Landim, da Key Plastics Portugal, Jorge Portugal, da COTEC Portugal, Paulo Almeida, da Associação Empresarial de Portugal e Paulo Pinto, da La Redoute Portugal e Espanha.

Em termos acumulados, durante os quatro anos de cooperação, foram já organizados 83 seminários, workshops, aulas abertas e ações de formação e 21 prestações de serviço a empresas. Sublinhando que esta parceria teve, na sua génese, a necessidade de aproximar a academia e a indústria, Nuno Mangas, presidente do Politécnico de Leiria destacou os três eixos que sustentam este protocolo: a aposta na formação em contexto empresarial (em que os estudantes estão em contacto com as empresas); a disseminação do conhecimento (que permite a ligação dos docentes com os técnicos, gestores e engenheiros das empresas, o que potencia mais projetos de I&D e prestações de serviços na área da investigação); e a responsabilidade social (com a atribuição de bolsas de estudo). "Esta parceria é um caminho que deve ser alimentado continuamente. É importante que as empresas se mantenham envolvidas nela, nesta vontade de crescer, pois só assim é possível o sucesso que temos alcançado", considerou.

Apoio aos estudantes Já o presidente da CEFAMOL, João Faustino, enalteceu a parceria entre as três entidades, que considera "bem trabalhada e que tem dado os seus resultados". "Este é um importante apoio que a indústria pode dar aos estudantes, com mais desafios, e na luta pelo know-how. Havendo conhecimento de um lado e do outro, é possível partilhar experiências e ter resultados", afirmou. Para Jorge Santos, presidente da NERLEI, o Politécnico de Leiria "tem um papel fundamental na qualificação dos quadros das empresas da região". Enaltecendo as caraterísticas da parceria estabelecida, frisou que, com ela, "temos vindo a integrar investigadores nas nossas empresas". Mas chamou a atenção

O diretor fabril da Key Plastics Portugal, Gilberto Landim, destacou a adoção de vários softwares de produção para a implementação de sistemas de melhoria, bem como o investimento na formação interna para a capacitação dos recursos humanos na aplicação da transformação digital dos processos produtivos. A evolução e mudança do perfil do consumidor foi o destaque de Paulo Pinto, CEO da La Redoute Portugal e Espanha, que constatou que só 36% das empresas em Portugal estão digitalizadas. «Hoje em dia informação é poder, e o consumidor tem muito poder a uma velocidade estonteante, que temos de acompanhar.» Paulo Pinto evidenciou o investimento elevado que a sua empresa realiza na digitalização, com uma base tecnológica que permite seguir o consumidor em todos os seus passos digitais. Jorge Portugal, da COTEC, enumerou os três desafios que as empresas enfrentam atualmente: a adoção tecnológica do negócio, a inevitável transformação do negócio, e a capacitação ao nível dos recursos humanos, em que é crucial a ligação à academia. Jorge Portugal ainda referiu a existência de instrumentos financeiros através de programas de apoio público e apoio bancário. O V Encontro “IPL Indústria” terminou com a intervenção de Filipe Silva da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que falou da “quarta revolução industrial” como uma oportunidade única na indústria portuguesa, onde o país pode ter uma posição dianteira. Através da ligação da academia com a indústria, podem ser criados ambientes práticos e inclusivos do conhecimento, com competências digitais, para um conhecimento ativo, que engloba também uma mudança de paradigmas sociais.


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'LEIRIA IN': JOVENS DE TODO O PAÍS VISITAM INDÚSTRIA DE MOLDES Cinquenta jovens, oriundos de várias zonas do país, participaram, entre 10 e 14 de julho, na quarta edição da iniciativa 'Leiria In'. Do programa, fez parte um contacto estreito com a indústria de moldes, nomeadamente visitas a várias empresas do setor, uma interessante conversa com o empresário e fundador da empresa Ribermold, Alberto Ribeiro, e uma passagem pela exposição “Esculpir o Aço” patente no Edifício da Resinagem, na Marinha Grande. Neste último, o grupo ouviu, com atenção e curiosidade, a história da indústria de moldes em Portugal, visitando os vários artigos em exposição que ilustram a evolução deste setor até à atualidade. O objetivo do 'Leiria In' - organizado conjuntamente pelo Instituto Politécnico de Leiria e pela Fórum Estudante, e tendo como parceiros a CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes, a Associação Empresarial da Região de Leiria (NERLEI) e a Associação de Desenvolvimento da Alta Estremadura (ADAE) e ainda as Câmaras Municipais de Leiria e da Marinha Grande - é de proporcionar aos jovens experiências de forma a evidenciar a importância da indústria para a economia e desenvolvimento de Portugal, e despertar interesse, junto dos estudantes do ensino secundário e profissional, para as profissões ligadas à indústria. Por isso, e para além do setor de moldes, os participantes contactaram com várias empresas da região de Leiria, de diversos ramos da atividade.

"Experiência única" Os 50 participantes, com idades entre os 15 e 18 anos, foram escolhidos por terem sido os vencedores de um concurso sobre o tema da in-

dústria e produção, que decorreu nas escolas secundárias e profissionais de todo o país. Gonçalo Gil, diretor da revista Fórum Estudante, explicou que, desde a primeira edição que o 'Leiria In' pretende "dar a conhecer aos jovens de todo o país a indústria da região de Leiria, nos dias de hoje, e desmistificar a ideia que eles têm da indústria: suja, antiga e artesanal. Ao mesmo tempo, pretende permitir que vejam o nível de tecnologia que está hoje associado à generalidade das empresas". Adianta que esta iniciativa possibilita ainda aos jovens "perceber quais as saídas profissionais, que profissões é que estão disponíveis na indústria e qual a formação necessária". "É uma experiência única que é possibilitada a estes estudantes", sublinhou. E um dos momentos de destaque foi uma conversa com um empresário da indústria de moldes. O convidado, Alberto Ribeiro, contou o seu percurso profissional até à criação da empresa que lidera há já 30 anos, a Ribermold. O relato suscitou a curiosidade e os jovens participantes colocaram várias questões relacionadas, quer com a atualidade da empresa, quer com o percurso profissional do empresário, hoje com 60 anos, mas que começou a trabalhar no setor quando tinha, apenas, 14 anos. E Alberto Ribeiro deixou alguns conselhos. "Tentem optar e fazer algo que gostam. É importante gostar do que se faz", afirmou, chamando, ainda a atenção para a necessidade dos jovens se informarem sobre as profissões (ou tendências) do futuro antes de tomar uma decisão de carreira. E deixou, ainda, um último alerta: "seja qual for a escolha, apostem numa área que vos permita crescer, não apenas como profissionais, mas como dadores para a sociedade".


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FORMAÇÃO NO ÚLTIMO TRIMESTRE • Sistemas de canais quentes - outubro; • Resolução de problemas na injeção de plásticos - 25 outubro; • Rentabilização e otimização de testes de moldes – outubro; • Questões práticas emergentes da legislação laboral - 08 e 13 novembro; • Polimento na indústria de moldes - novembro; • Soldadura a laser - Técnicas e Aplicações - novembro; • Tratamentos térmicos - novembro; Nos próximos meses, a CEFAMOL tem prevista a realização das seguintes ações de formação: • Manutenção de moldes: manutenção preventiva e níveis de intervenção – 12 e 18 outubro (Oliveira de Azeméis);

• O novo Regulamento Europeu de proteção de dados - 23 novembro. Para informações adicionais, contacte: formacao@cefamol.pt ou 244 575 150.

Seminário apresenta 'Aços de Alta Performance' Na Marinha Grande e em Oliveira de Azeméis

Os 'Aços de Alta Perfomance', com caraterísticas capazes de suportar as novas exigências e tendências na injeção de plásticos reforçados, foram tema de um seminário, que decorreu no passado dia 19 de setembro, no Hotel Cristal, na Marinha Grande e no dia 20, nas instalações da ESAN (Escola Superior Aveiro Norte), em Oliveira de Azeméis. O evento resultou de uma organização da Associação Nacional da Indústria de Moldes (CEFAMOL), em parceria com a Universal Afir e a Böhler Internacional. Cerca de seis dezenas de profissionais de várias empresas do setor de moldes assistiram às apresentações. Dinis Miranda, da Universal Afir (empresa que representa o fabricante de aços Bohler há mais de 70 anos, em Portugal) explicou que o objetivo do seminário foi a apresentação de "novos materiais que preenchem um conjunto de necessidades que estão a levantar-se e a evoluir na indústria de injeção de plásticos". "O que notamos no nosso mercado é que há uma volatilidade muito grande dos técnicos que trabalham nas empresas. Queremos, não só fazer um 'refreshing' da informação dos produtos que a nossa marca tem, como introduzir alguns produtos novos que são pouco conhecidos e pouco divulgados", adiantou o responsável. Os seminários começaram por analisar as novas tendências na indústria onde, alertou Dinis Miranda, "por um lado, a procura de aços tem vindo a aumentar" e, por outro, "as peças de metal são substituídas por plásticos resistentes". A escolha do aço, sublinhou, "representa um fator muito importante para o bom acabamento da peça". No decorrer dos eventos foi apresentado o portefólio da Bohler que, no entender de Dinis Miranda e de Gerhard Eichelberger (da Bohler Internacional), "responde às atuais exigências". Foram apresentados casos reais, nos quais e segundo os testes realizados, a utilização dos aços Bohler conseguiu mais do que duplicar o tempo de vida do molde em relação a outros aços utilizados. "É importante que a indústria saiba que estes aços são materiais que estão todos disponíveis pela fábrica", frisou Dinis Miranda.


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Seminário apresentou tecnologia 'Günter BlueFlow' A tecnologia 'Günther BlueFlow' na injeção de plásticos foi o tema em destaque no seminário técnico 'A importância da temperatura estável no processo de injeção plástica', que decorreu no passado dia 26 de setembro, organizado pela Associação Nacional da Indústria de Moldes (CEFAMOL) em parceria com a empresa Newserve. José Cravo, sócio-gerente da empresa que é, desde 2005, representante, em Portugal, da marca 'Gunter - Canais Quentes', explicou que esta tecnologia tem a grande vantagem de economizar energia. "A nossa solução ajuda a economizar 50% de energia, o que pode ser uma boa opção para a indústria de injeção plástica que tem essa como uma das suas principais preocupações", adiantou. No seminário, que contou com a presença de cerca de três dezenas de profissionais da indústria de moldes e plásticos, coube a Christoph Münch, responsável comercial da empresa alemã, fazer a apresentação da tecnologia 'BlueFlow'. Para além da economia energética, tem, no entender do responsável, várias outras vantagens em relação aos bicos de injeção convencionais. Desde o tamanho (mais pequeno) à forma como é distribuída a energia (uniformemente) dentro do fio de aquecimento até ao preço final que, assegurou Christoph Münch "é equivalente ao preço dos sistemas convencionais". O responsável da Gunter apresentou ainda outras soluções que a empresa disponibiliza para uma temperatura estável em sistemas de canais quentes, como carburadores e controladores de temperatura dos canais quentes.

Nos exemplos práticos que apresentou, deu conta de que, em algumas situações, a introdução de sistemas com a tecnologia Gunter de estabilização da temperatura "representou um aumento de 40% no intervalo de manutenção (as ferramentas aguentam mais tempo sem necessidade de limpeza)". Num dos casos, contou, "o sistema manteve-se sem sinais de corrosão depois de mais de um milhão de injeções quando, antes (da introdução deste sistema), os postiços eram trocados a cada 250 mil injeções". A apresentação foi considerada "muito interessante" pela maior parte dos presentes.


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CENTIMFE

O Centimfe, dando cumprimento ao plano de formação, vai realizar nos próximos meses as seguintes ações: • Materiais plásticos (2ª edição) | outubro:18, 19 e 24; • ISO 9001:2015 | novembro: 09, 16 e 23; • Evoluir como líder e instrumentos para uma boa liderança | novembro; • Boas práticas de medição | novembro/dezembro. Consulte o plano de formação integrado do cluster, em www.centimfe.com e participe!

mento que lhes possibilite concorrer a nível global e vencer os desafios do mercado, destacando-se o desenvolvimento e integração de inovações ao nível dos materiais, produtos e processos e na endogeneização das tecnologias e paradigmas organizacionais usualmente englobadas no conceito de “Indústria 4.0”.

O cluster “Engineering & Tooling” viu aprovado o projeto mobilizador “TOOLING4G - Advanced Tools for Smart Manufacturing”. Este projeto tem como promotor líder a empresa A. H. Abrantes e envolve um consórcio constituído por 21 empresas dos setores de moldes e plásticos e por 10 entidades não empresariais do SI&I. O projeto “TOOLING4G” pretende dar um contributo importante para a capacitação das empresas do cluster, permitindo-lhes criar conheci-

O plano de atividades de I&D possui um forte caráter coletivo e um forte efeito indutor e demonstrador, atuando nos processos de fabrico híbrido, ferramentas/sistemas inteligentes, ferramentas eficientes para fabrico de produtos multimaterial, ferramentas multiprocesso, digitalização da indústria, cadeias de produção sustentável “zero defeitos”. Destas atividades esperam-se impactos significativos ao nível da competitividade e da internacionalização, resultantes do desenvolvimento da oferta de produtos e serviços inovadores por parte da fileira nacional das tecnologias de produção e também da transformação e modernização dos processos produtivos dos setores utilizadores.


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OPEN OPEN ASSINA PROTOCOLO COM TURISMO DE PORTUGAL A OPEN assinou recentemente um protocolo com o Turismo de Portugal, no âmbito da Medida “FIT – Fostering Innovation in Tourism”, e que pretende

criar condições necessárias à incubação de startups e de novas ideias de negócio associadas ao setor do Turismo. Através deste protocolo, a OPEN irá colaborar com o Turismo de Portugal no fomento ao empreendedorismo no setor, através de eventos, programas de aceleração específicos, estimulo à participação dos empreendedores em feiras do turismo, entre outras ações.

OPEN DINAMIZA PROGRAMA DE ACELERAÇÃO “NEWTON – NEW TOURISM OPPORTUNITIES & NETWORK” A OPEN, em parceria com as incubadoras da RIERC, e no âmbito do protocolo estabelecido com o Turismo de Portugal, encontrase a dinamizar o programa “Newton - New

Tourism Opportunities & Network”. Este programa inclui um conjunto de workshops de capacitação para os empreendedores. Prevê ainda a realização de ações de mentoria e prémios para realização de protótipos e validação no terreno.

OPEN ACOLHE ‘IT’S HAPPENING’ A ‘It’s happening’ é uma equipa empenhada no sucesso das organizações com quem colabora, promovendo atividades que motivem as suas equipas, através de team building, atividades formativas, desportivas, radicais, lúdicas, culturais, entre outras.

De forma criativa, inovadora e apoiada na experiência de 20 anos em gestão de equipas de Regina Ruivo, e na experiência de formação em Comunicação de Margarida Pacheco, a ‘It’s happening’, sediada na OPEN, adequa e personaliza cada uma das suas atividades de acordo com a necessidade de cada organização e com o objetivo que se pretende alcançar.

OPEN PARTICIPA NO PROJETO “REINOVA AGRO FOOD INNOVATION” vação serão estimuladas nas diversas fases da cadeia de valor desde a ideia até à entrada no mercado.

A OPEN está a dinamizar, com dez parceiros de várias regiões de Portugal e Espanha, o projeto “REiNOVA”. Trata-se de um projeto de cooperação transnacional que tem como principais objetivos criar e testar uma nova metodologia internacional de aceleração de ideias, adaptada às microempresas do setor agroalimentar, através de um processo de inovação aberta, onde a atitude empreendedora, a criatividade e a ino-

Atualmente, o projeto está na fase de identificação de produtos com potencial de inovação e internacionalização. A OPEN convida as microempresas ou os empreendedores a inscreverem-se através do site www.reinova.eu .


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30 ANOS A CRESCER Fundada em 1984, a Leomável fabrica moldes de elevada tecnicidade, concebidos e maquinados para manterem a sua qualidade ao longo dos anos. Especializou-se na peça técnica de precisão, com tolerâncias apertadas, de pequenas e médias dimensões. O seu rácio de exportação ronda, atualmente, os 90%. Localizada no cluster da Marinha Grande, a Leomável tem vindo a expandir-se em termos de parque de máquinas e de pessoal: graças aos seus 30 colaboradores, que reúnem juventude e experiência e à utilização de uma tecnologia atualizada, aumenta continuamente a capacidade produtiva para garantir aos clientes moldes fiáveis que satisfaçam plenamente as suas necessidades. O objetivo é hoje um crescimento sustentado no mercado, investindo com responsabilidade e superando um número cada vez maior de desafios técnicos, com base numa política empresarial de permanente parceria com os seus clientes e no respeito dos compromissos assumidos.

Fundada em 2007, a B2YOU Tecnologias de Corte, surgiu com o claro objetivo de trazer para o setor metalomecânico português, mais especificamente para a indústria de moldes, um conjunto de soluções que visam, acima de tudo, a rentabilidade dos processos produtivos, nomeadamente na área da maquinação. De modo a concretizar esse objetivo, a B2YOU associou-se a parceiros de trabalho que lhe permitem assegurar soluções de elevadíssima qualidade. A gama de produtos que comercializa, abrange as áreas da fresagem, torneamento, furação, roscagem, sistemas de fixação, acessórios para moldes, entre outras. Aposta na formação contínua dos seus colaboradores, para que possam desenvolver competências técnicas, dando assim possibilidade à passagem de todo esse conhecimento aos seus parceiros. A B2YOU localiza-se em duas áreas representativas de moldes: na Marinha Grande e em Oliveira de Azeméis, possuindo, em ambas as regiões, uma estrutura comercial própria, suportada por armazéns de stock, de modo a agilizar e reduzir os tempos de entrega.



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SOMEMA COM NOVA UNIDADE PRODUTIVA

A nova unidade produtiva da Somema, inaugurada no passado mês de julho, na Martingança - Alcobaça, tem como objetivo principal a realização de moldes de grandes dimensões, complementando a unidade já existente na Marinha Grande. Nesta primeira fase, o projeto tem um investimento de cerca de 6 milhões de euros, cofinanciado pelo programa “Portugal 2020”, permitindo à empresa adquirir equipamentos de moderna tecnologia, nomeadamente centros de maquinação para fresagem a 5 e 6 eixos e outros, bem como a admissão de adequados recursos humanos. Prevê-se que a

segunda fase do projeto venha a ser realizada nos entre 2019 e 2020. Com o presente investimento, a Somema fica com uma capacidade instalada nesta nova unidade fabril, para conceber e produzir moldes até 35 toneladas, permitindo corresponder às solicitações, nomeadamente do mercado da indústria automóvel em geral, e dos clientes, em particular. De acordo com a estratégia definida, a empresa continua a sua política de inovação, reforçando a aposta na engenharia e desenvolvimento de produto, em estreita parceria com os seus clientes, principalmente os da indústria automóvel.

PMM INTEGRA CONSÓRCIO “ONSURF” Universidade Nova de Lisboa ou a Universidade de Aveiro, entre outras empresas industriais e entidades do Sistema Científico e Tecnológico.

Foi recentemente aprovado o “OnSurf”, projeto liderado pelo Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, no âmbito do programa de Projectos Mobilizadores do “Portugal 2020”. A PMM foi um dos promotores do consórcio que elaborou e viu aprovada uma proposta para um projeto de I&DT de excelência, na área dos tratamentos de superfícies metálicas. Além da PMM e do Instituto Pedro Nunes, integram ainda o consórcio instituições de elevado prestígio técnico e científico, como a AutoEuropa, a Belo Inox, a Universidade de Coimbra, a Universidade do Minho, a

São objetivos do projeto “OnSurf” desenvolver o estado-da-arte da tecnologia de tratamento de superfícies metálicas, com um impacto relevante em indústrias tão diversas como a indústria automóvel, a indústria de moldes de injeção e de cunhagem, a indústria de cutelaria, a indústria ótica ou mesmo a indústria aeronáutica. Serão desenvolvidas novas técnicas de tratamento de materiais, para fazer face a novos requisitos tecnológicos e ambientais. Serão ainda desenvolvidos novos conceitos funcionais que oferecem uma nova perspetiva sobre as superfícies metálicas e a sua importância para toda a indústria metalomecânica. A PMM traz ao projeto o seu know-how de tratamento de superfícies de precisão e irá participar no desenvolvimento de novas tecnologias de sensorização. Com essa participação, a PMM prossegue a sua estratégia de especialização e volta a afirmar-se pela sua excelência nos processos de tratamentos de superfícies de moldes de injeção.


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TUCAB COM NOVA LINHA DE PRODUÇÃO DE FILAMENTOS 3D A tecnologia 3D chegou à Tucab com a aquisição de uma nova linha de produção de filamentos 3D, bem como de uma impressora 3D. A Tucab dispõe de uma gama de filamentos para impressoras 3D em diversas cores, produzidos em matérias-primas como ABS, PA e PLA.

A vertente 3D está a percorrer o seu caminho gradual na área da indústria e a Tucab demonstra, mais uma vez, a sua capacidade de inovação e de acompanhar a liderança tecnológica do seu setor. Segundo o meio de comunicação online, Observador, "esta é uma tecnologia que surgiu nos anos 80, mas só mais recentemente começou a ganhar relevância." A impressão 3D chegou para ficar e apresenta grandes vantagens como a precisão que se consegue ter no desenho e na produção, no custo mais baixo de produzir uma peça única ou um protótipo, bem como na capacidade imediata de personalização. A Tucab, com esta nova aposta, volta a abrir caminhos em termos de mercados e reforça a sua visão empresarial, para se assumir como um parceiro de referência, a nível mundial, na indústria de transformação de plásticos, nos vários processos de desenvolvimento e produção, de forma a contribuir para o sucesso dos seus clientes.

SIMULFLOW REPRESENTA FLOW-3D Representante na Península Ibérica do software para simulação da injeção de plásticos Moldex3D desde 2004, a Simulflow passou também a representar, em Portugal, o software Flow-3D Cast para simulação do processo de injeção de metais (v.g. alumínio e magnésio) e de fundição em geral e da tecnologia de injeção microcelular de plásticos Mucell®. O Flow-3D Cast é desenvolvido pela Flow Science, fundada em 1980 e sediada em Santa Fé, Novo México, EUA. O processo Mucell foi desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Massachusets (MIT), EUA. A Trexel, Inc. tem a licença para comercialização mundial, o que faz através de filiais e de agentes representantes. Em ambos os casos, a Simulflow foi desafiada a ser representante, em

Portugal, destas tecnologias. Com este passo, a Simulflow alarga a sua oferta de tecnologias de vanguarda. A Simulflow acabou também de concluir o investimento na ampliação das suas instalações, desta feita com a sua Oficina de Formação, uma área superior a 100 m² dotada das condições necessárias para a formação teórico-prática, nomeadamente em simulação de processos de injeção.


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METAVIL CELEBRA 40 ANOS DE ATIVIDADE a área de moldes para plásticos. "Na altura, foi quando se começou a expandir o tipo de embalagens de plástico e surgiu, em força o PET (Polietileno Tereftalato). Decidimos apostar nisso", conta António Baroseiro.

Quatro décadas de moldes para vidro e plástico A Metavil assinala 40 anos de atividade. Quatro décadas de uma história feita de empenho, determinação e rigor. A empresa, fundada com o propósito de desenvolver e produzir moldes e acessórios para a indústria vidreira, iniciou a laboração em 1977, com seis colaboradores. Em 1980, estendeu a sua atividade à produção de moldes para plásticos. Tem atualmente 40 colaboradores (14 na área de plásticos e 26 na área do vidro) e um volume de negócios que, anualmente, ascende a quatro milhões de euros. O futuro, segundo António Baroseiro, o fundador, passa por "equipar-se melhor e crescer internacionalmente". Foi depois de uma experiência acumulada de vários anos na indústria de moldes para vidro que António Baroseiro, hoje com 74 anos, e outras cinco pessoas decidiram criar a Metavil. A empresa nasceu a 12 de julho de 1977 e nos primeiros tempos começou por se dedicar à reparação dos moldes para vidro. Com passos seguros e muito empenho, a unidade foi crescendo. Na época, recorda António Baroseiro, "a cristalaria tinha alguma dimensão na região e foi para algumas dessas empresas que começámos por fazer muitos dos primeiros moldes". Com as mudanças no setor vidreiro, sobretudo a crise na cristalaria, a Metavil começou a desenvolver os moldes para máquinas automáticas, sobretudo para o vidro de embalagem. A partir de 1980, começou também a fabricar moldes para a indústria de plásticos, na área da insuflação, atividade que desenvolve com um elevado grau de qualidade e eficiência.

E essa aposta fez com que, em 2008, separassem os dois ramos de produção. Foi adquirida uma nova unidade, em Picassinos, onde funcionam os moldes para vidro enquanto os destinados ao plástico funcionam nas instalações originais. A mudança foi sinónimo de um investimento considerável, de mais de três milhões de euros, em máquinas, equipamentos e instalações.

O futuro O plástico começou a ganhar importância para a empresa: representa hoje cerca de 30% da produção. O objetivo, considera António Baroseiro, é que cresça a médio prazo. "Queremos conquistar novos clientes e mercados. O mercado mais à mão será o espanhol e será, possivelmente, por aí a nossa aposta. Mas para isso necessitamos de máquinas de alta velocidade, que contamos adquirir no próximo ano", adianta. É que, no plástico, a Metavil trabalha, sobretudo para o mercado português, tendo estendido a sua ação - mas numa escala ainda não muito grande - para Angola e Moçambique, através de um parceiro.

Aposta familiar

Na área dos moldes para vidro, os principais clientes estão localizados na Europa, sobretudo em Espanha, França, Polónia e Alemanha. "Aqui, a aposta é sobretudo de consolidar o que temos", explica.

A empresa iniciou a atividade nas instalações onde ainda hoje funciona, na Travessa das Andorinhas, na Marinha Grande.

A Metavil é certificada nos dois processos de produção: desde 2000, pela norma '9001', e desde 2008, pelas normas '14001' e '18001'.

O espaço foi adquirido em 1986, um ano depois da Metavil alterar a sua forma de gestão que passou a ser de cariz familiar. Ainda hoje mantém essa caraterística, sendo gerida por António Baroseiro e os seus três filhos.

Convidado a fazer um balanço destes 40 anos de atividade, António Baroseiro admite que, quando fundou a empresa, estava longe de imaginar a evolução e o crescimento dos anos seguintes. "Quando comecei, não esperava chegar até aqui. Mas não pensava nisso. Ia vivendo o dia a dia, tomando decisões e melhorando a empresa", conta.

Essa mudança foi acompanhada por um grande dinamismo da empresa que, em 1987 e 1988, fez, nas instalações, grandes obras de remodelação. Foi nesta época que a empresa adquiriu a primeira máquina CNC que, conta o empresário, "alterou drasticamente a forma de fabrico". A Metavil foi crescendo, dinamizando, sobretudo a partir do ano 2000,

Não esconde, contudo, o orgulho que sente, afirmando que "valeu a pena". A Metavil está, hoje, a fazer uma passagem para a segunda geração e o empresário afirma-se "otimista", mostrando-se convicto de que os filhos "saberão fazê-la crescer ainda mais".



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JOAQUIM MENEZES, PRESIDENTE DA ISTMA EUROPE ENTREVISTA

Como surgiu esta candidatura e quais os principais objetivos e linhas orientadoras para este novo mandato à frente da ISTMA Europe?

Qual a importância desta nomeação para a CEFAMOL e para a indústria portuguesa de moldes?

Este novo mandato não resulta de nenhuma candidatura, mas sim duma proposta dos próprios colegas da ISTMA. Considero essa proposta um gesto de grande significado e reconhecimento da participação ativa de Portugal no seio da associação, e da intervenção internacional das empresas e das instituições da indústria, nomeadamente da CEFAMOL, Centimfe e Pool-Net. Desta forma, reconhecem e dão relevância ao trabalho que tem vindo a ser realizado ao longo de muitos anos e à intervenção associativa que temos tido junto das instituições europeias ligadas ao nosso setor. Quando a proposta parte dos próprios colegas da indústria e ao nível da concorrência internacional, considero que tem significado reforçado e com sabor a uma distinção interpares … uma importante distinção para todo o nosso setor, em Portugal.

Grande. Parece-me obvia essa importância e tanto mais quanto as empresas nacionais participem e contribuam para manter este posicionamento!!

Pretendemos manter praticamente todo o programa que temos vindo a promover no seio da ISTMA e junto das instituições europeias. Ou seja, reforçar o trabalho que já vem sendo feito há mais de uma década, proporcionando um relacionamento fluido e atuante com as empresas a nível europeu, mas também com uma intervenção, cada vez maior, com as associações e empresas dos outros continentes. Considero que o contexto de discussão especializada e de cooperação interpares que a ISTMA proporciona deve ser desenvolvido e corporizado em projetos de atuação (associativos e empresariais) conjuntos. É, pois, um trabalho que, pela amplitude e potencialidades que oferece, nunca está terminado. É um movimento que deve ser potenciado e dinamizado pela ISTMA, mas cujas ações e resultados devem surgir da espontânea vontade e genuíno interesse do relacionamento interempresarial, dos seus líderes, especialistas e profissionais a todos os níveis. O envolvimento com os associados (associações) e dos seus representados (empresas) deverá ser cada vez maior, a divulgação das atividades dos membros da ISTMA, nomeadamente no contexto europeu e das atividades junto da Comunidade Europeia, será intensificada. Reforçar e dar maior exposição ao caráter infraestruturante da nossa indústria, incentivando os empresários e seus colaboradores para cooperarem e ter atenção aos programas que fomentam negócios, o desenvolvimento técnico e tecnológico no nosso setor industrial que se encontra em permanente mutação e com importância incontornável na competitividade dos países e suas economias.

Como carateriza a atual situação da indústria europeia e quais considera serem os seus principais desafios? O mercado tem exigido uma capacidade de resposta acima do normal. Os principais desafios das empresas são os de captação e desenvolvimento de pessoas – profissionais empenhados e competentes – e os de caráter financeiro, que lhes permita, por um lado responder (!!?) às condições de compra dos seus principais clientes, nomeadamente a indústria automóvel e, por outro, fazer face aos investimentos que o seu desenvolvimento e posicionamento tecnológico, mercados e competitividade lhes impõe.

A ISTMA Europe tem dado um importante contributo junto da Comissão Europeia na definição de novos programas que possam integrar o nosso setor. Como vê este posicionamento e quais as expetativas para o futuro? Teremos que continuar a acompanhar e a participar. Principalmente, a atuação das instituições nacionais e associativas do nosso setor, é fundamental. A nossa indústria é incontornável no desenvolvimento económico sustentado da Europa e dos países que a integram.

Recentemente, na ISTMA World Conference realizada no Brasil, os dados apresentados mostravam o crescimento significativo da indústria asiática no comércio internacional. Como considera que a indústria de moldes europeia se pode tornar mais competitiva face a este crescimento? A nossa indústria baseia a sua competitividade no "saber-estar" e no "saber-fazer", a todos os níveis. Esses níveis são muito diversificados e em permanente evolução. As empresas desta indústria necessitam duma atenção permanente aos desenvolvimentos tecnológicos, às tendências e oportunidades do mercado - que é mesmo global - e à atualização permanente dos saberes e competências dos seus profissionais. Contudo, se a tecnologia tem realmente um papel de incontornável importância na sua competitividade, é cada vez mais determinante o fator humano, as pessoas e a sua capacidade de enfrentar os desafios que o mercado coloca: rapidez de resposta, proatividade e disponibilidade das


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empresas, para inovarem, se adaptarem, reagirem com antecipação e "aprenderem" todos os dias … atitude de "combate" permanente para o seu posicionamento competitivo e de competências, em linha com as tendências do mercado.

do sucesso, está na "digestão" que cada empresa terá que saber fazer da panóplia de tecnologias e processos que todos os dias aparecem no seu "menu".

Outro dos temas comuns discutidos no seio da ISTMA passa pela dificuldade de atrair e reter jovens técnicos qualificados nas empresas. Como vê este tema que atravessa toda a Europa e como poderá a ISTMA contribuir para o mesmo?

Em termos tecnológicos, a digitalização da indústria tem sido bastante discutida a nível europeu. Na sua perspetiva será uma ameaça ou uma oportunidade para o nosso setor? Nem acho que seja uma ameaça, nem uma oportunidade, é apenas mais um desafio inerente à competitividade, ao desenvolvimento e à sustentabilidade das empresas. A digitalização industrial e sua adequação às estratégias de desenvolvimento das empresas, “anda” por aí já há algumas décadas, desde a introdução dos sistemas CAD/CAM. As empresas adaptaram-se e continuaram a atualizar processos, competências e formas de atuação. Nada que seja, portanto, muito estranho (!!??) no desenvolvimento e sustentabilidade das empresas do setor. Ou seja, o nosso tipo de indústria impõe atenção (muita monitorização) aos padrões de competitividade que o mercado lhe exige para continuar a competir (continuado investimento a todos os níveis). O segredo

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A intervenção pedagógica dos membros da ISTMA, as associações, sobre a importância do saber e das oportunidades de carreira junto dos media e das instituições de ensino, deve ser um trabalho permanente, um trabalho de formiguinha.

Enquanto presidente da ISTMA Europe, que mensagem gostaria de deixar aos associados da CEFAMOL? Participem, participem ... cooperem, cooperem … entre si e com as instituições da indústria para que elas sejam a sua voz e “motores” da sua imagem, intervenção e posicionamento, junto das entidades nacionais e internacionais.


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FORMAÇÃO NO SETOR DE MOLDES ESPECIAL Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria: O 'casamento' da academia com a indústria A origem do Instituto Politécnico de Leiria (IPL) e da sua Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) está indelevelmente ligada às necessidades da indústria da região de Leiria, em particular das empresas de moldes e plásticos. O IPL foi fundado em abril de 1987 e, dois anos depois, iniciava a atividade a ESTG. Tinha, então, cerca de uma centena de alunos, em três cursos diurnos de bacharelato: Engenharia Mecânica - Moldes e Plásticos; Engenharia Eletrotécnica - Manutenção Industrial; e Gestão Comercial-Marketing. "Estes cursos surgiram para dar resposta a necessidades que a região tinha, em termos de quadros superiores e pessoas com competências", explica Pedro Martinho, diretor da ESTG. Hoje em dia, a escola tem 4907 estudantes que frequentam os vários cursos, entre licenciatura, mestrado, cursos técnicos superiores profissionais e de formação contínua e pós-graduação. É, a nível superior, a escola que tem das melhores respostas para as necessidades da indústria de moldes, mas os seus responsáveis pensam em estratégias para atrair o interesse de mais jovens, uma vez que os alunos a frequentar esses cursos representam, apenas, cerca de dez por cento do total de formandos da ESTG. No caso dos moldes, as necessidades de formação foram elencadas pela CEFAMOL no início da década de 80, no decorrer dos primeiros Congressos que a indústria realizou. O Governo de então ouviu os empresários e a escola nasceu, de forma a dar resposta às suas carências. Numa fase inicial, a evolução da ESTG foi muito centrada nas áreas das engenharias e tecnologias e um pouco também nas ciências empresariais, mais concretamente na área da gestão. Pedro Martinho conta que, nesta fase, os cursos ligados à Indústria de Moldes, tinham algumas carências a nível de formadores com experiência teórica e prática. A Engenharia Mecânica direcionada aos moldes e plásticos, o primeiro curso da área ali ministrado, tinha "alguns professores já muito ligados à indústria". A área dos moldes e plásticos foi sempre uma aposta da escola, que desenvolveu cursos que satisfizessem as necessidades do setor, fossem licenciatura, mestrado ou mesmo cursos de apoio. Quando surgiram os cursos de especialização tecnológica, foi criado o curso de especialização em “Fabricação Automática” e “Projeto de Moldes”, e foram ministrados outros, como o de Desenho e Construção Mecânica. "Com estes cursos, não queríamos que os estudantes parassem a formação neste nível, mas que prosseguissem os estudos. Por isso, quando os criámos, analisámos logo algumas disciplinas para dar equivalência à entrada na Engenharia Mecânica e noutras áreas", recorda. Mas a vertente de formação em contexto de trabalho levava os jovens a passar algum tempo nas empresas e, muitos acabavam por não regressar à escola. "Ficavam nas empresas, até porque havia uma grande necessidade de pessoal qualificado. E alguns desses alunos, regressavam passado um ou dois anos, para concluir a formação superior", conta.

Oferta formativa variada A indústria foi mantendo o contacto regular com a academia e as ofertas formativas foram evoluindo e mudando em função das necessidades. Cursos de “Projeto de Moldes” e a “Fabricação Automática” mantiveram-se, conta, e foi aberto um novo curso, por proposta direta da indústria, que "ainda não teve procura suficiente": o de Processos de Transformação de Plástico. Assim, em matéria de oferta específica para o setor de moldes e plásticos, a ESTG tem, no primeiro ciclo, licenciaturas em Engenharia Mecânica, Engenharia Informática (que dá algum apoio ao setor), Engenharia Eletrotécnica - ramo de computadores e Marketing. No segundo ciclo, no departamento de Engenharia Mecânica, a escola tem uma oferta formativa que tem sido muito procurada pelos industriais de moldes e plásticos: o mestrado em Engenharia Mecânica - Produção Industrial e o mestrado em Engenharia da Conceção e Desenvolvimento do Produto. Tem também outros que podem dar apoio ao Sector, como é o caso dos mestrados em Engenharia Eletrotécnica, em Engenharia Informática - Computação Móvel, bem como os de Marketing. Pedro Martinho sublinha que, no mestrado, há muitos estudantes a estagiar em empresas de moldes e plásticos porque, no curso, o primeiro ano é letivo, e o segundo é a tese que pode ter três configurações: dissertação (mais académica), projeto (em que há uma colaboração equivalente entre a academia e a indústria) e o estágio (feito na empresa, com orientadores da academia e da empresa). O diretor da ESTG adianta que "o diálogo com as empresas e o tecido empresarial da região tem sido uma constante da escola". Mas a oferta formativa que vai sendo criada não se limita a pensar na região. "A escola tem alguns cursos diferenciadores, a nível nacional, no panorama do ensino superior, com uma visão nacional e até internacional", explica, frisando que "a internacionalização é uma aposta muito forte da escola".

Ligação à indústria A ligação com as empresas é visível, por exemplo, nos cursos superiores técnicos profissionais que "têm todos um contexto de formação em ambiente de trabalho". Dos dois anos de curso, os alunos passam um semestre na empresa, a desenvolver trabalho. O estágio era uma constante na formação 'pre-Bolonha'. Quando se deu a mudança, alguns cursos deixaram de ter estágios incluídos, mas os planos curriculares têm sido refeitos, de forma a possibilitar aos jovens uma maior ligação com a realidade industrial. Esta não é a única ligação à indústria. "Para além disso, colaboramos com as empresas em unidades curriculares de projeto industrial. Na prática, no último semestre do último ano de formação de licenciatura, quando são apresentados os projetos, os empresários podem, por exem-


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plo, vir a essa aula e dizer que têm um problema para resolver, colocar esse problema e os estudantes que quiserem podem pegar nesse projeto", conta. A escola tem, ainda, alguns trabalhos que desenvolve com as empresas, também no âmbito de unidades curriculares, em que são os estudantes a ir à empresa. Para além disso, durante o ano, vão sendo realizadas conferências e outras atividades que chamam os empresários à escola. Uma das mais importantes ligações com indústria da região, sobretudo a da área dos moldes, assume a forma de um protocolo: o 'IPL Indústria'. Firmado com a CEFAMOL e a NERLEI, "tem três linhas principais, cada uma com várias ações: a formação em contexto empresarial; a disseminação de conhecimento; e a responsabilidade social", explica. Nesta última, a ação mais relevante tem sido o programa de bolsas patrocinadas por várias empresas do setor. Pedro Martinho dá conta ainda de que, com alguma frequência, a academia é contactada por empresários. "Vêm ter com os nossos centros de investigação e colocam-nos necessidades", explica. Um desses centros é o de Desenvolvimento Rápido e Sustentado do Produto (localizado na zona industrial da Marinha Grande). "Andámos sempre muito envolvidos com os moldes e plásticos e tivemos, desde sempre, pessoas que investigavam muito os processos de fabrico avançados, como os sistemas de prototipagem rápida. Por isso, surgiu o núcleo, no seio do departamento de Engenharia Mecânica e criou o centro, que começou na escola mas cresceu e hoje tem as suas instalações da Marinha Grande", conta.

De olho na tecnologia A preparar jovens para uma indústria tão exigente e na vanguarda da tecnologia como a de moldes e plásticos, a ESTG tem procurado manterse bem apetrechada no que toca a tecnologias. "Temos um conjunto de laboratórios na escola, com alguns equipamentos que permitem dar os princípios basilares, quer do projeto e fabrico de moldes, quer da parte dos plásticos", relata, frisando que estão bem equipados, tanto na área dos materiais, como na área do fabrico (tecnologias mecânicas, com centros de maquinação e máquinas de injeção). Isso é visível, sobretudo, no centro instalado na Marinha Grande, destinado a estudos mais avançados e que serve, sobretudo, os estudantes de mestrado. A ESTG foi, até, palco para a apresentação das 60 medidas do Governo, no âmbito do programa 'Indústria 4.0'. Na ocasião, a escola foi mesmo desafiada a tornar Leiria como 'o laboratório 4.0' do país. "A escola tem já criado um grupo de trabalho nessa ótica e temos em preparação o plano estratégico, que será apresentado no início do ano letivo 2017/2018", afirma, adiantando que "temos um conjunto de docentes que cada vez mais andam a estudar as matérias e readaptar os programas para os direcionar para conceitos". "Já temos laboratórios que são “Indústria 4.0” Contudo, a nossa principal preocupação atual é integrar tudo", acrescenta.

Atrair jovens As necessidades da indústria e o esforço da academia em corresponder não têm sido acompanhados pelo interesse dos alunos. A adesão aos cursos direcionados a moldes e plásticos nem sempre tem sido a melhor. Do universo de cinco mil alunos, apenas cerca de 10% frequenta os cursos direcionados a esses setores. É por isso que Pedro Martinho admite que, aí, "há ainda trabalho a fa-

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zer". Mas adianta que muito tem sido feito nestes anos. "Temos feito trabalho com a CEFAMOL mas penso que ainda não conseguimos vender a área dos moldes e plásticos como apelativa e interessante para os jovens que não a veem como promissora que é", afirma. Têm sido realizadas, por exemplo, conferências e ações e têm sido pensadas formas e estratégias para mudar este cenário. É que se o interesse aumentasse, a escola teria, como sempre teve, capacidade para se readaptar e, por exemplo, aumentar a oferta formativa nessas áreas. Desta forma, a academia ainda não está a conseguir dar resposta às necessidades da indústria na região, apesar da maioria dos alunos que forma terem empregabilidade total nas empresas do setor. "Temos obstáculos a ultrapassar, nomeadamente pelo facto de ser uma indústria que ainda tem alguma conotação com trabalhos pesados e carga horária elevada na dedicação", considera, adiantando ser preciso desmistificar essa imagem até porque "temos empresas de moldes hoje em que isso não é assim; é até o oposto". Apesar de tudo, a notoriedade que a indústria tem atingido a nível nacional faz com que os cursos a ela ligados tenham atraído alunos, ao longo dos anos, de vários pontos do país e não apenas da região de Leiria.

"Área dos moldes e plásticos é adequada para homens e mulheres" Desmistificar preconceitos: "Com o avanço que tem tido, a indústria de moldes e plásticos tem capacidade para acolher, de igual forma, homens e mulheres. Poderá ser menos atrativa pela ligação ao aço e, por isso, são os homens quem mais a procura, mas acho que cada vez mais, as mulheres se sentem muito realizadas nesta indústria". Quem o diz é Pedro Martinho. É diretor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) desde 2014, onde é docente desde 1998. É licenciado, desde 1997, em Engenharia Mecânica, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Enquanto professor, começou por ministrar disciplinas de formação de base, como Física ou Mecânica Geral mas, rapidamente, começou a dar apoio às áreas das disciplinas de Matérias Plásticas. Pela necessidade e envolvimento que a escola tinha com as empresas de moldes e plásticos da região, fez, ele próprio, uma formação de mestrado na área de projeto e fabrico e moldes, na Universidade do Minho. Concluiu em 2002. Na mesma universidade, concluiu, em 2010, o doutoramento em Engenharia de Polímeros. Para além da atividade docente, onde lecionou mais de uma dezena de unidades curriculares, orientou projetos/estágios em diversos cursos de licenciatura, coorientou teses de mestrado, foi membro da organização de conferências internacionais, foi diretor do curso de Engenharia Mecânica (2004-2006) e foi membro do Conselho Pedagógico da ESTG do IPL (2004-2006).


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Alunos satisfeitos com forte ligação à indústria Jónatas Loureiro, Rafael Raimundo e Artur Oliveira. São três jovens, um de 20 e dois de 21 anos, alunos da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do Instituto Politécnico de Leiria, em cursos e anos diferentes. Em comum, têm a admiração pelo setor dos moldes que já convenceu dois deles a seguir esta área como a sua carreira de futuro. Partilham a opinião de que, apesar de terem já uma vertente muito prática, os cursos da ESTG poderiam abrir, ainda mais, as portas às empresas.

Artur Oliveira é, deste grupo, o único que já está colocado no mercado de trabalho. Ingressou numa empresa de moldes depois de ter concluído, o ano letivo passado, um Curso Técnico Superior Profissional (TESP) na área dos moldes. O curso e o ingresso rápido no mercado de trabalho foi a sua opção, assim que terminou o 12º ano. "Como muitos jovens, tinha muitas dúvidas em relação ao futuro e ouvia muitas pessoas falar da dificuldade que tinham em trabalhar na área que estudaram", recorda. Ouviu falar da indústria de moldes e ficou fascinado com muitas das coisas que ouviu. "Um setor dinâmico, em crescimento, que oferecia uma grande possibilidade de carreira e onde não havia dificuldade de emprego", conta. No curso, acabou por comprovar isso mesmo. Depois de um primeiro ano mais teórico, o segundo ano deu-lhe possibilidade de estagiar numa empresa (a PTKM) durante um semestre. Acabou por aí ficar, uma vez concluído o curso, e está integrado na área do “Projeto e Planeamento”. "Está a ser uma experiência muito positiva", considera, adiantando que tem sentido uma grande evolução no seu desempenho. "Sinto que há liberdade para crescer e conhecer e que desenvolvo as minhas capacidades", afirma.

como funciona a indústria de moldes. "Apesar de ter tido um ano de aulas, não sabia bem como era uma empresa. O estágio foi um grande impacto, deu para ver como as coisas funcionavam, o que foi excelente", considera. Ficou então com a certeza de que o seu caminho será rumo ao setor dos moldes. Projeta voltar a fazer um estágio na empresa, no próximo verão, e, no terceiro ano do curso, realizar um estágio como projeto final. "É um setor muito dinâmico e muito fascinante", diz.

Formação prática Rafael Raimundo inicia este ano letivo o último ano de Engenharia Mecânica. Teve oportunidade de, na mesma área, iniciar o curso, no primeiro ano, na Universidade de Coimbra. Mas não se sentiu motivado. "Era demasiada teoria e não me atraiu", conta. O irmão, que estudava já na ESTG, ajudou-o na decisão de mudar de escola. "Mudei e estou muito satisfeito por o ter feito", explica. É que na ESTG, o curso tem uma vertente mais prática. "O Politécnico tem uma vertente prática muito forte, por um lado, e tem professores com experiência na área, por outro. Aqui, consegue-se aprender muito sobre o dia a dia das empresas e isso é muito bom", conta. Apesar disso, nos dois primeiros anos de curso ainda não teve grande contacto com o meio empresarial. "Só em visitas que fizemos com a escola a algumas empresas ou empresas que visitaram a escola e um pequeno estágio que fiz numa empresa de estruturas metálicas", sublinha. E esta área, mais do que os moldes, é o que o motiva. Mas admite ser ainda cedo para uma decisão final. "A modelação é a área que me cativa mais. Estou mais focado nas estruturas metálicas e vou querer saber mais. Mas vou ter oportunidade de saber mais de moldes, no segundo semestre, e não vou querer ficar só por aí. Quero saber mais de moldes mas também de estruturas metálicas antes de decidir", conta.

Importância do estágio O percurso de Jónatas Loureiro está a ser ligeiramente diferente. Está a iniciar o segundo ano de Engenharia Mecânica. Mas tem em comum a incerteza em relação ao futuro quando terminou o 12º ano. Foi nessa altura que travou conhecimento com a indústria de moldes. E de uma maneira curiosa. "Uma empresa foi à escola, entregou um folheto e eu li-o. Às vezes, pomos esses folhetos imediatamente no lixo, mas eu li tudo e fiquei muito interessado. A partir daí, pesquisei e escolhi essa área", relata. A sua média era alta o que lhe permitiu usufruir de uma bolsa de estudo, no primeiro ano, no âmbito da iniciativa 'IPL Indústria'. A empresa que patrocinou a bolsa, a Ribermold, convidou-o para fazer um estágio no verão passado. "O estágio era opcional. Mas achei que seria uma mais-valia e fui. E foi muito bom", conta. O contacto com a empresa permitiu-lhe perceber

Rafael Raimundo é, este ano letivo, presidente do Núcleo de Engenharia. Para além da representação e apoio aos alunos dessa área, projeta desenvolver algumas ações que aproximem, ainda mais, a escola da indústria. "É certo que os moldes são o setor mais importante nesta região e sei que as empresas são muito recetivas, mas vou tentar realizar ações com outros setores também", explica. É que, no seu entender, a ligação dos alunos ao meio empresarial nunca é demais. "A teoria da escola deve ser acompanhada por muita prática. Quando a pessoa acaba a licenciatura não tem essa experiência e quanto maior for o seu conhecimento da parte prática, melhor se vai adaptar", defende.



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MOLDPLÁS

'Moldplás' de 8 a 11 de novembro na Batalha

Entrevista: José Frazão, diretor da Exposalão

‘Moldplás’ | Expositores e visitantes satisfeitos com o certame

Elementos de construção standard nos moldes de injeção. Ontem, hoje e amanhã!

MMC Hitachi Tool apresenta “Moldino”

Axile: agile smart machining

Tebis revoluciona a produção industrial


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'MOLDPLÁS' DE 8 A 11 DE NOVEMBRO NA BATALHA 160 EXPOSITORES MOSTRAM MÁQUINAS E TECNOLOGIAS PARA MOLDES E PLÁSTICOS Dar a conhecer as soluções tecnológicas e as inovações para o setor de moldes e plásticos, é o objetivo da feira 'Moldplás', que decorre de 8 a 11 de novembro, no Centro de Exposições da Batalha (Exposalão), entre as 10 e as 20h00. Nesta, que é a décima edição deste Salão de Máquinas, Equipamentos, Matérias Primas e Tecnologia para Moldes e Plásticos, vão estar representados 160 expositores desde fabricantes, importadores, distribuidores de máquinas, equipamentos, ferramentas, acessórios, tecnologia e informática para as indústrias de moldes e plásticos e fabricantes e exportadores de moldes para plásticos. São esperados 25 mil visitantes. Segundo o administrador da Exposalão, José Frazão, “esta feira assume-se assim como ponto de referência para os negócios" do setor de moldes e plásticos.

Boas perspetivas O responsável adianta que as expetativas são grandes. "É inevitável que vá ser uma boa feira. Temos marcas novas, este ano, e isso determina o sucesso porque determina o interesse", afirma, adiantando que "para além disso, as líderes mundiais, quer de injeção, quer de CNC, estão cá". Rogério Henriques explica, ainda, que a nível de visitantes, "até há pouco tempo, atraíamos o mercado específico da Marinha Grande e de Oliveira de Azeméis, mas, nas últimas duas edições, tivemos outro tipo de visitas como o setor da aeronáutica e outros que gravitam à volta desta tecnologia". Sublinha que a feira "é bastante eclética", lembrando que as soluções tecnológicas ali expostas "têm uma aplicação específica no setor de moldes e plásticos, mas podem ser aplicadas também noutros setores".

Ocupando uma área de cerca de 16 mil metros quadrados, a feira apresenta uma grande diversidade de equipamentos que se podem dividir em duas categorias: - máquinas, equipamentos, acessórios e tecnologia para a indústria de moldes: máquinas-ferramenta, CNC, máquinas fresadoras, ferramentas de corte, componentes, canais quentes, acessórios normalizados e especiais, torneamento, retificação, material de polimento, soluções técnicas para extração e refrigeração, software de gestão e produção de moldes plásticos, impressora 3D, metrologia, hidráulica e pneumática, equipamentos e tecnologia laser, corte, gravação e soldadura, lubrificantes e outros. - máquinas e equipamentos para a indústria de plásticos: máquinas de injeção e periféricos, robótica, sistemas de transporte de matériaprima, sistemas de refrigeração, bombas de vácuo, doseadores e misturadores, controladores de temperatura dos moldes, controladores de temperatura dos canais quentes, granuladores, sistemas de esvaziamento, misturadores, sistemas de monitorização e controlo de produção, matérias-primas plásticas, Chillers e outros. A feira conta com o apoio da Associação Nacional da Indústria de Moldes (CEFAMOL), da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) e da Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas e Electromecânicas (ANEMM), bem como dos centros tecnológicos e científicos Centimfe e Cenfim. Marcará presença ainda a Pool-Net, associação responsável pela dinamização do cluster de competitividade 'Engineering & Tooling'. A última edição da 'Moldplás', em 2015, foi, segundo os organizadores, "um verdadeiro sucesso". Cerca de 200 expositores ocuparam a totalidade do espaço de exposição, o que representou um aumento de 60% de expositores face à anterior edição, o que se refletiu num maior número de empresas, produtos expostos e marcas. 92% dos expositores presentes afirmaram que a 'Moldplás' foi uma feira importante para os seus negócios.


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JOSÉ FRAZÃO, DIRETOR DA EXPOSALÃO ENTREVISTA "Tenho um orgulho enorme pelo setor de moldes, pelas pessoas que lá trabalham e por tudo o que foram conseguindo fazer". José Frazão, administrador do Centro de Exposições da Batalha (Exposalão), conta que na criação da feira ‘Moldplás’, na década de 90, esteve o desejo de se associar e dar a conhecer ao país uma indústria que era, já na época, muito pujante. O certame, que tem este ano a sua décima edição, foi mudando de figurino, transformando-se, muito rapidamente, numa feira que reúne os melhores fornecedores para os setores dos moldes e plásticos. É a maior feira que a Exposalão tem no seu calendário e projeta, no futuro, atrair empresas de fora do país, como Espanha ou mesmo do norte de África.

tivo deles. Percebemos então o caminho: pelos fornecedores da indústria. É uma feira de máquinas para os moldes e plásticos. Foi assim que foi crescendo. Hoje, temos marcas muito técnicas, mas também marcas mais comuns. - E os visitantes, de onde vinham? Eram os produtores de moldes e plásticos. Continuam a ser eles os visitantes e é para eles que se realiza esta feira: para conhecerem algumas das soluções. Mesmo realizando uma feira tão técnica como esta e percebendo a evolução tecnológica que foi havendo, não nos passou pela cabeça que o setor teria este crescimento e chegasse onde está hoje. Houve um período em que passou por uma crise, mas a feira continuou a realizar-se. E o setor soube ultrapassar essa crise. - A feira foi mudando...?

- Sendo os moldes e plásticos setores que trabalham para o mercado internacional, como é que surgiu a ideia de criar, em Portugal, uma feira destinada a estas indústrias? A feira nasceu em 1993, a partir de uma outra que reunia vários setores de atividade, a ‘Tecna’. Os moldes e plásticos destacaram-se nesta feira e decidimos dar-lhes um espaço próprio. A ‘Moldplás’ surgiu com o objetivo de fazer uma feira de moldes, dada a grande explosão, na época, desta indústria. Mas os moldes tinham outro caminho, mais centrado na internacionalização. Apesar de, no início, muitas empresas estarem presentes, o setor cresceu muito rapidamente no mercado internacional, onde pretendia chegar o mais rápido possível. Quando pensei na feira, pensei reunir, num mesmo espaço, os empresários de moldes de Portugal. Por isto, não encontrei moldes para expor, mas encontrei máquinas para o setor. - A feira tornou-se, então, algo diferente do que tinha imaginado...? Sim, tive de a adaptar para uma feira que reunisse as máquinas para os moldes e todas as tecnologias que interessavam aos setores dos moldes e dos plásticos. Foi engraçado porque a estratégia da feira acabou por coincidir com a estratégia das empresas de moldes, de muitas delas, de passarem a ter também a produção de plásticos. Lembro-me que, por essa altura, surgiram os testes dos moldes. As empresas iam, então, para o mercado internacional fazer esses testes. Mas passaram rapidamente a fazê-los em Portugal, trazendo para cá essas máquinas. Foi uma das primeiras tecnologias que esta feira teve em exposição. A evolução foi tão rápida. Algumas empresas passaram a produzir também peças de plástico. E isso foi evoluindo e as fábricas de moldes passaram a ter também unidades de fabrico de plásticos. - E nessas primeiras edições da feira, quem aderiu? Quem eram os expositores? A feira teve, inicialmente, um crescimento lento, nas primeiras edições. Tivemos algumas empresas de moldes, no início, mas não era o obje-

A feira foi passando por fases. No início, houve uma fase em que tinha mais máquinas de injeção, para a indústria de plásticos, mas ultimamente, tem mais CNC para os moldes e tecnologias associadas.

Proximidade às empresas - As empresas participam em feiras no estrangeiro. Qual a diferença desta feira? A proximidade com as empresas é uma vantagem. Os empresários vão a feiras internacionais e contactam com alguma desta tecnologia, mas o que acontece é que, muitas vezes, uma empresa não consegue enviar as equipas para conhecer as tecnologias porque é uma deslocação ao exterior. Esta feira ganha pela proximidade. A tecnologia, a mesma que esteve exposta lá fora, está aqui, ao pé de casa, e podem vir as equipas das empresas vê-la, analisá-la, experimentá-la e, com isso, ajudar a decisão das empresas. É que as máquinas aqui estão em produção. É uma feira onde 80% das máquinas estão a trabalhar. Representa um esforço enorme para nós, mas tem de ser assim. - Esta feira é comparável às feiras que se fazem na Europa? Esta feira tem o mesmo equipamento. Mas é uma feira à escala do mercado nacional. Mas tem vindo a crescer e a afirmar-se. Há dez anos, tínhamos dificuldade em ter aqui tecnologia de ponta. Mas isso mudou. - Falou do crescimento do setor. Como é que o acompanhou? Tenho um orgulho enorme pelo setor de moldes, pelas pessoas que lá trabalham e por tudo o que foram conseguindo fazer. Muitos dos empresários e técnicos desta indústria conheço-os há muitos anos. Têm feito um trabalho notável. - Continua a existir uma ligação estreita ao setor tanto assim que esta feira pensa naquele que é um dos principais problemas do setor atualmente: a carência de mão de obra qualificada. Que papel tem a feira nesse aspeto?


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É uma questão que procuramos acompanhar. A indústria cresceu muito na nossa região e precisamos que mais pessoas migrem de outras zonas do país para cá. É que a falta de mão de obra pode travar o crescimento da indústria. Temos presentes nesta feira os centros de formação e tecnológicos, como o Instituto Politécnico de Leiria ou a Universidade do Minho, entre outros. Mas penso que este é um problema do país e não apenas dos moldes. O país é pequeno, a área da engenharia não atrai porque é preciso saber matemática. Durante muitos anos, quase como moda, as pessoas iam para outras áreas e ficaram para trás áreas mais funcionais, como as engenharias. Hoje, o Politécnico de Leiria, por exemplo, tem feito um grande trabalho na área das engenharias e preocupa-se em formar mais jovens qualificados nessas áreas. Mas não é suficiente: o instituto recebe dez pedidos das empresas e apenas consegue satisfazer cinco. A feira procura dar um contributo para a captação de jovens, recebendo visitas de alunos, por exemplo, e expondo as ofertas formativas, para além de mostrar as tecnologias destes setores. - A ‘Moldplás’ foi acompanhando o setor dos moldes e plásticos nas últimas décadas. Ao fim deste tempo, sente que contribuiu com a feira para o sucesso que tem hoje o setor? Não. Quem contribuiu para esse sucesso foi a ousadia dos empresários que foram à procura dos novos mercados, procuraram as suas soluções, o seu caminho e o sucesso. Eu tenho acompanhado. Tudo o que as empresas e a CEFAMOL estão a fazer é um trabalho excelente. Não há dúvida que são pessoas empenhadas em fazer crescer o setor. Eu limito-me a acompanhar o bom desempenho deles. Eu só tenho que ir procurar fornecedores e pô-los a expor na feira porque quero sempre trazer mais empresas para mostrar que temos cada vez mais oferta de equipamento. Enquanto as empresas vendem os seus moldes de qualidade, o nosso papel é trazer aqui, ao conhecimento deles, as máquinas mais sofisticadas para ajudar a fazer o produto ainda com maior qualidade. - Fazem-se negócios? Claro. Algumas das máquinas aqui expostas até já estão encaminhadas para alguma empresa. E o negócio fecha-se aqui porque vêm as equipas ver as máquinas e isso é importante para fechar o negócio. A decisão faz-se aqui. - Como vai evoluir esta feira? Daqui a dois anos, na próxima edição, deve crescer mais 20 ou 25%. E depois esperamos continuar a crescer, no futuro. O movimento que uma feira gera serve para aferir a atividade de determinado setor, não só a parte do negócio, mas as novas perspetivas e desafios. - A ‘Moldplás’ vai manter o atual figurino? Possivelmente, não. Vamos mudar o figurino, procurar mercado internacional, por exemplo, a Espanha. Vamos procurar que venham mais a Portugal. Hoje, a feira atrai sobretudo empresas nacionais, mas as oriundas dos PALOP também nos começam a procurar. E também algumas empresas do norte de África começam a vir. O crescimento que projetamos é através desses novos desafios. - Em todo o calendário da Exposalão qual a importância desta feira? A ‘Moldplás’ é a nossa maior feira. Quer a nível de espaço, quer de expositores. Em número de visitantes não, porque é exclusivamente profissional. É, como lhe costumo chamar, a 'Feira dos Engenheiros'.


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‘MOLDPLÁS’ | EXPOSITORES E VISITANTES SATISFEITOS COM O CERTAME

"A ‘Moldplás’ é uma feira importante que, ao apresentar às empresas as soluções tecnológicas e as inovações, lhes permite ganhar competitividade". A opinião é de Manuel Oliveira, secretário-geral da Associação Nacional da Indústria de Moldes (CEFAMOL). A exemplo de anteriores edições, a associação vai ter um stand nesta feira, que decorre entre os dias 8 e 11 de novembro, no Centro de Exposições da Batalha (Exposalão). Para o responsável, a feira tem a grande vantagem de, pela proximidade geográfica às empresas, permitir que muitos dos técnicos possam contactar com tecnologias que, de outra forma, só poderiam ver no estrangeiro e, ao mesmo tempo, dinamizar e promover a imagem do setor de moldes e plásticos junto da comunidade. As unidades produtoras de moldes assumem, neste certame, o estatuto de visitantes. E, para muitas, a visita à feira é quase uma tradição. "A ideia que tenho é que esta feira é uma boa 'montra publicitária' dos novos produtos para as empresas de moldes", explica Paulo Babau, da empresa Famplac, adiantando ter acompanhado algumas anteriores edições do certame. "Costumamos visitar a ‘Moldplás’ porque encontramos sempre novidades e, pela localização da feira, mesmo à porta de 'casa'", acrescenta. E os fornecedores da indústria - que são, no certame, os expositores esforçam-se, a cada edição, para corresponder a essas expetativas. José Silva, da Hasco, considera que "a ‘Moldplás’ é uma feira de referência nas áreas onde atuamos, nomeadamente na indústria de moldes e injeção de plástico". A empresa tem, por isso, participado, com

resultados positivos, em anteriores edições da feira, renovando a presença nesta edição. "Ao longo do ano, visitamos os nossos clientes e, na realidade, de 8 a 11 de novembro, são os clientes que nos visitam. Aproveitamos essa oportunidade para brindar os nossos clientes com a nossa hospitalidade, bem como teremos a possibilidade de apresentar as últimas novidades e tecnologias", sublinha, adiantando que, este ano, a área de exposição da empresa foi alargada. Opinião positiva do certame tem também a empresa Tebis que, este ano, vai voltar a estar presente. "As participações anteriores têm sido bastante positivas, mesmo em 2011, quando o setor sofria com alguma falta de trabalho", explica Pedro Bernardo, frisando que a feira "oferece a possibilidade de todos os intervenientes (fornecedores e clientes) interagirem de uma forma mais próxima". "Como fornecedor, esta feira é uma ótima oportunidade para realizar novos contatos, negócios e estreitar relações com os já existentes", diz ainda. A Hitachi participa no certame pela primeira vez e Marina Ferreira explica que essa participação permitirá à empresa apresentar novidades na imagem e no conceito. "Apresentámos a nossa nova imagem muito recentemente e ansiamos por comunicá-la e apresentar a nossa filosofia aos clientes potenciais e pares da nossa indústria", conta, sublinhando que "a ‘Moldplás’ será uma plataforma bastante importante para nos aproximar de (futuros) clientes e parceiros".


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ELEMENTOS DE CONSTRUÇÃO STANDARD NOS MOLDES DE INJEÇÃO. ONTEM, HOJE E AMANHÃ! José Silva * * HASCO

Não posso deixar de iniciar este artigo sem contar uma pequena história que serve de introdução a esta temática.

mais exigentes. Permitiu também minimizar o tempo de processamento, bem como o aumento consistente da qualidade dos moldes.

Em 2010, estava eu de visita a um cliente, a quem tentava “vender” a mais-valia da utilização de placas standard da HASCO, quando o dono da empresa me pede para o seguir. Assim o fiz! Levou-me até ao fundo da nave fabril e apresentou-me duas pessoas que estavam a galgar, retificar e a furar as placas de aço das estruturas dos seus moldes. Entretanto, interpela-me: “Sr. Silva, eu gostava de lhe comprar essas suas placas muito bonitinhas! Mas o que é que eu faço a estes meus colaboradores que estão comigo desde o início? Mando-os para casa?”. Respondi: “Claro que não! Coloque estas pessoas - com muita experiência - numa outra função! Já imaginou que, no fim do ano, vai conseguir fazer mais e melhores moldes!”. Bem, o que é certo é que a empresa acatou o meu conselho, bem como grande parte do mercado, nos últimos anos. Massificou-se a utilização de elementos standard na construção dos moldes de injeção.

Desde a invenção até à implementação no exemplo que relatei anteriormente, decorreu meio século. Não quero dizer, com esta afirmação, que haja um atraso em alguns meios do setor, antes pelo contrário, a altura para uma alteração deste midset surge, no nosso caso nacional, por via da evolução das necessidades e da qualificação das empresas, bem como do crescente nível de exigência do mercado que compra em Portugal.

As empresas de moldes foram “forçadas” a adotar e a aumentar a utilização de elementos modulares standard de início porque os cadernos de encargos dos clientes assim o exigem, mas também para fazer face à pressão generalizada do mercado que implica maior capacidade de resposta no que respeita à quantidade, qualidade e velocidade de execução. Provavelmente alguns destes pontos serviram de inspiração a Hugo Hasenclever, quando, em 1960, inventou e patenteou o primeiro conjunto de uma estrutura para molde, com elementos standard e modulares. Na altura, a Hasco possibilitou aos fabricantes alemães, implementar e desenvolver as capacidades técnicas dos seus colaboradores e máquinas, para que estes se concentrassem em tarefas

A utilização de elementos standard na construção de moldes tem somente vantagens e é transversal no universo “MOLDE”, abrangendo desde a conceção, produção até à sua utilização enquanto ferramenta de obtenção de uma peça. As vantagens podem ser tão díspares como o aumento da velocidade de execução, aumento do rigor dimensional, aumento da performance cinemática, aumento do tempo de vida útil, redução do tempo de ciclo, redução da taxa de rejeição (> qualidade), redução do consumo energético, redução dos tempos e custos de manutenção, reparação ou número de paragens imprevistas, etc…

Um molde com elementos standard é mais caro? Ainda hoje, há quem pense que a utilização de elementos standard aumenta o preço do molde, mas não é verdade! O que pode influenciar o preço é a melhor ou pior qualidade dos elementos standard aplicados, que por norma é proporcional ao preço da sua aquisição e da mesma forma inversamente proporcional à capacidade produtiva e a qualidade do molde.


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Quem é que define os standards para os moldes? As empresas especializadas na sua comercialização insistem ter este cunho, mas a resposta não morre aqui já que os standards podem e são ditados por cada um, seja quem projete, produza ou utilize o molde. As empresas que os comercializam não fazem mais do que detetar as necessidades do mercado para lançar as suas soluções. E se cada um tivesse o seu standard? Penso não seria o melhor cenário, pois induz algum caos! Para isso, os vários players nesta cadeia devem regular-se pelas especificações do molde. Estas são uma ferramenta essencial no que diz respeito à utilização dos elementos standards na construção de um molde. As especificações são a ferramenta que, clientes, fornecedores e outros intervenientes, usam nos projetos e onde podem definir, interpretar e simplificar, até ao último detalhe, o projeto mais complexo, com base na utilização dos elementos standard. As especificações são regras (uma ferramenta prática), semelhantes a um caderno de encargos, em que são registadas as especificações standard de cada interveniente. O objetivo mais importante das especificações é simplificar a fabricação de moldes para todos os envolvidos, assegurar a qualidade do molde de injeção, sempre com base na utilização de elementos standard. As especificações são uma ferramenta em que os standards têm uma presença constante e, por esse motivo, devem ser dinâmicas e atualizadas, tanto de acordo com o saber empírico como com as novas tendências. Devem ser cumpridas, sistematicamente verificadas e válidas a nível global, no caso de organizações internacionais. Os elementos standard são uma constante nas especificações dos moldes, uma vez que é importante ter uma rápida disponibilidade de peças de reposição. Com a presença destes elementos nas especificações será mais fácil a sua intermutabilidade e reparação, sem perder tempo e sem complicar o molde. Uma questão que suscita sempre muita discussão é a escolha acertada

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do fornecedor de elementos standard. Tal como na generalidade dos vários setores de atividade, o low-cost nem sempre é a melhor solução. Por outro lado, o melhor e mais caro não terá de ser forçosamente a solução ideal! Contudo, ressalto três aspetos a ter em conta: 1) no panorama português, faz todo o sentido a utilização de fornecedores com uma logística global e um serviço mundial, pois grande parte dos moldes são para exportação; 2) a qualidade dos standards deve, no mínimo, estar a par com a qualidade com que se idealiza ou projeta o molde. Não faz qualquer sentido ficar refém da menor qualidade de um standard. A menor qualidade de um standard pode significar paragens imprevistas, horas, dias de paragem de máquina, custos extraordinários de manutenção, etc. 3) por consequência deste ultimo ponto, deve selecionar-se um fornecedor certificado que faculte o elemento standard totalmente identificado, onde figuram a marca, a referência e o número de série – esta é uma garantia de qualidade que se introduz no molde, facilitando a vida de quem o produz e utiliza. Em conclusão, os standards apareceram há muito na indústria e são sinónimo de uma construção inteligente, de melhor qualidade e rentabilidade. A sua utilização ir-se-á massificar, não só porque todos queremos fazer mais e melhor, mas também devido à Indústria 4.0. A Revolução Industrial 4.0 tem princípios que assentam na descentralização, capacidade em tempo real, orientação para o serviço e modularidade. Significa isto que toda a cadeia de processos vai tornar-se muito mais acelerada, incluindo a produção e o serviço pós-venda. Os conceitos produtivos dos clientes, fornecedores e parceiros terão, obrigatoriamente, uma nova dimensão. A utilização de elementos standards na construção de moldes será fulcral para corresponder às exigências de mercado.



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MMC HITACHI TOOL APRESENTA “MOLDINO” MMC HITACHI TOOL É com entusiasmo que a MMC Hitachi Tool vê a sua participação na ‘Moldplás’, onde pretende apresentar a sua nova marca e logotipo “MOLDINO”, e oferecer aos seus clientes a possibilidade de um contato pessoal. Nesta feira, clientes e empresas podem contatar diretamente a equipa e ter a oportunidade de conhecer o conceito “Produção50”, bem como os serviços da MMC Hitachi Tool e também observar as suas novidades em ferramentas. Desde 1 de abril de 2015 que a Mitsubishi Materials Corporation (MMC) detém uma participação de 51% na Hitachi Tool Engineering, Ltd. Em consequência desta aquisição, o nome da empresa mudou para Mitsubishi Hitachi Tool Engineering, Ltd., da qual a MMC Hitachi Tool Engineering Europe GmbH é sua afiliada a 100%. Com o propósito de criar um Unique Selling Point e uma posição clara no grupo MMC, desenvolveu-se uma nova marca e logotipo: “MOLDINO”, que advém da combinação das palavras MOLD + DIE + INNOVATION. Os clientes da MMC Hitachi Tool enfrentam diariamente a concorrência a nível global, sendo-lhes exigida a produção de moldes e matrizes

com crescente velocidade, precisão e qualidade. Como consequência desta realidade, os engenheiros da MMC Hitachi Tool aplicam e implementam as ferramentas de corte nos processos dos clientes. Ao fazê-lo, esforçam-se para atingir os mais altos níveis de segurança no processo, repetibilidade e busca constante de oportunidades de uniformização. A empresa rege-se por processos de uniformização, e automatização com o objetivo de preparar os seus clientes para o futuro (Indústria 4.0). Uma parte essencial da abordagem de otimização de processos do “Produção50” da MMC Hitachi Tool é a sua gama de ferramentas dedicadas – e especializadas para o setor de moldes e matrizes. Na “Moldplás”, os visitantes poderão conhecer as últimas novidades, como a “TD4N” - ferramenta indexável de Alto Avanço, com plaquetes de dupla face e 4 raios de canto, que surge com uma geometria especial das arestas de corte que otimizam a formação de aparas e minimizam o indesejável material residual para as operações seguintes. Esta ferramenta garante alta fiabilidade no processo e convence com uma maquinação suave, baixos custos por aresta de corte e um tempo de vida longo e estável.



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AXILE: AGILE SMART MACHINING Luís moreira * * MATER

Targeting “Industrie 4.0” A expressão ‘Industrie 4.0’ surgiu, pela primeira vez, em 2012, na feira de Hannover, por um grupo de trabalho estrategicamente mandatado pelo governo alemão para o desenvolvimento de um projeto que visasse a potenciação da utilização das tecnologias de informação e comunicação nos processos de produção industrial, de forma a manter a indústria deste país no topo da competitividade mundial. Em 2013, na mesma feira, foi apresentado o relatório final deste grupo de trabalho, com o conjunto de princípios em que assenta a também rotulada de “4ª Revolução Industrial”. Na vanguarda do fornecimento de equipamentos industriais de alta qualidade para o mercado europeu, a Buffalo assumiu liderança no desenvolvimento de centros de maquinação de 5 eixos e de alta velocidade, cuja relevância internacional foi reconhecida ao mais alto nível com o Prémio “Taiwan Excellence Gold Award 2016”, atribuído pela primeira vez desde o seu início, há 24 anos, a um produto da área das máquinas-ferramenta (MICROCUT MCG-5X). Pela sua visão e o seu foco no desenvolvimento de produtos de elevada qualidade e suportada na sua vasta experiência e na contínua inovação tecnológica, a Buffalo criou a marca AXILE para estar na linha da frente desta nova era industrial. A AXILE apresenta-se como uma marca de máquinas-ferramenta CNC inteligentes, de prestações ao mais alto nível, preparadas para se adaptarem às aplicações da ‘Indústria 4.0’, não só facilitando a integração vertical de informações para a otimização dos processos de negócio, como suportando horizontalmente os seus utilizadores na gestão dos processos de produção e manutenção, através da interligação em rede com fornecedores externos. Com tecnologias como a SMT - Smart Machining Technology (conjunto de técnicas de monitorização e compensação para melhorar a precisão do equipamento) e a ART - Axile Reliability Technology (conjunto de técnicas de monitorização em tempo real dos componentes da máquina), os equipamentos AXILE permitem o aumento de produtividade, a diminuição dos tempos de paragem, um melhor planeamento e preparação da manutenção e uma maior flexibilização dos planos de produção, contribuindo, deste modo, para a criação de fábricas cada vez mais inteligentes. “AGILE” é a melhor palavra para definir a AXILE. Pela sua agilidade física e habilidade de se mover de uma forma fácil, rápida e com elevada precisão, proporciona elevadas prestações na maquinação de alta velocidade. Com uma elevada capacidade de processamento e resposta, “SMART” será outra palavra que melhor definirá este nome, tornando-o “Axile” “agile smart machining”. O lançamento da AXILE foi um enorme sucesso entre todas as entidades ligadas ao setor a nível mundial na feira ‘TIMTOS 2017’. Após a sua apresentação em Hannover na ‘EMO 2017’, deixamos o convite para assistir ao seu lançamento, em Portugal, na próxima ‘Moldplás’, na Exposalão - Batalha, entre os dias 08 e 11 de novembro de 2017.

Centros de Maquinação AXILE 5 eixos Gantry

• Design “GANTRY” para dinâmicas muito elevadas; • Estrutura base em forma de “U” para maior robustez; • 3 guias lineares de suporte no carneiro vertical; • Motomandrino Kessler 25/35Kw, 18K rpm, 130 Nm; • Armazém de ferramentas com 48 até 120 posições; • Teto automático para carga e descarga do material com grua; • Sistema direto de medida deslocamentos nos 5 eixos; • Mesa rotativa de alto binário com 3 motores Torque (2 para o eixo basculante A e 1 para o eixo rotativo C); • Elevado controlo da precisão TPC – Tool-tip Positioning Control AAC – Axial Accuracy Control SVS – Spindle Vibration Supervision RM – Reliability Maintenance

Modelos Curso do X (mm)

G6

G8

650

670

Curso do Y (mm)

750

820

Curso do Z (mm)

500

600

Diâmetro da mesa (mm)

600

800

Carga admitida na mesa (Kg)

600

1300

Ø800x500

Ø1000x500

Dimensões máximas da peça (mm)



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DESTAQUE HIGHLIGHT

TEBIS REVOLUCIONA A PRODUÇÃO INDUSTRIAL Pedro bernardo * * TEBIS

Redução de custos e maior eficiência dos processos com Proleis A Tebis Group e o seu parceiro alemão ID GmbH apresentam a versão 4.0 do Proleis, com melhorias inovadoras ao nível do sistema de gestão e controlo de processos. A integração dos softwares Tebis e Proleis garantem a automação dos processos, uma produção flexível e totalmente controlada digitalmente, o planeamento eficiente dos recursos, o fluxo de informação transparente e uso corrente da internet, características estas alinhadas com os princípios da Indústria 4.0. Na “Moldplás”, a Tebis convida os visitantes a conhecer as novas funcionalidades dos softwares Tebis e Proleis e a forma como esta solução conjunta, aliada a uma consultoria altamente qualificada, permite revolucionar o sistema de produção e a entrada na quarta revolução industrial. A Tebis é uma empresa acreditada para o desenvolvimento de projetos no âmbito do ‘Vale Indústria 4.0’, prestando serviços de consultoria e assistência técnica a empresas que pretendam modernizarse, aumentar a sua competitividade e qualificar-se como beneficiários deste financiamento. De acordo com Pedro Bernardo, gerente da Tebis Portugal, “o Proleis, integrado com o software CAD/CAM Tebis, permite a otimização dos processos através da centralização dos dados de produção de vários sistemas, melhorando a qualidade, a relação custo-eficácia e a eficiência dos recursos na indústria transformadora”. Acrescenta ainda que “o Proleis é um sistema de gestão e controlo total e adaptável, que incorpora uma arquitetura de software e design modernos. É um sistema ideal para a produção de peças únicas na fabricação de matrizes e moldes e na produção em pequena escala. O software oferece tecnologia de informação e comunicação sofisticada e orientada para o futuro, que permite às empresas entrarem na Indústria 4.0.”

F1 – A Tebis, juntamente com o software Proleis, apresenta soluções inovadoras e a oportunidade de modernização e entrada na” Indústria 4.0”

A interface do utilizador é otimizada para o controlo por toque digital e o sistema permite o acesso remoto, estando disponível em plataformas móveis, como tablets e smartphones. Apresenta ainda aplicações orientadas a funções e tarefas que são intuitivas e ajustáveis de forma a simplificar a operacionalização. A tecnologia da aplicação e do servidor web faz com que o Proleis 4.0 seja ainda mais adequado à integração de locais distintos e fornecedores externos, uma vez que o estado dos processos individuais é facilmente visualizado, incluindo imagens ao vivo via webcams, por exemplo, na fresagem. A produção integrada com os softwares da Tebis e Proleis faz com que os “componentes inteligentes” sejam continuamente enriquecidos através do incremento da informação resultante do processo de produção, controlando todo o processo, desde a entrada da encomenda até ao produto acabado, incluindo a receção da informação, design, programação NC, maquinação, montagem e controlo da qualidade. O componente apresenta informações relevantes ao processo, tais como estratégias de fresagem, tempos de maquinação, configurações e ferramentas de fresagem necessárias. De referir ainda a simplificação do planeamento, com base em informações como a disponibilização de matérias-primas, peças compradas, recursos da máquina e prazos de fresagem e montagem. Todos os componentes do mundo virtual e real estão disponíveis na máquina e no posto de montagem antes do início da fabricação. Estas e outras características e funcionalidades inovadoras serão apresentadas na “Moldplás”, permitindo aos convidados confirmar a sofisticação dos softwares e os seus benefícios, como a redução de custos, o aumento da segurança e da qualidade, e a melhoria da eficiência dos processos.

F2 – O software Tebis com as suas funcionalidades completas de CAD/CAM, juntamente com o sistema Proleis, oferece planeamento e controlo na produção, desde a encomenda até ao produto acabado.



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INOVAÇÃO INNOVATION O que as empresas concebem de forma singular e inovadora What our companies concieve in a singular and innovative way

Projeto I&DI “Flexcraft”

Projeto I&DI “Modseat”

A ATT na vanguarda da inovação tecnológica

Compostos termoplásticos reforçados por fibras para aplicações de blindagem EMI Fiber reinforced thermoplastics compounds for EMI shielding applications


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INOVAÇÃO INNOVATION

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PROJETO I&DI “FLEXCRAFT” LEONEL DE JESUS *, JOÃO SABINO PAIS * * SETsa

Na continuidade dos projetos na área aeronáutica, ‘Life’ e ‘newFace’, a empresa SETsa, do Grupo Iberomoldes, aliando a sua experiência ao conhecimento adquirido na área de desenvolvimento de produto, coordena o projeto “Flexcraft - Flexible Aircraft”. Este projeto tem como principal objetivo aprofundar um dos três conceitos de aeronaves gerados pelo projeto ‘newFACE - o Utility’. O projeto “Life, Lighter, Integrated, Friendly and Eco-efficient Aicraft Cabin”, que decorreu entre 2009 e 2010 e vencedor do prémio Crsytal Cabin Award na categoria de Conceitos Visionários, desenvolveu e prototipou um novo conceito de interior de uma aeronave executiva, orientado para a sustentabilidade. Já o projeto “newFace, Future Aircraft Configurations for Eco-Efficiency,” desenvolvido entre 2012 e 2015, teve como objetivo projetar a aeronave do futuro (2030), recorrendo a F1 – Design exterior do conceito Flexcraft metodologias novas de projeto para a pesquisa, conceção e desenvolvimento de novas configurações de interiores e exteriores de aeronaves, novos materiais e processos de produção para uma maior ecoeficiência no transporte aéreo de passageiros do futuro. Dos três conceitos criados no projeto “newFace” (V-Tail, Box-Wing e o Utility), o conceito Utility foi considerado o mais promissor, tendo dado origem ao projeto “Flexcraft”, que decorrerá entre 2016 e 2019. O conceito Utility foi considerado como ponto de partida para o desenvolvimento do projeto atual, proposto por um consórcio constituído pela SETsa (promotor líder), a Almadesign, a Embraer Portugal e entidades do Sistema Científico e Tecnológico Nacional, como o INEGI e o IST.

O conceito ‘Flexcraft’ apresenta-se como uma solução alternativa de mobilidade de curto alcance (~900Km), com carga útil de aproximadamente 1000Kg, capacidade de descolagem em pistas curtas e com desempenho superior ao helicóptero tradicional em termos de velocidade de cruzeiro (~510Km/h) e eficiência de voo. Trata-se de um conceito de mobilidade modular em que a estrutura de sustentação é passível de desacoplamento da cabine de transporte de passageiros e/ou carga e em que esta é reconfigurável de acordo com a missão que a aeronave irá desempenhar. O conceito ‘Flexcraft’ explora, assim, a modularidade de forma inovadora, não endereçada por outros conceitos, promovendo uma maior eficiência operacional não só da aeronave como sistema individual mas, também, da totalidade da frota. Adicionalmente, este conceito explora o potencial da propulsão elétrica e/ou híbrida, reduzindo o impacto ambiental. Devido aos longos ciclos de desenvolvimento dos produtos aeronáuticos, foi adotada uma estrutura de projeto com três linhas de desenvolvimento (1. voo e operação; 2. versatilidade e usabilidade; 3. materiais e processos de produção) que serão incrementalmente validadas através de demonstradores evolutivos: a) Veículo remotamente pilotado (VRP), para demonstrar a viabilidade do conceito e outros requisitos de desempenho; b) Mock-up da cabine à escala real, para permitir a avaliação física do conceito; c) Demonstrador de Materiais e Processos de Produção, para avaliar os processos de produção selecionados capazes de reduzir os custos de produção através da integração de componentes, resultando em dados sobre materiais e avaliação do potencial de produção integrada de estruturas complexas. A estratégia de validar gradualmente as soluções através das linhas de desenvolvimento apresentadas anteriormente, com demonstradores evolutivos leva, para além do amadurecimento tecnológico do conceito, a especializações tecnológicas mais específicas que viabilizam o desenvolvimento de produtos e respetivos serviços num prazo médio (~2025). As competências desenvolvidas neste projeto proporcionarão às entidades envolvidas, reforçar a sua presença e competitividade no setor aeronáutico mundial.


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PROJETO I&DI “MODSEAT” LEONEL DE JESUS *, JOÃO SABINO PAIS * * SETsa

desenvolvimento de projetos ferroviários, em Portugal.

A SETsa, empresa do Grupo Iberomoldes, tem investido, ao longo dos últimos anos, em atividades de IDI, com o intuito de criar novas competências e melhoria contínua nas já existentes, seja de forma autónoma ou através de parcerias em projetos de IDI, nacionais e internacionais. É de destacar o desenvolvimento de diversos projetos de IDI, em parceria, na área dos transportes, tendo como objetivos a ecoeficiência (incluindo a redução de peso), o conforto e o design inovador. Neste âmbito, merecem destaque os seguintes projetos: ‘IBUS’ – secção transversal completa, interior e exterior, para aplicação em carroçaria de autocarros de turismo; e o ‘inTRAIN’ – interior de uma carruagem ferroviária. O projeto ‘IBUS’, que decorreu entre 2009 e 2011, teve como objetivos o desenvolvimento, prototipagem e integração de componentes e sistemas e foi construída uma secção transversal (“mock-up”), para aplicação em carroçarias de autocarros de turismo. Já o projeto ‘inTRAIN’, desenvolvido entre 2012 e 2015, teve como objetivos o desenvolvimento e a integração de materiais e tecnologias ecoeficientes, user-friendly e de design inovador, tendo como resultado final a construção de um protótipo à escala real do interior de uma carruagem ferroviária de comboio suburbano. Na continuidade dos projetos na área ferroviária, a SETsa participa, atualmente, no desenvolvimento do projeto de investigação ‘Modseat – Modular Light-Rail Seat’, a decorrer entre 2016 e 2019. Este projeto pretende envolver, potenciar e criar competências nas empresas e grupos de I&D nacionais na área ferroviária, com vasta experiência no trabalho colaborativo em projetos na área dos transportes e no

F1 – Desenhos técnicos do desenvolvimento do banco ferroviário.

O projeto ‘Modseat’ visa conceber, desenvolver e construir um protótipo de um banco ferroviário com uma conceção inovadora, modular, versátil e customizável, utilizando novos processos e materiais e integrando novas funcionalidades para comboios da classe regional/intercidades. Pretende-se responder às exigências futuras dos transportes públicos ao construir um protótipo à escala real que reduza os custos nas operações de reabilitação e desmantelamento, reduza o peso e aumente o conforto, utilizando materiais e processos de fabrico inovadores, smart solutions e sistemas de infotainment que permitam a adaptação do banco ao tipo/nível de serviço prestado (diferentes classes, mercados e respetivas exigências) (Figura 1). Ao promover a I&D no sistema de transportes ferroviário, o projeto ‘Modseat’ estará a alargar a competitividade do país nesta área, capacitando um conjunto de atores envolvidos no consórcio com novas competências que contribuirão’ indubitavelmente’ para estimular a dinâmica na rede ferroviária, promovendo a sua atratividade, a sua agilidade e conetividade a outros sistemas logísticos (rodoviário, marítimo, etc.). De facto, um dos desafios patentes a este nível prende-se exatamente com o recurso excessivo ao transporte rodoviário, dada a insuficiência do transporte por via ferroviária, sugerindo-se uma utilização mais racional e intermodal dos diferentes meios de transporte. ‘Modseat’ é um projeto que envolve empresas e grupos de I&D portugueses na área ferroviária, como é o caso da SETsa, Almadesign, MCG, ERT e IST, e que pretende demonstrar o know-how e as capacidades tecnológicas dos vários participantes. O consórcio pretende contribuir para a consolidação da oferta nacional de produtos e serviços no mercado ferroviário, com um crescimento sustentado previsto a nível global até pelo menos 2020.



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A ATT NA VANGUARDA DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA António Selada * * ATT – Advanced Tool Technology

O projeto ATT2015 A ATT, empresa recentemente criada (final de 2015), com um projeto aprovado no âmbito do “Portugal 2020”, no programa POCI como Inovação Produtiva, está direcionada para a produção de moldes de níveis de precisão elevados, de alto desempenho e elevada incorporação tecnológica e define um posicionamento estratégico de diversificação/diferenciação, no sentido em que procura ocupar um segmento de mercado de maior valor acrescentado e insuficientemente coberto pela oferta interna e externa deste produto. A produção de moldes de grande precisão não convencionais compõe um segmento de elevada exigência tecnológica, implicando volumes avultados de investimento em equipamentos (já incluídos no projeto de Inovação Produtiva ATT2015), investigação, recursos humanos altamente qualificados, controlo sobre os processos e inovação incluídos nas diferentes rubricas de investimento desta candidatura, apostas especialmente alicerçadas no valor gerado, na ecoeficiência e no menor peso que a concorrência assume neste contexto e com claro alinhamento com o paradigma da “Indústria 4.0”. A afirmação da ATT, em inúmeras áreas sucesso, envolveu o alargamento da gestão da cadeia de valor do molde e distribuição, a orientação para a inovação, a competência dos recursos humanos, a flexibilidade dos sistemas produtivos, a garantia da qualidade, o incremento da produtividade, o desenvolvimento de produtos inovadores e a oferta por atividades económicas (automóvel, eletrónica, etc.). A proximidade ao cliente e às suas necessidades, permitem valorizar a importância da diversificação das respetivas tipologias. Apesar de ser uma empresa jovem, a ATT dispõe de equipamentos de altíssima qualidade tecnológica que serão uma mais-valia para o projeto e para a área que envolve a produção de moldes de elevada complexidade tecnológica.

É justo reconhecer neste projeto um forte caráter estruturante de expansão empresarial, com impacto sobre o desenvolvimento regional, com ganhos de competitividade, coesão e projeção internacional da imagem de Portugal. Na produção de moldes de alta precisão e incorporação tecnológica, a ATT pretende implementar soluções e serviços que determinem mais eficiência, inteligência e flexibilidade na produção ao longo de toda a cadeia de valor. A chave será a transformação digital em contexto industrial. Esta evolução, que nalguns aspetos ainda se encontra em estágios de desenvolvimento, está a abrir novas vias para um futuro de sucesso no qual a ATT será capaz de desempenhar o seu papel como motor de inovação e crescimento. Os centros de maquinação vão utilizar ferramentas que incorporam sensores que medem a temperatura ou forças de corte junto à aresta de corte, o que permite o ajuste automático dos parâmetros de corte ou a troca da ferramenta por outra da mesma família. As medições precisas, fiáveis e em tempo real de parâmetros físicos, como a pressão e a temperatura nos processos de corte, ajudarão a otimizar e a tornar os processos economicamente mais viáveis. Com o presente projeto, a ATT pretende migrar para uma indústria de novo tipo. De uma forma simplificada, trata-se de utilizar extensivamente as tecnologias da informação, comunicação e localização (TICLs) mais avançadas e a robótica, para desenhar, projetar e produzir componentes a partir do caderno de encargos do cliente com a necessária adaptação às geometrias aí definidas, com claras reduções das quantidades de matéria-prima a consumir, sem limites de complexidade geométrica e com a rapidez e precisão exigidas. A ATT materializa uma unidade de produção totalmente controlada por

De notar que os novos paradigmas de atuação estão, também, a exigir que a ATT olhe para a digitalização como uma nova etapa e que desenvolva o conhecimento e as práticas necessárias para a efetiva integração da digitalização nas análises de engenharia das suas cadeias produtivas. Nesse propósito, o fluxo de dados partilhados em tempo real entre máquinas, robots, sistemas logísticos e instrumentação adequada, permitirão antever falhas, adaptar a produção a novos cenários no processo produtivo - com partilha de informação vinda dos clientes e com níveis de integração que de outra forma seria impossível. Os investimentos propostos correspondem à introdução, em pleno, das tecnologias digitais na ATT. Estas tecnologias permitirão que equipamentos e sistemas trabalhem de um modo automático e autónomo: são exemplos neste projeto o Sistema de Fabrico Flexível (FMS) que tem como embrião três células de fabricação flexível. O impacto dos investimentos em termos de produtividade global da empresa e de ganhos/consolidação de vantagens competitivas sustentáveis traduzir-se-á, entre outros aspetos, em níveis de produtividade do trabalho acima da média do setor.

F1 – Robot rotativo a comutar uma palete com bloco moldante, em centro de maquinação de alta precisão configurado e instrumentado para maquinar em alta velocidade


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um avançado sistema de informação que procurará maximizar, de forma sistemática, a capacidade de produção dos equipamentos instalados. A adoção de tecnologia de ponta, com o desenvolvimento de novos processos, permitirá uma aproximação à lógica do paradigma “Indústria 4.0”. A “Indústria 4.0” preconiza mecanismos e procedimentos de fabrico flexíveis e reconfiguráveis que conduzem à necessidade da implementação de interfaces que forneçam informação em tempo útil ou mesmo guiem as operações a realizar. A ATT, ao investir em Sistemas Flexíveis de Produção (FMS) totalmente automáticos com controladores adaptativos, ou seja, na produção de superfícies de alta precisão e complexidade, quando está em causa a dinâmica da própria máquina e o tempo de execução, o controlador da máquina, suportado por algoritmos preditivos, ajusta os parâmetros de corte, por forma a não comprometer a precisão exigível. São soluções integradas com absoluto controlo sobre o processo de corte, ou seja, capacidade de resposta a situações que resultam da anisotropia e heterogeneidade dos materiais. A existência de mecanismos e procedimentos de fabrico flexíveis e reconfiguráveis é um dos pilares da “Indústria 4.0” Isso conduzirá à necessidade absoluta de serem introduzidas interfaces desenhadas para suportar os técnicos, fornecendo-lhe toda a informação em tempo útil ou mesmo guiar as operações a realizar. Os sistemas automáticos e os processos deverão ser organizados fun-

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ção do conhecimento. O conhecimento é sustentável, já que é inerente ao homem. A par dos recursos humanos, a I&I é um dos principais indicadores de capacidade tecnológica. Nesta linha de pensamento a ATT tem estabelecido protocolos de colaboração com diversas entidades do sistema de I&I e empresas para o desenvolvimento de processos/produtos e novos materiais. A nova empresa que emerge deste projeto dá corpo à industrialização de resultados de projetos de I&DT, nos quais o Grupo Vangest ou a própria empresa participou ou participa, em parceria com diversas entidades.

A I&I O projeto ‘WOWW: World of Outstanding Wool and Wood’, na tipologia de I&DT em copromoção, propõe o desenvolvimento de materiais, processos e produtos inovadores baseados em materiais compósitos constituídos por matriz termoplástica reforçada com fibras híbridas de lã e de madeira, para aplicações na indústria automóvel e na área da saúde. A inovação deste projeto parte da conceção de materiais compósitos que não existem no mercado, exigindo uma cadeia de desenvolvimento tecnológico para a sua produção e aplicação em áreas estratégicas da economia. A originalidade assenta não só na utilização de fibras de origem animal, de natureza proteica, como na sua conjugação com fibras de origem vegetal/celulósica, em matrizes termoplásticas selecionadas.


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em aspetos como os testes e ensaios dos materiais e estruturas e a capacidade de integração das soluções desenvolvidas num produto final demonstrador competitivo.

O problema

F2 – Fotografia e imagens de microscopia eletrónica de varrimento do nanocompósito celulose/SiO2 preparado, usando o método de síntese in situ baseado na hidrólise de TEOS.

A parceria delineada para levar a cabo este projeto, constituída por duas empresas, ATT (Advanced Tool Technology) e Distrim2 (Indústria, Investigação e Desenvolvimento), ambas do universo empresarial Vangest, duas instituições do sistemas de I&I, o CDRsp (Centro de Desenvolvimento Rápido e Sustentado de Produto) do Instituto Politécnico de Leiria e a Universidade de Coimbra, reúne todas as condições para o concluir com sucesso e, a mais longo prazo, valorizar, comercialmente, os seus resultados. Na área da engenharia de polímeros e processos associados, a ATT, na qualidade de promotor, emprestará ao consórcio a sua expertise no mercado dos serviços de engenharia e do projeto e construção de moldes de injeção e sobreinjeção de elevada precisão de materiais compósitos, na sua maioria para o setor automóvel. As principais motivações subjacentes a este projeto baseiam-se nas vantagens ambientais comuns aos materiais compósitos que utilizam fibras naturais de reforço, acrescidas das vantagens particulares da lã, em virtude das suas propriedades intrínsecas, contribuindo para ultrapassar algumas limitações dos compósitos com fibras vegetais. A resistência da lã à degradação com a temperatura é superior à das fibras celulósicas, o que alarga, em princípio, a gama de polímeros admissíveis para matriz dos novos compósitos. Neste contexto, a resistência da lã à propagação do fogo é outra propriedade com grande interesse. Adicionalmente, os compósitos com lã deverão apresentar maior tenacidade devido à melhor adesão interfacial com a matriz e as fibras de madeira deverão aumentar a tensão de rutura, atuando na matriz, essencialmente, como carga e reduzindo o teor de polímero necessário. A síntese deste tipo de compósitos exige estratégias de compatibilização entre componentes e o estudo de novos sistemas de processamento e de técnicas avançadas de produção industrial. O desenvolvimento de tecnologias adequadas constitui um objetivo fundamental, visando instalar métodos de fabrico compatíveis com as diferentes aplicações projetadas. Para atingir todos os seus propósitos, este projeto necessitou de reunir um conjunto de valências técnicas, focadas em quatro grandes áreas tecnológicas: a engenharia de polímeros, a engenharia de materiais compósitos, a engenharia mecânica e a engenharia química, com o desenvolvimento do produto (CAD/CAE/CAM) como área transversal a estas. Para além destas necessidades aliam-se ainda, requisitos relevantes

Para reduzir as emissões poluentes do transporte rodoviário, como meio para combater as alterações climáticas, a Comissão Europeia (CE) definiu metas de redução das emissões de CO2 para os novos veículos ligeiros de passageiros, através de um regulamento de 2009 o qual estabelecia o limite de 130 gCO2/km a atingir em 2015. A partir de 2020, o mesmo regulamento estabelecia uma meta indicativa - e não obrigatória - de 95 gCO2/km. Em abril de 2013, uma proposta da CE, para revisão deste regulamento, foi alvo de votação favorável na Comissão de Ambiente do Parlamento Europeu e encontra-se em discussão entre o Parlamento e o Conselho Europeu, a qual poderá estabelecer como meta obrigatória (e não apenas indicativa) um limite de emissão de 95gCO2/km a atingir em 2020. Se for aprovada, pode fazer baixar o consumo de combustível para 3,7 litros/100km. A redução de peso de um veículo é ainda o meio que apresenta melhor relação custo-benefício para reduzir o consumo de combustível e consequente a redução das emissões de CO2. Desta forma, todos os fabricantes de automóveis, fornecedores e produtores de componentes estão a investir, significativamente, na pesquisa e desenvolvimento de materiais leves com aplicação no setor. O desenvolvimento de materiais e tecnologias menos agressivas para os sistemas ecológicos constitui uma das conquistas científicas do século XXI, onde o desenvolvimento e implementação de materiais compósitos reforçados com fibras naturais assume um papel de extrema importância em todo o mundo, continuando a crescer, dia a dia, com a produção de produtos de engenharia de elevada performance para as mais diversas aplicações. Comparando-os com compósitos reforçados com fibras sintéticas (de vidro ou de carbono), apesar de ambos permitirem a redução do consumo de produtos petrolíferos, os compósitos com fibras naturais apresentam vantagens concorrenciais no custo das fibras (cerca de um terço relativamente às fibras de vidro ou de carbono), na redução do peso (para cerca de metade das fibras sintéticas), na maior capacidade de reciclagem e na resposta às preferências da sociedade por produtos mais ecológicos. Estes materiais são caracterizados também pelas suas boas propriedades específicas (isto é, por unidade de massa), pela facilidade de separação de componentes, pela neutralidade em dióxido de carbono e pela biodegradabilidade, sendo estas propriedades sobretudo derivadas da opção pelo uso de fibras naturais como reforço da matriz polimérica que, habitualmente, são poliolefinas. Os materiais obtidos são duráveis, fiáveis, leves e com excelentes propriedades mecânicas, significativamente superiores às dos materiais tradicionais, encontrando aplicações em várias áreas como, por exemplo, na indústria automóvel, na saúde, no mobiliário, na embalagem ou na construção.

Estratégia de Valorização De uma forma geral, a tendência da redução de peso é uma das principais preocupações de todos os mercados ligados ao transporte. Observa-se, por isso, uma dinâmica forte de R&D a nível mundial no sentido de encontrar soluções mais leves, iniciada e liderada desde há algum tempo atrás pelo setor aeronáutico, mas agora seguida intensamente pelo setor automóvel. Outros setores ligados ao transporte de


INOVAÇÃO INNOVATION

massas (ferroviário e marítimo) apresentam velocidades de adoção de novos materiais e tecnologias mais lentas, mas começam mesmo assim, e neste momento, a discutir internamente e com as suas cadeias de fornecimento, o desenvolvimento de novos produtos mais leves e consequentemente energeticamente mais eficientes. Com os preços dos combustíveis fósseis cada vez mais elevados e com perspetivas de uma procura cada vez maior por parte das economias emergentes, é de esperar que o paradigma dos sistemas de transporte, em geral, tenha de mudar. Esta mudança de paradigma incide na utilização em mais larga escala de transportes com consumos de combustível controlado e, consequentemente, com uma taxa de emissões de CO2, consideravelmente, mais baixa. No limite, 50% de redução de peso num veículo pode traduzir-se uma redução de 40% no consumo de combustível. Este projeto terá um impacto muito positivo na atividade da ATT ao assegurar a possibilidade de oferecer novos produtos, sobretudo novas maneiras de pensar, de conceber e de fabricar, com ganhos significativos de produtividade, aumentando deste modo, e de forma sustentada, a competitividade da empresa. Os novos produtos apresentarão como caraterísticas diferenciadoras e competitivas, um peso global e custos de produção inferiores e um melhor rácio peso/performance. Neste sentido, os resultados do projeto permitirão identificar novas oportunidades de aplicação destes materiais e potenciar a sua aplicação em novos mercados. A ATT será um meio difusor preferencial já que estando ligada à produção de moldes para a produção em série de componentes políméricos e compósitos para a indústria automóvel, com uma capacidade tecnológica instalada de excelência (investimentos realizados no âmbito do projeto ATT 2015) constitui um elo fundamental de promoção do projeto junto dos principais stakeholders (OEM’s e First Tiers). O setor de “Engineering & Tooling” português e, em particular, as empresas que integram o consórcio, tem condições únicas para se afirmar como exemplo de (re)posicionamento estratégico face aos novos paradigmas de competição global, apresentando–se como um importante motor das exportações portuguesas de base tecnológica. A utilização de fibras de origem animal em compósitos de matriz termoplástica é um tópico ainda muito pouco investigado, mas com bastante potencial de aplicação em diferentes setores industriais. Menos investigada ainda, é a utilização simultânea de fibras de origem animal e de origem vegetal neste tipo de compósitos. Os estudos publicados sobre o reforço da matriz termoplástica com fibras híbridas apontam para a possibilidade de obtenção de novas propriedades interessantes, sendo portanto um campo muito aliciante e inovador. Da conjugação de fibras vegetais com fibras animais em determinadas matrizes poliméricas, isto é, compósitos de fibras híbridas, resultam novas matérias-primas com novas propriedades, o que alarga certamente o tipo de aplicações que podem beneficiar dos novos materiais.


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COMPOSTOS TERMOPLÁSTICOS REFORÇADOS POR FIBRAS PARA APLICAÇÕES DE BLINDAGEM EMI FIBER REINFORCED THERMOPLASTICS COMPOUNDS FOR EMI SHIELDING APPLICATIONS Luís C. Martins *, António J. Pontes * *

IPC/i3N – Instituto de Polímeros e Compósitos, Universidade do Minho, Guimarães, Portugal

RESUMO: A proliferação de sistemas de RF modernos e redes sem-fio têm promovido a um aumento evidente de dispositivos eletrónicos, significando que esses dispositivos geram mais ruído e estão mais suscetíveis a interferências externas. Consequentemente, tem havido um aumento das exigências para a prevenção da interferência eletromagnética (EMI), internas e externas a estes dispositivos. A eficiência de blindagem EMI (SE) é proporcional à condutividade elétrica do material, e por isso os materiais metálicos são tradicionalmente usados para produzir o chassi ou barreira para o dispositivo eletrónico. No entanto, o interesse da indústria automóvel em motores elétricos e emissões reduzidas, exige uma diminuição significativa do peso, incluindo os dispositivos eletrónicos. Nestes dispositivos, o peso mais significativo é proveniente do chassi, tradicionalmente em aço ou alumínio, que garante excelente desempenho mecânico e de blindagem. O uso de termo-plásticos reforçados com fibras eletricamente condutoras, como carbono ou aço inoxidável, tem sido investigado como uma alternativa leve e económica aos metais e revestimentos condutores na produção de chassis para blindagem EMI de dispositivos eletrónicos. Este trabalho consistiu no estudo de compostos termoplásticos reforçados por fibras que apresentem características de blindagem EMI para o desenvolvimento de um chassi polimérico. A eficiência de blindagem foi realizada, experimentalmente, através da análise da propagação de ondas EM ao longo de uma linha de transmissão coaxial, tendo-se verificado que este tipo de materiais apresentam uma elevada gama de desempenho. Além da análise experimental, este artigo também apresenta uma abordagem de simulação computacional que pode ser aplicada na fase de desenvolvimento de um chassi para um produto eletrónico.

ABSTRACT: The proliferation of modern RF systems and wireless networks is leading to an evident increase of electronic devices, meaning that these devices generate more noise and are susceptible to exterior interferences. Therefore, there’s been an increase of the demands for the prevention of Electromagnetic Interference (EMI) within and between these devices. The EMI Shielding Effectiveness (SE) is proportional to the material electrical conductivity, that’s why metallic materials are traditionally used to produce the enclosure or shield for the electronic device. However, the automotive industry interest towards electric motors and reduced emissions, demands a significant drop in weight, including electronic devices. In electronic devices, the most significant weight originates from the enclosure, traditionally in steel or aluminum, that ensures excellent mechanical and shielding performance. The use of reinforced thermoplastics with electrically conductive fibers, such as Carbon or Stainless Steel, have been investigated as a lightweight and cost-effective alternative to metals and conductive coatings for creating EMI shielding enclosures for electronic devices. This work is focused on the study of fiber reinforced thermoplastic compounds with EMI shielding characteristics for the development polymeric electronic enclosure. Shielding effectiveness was carried experimentally by analyzing the EM waves transmission through a coaxial airline. A large performance range was ob-tained for this kind of materials. Additionally, to experimental analysis, this paper also presents a computer simulation approach for the materials performance which could be applied in the development phase of an enclosure for an electronic product.

1 INTRODUCTION 1 INTRODUÇÃO As tendências atuais da indústria automóvel para numerosos sistemas de interface homem-máquina induziram a proliferação de dispositivos eletrónicos e sistemas de radiofrequência, como multimédia, rádio, redes sem-fio, navegação GPS, sensores e sistemas OBD. Esses dispositivos eletrónicos geralmente são encapsulados por uma caixa metálica, que fornece suporte estrutural aos componentes eletrónicos, permite o escoamento de calor e atua como uma barreira a interferências EM/RF. No entanto, o interesse na mobilidade elétrica, mais ecológica e restrições no consumo de combustível e emissão de gases poluentes motiva os OEMs a produzir componentes leves, feitos com materiais plásticos. O uso de plásticos reforçados permite a redução de peso dos componentes, aperfeiçoamento da resistência à corrosão e possibilita um design mais flexível e consolidação de peças que promove a redução de

Automotive industry current trends for human-machine interface systems leads to the proliferation of electronic devices and radiofrequency systems, such as multimedia, radio, wireless networks, GPS navigation, sensors and OBD systems. These electronic devices usually are enclosured by a metallic housing, which provides structural support to electronic components, enables heat management and act as a shield to EM/RF interferences. However, the interest in electric and greener mobility demands for fuel consumption and pollutant gases emissions reduction motivates OEMs to produce lightweight components made with plastics composites. The use of reinforced plastics allows components weight reduction, improved corrosion resistance and enables flexible design and part consolidation allowing lower cost production. However, plastic composites lower conductivity when compared to metals make the study of their Shielding Effectiveness (SE) an important issue for Electromagnetic Compatibility (EMC) of electronic devices. Hence, plastic



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custos. No entanto, a menor condutividade de compósitos plásticos quando comparados aos metais faz do estudo da Eficiência de Blindagem (SE) uma questão importante para compatibilidade eletromagnética (EMC) de dispositivos eletrónicos. Além disso, as características anisotrópicas dos compósitos plásticos ampliam a complexidade das suas propriedades elétricas e de blindagem, que é um tema que merece uma investigação intensiva.

2 ESTADO DA ARTE Um dispositivo é considerado electromagneticamente compatível se funcionar corretamente no seu ambiente eletromagnético desejado, não interferindo com outros dispositivos ou com ele próprio e não for suscetível a radiação de outros dispositivos (Kaiser, 2005; Weston, 1991). O EMI é um problema com três componentes: uma fonte de interferência, um recetor de interferência e um caminho que liga ambos (Bryant, 2010; Kaiser, 2005; Kodali, 1996; Weston, 1991). O método para resolver estre problema consiste em cortar o caminho utilizando um material impermeável (barreira), formando uma gaiola de Faraday (Bryant, 2010, 2013; Weston, 1991). Um bom chassi de proteção deve impedir a entrada e a saída de EMI / RFI que evitando o ruído e o mau funcionamento ou mesmo a queima de circuitos ou componentes elétricos (Kaiser, 2005; Kodali, 1996; Weston, 1991). A eficácia de uma barreira para atenuar a radiação EMI é designada por Eficiência de Blindagem (SE) e é expressa em decibel (dB). EMI SE é uma relação de campo EM entre a fonte e o recetor que quantifica a eficiência da blindagem para atenuar a propagação de ondas através do material ou furos de um chassi (Aciu et al. 2009; Geetha et al., 2009; Kaiser, 2005; Weston, 1991). A eletrónica comercial normalmente requer um intervalo de EMI SE entre 40 a 60 dB, o que significa que requer uma atenuação de 99,99% a 99,999% da potência do sinal (Bryant, 2010, 2013). No entanto, um SE de 30 dB (99,9% de atenuação) também é considerado um nível adequado de proteção para muitas aplicações (Al-Saleh & Sundararaj, 2009; Morari et al. 2011). O EMI SE é um problema complexo que depende do tipo de fonte, distância, frequência de interferência, forma de onda, espessura da barreira, design de furos e propriedades de EM de material de blindagem (condutividade elétrica – σ, permitividade elétrica – ε e permeabilidade magnética – µ) (Chung, 2000; Geetha et al., 2009; Kaiser, 2005; Weston, 1991).

composites anisotropic characteristics scale up their electrical properties and shielding complexity, which is subject that deserve intensive investigation.

2 STATE OF ART A device is considered electromagnetic compatible if it operates properly in its intended electromagnetic environment and does not interfere with other devices or itself and if it isn’t susceptible to radiation from other devices (Kaiser, 2005; Weston, 1991). EMI is a problem with three components: a source of interference, a receptor of interference and a path connecting both of them (Bryant, 2010; Kaiser, 2005; Kodali, 1996; Weston, 1991). The method for solving this problem is to cut the pathway with an EMI impermeable material (shield) to form a Faraday cage (Bryant, 2010, 2013; Weston, 1991). A good shielding enclosure should prevent both incoming and outgoing EMI/RFI preventing noise, malfunction or even electric circuits and components burn (Kaiser, 2005; Kodali, 1996; Weston, 1991). The efficiency of a shield to attenuate EMI radiation is designated as Shielding Effectiveness (SE) and is expressed in decibel (dB). EMI SE is an EM field ratio between the source and the receptor that can quantify the shield efficiency to attenuate the propagation of waves through the material or apertures of an enclosure (Aciu et al. 2009; Geetha et al., 2009; Kaiser, 2005; Weston, 1991). Commercial electronics typically requires a EMI SE range from 40 to 60 dB, meaning that there is a 99.99% to 99.999% attenuation of the EMI power (Bryant, 2010, 2013). Though, a SE of 30 dB (99.9% attenuation) is also consider an adequate level of shielding for many applications (Al-Saleh & Sundararaj, 2009; Morari et al. 2011). EMI SE is a complex problem that depends on the source type, distance, frequency of interference, waveform, shield thickness, apertures design and shield material EM properties (electric conductivity – σ, electric permittivity – ε and magnetic permeability – µ) (Chung, 2000; Geetha et al., 2009; Kaiser, 2005; Weston, 1991). A simple concept for the shielding effectiveness of a material to EMI radiation can be described by three mechanisms, as decomposed by Schelkunoff transmission line theory and Schultz plane wave shielding theory, as illustrated in Figure 1 (Al-Saleh & Sundararaj, 2009; Chung, 2001, 2000; Morari et al., 2011; Saini & Arora, 2012; Yang et al., 2005).

A eficiência de blindagem de um material a EMI pode ser descrito de forma simplificada em função de três mecanismos, decompostos pela teoria da linha de transmissão de Schelkunoff e a teoria de blindagem de ondas planas de Schultz, como ilustrado na Figura 1 (Al-Saleh & Sundararaj, 2009; Chung, 2001, 2000; Morari et al., 2011; Saini & Arora, 2012; Yang et al., 2005). Este modelo descreve o EMI SE como sendo a soma dos efeitos de Refleção (R), Absorção (A) e Múltiplas Refleções Internas (MR) quando uma onda EM interage com um material homogéneo infinitamente largo, particularmente para um bom condutor elétrico. (1) F1 – Esquema dos mecanismos de blindagem. F1 – Schematic of shielding mechanisms.

Esta teoria é utilizada para prever o SE de materiais a ondas planas (campo distante) e é fundamentado por três características do material: impedância (Zs), efeito pelicular (δ) e espessura (t) (Saini & Arora, 2012; Weston, 1991).

This model describes EMI SE as a sum of Reflection (R), Absorption (A) and Multiples Internal Reflections (MR) when the EM waves interact with an infinite large homogeneous shielding material, particularly a good conductor shield.



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(1) (2)

(3)

Perdas por Refleção (SER) é o primeiro mecanismo de blindagem, sendo mais predominante em materiais com elevada condutividade, tal como metais (Chung, 2001; Klemperer & Maharaj, 2009). Esta atenuação deve-se à diferença entre a impedância do material barreira e impedância da onda em espaço livre (Z0 ≈ 377 Ω) e é expressa como (Klemperer & Maharaj, 2009; Saini & Arora, 2012):

(4)

Atenuação por absorção (SEA) é o mecanismo de blindagem secundário e é proporcional à espessura do material barreira. Esta atenuação deve-se à indução de correntes elétricas ou magnéticas no meio, resultando em perdas Ohmicas e geração de calor. Estas perdas são expressas como (Chung, 2001; Klemperer & Maharaj, 2009; Saini & Arora, 2012): (5)

O terceiro mecanismo de blindagem são as múltiplas refleções internas (SEMR) e verificam-se para materiais eletricamente finos, onde a onda refletida na segunda face pode ser re-refletida pela primeira face (Saini & Arora, 2012). Para efeitos práticos, este mecanismo pode ser negligenciado quando SEA > 10 dB (Saini & Arora, 2012; Weston, 1991). SEMR é importante para metais eletricamente finos a baixas frequências e pode ser expresso como (Saini & Arora, 2012): (6)

Vários métodos para medir SE de materiais ou chassis completos contra fontes de interferência em campo próximo ou em campo distante foram propostos e normalizados. Esses procedimentos são essencialmente divididos em dois grupos, métodos em espaço livre e métodos em linhas de transmissão fechadas, e cada um deles possui vantagens e limitações (Kaiser, 2005; Kodali, 1996; Weston, 1991). Focando em medições para ondas planas com incidência normal ao material (radiação em campo distante), a técnica mais utilizada segue o procedimento estabelecido pela norma ASTM D4935 para "Measuring the Electromagnetic Shielding Effectiveness of Planar Materials". Este método de teste é baseado em linhas de transmissão coaxial e é usado para medir a blindagem de material devido a ondas planas na região do campo distante. Este procedimento aplica-se à medida do SE de materiais planos em condições de ondas planas normais (E e H tangen-cial à superfície do material) de acordo com o modo de propagação de onda eletromagnética transverso (TEM) (ASTM, 1999; Geetha et al., 2009; Sarto & Tamburrano, 2006; Wilso et al., 1986). Este procedimento é baseado em métodos de perda de inserção (IL) entre um gerador de sinal EM e um recetor. Valores de IL e o SE resultante dependem das propriedades elétricas e físicas dos materiais e do próprio sistema de medição. SE é definido como uma proporção de uma

This theory is used to predict the SE of materials at plane waves (farfield region) and settles essentially in three characteristics of the shield material: intrinsic impedance (Zs), skindepth (δ) and thickness (t) (Saini & Arora, 2012; Weston, 1991).

(2)

(3)

Reflection Loss (SER) is the primary mechanism of shielding, and it is more evident in high conductors materials, such as metals (Chung, 2001; Klemperer & Maharaj, 2009). This attenuation is related to the mismatch impedance between the shield’s surface and propagating wave at free space (Z0 ≈ 377 Ω) and it’s expressed as (Klemperer & Maharaj, 2009; Saini & Arora, 2012): (4)

Absorption loss (SEA) is the secondary mechanism of shielding and is proportional to the shield thickness. It happens due to induced electric or magnetic currents in the medium that produce Ohmic losses and heating of the material, and can be expressed as (Chung, 2001; Klemperer & Maharaj, 2009; Saini & Arora, 2012): (5)

The third mechanism of shielding is the multiple internal reflections (SEMR) and happens for electrically thin shields where the reflected wave from second boundary can be re-reflected by the first boundary (Saini & Arora, 2012). For practical purposes this mechanism can be neglected when SEA > 10 dB (Saini & Arora, 2012; Weston, 1991). SEMR is important for electrically thin metals at low frequencies and can be expressed as (Saini & Arora, 2012): (6)

Several methods to measure SE of materials or complete enclosures against near-field or farfield sources were proposed and standardize. These procedures are essentially divided in two groups, free-space methods and closed transmission lines methods, and each of them has advantages and limitations (Kaiser, 2005; Kodali, 1996; Weston, 1991). Focusing on measurements for normally incidents plane waves (farfield radiation), the most used technique is based on the procedure according to ASTM D4935 standard test method for “Measuring the Electromagnetic Shielding Effectiveness of Planar Materials”. This test method is based on coaxial transmission lines and it is used to measure the material shielding due to EM planes-waves in the farfield region. This procedure applies to the measurement of the SE of planar materials under normal incident planewaves conditions (E and H tangential to the surface of the material) according to the transverse electromagnetic (TEM) wave propagation mode (ASTM, 1999; Geetha et al., 2009; Sarto & Tamburrano, 2006; Wilso et al., 1986).


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potência recebida sem material de teste (Pref) e com material de teste (Pload) (Sarto & Tamburrano, 2006; Wilson et al., 1986). (7)

As medições podem ser convenientemente realizadas usando um analisador de rede vetorial, onde IL e SE resultante podem ser expressos em função dos parâmetros de dispersão de transmissão S21ref e S21load (Sarto & Tamburrano, 2006). (8)

Devido à sua alta condutividade elétrica, metais como o aço ou o alumínio, são tradicionalmente usados para produzir o chassi para proteção EMI de dispositivos eletrónicos. No entanto, o uso de compósitos de matriz de polímero com reforços condutores tem sido o foco de muitas investigações (Ameli et al., 2013; Arjmand et al., 2011; Bryant, 2010, 2013; Cheng et al., 2009; Chung, 2000; Geetha et al., 2009; Huang & Wu, 2000; Lee et al., 2005; Luo & Chung, 1999; Rahaman et al., 2012; Ramôa et al., 2013; Thomassin et al., 2013). Os compósitos de matriz polimérica reforçados por cargas eletricamente condutoras são materiais atrativos para aplicações de blindagem EMI/RFI devido à sua baixa densidade e facilidade de processamento (p.e. moldação por injeção) que permite a produção de chassis leves e sem juntas suscetíveis a vazamento de radiação EM e diminuição SE (Chung, 2000). A utilização da tecnologia de moldação por injeção no fabrico de

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This procedure is based on Insertion Loss (IL) methods between an EM signal generator and a receiver. IL data and resultant SE depend on both material’s electrical and physical properties and on the measuring system itself. SE is defined as the ratio of a received power without test material (Pref) and with the test material (Pload) (Sarto & Tamburrano, 2006; Wilson et al., 1986). (7)

Measurements can be conveniently performed using a vector network analyzer, and IL and resulting SE can be expressed in function of the transmission scattering parameters S21ref and S21load (Sarto & Tamburrano, 2006). (8)

Due to their high electrical conductivity, metals, like steel or aluminum, have traditionally been used to produce the EMI shielding enclosure for electronic devices. However, the use of polymer matrix composites with conductive fillers has been the focusing of many researches (Ameli et al., 2013; Arjmand et al., 2011; Bryant, 2010, 2013; Cheng et al., 2009; Chung, 2000; Geetha et al., 2009; Huang & Wu, 2000; Lee et al., 2005; Luo & Chung, 1999; Rahaman et al., 2012; Ramôa et al., 2013; Thomassin et al., 2013). Polymer matrix composites reinforced by electrical conductive fillers are attractive materials for EMI/RFI shielding due to their low density and easy processability (e.g. injection molding) that allows the production of


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chassis em compósito plástico com propriedades condutoras permite a produção industrial com custos reduzidos. Investigadores têm vindo a estudar o SE de compósitos de polímero utilizando diferentes matrizes e cargas condutoras. As cargas preferenciais utilizadas para esta aplicação são fibras de carbono, nanotubos/fibras de carbono, fibras de carbono revestidas com níquel, fibras de aço inoxidável, partículas metálicas e grafite. Devido à sua natureza ferromagnética, as cargas de aço inoxidável e de níquel permitem uma maior absorção EM, resultando no aumento de SE do compósito. Portanto, compósitos de polímero com fibras de aço inoxidável ou fibras de carbono revestido com níquel têm melhor eficiência de blindagem (Bryant, 2013; Chung, 2001; Geetha et al., 2009; Luo & Chung, 1999). Vários compósitos poliméricos com diferentes cargas (p.e fibras de carbono (CF), fibras de aço inoxidável (SSF) ou misturas) foram investigados no âmbito deste trabalho. O EMI SE foi analisado para verificar o desempenho destes materiais e possível utilização para produção de um chassi específico de um dispositivo eletrónico. Além de análise experimental, este trabalho apre-senta uma metodologia de simulação computacional que permite uma pré validação para o projeto do chassi, nomeadamente nas suas características físicas mais críticas (i.e. juntas e furações). Estas simulações foram realizadas recorrendo a softwares para computação eletromagnética (CEM), que são ferramentas numéricas especificamente dedicadas a resolver as equações EM e simular ambientes e problemas EM/RF. Tais ferramentas são usadas para descrever problemas de EMI em circuitos e componentes e ajudar no seu redesenho para alcançar a certificação EMC (Archambeault, Ramahi, & Brench, 2001). As ferramentas de simulação numérica permitem a simulação de SE de diferentes tipos de materiais e estruturas que blindam EMI ou EMS. No entanto, geralmente esses materiais são metais e têm comportamento isotrópico, propriedades bem conhecidas e que podem ser reproduzidas com elevada precisão em modelos virtuais. Blindagem para materiais mais complexos (p.e. compósitos) foram parcamente reportados (Al-shabib & Lachowicz, 2013; Dagang et al., 2007; Janda et al., 2005; Keith et al., 2005; Koledintseca et al., 2009; Liu & Zhou, 2013; Micheli, 2013). Todavia, estas investigações focam-se apenas em estruturas organizadas ou sistemas em multicamada.

3.1 Materiais Vários compostos termoplásticos reforçados (RTP) comercialmente disponíveis e de diferentes fornecedores foram identificados e testados durante este projeto, a fim de caracterizar o SE e verificar sua aplicabilidade num chassi que exige uma blindagem de 60 dB, aproximadamente.

Reforços (%wt) (1)

Resistividade (Ohm.cm) (2)

Condutividade (S/m)

RTP.A

PBT

30% CF

< 101

RTP.B

PC

15% SSF

10 – 10

10 – 10

RTP.C

PBT

20% GF ; 10% SSF

< 10

> 10

RTP.D

PA6

30% LCF

10 – 10

10 – 10

RTP.E

PP

30% CF ; 5% SSF

< 10

> 10

RTP.F

PP

35% CF ; 5% SSF

RTP.G

PP

35% CF ; 10% SSF

(1) obtido através de calcinação de pellets (2) proveniente da ficha técnica do fornecedor

In this work, various polymers composites with different fillers (e.g. carbon fibers (CF), stainless steel fibers (SSF) or mixtures) EMI SE was investigated in order to check their performance and possible use for production of a specific electronic enclosure. Besides experimental measure this work presents a computer simulation methodology which allows a pre-validation for the enclosure design at critical features (i.e. seams and apertures). These simulations uses Computational Electromagnetics (CEM) softwares, which are numerical tools specifically dedicated to solve EM equations and simulate EM/RF environments and problems. Such tools have been used to describe many EMI problems in circuits and components and help in their redesign for attaining EMC compliance (Archambeault, Ramahi, & Brench, 2001). Numerical simulation tools allows the simulation of SE of different kind of materials and structures to prevent EMI or EMS. However, such materials are usually metals and have isotropic behavior which properties are well known and can be accurately represented in virtual models. Shielding for more complex materials (e.g. composites) have been reported (Al-shabib & Lachowicz, 2013; Dagang et al., 2007; Janda et al., 2005; Keith et al., 2005; Koledintseca et al., 2009; Liu & Zhou, 2013; Micheli, 2013). However these researches focus only on organized filler structures or multilayer systems.

3 MATERIALS AND METHODS 3.1 Materials

4

6

2

-2

1

< 101

< 10-1

> 101

-2

3

> 101 > 103

RTP.B RTP.C

4

1

ID RTP.A

-4

0

-1

Materials selection process was essentially based on their electrical resistivity, since SE is related to that property. However, aspects such as stiffness, thermal stability, processability (injection molding) and costs were also considered. T1 – RTP compounds with respective electrical properties.

T1 – Materiais e respetivas propriedades elétricas. Matriz

Researchers have been studying SE of polymer composites for different matrix and conductive fillers. Preferable fillers used for this application are carbon fibers, carbon nanotubes/fibers, nickel coated carbon fibers, stainless steel fibers, metallic particles. Due to their ferromagnetic nature, stainless steel and nickel fillers allow higher EM absorption resulting in increased composite SE. Therefore, polymer composites with stainless steel fibers or nickel coated carbon fibers have better shielding effectiveness (Bryant, 2013; Chung, 2001; Geetha et al., 2009; Luo & Chung, 1999).

Several commercial reinforced thermoplastic (RTP) compounds from different materials suppliers were identified and tested during this project in order to characterize their SE and check their applicability to an electronic enclosure which required a 60-dB shielding, approximately.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

ID

lightweight enclosures without seams, which are preferable features for EM radiation leakage and SE dropping (Chung, 2000). The use of injection molding technology for conductive polymer composites electronic enclosure enables industrial production with reduced costs.

RTP.D RTP.E

Matrix PBT PC PBT PA6 PP

Reinforces (%wt) (1) 30% CF

< 101

15% SSF

10 – 10 4

6

Conductivity (S/m)

> 101

10-4 – 10-2 > 100

20% GF ; 10% SSF

< 10

30% LCF

10 – 10

103 – 104

< 10

> 101

30% CF ; 5% SSF

RTP.F

PP

35% CF ; 5% SSF

RTP.G

PP

35% CF ; 10% SSF

(1) From pellets burnout (2) From datasheet

Resistivity (Ohm.cm) (2)

2

-2

-1

1

< 10

1

< 10-1

> 101 > 103


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O processo de seleção de materiais foi essencialmente baseado na resistividade elétrica, uma vez que SE está relacionado a essa propriedade. No entanto, aspetos como rigidez, estabilidade térmica, processabilidade (moldação por injeção) e custo, também foram considerados.

Selected compounds with respective polymer matrix, conductive fillers and datasheet electrical properties are shown in Table 1.

Compostos selecionados com respetivos constituintes e propriedades elétricas são exibidos na Tabela 1.

Injection molding technology was used to produce samples for SE testing. A flat disk part with thickness of 2 mm and diameter of 60 mm was obtained for each material composition. After injection molding, solid disks were milled in order to obtain both reference and load samples for the test fixture as it is shown in Figure 2.

3.2 Preparação de amostras A tecnologia de moldação por injeção foi utilizada para produção de amostras para teste de SE para cada composição de material. Amostras têm uma geometria plana em forma de disco com diâmetro de 60 mm e espessura de 2 mm. Após a moldação por injeção, os discos sólidos foram fresados para obter amostras de referência (“Reference”) e de teste (“Load”) para o dispositivo de medição conforme exibido na Figura 2.

3.2 Samples preparation

3.3 Equipamento de medição de SE Medições de SE aos compostos RTP foram realizadas recorrendo ao procedimento de teste especificado na norma ASTM D4935. A configuração do equipamento é mostrada na Figura 3 e consiste na utilização de um suporte de amostra coaxial flangeado (FCSH), que é uma linha aérea coaxial, que permite a propagação de ondas EM e suporte de amostras no meio. O FCSH foi conectado a um analisador de rede vetorial (VNA ZVL3 da Rohde & Schwarz) que atua tanto como gerador de sinal como recetor. A conexão com a VNA é feita através de dois atenuadores de

F2 – Amostras de teste. F2 – Samples.

3.3 SE experimental apparatus RTP compounds SE measurements were performed by means of a test procedure based on the withdraw ASTM D 4935 standard test method. Equipment setup is shown in Figure 3, and it consists in using a flanged


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coaxial sample holder (FCSH) which is a special made coaxial airline that allows the propagation of EM waves and sample support in between. FCSH is connected to a vector network analyzer (VNA ZVL3 from Rohde & Schwarz) which acts both as signal generator and receiver. Connection to VNA is made through two 10 dB and 50 Ω attenuators, placed at the edges of the sample holder and attached to the coaxial cables.

F3 – Esquema do equipamento experimental. F3 – Experimental apparatus schematic.

10 dB e 50 Ω, roscados nas extremidades do suporte da amostra e ligados aos cabos coaxiais. FCSH é uma linha de transmissão coaxial cujos condutores internos e externos (feitos de liga de latão) foram projetados para suportar amostras de 60 mm de diâmetro e mantendo uma impedância característica de 50 Ω em todo o comprimento do suporte. A concentricidade do condutor interno e externo é suportada por 4 O-rings (2 em cada flange) de material não condutor (Nylon) e cuja atenuação de sinal insignificante. As amostras são colocadas entre as duas secções do suporte e apertadas por 6 parafusos não condutores (Nylon). A Eficiência de blindagem foi medida na gama de frequência entre 30 MHz e 3 GHz e foi determinada pela relação entre os coeficientes de dispersão da transmissão das amostras de referência e de teste (S21), conforme expresso na Equação 8.

FCSH is an enlarged coaxial transmission line which inner and outer conductors (made of Brass alloy) were designed to support 60 mm diameter samples maintaining a characteristic impedance of 50 Ω throughout the entire length of the holder. Inner and outer conductor’s concentricity is supported by 4 O-rings (2 in each flange) of non-conductive material (Nylon) that has negligible signal attenuation. Samples are placed between the two sections of the sample holder and tightened together by 6 non-conductive screws (Nylon). Shielding Effectiveness was measured at the frequency range between 30 MHz and 3 GHz and it was determined by the ratio between reference and load samples transmission scattering coefficients (S21) as expressed in Equation 8. 3.4 SE computational simulation Shielding Effectiveness simulations were performed in CST Microwave Studio Suite®, which is a commercial software specialized in the 3D simulation of EM waves propagation of high frequency components. Simulations were executed by means of the Transient solver which is based on the Finite Integration Technique (FIT) and use a Hexahedral mesh grid with a Perfect Boundary Approximation (PBA). Simulation procedure was divided in two analyses that used different geometric models.

3.4 Simulação computacional de SE

3.4.1 RTP compounds SE simulation

As simulações de Eficiência de Blindagem foram realizadas no CST Microwave Studio Suite®, que é um software comercial especializado na simulação 3D de propagação de ondas EM de componentes de alta frequência. As simulações foram executadas recorrendo a um método Transiente que se baseia na Técnica de Integração Finita (FIT) e usa uma malha Hexaédrica com Aproximação Perfeita aos Limites (PBA).

The first analysis used a 3D model of the experi-mental test fixture (Figure 4) and it was used to perform a numerical approach of the material SE experimental results in the frequency range of 30 MHz and 3 GHz. Just like in the experimental procedure, SE was obtained by the transmission coefficient (S21) between two 50 Ω waveguide ports placed at the edges of the 3D model.

O procedimento de simulação foi dividido em duas análises que utilizaram diferentes modelos geométricos. 3.4.1 Simulação de SE dos compostos RTP Na primeira análise utilizou-se um modelo 3D do dispositivo de teste experimental (Figura 4) e serviu para realizar uma aproximação numérica dos resultados experimentais do SE do material na gama de frequência entre 30 MHz e 3 GHz. Assim como no procedimento experimental, o SE foi obtido pelo coeficiente de transmissão (S21) entre duas portas de 50 Ω colocadas nas extremidades do modelo 3D do guia de ondas coaxial. As propriedades elétricas complexas (σ, ε e µ) em função da frequência são necessárias para realizar uma simulação exata destes compostos heterogéneos. No entanto, as fichas técnicas do fornecedor de material são quase limitadas somente aos dados de resistividade elétrica em CC, que é informação insuficiente para uma simulação exata do material. Portanto, assumiu-se um material isotrópico com permissividade e permeabilidade igual a vácuo (εr = 1 e µr = 1) e condutividade elétrica constante. Os valores de condutividade foram alterados até o SE simulado se aproximar com o SE experimental de cada material.

Complex electrical properties (σ, ε and µ) as function of frequency are necessary to perform an accurate simulation of these heterogeneous compounds. However, material supplier’s datasheets are almost limited only to DC electrical resistivity data which is insufficient information for an accurate material simulation. Therefore, an assumption was made considering an isotropic material with permittivity and permeability equal to vacuum (εr = 1 and µr = 1) and constant electrical conductivity. Conductivity values were changed until simulated SE agrees with the experimental SE for each material.

F4 – Modelo 3D do suporte de teste experimental utilizado nas simulações. F4 – 3D model of experimental test fixture used in simulation.


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3.4.2 Simulação de soluções de design

3.4.2 Enclosure features simulation

O segundo objetivo de análise consistiu em simular o SE das áreas críticas do chassi para blindagem EMI, como p.e. furações para ventilação. Para este estudo, foram utilizados vários modelos 3D de guias de onda retangulares (Figura 5) para cobrir uma ampla gama de espectro de radiofrequência (banda L, S e C). Os modelos 3D foram criados com base nos guias de onda normalizados para adaptadores coaxiais (WR650, WR510, WR430, WR340 e WR187) que operam numa gama de frequência específica para ondas normalmente incidentes com o modo de propagação Elétrico Transverso (TE10). SE também foi determinado pelo coeficiente S21 entre as duas portas do guia de ondas colocadas nas extremidades do modelo 3D.

The second analysis objective was to compute the SE of the enclosure critical areas for EMI, such as apertures for ventilation. For this study, several rectangular waveguides 3D models (Figure 5) were used to cover a wide range of the radiofrequency spectrum (L, S and C band). Waveguides 3D models were created based on the standardized waveguide to coaxial adapters (WR650, WR510, WR430, WR340 and WR187) which operate at a specific frequency range for normally incident waves with the Transverse Electric (TE10) propagation mode. SE was also obtained by the S21 coefficient between the two waveguide ports placed at the edges of the 3D model.

As amostras colocadas dentro dos guias de onda são exibidas na Figura 6. Essas amostras são uma representação de uma grelha de ventilação, constituída por 5x11 furos de 3 mm de diâmetro com espaçamento de

F5 – Modelo 3D dos guias retangulares para simulação de SE de furações. F5 – Waveguides 3D models for aperture SE simulation.

F6 – Geometria das amostras para os respetivos guias de onda. F6 – Samples geometry placed inside respective waveguide.


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4 mm entre o centro do furo. Esta análise foi feita para o composto RTP com melhor desempenho de SE com 2 mm de espessura e comparado com uma chapa de aço inoxidável (σ = 6.9 x 106 S/m) com espessura de 0,8 mm.

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Samples placed inside these waveguides are shown in Figure 6. These samples are a representation of an enclosure air ventilation grid, made by a 5 x 11 array of 3 mm diameter holes with 4 mm spacing between hole’s center. This analysis was made for the RTP compound with best SE performance with 2 mm thickness in comparison with a typical stainless steel (σ = 6.9 x 106 S/m) shield with 0.8 mm thickness.

4 DISCUSSÃO DE RESULTADOS 4.1.1 Resultados experimentais As curvas representativas do EMI SE para cada material estão representadas na Figura 7.

4 RESULTS AND DISCUSSION

Como esperado, esses compostos condutores possuem diferentes características de blindagem, obtendo amplos níveis de atenuação que podem atingir entre 20 dB e 100 dB, dependendo da frequência de interesse. Esta ampla gama de SE é principalmente afetada pelas propriedades elétricas dos reforços condutores (fibras) e da sua concentração, dimensão e orientação dentro da matriz polimérica. Estas características afetam as propriedades da amostra, resultando em diferentes níveis de SE. Sendo assim, e sabendo que as condições de moldação por injeção afetam o comprimento da fibra e sua dispersão na amostra, apenas podemos considerar os valores de SE como um gráfico representativo dos compostos de RTP, uma vez que é de se esperar que o SE possa ser aumentado através da otimização do processamento.

Representative curves of the materials EMI SE are shown in Figure 7.

4.1.1 Experimental results

As expected, these conductive compounds have different shielding characteristics, showing wide orders of magnitude of it attenuation levels that can reach from 20 dB up to 100 dB, depending on the frequency of interest. This wide range of SE is mainly affected by the conductive fillers (fibers) electrical properties and their concentration, dimension and orientation inside polymeric matrix. These characteristics affect the sample bulk properties, resulting in different SE levels. Being so, and knowing that injection molding conditions affect fiber length and their dispersion in the sample we can only consider the SE values as a representative plot of the RTP compounds performance, since is to be expected that SE can be increased through processing optimization.

O uso de fibras de aço inoxidável (SSF) como reforço permite melhores resultados do que fibras curtas de carbono (CF) mesmo para compostos com menor concentração de peso de SSF, como pode ser visto comparando RTP.A com RTP.B e RTP.C. Além da maior condutividade de SSF face a CF, SSF apresenta características ferromagnéticas que promovem maior absorção EM. As fibras de carbono longo (LCF) conferem um SE melhor do que fibras curtas de carbono, como pode ser visto comparando o RTP.A com RTP.D. Os compostos com reforços de LCFs permitem até alcançar melhor blindagem do que os compostos com SSF. Assim sendo, verifica-se que o uso de LCF é muito promissor para o desenvolvimento de um chassi em plástico, pois, além da eficiência de blindagem, estes reforços permitem uma maior rigidez em relação ao peso do que os compostos com SSF. Os melhores resultados de blindagem foram alcançados com compostos produzidos com a combinação de CF e SSF, sendo RTP.G composto o melhor desempenho. 4.1.2 Resultados de simulação Uma vez que não há informações suficientes das propriedades dos materiais para serem utilizadas como entradas na simulação computacional, foi necessário realizar aproximações aos resultados experimentais da SE, através da variação sistemática da condutividade elétrica de uma amostra isotrópica. Verificou-se que os valores de condutividade de 50, 250, 500, 950, 1100 e 1400 S/m permitem uma aproximação ao SE experimental para RTP.A, RTP.B, RTP.C, RTP.D, RTP.E, RTP. F e RTP.G, respetivamente. O SE experimental e respetivos representativos da simulação estão exibidos na Figura 8. Como se pode observar, a condutividade elétrica definida para simulação não corresponde à resistividade de CC provida pelos fornecedores dos materiais. O SE é proporcional à impedância AC do material, que é dependente das propriedades elétricas complexas (ε e µ) na frequência de interesse. Portanto, é importante caracterizar essas propriedades para realizar uma simulação exata.

F7 – EMI SE para os materiais testados. F7 – EMI SE for tested materials.

The use of stainless steel fibers (SSF) as reinforce enables better results than short carbon fibers (CF) even for compounds with lower SSF weight concentration, as can be seen comparing RTP.A with RTP.B and RTP.C. Besides SSF have greater conductivity than CF they are also ferromagnetic which enables greater EM absorption. Long carbon fibers (LCF) have better SE than short carbon fibers as can be seen comparing RTP.A with RTP.D samples. Compounds with LCFs reinforces can even achieve better shielding than compounds with SSF. The use of LCF has great promising for the development of a plastic enclosure, since besides shielding efficiency they also enable greater stiffness to weight ratio than SSF compounds. Best shielding results were achieved with compounds made with the combination of CF and SSF, being RTP.G compound the best performance. 4.1.2 Simulation results Since there is insufficient materials properties information to use as inputs for the computational simulation it was necessary to perform approximations to experimental SE results by systematically change the


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F8 – SE experimental e simulado. F8 – Experimental and Simulated compounds SE.

Considerando a condutividade elétrica representativa determinada no primeiro modelo de simulação, o passo seguinte para a simulação do chassi foi o SE de zonas com furações para ventilação. Esta simulação foi executada apenas para o material com melhor SE (RTP.G) e comparada com uma chapa de aço de 0,8 mm de espessura, obtendo os resultados expressos na Figura 9. Verificou-se que o SE diminui com o aumento de frequência devido aos furos se tornarem eletricamente grandes com a diminuição do comprimento de onda EM, permitindo a sua propagação através das aberturas. Em frequências mais baixas, onde o efeito de reflexão é maior, as amostras de chapa em aço têm um desempenho ligeiramente superior às amostras com o composto RTP.G. No entanto, em frequências mais elevadas, as amostras RTP.G podem obter uma blindagem superior do que as amostras de aço. Este efeito resulta do aumento de espessura de 0,8 mm para 2 mm, produzindo um efeito de guia de onda dificultando a propagação EM através das aberturas. Esta simulação apresenta um bom indicador de que o composto RTP.G pode ser usado para substituir chassis de aço de um dispositivo eletrónico, desenvolvendo-se por consequência uma solução mais leve. No entanto, é necessária uma validação deste modelo através de testes experimentais.

5 CONCLUSÕES Analisou-se experimentalmente, recorrendo a uma linha de transmissão coaxial, o EMI SE para ondas planas de vários compostos RTP. Verificou-se que estes compósitos plásticos têm uma ampla gama de magnitude de EMI SE. Esta característica depende do tipo de reforço condutor, concentração, com-primento e orientação na amostra de material. Uma combinação de reforços CF e SSF promoveu melhor desempenho de blindagem, alcançando valores SE acima de 60 dB em quase toda a faixa de frequência testada. No entanto, o desempenho da LCF mostra uma elevada promessa para a sua aplicação em produtos que requerem maior rigidez e menor peso. Esta metodologia experimental e de simulação por computador sugeriu uma boa indicação de que o composto RTP.G pode ser usado para substituir chassis de aço de um dispositivo eletrónico de forma a desenvolver uma solução mais leve. No entanto, esta metodologia não é

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F9 – SE simulado para amostras de RTP.G e aço com furações. F9 – SE simulated for RTP.G and steel samples w/t hole arrays.

electrical conductivity of an isotropic sample. It was verified that conductivity values of 50, 250, 500, 950, 1100 and 1400 S/m enables an approximation to experimental SE for RTP.A, RTP.B, RTP.C, RTP.D, RTP.E, RTP.F and RTP.G, respectively. Experimental SE and respective simulation representative are shown in Figure 8. As can be observed, electrical conductivity used for simulation does not correspond to the inaccurate DC resistivity provided by materials suppliers. SE is proportionally to material AC impedance, which is affected by complex electrical properties (ε and µ) in the frequency of interest. Therefore, it is important to characterize those properties in order to perform an accurate simulation. Considering the representative electrical conductivity determined in the first simulation model, the next step for simulation of the enclosure was the SE of zones with apertures for air ventilation. This simulation was only executed for the material with better SE (RTP.G) and compared with a typical 0.8 mm thick steel shield, obtaining the results expressed in Figure 9. It was detected that SE decreases with frequency increase due to holes becoming electrically large for the EM wavelength, enabling their propagation through the apertures. At lower frequencies, where reflection effect is higher, steel shield samples have a slight better performance than shields with RTP.G compound. However, at higher frequencies RTP.G samples can achieve better shielding than steel samples. This effect results from the thickness increase from 0.8 mm to 2 mm, making a waveguide effect for the EM waves, which results in lower propagation through apertures. This simulation presents a good indicator that RTP.G compound can be used to replace steel enclosures for an electronic device in order to develop a lightweight solution. However, a validation of this model is required through experimental tests.

5 CONCLUSIONS EMI SE for plane-waves was experimentally measured through a coaxial transmission line apparatus for various RTP compound. It was found that these plastic composites have a wide range of magnitude for EMI SE. This characteristic depends on the type of conductive reinforce, concentration, length and orientation on the material sample. A combination of CF and SSF reinforcements shows better shielding performance, achieving SE values above 60 dB in almost all the tested fre-


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suficiente para validar o uso de um material para um produto específico, uma vez que os testes de conformidade final do produto são feitos com diferentes procedimentos de teste e com uma configuração e geometria mais complexas. No entanto, o fluxo de trabalho apresentado forneceu bons conhecimentos sobre a aplicação deste material. Deve ser realizada uma melhor caracterização das propriedades elétricas dos materiais de forma a executar simulações exatas, permitir a simulação de diferentes configurações e procedimentos mais complexos de forma a suportar o desenvolvimento e validação do chassis de dispositivos eletrónicos de acordo com as normas EMC.

6 AGRADECIMENTOS Este trabalho foi realizado num projeto de copromoção entre a Universidade do Minho e Bosch Car Multimedia Portugal e parcialmente financiado pelo Sistema de Incentivo Português para Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, como projeto nº 36265/2013 (Projeto HMIExcel). Os autores reconhecem o apoio de todas as entidades comprometidas com o projeto.

quency range. However, LCF performance shows great promising for their application in products which require higher stiffness and lower weight. This experimental and computer simulation methodology presents a good indicator that RTP.G compound can be used to replace steel enclosures for an electronic device in order to develop a light-weight solution. However, this methodology is not sufficient to validate the use of a material to a specific product since final product compliance tests are made with different test procedures with a more complex setup and geometry. Nevertheless, the presented workflow gave good insights about the application of this material. Better material electrical properties characterization should be performed in order to execute accurate simulations, allow the simulation of different and more complex setups supporting the electronic enclosure development and validation according to EMC standards.

6 ACKNOWLEDGEMENTS Present work was achieved in a co-promotion project between University of Minho and Bosch Car Multimedia Portugal and partially financed by the Portuguese Incentive System for Research and Technological Development, as project nº 36265/2013 (Project HMIExcel). The authors acknowledge the support from all entities committed to the project.

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O setor fala de… polimento

Elementos móveis mecânicos para moldes 2k rotativos: o que são e para que servem?

Tratamentos avançados baseados na nitruração para fundição injetada


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O SETOR FALA DE… POLIMENTO José Augusto Alfaia*, Carlos Martinho**, João Luís Domingues***, António Lino**** *Polialfaia, **Carlos & Aires, ***PMM, ****Tecnimoplás

É o 'toque' final no processo de produção de um molde, seja para plástico, vidro ou alumínio. Apesar de toda a evolução tecnológica, não dispensa, na quase totalidade dos casos, a mão humana e a forma como é executado dita a qualidade final do produto. É que, para além de dar uma boa aparência ao molde, faz com que funcione ('desmolde') em condições. O setor sentou-se à mesa da Associação Nacional da Indústria de Moldes (CEFAMOL) e falou de… polimento. E esta foi uma conversa que se dividiu em dois momentos. Num primeiro, José Augusto Alfaia (Polialfaia), Carlos Martinho (Carlos & Aires) e João Luís Domingues (PMM) debateram várias questões relacionadas com o processo que desenvolvem, cada um, há mais de duas décadas. José Alfaia e Carlos Martinho chamaram a atenção, com preocupação, para uma realidade que os assusta: os prazos cada vez mais curtos para executar este trabalho e o desinvestimento que as empresas fazem nesta etapa da vida do molde. Num outro momento, falámos com António Lino (Tecnimoplás) que salientou a necessidade de se investir em mais formação num trabalho que requer "rigor, dedicação e muita paciência". "Esta é uma área muito importante porque, depois do nosso trabalho, parte uma peça para o mercado. Se tiver um bom polimento, o molde começa a produzir e o cliente fica satisfeito. Mas se o polimento estiver irregular, se não estiver bem feito, tem de ter mais trabalho", começou por considerar José Alfaia, dando o ponto de partida para o debate e concluindo que "não se consegue vender um produto de excelência se o polimento (o acabamento) não tiver essa excelência". E que caminho percorreu este processo até aos nossos dias? Foi num percurso pela história que começou a conversa, com os convidados a contar que o polimento se autonomizou, há mais de duas décadas, das empresas de fabrico de moldes, pelas necessidades e pelo crescimento da indústria. Foram criadas unidades especializadas nesse processo, entre as quais a ‘Polialfaia’ e a 'Carlos & Aires' que foram criando postos de trabalho e acompanhando o desenvolvimento do setor. A exemplo das outras fases de fabrico do molde, também aqui houve evolução tecnológica. A diferença é que, na generalidade dos casos, ainda não foi encontrada uma solução que substitua a mão humana no processo. "Nós temos todas as maquinarias para trabalhar. Temos pedras melhores, diamante melhor, lixas muito melhores e as máquinas. Mas nada exclui o trabalho manual", contou Carlos Martinho. Lino António partilha dessa opinião. "O trabalho era muito diferente quando comecei. Praticamente todo o trabalho era feito à mão. Lem-

bro-me que cheguei a estar dois meses para fazer uma peça. Hoje, há boas ferramentas que ajudam. Não substituem porque, para terminar, o trabalho tem de ser feito à mão, com pedras e lixas", diz. "O polimento é um dom. Praticamente, é artesanato. Há quem nunca consiga fazer o que alguns bons polidores fazem", defende José Alfaia.

Pressão nos prazos E como olha a indústria para esta atividade? José Alfaia e Carlos Martinho falam, com alguma desilusão, desse aspeto. "As empresas reconhecem a importância do nosso trabalho, mas nem sempre o tratam com respeito. Hoje em dia, como o tempo é curto, dão-nos dois dias para acabar a peça e nós fazemos de tudo mas conseguimos cumprir. Mas quando lhes mandamos a fatura sobre o valor do tempo que tivemos, se tivermos levado mais tempo, chateiam-se", conta Carlos Martinho, lembrando que, "antigamente, tínhamos tempo para acabar o trabalho com qualidade, não havia o stress que há hoje". Com isto, conclui que "estamos a trabalhar, mas o que recebemos mal dá para pagar o que investimos". "Pedem e pagam um Mini mas esperam receber um Ferrari", acrescenta José Alfaia, adiantando que "a pressão é tanta que nem sempre se apercebem que, se as peças forem com algum defeito, perdem muito mais do que pagar-nos para fazer mais uns dias ou umas horas". Defende, por isso, a necessidade de haver "mais diálogo". "Hoje, não há o mesmo respeito pelo polimento. O empresário vê-nos como um número", considera.

Inovar para ganhar E como reduzir o tempo sem perder qualidade? "Temos de ir inventando porque há sempre alterações e os moldes são cada vez mais exigentes", defende Carlos Martinho, mostrando-se, no entanto, convencido, de que "dificilmente" conseguirá alterar procedimentos e formas de trabalhar. José Alfaia diz, por seu turno, que têm de ser criados sistemas que consigam encurtar o tempo de polimento. "Estamos a trabalhar num sistema para isso. Os prazos, hoje, são tão curtos que, se continuamos a fazer como aprendemos há 30 anos, não conseguimos", diz. Por isso, pretende lançar, em breve, um conceito que desenvolveu e que assenta no polimento a laser. "Estamos a fazer alguns testes. Destina-se a peças técnicas e garantimos que numa peça para brilho, com espessuras finas, conseguimos manter os parâmetros da máquina e o acabamento", explica. João Domingues esclarece não sentir essa realidade da mesma forma, considerando que a pressão no tempo de execução do trabalho "é uma questão que se estende a toda a indústria". O seu trabalho é diferente e não assenta no polimento convencional mas num tipo muito específico: o polimento eletroquímico (que já foi um tema em destaque no Molde, nas edições 29 e 30 e na 82). "É um processo de desgaste químico da superfície do metal, com um elétrodo. É diferente do manual, não o substitui mas, por outro lado, permite fazer coisas a que o convencional não dá resposta", explica. Adianta ainda que o polimento eletroquímico não se adequa a todos os tipos de moldes e só se justifica pela complexidade


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da geometria. "Se é um trabalho simples de fazer, não justifica ir à máquina porque a preparação leva algum tempo", esclarece, acrescentando que "a solução (eletroquímica) pode ser apenas boa como solução intermédia que vai poupar horas de trabalho no polimento convencional. Depende muito do trabalho de que estamos a falar". Mas "o que é possível fazer nunca tem a ver com o brilho que se consegue da forma convencional porque com a mão atinge-se uma rugosidade muito baixa", explica.

Maquinação António Lino tem dúvidas de que, alguma vez, a mão humana seja substituída. "Não creio que venham a existir máquinas que substituam o Homem. Já as teriam inventado. Inventam tudo. Mas o polimento com máquina deixa sempre cantinhos ou vincos. Acho que nunca vai haver máquinas que substituam o polidor", defende. "Poderão pensar que não é possível evoluir mais mas, evidentemente, que, à medida que a mão de obra vai encarecendo, também existe uma exigência maior ao nível da mecanização ou de abandonar certos processos. Hoje em dia, se calhar, utiliza-se processo manual em muitas coisas mas, possivelmente, para o futuro vai ser só maquinaria porque este tipo de intervenção fica muito caro manualmente e não justifica", diz João Domingues.

Formação escassa Quando a questão é o futuro da profissão, o grupo mostra-se preocupado. De uma maneira geral, todos foram aprendendo o processo por si próprios ou com o auxílio de polidores mais antigos. Hoje em dia, são eles que ensinam. Não há formação e nem escolas. "Isto é um artesanato. O que sei, transmito-o aos jovens que tenho para trabalhar. Mas só ao fim de alguns anos conseguem dar o brilho que nós damos ao molde. É que um bom brilho não se consegue com quatro ou cinco anos de experiência", considera José Alfaia. "É um trabalho de paciência e poucos gostam de ter esse trabalho", sublinha. Carlos Martinho concorda e até leva o grupo a soltar algumas gargalhadas ao dizer que essa paciência se vê no facto dos polidores "serem todos carecas". Piadas à parte, considera que seria "importante haver escolas a ensinar esta arte". Conta que, nos últimos anos, já ensinou muito. "Gosto de ensinar, mas não vou durar para sempre. E depois, ensinamos e eles depois vão-se embora". E, acrescenta José Alfaia, muitos dos que saem têm, até, contribuído para criar uma concorrência "pouco leal", surgindo no mercado com uma oferta de mão de obra "barata" e que põe em causa a qualidade. "Estão a sufocar a nossa atividade. Eu dou garantias da qualidade do meu serviço e até digo ao cliente 'se não ficar bom, pago a experiência,' Mas essa concorrência nem sempre assegura a qualidade", defende. É, no entender de António Lino, uma atividade que não atrai mão-deobra. "O polimento não atrai muito os jovens. Vai havendo mas é difícil. Eles preferem outras atividades", diz, adiantando que aprender é um exercício de paciência. "É preciso uns anos. Nós demoramos alguns meses a ensinar mas eles demoram anos a saber fazer bem. É preciso gostar", acrescenta. "Um polidor é o que consegue fazer o (molde) pequenino, o médio e o grande. É completo. Sabe fazer qualquer peça, sabe discutir, sabe ver, sabe montar e desmontar. É um profissional que tem de saber bancada, de desenho, de tudo", conclui José Alfaia.

Os prós e os contras do polimento 1 – Quais as vantagens do polimento? 2 – Que desvantagens tem o polimento?

José Augusto Alfaia, Polialfaia: 1 - As vantagens que estamos a implementar e, com isso, a pensar no futuro, servem para os moldes de qualificação máxima. Só mesmo um bom polidor consegue ter esse trabalho todo o ano. Os moldes de maiores dimensões, com um grau de complexidade menor, têm tendência a ficar nas firmas que os produzem porque alguém os faz. Até porque movê-los tem custos para as empresas. A nossa batalha é, por isso, nos moldes muito técnicos, para fazer a diferença. 2- A principal desvantagem com que nos deparamos hoje em dia é a falta de tempo para realizar o nosso trabalho. É também o maior perigo para um polidor porque põe em causa a qualidade. Por isso, mais tempo e mais honestidade nesta área seriam essenciais.

Carlos Martinho, Carlos & Aires: 1 - O polimento à mão define a qualidade dos moldes. Ainda não há máquinas que façam o polimento de primeira que os moldes têm de ter. Hoje em dia, há muito molde que tem mesmo de ser a mão humana a polir. 2 - O principal problema hoje em dia são os prazos para trabalhar: há muito molde e pouco tempo.

João Luís Domingues, PMM: 1 - O polimento eletroquímico é usado em formas complexas. Em termos de vantagens, permite, por exemplo, não deformar tanto as superfícies e faz a remoção de tensões. 2 - Não vejo grandes desvantagens no processo. É um auxiliar do processo do polimento convencional. Não substitui porque parece-me difícil substituir o polimento convencional.

António Lino, Tecnimoplás: 1 - Um bom acabamento permite dar uma boa aparência ao molde e dar-lhe facilidade de desmoldar. Ajuda a garantir a qualidade do produto. Há peças que são muito exigentes e complicadas, mas conseguimos fazê-las. Antigamente, era mais difícil porque era mesmo tudo à mão. Hoje, já há algumas máquinas que ajudam. 2 - Continua a ser um processo com alguma dificuldade. As máquinas que existem já as temos e só ajudam a fazer o trabalho mais rápido. Não há máquinas que façam tudo.



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TECNOLOGIA TECHNOLOGY

ELEMENTOS MÓVEIS MECÂNICOS PARA MOLDES 2K ROTATIVOS: O QUE SÃO E PARA QUE SERVEM? JOSÉ CARLOS PEREIRA * *

MISUMI Europa - Dayton Progress Portugal

É notório que o mercado de moldes se encontra cada vez mais exigente e competitivo, tornando-se imperativo melhorar a resposta aos desafios colocados à indústria. No topo das exigências, estão o preço de venda e o prazo de entrega. Intencionalmente, não refiro a qualidade/fiabilidade, pois entendo que esta relação é indissociável do nível de serviço expectável dos fabricantes portugueses. Como resposta a estas dificuldades, os fornecedores de componentes normalizados desenvolvem e validam cada vez um maior número de soluções integrais, ditas off-the-shelf, que possibilitam reduzir custos e prazos de entrega. Se há uns anos o recurso aos componentes standard se cingia à aplicação de alguns componentes individuais, essa tendência alargou-se para uma maior incorporação dos ditos sistemas normalizados. A utilização de sistemas de injeção e estruturas “chave na mão” já é perfeitamente banal. Mais recentemente, a generalização passou para a incorporação de sistemas de extração e/ou desmoldação, com benefícios notórios na produtividade. Notem que não considero que a estandardização (alguma vez) seja a solução para todos os problemas com que se deparam, atualmente, os fabricantes de moldes, mas entendo que devidamente integrada, permite focalização no essencial: otimizar os recursos e fornecer um elevado nível de qualidade, no menor prazo e com o máximo lucro. Principais benefícios do recurso à estandardização: - Redução do custo unitário e aumento da qualidade, devido à produção em série. - Diminuição do tempo de projeto, pelo recurso a bibliotecas de componentes. - Redução do tempo de montagem e afinação. - Eliminação de desperdícios: material e recursos. Tendo em conta os aspetos e características anteriormente mencionadas, relativamente à estandardização na indústria de moldes, e entendendo que esta revista se dirige a gestores, mas também a técnicos e projetistas, apresento, de seguida, uma solução inovadora. De referir apenas a utilização de alguns sistemas similares em empresas moldes nacionais, comprovadamente eficientes, mas “não-standard”. A questão: O projeto de um molde de dois materiais (2K) rotativo, torna-se bastante desafiante sempre que é necessário aplicar elementos móveis externos e se quer que estes sejam mecânicos.

O problema: Após a injeção do primeiro material, o molde abre e a metade móvel do molde roda 180º para permitir a “troca” das zonas moldantes. Simultaneamente, os elementos móveis convencionais recuam, libertando a peça de quaisquer prisões (vulgo “negativos”). Durante esta fase do ciclo, o natural efeito da contração volumétrica do material aliado à movimentação do molde, pode originar uma deslocação da moldação relativamente à bucha pois, tal como referido, não fica perfeitamente constrangida. Assim, o provável desalinhamento entre a peça plástica e as zonas moldantes do elemento móvel, irá impossibilitar que este avance livremente, impedindo o correto ajuste e fecho do molde. Como consequência, iremos obter uma peça moldada danificada, um elemento móvel partido ou ambos, com defeito. A solução: Para resolver esta questão desenvolveu-se um mecanismo que garante que o elemento móvel se mantem imóvel durante todo o ciclo produtivo: injeção do primeiro material, rotação do molde e injeção do segundo material. Quando termina a injeção do segundo material, os elementos móveis recuam com a nova abertura do molde, permitindo a livre extração da peça completa. O funcionamento: Este sistema estandardizado é constituído por um par de elementos móveis. A diferença para com os sistemas convencionais limita-se à geometria das cunhas utilizadas na primeira e na segunda moldação e ainda a um mecanismo perno-mola/trinco (ver imagem ilustrativa). As cunhas têm a dupla função de “guia inclinada” e bloco de encosto/travamento. A cunha da primeira injeção apresenta uma geometria “direita”. Apenas obriga o elemento móvel a avançar e a ficar travado durante a primeira injeção (1, 2, 3). A segunda cunha, com uma das faces “inclinada e negativa” garante, adicionalmente, que o elemento móvel recua aquando da segunda abertura do molde. Este efeito é garantido pela geometria negativa da cunha (4), em conjugação com o sistema perno-mola/trinco presente no elemento móvel. Senão veja-se: aquando do fecho do molde para a injeção do segundo material, o topo da segunda cunha contacta o perno/trinco (5) que irá recuar ao longo de uma corrediça. Após o fecho integral do molde o perno/trinco irá retornar à posição inicial (6), pela ação de uma mola metálica. Neste instante, fica estabelecido um sistema “convencional” de elemento móvel e “guia inclinada”. Deste modo, após a injeção do segundo material e abertura do molde, a face “negativa” da segunda cunha entra em contacto com o perno/trinco que se encontra bloqueado na corrediça, obrigando ao recuo do elemento móvel (7). Apenas nesta fase a peça plástica fica liberta para a extração, concluindo o ciclo produtivo de uma peça bimaterial com elementos móveis mecânicos exteriores.


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Sequência descritiva do funcionamento: Primeira moldação (1st Shot) 1 -o molde aberto; movimento recuado. 2 - o molde fecha e o movimento avança; a primeira cunha bloqueia o movimento; injeção do primeiro material. 3 - o molde abre; o movimento não recua; a primeira moldação mantém-se estável na bucha. Segunda moldação (2nd Shot) 4 - a metade móvel do molde roda 180° (primeira moldação alinha-se com a segunda cunha) 5 - fecho do molde; o perno/trinco recua por ação da segunda cunha; a segunda cunha trava o movimento. 6 - molde fechado; o perno/trinco retorna à posição inicial; injeção do segundo material. 7 - o molde abre; o movimento recua pela ação do sistema segunda cunha-perno/trinco; moldação extraída. Sequência ilustrativa do funcionamento: Primeira moldação (1st shot)

Segunda moldação (2nd shot)

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TRATAMENTOS AVANÇADOS BASEADOS NA NITRURAÇÃO PARA FUNDIÇÃO INJETADA Paulo Duarte * *

Ramada, Aços

Introdução Os moldes para fundição injetada de ligas leves falham em serviço devido ao aparecimento de fadiga térmica, ao fenómeno de adesão das ligas injetadas às suas superfícies, ou ainda por erosão, sendo a fadiga térmica o principal modo de falha neste tipo de moldes. A nitruração dos moldes para fundição injetada é benéfica, dado que confere melhor capacidade de resistência das zonas moldantes à erosão e à adesão. No entanto, quando se realiza a nitruração, observa-se a redução da resistência à fadiga térmica, uma vez que a nitruração produz uma camada de combinação (branca) exterior, a qual, sendo bastante dura, é também frágil, proporcionando o aparecimento de fissura de forma precoce, mediante esforços térmicos e mecânicos cíclicos combinados. Em Portugal criaram-se, recentemente, dois novos serviços de tratamento térmico que adequam eficientemente a nitruração aos moldes para fundição injetada, na medida em que alteram a camada exterior proporcionada pela nitruração, eliminando assim as desvantagens existentes pela presença da camada branca exterior.

F2 – Resistência à adesão em pernos de fundição injetada após imersão em banho de AlSi12Cu1 fundido a 660ºC.

Estes dois novos serviços surgem como complementos finais da nitruração, permitindo duas novas áreas de aplicações. O tratamento de nitroxidação como melhoria da resistência à adesão das zonas moldantes e nitruração isenta de camada branca como possibilidade de melhoria do comportamento em todas as áreas. Estes novos serviços encontram-se descritos ao longo do artigo. F3 – Aspeto superficial de uma cavidade nitroxidada.

Nitroxidação A nitroxidação é um tipo de tratamento termoquímico que assenta na realização de um ciclo composto por várias etapas (nitruração e oxidação), nas quais se variam ao longo do ciclo os parâmetros do processo e se produz, nos aços, uma superfície evoluída face aos tratamentos convencionais de nitruração. Esta superfície eleva as propriedades proporcionadas pelas camadas nitruradas para níveis excelentes do ponto de vista da resistência à adesão e à erosão, sendo este tratamento comercializado a um custo idêntico ao da nitruração. Na nitroxidação pro-

duzem-se, na superfície dos aços, diferentes camadas, com diferentes composições e caraterísticas resultando nas vantagens indicadas. A camada exterior de óxido negro (composta por Fe3O4) sobre as camadas nitruradas adjacentes impede a introdução, na superfície do aço, de alumínio e silício presente nas ligas fundidas, oferecendo assim uma dupla barreira de proteção face à adesão das ligas leves, no estado líquido, às zonas moldantes. Conforme se observa na figura 1, a superfície dos pernos, em aço de trabalho a quente imersos em banho de liga de alumínio no estado líquido, apresenta-se praticamente inalterável, enquanto se observa dano expressivo na condição de temperado e revenido, dano elevado no estado nitrurado. Idêntico comportamento pode também ser descrito atendendo à perda de massa dos pernos imersos para o banho metálico, representado na figura 2, na qual se vê melhoria do comportamento à adesão dos pernos nitrurados face aos temperados e revenidos e, claramente, ganhos expressivos da nitroxidação face a ambos os tratamentos (temperado e revenido ou nitrurado).

Têmpera e revenido

Nitruração

Nitroxidação

F1 – Aspeto superficial de pernos de fundição injetada, após imersão em banho de AlSi12Cu1 fundido a 660ºC.

Após a nitroxidação, as superfícies moldantes apresentar-se-ão finalizadas e com aspeto negro, conforme mostrado na figura 3, sendo o prazo de entrega associado a este serviço um pouco mais longo do que o habitual, dada a maior duração do tratamento. Em termos de fabrico, todas as questões em que se colocam são respondidas de modo idêntico ao processo de nitruração, pelo que o atual conhecimento proces-



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sual presente na indústria de moldes para produção dos componentes não se altera face ao já praticado para elementos nitrurados. Remoção da Camada Branca de nitruração A nitruração produz duas camadas superficiais (figura 4): • Camada exterior designada de camada de combinação, mais vulgarmente designada por camada branca, a qual sendo formada por nitretos contínuos possui uma espessura na ordem de poucos mícrons (inferior a 10). Esta camada possui ainda elevada dureza (cerca de 1100 HV1 nos aços de trabalho a quente para fundição injetada) e apresenta pouca tenacidade;

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Este serviço adicional de remoção da camada branca, não acarreta aumento de custo significativo e representa benefícios consideráveis em termos de performance dos moldes de fundição injetada, dado que combina vantagens oferecidas pela nitruração isenta de camada branca, ou seja, aumento da resistência à fadiga térmica, adesão e erosão face ao estado de endurecimento apenas por tempera e revenido. As superfícies moldantes, após remoção da camada branca, apresentam-se brilhantes e bastantes planas com arestas sem alteração detetável, conforme se observa na figura 5.

• Camada adjacente denominada por camada de difusão que apresenta os nitretos finamente dispersos na matriz endurecida por têmpera e possui uma espessura compreendida entre 0,08 e 0,15 mm para os casos mais correntes em moldes de fundição injetada (aços das famílias Vidar, Orvar e Dievar). A presença da camada branca nas superfícies moldantes é, como se sabe, nociva em termos de resistência à fadiga térmica devido à respetiva fragilidade, razão pela qual se pretende uma efetiva remoção das superfícies sujeitas a fadiga térmica.

F5 – Aspeto da superfície de um postiço, após remoção da camada branca

Resumo

F4 – Microestrutura de uma superfície no aço vidar superior, após remoção da camada branca.

A solução de remoção da camada branca produzida por nitruração é composta por técnica mista (remoção química com acabamento mecânico) é eficiente. Esta técnica, especialmente desenvolvida no mercado nacional, apresenta vantagens substancialmente melhoradas relativamente ao processo apenas mecânico, dado que não danifica as arestas nem produz picagem da superfície do molde. A realização do processo de remoção em duas etapas permite que as desvantagens associadas ao processo de jateamento mecânico (quebra de aresta e picagem) sejam eliminadas, dado que a remoção da camada branca é essencialmente levada a cabo ao longo da primeira etapa, a de limpeza química, na qual ocorre uma remoção de 10-15 mícrons de espessura sobre a superfície, suficientes para eliminar a camada branca produzida, conforme demonstrado na figura 4. Nesta figura, observa-se do lado esquerdo a superfície nitrurada (protegida da ação da remoção) e do lado direito, a superfície após remoção da camada branca, sendo desta forma evidenciada a eficácia deste novo processo. A ação mecânica final surge apenas como operação de limpeza superficial dos resíduos produzidos pela remoção química e sendo efetuada de modo muito ligeiro não danifica desse modo as superfícies moldantes. O processo misto de remoção da camada branca realiza-se apenas nas zonas moldantes, sendo as demais protegidas, não causando deste modo problemas de contaminação de furos, roscas ou outras superfícies, com agentes presentes nos produtos de remoção.

As necessidades de aumento da performance dos moldes de fundição injetada leva a que seja necessário realizar atividades de investigação e desenvolvimento com o intuito de proporcionar novos serviços de tratamento térmico capazes de permitir melhores soluções à indústria, no que diz respeito, a permitir vantagens competitivas face às atuais formas de trabalho. Nomeadamente torna-se necessário proporcionar uma maior longevidade dos moldes, menores esforços de manutenção e maior produtividade. Nesse sentido, a empresa criou recentemente dois novos serviços baseados em avanços tecnológicos sobre o processo de nitruração de modo a oferecer soluções para as necessidades industriais enunciadas. Estas duas novas soluções são as seguintes • Novo serviço de nitroxidação, o qual permite criar nas superfícies moldantes, duas barreiras quimicamente estáveis (nitretos e óxidos) que melhoram a resistência à adesão e erosão das ligas de alumínio ao aço. • Novo serviço de remoção da camada branca que permite, por processo químico e mecânico, remover cerca de 10-15 mícrons de espessura sobre as superfícies nitruradas, espessura esta que é cerca de 1,0 - 1,5x a espessura da camada branca, permitindo assim melhores comportamentos dos moldes (adesão, fadiga térmica e erosão) face ao estado temperado e revenido. As caraterísticas destes serviços, bem como as respetivas aplicações encontram-se descritas na tabela 1. Esta técnicas de proteção de superfície dos moldes fazem parte dos serviços da unidade dos tratamentos térmicos do Ramada Aços.

T1 – Vantagens e aplicações dos serviços de nitroxidação e de remoção da camada branca. Tipo de tratamento

Nitroxidação

Remoção da camada branca

Vantagens face ao estado temperado e revenido

Aplicações

• Aumento considerável da resistência à adesão • Aumento da resistência à erosão

Pernos Postiços Camisas de injeção Elementos móveis Machos e cavidades

• Aumento da resistência à adesão • Aumento da resistência à erosão • Aumento da resistência à fadiga térmica

Postiços Elementos móveis Machos e cavidades



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NEGÓCIOS BUSINESS Economia, mercados, estatísticas Economy, market information, statistics

Cooperar no seio de um cluster é uma questão de convicção e de cultura e não uma moda

Exportações de moldes no 1º semestre de 2017

Estratégia e qualidade na indústria de moldes

Oportunidades no Golfo: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar


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NEGÓCIOS BUSINESS

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COOPERAR NO SEIO DE UM CLUSTER É UMA QUESTÃO DE CONVICÇÃO E DE CULTURA E NÃO UMA MODA Rui Tocha * * Diretor-geral da Pool-Net / Cluster de Competitividade “Engineering & Tooling”

Dificilmente, em 2007, alguém poderia prever um feito tão notável como o alcançado pelo cluster “Engineering & Tooling” (sobretudo pela indústria de moldes), ao concretizar, em seis anos, um crescimento do volume de exportações superior a 90%! Longe vão os tempos (2007-2009), em que se cerraram fileiras entre os principais protagonistas desta indústria, para, conjuntamente, fazerem frente a uma vaga de destruição de empesas, postos de trabalho, investimento e sobretudo de negócios à escala mundial, resultante de uma crise financeira que rapidamente contaminou também a indústria automóvel (cada vez mais poderosa e mais concentrada). De facto, a indústria de moldes, sendo infraestruturante (por estar na base do desenvolvimento da generalidade dos produtos mundiais), é também, por natureza, uma indústria de pequena dimensão e de grande flexibilidade (composta, essencialmente, por micro e pequenas empresas), cuja base tecnológica e de conhecimento impõem fortíssimos impactes de escala, em particular nos produtos sofisticados e nos mercados evoluídos, de clientes globais. Este posicionamento coloca-a na linha da frente da evolução económica. Naturalmente, que o desenvolvimento de uma crise global que arraste a indústria automóvel, tem também um impacte devastador na economia e em particular na sua cadeia de fornecimento (onde se inserem os setores de moldes e plásticos). Foi neste quadro que surgiu a estratégica coletiva, corporizada e assumida por um conjunto de protagonistas (40 entidades) que criaram a Pool-Net (Associação que representa e coordena o cluster “Engineering & Tooling”). E esta é, seguramente, a génese da força competitiva do nosso cluster e da nossa indústria, que percebendo a necessidade de se apresentar no mercado global como cadeia de valor alargada (one-stopshop), reforçou a sua competitividade no apoio a clientes globais, desenvolvendo, um plano estratégico (visão de longo prazo), ancorado na marca coletiva “Engineering & Tooling from Portugal”. Os resultados desta trajetória de desenvolvimento conjunta, são demasiado evidentes e altamente positivos, para que mesmo os mais críticos relativamente à cooperação empresarial não percebam as suas vantagens, como por exemplo: - Aumento superior a 90% nas exportações, desde 2010; - Afirmação internacional da marca coletiva “Engineering & Tooling from Portugal”; - Assinatura de 8 Acordos de Cooperação Internacional em vários continentes; - Mais de 150 milhões de euros de projetos de I+D+I (Investigação + Desenvolvimento + Inovação); - Mais de 30.000 pesquisas no portal do cluster; - Crescente integração de colaboradores com grau de mestrado nas empresas; - Crescente participação em redes e projetos nacionais e europeus; - Mais de 90 associados da Pool-Net em 2017; -Aprovação de vários projetos mobilizadores, envolvendo redes alargadas de parceiros (projetos com mais de 25 parceiros);

- Reconhecimento internacional da indústria de moldes; - Atribuição do “Gold Label” ao nosso cluster pela ESCA (selo de excelência à escala mundial); - Reconhecimento do cluster pelo Governo Português; - Tooling e plásticos, reconhecidos pelas regiões nacionais, como áreas estratégicas de especialização inteligente (tornando elegíveis os projetos do cluster no quadro regional); Naturalmente, que estes resultados e muitos outros, percecionados no dia a dia, não são exclusivos da ação isolada da Pool-Net, da CEFAMOL ou do Centimfe, mas são seguramente o resultado de um trabalho conjunto e alinhado, ao longo dos últimos anos, ancorado numa ação diária das principais protagonistas que são as empresas do cluster. Juntos, temos sabido demonstrar a coerência desta trajetória de desenvolvimento, beneficiando por isso do reconhecimento dos clientes globais e dos poderes públicos que assumem este cluster como um exemplo e motor de desenvolvimento económico. No entanto, não podemos esquecer a volatilidade da economia e a instabilidade e riscos que regem os negócios internacionais. O reconhecimento, como sabemos, é efémero se não estiver suportado numa base de credibilidade robusta e pode perder-se em qualquer momento. Não podemos esquecer, que a base da nossa estratégia assenta numa visão de desenvolvimento de longo prazo, na qual importa cimentar a cooperação, a visibilidade diferenciadora e a qualidade competitiva da nossa oferta. O caminho é longo, e uma marca leva muito tempo para se afirmar, pelo que importa reforçarmos a capacidade afirmação conjunta. O mercado é amplo, mas isolados sabemos que teremos muito mais dificuldades e necessitaremos de mais recursos (daí a nossa opção por uma estratégia de eficiência coletiva). A Pool-Net, a CEFAMOL e o Centimfe, assumem-se como os parceiros âncora do cluster “Engineering & Tooling”, no qual as empresas são a sua essência para os desafios do futuro. Assim, nesta segunda fase de desenvolvimento do cluster, torna-se vital aproveitarmos os projetos aprovados para reforçarmos a competitividade e o uso da nossa marca coletiva “Engineering & Tooling from Portugal”; estreitarmos o relacionamento institucional e entre pares; cuidarmos da forma como comunicamos (os empresários, as empresas, as instituições e o cluster); explorarmos a diferenciação de clientes e mercados (mitigando riscos futuros); integrarmos bem e desenvolvermos os nossos recursos humanos para os desafios do presente e do futuro; apostarmos em tecnologia e conhecimento diferenciador; etc. Enfim, todos sabemos que não podemos deixar de fazer aquilo que sempre fizemos, afirmando o nosso cluster (empresas, setores, industrias, instituições) de forma positiva, inovadora e diferenciadora, como modelo de desenvolvimento sustentado e de afirmação global. Juntos continuaremos a marcar a diferença do nosso “Engineering & Tooling from Portugal”.


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EXPORTAÇÕES DE MOLDES NO 1º SEMESTRE DE 2017 Direção de Informação da AICEP O período de janeiro a junho de 2017, confirmou a trajetória de crescimento das exportações, nos últimos anos, no setor de moldes, totalizando 363 milhões de euros. Face ao período homólogo, representa uma taxa de crescimento de 12,4% e um ligeiro aumento do peso do setor no total das exportações portuguesas de bens, fixando-se em 1,31% do total nacional. O maior contributo para este crescimento foi dado pelos moldes para borracha ou plástico para moldação por injeção ou por compressão, Nomenclatura Combinada 848071 que, entre janeiro e junho de 2017, representaram 309 milhões de euros, sendo que, no mesmo período de 2016, tinham representado 275 milhões de euros, passando a representar 85,1% do total das exportações do setor. No entanto, a performance das exportações dos diferentes produtos do setor não foi homogénea no primeiro semestre de 2017, tendo inclusive as categorias “Placas de fundo para moldes”, “Modelos para moldes”, “Moldes para metais ou carbonetos metálicos” e “Moldes para matérias minerais”, apresentado quebras nas exportações face ao período homólogo de 2016, mantendo a tendência descendente que vinham apresentando. EXPORTAÇÃO Dsc Produto Caixas de fundição

2016 jan/jun

2017 jan/jun

% Tot 17

Var % 17/16

1

78

0,0

§

Placas de fundo para moldes

2.093

1.786

0,5

-14,7

Modelos para moldes

1.464

1.212

0,3

-17,2

Moldes para metais ou carbonetos metálicos para moldagem por injeção ou por compressão

15.356

15.902

4,4

3,6

Moldes para metais ou carbonetos metálicos

1.780

1.565

0,4

-12,1

Moldes para vidro

5.936

6.590

1,8

11,0

636

338

0,1

-46,8

Moldes para matérias minerais Moldes para borracha ou plástico, para moldagem por injeção ou por compressão

275.046 309.155

85,1

12,4

Moldes para borracha ou plástico

15.136

20.733

5,7

37,0

Ferramentas de embutir, de estampar ou de puncionar

5.826

6.000

1,7

3,0

Unidade: milhares de euros

A destacar temos as “Ferramentas de embutir, de estampar ou de puncionar”, que inverteram a tendência de quebra verificada nos últimos anos, apresentando, no primeiro semestre de 2017, um crescimento de 3% face ao mesmo período de 2016. Analisando a balança comercial do setor, não obstante o saldo positivo e um coeficiente de cobertura das exportações pelas importações de 274% no primeiro semestre de 2017, verificou-se um decréscimo em termos nominais em 2 milhões de euros no total do setor, resultado do crescimento das importações de “Modelos para moldes”, “Moldes para matérias minerais” e das “Ferramentas”, que agravaram os respetivos saldos comerciais.

SALDO COMERCIAL Dsc Produto

2016 jan/jun

Caixas de fundição

2017 jan/jun

-22

15

Placas de fundo para moldes

1.399

1.348

Modelos para moldes

-1.161

-17.293

Moldes para metais ou carbonetos metálicos para moldagem por injeção ou por compressão

11.119

10.137

Moldes para metais ou carbonetos metálicos Moldes para vidro Moldes para matérias minerais

320

-613

2.543

2.968

39

-1.335

Moldes para borracha ou plástico, para moldagem por injeção ou por compressão

207.982

229.442

Moldes para borracha ou plástico

12.029

14.153

Ferramentas de embutir, de estampar ou de puncionar

-1.550

-8.172

Unidade: milhares de euros

PRINCIPAIS CLIENTES, PESO RELATIVO E EVOLUÇÃO Os cinco principais mercados de exportação representaram 69,7% do total das exportações do setor de moldes nos primeiros 6 meses de 2017, o que representa um decréscimo de 1% face ao total registado no ano completo de 2016. Se alargarmos aos 15 maiores mercados destino das exportações, verifica-se que representam 95,1% do total das exportações setoriais, mas apresentando diferentes variações de janeiro a junho de 2017 face ao período homólogo de 2016, com destaque para o mercado espanhol e alemão, passando a posicionar-se como primeiro e segundo mercados externos de referência para o setor, com respetivamente 89 e 70 milhões de euros de exportações. Em termos de peso para o setor, os primeiros seis meses de 2017 revelaram um crescimento de 40% do mercado espanhol face ao período homólogo do ano anterior, com mais 25 milhões exportados num total Top 15 mercados de Exportação

2017 jan/jun

Var 17/16

Var % 17/16 40%

Espanha

89.118

25.556

Alemanha

69.921

5.451

8%

França

41.915

-23.721

-36% 42%

Polónia

27.752

8.197

República Checa

20.470

1.055

5%

Estados Unidos da América

15.314

7.310

91%

México

11.203

-3.641

-25%

África do Sul

10.550

9.958

1683%

Reino Unido

10.489

-2.707

-21%

Eslováquia

8.333

5.091

157%

Bélgica

7.581

2.146

39%

Roménia

7.240

3.424

90%

Brasil

7.058

1.127

19%

Hungria

7.194

4.259

145%

Suiça

5.742

1.716

43%

Unidade: milhares de euros


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de 89 milhões, contrastando com a quebra de 36% da França que cai, com menos 24 milhões de exportações. A Alemanha assume a segunda posição como mercado das exportações setoriais nestes primeiros meses de 2017, com 8% de crescimento, mas ficando atrás em termos de crescimento nominal e percentual da Africa do Sul, da Polónia e dos EUA. Mas a performance das exportações para os principais mercados destino não se encerra apenas nos mercados da Espanha, Alemanha, Polónia, Africa do Sul e dos EUA, merecendo igualmente destaque a

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Hungria, Eslováquia, Roménia, Bélgica, Suíça e Brasil, que contribuem significativamente para o crescimento das exportações do setor no primeiro semestre de 2017. Em sentido oposto, o destaque negativo vai para a França, mas igualmente para os mercados do México, com uma quebra de -25% e Reino Unido, de -21%, passando no período o México de 14,8 milhões de euros em 2016 para 11,2, em 2017 e o Reino Unido de 13,2 milhões de euros para apenas 10,5 milhões de euros.

NÚMERO DE MERCADOS DE DESTINO DE EXPORTAÇÃO PORTUGUESA 2012 2013 2014 2015 2016 2017 jan/jul

Top 15 mercados de destino das exportações

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848071 Moldes para borracha ou plástico, para moldagem por injeção ou por compressão 848079 Moldes para borracha ou plástico (exceto para moldagem por injeção ou por compressão) 848041 Moldes para metais ou carbonetos metálicos para moldagem por injeção ou por compressão (exceto de... 848050 Moldes para vidro (exceto de grafite ou de outro carbono ou de matérias cerâmicas) 820730 Ferramentas de embutir, de estampar ou de puncionar, intercambiáveis 848020 Placas de fundo para moldes (exceto de grafite ou de outro carbono, de matérias cerâmicas ou vidro) 848049 Moldes para metais ou carbonetos metálicos (exceto de grafite ou de outro carbono, de matérias ce... 848030 Modelos para moldes (exceto de grafite ou de outro carbono, de matérias cerâmicas ou vidro) 848060 Moldes para matérias minerais (exceto de grafite ou de outro carbono, de matérias cerâmicas ou vi... 848010 Caixas de fundição

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ESTRATÉGIA E QUALIDADE NA INDÚSTRIA DE MOLDES Vítor Ferreira * * D. Dinis Business School

O conceito de “Gestão da Qualidade Total” é hoje quási omnipresente na indústria de moldes e suas indústrias a montante (da injeção ao automóvel ou à aeronáutica). Na verdade, a abordagem da Qualidade (nas especificações) existia já na génese das “corporações medievais”, que definiam requisitos que os seus membros deveriam cumprir na elaboração dos seus artigos (contudo, esta ideia de trabalhar de acordo com especificações pode até ser traçada até ao antigo Egito e à construção das pirâmides). Mais recentemente, ao longo do século XIX e início do século XX, o conceito de Qualidade aparece associado à não existência de falhas (não conformidades) nos produtos físicos e ao controlo físico (inspeção visual) e controlo estatístico. A versão moderna do conceito de Qualidade começa, no entanto, a ser construída com autores como Juran e Deming, durante a década de 1950, sobretudo com os seus trabalhos que foram fundamentais na orquestração do milagre industrial japonês do pós-Segunda Grande Guerra (permitindo em duas décadas às empresas japonesas alcançarem e ultrapassarem os seus concorrentes norte-americanos). Juran, com os seus “Princípios de Qualidade”, contribuiu para a integração das iniciativas de Qualidade a todos os níveis da organização das empresas japonesas. Segundo Juran, a Qualidade podia e devia ser gerida, sendo que esta teria como último fim a satisfação dos requisitos dos de clientes. Para Deming, a Qualidade é tudo aquilo que melhora o produto no ponto de vista do cliente. Deming salientava que a Gestão é responsável por 94% dos problemas da Qualidade, logo para além de estabelecer melhores processos e sistemas, a administração deveria envolver os empregados na tomada de decisões (Cardoso, 2013). Deming é ainda responsável pelo uso do ciclo PDCA (plan-do-check-act) para a melhoria contínua. Mas é Armand Feingenbaum que introduz o conceito de Controlo de Qualidade Total (génese da Gestão da Qualidade Total), que define como sendo um sistema efetivo para a integração dos esforços de desenvolvimento, manutenção e melhoria da Qualidade, por forma permitir ao marketing, engenharia, produção e serviço atingir a completa satisfação do cliente (este trabalho foi o fundador das Normas de Sistema de Garantia da Qualidade a nível mundial, que, mais tarde, na década de 1980, deram origem às normas internacionais ISO 9000). A Qualidade passa assim a ser vista como “Total”, tornando-se uma questão de cultura organizacional e de estratégia e não apenas uma etapa, componente ou exigência do processo produtivo (Caseiro, 2001). Até aos dias de hoje, a Qualidade evoluiu de forma a obter-se a Gestão da Qualidade Total (GQT), também designada por TQM (Total Quality Managment), cujo conceito significa a aplicação da Qualidade a todos os níveis e áreas da empresa, assentando numa cultura de participação e de melhoria contínua e na ideia de que o compromisso com a satisfação do cliente é essencial para a gestão da Qualidade (Bagorro, 2017).

A Qualidade passa a ser transversal, existindo em produtos e processos, procurando sempre atingir ou exceder as expectativas do cliente (seja o cliente interno, seja o cliente externo). A GQT visa assim a satisfação de clientes, o incremento da rentabilidade e a maior satisfação dos colaboradores. Uma premissa fundamental da GQT é que os custos de baixa Qualidade (tais como inspeção de defeitos, correção, clientes perdidos, etc.) são muito maiores do que os custos de desenvolver processos que produzem produtos e serviços de alta Qualidade. Sendo assim, a Qualidade implica um balanceamento entre os custos da Qualidade (inerentes à implementação e gestão de processos) e as consequências da sua não aplicação (custos da não Qualidade). Geralmente um investimento em Gestão da Qualidade permite diminuir de forma acentuada (muito mais do que proporcional) os custos da não Qualidade, sendo que estes custos podem ser catastróficos, conduzindo por vezes ao enceramento de uma empresa e/ou à morte do cliente final (como aconteceu com o escândalo Bridgestone/Ford em 2000). Simultaneamente, a GQT reflete uma procura por “zero defeitos”. Embora se admita à priori uma determinada margem de erro, tal premissa deve ser abandonada e substituída pela busca de “zero defeitos”. Este conceito baseia-se no facto de que os erros se devem a duas causas fundamentais: à falta de conhecimento/competências e à falta de atenção. O primeiro pode ser corrigido por via da formação. No entanto, o segundo resulta de uma atitude que deve ser retificada, devendo incentivar-se o colaborador a mudar essa atitude (Bagorro, 2017). Estes conceitos aqui muito resumidos, hoje sobejamente conhecidos de gestores e engenheiros, não existem no vácuo da Gestão. Existe uma relação indissociável entre a Qualidade e a Estratégia de uma organização. Este foi, aliás, o tema subjacente à investigação de Bagorro (2017) levada a cabo no IPLeiria. De uma perspetiva de gestão estratégica, a GQT está associada à concretização da estratégia e à sua implementação e não tanto à definição dos caminhos estratégicos, uma vez que a GQT acabará por ser uma filosofia transversal dentro da organização, que permite atingir os objetivos estratégicos de forma eficiente. O conteúdo da GQT pode ser associado a duas orientações estratégias: orientação para o cliente e orientação do processo. Com a orientação para o cliente, as organizações concentram-se em ganhar vantagem competitiva, em perceber como podem superar os seus concorrentes, em termos de captar mais clientes, com produtos distintos, com um preço mais elevado. Embora não implícita, esta noção sugere que, sob orientação para o cliente, a GQT está associada a uma estratégia de diferenciação. Encontramo-nos numa conjuntura extremamente competitiva onde os clientes são cada vez mais exigentes. É fundamental inovar e apostar numa melhoria contínua ao nível dos pro-


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dutos e serviços prestados. A competitividade, obrigatoriamente, passa por satisfazer as necessidades dos clientes (Bagorro, 2017). Por outro lado, sob a orientação do processo, as empresas poderão procurar melhorias na eficiência do processo, por forma eliminar defeitos e desperdícios. Deste modo, na orientação do processo, a implementação da GQT pode levar a uma vantagem baseada nos custos, que se vai refletir uma estratégia de liderança de custos (Bagorro, 2017). Quer produza micro-moldes para indústrias altamente tecnológicas, apostando na inovação que permita ter moldes inovadores com tolerâncias altamente reduzidas (diferenciação), quer produza moldes para o mercado de massas e se distinga por ser mais eficiente, conseguindo praticar preços inferiores (liderança de custos), a GQT é uma peça essencial para uma empresa ser competitiva (tem por isso um papel nas clássicas estratégias de Porter: de diferenciação e liderança de custos). Concomitantemente, a relação entre estes três conceitos (Estratégia, Qualidade Total e Performance) sugere uma harmonia entre a estratégia de diferenciação e liderança de custos, as práticas de GQT e a Performance da organização. No entanto, alguns autores argumentam que a GQT tem mostrado ser um meio sobretudo eficaz para implementar uma estratégia de diferenciação. É neste sentido que vai o estudo de Bagorro (2017), real-

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çando que empresas na indústria de moldes que praticam GQT acabam por adotar mais “estratégias mistas e de diferenciação” do que “estratégias de baixo custo”. Neste caso, a GQT acaba por não ser uma variável com impacto direto na performance, mas sim um fator que pode contribuir para a introdução de novos produtos ou serviços e processos que melhoram o desempenho. Deste modo, da amostra de empresas estudadas na indústria de moldes portuguesa, as empresas que têm uma melhor performance (neste caso medida qualitativamente) são aquelas que adotarem estratégias de diferenciação, de serviço ao cliente (o que permite perceber que empresas desta área têm mais dificuldade em lutar em lideranças pelos custos, face a outros concorrentes estrangeiros). Resumidamente, uma eficiente GQT leva as empresas a terem estratégias de diferenciação ou mistas (o que tem bastante base teórica, porque a GQT implica menos desperdícios, mais eficiência e mais focalização no cliente) e estas empresas conseguem ter um melhor desempenho. Esta é uma noção relevante já que, não excluindo tentativas de competir pelo custo, aponta o caminho da inovação, serviço ao cliente e diferenciação para as empresas que já apostam numa melhoria dos processos de Qualidade, como forma de conseguir melhores resultados.


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OPORTUNIDADES NO GOLFO: ARÁBIA SAUDITA, EMIRADOS ÁRABES UNIDOS E QATAR1 José Ferro Camacho * * Ph.D., Professor de Gestão no IADE, Universidade Europeia

1. Enquadramento Considerado estratégico, o objetivo de diversificação de mercados de destino da produção portuguesa necessita do desenvolvimento de ferramentas de observação e de análise de novos potenciais clientes. Na linha de outros trabalhos realizados no passado, este artigo faz um breve resumo do estudo de oportunidades no Golfo Pérsico. A Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos (EAU) e o Qatar podem ser objeto de uma análise conjunta, não só porque constituem componentes importantes do “Cooperation Council for the Arab States of the Gulf”, geralmente referenciado como GCC – Gulf Cooperation Council, mas também por terem estabelecido políticas económicas semelhantes. Numa fase posterior à elaboração do trabalho, a relação entre estes países desembocou num conflito com um foco no Qatar, tendo como base as relações do país com o terrorismo islâmico (Irmandade Muçulmana e outros grupos islamitas como Hezbollah do Líbano, apoiado pelo Irão, a Al-Qaeda e o Daesh), a influência da cadeia televisiva Al Jazeera e a tipologia das relações com o Irão. Liderados pela Arábia Saudita e os EAU, um grupo crescente de países árabes cortou relações diplomáticas, fechou as fronteiras com o Qatar e apresentou um conjunto de exigências a serem cumpridas. Contudo, a situação é objeto de uma grande ambiguidade, quer devido à Arábia Saudita também ser acusada de apoiar financeiramente o Wahhabismo Salafita, uma forma fundamentalista do Islamismo, base ideológica do Estado Islâmico (ISIS / Daesh), quer pelos EUA manterem no Qatar a sua maior base Al Udeid – no Médio Oriente, que suporta as campanhas militares contra o ISIS e a guerra no Afeganistão. Acresce a este panorama o interesse da China no desenvolvimento de uma nova “Rota da Seda”, cenário em que o Qatar terá um papel importante. Neste contexto de enorme complexidade, o congelamento do conflito pode emergir como uma solução respeitável para os envolvidos, após concessões por parte do Qatar. Neste novo quadro, as conclusões referentes às políticas económicas permanecem válidas, embora passíveis de ajustamentos posteriores.

na UAE Vision 2021, na Bahrein Vision 2030 e na Qatar National Vision 2030. As políticas que estão a ser implementadas baseiam-se na experiência internacional e incluem os seguintes aspetos: • Reforço dos investimentos na educação, nos domínios da ciência e da tecnologia e do ensino técnico e profissional; • Desenvolvimento de setores específicos; • Investimentos em infraestruturas físicas e fortalecimento do ambiente legal e regulatório para reduzir o custo de fazer negócios (incluindo zonas de livre comércio); • Incentivo ao empreendedorismo e à inovação através do acesso à informação, às tecnologias de comunicação e ao financiamento e uma maior despesa em investigação e desenvolvimento. Os países de sucesso concentraram-se na criação de incentivos para encorajar as empresas a desenvolver mercados de exportação e para apoiar os trabalhadores na aquisição das competências e da educação, conseguindo empregos nestas novas áreas em expansão. Além de se concentrarem na criação de um ambiente económico estável e num clima favorável para a realização de negócios, os incentivos implicaram o seguinte: • Realizar investimentos em clusters industriais de alta produtividade, mesmo quando não existia nenhuma vantagem comparativa anterior; • Desenvolver ligações horizontais e verticais a partir de clusters industriais. A criação de redes de fornecedores locais em torno das indústrias de exportação existentes pode expandir o potencial de emprego de um determinado setor; • Utilizar capital estrangeiro para promover a transferência tecnológica, através da criação de zonas de livre comércio, da oferta de incentivos fiscais e da flexibilização das restrições tarifárias e da redução das barreiras não-tarifárias; • Utilizar subsídios à exportação, incentivos fiscais e acesso ao financiamento para facilitar a tomada de riscos por parte dos empresários, especialmente das PME, nas indústrias nascentes.

2. Necessidade de Diversificação 2 As economias do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) evoluíram significativamente ao longo da última década, mas continua a necessidade de uma maior diversificação. Embora a participação da produção de não-hidrocarbonetos no PIB tenha aumentado de forma constante, a diversificação das exportações tem sido ainda limitada. Estas estratégias visam promover o desenvolvimento sustentável, reduzir a dependência das receitas petrolíferas e aumentar a criação de emprego no setor privado. Estes objetivos estão presentes nas estratégias de longo prazo da Saudi Vision 2030, na Oman Vision 2020,

3. Iniciativas Nacionais Arábia Saudita Cidades Industriais: a instituição e o desenvolvimento de cidades industriais, como Jubail, Yanbu, Jeddah ou Dammam, constituem um instrumento importante desta política, com a oferta de incentivos a novas empresas. Indústria Automóvel: desenvolvimento de um polo automóvel de classe mundial para o Médio Oriente, quer como forma suprir a crescente


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procura local (800.000/ano), quer como base para toda a região. Esta estratégia comporta três vertentes: 1) OEM, quer no domínio dos veículos de transporte que integra joint-ventures com a Mercedes-Benz, a Volvo, a MAN ou a montagem da Isuzu, quer no capítulo dos veículos ligeiros, aonde prefiguram as intenções da Jaguar / Land Rover e da Toyota; 2) A Arábia Saudita é atualmente responsável por 183 das 300 unidades de montagem e fabricação de peças da região do Golfo e procura expandir seu papel como um setor internacional de componentes automóveis; 3) Iniciativas autónomas locais, como o exemplo do Ghazal 1, primeiro automóvel desenhado e construído pela Arábia Saudita, especificamente para o clima do Golfo e que se baseia no SUV da Classe G da Mercedes.

Emirados Árabes Unidos Indústria automóvel: planos para o desenvolvimento de um centro automóvel em Abu Dhabi - Auto City. A Rahayel City contará com espaço para fabricantes de automóveis, distribuidores, revendedores e fornecedores de peças. Estender-se-á por 12 quilómetros quadrados de terreno. Os trabalhos já começaram na primeira fase do projeto, com um investimento de USD 1,6 mil milhões na sua infraestrutura. OEM presentes: 1) Scania - Fábrica de JAFZA, destinada a montar veículos pesados de transporte; 2) Ashok Leyland, da Índia, com uma unidade de montagem em Ras Al Khaimah, destinada a pesados de passageiros; 3) Volgren, originária da Austrália, destinada à montagem sob licença de pesados de passageiros; 4) Praktiko GT, produtor de motores Praktiko GT, planeia produzir modelos minicarros (Tiger Kub) de exportação para África e para a Índia; 5) Trans Continental Industries, no Complexo Industrial de Mussaffah, em Abu Dhabi, para a produção de autocarros. Fornecedores: UAE tem uma presença de fabricantes de componentes automóveis, com 17 grandes fabricante. Indústria Aeroespacial: a Strata Manufacturing, subsidiária da Mubadala Development Company, assinou contratos no valor de USD 1 bilhão com a Airbus para fornecer peças para pequenas e médias aeronaves da empresa, além de fornecer módulos horizontais da cauda para o A320 e abas internas para o A350-900. Este contrato sinaliza a relação anterior no âmbito do A330 da Airbus ou o fornecimento de componentes e de aeroestruturas avançadas para programas comerciais da Boeing. O Cytec Solvay Group, um fornecedor belga de materiais e materiais avançados para a indústria aeroespacial, anunciou uma parceria de 50:50 com Mubadala para fornecer compósitos pré-impregnados de fibra de carbono, materiais para os 777 da Boeing. A maioria dos investimentos aeroespaciais em Abu Dhabi está centrada no Nibras Al Ain Aerospace Park. Qatar Existem, atualmente, duas zonas francas nas operações - o Qatar Financial Centre e o Qatar Science and Technology Park - dos quais pode operar o investimento estrangeiro em serviços relacionados com as finanças e tecnologias (incluindo empresas de investigação). Além disso, os investidores estrangeiros na indústria transformadora podem igualmente beneficiar de isenções fiscais. Com o objetivo de fazer crescer as exportações, o desenvolvimento as


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áreas industriais têm sido agrupadas em torno dos portos de Ras Laffan Industrial City e de Mesaieed Industrial Area, que são os principais centros de energia do Qatar. Contudo, e embora existam diversos tipos de incentivo, a diversificação parece ter sido realizada em torno da produção de aço e diversos materiais de construção, assim como de fertilizantes. De sinalizar ainda o desenvolvimento vertical a montante da indústria de polímeros com projetos importantes em desenvolvimento na Arábia Saudita, nos EAU e também em Omã.

4. Comércio Internacional de TDM Agregado por Categorias e Destino A aparente fragilidade dos sistemas estatísticos nacionais levou-nos a procurar uma análise dos fluxos de comércio em espelho, isto é, a par-

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tir dos dados de exportação dos principais parceiros comerciais, identificados a partir da informação referente a importações. O Gráfico 1 permite identificar que, no total, os três países em conjunto representam um valor aproximado de USD 100 milhões. Entre 2010 e 2015, o mercado conjunto terá crescido em valores próximos de USD 40 milhões. O mercado do Qatar é residual. A partir de 2012, o mercado da Arábia Saudita diverge através de um crescimento superior nas categorias Ferramentas para Estampar (820730) e Moldes para Plástico ou Borracha (848271+79). Os Gráficos 2 e 3 xibem uma análise das exportações destinadas aos três países em conjunto, por país de origem. Devido à fragmentação das séries e à reduzida dimensão do valor das exportações, a análise é apresentada por coortes dos anos 2007-9, 2010-12 e 2013-15. Nesta avaliação, a China, a Alemanha, a Suíça, os EUA, a Índia e o Reino Unido cresceram em valor absoluto, pelo menos entre o primeiro e o terceiro e último coorte. Contudo, o crescimento das exportações com origem na China é significativamente superior, cerca de USD 57 milhões.

Fonte: cálculos próprios baseados em dados UN Comtrade Database

G2 – Importações agregadas por países de origem, acumuladas por intervalo de tempo – USD milhares

Fonte: cálculos próprios baseados em dados UN Comtrade Database Fonte: cálculos próprios baseados em dados UN Comtrade Database

G1 – Categorias em análise - importações – USD milhões

G3 – Importações agregadas por países de origem, acumuladas por intervalo de tempo – %


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Na realidade, uma análise do Gráfico 3 permite identificar a Alemanha (-6,3%), o Japão (-4,1%), a Áustria (-2,3%), a Itália (-2,1%) e a Índia (-1,2). No sentido inverso, a China (+10,8%) é o país com maiores ganhos, embora também possam ser nomeados a Turquia (+2,3%), a Coreia (+1,6%) e a Suíça (+1,5%). Exportações Portuguesas As exportações portuguesas para este conjunto de países aparecem nas estatísticas como residuais: USD 1,281 milhões (Σ 2007-9); USD 0,114 milhões (Σ 2010-12) e USD 0,798 milhões (Σ 2013-15). Embora muito dispersas no tempo, prevalecem as exportações para a Arábia Saudita. As exportações para o Qatar são mesmo inexistentes. Por categorias, as exportações portuguesas exibem a especialização habitual, com os moldes para plástico ou borracha a representar entre 80% a 90% do total.

5. Conclusões No quadro atual, os três países analisados constituem parceiros comerciais e industriais muito limitados. Contudo, existem políticas públicas multidimensionais que estão a ser desenvolvidas, em particular com mais interesse pela Arábia Saudita e pelos EAU, que podem elevar o potencial de atratividade. Estas iniciativas têm como denominador comum a diversificação, com a introdução de outros setores para além dos hidrocarbonetos, com impacto nos mercados locais e nas exportações. Embora o ponto de partida não esteja associado a setores / produtos em que as vantagens comparativas anteriores sejam evidentes, a intenção estratégica, os meios mobilizados e a visão integrada do desenvolvimento, que combina fatores tangíveis e intangíveis, podem constituir elementos decisivos para a obtenção de resultados e suavizar a incerteza. Uma parte significativa destas políticas destina-se a integrar os países nas redes industriais globais, em especial, no que nos respeita, no domínio do automóvel e do aeroespacial. Neste contexto, faz sentido manter uma vigilância estratégica sobre estes mercados, quer através de instrumentos autónomos – revisão regular de fluxos comerciais, identificação e acompanhamento de projetos industriais de interesse em curso e missões, quer pela identificação das trajetórias e de encomendas no âmbito das redes de fornecimento de que as empresas e associações já fazem parte. A obtenção de encomendas nesta fase, não constituindo porventura um largo interesse comercial, pode ser um instrumento de aprendizagem dos mercados e o início de relacionamentos importantes no futuro.

________________ 1 - O artigo apresenta um resumo do trabalho “Golfo Pérsico: Oportunidades para a Indústria de Tooling. Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. 2 - Com base em IMF (2014), Economic Diversification in the GCC: Past, Present, and Future, IMF Staff Discussion Note, SDN/14/12, tradução livre.


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REFLEXÕES João Faustino Presidente da CEFAMOL

Sol na eira e chuva no nabal É um provérbio português que define duas vontades praticamente impossíveis de conjugar, sempre que a eira e o nabal estão muito próximos. Ou seja, face às vicissitudes do dia a di,a é difícil satisfazer duas vontades totalmente antagónicas, pelo que se quisermos sol na eira, é quase certo que o nabal não irá ter grandes probabilidades de “vingar”. Este e outros provérbios definem e caraterizam a sociedade em diferentes sentidos e direções. É evidente que existem sempre mil e um processos para tentar encontrar soluções que não tiveram a devida avaliação para conduzir ao êxito simultâneo, dos produtos colocados na eira, para secar, e os nabos do nabal, a crescer. A indústria de moldes viveu, já este ano, algo parecido com este provérbio. Para alguns fornecedores, o segundo trimestre do ano, ficou, em termos de vendas de aços para moldes, muito aquém das expetativas que existiam no início do ano. Quando comparado com valores do ano transato, esta situação agravou-se. Ora, em termos de planeamento das atividades, este tipo de cenário leva as empresas a enquadrarem-se com as estratégias individuais previamente definidas. É aqui que a “porca começa a torcer o rabo”, pois havendo menos encomendas, a oferta é muito superior à procura. Existem então teorias para todos os gostos e feitios: “aceitar encomendas a qualquer preço, para manter pessoas e máquinas em laboração”, “aceitar encomendas na expetativa que as próximas possam cobrir os prejuízos das atuais” ou “ter uma estrutura sólida e não cometer loucuras, ainda que haja pessoas e máquinas paradas” e com esta teoria aguardar que a tempestade passe. Enfim, “presunção e água benta: cada qual toma a que quer”.

No momento em que existem perspetivas de começar a haver encomendas de moldes mais regulares, a indústria tem pela frente um dilema idêntico ao provérbio “Sol na eira e chuva no nabal”. Ou seja, no momento em que começam a surgir as ambicionadas encomendas, a mão de obra que as deve manufaturar prepara-se para ir de férias. O slogan “aliada à responsabilidade, a flexibilidade será a tónica para as empresas poderem sobreviver” encaixa-se na perfeição neste momento. Moldes e depois praia ou praia e depois moldes? O bom senso que existe no seio da indústria irá prevalecer e, muitos e bons moldes, com certeza que serão construídos, contornando assim o velho provérbio “Sol na eira e chuva no nabal”. É aqui que a industria, e os seus stakeholders, são fortes e dignificam o que fazemos e o que é desejado pelos clientes: moldes de qualidade, fabricados de acordo com os requisitos descritos e solicitados, dentro de prazos que, muitas vezes, para serem conseguidos exigem aproveitar todas as réstias de sol e os aguaceiros dispersos. Neste período tentamos seguir a política de há muitos anos, que não é mais do que tentar evitar erros no presente, para não colocar em causa o futuro. Acreditamos que as ações que cada um venha a tomar podem tornar-nos mais dinâmicos, obtermos melhor qualidade, sermos mais competitivos e preparar o futuro com o realismo que todos desejamos e esperamos. Conjugar o “Sol na eira e chuva no nabal” são praticamente impossíveis, mas com sinergias e vontades positivas poderemos combinar e acreditar que afinal é possível!



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Descompressão Compressão define-se como um processo físico ou mecânico que consiste em submeter um corpo à ação de duas forças opostas para reduzir o seu volume. O seu contrário - descompressão - é a ação ou o efeito de descomprimir, ou seja, retirar ou abrandar a compressão, considerando que esta não é mais do que apertar, encolher ou reduzir para um menor volume. Os exemplos mais fáceis para se perceber os efeitos compressão/descompressão são uma “mola” ou uma “almofada de espuma”. No ramo da medicina, as técnicas para reduzir as perturbações originadas pela rápida passagem de altas pressões atmosféricas para outras mais baixas (passageiros de aviões, mergulhadores, astronautas, operários em camaras pressurizadas, entre outros), são temas atuais que ajudam a medicina a curar muitas e variadas lesões. A cirurgia de descompressão, ou laminectomia, tem como objetivo libertar a medula ou nervos de uma suposta compressão que pode ser causada pelo disco existente entre as vertebras, ocorrendo mais vulgarmente as chamadas hérnias discais. A palavra, o termo ou o ato são usados num multifacetado conjunto de operações ligados a atividades e profissões. Existem ações de compressão/descompressão em todas as atividades, sendo que as mesmas são apropriadas às circunstâncias e efeitos de cada um. Este facto é também transversal a todos os setores de atividades económica, onde a indústria de moldes não é exceção. A indústria automóvel desenvolve diariamente técnicas que têm como objetivo proporcionar mais conforto aos passageiros do mesmo. Para isso, e cada vez mais, usam amortecedores hidráulicos adaptativos em que as compressões/descompressões se ajustam de modo a colocar os automóveis em patamares de excelência num claro objetivo de fazer viagens como se os mesmos flutuassem.

Hoje, a descompressão está presente na economia, nos mercados, nas empresas, nas famílias e nas pessoas havendo, no entanto, para cada uma das áreas ou intervenções, conceitos mais ou menos académicos, coerentes e, por vezes, perversos que procuram contribuir, mal ou bem, para os efeitos da descompressão aplicada, como se a mesma fosse a resolução dos problemas existentes. Nós, na indústria de moldes, é claro que sofremos e necessitamos da chamada descompressão emocional. Para isso, a descompressão total, física e mental, devem ser almejadas por todos nós. A vida louca daqueles que se apaixonam por aquilo que fazem e que lhes garante o sustento familiar nem sempre se compadece das fragilidades, das incongruências e da falta de atenção elementar para concretizar objetivos e sonhos, pois estes são pontos que normalmente colocam a pressão na mente e que “vai enchendo gota a gota” até que, em determinado momento, existem duas possibilidades: ou rebenta, ou transborda através da descompressão emocional, a qual é certamente diferenciada de pessoa para pessoa. A acumulação emocional sente-se quando se está esgotado e saturado mentalmente. Normalmente, a angústia e a falta de clareza são alertas naturais para verificar que o estado das coisas não anda conforme o previsto. Aqui, parar é o melhor remédio para se libertarem emoções, pensamentos e dúvidas, ou seja, depois de meses e meses de responsabilidades e preocupações, descomprimir é a melhor solução, pelo que tirar umas férias ou uns dias de descanso podem ser o melhor remédio. Afinal, descompressão também é trocar velhas ideias e hábitos por novas oportunidades e assim, todos teremos a possibilidade de descomprimir em tempo útil, antecipando tendências e encarando os desafios de forma mais confiante.



aNo 28 10.2017 Nº 115

aNo 28 10.2017 Nº 115 €4,50

ENTREVISTA: JOAQUIM MENEZES, PRESIDENTE DA ISTMA EUROPe

O setor fala de… polimento

Oportunidades no Golfo: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar


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