O MOLDE nº116 Janeiro 2018

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aNo 29 01.2018 Nº 116

aNo 29 01.2018 Nº 116 €4,50

FORMAÇÃO NO SECTOR DE MOLDES

Oportunidades a Leste: Bulgária e Roménia nas cadeias de valor industriais

BALANÇO DA FEIRA “MOLDPLÁS”



ÍNDICE CONTENTS N 116 |01.2018

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ELETROEROSÃO DESTAQUE HIGHLIGHT

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INOVAÇÃO INNOVATION O que as empresas concebem de forma singular e inovadora What our companies concieve in a singular and innovative way

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NEGÓCIOS BUSINESS Economia | Mercados | Estatísticas Economy | Market information | Statistics

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EDITORIAL

4

NOTÍCIAS CEFAMOL

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NOTÍCIAS CENTIMFE

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NOTÍCIAS OPEN

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NOVOS ASSOCIADOS

20

NOTÍCIAS DOS ASSOCIADOS

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NOTÍCIAS POOL-NET

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ESPECIAL: FORMAÇÃO NO SECTOR DE MOLDES

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UMA NOVA FORMA DE ENSINAR. UM MODO DIFERENTE DE APRENDER

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A eletroerosão no ambiente da “Indústria 4.0”

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O sector fala de… eletroerosão

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Os prós e os contras da eletroerosão

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Como aplicar as metodologias da “Indústria 4.0” (integração de dados e sistemas) à gestão de produção de elétrodos na indústria de moldes

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A chave para um melhor processo de fabrico de elétrodos

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Grafite para EDM

52

ONA celebra 65 anos inovando como líder no desenvolvimento de tecnologias de eletroerosão

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“BOP” - Projeto de investigação para nova bomba de óleo com componentes em polímero

58

“DEMO EXP” - Projeto demonstrador de investigação e desenvolvimento aplicada

60

“On-SURF - Mobilizar competências tecnológicas em engenharia de superfícies “

63

Feira “Moldplás” encerra com saldo positivo

70

Seminário apresenta projeto inovador de parceria para o mercado mexicano

74

Branding industrial

76

Oportunidades a leste: Bulgária e Roménia nas cadeias de valor industriais

80

Flexibilidade do horário de trabalho

REFLEXÕES

FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes • REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Av. D.Dinis, 17 / 2430-263 MARINHA GRANDE - PORTUGAL / T: 244 575 150 / F: 244 575 159 / E: revista_omolde@cefamol.pt / www.cefamol.pt • FUNDADOR Fernando Pedro • DIRETOR Manuel Oliveira • CONSELHO EDITORIAL António Rato, Eduardo Pedro, Luís Abreu e Sousa, Manuel Oliveira, Maria Arminda, Mário Gaspar, Vitor Hugo Beltrão • COORDENADORA EDITORIAL Maria Arminda • COLABORADORES Adriano Caseiro, Agostinho Carvalho, Ana Conceição, Ana Manaia, António Baptista, Bruno Sequeira, Gilberto Mendes, Helena Silva, Hugo Damásio, João Ferreira, Joel Silva, José Ferro Camacho, José Orosa, Maria Goretti Sequeira, Nuno Fidelis, Paulo Henriques / • REVISÃO Sandra Pereira • PUBLICIDADE Rui Joaquim • EDIÇÃO E PAGINAÇÃO Colorestúdio – Artes Gráficas, Lda – Leiria / T: 244 813 685 / E: colorestudio@colorestudio.pt • PERIODICIDADE Trimestral • TIRAGEM 1000 exemplares • DEPÓSITO LEGAL 22499/88 • REGISTO ERC 113 153 • Nº ISSN 1647-6557

ANUNCIANTES Heto 2 / Apoio Jurídico 6 / Alamo 13 / Cheto 15 / Keymac 17 / Cadmould 23 / Tecnirolo 25 / Fluxoterm 27 / MMC Hitachi Tool Engineering Europe GmbH 30; 31 / Synventive 35 / Schunk 37 / Knarr 39 / S3D 41; 49 / FerrolMarinha 43 / GrandeSoft 45 / TTO 51 / ONA 53 / Blasqem 55 / Amtools Group 57 / Rabourdin 59 / Hotel Mar&Sol 60 / Mater 61 / Misumi 63; 83 / DNC Técnica 65 / Simulflow 67 / FCS System 69 / TCA 71 / Fuchs 73 / Hasco 75 / Jaba 79 / Meusburger 81 / Eurocumsa capa interior / Yudo contracapa interior / Tebis contracapa

• Imagem gentilmente cedida pela Ribermold. • Nenhuma parte desta revista, pode ser reproduzida, sob quaisquer meios e para quaisquer fins, sem a autorização escrita da CEFAMOL. • Conteúdos conforme a nova ortografia.



O MOLDE N116 01.2018

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editorial

manuel oliveira* * Secretário-geral da CEFAMOL

2018 – Um ano novo cheio de sucessos… e desafios

2018 - A new year full of success... and challenges

Esta é a primeira edição da revista “O Molde” de 2018, um ano que esperamos que seja repleto de sucessos para as nossas empresas e para os seus profissionais, dando continuidade ao crescimento verificado nos últimos anos, assim como ao reconhecimento, notoriedade e projeção, nacional e internacional, que a indústria tem vindo a assumir.

This is the first 2018 edition of the "O Molde" magazine, a year we hope is laden of success for our companies and for the professionals that are part of them, giving continuity to the growth verified in the last years, as well as to the, national and international recognition, notoriety and projection, which the industry has been taking.

Mas, este é também um ano de desafios.

But this is also a year of challenges.

Desafios tecnológicos, com a digitalização da indústria e a integração de processos; desafios financeiros, para suportar os constantes investimentos e condições de negócio apresentadas pelos clientes; desafios comerciais, na conquista de novos mercados, clientes e na manutenção e satisfação dos atuais e, principalmente, os desafios ao nível do capital humano, com a capacitação e adaptação dos colaboradores aos novos desenvolvimentos e a atração de jovens técnicos qualificados para a indústria.

Technological challenges, with the digitalisation of the industry and the integration of processes; financial challenges, to support the ongoing investments and business conditions presented by costumers; commercial challenges, like conquering new markets, new clients and retaining and continuing to satisfy the existing ones; and especially challenges regarding human resources, with employees’ training and adaptation to the new developments, and the attraction and maintenance of young qualified technicians to the industry.

Não é fácil conduzir as empresas ao sucesso com esta desafiante envolvente, mas os nossos empresários e todos os profissionais ligados a esta área já deram provas de saber lidar com as adversidades, com os constrangimentos, e agarrar as oportunidades que o mercado oferece. Os últimos anos, provaram que é possível alcançar aquilo que, inicialmente, nos parece impossível. Os 93% de crescimento das exportações, em seis anos, atestam-no. O ano de 2017, acreditamos que irá confirmar, senão mesmo fazer crescer estes valores – aguardemos mais uns meses para o confirmar em definitivo.

It is not easy to lead the companies to success surrounded by this defiant context, but our entrepreneurs and all professionals linked to this area have already proven to know how to deal with adversities, with constraints, and grasping the opportunities offered by the market. The last few years have been clear evidence that what seemed to be impossible some time ago is, after all, achievable. The export growth of 93% in six years certifies it. We believe that 2017 will confirm, if not even increase these values - let us wait a few more months to validate it definitively.

É assim que iniciamos um novo ano, com uma crença positiva que conseguimos fazer mais e melhor, que ultrapassaremos os desafios e consolidaremos uma posição invejável no mercado internacional.

This is how we initiate a new year, with a positive belief that is it possible to do more and better, that we will rise above the challenges and entrench an enviable position on the international market.

Ao nível da revista, iniciamos 2018 a falar de tecnologias, com especial ênfase na Eletroerosão, tema a que dedicamos neste número. Um especial que mostra opiniões e conceitos de representantes de empresas, fornecedores e centros de saber com experiência e conhecimento nesta área. Um tema que tem, ao longo dos últimos anos, evoluído e que, como tantos outros, apresenta novas soluções que permitem otimizar recursos e promover a eficiência e eficácia da nossa oferta.

As for the magazine, we start this year speaking about technologies, with particular emphasis to EDM, a subject to which we dedicate a special article in this issue that introduces opinions and concepts presented by companies, suppliers and knowledge centres with experience and expertise in this area. A subject that has evolved over the past years and, like many others, offers new solutions that allow optimizing resources and promoting the efficiency and effectiveness of our offer.

Mas este não é um tema fechado, ao longo dos contactos que fomos tendo com especialistas nesta matéria, identificámos novos temas e áreas de intervenção relacionados com esta tecnologia e seus derivados que, certamente, nos permitirão voltar ao tema, muito em breve, quer através da revista, quer através de seminários ou workshops que venham a ser promovidos e dinamizados pela CEFAMOL.

But this is not a closed subject, with the contacts we have had with experts in this field, we identified new subjects and new areas of intervention related to this technology and its derivatives which certainly will allow us to return to the subject very soon, either through the magazine, seminars or workshops which may be held and promoted by CEFAMOL.

Chamamos ainda a atenção dos nossos leitores para duas temáticas a que temos vindo a dar destaque ao longo das últimas edições: a oferta formativa dedicada ao sector – desta vez, apresentando as Escolas Profissionais de Ourém e de Rio Maior – e os projetos de inovação ou I&D em que as empresas ou instituições da nossa indústria participam.

We also would like to raise awareness of two subject areas that we have been highlighting over the latest issues of the magazine: the training offer dedicated to the sector - presenting in this case the Vocational Schools of Ourém and of Rio Maior - and the innovation projects or I&D in which the companies and institutions of our industry participate in.

Por último, uma referência aos estudos de mercado promovidos pela CEFAMOL, seguindo as orientações estratégicas do sector na diversificação de mercados, e que acreditamos poderem apoiar as empresas nas suas opções de internacionalização. O conhecimento e a informação serão sempre a base para uma boa decisão e confiamos que contribuímos para que tal seja uma realidade.

Lastly, a reference to the market researches promoted by CEFAMOL, following the sector's strategic guidelines regarding market diversification, which we believe can support companies in their options for internationalisation. The knowledge and the information will always be the basis for a good decision and we trust that we have contributed for this achievement.

Votos de um 2018 cheio de conquistas e sucessos!

An excellent 2018 filled with accomplishments and success!


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O MOLDE N116 01.2018

NOTÍCIAS NEWS

Secretária de Estado da Indústria em Almoço-Conferência da CEFAMOL "Indústria de moldes é das que mais prestigia Portugal" "A indústria de moldes é uma das indústrias que mais prestigia Portugal: tem uma visão de futuro e uma ambição internacional que é, de facto, assinalável”. Assim o considerou Ana Teresa Lehmann, secretária de Estado da Indústria, no passado dia 10 de outubro, em São Pedro de Moel (Marinha Grande), no decorrer de um almoço-conferência, organizado pela CEFAMOL e integrado no ciclo de sessões “Engineering & Tooling: Oportunidades e Desafios”. A responsável governamental classificou ainda este como "o sector que se tem imposto internacionalmente como uma referência, mostrando, no mundo, o que de melhor se faz no nosso país". Reportando-se à última década, Ana Teresa Lehmann considerou que esta indústria teve uma evolução "impressionante" por ter conseguido "fazer sempre este upgrade, em inovação e investimento, e ter conseguido, em simultâneo, indicadores tão interessantes, sobretudo no que toca às exportações". Reconhecendo a necessidade de mão de obra qualificada e reiterando o apoio do Governo à formação profissional para o sector e à atração de jovens para a indústria, a secretária de Estado lançou um repto às empresas: "Contamos convosco para um desafio fundamental, algo que

conhecem muito bem, a 'Indústria 4.0'", disse, sublinhando que este processo de mudança "não deve ser visto apenas como um processo tecnológico, mas também como social e transformador". Esta iniciativa contou com a presença de cinco dezenas de participantes, na sua maioria, os responsáveis máximos de empresas do sector. Previamente à sessão pública, as Direções da CEFAMOL e Centimfe, tiveram oportunidade de reunir com a secretária de Estado, fazendo uma breve caracterização do sector e da sua evolução, indicando alguns dos principais constrangimentos que afetam as empresas e a sua dinâmica, sugerindo possíveis soluções para ultrapassar ou minimizar tais desafios.

Instituto Politécnico de Leiria distingue CEFAMOL por mérito socioprofissional A CEFAMOL foi distinguida como entidade de Mérito Socioprofissional pelo Instituto Politécnico de Leiria (IPL), no decorrer da sessão solene de abertura oficial do ano letivo 2017/2018, a qual decorreu a 16 de novembro último, no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria. A distinção foi assinalada com a entrega de um diploma, por Nuno Mangas, presidente do IPL, a João Faustino, presidente da Direção da CEFAMOL, explicando que esta distinção se justifica com o facto da CEFAMOL ser "um parceiro imprescindível para o desenvolvimento e afirmação do Politécnico de Leiria junto do tecido industrial que representa, funcionando como um agente dinamizador e facilitador do relacionamento com as empresas do sector". Diz ainda o presidente do IPL que, para além disso, "é importante salientar o papel da CEFAMOL enquanto parceira de iniciativas conjuntas como sejam o 'Leiria IN – Semana da Indústria', uma iniciativa que já vai na sua 4.ª edição e que visa proporcionar aos jovens do ensino secundário um conhecimento aprofundado da realidade industrial e das empresas da região; o 'Dia Aberto nas Empresas', ação que tem como objetivo aproximar os jovens estudantes do 1.º ano do Politécnico de Leiria da realidade das empresas e dos futuros empregadores, contribuindo para

promover, nestes estudantes, uma melhor integração no mercado de trabalho; e ainda a participação na iniciativa 'IPL Indústria', quer na promoção das bolsas 'IPL Indústria', quer na promoção de estágios profissionais aos estudantes". Mas Nuno Mangas elenca ainda outras razões para esta distinção: "a CEFAMOL tem sido um parceiro indispensável para o desenvolvimento das formações ministradas pelo Politécnico de Leiria, colaborando nomeadamente na melhoria dos planos de estudo das nossas formações, procurando sempre a sua melhor adequação às necessidades do tecido empresarial, e dos processos de investigação, inovação e de transferência de conhecimento". "A nossa homenagem faz-se à associação mas, também, a todas as empresas e empresários do sector", sublinha o responsável do IPL, reforçando que por todas as razões que enumerou "era devida e inevitável a concessão do diploma de Instituição de Mérito, com a distinção de Mérito Socioprofissional, à CEFAMOL, como reconhecimento do seu contributo para o desenvolvimento e participação em projetos de natureza socioeconómica e profissional, dos quais resultaram claros benefícios para a sociedade e para o Politécnico de Leiria". Saliente-se que as distinções honoríficas que o Politécnico de Leiria atribui - propostas pelo presidente da instituição e, de acordo com os estatutos, aprovadas depois pelos conselhos técnico-científicos das escolas que constituem o IPL - pretendem "destacar o papel relevante para a sociedade de instituições e/ou cidadãos, nomeadamente os contributos desses distinguidos para a prossecução da missão do Politécnico de Leiria". Para além da CEFAMOL, na sessão solene foi também distinguida a Universidad de Extemadura (UEX) com o Mérito Científico e Tecnológico.


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Protocolo estreita relação entre CEFAMOL e associação automóvel de Marrocos A CEFAMOL assinou um protocolo de colaboração com a AMICA (Associação Marroquina dos Fornecedores da Indústria Automóvel), que prevê estreitar as relações já existentes entre ambas as associações. O documento identifica várias áreas de intervenção que pretendem promover e dinamizar as relações económicas e de parceria entre empresas dos dois países. Desde já, se salienta a participação da CEFAMOL e seus associados no “Salão de Subcontratação Automóvel“ de Tânger, prevista para abril de 2018.

Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, conta que a deslocação permitiu "perceber que existem muitas oportunidades para a indústria de moldes nacional, nomeadamente junto da indústria automóvel". O responsável sublinha que "há uma interessante aproximação entre os dois países, a nível económico". E isso é confirmado pelos dados do Governo português, segundo os quais, em matéria de relações económicas, mais de 1.300 empresas nacionais estão a exportar para o mercado marroquino, país que registou, no ano passado, um crescimento económico na ordem dos 4%. Manuel Oliveira conta ainda que um dos aspetos interessantes para a indústria de moldes nacional foi a constatação de que "a indústria automóvel em Marrocos se encontra em pleno desenvolvimento, com a instalação de empresas construtoras". São disso exemplo os casos da Renault, já ali instalada, e da PSA (grupo Peugeot Citroen) que prepara a instalação no país. A missão empresarial da CEFAMOL visitou a zona franca de Kenitra, futura localização dessa unidade.

A assinatura deste protocolo teve lugar durante a realização de uma missão empresarial que a CEFAMOL promoveu em Marrocos, nos passados dias 5 e 6 de dezembro, e que coincidiu com a 13ª Cimeira Luso-Marroquina, presidida pelos primeiros-ministros de ambos os países, e que contou ainda com a presença, na representação portuguesa, de dois ministros (da Economia e do Mar) e dos secretários de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, da Modernização Administrativa e da Energia.

Integrada no programa da cimeira entre os dois países, teve lugar um fórum empresarial luso-marroquino, que permitiu às empresas portuguesas reforçar o seu conhecimento sobre o desenvolvimento do mercado e estabelecer um conjunto de contactos e interligações com alguns players da economia local. No âmbito desta missão, houve ainda a oportunidade para a realização de visitas a empresas de injeção de plásticos, estabelecidas na região de Casablanca. Para além de representantes das duas associações (CEFAMOL e AFIA) a missão integrou nove empresas: Batista Moldes, Epedal, Inapal Metal, Itecmo, Kirchhoff Automotive, Moldene, Moldoeste, O2A e TJ Moldes.

A missão da CEFAMOL integrou-se no âmbito do projeto de promoção internacional “Engineering & Tooling from Portugal” e foi realizada em parceria com a AICEP e a Associação de Fornecedores da Indústria Automóvel (AFIA).

Sector discute “Internacionalização em Cooperação” Inserido no projeto “Tool2Market”, a CEFAMOL dinamizou, no passado dia 10 de outubro, o workshop "Internacionalização em Cooperação", no decorrer do qual foi apresentado o estudo promovido pela associação dedicado ao mesmo tema. Esta iniciativa pretende sensibilizar e capacitar as empresas, para diferentes modelos de cooperação e interação no mercado, que

dinamizem a sua internacionalização, sendo esta uma excelente oportunidade para as empresas ganharem dimensão e gerarem massa crítica que permita minimizar riscos e aplicação de recursos, conseguindo assim tornarem-se mais fortes e competitivas e seguir alguns dos seus principais clientes a nível global. José Camacho, da Business Innovation & Industrial Dynamics (BIID) foi um dos oradores convidados para falar sobre o tema e apresentar o guia desenvolvido, onde, para além da análise de vários modelos de internacionalização, se apresentam diversas recomendações às empresas, entre as quais, a possibilidade de desenvolverem “redes” ou "alianças estratégicas" com diferentes tipologias de parceiros. A sessão terminou com o debate do tema por representantes do sector. Os empresários, João Faustino (TJ Moldes) e Nuno Silva (Moldit), partilharam com os presentes alguma da experiência que têm nesta temática falando, por exemplo, de projetos em curso, alguns ainda em fase embrionária, mas que permitem ganhar experiência e ilações importantes para um novo modelo de presença no mercado internacional.


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CEFAMOL apresenta "Guia para a Internacionalização em Cooperação" Trata-se de um estudo, encomendado pela CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes, e plasmado num documento com 74 páginas, sobre a “Internacionalização em Cooperação” das empresas do sector de moldes, apontando como vantagens a possibilidade de uma participação efetiva nos processos e nos planos desenvolvidos e o acesso a países e a mercados integrados no âmbito macrorregional. O investimento direto no estrangeiro pode ser uma das respostas a algumas das condicionantes que se colocam, atualmente, à indústria de moldes no acompanhamento dos seus clientes a nível global. Tal investimento poderá permitir ultrapassar a situação de elevada dependência (das empresas portuguesas) de mercados tradicionais que pode ser entendida como uma vulnerabilidade. Possibilita também "contornar o que a estatística evidencia: a concentração da atividade comercial internacional nas grandes áreas geográficas", assumindo ainda "um papel de relevo no processo de diversificação de sectores clientes, nos casos em que a localização de atividades, junto de clusters ou polos pré-existentes e consolidados, pode constituir o fator necessário para criar laços, parcerias e desenvolver negócios". Estas são algumas das conclusões do “Guia para a Internacionalização em Cooperação”. "Esta iniciativa pretende sensibilizar e capacitar as empresas para diferentes modelos de cooperação e interação no mercado, que dinamizem a sua internacionalização", explica Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL. A ideia-chave do documento é a cooperação: internacionalizar, mas não sozinho. O estudo defende, como recomendação, a criação de alianças

estratégicas entre as empresas como "um instrumento metodológico adequado".

Estratégia A CEFAMOL e o Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos (Centimfe) "podem criar instrumentos e desenvolver ações facilitadoras" à internacionalização em cooperação, como a criação de "uma base regional de formação e de inteligência competitiva", o aprofundamento da participação em projetos de integração regional, defende o estudo que realça também a necessidade de se manterem os modelos tradicionais de abordagem aos mercados internacionais (como as missões empresariais ou a participação coletiva ou individual em feiras). Aconselha ainda a que seja mantida a gestão da comunicação da marca coletiva “Engineering & Tooling from Portugal” - em sintonia com a empresa gestora Pool-Net - devendo apostar-se ainda na "constituição de um embrião de um serviço com competências especializadas como elemento facilitador da identificação, constituição e de apoio à gestão de alianças estratégicas". No estudo é também proposto um modelo a seguir no que diz respeito ao planeamento da aliança entre as empresas, sublinhando a importância se considerarem questões como a seleção dos parceiros, a negociação e estrutura, a operacionalização e gestão e o controlo e performance da aliança, na lógica de cada um dos parceiros. A estratégia definida e aconselhada surge como o resultado de uma rigorosa análise (que faz parte deste guia) à evolução económica dos mercados, no sector de moldes e plásticos, nos últimos anos, mas também à evolução do próprio sector nas últimas décadas.

Serviço exclusivo às empresas associadas.


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“Fakuma” termina com balanço positivo Representação portuguesa desperta interesse de imprensa alemã Saldou-se pela positiva a participação da CEFAMOL, juntamente com 26 empresas portuguesas na “Fakuma”, uma das mais importantes feiras mundiais para o sector dos plásticos e sua cadeia de valor, que decorreu entre 17 a 21 de outubro, no Centro de Exposições de Friedrichshafen, na Alemanha. "Penso que, de um modo geral, todas as empresas ficaram agradadas com esta participação", contou, em jeito de balanço, João Faustino, presidente da CEFAMOL. Um dos pontos interessantes foi a curiosidade que a representação nacional despertou junto da imprensa alemã. A CEFAMOL foi contactada, inicialmente, por algumas revistas especializada do sector dos plásticos, vindo a ser, mais tarde, visitada por um canal de televisão especializado nesta fileira industrial - a Plastiale.tv - que está a produzir uma reportagem centrada, sobretudo, na estratégia de promoção internacional do sector de moldes português. "Foi muito gratificante perceber este interesse. Por aquilo que apurámos, centrou-se na representação portuguesa pelo seu peso e importância como fornecedor de moldes à Alemanha ", explica. Este trabalho televisivo incidiu também no papel da CEFAMOL e da Pool-Net, tendo os responsáveis por

estas duas associações sido entrevistados. "O que se pretendeu foi dar a conhecer e dinamizar as nossas valências enquanto produtores de moldes para a Europa e abordar um pouco o papel da CEFAMOL e da Pool-Net como entidades representativas do sector", adianta João Faustino. Quanto à “Fakuma”, o presidente da CEFAMOL sublinha que se trata de uma feira onde vários dos produtores nacionais de moldes já marcam presença há muitos anos e, uma vez mais, "foi positiva". Classificando a “Fakuma” como "das melhores feiras do sector", justifica que se trata de um certame, até pela localização geográfica, onde "marcam presença todos os que procuram fornecedores de moldes, independentemente da localização". A representação portuguesa, acrescenta, "teve muitos visitantes de vários pontos da Europa, nomeadamente, central e de leste". "A 'Fakuma' é uma feira onde há análise das várias capacidades - sejam portuguesas ou estrangeiras - do sector dos moldes", explica ainda. "No sector, existe sempre aquela expectativa de como vão ser os próximos meses, em termos de encomendas e de volume de trabalho. Esta feira e o contacto que permite, é importante para as empresas receberem o feedback dos clientes relativamente a novos projetos", considera.


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Missão da CEFAMOL ao Japão atinge objetivos Saldou-se pela positiva a missão empresarial da CEFAMOL, ao Japão. "A deslocação permitiu-nos conhecer um pouco da realidade da indústria de moldes no Japão, desde a dinâmica deste mercado às tecnologias de que dispõe", conta Manuel Oliveira, secretário-geral da associação, sublinhando que, por isso, a missão "correu de forma positiva e dentro das nossas expectativas". Contando com a participação de dez empresas, a Pool-Net e ainda com a Universidade do Minho, esta deslocação decorreu entre os dias 23 e 27 de outubro. Permitiu aos participantes conhecer melhor a realidade da indústria local - "Percebemos que o sector tem uma relação próxima com os seus clientes no mercado interno japonês e que as operações fora do Japão são, sobretudo, com as empresas japonesas que se estabeleceram no estrangeiro. Ou seja, seguem os seus clientes dentro e fora do país", explica Manuel Oliveira.

cooperação com a Nagano Techno Foundation, envolvendo entidades locais dos dois países e, no caso nacional, também a Universidade do Minho. Desde então, têm-se efetuado encontros regulares, com a realização de várias ações, todos os anos, ora em Portugal, ora no Japão. Esta missão, adiantou Manuel Oliveira, permitiu não só "um reforço desta relação" como também tomar conhecimento dos mais recentes projetos em curso promovidos pelos parceiros "perspetivando o desenvolvimento de áreas de cooperação para o futuro".

Uma postura que os participantes na missão consideraram "muito interessante" e que permitiu, dentro do grupo português, ir comentando, entre si, as diferenças de estratégia que iam encontrando, concluindo sobre a melhor forma de interagir com as empresas japonesas localizadas, por exemplo, na Europa.

O programa da missão, para além da visita a várias regiões - contactos empresariais - contemplou também a participação na “International Plastics Fair” (IPF) que, reunindo 800 expositores, decorreu na Makuhari Messe, em Tóquio. "Permitiu o contacto com muitas empresas locais - a grande maioria dos expositores eram japoneses - mas também possibilitou conhecer muito do desenvolvimento tecnológico para a nossa indústria e para o sector dos plásticos. O Japão tem uma grande base de conhecimento e tecnologia que chega a outros mercados e foi possível observar isso nesta feira", sublinha o secretário-geral da CEFAMOL.

"Um dos desafios por que passa, também a indústria japonesa, é a necessidade de atrair juventude. Não têm a carência que se nota no sector, seja em Portugal, seja noutros países da Europa, mas é também uma questão que os preocupa", adiantou Manuel Oliveira.

Nesta missão, a CEFAMOL fez-se acompanhar pelas empresas A. Silva Godinho, Exportools, Moldit, MoldWorld, Iberomoldes, Geocam, Portumolde, Tebis, Iber-Oleff e ainda pela Pool-Net e Universidade do Minho.

O Japão é um mercado que a indústria portuguesa de moldes tem acompanhado de há alguns anos a esta parte. Inclusivamente, há três anos, o cluster “Enginneering & Tooling” celebrou um protocolo de


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“Plastimagen”: Empresas portuguesas satisfeitas com feira no México Saldou-se pela positiva, a participação coletiva da indústria portuguesa de moldes na feira “Plastimagen”, que decorreu entre 7 e 10 de novembro, na Cidade do México. Nesta representação, a CEFAMOL, fez-se acompanhar por 16 empresas que, no seu conjunto, ocuparam um dos pavilhões do certame, numa área de 382 metros quadrados. Uma representação de dimensão assinalável, que se destacou e até recebeu elogios, quer da organização, da imprensa local e de muitos visitantes. "Foi uma participação que se saldou pela positiva. No final, as empresas portuguesas mostravam-se satisfeitas", explicou Patrício Tavares, da CEFAMOL, adiantando que "a 'Plastimagen' é uma feira dedicada ao sector dos plásticos e toda a sua cadeia de valor, mas de características muito específicas, muito focada na indústria interna mexicana". No que diz respeito aos visitantes, Patrício Tavares explicou que se destacou o interesse que demonstraram pelo sector de moldes português, proporcionando às empresas nacionais presentes estabelecer "bons contactos".

A representação nacional recebeu a visita do delegado da AICEP Portugal no México, Álvaro Cunha, que esclareceu algumas das empresas em relação a questões específicas sobre o mercado mexicano. O responsável da AICEP manifestou-se "otimista em relação à presença dos moldes portugueses" naquele país e disponível para apoiar as empresas que pretendam desenvolver aí negócios, contou ainda Patrício Tavares. A CEFAMOL fez-se acompanhar, nesta feira, pelas empresas Batista Moldes, Frumolde, Geco, JDD Moldes, Mexportools, Moldes RP, Moldoeste, Moliporex, Pearlmaster, Prifer, Socem, SRFAM, Steelplus, Tecnifreza, Tecnimoplas e Wattcool.


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CEFAMOL realiza 'Roadshow' no México em 2018 A CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes vai realizar, em 2018, um 'roadshow' de carácter inovador no México. Nesse âmbito, a associação propõe-se levar empresas nacionais a participar em dois eventos, na zona centro daquele país, nos quais o sector português nunca marcou presença de forma coletiva: a “Expoplast” (uma feira que se realiza em novembro, em Guadalajara) e o 'Foro Proveeduría Automotriz (um importante evento do sector automóvel, que também tem uma mostra incorporada, e que se realiza em outubro, na zona de León). O anúncio foi feito no decorrer do seminário “México: Oportunidades de Mercado e Internacionalização” que, organizado pela CEFAMOL, teve lugar no dia 23 de novembro, nas instalações da incubadora OPEN, na Marinha Grande, tendo como objetivo dar a conhecer às empresas do sector as potencialidades deste mercado que tem crescido, nos últimos anos, como destino das exportações da indústria nacional. Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, explicou que a participação nestes eventos complementa a abordagem ao mercado e o trabalho de promoção do sector que a associação tem vindo a desenvolver naquele país, um destino que assume uma importância cada vez maior para as exportações desta indústria. Com efeito, sublinha o responsável, até setembro de 2017, o valor das exportações do sector para o mercado mexicano "já ultrapassou o total do ano de 2016". Nesse ano, o México integrava a lista dos dez principais mercados da indústria de moldes portuguesa, na sexta posição, representando 4% do total. "A abordagem que temos programada tem ações novas e projetos diferentes", afirmou Manuel Oliveira, convidando as empresas a participar com a CEFAMOL, quer na modalidade de stand coletivo - uma metodologia que tem sido usada, com bastante sucesso, em alguns certames no estrangeiro - ou através de stands individuais. "O México oferece muitas oportunidades. Pela forma como está a crescer, é muito interessante e tem carência de novos negócios", explicou, sublinhando que a CEFAMOL "está disponível para apoiar as empresas que tenham

interesse neste mercado". Em 2017, a CEFAMOL organizou a participação coletiva em duas feiras: a “Automotive Meetings Queretaro” e a “Plastimagen”, para além de ter desenvolvido missões empresariais naquele país e de ter trazido a Portugal alguns potenciais clientes a visitar empresas do sector. Foram realizados, também, alguns workshops sobre o mercado mexicano. Um dos principais destaques deste trabalho foi a publicação, apresentada no dia 23 de novembro, do 'Case Study - México Criação de uma Unidade de Apoio', integrado no projeto “Internacionalização em Cooperação”. Este documento, de cem páginas, explica o processo de apoio à criação de uma unidade produtora de moldes no mercado e os passos a desenvolver para a mesma. "Este modelo (de cooperação) é possível, mas é preciso que as empresas saibam discutir os objetivos e definir bem as regras do modelo a seguir", considerou Manuel Oliveira, sublinhando que "é possível, não apenas para o México, mas também para outros mercados".

“Tebis Tech Days” - Apresentação de sistema de planeamento e gestão atraiu indústria “Introdução da 'Indústria 4.0' na produção de moldes e matrizes” foi o tema de um seminário, organizado pela Tebis com o apoio da CEFAMOL, que decorreu no dia 23 de outubro, na Batalha. O evento atraiu grande número de participantes - mais de sete dezenas - oriundos de várias empresas do sector de moldes, que demonstraram grande interesse pelas potencialidades do sistema que a Tebis comercializa: a versão 4.0 do software 'ProLeiS'. Coube a Robert Albur e Sven Witte, Gerente e Diretor da Tebis ProLeiS (Alemanha), respetivamente, fazer a apresentação deste sistema de planeamento e controlo de processos que visa reduzir tempo e gastos na produção de moldes, desde a fase de pré-planeamento até à montagem. Ambos defenderam, perante os presentes - técnicos das empresas, na sua maioria - que "o grande desafio que

hoje se coloca às empresas é a estandardização de processos", frisando que o sistema que a empresa comercializa pode, aí, "trazer enormes vantagens". Apresentaram casos práticos, falando de reduções em tempos de fabrico de alguns componentes e de aceleração de processos geradores de ganhos "na ordem dos 70%". A apresentação foi muito dinâmica, com a plateia a colocar várias questões e a levantar dúvidas sobre as potencialidades do sistema, nas várias fases do processo de fabrico do molde: desde a entrada da encomenda até ao produto acabado, passando pelo planeamento, projeto, programação, maquinação, montagem e controlo da qualidade. O seminário integrou-se no conjunto de iniciativas que decorreram em 2017, dedicadas à indústria de moldes, sob a designação de “Tebis Tech Days”.


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Seminário apresenta oportunidades no Leste da Europa e Golfo Pérsico “Golfo Pérsico e Europa de Leste: Oportunidades de Mercado e Internacionalização” foi o tema de um seminário, organizado pela CEFAMOL, que decorreu no dia 20 de dezembro, na incubadora OPEN, na Marinha Grande. O evento, que se destinou prioritariamente a empresários e quadros dirigentes da indústria de moldes e ferramentas especiais, teve como ponto principal a apresentação de dois estudos, produzidos pela associação, para os mercados da Europa de leste (Roménia e Bulgária) e do Golfo Pérsico (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar). Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, explicou que a elaboração dos estudos se insere na estratégia de diversificação de mercados levada a cabo pela associação e cuja finalidade é, dando a conhecer as suas potencialidades, permitir às empresas do sector "encontrar novas oportunidades de negócios". "Existe uma natural tendência para o que são os mercados tradicionais, como a Espanha ou a Alemanha, mas há que olhar para o mundo e procurar novas oportunidades", defendeu, frisando que, com esse objetivo em mente, a CEFAMOL "tem trabalhado em várias ações, desde o conhecimento do 'terreno', através das missões ou feiras, até à elaboração de estudos e análises que permitam conhecer melhor outras regiões". Coube a José Camacho, da Business Innovation & Industrial Dynamics (BIID) fazer a apresentação dos estudos. Como introdução, o responsável salientou que se trata de mercados com características muito diferentes. "O mercado do Golfo Pérsico é um mercado de futuro, onde a

componente principal é estar presente para poder antecipar o futuro", afirmou. Já nos mercados do leste da Europa, considera que a componente principal, uma vez que há já empresas portuguesas a trabalhar essa região, "é alargar a nossa intervenção, ou seja, criar pontes para as indústrias presentes, tendo em atenção as cadeias de valor em que estas estão envolvidas". Os estudos referem que, quer num, quer noutro mercado, há vantagens a considerar. "O que encontramos no Golfo Pérsico tem a ver com aspetos de intervenção política dos Estados, no sentido de criar uma diversificação importante no que é o seu negócio principal: o petróleo. As bases industriais estão a ser instaladas neste momento e a lógica é positiva, bem como os instrumentos que estão em curso", explica. No caso da Roménia e da Bulgária, salienta, "o que estamos a assistir é a expansão da integração desses dois países na União Europeia e nos seus sistemas industriais, logo o que é possível encontrar, do ponto de vista das empresas portuguesas, são instrumentos de natureza industrial ou sectorial que são muito semelhantes aos que conhecemos no nosso país". Mas nem tudo são vantagens e, por isso, aconselha José Camacho, é preciso alguma cautela na decisão de avançar. "O Golfo Pérsico é, do ponto de vista da distância psíquica (que tem em conta, para além da distância física, as diferenças culturais), um mercado que está mais longe de nós e a nossa abordagem tem de ser mais cautelosa", considera, referindo que, no que diz respeito à Roménia e à Bulgária, "são mercados que já conhecemos, onde as regras são relativamente semelhantes e a abordagem é muito mais fácil e mais franca".

Oportunidades a Leste "Europa de Leste - Oportunidades para a Indústria de Tooling” é um estudo de oportunidades para a indústria de moldes portuguesa na Bulgária e Roménia, mas que inclui também informações sobre o comércio internacional de tooling em seis outros países de leste: Polónia, República Checa, Eslováquia, Eslovénia e Croácia. O estudo, um documento de 98 páginas, considera que o nível de comércio da Bulgária e da Roménia com Portugal é limitado, tendo, no entanto, potencial de crescimento. "Há visão, quer dos países, quer de empresas, em processo de integração nas redes industriais globais, em particular nos sectores automóvel e aeronáutico, com dinâmica de crescimento", refere. "O crescimento da presença nestes mercados passa pela integração em projetos e em encomendas conjuntas ou complementares com as das empresas e subsidiárias de multinacionais aí instaladas", ressalva ainda o estudo. Aconselha que sejam realizadas ações ao terreno, como missões, participação em feiras, visitas a empresas, comunicação da marca coletiva, entre outras. Sublinha também que ambos os países acedem a instrumentos europeus e locais no domínio da formação, da competitividade e da investigação e desenvolvimento que podem ser utilizados para criar parcerias e novas possibilidades de entrada no mercado. As exportações portuguesas para o leste da Europa foram, em 2016, de

106,4 milhões de euros. Nos moldes para plástico e borracha, Polónia e República Checa detinham, em 2016, a quarta e quinta posições como principais destinos, com 6,4 e 5,5% respetivamente, e correspondendo a 37 e 32 milhões de euros. Bulgária e Roménia Em termos de caracterização, recorrendo a vários estudos e análises, este documento da CEFAMOL considera que a Bulgária "enfrenta um processo de aprendizagem desafiante", destacando que a produção industrial cresceu cerca de 2,8%, em 2016. "Mas o seu maior problema é a falta geral de estratégia e de visão sobre o seu próprio papel na União", refere o estudo. As importações de moldes para plásticos ou borracha são, atualmente, oriundas, sobretudo, da China e tem a indústria automóvel num lugar sólido da economia do país, representando 3,5 % do PIB. A Roménia é considerada também como um mercado interessante. "Espera-se que o seu crescimento económico se situe nos 4%, em 2017, e continue nos anos seguintes", aponta o estudo. Os maiores projetos novos estão na indústria automóvel. O número de automóveis produzidos quase que duplicou nos últimos 10 anos, atingindo 387 mil, em 2015. Para além disso, a indústria aeroespacial tem forte presença, com um conjunto alargado de fabricantes de produtos e componentes.


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Seminário apresentou inovação em fresagem e furação - "tinha peças que demoravam dez horas a fazer e, com as nossas ferramentas e com os ciclos adequados, reduziu esse tempo para duas ou três horas". A MAPAL, criada em 1950, está presente em 46 países. As suas ferramentas têm sido direcionadas para a indústria automóvel, dispondo neste momento de uma gama direcionada para a indústria de moldes, sublinhou ainda Rui Moreira.

“Inovações em fresagem e furação”, foi o tema do seminário que decorreu no dia 3 de outubro, no auditório do Edifício da Resinagem, na Marinha Grande. Tratou-se de uma organização conjunta da CEFAMOL, da empresa MAPAL (e do seu representante português, ALAMO) e da empresa BM2 Tools e que contou com a presença de quase uma centena de profissionais de várias empresas da indústria de moldes. "O objetivo destas novas ferramentas é melhorar a produtividade da maquinação. A qualidade é um item que tem de estar sempre assegurado. O que estas ferramentas proporcionam é uma melhoria muito considerável no tempo de fabrico", explicou Rui Moreira, gerente da ALAMO que representa a marca alemã MAPAL no nosso país. "A adoção das novas soluções permite às empresas melhorar muito o tempo o que, hoje em dia, é muito vantajoso e importante", adiantou o responsável, contando que uma das empresas com que trabalham, a BM2 Tools - que foi, no final do seminário, visitada pelos participantes

Na apresentação, os técnicos da empresa alemã asseguraram uma redução nos tempos de fabrico, com benefícios de custos para as empresas, nas suas várias soluções em sistemas de fresagem e furação mas também no sistema de armazenamento e de gestão de ferramentas, que disponibilizam à indústria. Após o seminário, houve oportunidade para os participantes observarem, em tempo real, o desempenho das ferramentas, através de uma visita aos centros de maquinação da empresa BM2 Tools. Leandro Ferreira, responsável por esta unidade - criada há cerca de dois anos e meio pelo Grupo Batista Moldes e que se dedica ao fabrico de estruturas - explicou que as ferramentas que usam permitem "assegurar o rigor e a qualidade do que fazemos, que é o nosso objetivo principal, mas permitem-nos ganhar em tempo". "O desejo dos clientes é que o molde funcione bem, sem problemas. Uma ferramenta adequada permite-nos conseguir isso e, hoje em dia, com a exigência de rapidez que nos impõem, estas ferramentas têm sido uma mais-valia", afirmou.

Golfo Pérsico quer diversificar “Golfo Pérsico: Oportunidades para a Indústria de Tooling no Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos", é o tema do estudo apresentado pela CEFAMOL. Um documento que, com 108 páginas, faz uma caracterização exaustiva de uma economia que procura alternativas à forte dependência do petróleo. Chama ainda a atenção que, pela localização geográfica, está muito próxima de zonas de grande instabilidade. Segundo o estudo, "as economias do Conselho de Cooperação do Golfo evoluíram significativamente na última década, mas é necessária uma maior diversificação". Dá conta que estes estados têm estratégias para o desenvolvimento sustentável de forma a reduzir a dependência das receitas petrolíferas (que têm baixado) e aumentar a criação de emprego no sector privado. O documento explica que têm havido várias políticas e iniciativas para melhorar o clima dos negócios, concluindo que as reformas introduzidas têm melhorado o arranque e licenciamento de empresas, definido políticas de concorrência, e outras questões como os direitos de investidores e consumidores e leis relacionadas com as empresas.

Oportunidades Na indústria de moldes, as importações e exportações nestes países são muito reduzidas devido à limitada capacidade produtiva existente. Na Arábia Saudita, a China foi o principal parceiro, de onde importou 22,8% do total, em 2015. Mas há ainda importações de outros mercados, ainda com pouca expressão, como Luxemburgo, Suíça ou Alemanha. A região está, no entanto, entre os maiores mercados do consumo de automóveis, tendo as importações atingido 38 biliões de dólares, em 2013.

A Arábia Saudita encabeça esta lista e tem projetos para desenvolver a industria automóvel, incentivando investimentos locais e estrangeiros. É neste país que se localiza a sede da Saudi Basic Industries Corporation (SABIC), um dos líderes mundiais em tecnologia relacionada com a transformação do plástico, sendo responsável por 60% dos materiais poliméricos usados hoje na indústria automóvel. Os Emirados Árabes Unidos têm planos para um novo e importante centro automóvel, em Abu Dhabi, que visa estender-se por 12 km2 de terrenos e prevê a instalação de várias marcas automóveis. O país tem já uma presença considerável de fabricantes de componentes e quer aumentar também as oportunidades na indústria aeroespacial. Quanto ao Qatar, mostra-se recetivo a projetos de investimento de novos produtos e tecnologias que deem destaque às matérias-primas locais e indústrias que promovam a exportação. Oferece algumas vantagens para os investidores estrangeiros, onde se destacam algumas isenções fiscais.



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CENTIMFE A Web Summit na perspetiva do Cluster de “Engineering & Tooling”

O Centimfe participou pela segunda vez na Web Summit com o objetivo de acompanhar as principais tendências tecnológicas e de que modo essas tendências poderão ter impacto no

cluster de “Engineering & Tooling”. Encontra-se disponível um artigo sobre as principais tendências de médio e longo prazo no sector automóvel apresentadas na Web Summit 2017. Esta é uma atividade do projeto “TransConTech”, promovido no âmbito do Sistema de Apoio às Ações Coletivas, apoiado pelo Compete 2020.

http://transcontech.centimfe.com/

BALANÇO DA ATIVIDADE FORMATIVA 2017 O Centimfe deu cumprimento ao Plano de Formação Externo para 2017 com a realização de 21 ações de formação inter e intraempresas. Foram abrangidos um total de 300 formandos, o correspondente a 2000 horas de formação. O plano abrangeu mais de 100 empresas do cluster “Engineering & Tooling”. Brevemente será divulgado o Plano de Formação Externo para 2018 em www.centimfe.com

CENTIMFE DÁ O SEU CONTRIBUTO PARA A REFLORESTAÇÃO DO PINHAL NACIONAL DE LEIRIA A equipa do Centimfe – Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos, decidiu este ano oferecer à Câmara Municipal da Marinha Grande, duzentas árvores (pinheiros bravos, pinheiros mansos e sobreiros) que irão ser conjuntamente plantados num espaço adequadamente preparado pela autarquia, para o efeito. Esta iniciativa surge de forma natural e genuína no seio do Centro Tecnológico, localizado na Marinha Grande, face aos trágicos acontecimentos, representando assim um ato de solidariedade e de responsabilidade social, de todos os colaboradores, órgãos sociais e respetivas famílias, num contributo para o futuro deste território.

Projeto “TAKE-OFF – Building Global Technology Entrepreneurs for Advanced Materials” Se tem uma ideia de negócio na área dos materiais avançados, é empreendedor e quer lançar a sua empresa, está na hora de “descolar”.

O projeto “TAKE-OFF - Building Global Technology Entrepreneurs for Advanced Materials” pode ajudar! Este projeto é coordenado pelo CITEVE, em parceria com o CTCV, CENTIMFE e a UBI.

Mais info: https://lnkd.in/g4YqMis ou inovacao@centimfe.com



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Open PROTOLOCO DE INOVAÇÃO: NOS E OPEN CRIAM LABORATÓRIO DE DESIGN E DESENVOLVIMENTO DE HARDWARE A NOS e a OPEN assinaram no dia 13 de dezembro um protocolo para a criação de um modelo único no panorama de I&D nacional: um laboratório de design e desenvolvimento de hardware com vista à construção de novas soluções de “connected devices”. A NOS, como referência nas áreas de inovação e 'Internet of Things' (IoT) e consciente dos enormes desafios dos seus clientes na procura de soluções diferenciadoras para os seus negócios, toma a iniciativa de criar um ecossistema de desenvolvimento e inovação de hardware. Neste sentido, a NOS e a OPEN formalizaram uma parceira que visa estabelecer um Laboratório Aberto de Desenvolvimento de Hardware nas instalações da OPEN, na Marinha Grande. A Academia, o ecossistema nacional de startups e os empreendedores serão desafiados ao desenvolvimento de novos equipamentos ligados à internet capazes de trazer benefícios nas operações, nos serviços e na relação com o cliente das principais empresas nacionais. Estes desafios

tecnológicos serão não só abrangentes, de carácter sectorial, como específicos a “use cases” e a necessidades concretas. No seguimento deste protocolo, a NOS irá instalar, no início de 2018, os meios necessários para a criação deste laboratório. A primeira fase passará pela disponibilização de espaços devidamente infraestruturados para a instalação provisória dos projetos em fase de experimentação, prova de conceito e estudo de mercado. Estes espaços servirão ainda de suporte às atividades de promoção e sensibilização para o empreendedorismo a realizar no âmbito desta iniciativa. A parceria contará também com a participação da WeADD, que irá contribuir com a sua experiência na engenharia, design e inovação de produto, colaborando com a NOS na gestão dos projetos em toda a cadeia de valor dos desafios, desde a criação e desenvolvimento de ideias à prototipagem e ao desenvolvimento de produto.

OPEN dinamiza o Projeto “Dá-te a Conhecer” A OPEN está a dinamizar o projeto “Dá-te a Conhecer”, aprovado no âmbito da medida SIAC, com o intuito de apoiar a internacionalização da OPEN. Este projeto pretende contribuir para a promoção do espírito

empresarial, o aumento do investimento estrangeiro em Portugal e o regresso dos emigrantes qualificados, sempre baseado em redes de cooperação e com o fim último de criação de novas empresas.

Programa “Materializa” O Centro de Desenvolvimento Rápido e Sustentado de Produto do Instituto Politécnico de Leiria, em parceria com a OPEN, a Portugal Venture e o Centro de Transferência Tecnologia do IPL lançaram a 2ª edição do programa “Materializa”. Esta é mais uma ação a ser dinamizada no

âmbito do protocolo assinado entre a OPEN, o Instituto Politécnico de Leiria, e a Portugal Ventures. Trata-se de um programa de apoio à concretização de projetos e ideias com o objetivo de valorização do conhecimento, realização pessoal e profissional. As candidaturas estão abertas até 31 de Janeiro de 2018. Vem materializar a tua ideia. Concorre. http://materializa.ipleiria.pt


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OPEN Promove 11ª Semana Nacional de Business Angels No passado dia 14 de novembro, o CLUBE OPEN Business Angels dinamizou o workshop "Oportunidades nos Sectores Agro-Alimentar e Mar". Este evento decorreu no âmbito da 11ª Semana Nacional de Business Angels, promovida pela FNABA. O workshop iniciou com a apresentação do CLUBE OPEN Business Angels e o desafio para que novos projetos surjam para serem apoiados. A OPEN encontra-se a dinamizar o projeto “ReInova – Agro-Food Innovation” em parceria com várias entidades portuguesas e espanhola, com vista a desenvolver uma metodologia internacional de aceleração de ideias com vista à inovação de produtos tradicionais do sector agro-alimentar. Este projeto foi apresentado no decurso do evento e lançou o desafio para que os empreendedores ou a empresas concorram ao programa “ReInova” para acrescentarem valor aos seus produtos, aumentando o potencial de exportação. O ponto alto do workshop aconteceu com a apresentação de dois casos de sucesso no sector agro-alimentar: Cacao Di Vine e Campotec. Segundo Nuno Jorge e Jorge Soares, o sector agro-alimentar apresenta vastas oportunidades, com grande potencial, mas também muitos desafios. Embora as duas apresentações tenham evidenciado dificuldades a diversos níveis, a principal conclusão que se pode retirar

é que as mesmas só podem ser ultrapassadas através da inovação nos produtos, como sejam a embalagem, o modo de apresentação e a qualidade do produto. O evento contou ainda com a apresentação das medidas de apoio dinamizadas pela ADAE, com principal destaque para ADAE MAR 2020, que visa apoiar projetos inovadores ligados ao mar, nas freguesias da Marinha Grande, Vieira de Leiria e Coimbrão. O 23º Jantar Vínico-Gastronómico contou com a apresentação dos vinhos Herdade do Portocarro.


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A HETO – Manufacturing Technologies, S.A. é uma startup que tem na sua base a criação de máquinas de processo para a produção de moldes. Esta nova gama de produtos está a ser promovida através da marca Moldmak e apresenta um conceito inovador de máquinas CNC cujo processo de investigação e desenvolvimento teve como principal foco otimizar a área das empresas que atuam no sector de produção de moldes. A principal vantagem das máquinas Moldmak advém da sua capacidade multitarefa, já que integra num equipamento a capacidade de uma fresadora de grande porte, um centro de maquinação 3 + 2, radial, uma mandriladora, e um engenho de roscar e tridimensional. Esta capacidade permite realizar, com qualidade, todas as operações de fresagem dos moldes com apenas dois setups de peça. A possibilidade de realizar todas estas tarefas no mesmo equipamento, permite atingir significativos ganhos de eficiência, já que anula o tempo consumido em cada um dos setups de peça normalmente necessários em cada equipamento. Esta otimização do processo, reduz de forma considerável o tempo necessário para a produção de cada um dos moldes, permitindo por essa via um aumento da capacidade produtiva.

A Moldmak oferece Centros de Maquinação Horizontal, com capacidade angular e mesa rotativa, que permitem realizar com precisão operações de fresagem e furação profunda. A cinemática desenvolvida para estas máquinas permite uma flexibilidade extrema para alcançar as áreas de fresagem normalmente mais restritas. A Moldmak oferece servo-controladores digitais CNC de última geração, com aplicações de software que monitorizam em detalhe e gerem a produção de KPI's, antecipam eventos e analisam as tendências dos processos, em total alinhamento com a 'Indústria 4.0'.

A INOGRAVE é uma empresa de texturização e gravação em moldes, fundada em 2004, por dois sócios, passando a ser gerida, em 2017, apenas por António José, com mais de 25 anos de experiência na área e com o gosto e a vontade de inovar para satisfazer os seus clientes. Há dois anos, a INOGRAVE mudou de instalações para uma área de 800 m2 com capacidade de elevação de 10 T, encontrando-se atualmente num espaço novo, amplo, adaptado às novas necessidades e oferecendo todas as condições aos colaboradores e para visita dos clientes. A sua localização é estratégica, em Oliveira de Azeméis, à saída do IC2, numa zona onde se encontram implantadas inúmeras empresas de fabricação de moldes. A empresa conta com 9 colaboradores, detentores de experiência no sector e aposta no desenvolvimento dos padrões das texturas, com o intuito de abranger todo o tipo de mercado. A ação da empresa divide-se, fundamentalmente, em 3 áreas: gravação e texturas a laser e texturas químicas.

A INOGRAVE prima pela rapidez e flexibilidade nos serviços que presta (certificada pela ISO 9001:2015). Atualmente, tem parcerias em Itália, Polónia e EUA, com o objetivo de criar novos desenvolvimentos na área das texturas. Os serviços da empresa são direcionados para os sectores do calçado, aeronáutico, alimentar, automóvel e afins.


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A ITECMO é uma empresa de origem familiar que soube manter-se fiel às suas origens, evoluindo, gradualmente, ao longo das últimas três décadas. Graças á experiência adquirida e ao investimento em equipamentos modernos está hoje habilitada a construir diferentes tipos de moldes de injeção para a indústria de plásticos (bimaterial, injeção com gás, injeção com água, protótipos, etc…) até 16 toneladas. Oferece um serviço “chave na mão” que contempla o projeto do molde a 3D, programação, maquinação, montagem, ensaios do molde, expedição e serviço pós-venda. Acompanha o desenvolvimento tecnológico da indústria, nomeadamente com a recente aquisição de um novo equipamento de alta tecnologia, um centro de maquinação (3 + 2 eixos) com uma área de trabalho de 3000x2200x1200, reforçando o parque de maquinas existente e maximizando a capacidade de maquinação. A politica de inovação da empresa conta ainda com uma nova nave de fabricação que irá aumentar a produtividade, permitindo uma resposta mais célere às solicitações dos clientes. A ITECMO está empenhada em fortalecer a presença no mercado nacional e internacional, criando uma politica de desenvolvimento da imagem, com a atualização do seu website, implementação da

qualidade NP EN ISO 9001:2015, bem como a aposta na internacionalização, através da participação em feiras internacionais, visitas diretas a clientes, missões empresariais, entre outras. Com uma postura proativa, a ITECMO tem uma equipa experiente e motivada, sempre disposta a aceitar novos desafios e focada em dar forma a novas ideias, respondendo aos critérios mais exigentes dos clientes. Pretende crescer, de uma forma sustentável, para responder às exigências, cada vez maiores, deste segmente de mercado.

O Grupo USINAGE, fundado em 2001, iniciou a sua atividade com três colaboradores e conta, atualmente, com 37. Tem as suas instalações na Maceira, Leiria, a 10 km do cluster da Marinha Grande, com uma área total coberta de cerca de 3000m2, onde concentra toda a sua atividade. O Grupo opera no sector da indústria de moldes, dedicando-se ao fornecimento do aço maquinado, galgamento, retificação, furações, grandes desbastes e maquinação completa de estruturas para moldes. A empresa tem vindo a crescer de uma forma sustentada, ao longo dos últimos anos, quer em relação ao número de trabalhadores e do respetivo know-how, quer ao número e qualidade dos equipamentos, sendo os trabalhos realizados por uma equipa de profissionais qualificados e executados em máquinas de alta precisão e velocidade, apoiadas por modernos sistemas informáticos.

dos clientes, quer ao nível da qualidade apresentada, do preço ou do cumprimento de prazos, sendo o parceiro ideal para quem procura qualidade, seriedade, rigor e competência.

O objetivo da empresa passa por uma busca da melhoria contínua dos serviços prestados, de modo a satisfazer as necessidades e exigências

O Grupo USINAGE tem em curso a certificação ao abrigo da ISO 9001. Visite-o em www.usinage.pt .


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A STREAM tem como foco central a prestação de serviços de consultoria em gestão industrial, engenharia e projetos de investimentos. Detentora de elevada experiência ao nível da consultoria técnica, nas áreas da gestão da qualidade, inovação, operações e logística, tem atuado ao nível do desenvolvimento de projetos de suporte a empresas/clientes onde a intensidade tecnológica e a eficácia são essenciais para a aquisição de vantagens competitivas. Neste âmbito, e por adoção das melhores práticas internacionais, são desenvolvidos e implementados projetos de investimentos de aumento de capacidade e de eficiência produtiva, assim como de restruturação de processos e de conceção de novas unidades, em sectores como, moldes e plásticos, aeronáutica, automóvel, software, turismo, entre outros. Dispõe de uma equipa jovem e multidisciplinar, altamente qualificada, que contribui com as suas competências, talento e motivação para criar valor, querendo ser reconhecida como parceira que promove a criação

de soluções de valor diferenciado, superando sempre as expectativas. Em 2017, obteve a certificação do seu Sistema de Gestão Integrado, Qualidade e IDI pela APCER. Em 2016, iniciou o seu processo de internacionalização, com a realização de projetos em França e no Brasil.

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PRESIDENTE DA REPÚBLICA INAUGURA OFICIALMENTE O CENTRO TÉCNOLÓGICO DA CHETO O Centro Tecnológico da Cheto Corporation na Área de Acolhimento Empresarial de Ul/Loureiro, em Oliveira de Azeméis, foi inaugurado no passado dia 7 de dezembro, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Presentes estiveram também a secretária de Estado da Indústria, Ana Lehmann, e o presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, Joaquim Jorge. A Cheto, marca portuguesa já implantada em quatro continentes, é reconhecida como um produto de excelência na indústria de moldes e no setor da energia. A empresa especializada em máquinas-ferramenta com especial aplicação na indústria de moldes registou, em 2017, um crescimento de 14% do volume de exportações e um retorno de 7,5 milhões de euros em volume de negócios - 64% desse valor em exportações com Itália, EUA, Índia, Brasil, Canadá e Polónia, como principais mercados da Cheto.


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TUCAB CERTIFICADA PELA ISO 13485 DISPOSITIVOS MÉDICOS No seguimento do processo de crescimento e especialização, a Tucab acaba de juntar à Classe 7 da Clean Room pela ISO 14644, a certificação pela ISO 13485 – Dispositivos Médicos, concluindo assim o processo que lhe permite ser fornecedor global de tubos e perfis para uma das indústrias mais exigentes do mundo, a médico-hospitalar. Não deixa de ser uma honra para a Tucab o facto de ser a primeira empresa, em Portugal, da área da extrusão com estas duas distinções.

é superá-los”. Tem sido com este espírito de superação, que os colaboradores da Tucab têm ultrapassado os desafios. Com mais um objetivo atingido, vai rumar aos próximos desafios.

Teen Wolf dizia que “A vida é feita de desafios, o que nós podemos fazer

PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM FERRAMENTAS AVANÇADAS TIC A Pool-Net está a desenvolver o projeto europeu “ICTPlast” – desenvolvimento de um programa de formação em ferramentas avançadas de TIC para melhorar as competências no planeamento da produção nas PME’s da indústria plásticos, envolvendo a participação de associações/clusters europeus da indústria de plásticos: AVEP – Espanha, “Engineering & Tooling” – Portugal, PROPLAST – Itália, Plasttechnics Cluster Slovevia – Eslovénia e ainda as Universidades de Bordéus (França) e Politécnica de Valência – CIGIP, Espanha. Esta iniciativa é financiada pelo programa Erasmus+ da Comissão europeia, que iniciou a 1 de setembro de 2016, com a duração de 2 anos, e visa reforçar as competências dos técnicos da indústria de plásticos na gestão e planeamento da produção, através de formação online/presencial, possibilitando, ainda, melhorar a eficiência das PME´s, a sua capacidade de adaptação e sustentabilidade dos sistemas

de produção, bem como melhor a integração nos processos de negócios num contexto industrial cada vez mais globalizado. O curso de formação terá a duração de 4 meses, estando previsto iniciar em abril e terminar em julho de 2018, e integra os seguintes principais módulos: • Módulo 1: Previsão de procura • Módulo 2: Planeamento agregado da produção • Módulo 3: Planeamento mestre da produção • Módulo 4: Sequência operacional da produção • Módulo 5: Planeamento de fornecimentos • Módulo 6: Planeamento de entregas Para mais informações, consulte o website: http://ictplast.blogs.upv.es, ou entre em contacto direto com a equipa técnica da Pool-Net, através do email: info@toolingportugal.com.


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MATERIALIX: UMA EXPERIÊNCIA DE COOPERAÇÃO ENTRE CLUSTERS EUROPEUS NO REFORÇO DA VISIBILIDADE E IMAGEM DA NOSSA INDÚSTRIA Rui Tocha *, Cristina Soares ** * Diretor-geral da Pool-Net, ** Técnica de Projetos da Pool-Net

A associação Pool-Net – Portuguese Tooling & Plastics Network, em representação do cluster “Engineering & Tooling” (que integra as indústrias de moldes, ferramentas especiais e de plásticos), na linha da sua ação de promoção internacional da marca coletiva “Engineering & Tooling from Portugal” e das competências das Indústrias que representa, coordena o projeto europeu de clusters, MATERIALIX (nº 696673), financiado pela Comissão Europeia (Call: COS-CLUSTER2014-3-04-02: Cluster Excellence Programme), iniciado em janeiro de 2016, com duração de dois anos, envolvendo clusters congéneres de França (PLASTIPOLIS), Espanha (AVEP) e Itália (PROPLAST). O projeto MATERIALIX teve um orçamento de 245.515 €, visando o reforço da gestão de excelência dos clusters envolvidos que representam uma cadeia de valor alargada (das indústrias do tooling e dos plásticos), nos domínios das “tecnologias limpas” e dos “materiais verdes”, considerados estratégicos pela política europeia para um crescimento mais inteligente e sustentável da economia. Pretendeu-se assim, reforçar a excelência de gestão dos clusters envolvidos, como uma forma de providenciar serviços de valor acrescentado aos seus associados, contribuindo ainda para o desenvolvimento de uma classe de clusters de excelência mundial, na Europa. Assim, foi dinamizada uma formação de alto nível, em “Cluster Excellence Management” e promovido um exercício internacional de benchmarking, envolvendo visitas e análises de vários clusters de excelência, “Gold Label”, em vários países (Áustria, Dinamarca, Alemanha e Irlanda). Neste contexto, procurou-se desenvolver competências nas equipas de gestão dos clusters, visando modelos de gestão sustentáveis para os clusters de per si, e o estabelecimento de roadmaps para o desenvolvimento na Europa de um “Meta-Cluster” nos domínios das “tecnologias limpas” e dos “materiais verdes” (ligando os vários clusters desta parceria internacional), contribuindo assim para o desenvolvimento e fortalecimento da indústria europeia. Com o culminar da fase final do projeto, a Pool-Net, organizou uma conferência internacional - “Enhancing Excellence with Clusters Collaboration & Innovation” - que visou apresentar os resultados alcançados e destacar o papel central dos clusters na dinamização da inovação e da economia, sendo realizada a 16 de novembro de 2017, no Taguspark, em Oeiras, Lisboa, e que contou com a participação da Comissão Europeia (DG Grow e DG Research & Innovation), do secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson de Souza, e da secretária de Estado da Indústria, Ana Teresa Lehmann, e dos presidentes da ANI, IAPMEI e da CCDRC.

Esta iniciativa foi desenvolvida pela Pool-Net, em parceria com o PORTUGALClusters e com a European Tooling Platform, contando também com o apoio da EWF, e acabou por ser a principal conferência internacional sobre clusters que se realizou em Portugal em 2017, integrando as ações da reunião do High Level Group da Plataforma Tecnológica Manufuture (da UE), que durante a semana debateu o futuro da indústria na Europa e a visão do próximo programa-quadro da União Europeia. Em conclusão, gostaríamos de salientar que o projeto europeu MATERIALIX, apesar do seu reduzido orçamento global, permitiu o reforço da cooperação internacional, abrindo novos espaços de networking e de potenciais mercados (ex: nos domínios da saúde), para os associados da Pool-Net, ampliou a visibilidade do nosso cluster “Engineering & Tooling” e da sua marca coletiva, reforçou as competências de gestão para um apoio mais efetivo aos associados da Pool-Net, e principalmente, ampliou a visibilidade dos clusters ao nível dos decisores políticos, nacionais e europeus, contribuindo desta forma para o reconhecimento internacional da excelência e da imagem da nossa indústria. Como principais conclusões deste seminário, registam-se: “Os clusters são estratégias para ganhar competitividade, no qual estes se assumem como motores para a transferência de conhecimento e de tecnologias para o desenvolvimento das empresas!” Secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson de Souza


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“As políticas de clusters têm um papel central na Europa para o reforço competitivo das empresas, para o estabelecimento de redes internacionais e apoio à internacionalização, para a exploração de oportunidades de mercado.” Secretária de Estado da Indústria, Ana Teresa Lehmann “Temos de alinhar melhor as direções-gerais europeias para alcançarmos os nossos objetivos e prioridades de suporte às empresas europeias. Os clusters potenciam cadeias de valor mais alargadas, contribuindo para se alcançar um maior impacto na economia europeia.” DG RESEARCH & INNOVATION, Gustaf Winroth “Os clusters são a prioridade da DG GROW, e novos instrumentos virão reforçar o trabalho que vem sendo dinamizado neste sentido nos últimos anos” DG GROW, Alain Libéros “Os clusters são estratégias bottom-up criando valor, negócios e crescimento, e ampliando o impacto nos seus membros, reforçando as estratégias coletivas. As regiões devem reforçar os seus programas para suportar os clusters e as estratégias territoriais, para abrir novos mercados, negócios e redes de cooperação!” INNO-GROUP, Marc Pattinson “Temos de reforçar os ecossistemas de inovação para suportar o próximo programa-quadro da EU (2020-2030), e os clusters podem e devem assumir o papel principal na implementação das politicas económicas futuras” Presidente da ANI, José Carlos Caldeira

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“Os clusters devem ser tratados com distinção e cuidado pois eles representam estratégias coletivas e o reconhecimento “Gold Label” é muito importante para evidenciar a sua excelência” Presidente do IAPMEI, José Marques dos Santos “Consideramos desde o início os clusters como parceiros para estabelecer as estratégias de especialização inteligente (pois representam estratégias territoriais com a indústria), bem como para a comunicação e implementação da RIS3. O sistema político tem de estar mais comprometido com os clusters, e estes têm de ter financiamento base e financiamento competitivo, para suporte à implementação das estratégias coletivas que representam!” Presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa “As políticas de suporte aos clusters em Portugal não estão alinhadas com as necessidades para acelerar a competitividade industrial. Temos de apoiar a criação de novas políticas de suporte à clusterização.” PORTUGALClusters, Sara Pereira “Há uma grande confusão na política pública ao querer discutir a todo o momento os conceitos básicos da clusterização. Não podemos continuar a discutir a importância dos clusters, mas temos definitivamente de suportar a implementação destas estratégias coletivas. Temos de ter políticas fortes para estimular a economia e elas devem estar alinhadas com os instrumentos e objetivos, caso contrário estaremos apenas a promover uma politica de “buzzwords””. ISEG, Professor Manuel Laranja


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(MINI MBA) HUMAN CENTERED MANUFACTURING:

NO CAMINHO DA EXCELÊNCIA João Faustino *, Rui Tocha ** * Presidente da Pool-Net; ** Diretor-geral da Pool-Net

várias universidades e empresas consultoras nos domínios da gestão de recursos humanos), e internacionais (docentes do grupo de “Manufacturing” da Universidade de Manchester, nomeadamente, Paulo Bártolo, Paul Chan, Andrew Weighth Man, Moray Kidd, Carl Diver e Callum Kidd).

A associação Pool-Net que coordena o cluster “Engineering & Tooling“ (indústrias de moldes, ferramentas especiais e de plásticos), inicia em janeiro de 2018 um mini MBA – Human Centered Manufacturing, com a Universidade de Manchester e com o apoio da IBC Consulting. Esta iniciativa, insere-se no trabalho de suporte à promoção da excelência do nosso cluster e da marca coletiva “Engineering & Tooling from Portugal”, reforçando as competências de gestão dos recursos humanos das empresas, tendo como principais objetivos: • Desenvolver competências modernas de gestão de recursos humanos; • Centrar os recursos humanos como fatores estratégicos de competitividade e diferenciação das empresas, incutindo uma nova cultura de adaptabilidade e liderança; • Estimular a maximização de resultados dos colaboradores das empresas, beneficiando das competências e criatividade das novas gerações; • Preparar as organizações para a adaptabilidade ao mundo em mudança permanente. Esta formação de alto nível, dirige-se especialmente a empreendedores, lideres, gestores e empresários, gestores de equipas (produção, qualidade, inovação, comerciais, etc), engenheiros e técnicos com experiência em gestão de equipas, de organizações públicas ou privadas, que queiram desenvolver as suas competências de gestão de recursos humanos, no novo quadro de desenvolvimento da indústria ('Indústria 4.0', Digitalização da indústria, 'internet das coisas', fabricação “zero-defeitos”, etc). O curso irá decorrer na OPEN, às sextas-feiras à tarde e aos sábados, entre janeiro e maio de 2018, envolvendo um conjunto de oito (8) seminários e seis (6) módulos, num total de 120 horas de formação, assumindo também como carácter inovador a abertura de alguns seminários à indústria, permitindo a participação de outros interessados e potenciando a sua inscrição nas próximas edições. A equipa docente incorpora especialistas reputados, nacionais (de

Os certificados deste curso serão atribuídos pela própria Universidade de Manchester, aos alunos que alcançarem uma avaliação positiva global na sua participação. Por se tratar de uma formação cuja responsabilidade curricular é da Universidade de Manchester, a mesma será lecionada em inglês, contribuindo assim, também, para a prática e a aprendizagem dos formandos, num contexto de empresas que atuam crescentemente no mercado global, como é naturalmente o caso das empresas do nosso cluster. Neste sentido, a Pool-Net e o nosso cluster “Engineering & Tooling”, congratulam-se por mais esta oportunidade de cooperação internacional, que permitirá certamente, de acordo com o protocolo já assinado com a Universidade de Manchester, dar um passo em frente, através da dinamização de projetos de inovação conjuntos, na promoção de mestrados e doutoramentos em contexto industrial, na participação conjunta e reciproca de eventos de disseminação do nosso cluster e da nossa marca coletiva. Continuaremos pois, a contribuir para elevar a excelência e a visibilidade da nossa indústria, atraindo, valorizando e fixando os recursos humanos, neste cluster, que é estratégico para o desenvolvimento da indústria em Portugal e no mundo!


a inovar rumo ao futuro

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MINI MBA: ENTREVISTA A PAULO BÁRTOLO, LÍDER DO GRUPO DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE DE MANCHESTER “A indústria de moldes é um sector tecnologicamente muito avançado e extraordinariamente dinâmico"

- São evidentes as vantagens que este mini MBA vai trazer à indústria. Mas que vantagens tem a Universidade de Manchester em fazer parte dele?

- Como é que surge a Universidade de Manchester neste projeto do mini MBA?

Para mim, como já disse, é um ato sentimental, por ser da zona. Mas as parcerias com empresas, a possibilidade de, no futuro, pensarmos num programa de doutoramento ao nível da indústria - que terá, forçosamente, de ter um impacto industrial - é para nós altamente relevante. Nós somos avaliados pelo impacto que a nossa investigação produz. Só podemos ser bem avaliados e o impacto ser mais efetivo se trabalharmos com boas empresas e temos feito isso. No caso de Portugal, temos pequenas e médias empresas, mas que são altamente capacitadas. Por isso, a nossa vantagem é elevada.

Desde logo, por uma razão afetiva: eu sou desta zona, sempre trabalhei aqui. Por outro lado, Manchester procura sempre parcerias com instituições, empresas ou redes que sejam altamente relevantes. Ora, o sector de moldes é um sector tecnologicamente muito avançado, extraordinariamente dinâmico e conhecendo eu o mesmo, fazia todo o sentido avançar com esta parceria.

- Como e quando começou a ser delineado este projeto? Posso dizer que o ponto de partida foi uma conversa com o Rui Tocha, da Pool-Net. Foi após uma conferência, o ano passado, em Lisboa. Tivemos um workshop sobre 'Indústria 4.0' e começámos, aí mesmo, uma conversa sobre possíveis colaborações.

- E depois disso o processo avançou rapidamente. Conseguiram definir o projeto durante este ano de 2017…?

Formadores "muito qualificados" - Quem são os formadores que a Universidade de Manchester vai trazer a este projeto? São, todos eles, pessoas com grande experiência industrial. Em alguns casos, têm mais de 15 anos de experiência de investigação em grandes empresas e, por outro lado, têm muita experiência em formar quadros de empresas. Estão envolvidos em programas de formação deste tipo junto da indústria, em vários pontos do mundo. Sabem a linguagem industrial, sabem como transmitir estes conhecimentos à indústria. Estamos a falar de pessoas muito qualificadas e com muito conhecimento industrial, provenientes fundamentalmente do Grupo de Produção (da universidade) que eu lidero, mas também do Grupo de Gestão de Projetos pela sua componente mais relacionada com liderança, com motivação… Esta foi uma oportunidade também para 'casarmos' estes dois grupos dentro da escola.

Conseguimos. Só não foi possível, como queríamos e pensámos inicialmente, criar o mestrado. Mas era importante começarmos com algo relevante por isso avançamos com a proposta do mini MBA. Mas a ideia é concretizar o mestrado.

- Este mini MBA baseia-se em algum modelo que já tenha sido aplicado ou foi criado de raiz?

- Neste projeto do mini MBA não há ligações com outras universidades. É uma ligação direta à indústria…

Foi criado especificamente para aqui. E devo sublinhar o papel muito importante que teve a Pool-Net e o Rui Tocha, devido ao conhecimento que tem das necessidades industriais.

Exato, e temos experiência de outras ligações deste tipo. Há estruturas de ligação muito distintas que a Universidade de Manchester mantém nos vários projetos em que participa. Por exemplo, temos ligação com Taiwan e aí, estamos ligados ao próprio governo. Estamos também a preparar um programa para o Vietname e aí é feito com um ex-aluno da Universidade de Manchester que tem uma empresa, em Singapura, que trabalha na área da 'Indústria 4.0' e nos está a abrir as portas nessa região. Ou seja, as ligações dependem muito da dinâmica e das características de cada país e também dos nossos conhecimentos. E estas ligações podem ser feitas com universidades, mas não só.


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- Que expectativas tem em relação aos resultados? A nossa expectativa é que o programa funcione bem porque, para nós, este programa é o início de algo mais ambicioso que queremos: a colaboração ao nível de mestrado e de irmos, em conjunto, oferecer programas de doutoramento na indústria. É algo que nós ambicionamos.

- Mas o tema deste mini MBA é muito específico e direcionado ao papel da pessoa na indústria… Porque, efetivamente, essa é uma das implicações desta nova relação industrial. A pessoa está no centro; não só a pessoa na fábrica, mas também a pessoa que consome o produto. Portanto, há uma mudança de paradigma. Ora, ao nível das ferramentas de gestão, do conhecimento, das tecnologias e da tomada de decisão, isso significa uma abordagem completamente diferente. E é essa abordagem que pretendemos com este mini MBA. É algo mais do que formação direcionada para a tecnologia porque, essa, os industriais conhecemna.

Parceria de formação - Apontou como metas futuras desta parceria mestrado e doutoramento. Como é que vão decorrer? Nós temos dois tipos de doutoramento na Universidade de Manchester:

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o doutoramento formal, no qual o aluno tem, em regra, três anos para o concluir e que é feito na universidade, sob a nossa supervisão e que usa os nossos laboratórios e instalações. Mas temos, depois, um programa de doutoramento industrial, no qual o modelo é diferente. São quatro anos, havendo um primeiro ano de formação em que damos um conjunto de módulos - e a forma como gerimos esse primeiro ano varia muito: ou os professores vão até ao aluno ou organizamos esses módulos via online, por exemplo por “Skype” - e o trabalho de dissertação é feito em ambiente industrial. Não queremos que a pessoa vá até Manchester para realizar o trabalho de investigação, por isso a propina também é diferente. E é esse tipo de doutoramento que pretendemos trazer para aqui.

- Para além deste mini MBA, do mestrado e do doutoramento, estão pensados outros programas de formação para as empresas de moldes? No protocolo que estabelecemos, não mencionamos o nome da formação, falamos, até, de potenciais formações. Portanto, ao abrigo desses programas de formação, de duração variada, nós temos total flexibilidade. Agora, estamos a falar deste mini MBA em “Produção Centrada na Pessoa”, mas podemos realizar outro tipo de formação, por exemplo, individualizado para uma única empresa ou para duas ou três empresas, e com durações distintas. Temos essa flexibilidade. Os modelos são variados e tanto trabalhamos com a indústria, como com parceiros universitários, como com redes como é o caso da Pool-Net.


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FORMAÇÃO NO SECTOR DE MOLDES ESPECIAL

Escolas Profissionais de Ourém e de Rio Maior Dinâmica do Sector cria aposta de formação nos moldes Foi a constatação da importância da indústria de moldes e a necessidade de mão de obra qualificada que o sector evidenciava que levou duas escolas profissionais, Ourém e Rio Maior, a alargar a sua oferta formativa nessa área. A aposta foi justificada, por um lado pela quantidade de empresas que, nos últimos anos, foram surgindo na região - quer Ourém, quer Rio Maior estão, geograficamente, próximas de um dos principais polos da indústria, a Marinha Grande - e, por outro, pelo facto de a indústria de moldes ser uma interessante aposta de futuro, face à evolução e à notoriedade que tem conquistado. No total, as duas escolas têm, atualmente, em formação mais de 250 alunos em áreas direcionadas ao sector. Mas, desde que iniciaram essa aposta, as escolas já formaram quase seis centenas de jovens para a indústria de moldes. A taxa de empregabilidade, explicam os responsáveis de ambas as escolas, ascende a quase 90%. E isso devese à forte ligação que as escolas têm conseguido manter com o tecido empresarial, fortalecido com a celebração de protocolos com a CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes. No caso da Escola Profissional de Ourém, os seus responsáveis destacam que a parceria, estabelecida com a associação em dezembro do ano passado, visa, entre outros, "potenciar uma maior qualidade no relacionamento com as empresas do sector de moldes" e "ajustar e adequar a formação ministrada na escola às empresas", facilitando a integração dos jovens recém-diplomados. Foi em 2010, que a Escola Profissional de Ourém (EPO) decidir incluir a área de moldes na sua oferta educativa. As primeiras turmas foram criadas no ano seguinte, com a abertura do Curso Profissional de Produção em Metalomecânica variante Programação e Maquinação. Margarida Rodrigues, diretora pedagógica, justifica a decisão com "uma forte presença de empresas deste sector na região onde a escola está inserida e com a constatação do progressivo aumento da procura de técnicos especializados nestas áreas, nomeadamente com competências específicas em CAD, CAM, CAE e CNC".

Em Rio Maior, a dinâmica do sector não passou despercebida sobretudo pela forte presença, na região, de um cluster de metalomecânica e, também aí, a Escola Profissional (EPRM) definiu essa como uma área prioritária. Até porque, conta João União, diretor pedagógico, se foi percebendo que havia necessidade de mão de obra qualificada. "Constatou-se que o tecido empresarial apresentava uma lacuna na formação técnica de quadros intermédios ao nível da produção", afirma, sublinhando que com o reconhecimento da "absorção integral dos nossos alunos pelo mercado, confirmámos a importância da formação na área de manutenção e da eletrónica, aposta essa que se tem revelado de sucesso, dada a elevada taxa de empregabilidade que os nossos recém-diplomados atingem". Neste momento, a oferta formativa que a escola tem direcionada de forma mais direta para o sector de moldes traduz-se em dois cursos: o Curso Técnico de Manutenção Industrial e o Curso Técnico de Eletrónica e Automação. "Ambos os cursos trabalham com softwares que são utilizados no tecido empresarial, como o SolidWorks e o Autocad e desenvolvem ainda vários projetos de componente técnica nos nossos espaços oficinais", explica. Mas para além destes cursos mais relacionados com a produção, a EPRM tem ainda uma oferta formativa de maior abrangência noutras áreas, também elas importantes na indústria de moldes, como por exemplo, o Curso Técnico de Comércio, com especial ênfase na internacionalização e o Curso Técnico de Gestão de Transportes que engloba uma forte componente de logística e gestão de stocks. "A EPRM, desde o seu início, apresenta uma forte componente formativa nos cursos oficinais, sendo o Curso Técnico de Manutenção Industrial um desses exemplos. Todos os anos abrimos este curso e, mesmo assim se constata que não conseguimos dar resposta às necessidades do tecido empresarial", conta ainda João União, frisando que na vertente não oficinal, "tentamos aferir junto dos nossos parceiros quais as principais necessidades de mercado e em sintonia com a Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, promovemos a nossa oferta formativa".

Alunos em crescendo O sucesso da aposta de ambas as escolas é visível na afluência aos cursos. Este ano letivo, conta Margarida Rodrigues, a EPO tem três turmas e meia no Curso de Técnico de Produção em Metalomecânica, variante Programação e Maquinação, num total de 83 alunos: uma turma no primeiro ano (25 alunos), outra no segundo (20 alunos) e uma turma e meia no terceiro e último ano (38 alunos). No total, e contando com os alunos deste ano letivo, foram cerca de 140 alunos que já frequentaram este curso. São jovens com idades entre os 15 e 18 anos e, cerca de 70%, é oriunda de concelhos integrados no Médio Tejo, maioritariamente do concelho de Ourém, e os outros 30% provêm essencialmente dos concelhos de Alcanena, Porto de Mós e Leiria. Margarida Rodrigues acrescenta que, na resposta ao estudo feito


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anualmente à entrada para esta escola, "os alunos escolhem o curso principalmente porque reconhecem a elevada empregabilidade que ele propicia e porque é um curso bastante prático". A EPRM tem, atualmente e no total, um universo de 292 alunos. Destes, 170 frequentam os cursos oficinais (Manutenção Industrial, Instalações Elétricas e Eletrónica) e 72 deles encontram-se no último ano do seu ciclo de formação. Desde que a escola iniciou a sua oferta letiva nestes cursos, foram cerca de 400 os alunos que obtiveram a sua qualificação nível IV, nas áreas oficinais. Os jovens têm idades entre os 15 anos e os 20 e são, maioritariamente, do concelho de Rio Maior, embora a EPRM consiga cativar alunos de concelhos vizinhos, como Caldas da Rainha, Porto de Mós, Santarém e Alcobaça. "As expectativas dos nossos alunos são essencialmente a aquisição de competência e qualificação para ingressar no mercado de trabalho, tendo por objetivo a sua empregabilidade, embora hoje em dia, se verifique que uma percentagem significativa dos diplomados opte por continuar a estudar via ensino superior", esclarece João União.

Emprego garantido O aspeto mais positivo é a empregabilidade. "Este curso tem revelado, como já era esperado, um elevado índice de empregabilidade: cerca de 85% dos alunos diplomados estão empregados na sua área de formação", conta a diretora pedagógica da EPO. Margarida Rodrigues acrescenta que, no entanto, "uma percentagem relevante prossegue estudos". Em Rio Maior, a realidade não é diferente. A formação que recebem permite aos jovens ingressar diretamente, e com sucesso, nas empresas. João União exemplifica, explicando as potencialidades dos cursos. No caso do técnico de manutenção industrial, à saída da escola, o jovem "é o profissional qualificado, apto a orientar e a desenvolver atividades na área da manutenção, relacionadas com análise e diagnóstico, controlo e monitorização das condições de funcionamento dos equipamentos eletromecânicos e instalações elétricas industriais. Planeia, prepara e procede a intervenções no âmbito da manutenção preventiva, sistemática ou corretiva, executa ensaios e repõe em marcha de acordo com as normas de segurança, saúde e ambiente e regulamentos específicos em vigor". Já no curso de Eletrónica, Automação e Instrumentação, o aluno formado "é o profissional qualificado apto a desempenhar tarefas de carácter técnico relacionadas com a instalação, manutenção e operação de equipamentos eletrónicos, pneumáticos, hidráulicos e de instrumentação e medida em áreas industriais ou técnico-comerciais, no respeito pelas normas de higiene e segurança e pelos regulamentos específicos". São características que satisfazem as empresas, respondendo às suas necessidades e, por isso, os jovens têm, se assim o desejarem, lugar imediato no mundo do trabalho.

Ligação estreita às empresas A oferta formativa vai sendo definida em conjunto com as empresas. E só dessa forma se garante o sucesso, considera Margarida Rodrigues, da EPO: "A ligação escola-empresa é um dos pilares do sucesso da

nossa escola. Procuramos que esse contacto seja continuado e consistente, de forma a possibilitar aos alunos uma ligação mais próxima e constante com o mercado de trabalho, e às empresas oferecer uma organização de excelência ao nível do recrutamento de mão de obra especializada", explica. E essa relação escola-empresa intensifica-se através de várias ações. "Procuramos intensificar esta relação através da formalização de parcerias com as empresas, que se têm focado na formação em contexto de trabalho, em visitas de estudo, em sessões técnicas, em que o representante da empresa vem à escola partilhar o que de melhor faz no sector de atividade a que pertence, e ainda a nível do apoio na realização de projetos, nomeadamente das Provas de Aptidão Profissional, em que as empresas 'apadrinham', com os seus recursos, a realização dos projetos finais dos alunos", sublinha. Esta figura do 'padrinho' tem tido resultados muito interessantes e permite, até, pensar noutro tipo de projetos, frisa. "Está a começar a ganhar uma relevância crescente, que muito nos satisfaz. O próximo passo será a escola poder produzir produtos para as empresas e, eventualmente, dar formações a ativos na área da metalomecânica", adianta. Margarida Rodrigues destaca, ainda que duas empresas representativas do sector (a Iberomoldes e a Henriques & Henriques) fazem parte do conselho consultivo da EPO, dando "um precioso contributo para a intensificação do relacionamento escola/empresa". Em Rio Maior, a ligação escola/empresa é também incrementada e traduz-se em alguns projetos. "Neste momento, temos algumas parcerias protocoladas com empresas da indústria de moldes e promovemos também algumas atividades junto dos nossos alunos, como encontros com profissionais técnicos do sector, workshops e sessões de esclarecimento", conta João União. O diretor pedagógico da EPRM considera, até, que essa proximidade com o tecido empresarial é "uma das grandes vantagens competitivas da escola". "Aferimos com regularidade, junto das nossas empresas parceiras, as suas necessidades de recursos humanos e tentamos dar resposta às solicitações do mercado. Apresentamos ainda um grande número de formadores ligados contratualmente a essas empresas, que lecionam uma formação técnica de qualidade, que vai certamente ao encontro das necessidades empresariais", sublinha.




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UMA NOVA FORMA DE ENSINAR. UM MODO DIFERENTE DE APRENDER José Fonseca* * Diretor do Departamento de Gestão de Projetos do CENFIM

A experiência de implementação de uma Oficina de Aprendizagem Individual Nunca como hoje, com a contínua aceleração tecnológica, a inovação dos processos de produção e a transformação dos modelos de negócio, foi o Profissional tão solicitado para um quadro de actualização permanente das suas competências. Nunca, tanto como hoje, a “Aprendizagem ao Longo da Vida” assumiu um papel tão determinante. As políticas de formação têm procurado abraçar essas necessidades, reconheça-se, através de modelos virtuosos que integram ofertas personalizáveis articuladas em UFCD’s com sistemas RVCC a montante, o que potencia a construção de percursos individualizados e que agora dão um passo importante na sua certificação através do recente Sistema Nacional de Créditos (Portaria n.º 47/2017, de 1 de fevereiro). Em suma, do lado da homologação da oferta é notória uma clara estratégia embebida dos conceitos mais atuais relacionados com a formação e qualificação profissional. Mas será que essa visão e o que dela verte no Catálogo Nacional de Qualificações, é evidente e facilmente percetível para o comum cidadão? Será que estão a ser adequados os mecanismos regulamentares e processuais para que os operadores de formação possam alinhar a sua atividade com esta estratégia orientada para a resposta cada vez mais individualizada no processo de aquisição de competências? E finalmente, será que, na “sala de aula”, onde tudo acontece, a didática e as abordagens pedagógicas se têm inovado assim tanto de modo a acompanharem alguns dos novos paradigmas que são perseguidos por esta abordagem “top-down”? Considerando o contexto profissional que se refere de início seria expectável que a procura da formação, em particular por parte dos ativos, tivesse uma evolução positiva. No entanto, de acordo com o Eurostat, desde 2011 que a percentagem de ativos que participam na formação não tem variação positiva (situa-se perto dos 10%, mantendose ligeiramente abaixo da média dos países da União Europeia). Do lado dos operadores de formação, como o CENFIM, essa tem sido também a perceção. Acresce ainda aprofundar (o que não se arriscará aqui fazer) saber qual é a percentagem afeta a grandes empresas, com capacidade própria para promover a sua formação, e aquela que corresponde à satisfação das necessidades das pequenas e micro empresas que compõem maioritariamente o nosso tecido empresarial e que dependem exclusivamente de entidades externas de formação. Afinal, quando as exigências profissionais deveriam estimular cada vez mais os ativos para a formação e enquanto o desenho da oferta tem sido continuamente ajustado para responder individualmente às necessidades de cada um, o que estará a falhar para que não se assista a uma crescente procura da formação contínua ao longo da vida? A resposta estará naturalmente, e como sempre, do lado do “cliente”. As causas, por muito que isso nos inquiete, só poderão estar relacionadas com a atratividade e a eficácia (desajustamento?) do “serviço” que se oferece.

Implementar um modelo modular sem flexibilizar operacionalmente a sua execução introduz constrangimentos enormes que se refletem também no cliente … estes constrangimentos implicam que muitas vezes os candidatos tenham de esperar semanas, por vezes meses para ver iniciada a formação que pretendem.

O que poderá estar mal? No último Levantamento de Necessidades de Formação, que o CENFIM realizou junto das empresas do sector, no passado mês de setembro 2017, o 1º constrangimento apresentado para a não frequência da formação foi o … “tempo” (entenda-se este, naturalmente, por “disponibilidade”). Todos reconhecemos como a “falta de tempo” é cada vez mais a métrica da eficácia dos serviços nos dias correntes. Mas este argumento, que pode estar na origem de um significativo absentismo da formação, merece ser aprofundado nas suas diferentes implicações. De que forma o “tempo” é um fator-chave nos processos de aprendizagem: • O tempo de espera – Implementar um modelo modular sem flexibilizar operacionalmente a sua execução, introduz constrangimentos enormes que se refletem também no cliente. As condições logísticas e operacionais para a realização de uma ação (que normalmente implicam angariar um número mínimo de inscrições), quando aplicadas a módulos de curta duração, são agora multiplicadas por 5 ou 10 vezes face às ações tradicionais de maior duração. Estes constrangimentos implicam que, muitas vezes, os candidatos tenham de esperar semanas, por vezes meses para ver iniciada a formação que pretendem. Na era da 'Indústria 4.0' isso é absolutamente incompatível com as necessidades, cada vez mais súbitas, de qualificação, que têm uma nova tecnologia a aguardar pelo seu operador. • O tempo disponível – a nossa sociedade é hoje mais exigente quanto à gestão de tempo. Sobretudo quando falamos de uma população ativa que vive repartida entre os seus compromissos profissionais e a sua vida pessoal e familiar torna-se muito difícil adequar esse esforço com que cada indivíduo pretende investir na sua formação a um horário fixo e que muitas vezes não se compatibiliza com a vida de cada um. Hoje, não só é cada vez menos razoável que um indivíduo depois de um dia de trabalho se proponha a uma atividade intelectual tão desgastante como a aprendizagem, como é quase impossível conciliar os horários da sua conveniência com aqueles que são prédefinidos para o curso. • O tempo útil – Todos os indivíduos transportam na sua própria história de vida conhecimentos distintos, formas diferentes de aprender e ritmos próprios de aprendizagem que, para serem respeitados, implicam trajetórias de aprendizagem individualizadas (no próprio contexto de formação), ao invés das abordagens em grupo (turmas) que são as respostas tradicionais. Esta situação é tão mais


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importante quando estamos a falar de um ativo. Há coisas que já sabe e que não precisa de perder tanto tempo a aprender, e outras que não sabe e onde se poderá demorar mais. Isto implica a possibilidade de cada formando desenvolver diferentes percursos de aprendizagem, com diferentes ritmos e de acordo com o background de conhecimentos técnicos que já traz. Presumindo que estas três variâncias do “tempo” resultam de um diagnóstico credível, tal implicará reformar completamente os parâmetros tradicionais da formação. Formulando o cenário de formação que satisfaria estas condições, teríamos de forma simplificada um espaço de formação em que “cada formando iniciaria a ação de formação na altura que lhe fosse mais desejável, podendo escolher os horários que mais se adequassem à sua disponibilidade e desenvolvendo o seu processo de aprendizagem de acordo com o seu ritmo e interesses de aprendizagem”. Estamos naturalmente a falar, ao invés da formação em grupos (tradicional constituição de turmas) de uma formação individual. Mais, estamos a falar de um ambiente de formação (oficina de aprendizagem) onde estas múltiplas situações individuais de aprendizagem se sobrepõem, entrecruzando trajetórias não apenas no espaço físico mas nos próprios percursos de aprendizagem.

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2) Os recursos didáticos são também um fator essencial para ‘libertar’ o formador, facilitando uma aprendizagem mais autónoma. Esta maior autonomia que é trazida ao formando implica também que o mesmo se saiba situar e progredir no espaço físico e pedagógico, o que obriga a que estes recursos cumpram também com essa função de orientação. Parece óbvio, mas é porém fundamental que antes de iniciarmos o desenvolvimento deste tipo de recursos didáticos que o que nos deve focar não é como se pretende ensinar, mas como os outros precisam aprender. Desmontar os atuais ‘espaços’ de formação e reordenar os recursos didáticos de acordo com as atividades naturais de aprendizagem, torna mais autónoma e intuitiva a aprendizagem e ajuda a criar novos espaços de formação:

Uma mera fantasia ou um novo paradigma fundamental para nos aproximarmos da realidade dos nossos clientes? Seguramente um arriscado desafio pedagógico e uma abordagem da didática que exige uma enorme criatividade e empenho. Estes foram os pressupostos em que o CENFIM baseou uma candidatura a um projeto europeu, promovido no âmbito do programa Erasmus+ (KA02), que designou por “LearnIT- Learning tools and routes for individual training”. Com uma parceria constituída por entidades de formação profissional de 3 países (Finlândia, Alemanha e Espanha), este projeto foi aprovado com a refª 2014-1-PT01-KA202001026 tendo iniciado o seu desenvolvimento em janeiro de 2015, que se prolongou durante dois anos e meio. Este projeto elegeu a área “CNC – Maquinação e Programação” como o seu ambiente aplicacional, pela sua exigência técnica e componente de formação prática.

O conceito de “ilha de aprendizagem”, que foi a matriz do novo desenho dos layouts de formação, é um espaço que integra e orienta para a utilização dos mais diversificados recursos associados a uma ou várias atividades de aprendizagem:

O que do mesmo resultou, a descoberta de novas abordagens, as dificuldades e os fracassos que tivemos de contornar, o sucesso e o impato que constatámos da sua ação-piloto realizada no 1º semestre deste ano é uma história demasiado longa e fértil para aqui se conseguir contar. Resta-nos procurar sintetizar o mesmo em 6 das suas linhas de ação, aquelas que consideramos de maior contributo para a estratégia de desenvolvimento seguida e por conseguinte para a resposta final alcançada: 1) Desenhar a formação baseada nos “resultados de aprendizagem” Esta abordagem, que ocupou os primeiros meses de desenvolvimento do projeto, verificou-se ser fundamental para tornar mais efetivos e compreensíveis os processos de aprendizagem e as estratégias de desenvolvimento do projeto. Olhar para a formação centrando-a nas competências a adquirir ao invés de forçar a caminhos rígidos de aprendizagem, permite também criar condições para uma aprendizagem mais autónoma e individualizada, o que é uma condição essencial para retirar o formador do (tradicional) centro do processo, permitindo-lhe assim a disponibilidade necessária para acompanhar as múltiplas situações de aprendizagem que ocorrem em simultâneo no seu espaço de formação. Mas não basta apenas isto.

Inovar e integrar recursos visuais, físicos, documentais e digitais, tecnológicos e pedagógicos, integrando-os e potenciando as tecnologias do séc.XXI foi um grande desafio de criatividade didática. 3) As estratégias e ferramentas de avaliação assumiram também uma importância capital pois uma maior independência e individualização do estudo com cada formando obriga a um maior enfoque na avaliação e em ferramentas eficazes de validação cada vez mais orientadas para os resultados de aprendizagem a atingir. Esta validação baseia-se muito


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no PBL (Project based learning), através de um trabalho, peça, projeto onde todas as competências, que foram trabalhadas são solicitadas. Esta abordagem torna também mais clara e objetiva a linguagem com o formando e com as empresas, pois esse trabalho de avaliação é apresentado ao início do processo de aprendizagem, como a “peça acabada” que o formando no final deverá estar apto a produzir. Ao longo de toda a aprendizagem os formandos também têm acesso a avaliações autodiagnósticas que lhes dão uma perceção mais rigorosa para decidirem sobre a progressão do seu estudo. Estes momentos de avaliação são realizados em inquéritos on-line sobre a plataforma “Moodle”, mas quase sempre ‘chamando’ o formando para junto das bancadas de trabalho, para as peças a maquinar, para desempenhos que deve ter sobre contextos reais. Neste ambiente de formação (oficina de aprendizagem) coexistem múltiplas situações individuais de aprendizagem que se sobrepõem(…). Cada formando inicia a ação de formação na altura que lhe é mais conveniente, podendo escolher os horários que mais se adequem à sua disponibilidade e desenvolvendo o seu processo de aprendizagem de acordo com o seu ritmo e interesses de aprendizagem.

4) Layout – Repensar o layout é fundamental. O espaço é fundamental para a organização e desenvolvimento da formação num ambiente desta complexidade. Mas é igualmente importante na medida em que

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molda (novos) comportamentos. Todo o espaço de formação foi redesenhado para facilitar a navegação dos formandos ao longo do seu próprio processo de aprendizagem, estimulando a autonomia e a iniciativa própria no processo de aprendizagem. Em suma, procurou-se transformar o que é normalmente tido um como constrangimento num espaço de ‘oportunidades’. Ao longo de toda a oficina de formação há um padrão a que chamamos de “learning spot”, que estão associados a cada etapa da aprendizagem, e identificam espaços distintos de competências (a utilização das cores foi um código fundamental para a identificação das áreas), articulando--se e facilitando a navegação ao longo do processo de aprendizagem, conforme de seguida se representa: 5) Monitorização e Gestão Ocupacional - Tentar gerir um ambiente flexível onde se encontram formandos em diferentes fases de aprendizagem e com horários distintos de formação é uma tarefa quase a tempo inteiro, e acontece que o formador tem outras funções e desafios pedagogicamente mais importantes. Num ambiente multiaprendizagem é absolutamente necessário que existam ferramentas eficazes de gestão ocupacional da oficina de formação, pois caso contrário ou o formador irá transformar-se numa espécie de porteiro ou todo o complexo ambiente de aprendizagem se transformará no caos. Cedo foi compreendida a importância de ferramentas informáticas que ajudassem neste propósito, onde os formandos pudessem fazer a cativação do horário e das áreas de aprendizagem pretendidos e que depois controlasse e facilitasse a sua presença e progresso ao longo da


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oficina. O desenvolvimento desse aplicativo faz hoje parte do espólio do projeto. 6) Formador – Mas no final não é a tecnologia (entenda-se aqui como recursos pedagógicos e tecnológicos) o que fará a diferença: o formador será sempre o elemento essencial do sucesso formativo. Mas neste processo de multi-aprendizagem será que ele está preparado para deixar o seu lugar tradicional no centro do processo para lidar com um grupo díspar de formandos, utilizando novas ferramentas num ambiente aparentemente menos controlado? Enquadrar o formador nesta nova abordagem mais do que um desafio técnico é um processo cultural que o solicita ao mesmo tempo para ser tutor, conselheiro, professor, organizador, etc. Aqui, obviamente, a decisão mais acertada será começar por o envolver no próprio projeto de mudança que a organização pretende empreender. Esta experiência que aqui procurámos retratar desvia-se significativamente da norma dos projetos que hoje são habitualmente empreendidos, pois o caso presente destaca-se do plano concetual para abraçar atividades ao nível do desenvolvimento de recursos e dos mais variados parâmetros associados ao momento de aprendizagem. Isso trouxe um grau de exigência muito elevado ao projeto mas, por outro lado, permitiu que este deixasse um legado que o permite agora reproduzir em contexto real. Presentemente, o CENFIM está a “internalizar” o modelo de intervenção e os recursos do projeto em 4 dos seus núcleos de formação – nomeadamente, Lisboa, Amarante, Ermesinde e Marinha Grande –, redesenhando os layouts oficinais, apetrechando-os destes novos recursos, preparando as suas equipas para as novas abordagens pedagógicas que lhes são inerentes. Esperamos, até ao final do 1º trimestre de 2018, estar em condições de poder nesses nossos locais de formação dizer às empresas e aos seus colaboradores: “comece agora, venha no horário que lhe for mais conveniente e venha aprender aquilo que realmente necessita, ao seu ritmo”. Entretanto, e para os que pretenderem inteirar-se com mais detalhe desta nossa experiência e do que ela pode contribuir para a melhoria operacional e pedagógica da formação, podem aceder ao site do projeto (http://learnitproject.cenfim.pt), onde encontrarão um pequeno “handbook”, ao longo do qual são disponibilizadas diversas hiperligações para os recursos desenvolvidos. E, naturalmente, o CENFIM, como sempre, estará de portas abertas para acolher na sua “oficina individual de aprendizagem” quem nos queira visitar.


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destaque HIGHLIGHT

ELETROEROSÃO

A eletroerosão no ambiente da 'Industria 4.0'

O sector fala de… eletroerosão

Os prós e os contras da eletroerosão

Como aplicar as metodologias da 'Indústria 4.0' (integração de dados e sistemas) à gestão de produção de elétrodos na indústria de moldes

A chave para um melhor processo de fabrico de elétrodos

Grafite para EDM

ONA celebra 65 anos inovando como líder no desenvolvimento de tecnologias de eletroerosão


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A ELETROEROSÃO NO AMBIENTE DA 'INDÚSTRIA 4.0' António Baptista * * Centimfe

A tecnologia de eletroerosão permite remover o material de uma superfície, necessariamente condutora da eletricidade, através de uma sucessão controlada de descargas elétricas que ocorrem no intervalo entre dois elétrodos, a peça e a ferramenta (usualmente conhecida por elétrodo). As descargas elétricas fundem pontualmente o material originando pequenas partículas que são arrastadas pelo fluido dielétrico que banha a peça.

ainda demorou alguns anos como refere Nuno Gomes1, “… as máquinas de erosão por penetração – electroerosão, que começaram a ser utilizadas nos finais da década de 60 e inícios da de 70 do séc. XX, mas cuja verdadeira vulgarização só iria verificar-se na década de 80. Estas máquinas, através do recurso a ferramentas em cobre ou grafite – “eléctrodos” – permitiam realizar maquinações no aço, até então impossíveis de fazer, recorrendo às tecnologias existentes.”

A tecnologia de eletroerosão teve o seu início industrial no ano de 1943 com o desenvolvimento do gerador de descargas elétricas que utilizava o chamado circuito Lazarenko. A tecnologia começou a ser dinamizada na década de 50 do século XX, duas empresas suíças, a AGIE e a CHARMILLES, foram responsáveis pelas inovações tecnológicas mais importantes nos anos seguintes na área da eletroerosão por penetração e por fio.

A tecnologia de eletroerosão, EDM, está representada nas empresas de moldes e de ferramentas especiais pelas máquinas de eletroerosão por penetração, eletroerosão por fio e furação rápida. Cada equipamento possui tecnologia específica e tem evoluído consideravelmente nos últimos anos em termos de melhoria da performance, com redução dos custos de operação, aumento da velocidade de trabalho, aumento da flexibilidade e da qualidade de acabamento. A tecnologia de EDM deixou de ser “não-convencional” para ser uma tecnologia madura e disseminada pela maioria das empresas de moldes e ferramentas.

A aplicação e disseminação industrial da tecnologia de eletroerosão


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Ao longo dos anos, os equipamentos de EDM têm incorporado um largo conjunto de soluções tecnológicas, também elas validadas noutras áreas, refira-se, a título de exemplo, a incorporação de guias com almofada de ar, utilizadas nas máquinas de medir tridimensionais, de modo a minimizar a fricção mecânica, permitir movimentos muito pequenos e fiáveis, e reduzir a necessidade de lubrificação por óleos. Os equipamentos de EDM atuais possuem a mais avançada tecnologia disponível, desde controladores com elevada velocidade de processamento e capacidade de resposta, aos múltiplos graus de liberdade – eixos que permitem a realização de figuras geométricas complexas; aos geradores que permitem elevadas taxas de remoção de material, e que possuem elevada capacidade de controlo das descargas contribuindo para acabamentos de superfície com valores de rugosidade na ordem dos centésimos de micrómetro. A incorporação de motores lineares na motorização dos eixos dos equipamentos de EDM proporciona condições únicas de redução da fricção e da inércia no movimento, o que permite realizar incrementos/ movimentos muito pequenos e atingir precisões de posicionamento submicrométricas. Ao operar com base em descargas elétricas e em dimensões micrométricas e submicrométricas, a tecnologia de EDM é de grande precisão, mas necessita de um grande controlo sobre todas as variáveis e parâmetros tecnológicos que podem influenciar a estabilidade, pelo que esteve sempre suportada em soluções automáticas. Os equipamentos foram, desde cedo, apetrechados com as tecnologias mais avançadas do momento, introduzindo-se sistemas avançados de controlo de processo capazes de garantir a autonomia operacional Controlo adaptativo do processo, não necessitando da presença humana. Esta solução é suportada em bases de dados parametrizadas pelos fabricantes e por centros de investigação e desenvolvimento. Assim, hoje é possível realizar qualquer operação em modo automático com elevado grau de repetibilidade, qualidade e produtividade. A tecnologia de EDM apresenta um valor da taxa de remoção de material baixo quando comparada com os valores conseguidos por outros processos considerados de “mais rápidos”, em particular a fresagem ou o torneamento, com os quais se conseguem valores superiores em algumas ordens de grandeza. A tecnologia de EDM não gera forças de corte ao contrário das tecnologias de corte por arranque de apara, pelo que a EDM é a tecnologia adequada para processar peças frágeis ou que não permitem a aplicação de sistemas de fixação rígidos. Pode dizer-se que, os resultados da EDM são independentes da maioria das características do material, nomeadamente da sua dureza, ao contrário do que acontece com os processos de corte por arranque de apara, para os quais as dificuldades aumentam com o aumento da dureza do material. Um desiderato crítico ao longo dos anos tem sido melhorar a qualidade do acabamento das superfícies. Cada fabricante desenvolve geradores para atingir níveis de acabamento muito finos, numa tentativa de eliminar o trabalho de acabamento manual das superfícies e, ao mesmo tempo, garantir elevada qualidade geométrica e de forma nas peças produzidas. No caso das máquinas de EDM por fio, a utilização de fio de 0,02 milímetros é uma realidade industrial em peças de elevada precisão dimensional e de acabamento, garantindo valores na ordem dos ±0.5 µm e 0,17 Rz respetivamente. Ao atingir estes valores a indústria podese posicionar para o fornecimento de peças e componentes de elevado rigor e de elevada precisão, como são os destinados aos sectores da (micro)eletrónica e dos dispositivos médicos.

O desenvolvimento e a disponibilidade de novos materiais e as tecnologias de simulação permitem criar estruturas mais rígidas e robustas para os equipamentos de EDM que respondem aos mais elevados índices de qualidade e performance. Estas estruturas otimizadas caracterizam-se por deformações mínimas mesmo em regimes de elevada exigência, com utilização de elevadas velocidades de deslocamento, elevadas acelerações e longas horas de trabalho. A inserção de sensores em pontos críticos da estrutura dos equipamentos permite monitorizar a temperatura, as deformações e as vibrações. Os sistemas de controlo de temperatura atuam quer ao nível da estrutura do equipamento quer ao nível do dielétrico. Os sistemas de climatização ou controlo de temperatura permitem manter a temperatura com reduzidas gamas de variação, na ordem dos 0,5ºC. Estas soluções minimizam os efeitos negativos das condições externas durante a operação e asseguram elevados níveis de precisão mesmo após longas horas de operação do equipamento. O grau de automatização e autonomia dos equipamentos, com a utilização de sistemas paletizados e estandardizados, contribui para a redução dos tempos de preparação do trabalho (setup, destacando-se o alinhamento e o posicionamento das peças) e para a melhoria da qualidade de produção, numa perspetiva Zero Defeitos. A troca automática de ferramentas e de peças em qualquer tipo de equipamento de produção dispensa a presença ou controlo humano, dispondo as empresas fabricantes de moldes, desde há muitos anos, sistemas com robô para realizar estas operações. Refira-se, nesta perspetiva, que a troca de paletes em máquinas de eletroerosão de fio, que até há algum tempo atrás era uma questão complexa, hoje é uma realidade em muitos equipamentos no mercado. A repetibilidade, a fiabilidade, e o domínio dos processos de eletroerosão por penetração e de fresagem de elétrodos permitiram criar as primeiras células de produção na indústria de moldes. Estas células tinham por base uma máquina de eletroerosão por penetração, um centro de fresagem de elétrodos e uma máquina de medir, sendo os elétrodos manipulados por um robô para alimentação, carga, descarga e transporte. De certa forma, poderá afirmar-se que estas soluções foram a base para o desenvolvimento de conhecimento que hoje permite a criação e operação de células de produção mais avançadas, as quais envolvem também a eletroerosão por fio e a


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fresagem de peças em aço. Esta última conhecida pela maior dificuldade de controlo devido à grande variabilidade de condições de corte ao longo da geometria a maquinar. A tecnologia de eletroerosão, nas vertentes penetração ou fio, ainda tem um papel fundamental no fabrico de peças críticas dos moldes, nomeadamente de peças com elevada precisão de forma ou dimensional, peças com superfícies de elevada qualidade de acabamento, e peças com figuras de muito pequena dimensão, cujas superfícies não são possíveis de acabar por corte por arranque de apara, torneamento ou retificação. A introdução das novas tecnologias e a transferência de tecnologia para as empresas significa inovar, e permite auspiciar um aumento da precisão, da produtividade, e uma maior versatilidade nas cadeias de produção. A inovação, ao ocorrer numa fase inicial da expansão de uma tecnologia, permite fabricar produtos diferenciados a menor custo, e proporciona vantagens competitivas face à concorrência. Nesta perspetiva, os novos conceitos associados à 'Indústria 4.0' serão observados nos processos de produção, destacando-se a conetividade inteligente, a automação e a robótica. Os sistemas de comunicação avançados permitem a recolha e transmissão de dados dos processos, cujo processamento se podem tomar decisões em tempo real, as quais são fundamentais para o aumento da eficiência. Associada ao conceito da 'Indústria 4.0' está a virtualização das operações. Com esta propõe-se a simulação de todo o ambiente

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industrial de modo a aumentar o nível de confiança sobre os resultados finais do processo de eletroerosão. Por outro lado, promove-se a integração entre os diferentes processos de fabrico e os vários equipamentos que assim “cooperam” entre si de forma otimizada numa perspetiva de fábrica do futuro e dos Zero Defeitos. Os fabricantes de máquinas de eletroerosão acompanham as necessidades industriais, por isso, estão a uniformizar os seus sistemas. Destaca-se por exemplo, a utilização de comandos iguais para equipamentos de eletroerosão por fio e penetração. Por outro lado, procuram responder a questões de melhoria de layout e de maximização do espaço ocupado construindo equipamentos mais compatos sem comprometer ou até melhorando o acesso à área de trabalho. O futuro da tecnologia de eletroerosão no “Engineering & Tooling” passa pela introdução dos conceitos da 'Indústria 4.0', assistindo-se no futuro a uma redefinição das funções, ao aumento da especialização, e a uma interação simbiótica entre os sistemas robóticos e os recursos humanos, de que resultará um melhor desempenho e maior produtividade.

_____________ 1-Nuno Gomes, A INDÚSTRIA PORTUGUESA DE MOLDES PARA PLÁSTICOS, História, Património e sua musealização, Dissertação de Mestrado em Museologia e Património Cultural, na área de especialização de Museologia e Património Cultural, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra – 2005.


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O SECTOR FALA DE… ELETROEROSÃO Adriano Caseiro*, Bruno Sequeira**, Hugo Damásio***, Maria Goretti Sequeira**, Paulo Henriques**** *Rerom e Gramaq, **VHS, ***Damásio - Sistemas de Eletroerosão, ****Ribermold

A eletroerosão faz parte do fabrico do molde desde há décadas. Como outros, este processo registou uma evolução grande nos últimos anos, devido, sobretudo, à introdução e evolução das máquinas que vieram tornar mais fácil e dar mais rapidez e qualidade ao processo. De acordo com os profissionais que laboram neste processo, a eletroerosão permite fazer peças mais complexas, mais trabalhadas e tem vantagens no que toca ao acabamento de moldes técnicos, sendo a melhor escolha para algumas texturas. Incorpora duas tipologias: por fio ou por penetração. A seleção de cada um deles depende das características e das necessidades da peça. E como estão os profissionais a viver o dia a dia desta atividade: quais as dificuldades que sentem, como veem vantagens e desvantagens do processo e como estão a projetar o futuro? Foi o que a CEFAMOL procurou saber, convidando cinco profissionais do sector para se sentarem à mesma mesa, no passado dia 29 de novembro. Foi uma interessante conversa, que se estendeu por mais de duas horas. Maria Goretti Sequeira e Bruno Sequeira, ambos representando a VHS (uma empresa que presta serviços de eletroerosão por fio e está no mercado há 23 anos), Hugo Damásio, da Damásio (empresa com 15 anos, da área da eletroerosão por penetração), Adriano Caseiro, das empresas Rerom e Gramaq (que desenvolvem atividade nesta área há 40 anos) e Paulo Henriques, responsável pela produção na área da erosão na empresa Ribermold (que, há mais de 20 anos, desenvolve trabalhos de eletroerosão) relataram um pouco da sua atividade e deram conta de uma das que é, neste momento, a sua maior preocupação e que, afinal, vai ao encontro à maior necessidade que o sector sente: a falta de mão de obra qualificada. Foi centrada na temática “evolução” que teve início a conversa, com Adriano Caseiro a considerar que o processo de eletroerosão "foi, porventura, dos que mais alterações sofreu nos últimos 40 a 50 anos". Destaque-se que Adriano Caseiro já abordou este tema, de forma mais desenvolvida e inserido na temática das “Células de Produção Flexível", na revista “O Molde”, de julho de 2010. Como exemplo dessa evolução, referiu a eletroerosão por penetração, contando como a introdução da grafite no fabrico dos elétrodos veio acrescentar valor ao processo, substituindo o cobre que foi (e, nalguns casos, ainda é) usado durante décadas. "A grafite, que começou a ser usada na década de 80, veio colmatar algumas das fragilidades do cobre. Por exemplo, o ponto de fusão da grafite é de dois mil graus, enquanto o do cobre é de 800 graus", sublinhou. Contudo, realçou ainda, a grafite "não é um material fácil de trabalhar. Nessa altura, então, não era mesmo fácil de maquinar porque não havia ferramentas apropriadas. Mas veio substituir o cobre porque tinha maiores dimensões, tendia a ser mais fácil de maquinar e resolvia alguns problemas da eletroerosão", explicou. Hugo Damásio deixa uma achega, ainda a nível da caracterização dos processos, concordando com Adriano Caseiro e explicando que, no caso da eletroerosão por penetração "o que mais usamos, mais de 90% é a grafite em relação ao cobre". Afirma mesmo que neste processo, o cobre "é um material em desuso, apenas usado em situações especificas muito técnicas". E é utilizado, por exemplo, "em algumas

texturas de erosão quando se conclui que a grafite ainda não é o mais adequado ou que é mais cara". Para Hugo Damásio, o uso do cobre tem, até, os dias contados na erosão por penetração. E explica que "as máquinas de erosão, que antes vinham preparadas para o cobre, agora têm-no como um extra que tem de ser pago". Mas na eletroerosão por fio, o material utilizado é o latão ou o cobre zincado. "Estes dois processos, por fio ou penetração, são processos distintos que são usados para intervenções específicas nas peças", adianta Bruno Sequeira. Maria Goretti, cuja empresa se dedica à eletroerosão por fio, conta que a evolução, neste âmbito, tem-se notado sobretudo na tecnologia, ou seja, na mudança que vai sendo proporcionada pelas máquinas. Bruno Sequeira explica que no processo por fio "todos os cortes têm de ser passantes porque é um fio contínuo que corta de alto a baixo", adianta, frisando que "o mais utilizado é o latão, sobretudo por causa do preço" apesar do cobre zincado "ter umas características mecânicas superiores".

Tecnologias Hugo Damásio refere-se à eletroerosão como um processo com muitas vantagens. E esclarece que, em relação aos sistemas de arranque de apara ou da fresagem, o benefício faz-se pela "geometria que (a eletroerosão) nos permite tirar". E não tem dúvidas: só este processo permite resolver, com sucesso, "tudo o que são geometrias com ângulos a 90%, geometrias negativas, e mais complexas". Adriano Caseiro realça que, seja por fio ou penetração "são processos fundamentais na indústria" e que, apesar de distintos, são também "semelhantes porque usam a corrente elétrica para erodir". E são fundamentais, esclarece, porque "complementam as ações de torneamento, de fresagem, e são essenciais porque há peças intrincadas cuja solução de produção só é possível usando um dos dois processos de eletroerosão". A indústria de moldes é conhecida pelo seu posicionamento na vanguarda da tecnologia. Os processos a ela associados não são exceção e, no caso da eletroerosão, "a evolução das máquinas tem sido fantástica", considera Adriano Caseiro.


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Mas substituirá a intervenção humana durante o processo? "É certo que as tecnologias conseguiram poupar ao Homem (operador das máquinas) múltiplas operações, mas não é fácil e não será possível sistematizar os trabalhos porque esta não é uma indústria de série", considera. Cada molde é uma peça única e, nisso, o grupo esteve sempre de acordo. O objetivo, defende ainda, é conseguir dar às máquinas "maior autonomia e dar às empresas capacidade para que possam dar resposta a essa necessidade". Paulo Henriques confirma a evolução que diz ter notado desde que começou a trabalhar no sector. Conta que, no caso da eletroerosão por penetração, "as máquinas, antigamente, estavam adaptadas ao cobre e agora estão, cada vez mais, preparadas para a grafite". Apesar disso, realça que no dia a dia da empresa, há ainda trabalhos realizados em cobre. "São peças mais técnicas, de dimensão muito reduzida e em que o acabamento, no cobre, é vantajoso". Numa referência mais abrangente a todo o processo de produção, considera que "na globalidade do fabrico, a ideia é tentarmos reduzir ao máximo a erosão. Não podendo eliminá-la, tentamos minimizar esse processo porque a eletroerosão por penetração implica dois trabalhos: é o trabalho de fazer o elétrodo (dar-lhe a forma pretendida) e depois o trabalho de erodir". O peso do Homem no processo não é elevado, admite. "Na fábrica, temos uma célula e há uma série de dados que permitem que a máquina trabalhe e com uma autonomia elevada". E, atualmente, deixar as máquinas em produção na célula de eletroerosão é uma situação que acarreta "riscos mínimos", diz ainda.

Intervenção humana Hugo Damásio considera, até, que com o avanço tecnológico, e ao contrário do que sucedia no passado, o risco de erro é mínimo. "O erro aplicado ao software é mesmo muito pequeno. Há pequenos bugs, pequenas avarias", diz. Mas considera que "a parte humana é sempre, sempre necessária". E exemplifica: "uma célula quando é comprada, faz um tipo de peças standard. Mas o problema é que as nossas peças, o nosso molde, raramente são standard. São únicas". As células, adianta, têm, também, uma capacidade limitada. "Estão preparadas para fazer um trabalho, não digo standard mas bastante limitado, a nível de geometria e, em peças de aço, até 100 ou 200 quilos. São peças extremamente pequenas", justifica. Automatizar na totalidade, conclui, mesmo que fosse possível, não seria rentável porque não seria possível incluir o investimento tecnológico no preço final do molde. Bruno Sequeira partilha da opinião de que a presença humana é imprescindível, mas, sobretudo, numa fase específica: a da preparação das peças. "O resto do processo é completamente automático. Assim que entra a máquina, não é preciso fazer mais nada nas peças", esclarece. E considera que, nos últimos tempos, se tem assistido a uma mudança grande no processo de produção do molde, que tem tornado a eletroerosão como parte mais integrante. "Quando começámos, tínhamos a noção que o planeamento do molde não tinha previsto o aspeto da eletroerosão por fio. Quando nos procuravam, era quase uma maneira de colmatar algum esquecimento ou para alguma alteração necessária. Atualmente, quem faz o planeamento já tem isso em conta: as peças são pensadas, cada vez mais, e logo à partida, prevendo a eletroerosão e o facto de a integrarem na produção, vem valorizar o processo", considera.


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É, no entender de Adriano Caseiro, uma adaptação normal da indústria. "É o ajustar-se às novas tecnologias que existem disponíveis no mercado porque são fatores de redução de tempo e, consequentemente, fatores de redução de custo e até de ganho de eficiência", sustenta.

Preço e concorrência Maria Goretti Sequeira não tem dúvidas que a indústria tem carência deste processo, apesar de algumas empresas produtoras terem já investido em células de eletroerosão. "Somos muito procurados, sobretudo pela indústria de moldes e, dependendo das máquinas, conseguimos dar resposta a moldes grandes ou de menor dimensão", conta, concluindo que "a indústria reconhece o nosso trabalho". Contudo, adverte Bruno Sequeira, "isso não significa que seja mais valorizado a nível financeiro". Refere até que, hoje em dia, há muito mais oferta deste tipo de serviço e que, na prática, "o preço-hora da máquina não tem variado muito ao longo destes últimos 20 anos". A concorrência não permite subir os preços. Mas a pressão na redução dos prazos é, segundo Maria Goretti Sequeira, bastante sentida. Hugo Damásio considera que "pressão sempre existiu" e não a vê como um problema. "Desde que me recordo, e já com o meu pai, os moldes sempre foram esta correria. Era uma correria a tempos diferentes: antes eram seis meses a correr para o molde e agora são oito ou até quatro semanas, mas continuamos a correr", diz. E considera mesmo que foi essa "correria" que levou as empresas a mudar: "a ter ferramentas, ter software e ter metodologia de trabalho". Paulo Henriques chama a atenção para algumas "pequenas coisas" que ainda podem ser melhoradas, como a necessidade, por vezes, de um melhor planeamento. "É certo que a eletroerosão já é contemplada regularmente, mas, por vezes, passam-se tarefas umas à frente das outras e quando a peça chega à erosão (no caso do fio), a pessoa vê-se aflita", alerta. Concorda que a pressão sempre existiu, mas "hoje em dia é diferente: antigamente, media-se em dias, hoje mede-se em horas. Não nos podemos distrair uma hora porque isso pode sair caro", defende.

"Trabalhar na ferrugem não é cool" Quando o tema se centra nas principais preocupações, a opinião é unânime e assume, verdadeiramente, um tom de inquietação: a escassez de recursos humanos qualificados. "Esse é hoje o grave problema da nossa indústria, não apenas na eletroerosão, mas em todo o sector", alerta Adriano Caseiro, considerando que "temos de conseguir inverter a imagem que há hoje - e nem corresponde à verdade - de que 'trabalhar na ferrugem não é ‘cool' e que faz com que tenhamos esta dificuldade em conseguir captar jovens, principalmente bem formados". No seu entendimento, quer a área da eletroerosão, quer a indústria de moldes de uma maneira geral, carecem de "quadros com formação superior, mas multidisciplinar". A carga horária que a indústria exige aos seus profissionais, a entrega, são fatores que, na opinião destes técnicos, não cativam as novas gerações. O tema conduziu a uma discussão muito intensa, tendo sido apontadas algumas sugestões às escolas que deveriam preparar-se melhor para responder às necessidades das empresas, mas também à indústria que deveria conseguir preparar-se para uma mudança de paradigma.

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"O ideal era que se conseguisse, na empresa, que oito horas de trabalho coubessem ao Homem e 24 horas fossem atribuídas às máquinas", defendeu Adriano Caseiro. Acrescentou que a mudança deveria fazerse de forma a que "a produção massiva (em série) deixe de representar 20% e a produção unitária 80. Devíamos conseguir inverter isto". Bruno Sequeira concordou, mas admitiu ser difícil "porque não há duas peças iguais", referindo não ter memória, no seu trabalho, de "duas obras que sejam sequer idênticas". Maria Goretti reforçou que, por vezes, "as máquinas param e não podemos ligar a máquina e ir embora descansados" como forma de justificar a necessidade de haver, sempre, a presença humana no processo. Hugo Damásio considerou que "é preciso que nas empresas se consiga construir o processo e ajustá-lo de forma a integrar as novas tecnologias e equipamentos com os conhecimentos desses jovens que não gostam de trabalhar na ferrugem". Admite que se trata de uma questão sensível e de difícil resolução e que, na atualidade, está a causar salários inflacionados e até a que os recursos existentes sejam aliciados para sair para outras empresas. "As escolas formam seis ou dez pessoas por ano mas não é isso que vai ajudar. Devia haver programas de apoio que ajudassem a resolver esta lacuna", diz. "Ter tecnologia não basta; o nosso problema vai ser quem vai trabalhar com ela", considera Paulo Henriques, frisando que "as pessoas vão fazer falta e isso vai fazer mossa na indústria". Adriano Caseiro considera, até, que essa é uma questão que influencia a concorrência e o preço dos trabalhos. "Os preços têm muito a ver com o fator humano. Temos uma grande indústria de moldes em Portugal não só porque sabemos fazer bem, mas também porque, por exemplo, os alemães, os espanhóis ou os franceses têm menos quem faça", afirma, considerando que "o jogo de transferências na indústria é hoje uma coisa impressionante devido a essa escassez de mão de obra que sentimos".

Ameaças no futuro Evolução. Novas tecnologias, procedimentos e formas de fazer. Podem, por exemplo, a prototipagem rápida ou a sinterização a laser ser uma ameaça à eletroerosão? Hugo Damásio considera que sim, mas não tem dúvidas de que isso só acontecerá num futuro não muito próximo. "Estamos a falar de tecnologias que já cá estão, não são, por isso, utópicas, mas estão ainda muito verdes e ainda vão demorar algum tempo a amadurecer e a ficar massificadas", defende. Paulo Henriques concorda. "Essas novas tecnologias estão cá, mas ainda não conseguem fazer uma série de processos e, por isso, não conseguimos eliminar a erosão", considera, mostrando-se, contudo, convicto de que "as tecnologias estão sempre a evoluir e acredito que, no futuro, vamos ter de ver como nos adaptar". Hugo Damásio fez ainda referência a uma questão na eletroerosão por penetração que considera preocupante: os elétrodos usados. Conta que, atualmente, a maioria dos clientes pede para que as empresas mantenham os elétrodos. "Por ano, ficamos com toneladas de grafite, assim, parado. É uma desvantagem do processo", diz. Mas solução, para já, não a encontra. "Faz parte do processo e é isto que temos neste momento para trabalhar", afirma.



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OS PRÓS E OS CONTRAS DA ELETROEROSÃO 1. Vantagens da eletroerosão? 2. Desvantagens da eletroerosão?

Bruno Sequeira, VHS

Paulo Henriques, Ribermold

Adriano Caseiro, Rerom e Gramaq

Hugo Damásio, Damásio

1. No caso da eletroerosão por fio (a que fazemos na nossa empresa), a vantagem é a possibilidade de fazer peças mais complexas, mais trabalhadas, com tempos e preços mais acessíveis.

1. No caso da eletroerosão por penetração tem vantagens no que toca ao acabamento de moldes técnicos e no acabamento de algumas peças na textura. Na eletroerosão por fio, vejo vantagens, por exemplo, no acabamento das caixas quando é para colocação de postiços.

1. As vantagens da eletroerosão por fio são a precisão e o rigor. A taxa de remoção por fio é bastante interessante em relação a outras tecnologias

1. Não vejo a eletroerosão, seja por fio, ou seja por penetração, como uma vantagem ou não: é um bem necessário, uma das fases do molde. Tem grandes vantagens técnicas, sendo uma das fases importantes porque permite a execução da geometria de peças mais complexas que de outra maneira, fisicamente, não era fácil fazer.

2. É complicado pensar em desvantagens porque o processo, por si, é uma vantagem. Mas posso dizer que tem, por exemplo, alguma limitação. Ou seja, normalmente não existem máquinas com grandes dimensões para peças grandes ou se existirem são muito caras. Depois, outra desvantagem, é que a partir de um determinado grau de inclinação é quase impossível fazer por este processo. Há limitações mecânicas da própria máquina. Tirando isso, quando se opta por um processo destes e se for possível fazê-lo, não tem grandes desvantagens.

2. A grande desvantagem que vejo, na eletroerosão de penetração, é termos o trabalho dobrado porque temos de fazer a ferramenta (elétrodo) para depois utilizar na erosão. Ao nível da eletroerosão por fio, não noto grandes desvantagens. Às vezes, gostaríamos que o fio conseguisse ser usado, mas sem ser passante. Mas isso não é possível.

Já a erosão por penetração faz trabalhos intrincados que porventura não são suscetíveis de ser feitos por fresagem. A eletroerosão tem outra vantagem: a autonomia da máquina. Num trabalho de eletroerosão, os tempos de autonomia tendem a ser maiores do que num trabalho de fresagem. E apesar da evolução tecnológica que a fresagem tem tido, acontece que é um processo que sai mais caro que a eletroerosão. 2. Como desvantagens, posso dizer que a eletroerosão por fio tem as condicionantes de projeto, têm de ser trabalhos em que os fios são passantes. Na eletroerosão por penetração é a taxa de remoção ser menor que a taxa da remoção da fresagem. Por isso, perde um pouco para a fresagem.

2. Não me parece que tenha desvantagens. Mas admito que é um processo, se calhar, lento mas que tem de ser feito. Se fizermos as contas, e se não for por eletroerosão, na prática o fabrico da peça demora mais tempo, fica mais caro e é mais moroso. Logo, o tempo - se o achamos lento acaba por não ser desvantagem. Considero ainda que as vantagens e desvantagens que enumeramos sobre a eletroerosão são transversais a outros processos



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COMO APLICAR AS METODOLOGIAS DA 'INDÚSTRIA 4.0' (INTEGRAÇÃO DE DADOS E SISTEMAS) À GESTÃO DE PRODUÇÃO DE ELÉTRODOS NA INDÚSTRIA DE MOLDES GILBERTO MENDES* *Grandesoft

O que são os elétrodos e porque são necessários tantos elétrodos na indústria de moldes?

Complexidade associada ao processo de utilização de eletroerosão no fabrico de moldes

No fabrico de moldes a tecnologia de maquinação mais utilizada é a fresagem CNC. Devido à forma geométrica das ferramentas de corte e das peças que se pretendem obter, bem como das limitações tecnológicas dos materiais, muitas vezes o processo de fresagem não permite deixar as peças totalmente acabadas.

A tecnologia de eletroerosão de penetração funciona através de descargas elétricas produzidas entre o elétrodo e a peça a maquinar.

Uma solução habitual é recorrer a outra tecnologia, a “eletroerosão de penetração”, que utiliza um elétrodo com a forma da zona que se pretende maquinar, e através de descargas elétricas faz o acabamento dessas superfícies.

Zonas a azul são para erodir.

O elétrodo, normalmente, de cobre ou grafite, tem de ser modelado especificamente para a zona que se pretende maquinar e com “sobreespessura negativa”, normalmente entre 0.1mm e 0.5mm que é designada como “gap”. Este “gap” será compensado no processo de eletroerosão.

No fabrico de cada molde pode existir a necessidade de utilizar centenas de elétrodos todos diferentes e, cada um tem que ser individualmente modelado, maquinado, controlado e finalmente utilizado no processo de erosão de penetração. Em todas estas fases do processo de fabrico, existe um elevado volume de dados que tem que ser gerido. Para cada elétrodo, é necessário saber a localização XYZ (relativo à origem da peça que este vai erodir), o material (existem diferentes tipos de cobre e grafite), as dimensões do material em bruto, o “gap”, imagens e notas. Depois de maquinado, cada elétrodo tem de ser controlado e registados os desvios para ser compensada a localização e “gap”. Tradicionalmente, estes dados eram registados em papel ou em sistemas informáticos não integrados. O potencial de existirem erros era muito elevado.

Simulação do elétrodo sobre a peça.

Nos últimos anos, apareceram no mercado soluções de software para a “Gestão de Produção de Elétrodos”, desenvolvidos especificamente para a indústria de moldes, que permitem integrar todas as fases do processo, reduzindo os erros e aumentando, de forma significativa, a produtividade.


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Integração de dados entre os vários sistemas ao longo do ciclo de vida do elétrodo CAD A modelação dos elétrodos é feita em software CAD, utilizando geometria 3D. O software de “Gestão de Produção de Elétrodos” faz a importação das cotas XYZ, rotação (C), dimensões do material em bruto, “gap” teórico, tipo de material, imagens, etc. CAD CAM

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Erosão de penetração Toda a informação necessária para automatizar a programação das máquinas de erosão de penetração já se encontra disponível no sistema. Nesta fase é importante o software de “Gestão de Produção de Elétrodos” ter pós-processadores para criar programas para as diversas marcas de máquinas existentes no mercado.

Erosão de penetração

Deve também permitir fazer a simulação da montagem dos elétrodos no carrossel para verificar colisões.

O software CAM vai gerar os programas CNC utilizados no fabrico de cada elétrodo. Podem ser importados os tempos previstos de maquinação e registados os programas individuais de cada elétrodo. Material / Requisições

CAM

A gestão dos materiais necessários ao fabrico dos elétrodos (blocos de material em bruto de cobre ou grafite), passa a ser feita de forma automática, uma vez que estes dados já foram importados.

Simulação montagem dos elétrodos.

Nesta fase é também feita a impressão de etiquetas para identificar cada elétrodo. Permite também controlar o estado (Requisitado/Recebido) e obter alertas dos prazos de entregas dos fornecedores.

Materiais Requisições

Conclusão As empresas de moldes tentam posicionar-se sempre na vanguarda da implementação de tecnologias para melhorar a produtividade. Ao contrário do que acontecia há alguns anos, quando devido ao custo e complexidade de implementação, estas soluções estavam apenas ao alcance de empresas de maior dimensão, atualmente já existem soluções muito mais económicas, fáceis de implementar e ao alcance de todas as empresas.

Fresagem CNC Cada elétrodo tem de ser individualmente maquinado. Usando a informação das fases anteriores é exportada informação para a fresadora CNC ou para os sistemas integrados de fabricação de elétrodos.

Também é feita a simulação da montagem nas paletes para verificação de colisões. Fresagem CNC Metrologia No controlo dimensional do elétrodo é necessário controlar a altura, o “gap” e os desvios em XYZ e C. É feita a validação automática dos valores medidos mediante tolerâncias préconfiguradas, sendo o elétrodo aceite ou rejeitado. A importação de dados pode ser feita a partir de máquinas de medir CNC ou colunas de medição manuais.

Metrologia

Exemplo de programa erosão de penetração.


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A CHAVE PARA UM MELHOR PROCESSO DE FABRICO DE ELÉTRODOS João Ferreira* *S3D

O processo de maquinação por eletroerosão EDM (Electro Discharge Manufacturing), apesar do avanço nos processos de maquinação por fresagem, principalmente com a tecnologia de 5 eixos, continua a ter uma importância relevante no processo produtivo de um molde. Importância a que a evolução das máquinas de eletroerosão não é alheia.

vertentes. Um, a vertente de software, e dois, a vertente da máquina. Na vertente da máquina tem havido evoluções importantes que permitiram integrar as máquinas de eletroerosão nas chamadas células de produção, tornando a produção e utilização de protótipos, os elétrodos, numa quase produção de série. Isto é, desde a produção do elétrodo até à sua utilização na máquina de eletroerosão, passando pelo controlo dimensional dos elétrodos. Contudo, é na vertente software que temos assistido aos maiores avanços neste sector do fabrico de moldes. A evolução do software nesta área acontece em duas áreas distintas. Primeiro, a área do software de gestão e monitorização do processo produtivo e, segundo, a área do software de produção do elétrodo. O desenvolvimento de software de gestão e monitorização do processo de produção e a introdução de conceitos de automação, só são possíveis devido à evolução da máquina e interação com a sua envolvente, qual dilema do ovo e da galinha, permitiram a automatização deste processo produtivo, desde o bloco em bruto do elétrodo à peça depois de eletroerodida.

F1 – Eletroerosão por penetração.

Neste artigo não vamos abordar a erosão com fio. Apesar da evolução das máquinas e dos softwares de programação dessas mesmas máquinas, quer a nível de percursos ou de otimização dos recursos da máquina, esta tecnologia ainda não permitiu a automação do processo. A utilização de eletroerosão - e concentremo-nos na erosão por penetração - é sempre um desafio para a maioria dos fabricantes de moldes, por ser uma tecnologia que consome muito tempo, tanto no processo de eletroerosão propriamente dito, como na produção dos elétrodos. É também uma tecnologia que apresenta algumas questões ambientais, o que obriga as empresas a investimentos adicionais no tratamento dos efluentes gasosos e líquidos deste processo de maquinação. No entanto, e como tudo na vida, esta tecnologia tem qualidades de difícil substituição em geometrias como ribs, ou determinados acabamentos de superfície, ditos “de erosão”, quando assim é requerido. A verdade é que mesmo apesar das qualidades, os fabricantes de moldes tentam, sempre que possível, substituir o processo de eletroerosão por processos de fresagem ou de retificação. Por essa razão, suavizar o processo, eliminar passos desnecessários, reduzir erros e “automatizar” o trabalho repetitivo, é um objetivo de todas as empresas para este sector. Aqui chegados, impõe-se fazer um ponto de ordem na utilização do estado de arte desta tecnologia e separar este processo em duas

Por outro lado, a evolução do software de aplicação para a produção de elétrodos veio trazer maior capacidade produtiva a todo este processo. É na fase da modelação e programação de maquinação do elétrodo que se define o sucesso de todo este sector. A solução de CAD e CAM para o processo de produção de elétrodos deve permitir três pontos-chave. Isto é, tem que permitir não só trabalho colaborativo, como a automatização do processo com a utilização de informação de produção e por último a reutilização do conhecimento.

O trabalho colaborativo A eletroerosão é a última ação do processo de maquinação, mas não deve ser a última a ser efetuada, sob pena de pôr em risco o prazo de entrega do molde. Isto é, a modelação do elétrodo deve acontecer em simultâneo com as outras tarefas de CAD e, seguramente, de CAM dos diferentes componentes do molde. Para isto ser possível, o software de CAD deve permitir a diversos utilizadores estarem a trabalhar o mesmo projeto em simultâneo, o denominado trabalho colaborativo.

Automatização do processo A automatização do processo de produção do elétrodo define-se a dois níveis. Primeiro, a capacidade que a solução de CAD deve ter para permitir a utilização de sequências, também conhecidos por templates ou macros de construção geométricas ou de programação de maquinação, previamente definidas. Segundo e mais importante, a capacidade de conjuntamente com a geometria, enviar informação de produção, em Inglês PMI (Product Manufacturing Information), para as máquinas, quer de produção dos elétrodos, quer para as máquinas de


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F2 – Automatização do processo.

eletroerosão ou para o software de gestão de produção. Para este objetivo é importante a integração da solução de CAD e de CAM, pois permite que a informação de produção, PMI, seja utilizada na sua plenitude.

Reutilização de conhecimento Apesar de cada molde e elétrodo serem diferentes, existe um grande número de ações que se repetem elétrodo após elétrodo. Reduzir ao mínimo essas ações é um objetivo claro. Contudo, mais importante, é que o conhecimento de utilizadores mais experientes,

F3 – Reutilização de conhecimento.

assim como as boas práticas de cada empresa, sejam utilizados na definição de templates, tanto de construção geométrica, como de programação de maquinação. Deste modo, conseguimos utilizar o conhecimento acumulado, homogeneizar processos e permitir a utilizadores menos experientes uma rápida integração no processo produtivo. Para terminar, neste processo como em todos, é de realçar a importância da formação dos utilizadores e do suporte técnico que cada fornecedor na sua área pode e deve providenciar.


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GRAFITE PARA EDM JOEL SILVA* * NO - Normalizados do Oeste

destas gamas, em toda a Europa, e sobretudo em países cujos fabricantes de moldes estão a viver um crescimento assinalável (Portugal, Alemanha, Itália, Polónia e República Checa). Na resposta a este desafio, os processos de investigação e desenvolvimento de material implementados pela Poco Graphite, em colaboração com os principais fabricantes de máquinas, levaram à criação de uma gama de grafites com granulometria entre 1 a 5µm. E isso tem maiores implicações do que aquelas que aparentemente se poderiam prever.

Numa dúzia de anos diminuíram os “gaps” e aumentou a rentabilidade e a poupança. Num estudo de 2017, apresentado pela Poco Graphite, Emmanuel Ambrosetto discorreu sobre as duas maiores mudanças a que assistiu na última década e meia em que tem prestado apoio técnico a fabricantes de moldes, um pouco por toda a Europa. A primeira mudança está relacionada com as diferentes utilizações e funções dos próprios elétrodos em grafite, que cada vez têm de obedecer a tarefas mais complexas e rápidas para moldes mais técnicos, o que implica uma redução dos “gaps”. A outra refere-se aos prazos cada vez mais curtos com que os fabricantes se deparam. Na verdade, se, em 2005, um trabalho normal era realizado com “gaps” de 0,5mm a 0,1 mm por lado, hoje em dia, os tamanhos e formas exigidos aos elétrodos implicam a redução desses valores confortáveis para intervalos de 0,2 a 0,05 mm por lado. Da mesma forma que se observa também que, se em 2005, um molde poderia ser feito em três meses, hoje em dia, muitos deles, não ultrapassam as seis semanas. No que respeita à primeira parte, podemos, desde logo, contextualizar que essa evolução nos elétrodos, consubstanciada em ribs cada vez mais finos e tamanhos e formas em constante evolução, tem sido uma premissa para responder a um mercado global, cada vez mais competitivo. A principal consequência direta desta premissa, na esfera do funcionamento do fabricante de moldes, tem conduzido a uma consciencialização, cada vez mais forte do cuidado a ter na escolha do próprio material de grafite com que vão fabricar o elétrodo e na seleção das tabelas de regime para as máquinas. É nesta evolução que as empresas chegam facilmente à conclusão que um equipamento mais caro pode realmente ser rentabilizado, de forma a produzir mais em menos tempo, de forma a ser competitivo e a criar valor acrescentado. E é aí que os termos “investimento” e “poupança” se cruzam, o que parecia caro acaba por se traduzir numa poupança sob vários níveis. Se aplicarmos esta verdade absoluta à grafite, é aqui que as gamas altas começam a ter cada vez mais protagonismo. Como é, aliás, notório, quando olhamos para um aumento exponencial do consumo

Em 2005, conseguia-se, com cobre, um arranque de material (MRR) de cerca de 20 mm3/min, usando um “gap” habitual de 0.15mm por lado. Hoje, graças à grafite EDM1 ou EDM3, da Poco Graphite, facilmente se atingem os 60 mm3/min para o mesmo “gap”. As qualidades de grafite mais altas são utilizadas para ter melhor acabamento e menor desgaste, mas também para ter uma taxa de remoção de aço mais elevada. A poupança que aqui se operou tem permitido a muitos fabricantes trabalhar de forma mais rápida e poder encurtar o prazo de entrega dos moldes. Neste processo evolutivo fomos passando de elétrodos que trabalhavam com um “gap” maior (utilizando grafites com 10 a 15µm de granulometria) para elétrodos de “gap” cada vez menor a utilizar grafite de 1 a 5µm. Esta situação tem conduzido, invariavelmente, a uma poupança significativa dos tempos de erosão e da quantidade de elétrodos necessários, bem como a um aumento de rapidez e capacidade de resposta absolutamente necessários em função dos prazos com que o sector tem que trabalhar.



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ONA CELEBRA 65 ANOS INOVANDO COMO LÍDER NO DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS DE ELETROEROSÃO

A ONA cumpre 65 anos de história e converte-se no fabricante de máquinas de eletroerosão mais antigo do mundo, o primeiro da União Europeia e um dos mais importantes a nível mundial. Um título que a empresa ostenta com orgulho e que comemorou, em 2017, com uma série de iniciativas que visam recordar uma trajetória de sucesso na indústria da eletroerosão. Olhar para o passado provoca sempre alguma nostalgia. A tecnologia avança a passos largos e é inevitável olhar para as primeiras máquinas e sentir satisfação pelo caminho percorrido no campo da investigação e desenvolvimento de tecnologias de eletroerosão. Uma história cheia de progressos e melhorias tecnológicas, com mais de 14.000 unidades instaladas em todo o mundo e presença em 60 países. Toda uma vida como especialistas em eletroerosão, acompanhando cada cliente para lhe oferecer a máquina perfeita que se adapte às suas necessidades de produção. A ONA conta com 70 configurações diferentes de máquinas de grandes dimensões, sendo líder mundial no fabrico de máquinas grandes e especiais. Por tudo isto, a empresa celebrou este aniversário fazendo uma retrospetiva da sua história, uma trajetória irrepreensível, repleta de êxitos tecnológicos imprescindíveis para compreender o desenvolvimento da indústria da eletroerosão.

Recordar a história da ONA é fazer uma viagem pela história da própria Eletroerosão 1952 é o ano de fundação da ONA, empresa dedicada ao fabrico de máquinas-ferramenta especiais. Em 1955, desenvolve a sua primeira máquina de eletroerosão por penetração: o modelo ONA WSM. 27 anos depois, a empresa cria a primeira gama de máquinas de eletroerosão por fio. Desde então, ocupa os primeiros lugares como líder industrial em ambas as tecnologias. A ONA tem estado sempre na vanguarda do desenvolvimento e da inovação, sendo o primeiro fabricante a desenvolver, em 1981, o primeiro CNC do mundo, exclusivo para máquinas de eletroerosão. Muito aconteceu desde esse primeiro CNC, mantendo em todos os modelos posteriores essa preocupação de serem pioneiros e inovadores em cada geração. Como resultado do crescimento, a ONA foi obrigada a mudar-se, em 1992, para novas instalações mais modernas e de alta capacidade, onde se concentram os escritórios centrais, a principal unidade de produção e os centros de I&D e o serviço de apoio ao cliente. No ano seguinte, a empresa volta a protagonizar um momento importante no desenvolvimento do sector com a patente do primeiro filtro 100%

ecológico para máquinas de eletroerosão por fio: o modelo ONA AquaPrima. Todos estes anos são marcados pelo desenvolvimento de novas gamas na área da eletroerosão por penetração e fio, com a ONA a voltar a surpreender, em 1999, com o fabrico da maior máquina de eletroerosão por fio do mundo: o modelo ONA ARION K1000. Trata-se do primeiro modelo desta tecnologia que permite cortar até 600 mm de espessura e trabalhar peças com até 10.000 kg. Sempre a pensar no cliente, em 2009 saem para o mercado as gamas de máquinas com design modular: ONA AF MODULAR e ONA NX MODULAR. A partir desse momento, cada cliente pôde configurar e programar a sua própria máquina de grande dimensão com uma flexibilidade sem precedentes. Mais um exemplo que cimenta a posição da ONA como líder no desenvolvimento tecnológico do sector da eletroerosão. Neste que é um ano de celebração, amplia o seu catálogo de produtos com a inclusão de máquinas para a maquinação de micro-furos de alta precisão por eletroerosão graças à aquisição da empresa americana AAEDM. Mais um passo na estratégia da empresa para complementar as suas vias de crescimento, facilitando o acesso a novas oportunidades de negócio, tanto junto dos atuais clientes como com novos clientes. Toda uma história que coloca a ONA como uma referência mundial do sector. Uma empresa totalmente apostada na eletroerosão e que continuará no futuro a investigar e protagonizar os momentos mais importantes do desenvolvimento desta tecnologia. A ONA A FAZER HISTÓRIA 1952 - Fundação da ONA. 1955 - Primeira máquina de eletroerosão por penetração. 1977 - Primeira gama de máquinas de eletroerosão por fio. 1981 - Primeiro CNC no mundo exclusivo para máquinas de eletroerosão. 1992 - Mudança para novas instalações mais modernas e de alta capacidade. 1993 - Patente do primeiro filtro 100% ecológico para máquinas de eletroerosão por fio. ONA AquaPrima. 1999 - Fabrico da maior máquina de eletroerosão por fio do mundo. 2005 - Novo CNC ONA-S64 que permite trabalhar em 3D sem limitações. 2009 - Máquinas de grandes dimensões com design modular: ONA AF MODULAR e ONA NX MODULAR. Flexibilidade sem precedentes. 2014- Nova gama Premium ONA AV de máquinas de eletroerosão por fio. 2017 - Inclusão da tecnologia de eletroerosão por micro-furos.



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INOVAÇÃO INNOVATION O que as empresas concebem de forma singular e inovadora What our companies concieve in a singular and innovative way

“BOP” - Projeto de investigação para nova bomba de óleo com componentes em polímero

“DEMO EXP” - Projeto demonstrador de investigação e desenvolvimento aplicada

“On-SURF - Mobilizar competências tecnológicas em engenharia de superfícies”


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“BOP” - PROJETO DE INVESTIGAÇÃO PARA NOVA BOMBA DE ÓLEO COM COMPONENTES EM POLÍMERO Ana Conceição *, Nuno Fidelis ** *Renault Cacia: **Centimfe

plásticos permita uma redução de 200-300Kg no peso final de um veículo ligeiro. Com isto conseguese uma redução de cerca de 0.5 litros de combustível a cada 100km, o que representa 750 litros para um

Enquadramento A indústria automóvel tem-se deparado ao longo dos últimos anos com o aumento das restrições nas emissões de CO2 nos vários países que se comprometeram com o combate à poluição e com a redução do consumo energético de origem fóssil. Neste enquadramento, os fabricantes da indústria automóvel têm objetivos que envolvem a procura de soluções económicas que otimizem os valores médios de consumo de combustível, em particular soluções que permitam reduzir o peso dos veículos mantendo ou incrementando o desempenho, a qualidade e a segurança. Uma das soluções para a diminuição de peso dos componentes do veículo passa pela alteração do seu material, identificando materiais mais leves e com características funcionais que não coloquem em causa o desempenho do componente. A utilização de componentes poliméricos nos automóveis tem sido uma das soluções para criar veículos mais leves, com vantagens na redução do consumo de combustível e emissão de CO2, estimando-se que a utilização de

ciclo de vida de 150.000 km. Na perspetiva de inovar, seguindo as tendências do sector automóvel a nível mundial, a Renault Cacia promoveu o desafio de estudar e investigar a aplicabilidade de materiais poliméricos a componentes por si produzidos. Um grupo de trabalho interno, constituído para o efeito, propôs a conceção e investigação de soluções para o desenvolvimento de uma nova bomba de óleo, que atualmente é inteiramente metálica, baseada em materiais poliméricos e pensada em termos industriais de forma a introduzir novos processos de fabrico, que permitam a redução de custos.


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A bomba de óleo, e particularmente a sua tampa, é um componente crítico do motor de combustão interna, sabendo-se que a sua performance está intimamente relacionada com o desempenho e resistência ao desgaste dos seus componentes, e que esse desgaste pode contribuir para a contaminação do sistema de lubrificação do motor e para a sua falha, conduzindo a avaria grave. O Projeto A Renault Cacia entendeu avançar para a investigação de uma solução sustentável, dinamizando a criação de um consórcio entre esta e o Centro Tecnológico da Indústria de Moldes Ferramentas e Plásticos, entidade SI&I que possui um currículo abrangente nesta temática. Nasce assim, o projeto de I&D em co-promoção “BOP” - que versa a investigação sobre polímeros de elevado desempenho para aplicação em componentes de bombas de óleo. Este servirá como estudo de referência cujos resultados contribuirão para conceber uma nova bomba de óleo F1 – Produto em estudo. inovadora, totalmente em polímero, cumprindo todos os requisitos e especificações, solução que não existe no mercado. O projeto tem um plano de trabalhos ambicioso com realização de atividades de investigação industrial e desenvolvimento experimental que contribuirão para o reforço da competitividade da Renault Cacia e da região a nível nacional e internacional. Serão concebidas e desenvolvidas soluções que premiarão a substituição da atual peça metálica por uma nova peça, em material ou materiais de base polimérica, o que constitui uma inovação face ao estado da arte, e que se destacará por uma elevada relação resistência mecânica/ peso e menor custo de produção. O consórcio está a desenvolver trabalho profundo que se prende com investigação de materiais poliméricos e análise estrutural complexa, e utilizará um componente específico de uma bomba de óleo de motor automóvel, uma nova tampa, para demonstrar as novas soluções. O componente desenvolvido no novo material estará sujeito a condições adversas de ordem física, química e térmica que concorrem para a sua degradação, caso não possua as características adequadas. A investigação mobilizará as competências do consórcio para realizar um conjunto de trabalhos em diversas áreas, tais como polímeros, ferramentas moldantes, processos, simulações mecânicas com base em análise de elementos finitos, testes laboratoriais e banco de ensaios específicos e rigorosos, no sentido de desenvolver e conjugar as

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diferentes configurações técnicas e tecnológicas, testar diferentes materiais e suas conjugações, por forma a conceber e definir cada um dos itens e sistemas construídos na procura de um melhor desempenho global. Com este projeto pretende-se desenvolver a posição competitiva da empresa no segmento de mercado bombas de óleo de alto rendimento - colocando a ênfase em processos tecnológicos inovadores, incluindo utilização de novos materiais, na qualidade superior do produto e na obtenção de preços competitivos. O projeto em apreço tem um impacte significativo no reforço da implementação das opções estratégicas porque vai permitir a industrialização de novos e inovadores produtos, assegurando a sua autossustentabilidade a médio e longo prazo, através de uma maior orientação da sua produção para a procura externa futura. Este projeto contém elevado potencial de retorno com a comercialização da tecnologia desenvolvida, particularmente porque a empresa tem acesso privilegiado ao principal mercado alvo deste desenvolvimento. Para além dos benefícios mais tangíveis, de salientar que existem benefícios regionais e nacionais em se deter o know-how duma tecnologia de ponta. O Consórcio O consórcio do projeto é constituído pela Renault Cacia - vocacionada para o fabrico de órgãos e componentes para o sector automóvel; e pelo Centimfe, entidade que atua como elo de transferência de tecnologia entre o Sistema Científico e Tecnológico, de que é parte integrante, e as empresas, vocacionado para o apoio tecnológico à indústria de moldes, ferramentas especiais e plásticos, e com grande experiência na tecnologia dos materiais poliméricos.

Organismo Técnico:

Projeto cofinanciado por:



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“DEMO EXP” - PROJETO DEMONSTRADOR DE INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO APLICADA agostinho carvalho* * WeADD

O projeto demonstrador individual “DEMO EXP”, financiado pelo Centro 2020 e FEDER é promovido pela empresa WeADD, tem por objetivo evidenciar perante os players do mercado de máquinas de extração de café em cápsula as vantagens económicas e técnicas da incorporação de um novo grupo de extração patenteado pela empresa promotora a nível internacional.

Tratado de Cooperação de Patentes. A partir de abril de 2016, o PCT tornou-se visível para consulta pública na base de dados do European Patent Office.

Alguns destes players são as diversas marcas nacionais e internacionais do sector do café, fabricantes de máquinas de extração de café, fabricantes de componente, equipas de engenharia e desenvolvimento, etc. O projeto “DEMO EXP” teve a sua génese na análise de diferentes máquinas de extração existentes no mercado e a equipa da WeADD ter identificado uma potencial oportunidade de investigação e desenvolvimento na análise quantitativa dos diferentes componentes que compõe uma máquina de extração e da importância dos mesmos em toda a cadeia de valor do produto. Após esta identificação da oportunidade, a equipa de desenvolvimento deu início a um projeto de I&DT que decorreu durante oito meses e que teve como resultado o Pedido Provisório de Patente (PPT 2014/1000082581 de 21 de outubro de 2014) relativo ao desenho técnico de um novo dispositivo de extração a incorporar em máquinas de produto edível num sistema de unidose, como por exemplo o café. A 5 de outubro de 2015 o PPT passou a PCT (Pedido Internacional de Patente, sob o número PCT 2015/46. A conversão de PPP a PCT validou, fundamentou e comprovou de forma inequívoca, o sucesso do projeto de I&DT EXP e as características inovadoras disruptivas do desenho técnico do novo grupo de extração e concedeu à WeADD a proteção da invenção em 148 países através do

F2 – Protótipo em SLS do chassi e componentes exteriores da máquina de extração.

Assim, para a WeADD tornou-se necessário o desenvolvimento deste projeto demonstrador “DEMO EXP”, tendo em conta os seguintes objetivos: 1. Desenhar, conceber, desenvolver e produzir uma máquina de extração de produto edível, com uma aposta no café em cápsulas, com o grupo de extração na vertical para demonstrar uma: a. redução de 20% na dimensão da máquina; b. redução de até 50% nos componentes totais de fabrico; c. redução de até 30% do custo total de produção. 2. Avaliar as vantagens de eco inovação das máquinas que incorporam este novo grupo de extração, ao nível da redução de materiais, dos consumos de energias, do custo de produção e do custo logístico. 3. Revisão e validação do modelo de negócio preconizado pela WeADD para uma estimativa o mais correta possível do seu impacto no mercado em função dos resultados da demonstração e consequentemente do valor que deve ser cobrado pela WeADD para o licenciamento da sua propriedade intelectual. 4. Desenhar e implementar uma estratégia eficaz de comunicação dos resultados demonstrados com este projeto para potenciar o valor da propriedade intelectual gerada e a massificação da incorporação desta tecnologia nas futuras máquinas de extração de café.

F1 – Imagem do dispositivo de extração adaptado para porções de doses individuais que consta o PCT/PT20015/000046, WO 2016/064290.

A WeADD, até ao momento, já deu resposta aos seguintes desafios técnicos e tecnológicos para viabilizar a utilização da máquina de extração do produto edível:


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F4 – Primeiro protótipo funcional para validação antes da produção de ferramentas para produção de 5 a 10 unidades teste.

F3 – Protótipo em SLS da máquina de extração.

1. Integração do grupo de extração na máquina, por exemplo ao nível da passagem de fluidos, nomeadamente água quente pelo grupo para assegurar a qualidade de extração da bebida pretendida; 2. Identificação dos materiais a utilizar que garantam o bom funcionamento do grupo de extração; 3. Análise de efeitos e modos de falha do processo produtivo (PFMEA – Process Failure Mode and Effect Analysis). A WeADD acredita que há interesse do mercado, pela solução alvo deste projeto demonstrador, há propriedade intelectual que o suporta e há uma equipa motivada e capaz de o implementar na sua totalidade. Para tal, colabora com o Centimfe - Centro Tecnológico da Indústria de

Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos, no desenvolvimento dos protótipos de máquinas que incorporam este grupo de extração, evidenciando as vantagens desta tecnologia, para afinar o modelo de negócio de licenciamento da patente, avaliar a melhor estratégia de comunicar resultados, para promover a massificação da incorporação desta tecnologia nas futuras máquinas de extração de bebidas edíveis, que no limite poderão todas passar a usar! DEMO EXP, Aviso 32/SI/2015 projeto demonstrador individual, Projeto 17590


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INOVAÇÃO INNOVATION

“ON-SURF - MOBILIZAR COMPETÊNCIAS TECNOLÓGICAS EM ENGENHARIA DE SUPERFÍCIES” ana manaia* * Instituto Pedro Nunes

No presente ano, foi aprovado o projeto mobilizador “On-SURF – mobilizar competência tecnológicas em Engenharia de Superfícies”. O projeto mobilizador “ON-SURF”, aprovado no âmbito do PT2020, tem como promotor líder a empresa TEandM – Tecnologia e Engenharia de Materiais S.A e é composto por um conjunto de 22 entidades relacionadas com o sector da engenharia de superfícies – ES (entre as quais: empresas, institutos, centros tecnológicos, universidades e politécnicos) 14 entidades empresariais e 8 entidades não empresariais do SI&I. Este projeto visa estimular e garantir a implementação da “Agenda de Investigação e Inovação” definida pelos diferentes sectores que integram o projeto num tema fulcral para a economia portuguesa: “Engenharia de Superfícies”. Pretende ainda largar o seu campo de ação a outros sectores e indústrias dedicadas à modificação de superfícies e promover o alargamento da rede a uma escala europeia, acompanhando assim os desafios da 'Indústria 4.0' e a participação ativa no H2020 e FP9. O “On-SURF” foi constituído tendo por base diferentes competências e a complementaridade existente e necessária entre os copromotores nas diferentes áreas de atuação do projeto, designadamente: (1) desenvolvimento científico e tecnológico; (2) implementação industrial; (3) comercialização de todos os produtos intermédios e finais.

Pretende, portanto, ter um impacto multissectorial, designadamente em: moldes metálicos (injeção/estampagem), fabrico de ferramentas, tratamentos de superfície/ revestimentos, componentes aeronáutica, componentes óticos, dispositivos médicos, componentes automóvel, produtos de cutelaria, num valor total estimado de 16 802 596 €. Para tal, o plano de atividades de I&D pretende abranger um conjunto de tecnologias de modificação e tratamento de superfícies que perspetivem a atuação de: (1) superfícies autoadaptativas, (2) superfícies inteligentes, (3) sistemas multifuncionais e (4) soluções que cumpram os desafios REACH. O consórcio “On-SURF” visa ainda, através da mobilização dos diferentes atores intervenientes, implementar um centro de competências tecnológicas sob este tema estratégico – “Engenharia de Superfícies” – para catapultar as empresas para o mercado internacional através de produtos inovadores, integrando novos processos de manufatura e engenharia.

Entidades Participantes no Projeto “On-Surf” Promotor: TEandM Empresas: PMM, PRIREV, PALBIT, MOLDIT, DURIT, METALURGIA LURGA, INOVATOOLS PORTUGAL, DISTRIM 2, TJ MOLDES, LEICA, MUROPLÁS, VOLKSWAGEN AUTOEUROPA, BELO INOX. Entidades do Sistema Cientifico e Tecnológico: Instituto Pedro Nunes, Universidade de Coimbra, Universidade do Minho, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Universidade de Aveiro, Instituto Politécnico de Bragança, Instituto Superior de Engenharia do Porto e Centimfe.



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NEGÓCIOS BUSINESS Economia, mercados, estatísticas Economy, market information, statistics

Feira “Moldplás” encerra com saldo positivo

Seminário apresenta projeto inovador de parceria para o mercado mexicano

Branding industrial

Oportunidades a leste: Bulgária e Roménia nas cadeias de valor industriais

Flexibilidade do horário de trabalho


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FEIRA “MOLDPLÁS” ENCERRA COM SALDO POSITIVO Durante quatro dias a excelência e inovação dos sectores de moldes e plásticos estiveram em evidência no Centro de Exposições da Batalha, onde duas centenas de fornecedores mostraram as suas novidades. E ali, confirmando as expectativas da organização, acorreram quase 25 mil visitantes, entre empresários e profissionais destes sectores industriais. A décima edição da “Moldplás” - Salão de Máquinas, Equipamentos, Matérias-primas e Tecnologia para Moldes e Plásticos encerrou com saldo positivo, comprovando a qualidade da organização, a cargo da Exposalão. No final, foi visível a satisfação dos expositores face às verdadeiras 'enchentes' de visitantes que acorreram ao certame. Para além da quantidade e do interesse de quem visitou, as empresas expositoras salientaram a qualidade do certame, que reunia uma panóplia muito representativa das principais áreas-chave no que toca a fornecedores dos sectores de moldes e plásticos. Pelos três pavilhões, respirou-se tecnologia e soluções inovadoras, desde a impressão 3D, aos novos processos de fabrico e ferramentas que agilizam a produção numa ótica de futuro e a pensar na 'Indústria 4.0'.

Os números da organização confirmaram isso mesmo: cerca de 95% afirmou-se “muito satisfeita” com a presença na feira, salientando ainda a localização geográfica como um outro fator de sucesso do certame que permitiu atrair visitantes oriundos do sul do país (como Lisboa ou Setúbal), mas também do norte (como Águeda, Aveiro, Braga ou Porto), para além de uma forte presença da região centro. Mas não só. A feira atraiu muitos visitantes estrangeiros, de países como a Argélia, Angola, França, Espanha ou Marrocos. Alguns dos expositores salientaram, até, o lado mais emotivo patente no certame. "É uma feira diferente de outras porque, aqui, recebemos os clientes como se estivéssemos em nossa casa", explicou Rui Rocha, gerente da Eurocumsa. E isso foi visível em muitos dos stands onde os visitantes foram recebidos em autêntico ambiente familiar. A organização ficou naturalmente satisfeita com o sucesso da feira, estando já a projetar a próxima edição que, apesar de manter o figurino atual, promete algumas novidades para agradar ainda mais aos expositores e visitantes e atrair mais presenças ao certame. De


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salientar que mais de 90% das empresas que participaram nesta edição manifestaram, já, a sua disponibilidade para marcar presença na próxima, agendada para 2019. Organizada pela Exposalão, a feira contou com o apoio da CEFAMOL Associação Nacional da Indústria de Moldes, da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) e da Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas e Electromecânicas (ANEME), bem como dos centros tecnológicos e científicos CENTIMFE e CENFIM. Marcou ainda presença a Pool-Net, associação responsável pela dinamização do cluster de competitividade “Engineering & Tooling”.

A evolução é muito rápida e, hoje em dia, uma coisa fica obsoleta em pouco tempo A feira “Moldplás” constituiu-se como uma autêntica montra de tecnologias e soluções disponíveis para as indústrias de moldes e plásticos. Muitas das empresas expositoras aproveitaram, até, para lançar alguns novos produtos para o sector. E surgiram alertas às empresas de moldes para a necessidade de acompanhar a evolução tecnológica sob pena de perderem clientes, negócios e dinheiro.

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que a empresa está já há bastante tempo "familiarizada com a 'Indústria 4.0' e sempre a procurar novidades". Pela interligação e interesse da indústria, considera também que o futuro da indústria de moldes será positivo. "Se continuar no caminho que segue hoje, tudo indica que será um bom futuro", diz. Otimista em relação ao futuro da indústria está também Carlos Teixeira, administrador da produtora de máquinas Cheto. Sublinha, no entanto, que há ainda um caminho a percorrer, mas as empresas estão a procurar fazê-lo. "Existem muitas empresas portuguesas antigas e com muita tradição. Aliás, visito muitas empresas no estrangeiro, concorrentes das nacionais, e percebo que existe uma cultura muito própria na indústria de moldes portuguesa. E isso é bom", afirma, concretizando que "Portugal está a despertar alguma atenção no estrangeiro porque as empresas nacionais estão muito ativas, a investir, e nota-se, até, um 'boom' na exportação do sector". Destaca ainda que estão a ser feitos "investimentos novos e em novas tecnologias e processos, o que vai permitir produzir mais e controlar melhor". Para Carlos Teixeira, "os próximos anos vão ser bons anos para a indústria de moldes, não só em Portugal mas a nível mundial". A Cheto, considera, está preparada e a procurar a melhoria contínua para fazer parte desse futuro. A Cheto desenvolve máquinas-ferramenta com especial aplicação na perfuração profunda que é muito usada na indústria de moldes. "Temos a nossa base de produção em Portugal e queremos mantê-la cá. O nosso não é um produto 100% português mas tem uma integração acima dos 60%, o que é muito bom", diz. Com sede em Oliveira de Azeméis, a empresa mudou a produção, em setembro, para novas instalações. Para além da produção, preocupa-se com a formação de quadros para o sector e tem, por isso, associado, um centro tecnológico e um centro de formação.

José Maia, gerente da AM Tools, explicou que, de entre a panóplia de produtos, a empresa aproveitou para mostrar as potencialidades dos seus novos sistemas de fixação e máquinas de armazenamento de ferramentas. "Têm uma complexidade muito interessante em que se consegue ter o relatório de custo de tudo e análise dos produtos individualmente", explicou, adiantando estar convicto de que "são soluções para o futuro, que ajudam as empresas a estar melhor preparadas". Frisou ainda que essas soluções vão ao encontro a uma que é das maiores necessidades da indústria, a estandardização de processos. "É essa a nossa aposta: criar boas soluções, que acompanham a indústria e o seu crescimento", afirma.

Tempo para apresentar soluções

A AM Tools é uma empresa de ferramentas de corte. "Todos os dias, procuramos criar soluções diferentes, uma constante melhoria, para dar mais valor acrescentado à nossa empresa e as melhores soluções à indústria. Penso que estamos no bom caminho", considera José Maia. A indústria está a necessitar também de soluções novas e hoje este é um dos grandes desafios dos fornecedores de ferramentas, adiantando

"Enquanto nestes últimos dois anos, andámos a visitar os nossos clientes, apresentando as nossas soluções, aqui são eles que nos visitam". Esta é, no entender de José Silva, da Hasco Portuguesa, uma das grandes vantagens da participação da empresa na feira “Moldplás”. A outra, frisa, é o tempo que conseguem dedicar a cada cliente. "As empresas têm um ritmo enorme, sempre com grandes solicitações e,


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por vezes, os empresários acabam por ficar com pouco tempo para ouvir as novidades que temos para apresentar", diz. O espaço de exposição da empresa na feira destinou-se, sobretudo, a apresentar as novidades. O destaque, explicou, foi a promoção do novo portal da Hasco, que tem "muitas melhorias e que trouxe inovação ao sector". E explica: "hoje em dia, o cliente da indústria de moldes pode aceder ao nosso portal da mesma forma que o cidadão comum acede à Amazon para comprar um livro ou o que quer que seja. Criámos muitas funcionalidades de interação direta com os clientes, como configuração de produtos especiais ou a apresentação do chamado assistente para construir a estrutura do molde. Cada vez temos mais serviços dedicados e aplicações à medida; toda uma panóplia de serviços que serve, basicamente, para tornar a vida dos clientes mais fácil".

"Acima de tudo, estamos a tentar enquadrar-nos em tudo o que é a nova vaga da 'Indústria 4.0'. Esse trabalho já o iniciámos em 2008, com a introdução da iniciativa tecnológica que a Hasco fez internamente e que culminou em 2011, com a apresentação da nossa primeira fábrica de maquinação de placas totalmente automática", conta. A Hasco, sublinha, trabalha a pensar no futuro e José Silva olha-o com otimismo, explicando que os clientes também o fazem. Foi também a pensar no futuro que, após se juntar com a Mitsubishi Materials Corporation, a Hitachi Tool alterou a sua designação para Moldino (a junção de Mold com Die e Innovation). Patrick Brock, responsável pela equipa que trabalha o mercado português, considera que com esta alteração "queremos provar a nossa posição única no mercado", patente nos seus processos de uniformização e automatização. "Estamos a tentar encontrar soluções e benefícios para os clientes, que lhes permitam poupar tempo e dinheiro ao usarem as nossas estratégias e as nossas ferramentas especializadas", adianta, dando ênfase à "oferta muito especializada de soluções e serviços à medida para o mercado dos moldes para plásticos". Patrick Brock conta, ainda, que na estratégia da empresa, Portugal assume grande importância. "Para nós, é um dos principais mercados da Europa no que toca a moldes e plásticos: temos aqui a mais alta especialização e é isso que a nossa empresa procura acompanhar,


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melhorando a sua oferta de produtos e serviços", afirma. Diz-se "otimista" em relação ao futuro do sector no nosso país. "Tem crescido muito e num curto espaço de tempo quando o comparamos, por exemplo e a nível europeu, com outros países como a Alemanha ou Itália. Ou seja: está muito bem preparado para o futuro e a pensar nele e isso vê-se porque, por exemplo, o nível de qualidade em Portugal está praticamente no topo", considera.

Já a presença da Tebis na “Moldplás” teve uma particularidade: surgiu num espaço conjuntamente com outras empresas. E isso, explicou Pedro Bernardo, permitiu "mostrar que, no mercado, temos de estar com vários parceiros". Dessa forma, frisou, ficou patente que as soluções apresentadas pela Tebis permitem, efetivamente, "uma integração total do processo de produção: desde a máquina, a ferramenta, o controlo, a logística".

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considera que esta área industrial é um dos exemplos de que o futuro se fará com sucesso. "O sector de moldes está de olhos no futuro e a pensar nele", considera.

Melhoria contínua Um futuro com sucesso faz-se de um presente trabalhando nas melhores soluções. Esta é a perspetiva da empresa Yudo - que produz sistemas de injeção de canais quentes para moldes para plásticos que, na feira “Moldplás”, apresentou, pela primeira vez em Portugal, o seu sistema de injeção com servomotores. Nuno Marques, comercial da empresa, explica que se trata de "uma solução nova no mercado, desenvolvida inteiramente em Portugal e inteiramente elétrica". Designa-se por 'Yudrive'. "Tendo em conta as exigências cada vez mais elevadas da indústria automóvel, o uso dos servomotores tem vindo a ser equacionado por muitos dos nossos concorrentes. A Yudo desenvolveu na Coreia um sistema, mas nós, em Portugal, dedicámos o último ano, no desenvolvimento de um produto que, na área dos servomotores, dá outro tipo de mais-valias no que diz respeito ao controlo do processo", explica. Nuno Marques considera, neste caso, que "a solução está encontrada mas o nosso desafio é a melhoria contínua para que o cliente tenha mais-valias". E a mesma metodologia, diz, se aplica, às outras soluções que disponibilizam ao mercado.

"O que queremos mostrar às empresas é a importância da interligação de todo esse know-how que anda hoje um bocadinho disperso em cada profissional, agregá-lo e pô-lo à disposição dos restantes elementos da produção", explica, citando como exemplo o sistema “Proleis”, uma das novidades da Tebis: um sistema que possibilita a gestão integrada de cada empresa.

"Tanto os produtores de moldes como os fornecedores de componentes para a indústria andam sempre um pouco atrás uns dos outros para que o resultado final seja, cada vez mais, o ser competitivo: a mais baixo custo e com maior nível de eficiência, cumprindo as normas a nível ambiental", defende, considerando que essa característica se vai manter no futuro. E isso, diz, "é muito positivo". O objetivo, em termos de futuro, refere Pedro Bernardo, é dotar as empresas das melhores condições "para melhorar a produção". E sublinha que as soluções apresentadas pela sua empresa são isso mesmo: "soluções para o futuro e não apenas para o imediato". Ou seja: "equilibrar a eficiência com a eficácia". O responsável da Tebis

"Tentamos ir ao encontro ao que é a exigência do mercado e evoluímos com aquilo que são as necessidades que a indústria evidencia". Rui Rocha, gerente da Eurocumsa, que fornece assessórios técnicos para a indústria de moldes, resume, desta forma, o posicionamento da sua empresa no mercado.


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E atualmente, face aos desafios que se colocam no âmbito na 'Indústria 4.0', "é preciso mudar", alerta, contando que, no dia a dia, e mesmo na indústria de moldes, se nota alguma resistência à mudança. "Inovação

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significa investir dinheiro, mas que depois e na prática, se traduz em poupança. Mas, por vezes, o cliente demora a aceitar isso", explica, adiantando que essas indecisões, hoje em dia, "podem sair muito caras às empresas: perder negócios, clientes e dinheiro". A Eurocumsa, diz, procura estar sempre um passo à frente das necessidades. "Inovar está no nosso ADN. Temos de ter sempre algo novo", assegura, frisando que uma dessas novidades foi apresentada na feira “Moldplás”: um processo de criação de vácuo dentro do molde, com enormes vantagens no fabrico. "Quem quiser andar à frente, tem de mudar e arriscar e quem não quiser, pode ficar à espera. O problema é que a evolução é muito rápida e, hoje em dia, uma coisa fica obsoleta na indústria de moldes em pouco tempo. Se não estivermos atentos, estamos obsoletos e ainda não nos demos conta", adverte.


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Como será o futuro da indústria de moldes? De uma forma rápida, procurámos saber como estão algumas das empresas fornecedoras da indústria de moldes a acompanhar a evolução do mercado e a perspetivar o futuro do sector. Tiago Coelho, da AGI–Augusto Guimarães & Irmão, que representa a tecnologia Fanuc na indústria de plásticos para a Península Ibérica, conta que "trabalhamos com produtos muito inovadores", considerando, por isso, "normal que tenhamos um certo delay entre comunicar as tecnologias mais inovadoras e que os clientes consigam perceber o que significa inteligência artificial e a produção de uma peça". Sublinha que, em Portugal, "há empresas que já trabalham com estas soluções. Contudo, a maioria está ainda a dar pequenos passos para perceber como aplicá-la para ganhar rentabilidade".

Para Francisco Aguiar, da Codi, empresa com mais de 20 anos na área da impressão 3D, o futuro vai fazer-se com a adoção, pela indústria, de tecnologias deste tipo. "Podemos dizer que a impressão 3D, por exemplo, consegue alcançar praticamente todos os sectores de mercado, desde aeronáutica, moldes, arquitetura, calçado, medicina e tantas outras", explica. No que toca à área dos moldes, especifica, "são tecnologias cada vez mais importantes do ponto de vista da competitividade internacional, mas também de redução de custos e de risco e as empresas adotam-nas cada vez mais".

Não tem dúvida de que o futuro passará por aí. "O que se trata é afastar do trabalho humano tudo o que é repetitivo e não aporta valor ao produto e passá-lo para as máquinas, deixando que as pessoas comandem e definam". Acredita que os sectores de moldes e plásticos saberão caminhar nesse sentido, de forma a que as empresas consigam "ser cada vez mais competitivas num mercado cada vez mais global". Já Carlos Vilas Boas, da empresa Haas, fornecedor de máquinas, acredita no futuro do sector, desde que seja acautelada uma questão que diz ser, atualmente, muito preocupante: a qualificação de quadros. "As máquinas, como costumo dizer, são máquinas de fazer dinheiro e creio que as empresas têm essa perceção. Mas as máquinas não o fazem sozinhas. Precisam de alguém para as operar e retirar delas todo o proveito possível e, para isso, é importante apostar na qualificação das pessoas". Considera mesmo que essa é a principal preocupação que deve existir quando se pensa no futuro do sector que, acredita, será ultrapassada. "Seja a nível universitário, sejam os cursos profissionais de centros como o CENFIM, do IEFP e de outros, estes jovens têm um papel muito ativo no que será o desenvolvimento da indústria", sublinha.

Já Paulo Lourenço, diretor comercial para Portugal da DMG Mori, fabricante de máquinas-ferramenta para arranque de apara, não tem dúvidas de que a indústria de moldes terá um "grande futuro pela frente". E explica porquê: "os empresários de moldes nacionais são pioneiros e acompanham muito bem, implementando e adquirindo tudo o que são soluções para melhoria do seu desempenho e competitividade".



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SEMINÁRIO APRESENTA PROJETO INOVADOR DE PARCERIA PARA O MERCADO MEXICANO

“México: Oportunidades de Mercado e Internacionalização” foi o tema de um seminário organizado pela CEFAMOL, que teve lugar no dia 23 de novembro, nas instalações da incubadora OPEN, na Marinha Grande, tendo como objetivo dar a conhecer às empresas do sector as potencialidades deste mercado que tem crescido, nos últimos anos, como destino das exportações da indústria. Durante o evento foi apresentada a parte prática do “Guia para a Internacionalização em Cooperação”, lançado em outubro passado: um estudo, dinamizado pela CEFAMOL que aponta as vantagens de uma participação colaborativa no acesso a mercados internacionais. A ideia-chave deste estudo é a cooperação: internacionalizar, mas não sozinho. O documento defende, entre outras recomendações, a criação de alianças estratégicas entre as empresas como "um instrumento metodológico" para abordar clientes e mercados. Na sequência do estudo resultou um trabalho prático. A forma como o mesmo foi desenvolvido em colaboração com as empresas participantes está, agora, plasmada numa publicação de mais de cem páginas, com o título “Case Study: México - Criação de Uma Unidade de Apoio”, que foi apresentada no decorrer do seminário. O documento descreve todo o trabalho prático realizado, desde a forma como, no terreno, se foi delineando a estratégia e os passos que foram sendo dados, com a envolvência dos participantes. Nas conclusões deste case study - que tem ainda a caracterização de várias zonas do México visitadas e estudadas para a possível localização de uma nova unidade produtiva, aponta o grau de desenvolvimento do país, potencialidades e constrangimentos e também grande parte da legislação em vigor -, pode ler-se que a principal conquista deste projeto de parceria foi "a capacidade dos empresários de subordinarem os seus interesses individuais de curto prazo a um objetivo estratégico maior sustentado e de longo prazo". De referir que o desenvolvimento deste projeto permitiu a associação de um grupo de cinco empresas, criando uma parceria inovadora para o mercado do México, que, no limite, poderá originar a constituição de uma unidade de produção de moldes.

"Estudámos o mercado, acompanhámos os empresários e realizámos ações para perceber áreas de investimento", explicou Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, frisando que este trabalho foi feito com o apoio da Proméxico (agência estatal mexicana) e a Embaixada do México em Portugal. Os dois documentos, quer a parte teórica, quer a prática da “Internacionalização em Cooperação”, pretendem "sensibilizar e capacitar as empresas para diferentes modelos de cooperação e interação no mercado, que dinamizem a sua internacionalização", explicou ainda Manuel Oliveira, considerando que esta pode ser "uma excelente oportunidade para as empresas ganharem dimensão e gerarem massa critica que permita minimizar riscos e aplicação de recursos, conseguindo assim tornarem-se mais fortes e competitivas e seguir alguns dos seus principais clientes a nível global". O México foi, para já, o destino escolhido mas este tipo de parceria "pode ser replicado para outros mercados", frisou o responsável. Sobre o México, o secretário-geral da CEFAMOL destacou ainda que se trata de "um mercado que tem sido, nos últimos anos, um dos maiores importadores mundiais de moldes", tendo, por isso, "carência de novos negócios".

Parcerias para ganhar dimensão Coube a Luís Pinto, da empresa VITIS Management Consulting fazer a apresentação deste case study sobre o México. Começando por constatar que as empresas nacionais de moldes são, de uma maneira geral, pequenas e que, por isso, "sentem dificuldade em alocar recursos para outros mercados", concluiu que "internacionalizar tornase difícil quando o tentam fazer sozinhas". Contudo, lembrou, "hoje é preciso que as empresas se internacionalizem porque os clientes assim o exigem e as empresas têm de estar presentes nos mercados externos". Uma das soluções, defendeu, é estabelecer parcerias, como a que conseguiram as participantes nesta iniciativa. E enalteceu as características da indústria de moldes onde uma parceria deste tipo e as suas vantagens conseguem ser percebidas. "As empresas têm prática em projetos comuns e existe capacidade dos empresários em


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Potencialidades do mercado Apesar da distância de Portugal, considerada como um dos problemas, o México tem, no entanto, vários aspetos positivos. Desde logo, considerou Luís Pinto, o facto de "não ter direitos alfandegários, o que facilita os negócios". Sublinhou ainda que o país é o segundo importador mundial de moldes. Em 2016, foi responsável pela importação de 10,5% do total mundial; e de 12,3% se se atender a toda a cadeia de moldes e plásticos. Para Portugal, representou 1,6% das exportações de moldes o que, sublinhou, "significa que tem muito potencial para crescer". Destacou ainda que, no último ano, as importações do sector no México cresceram 9,7% (quase o dobro dos países no resto do mundo). Acerca do mercado mexicano, contou que a capacidade produtiva local, no que toca ao fabrico de moldes, é baixa. "Tem cerca de 60 empresas, das quais, poucas são de grande dimensão", afirmou. entenderem-se em muitas questões, mesmo sendo 'concorrentes'", sublinhou. A nível do modelo de parceria, foi necessário criar uma aliança entre as empresas, analisando, acautelando e definindo vários fatores (como recompensas, partilhas, adaptação, risco, entre outras). Uma vez definido o modelo, foi decidido avançar para a construção de uma unidade de assistência técnica mas com capacidade produtiva, com integração de um possível parceiro local, apontando como meta um crescimento gradual e aplicando o negócio para a produção de moldes tecnicamente mais exigentes.

Também Andrés Espinosa, da agência mexicana 'ProMexico', e Laura Garzón da Embaixada do México em Portugal, enalteceram as características do país, convidando os empresários do sector a investir no mesmo. "O país sofreu uma grande alteração nos últimos 30 anos. E hoje, com os acordos de comércio que desenvolveu em várias partes do mundo, entre os quais com a União Europeia, tem condições interessantes de negócios", afirmou Andrés Espinosa, lembrando que o México é "o quarto maior produtor do mundo de automóveis ligeiros" e que "começa a desenvolver os sectores da eletrónica e aeronáutica e procura diversificar".


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Já Laura Garzón considerou que "a indústria de moldes é muito importante para apoiar a capacidade produtiva do México", enaltecendo as parcerias e o trabalho que tem sido feito em conjunto com a CEFAMOL e outras instituições portuguesas. Presente no final do seminário esteve também Miguel Gomes Costa, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Mexicana que contou que, dos projetos que o organismo tem para o próximo ano, faz parte uma visita a Portugal de empresários mexicanos, que decorrerá no mês de março e que contempla visitas a empresas de vários sectores. O objetivo, disse, "é que se consigam estabelecer algumas parcerias".

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tudo para facilitar e apoiar no que for necessário para completar os negócios estrangeiros no México". Aos empresários portugueses que pretendam ali instalar unidades, aconselha "que tenham em consideração o crescimento exponencial que está a ter o México em sectores estratégicos, como o automóvel, aeroespacial ou eletrónico e que tentem encontrar um parceiro local para que, juntos, possam avançar, o que facilitará a chegada ao mercado".

"O México é um mercado gigantesco e temos todas as vantagens em estar lá” Há vantagens para o sector de moldes em investir no México Andrés Espinosa destaca como vantagens, para os empresários portugueses interessados em investir, que o país "proporciona alguns incentivos e vantagens de mercado". "Existe uma demanda muito grande de muitas áreas em que o país não é autossuficiente. Por exemplo, o México é um grande importador de moldes e uma das grandes necessidades está aí, nesse sector", explicou, em entrevista à revista “O Molde”. Por outro lado, a qualidade dos fabricantes de moldes portugueses é reconhecida no país. "É um sector dinâmico, de qualidade, e isso vê-se, por exemplo, no trabalho da associação que o representa, a CEFAMOL, mas também na estratégia dos empresários", considera. Conta que, recentemente, a Promexico trouxe a Portugal duas missões de empresários mexicanos. "A impressão deles foi a melhor", relata, frisando que "há uma afinidade cultural entre os nossos países, mas, principalmente, há uma valorização da qualidade do trabalho português".

Mercado organizado Ainda sobre o México, salienta que é "um mercado organizado e estruturado", alegando que há "grande facilidade em estabelecer uma empresa no país". Sublinha, no entanto, que os empresários interessados em o fazer terão de "acautelar as diferenças que existem, por exemplo, fiscais e laborais". "Mas comparado com outros territórios do continente americano, o México é muito acessível", frisa, concluindo que as empresas têm vantagens em instalar-se no território. E exemplifica. Apesar de muitas empresas portuguesas exportarem diretamente para o México, se lá estiverem instaladas "têm a vantagem de aceder mais rapidamente ao mercado e até mais capacidade produtiva pois os custos são mais baixos". A Promexico, diz ainda, está disponível para apoiar os empresários interessados. A mesma disponibilidade tem também a Embaixada do México no nosso país, assegura Laura Garzón. "Temos como objetivo levar investimento estrangeiro direto, neste caso português, para o México, mas também para trazer bens e serviços do México", explica, adiantando que, juntamente com instituições e associações, como a Promexico, "trabalhamos o investimento estrangeiro, coordenamos

Um conjunto de cinco empresas portuguesas de moldes decidiram fazer uma parceria de cooperação para investir numa unidade no México, abraçando a estratégia de “Internacionalização em Cooperação”, promovida com base num projeto lançado pela CEFAMOL. Nasceu assim à Mexportools. "Percebemos as vantagens de uma parceria deste tipo, que nos permite ganhar dimensão e escala e fizemos todo o percurso desta forma de cooperação", conta Nuno Silva, da empresa Moldit, uma das que integra a Mexportools. O projeto tem cerca de um ano e meio. Nos últimos meses, foram delineadas e definidas as formas de cooperação e posicionamento de cada uma das empresas neste Grupo e, neste momento, "está na fase final de negociação com um parceiro mexicano para a instalação da unidade nesse país", conta. Nuno Silva explica que "a ideia é construir uma unidade que deverá estar pronta, segundo os mexicanos, no final do primeiro semestre do próximo ano. Por isso, contamos iniciar ali a laboração antes do final de 2018". A Mexportools é uma unidade concebida "para produzir moldes médios ou seja, abaixo das 15 toneladas" e uma das vantagens competitivas é que vai permitir "fazer a assistência também aos moldes que produzimos a partir de Portugal". Nuno Silva destaca que este grupo de empresas percebeu que "se não tivermos uma unidade no México, pelo menos para prestar assistência aos produtos que mandamos para lá, pela distância teremos sempre mais dificuldade em vender". E o México, sublinha, é um país "com potencialidades enormes, onde vale a pena investir". E exemplifica: "é dos países com maior volume de importação de moldes em que a nossa participação nessa presença é mínima, não chegamos a representar 2% desse total, tendo, por isso, muita capacidade para crescer". É por isso que este empresário se mostra "muito otimista" em relação ao sucesso deste projeto. "É um mercado gigantesco para nós e temos todas as vantagens em estar lá", frisa.


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Cautela As potencialidades do país são reconhecidas por grande parte dos empresários, mas nem todos olham para ele com o mesmo otimismo. Manuel Novo, do Grupo Erofio é um desses exemplos. "O México é um mercado interessante, mas temos de ver as dificuldades que existem", adverte, citando como exemplo, a questão da mão de obra. "Não há mão de obra especializada e isso pode ser um problema", considera. "Para instalarmos lá uma empresa é uma situação complicada porque já temos dificuldade de mão de obra nacional e vamos sentir mais ainda se avançarmos com uma lá", afirma, unidade sublinhando que "por aquilo que já percebi do país, quando formamos alguém lá tem mais possibilidade e facilidade de se transferir para outras empresas. Ora, em Portugal já andamos sempre a ensinar e nunca temos pessoas especializadas na nossa

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empresa porque não as conseguimos segurar. Lá, esse fator podia ter resultados dramáticos". Mas admite que as potencialidades do México são muito atrativas. "É um país muito grande e importante, tem muito consumo e, a nível das multinacionais, há toda a vantagem de estarmos próximos desses fabricantes", diz. O Grupo que lidera, já desenvolve trabalhos para o México, mas a partir de Portugal e com os clientes europeus que estão também instalados no mercado mexicano. Questionado sobre as vantagens de avançar para esse país juntandose a um grupo de empresas, admite não conhecer bem esse tipo de parcerias. E diz que, para já, esse tipo de cooperação e a forma como a sua empresa olha para o México são duas questões que vai tratar "com cautela".


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BRANDING INDUSTRIAL Vítor ferreira * * D. Dinis Business School

Durante muitos anos a construção de marcas industriais foi considerada uma preocupação secundária. Empresários e gestores viam a gestão de marca como uma tarefa de “vendedores de sabonetes”, que encetavam esforços para construir imagens na mente do consumidor final (“fácil de modelar”, diziam alguns empresários). Todavia, em conversas informais, inúmeras vezes ouvi empresários a louvar este ou aquele fabricante de máquinas de injeção, de CNC, de estações de trabalho, etc. A verdade é que essas conversas, para além de terem uma sustentação em factos quantitativos (uma máquina pode de facto ter melhor rendimento) têm, contudo, um valor de marca associado (uma presunção sobre fiabilidade e desempenho que não tem de ser verdadeira, porque o próprio empresário não consegue comparar todos os fornecedores existentes no mundo, mas consegue reconhecer “aquele fabricante”). A componente central de uma marca é a sua ideia básica subjacente ou a essência da marca. Descobrir e localizar essa essência é o primeiro desafio que os profissionais de marketing industrial enfrentam; estabelecê-la e sustentá-la a longo prazo, é o segundo e maior desafio. A essência de uma marca é composta por um conjunto completo de razões racionais e/ou emocionais para comprar um produto. Estas razões cristalizam-se num significado que confere identidade à marca. Então, a partir deste conjunto de razões para comprar a marca, extrapolamos uma promessa sugerida pela marca, ou seja, uma condição necessária para que o comprador entre num contrato vinculativo com o fabricante. Na verdade, para uma empresa industrial (B2B) pode ser mais fácil localizar a identidade da sua marca do que para marcas destinadas ao consumidor final (B2C). A resposta reside nas origens das empresas industriais e sobre a natureza da identidade da marca principal. As questões-chave para o funcionamento de uma identidade de marca principal são estas: a minha promessa é relevante? É plausível? Os meus clientes aceitam o que eu reivindico? Ou é incompreensível e inverosímil? Uma marca ganha em plausibilidade se a sua essência, a sua identidade não é pura invenção, mas é sim baseada em factos. As empresas industriais têm, em geral, as suas origens num único fundador ou num pequeno grupo de fundadores e, como esses fundadores quase sempre apresentaram uma ideia muito específica, com a qual planeavam mudar o mundo, as empresas em questão começam com uma vantagem inestimável. Seja ser uma referência na produção nacional, produzir moldes mais técnicos, fornecer serviços únicos ou pautar-se por uma liderança tecnológica, observando de perto a história da empresa podemos identificar a essência da marca. Curiosamente, num mundo onde a causa e o efeito são estudados e analisados nos mais minuciosos detalhes, construir marcas e estratégias B2B exige um alto grau de “intuição” (mesmo que existam princípios científicos a seguir). Numa situação B2C, o que acontece é que o cliente tem um problema e ele quer que o fornecedor o resolva de forma eficaz e eficiente. E como sabe o fornecedor quais os problemas que os seus clientes têm? Através da pesquisa de mercado. Identifica-se o segmento-alvo e observa-se a vida quotidiana e o comportamento do mercado dos consumidores à procura de soluções. Mas no mercado industrial não há, normalmente, pesquisa estruturada. É a força de vendas que contacta diretamente com clientes e que retorna com informação para os departamentos de I&D. Contudo, essa informação é muitas vezes incompleta e mal detalhada (o que não permite desenvolver

máquinas/produtos com especificações certas). Nos mercados de bens industriais, a ordem natural de causa e efeito é frequentemente revertida. Por exemplo, o advento da fabricação automatizada na indústria, ou o avanço sem precedentes dos robôs como agentes-chave nos processos de produção moderna, certamente não ocorreu porque certos grupos foram capazes de articular as suas necessidades específicas de forma muito clara. Em vez disso, os fabricantes que enfrentavam uma pressão de custos crescentes tinham de encontrar uma forma de racionalizar os seus processos de produção. Este foi um problema ao qual os fornecedores de tecnologia de automação foram chamados para fornecer uma solução. No entanto, muitos outros utilizadores de máquinas não conseguem perceber que os seus problemas podiam ser resolvidos instalando sistemas de produção assistidos por robôs. Nesse caso, a marca B2B e o segmento alvo nascem em simultâneo, mas novos segmentos emergem somente após o estabelecimento de uma marca identificada com uma solução. É precisamente no mundo da tecnologia em que a ideia de uma marca intuitiva pode ser favorável. É talvez aqui que podemos realçar a famosa expressão de Henry Ford (não a dos “carros pretos”), que dizia mais ou menos que, “se perguntassem às pessoas o que queriam no final do século XIX como meio de transporte ninguém diria automóvel, mas sim cavalos mais rápidos” (porque o conceito de automóvel não existia). Cabe assim ao gestor/empresário industrial usar a sua intuição para afirmar a sua marca em áreas completamente novas, que vão além da pesquisa de mercado. Contudo, esta afirmação de identidade inovadora não deve ser pueril e inconstante. A gestão de uma marca pode ser comparada a uma maratona. Toda a gestão da marca exige uma medida de obstinação e poder de permanência. Todas as razões podem parecer boas para mudar uma marca. Isto é particularmente verdadeiro para o B2B. Muitas vezes, uma mudança de diretor de marketing é suficiente para desencadear uma mudança na marca. O novo diretor de marketing vem com a sua própria “agenda” e está interessado em “marcar o seu território” ao mudar a marca. Ou então, o departamento de desenvolvimento de produto toma essa iniciativa criando um novo posicionamento. Mas estas iniciativas podem dispersar a marca, já que, mesmo que existam novas linhas de produtos, estas devem respeitar a promessa inicial, devem enquadrar-se naquilo que os clientes acreditam ser possível e, quando a marca muda, muda gradualmente (por exemplo, os fabricantes japoneses demoraram décadas, dos anos 50 aos anos 70, a afirmarem-se com “promessas” de qualidade e desempenho, da mesma forma que alguns fabricantes chineses o estão a fazer agora – veja-se o caso da Huawei, a empresa mais “patenteadora” do mundo, que lentamente transferiu a sua promessa de mercado para o espectro da qualidade esperada elevada). Na gestão de marca, os objetivos de longo prazo são sempre mais importantes do que os eventos de curto prazo, porque a continuidade e a promessa de continuidade estão entre os principais ativos de qualquer marca. Portanto, o melhor conselho para os fornecedores de bens industriais é fazer com que a gestão da marca seja responsável pela tomada de decisão ao nível estratégico da empresa. Em conclusão, pode afirmar-se com confiança que não existe uma alternativa real às marcas no mercado B2B, assim como não há alternativa no mercado de bens de consumo. Deste modo, da mesma forma que se espera que os produtos industriais sejam mais precisos e mais consistentes do que os produtos de consumo, também as marcas B2B precisam ser geridas de forma mais precisa, de forma mais consistente do que as marcas B2C.



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OPORTUNIDADES A LESTE: BULGÁRIA E ROMÉNIA NAS CADEIAS DE VALOR INDUSTRIAIS José Ferro Camacho * * Ph.D., Professor de Gestão no IADE, Universidade Europeia

1. Enquadramento A procura de novos mercados é sempre uma tarefa inacabada. Esta perspetiva tem uma componente de curto prazo associada a um desempenho comercial e produtivo e possui uma dimensão estratégica, associada a um posicionamento – como queremos ser percecionados - e a uma visão – onde queremos estar e o que queremos produzir e entregar aos nossos parceiros e clientes mais tarde.

comerciais, como sublinhado pela Figura 1. Na Bulgária, em 2015, 63,8% do comércio tinha como destino a UE e 63,9% das importações tinha como origem igualmente os 28 países da União. No caso da Roménia, esses valores representavam 73,7% e 77,1%, respetivamente.

Este artigo tem como objetivo ajudar a fazer escolhas informadas e, na linha de outros trabalhos anteriores, desenvolve um breve resumo do estudo de oportunidades a leste1, em particular sobre a Bulgária e a Roménia. Um estudo de oportunidades, com as características do atual, deve cumprir um conjunto de requisitos que viabilizem a adoção de estratégias por parte dos seus principais interessados, as empresas, as estruturas associativas e as entidades públicas, na sua interação com empresas e associações na definição de políticas.

2. A integração Europeia A Tabela 1 descreve um conjunto selecionado de indicadores dos dois países postos em comparação.

F1 – Comércio internacional - Países.

T1 – Indicadores selecionados da Bulgária e da Roménia. Indicador2

Bulgária

Roménia

Área Total

110.879 km2

238.391 km2

População

7.101.510 (Julho 2017 est.)

21.529.967 (Julho de 2016 est.)

Moeda

Leva - BGN

Leu romeno - RON

PIB (PPC )

USD 143,1 bilhões (2016 est.)

USD 441 biliões (2016 est.)

PIB crescimento % (2016)

3% (2016)

5% (2016 est.)

PIB per Capita (PPC)

USD 20.100 (2016 est.)

USD 22.300 (2016 est.)

Taxa crescimento produção industrial % (2016)

2,8% (2016 est.)

2% (2016 est.)

3,07 milhões (2016)

9,133 milhões (2016 est.)

3

Força de trabalho Importações - valor

USD 25,66 bilhões (2016 est.) USD 66,45 bilhões (2016 est.)

Importações - parceiros

Alemanha 12,9%, Rússia Alemanha 19,8%, Itália 10,9%, 12%, Itália 7,6%, Roménia Hungria 8%, França 5,6%, 6,8%, Turquia 5,7%, Grécia Polônia 4,9%, China 4,6%, 4,8%, Espanha 4,8% (2015) Holanda 4% (2015)

Exportações - valor

USD 23,72 bilhões (2016 est.) USD 53,03 bilhões (2016 est.)

Exportações - parceiros

Alemanha 12,5%, Itália 9,2%, Turquia 8,5%, Roménia 8,2%, Grécia 6,5%, França 4,2% (2015)

Alemanha 19,8%, Itália 12,5%, França 6,8%, Hungria 5,4%, Reino Unido 4,4% (2015)

Ambos os países são membros da União Europeia desde dia 1 de janeiro de 2007. O processo, que se iniciou ainda no período pré-adesão, tem resultado numa clara integração expressa em termos de trocas

F2 – Comércio internacional – Produtos, Quota, %.

Contudo, a Figura 2 exibe uma maior participação no comércio internacional dos produtos manufaturados no caso da Roménia com 79,6% das exportações e 79,7% das importações. No caso da Bulgária, estes valores são inferiores, representando 55,8% e 63,0%, respetivamente. A Tabela 2 ventila o comércio internacional de ambos os países por categorias (HS a quatro dígitos) de produto industrial. Existem também, neste domínio, distinções assinaláveis. Estas diferenças são particularmente evidentes e sublinham uma especialização da Roménia na montagem de veículos, enquanto a participação da Bulgária assenta nos componentes e módulos, como veremos mais adiante.


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T2 – Comércio Internacional – Produtos, Valor, USD milhões. Bulgária Top produtos exportados

Top produtos importados

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3.2 Indústria Automóvel na Roménia 3.2.1 Indústria Automóvel - OEM O número de automóveis produzidos na Roménia quase que duplicou nos últimos 10 anos, atingindo 387.000 veículos em 2015, através de dois importantes OEM: Dacia e Ford. Após um programa de investimento de 2,2 mil milhões de euros, bem como uma transferência intensiva de know-how, a Dacia tornou-se um dos ativos mais destacados da Renault e é uma das principais empresas tecnicamente desenvolvidas no Sudeste da Europa. A Dacia e a Ford são a espinha dorsal da indústria local, contratando mais de 17.000 pessoas e acumulando mais de 5 bilhões de euros de receita.

Roménia Top produtos exportados

Top produtos importados

F3 – Roménia – Caracterização da Dacia e da Ford -2014. Fonte: ACAROM; National Institute of Statistics. Fonte: WTO

3.2.2 Indústria Automóvel - Fornecedores 3. Oportunidades Sectoriais 3.1 Indústria Automóvel na Bulgária 4 Com 3,5% do Produto Interno Bruto da Bulgária e uma receita total de 1,55 mil milhões de euros, a indústria automóvel ocupa um lugar importante na economia do país. No momento, existem cerca de 100 grandes empresas que produzem componentes para a indústria automóvel global. Estas empresas estão espalhadas por todo o país, acedendo a diferentes grupos de qualificações de trabalho e empregando 33.000 trabalhadores.

De acordo com a ACAROM, 70% da produção destina-se a exportação e somente 30% é montada em veículos das OEM, Dacia e Ford, presentes no território da Roménia. A faturação da indústria situou-se nos 17,5 mil milhões de euros em 2016 e apresentou um crescimento médio de 15,8%, entre 2011 e 2016. A Figura 4, expressa a composição e distribuição geográfica da indústria automóvel na Roménia. A maioria dos fornecedores presentes constituem subsidiárias, com sedes noutros países, e múltiplas localizações na Roménia, em particular nos clusters mais importantes: Timisoara, Brasov e Sibiu.

As empresas acima mencionadas são principalmente fornecedores de Nível 1, 2 e 3 e nem todos são dedicados em exclusivo à indústria automóvel. Existe apenas um produtor com uma fábrica de montagem até o momento – Great Wall, de origem chinesa. Os produtores da indústria não-essenciais são empresas do sector de produção ligeira cuja atividade não é exclusivamente dedicada ao sector automóvel. No que diz respeito ao mix de produtos, as empresas principais e não-essenciais são especializadas em várias produções como airbags, rolamentos, soluções de vedação, cablagens, sensores, componentes eletroeletrónicos, iluminação, baterias, sistema de A / C, powertrain, etc. Estes elementos incluem componentes de motores para a Porsche, microchips para a Volvo, estofos em couro para o Mini Cooper ou quadros de alumínio para a última série BMW 7. O segmento automóvel na Bulgária captura um amplo espectro de peças e elementos da produção final dos produtos respetivos. As empresas da Bulgária produzem peças para a Audi, a Mercedes, a Volkswagen, a Renault, a Ford, Lada, a Fiat, a Porsche, a Seat, a Skoda, a Volvo, a Nissan, a Mini e a General Motors. Conforme apresentado, existem dois locais preferenciais para o estabelecimento de negócio - ao leste, a área em torno de Sofia, Pernik e Mezdra, e na parte central do país - Plovdiv, Pazardzhik e Rakovski. Outras grandes empresas estão localizadas nas regiões de Ruse, Kardzhali, Sliven e Yambol.

F4 – Roménia – Principais clusters automóveis. Fonte: ACAROM.


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3.3. Indústria Aeroespacial na Roménia O sector aeroespacial da Roménia possui um grande conjunto de produtos e componentes que são utilizados e comprados por várias grandes empresas globais. Os principais produtos fabricados na Roménia: - Aeronaves, helicópteros; - Motores de aeronave; - Unidades de energia elétrica para helicópteros, módulos para helicópteros, atuadores e servoválvulas; - Engrenagens de abertura, freios, acessórios hidropneumáticos e equipamentos; - Equipamento elétrico / eletrónico; - Partes, componentes e subconjuntos para esses produtos; - Serviços de manutenção para aeronaves civis e militares.

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quota do grupo. Seguem-se a Eslováquia e a Hungria, no patamar de 150 milhões de euros em 2016 e uma quota próxima dos 15%. A Roménia e a Eslovénia apresentam uma evolução oscilante no período em estudo, contudo em valores de 81,8 milhões de euros e 42,7 milhões respetivamente e quotas correspondentes de 7,6% e 4,0%. Por último, Bulgária e Croácia evidenciam valores residuais.

F7 – Países de leste, importações, moldes para plástico ou borracha, quota por país no grupo, %, 2007-16. Fonte: cálculos próprios, dados UN trade.

F5 – Roménia – Indústria aeroespacial – Principais indicadores da indústria. Fonte: Investromania.

Empresas como a Sonaca Aerospace Transilvania e a Premium Aerotec anunciaram novos investimentos que poderão estimular ainda mais a presença da indústria na Roménia.

4. Especialização em Moldes para Plástico ou Borracha – Importações de Leste

5. Especialização em Moldes para Plástico ou Borracha – Portugal nas Importações de Leste

1. Bulgária O fluxo de importações de moldes para plástico ou borracha pela Bulgária apresenta valores muito limitados ao longo do período (15 milhões de euros, em 2016). As exportações portuguesas são igualmente muito reduzidas quer em valor quer em quota em 2016, 4,2% das importações búlgaras e 0,1% das exportações portuguesas.

As figuras seguintes apresentam a evolução das importações de moldes para plástico ou borracha de cada um dos países de leste em análise, numa perspetiva em espelho, i.e., medidas como as exportações de todos os outros países. Com início em 2010, acentua-se a evolução crescente das importações. No período de 2010 a 2016, a Polónia (16,9%), a República Checa (14,4%), a Eslováquia (15,8%) e a Hungria (15,2%) apresentaram crescimentos médios (CAGR) semelhantes. Neste grupo, a Polónia e a República Checa destacam-se ao finalizarem o intervalo com importações entre os 300 e 350 milhões de euros e cerca de 30% da

F8 – Moldes para plástico ou borracha – Posição de Portugal na Bulgária, EUR milhões, %, 2007-16 Fonte: cálculos próprios dados Eurostat e UN trade

As importações búlgaras de moldes para plástico ou borracha representam somente, em 2016, 35,8 % das importações de todas as categorias expressam a especialização industrial do país.

2. Roménia

F6 – Países de Leste, Importações de Moldes para Plástico ou Borracha, EUR milhões, 2007-16. Fonte: cálculos próprios, dados UN trade.

A Roménia apresenta-se numa posição intermédia no que respeita à importação de moldes para plástico ou borracha com um valor de 81,8 milhões de euros em 2016. Portugal, embora com valores absolutos relativamente baixos – 8,0 milhões de euros, em 2016 – apresenta um crescimento médio (CAGR) de 18%, superior média do total das


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as produções têm como destino significativo a exportação e as empresas presentes no país constituem subsidiárias de firmas internacionais. Contudo, a informação recolhida também mostra a dinâmica de crescimento existente. Deste modo, o crescimento da presença nestes mercados passa pela integração em projetos e em encomendas conjuntas ou complementares às das empresas e subsidiárias instaladas, quer como resultado de uma intervenção ao nível local, quer como consequência de uma intervenção junto decisores mais centralizados em departamentos de outsourcing e compras ou centros de desenvolvimento e industrialização.

F9 – Moldes para plástico ou borracha – Posição de Portugal na Roménia, EUR milhões, %, 2007-16 Fonte: cálculos próprios dados Eurostat e UN trade.

exportações portuguesas – 7,8% - e muito superior ao crescimento das importações romenas – 7,2%. Contudo, com 10% da quota das importações romenas, existe certamente espaço para crescimento. 6. Conclusões As estatísticas referentes a estes dois países exibem um nível de comércio com Portugal em TDM muito limitado: qualquer avanço, mesmo que pequeno, significa um ganho relativo importante. Da análise das dinâmicas económicas existentes, prevalece uma visão de dois países e respetivas empresas em processo de integração nas redes industriais globais, em particular nos sectores automóvel e aeronáutico, na sua dimensão europeia. Para além da integração local,

Contudo, esta análise não limita, antes pode ser favorecida, pela introdução de instrumentos de política pública ou associativa regularmente utilizados: - Missões empresariais; - Participação em feiras; - Visitas a empresas; - Comunicação da marca coletiva. Acresce, igualmente, que quer a Bulgária, quer a Roménia têm curso instrumentos europeus e locais no domínio da formação, da competitividade e da investigação e desenvolvimento que podem ser utilizados para criar parcerias e novas possibilidades de entrada. ______________ 1 - No domínio dos moldes e ferramentas o estudo de oportunidade desenvolve de forma extensa a sua análise aos restantes países de leste considerados: Bulgária; Croácia; Eslováquia; Eslovénia; Hungria; Polónia; Rep. Checa e Roménia. 2 - Com base em dados e informação da Central Intelligence Agency; tradução livre da responsabilidade do autor 3 - PPC – Paridade Poder de Compra 4 - Fonte: Automotive Industry in Bulgaria - Research 2016, produzido por Collires International para Automotive Cluster Bulgária, tradução livre da responsabilidade do autor


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FLEXIBILIDADE DO HORÁRIO DE TRABALHO José Orosa * * Assessor Jurídico da CEFAMOL

Segundo o artigo 56.º do Código do Trabalho, os trabalhadores com filho menor de 12 anos ou, independentemente da idade, filho com deficiência ou doença crónica que com eles vivam em comunhão de mesa e habitação, têm direito a trabalhar em regime de horário de trabalho flexível, podendo o direito ser exercido individualmente por qualquer dos progenitores ou por ambos. Este artigo 56º e o 57º, sobre o mesmo tema, entraram em vigor em 1 de maio de 2009, i.e. na data em que se estabelece o regime jurídico de proteção social na parentalidade. Horário flexível de trabalho é “aquele em que o trabalhador pode escolher, dentro de certos limites, as horas de início e termo do período normal de trabalho.” É ainda estipulado que o horário flexível deve conter um ou dois períodos de presença obrigatória que tenham a duração igual a metade do horário normal de trabalho diário. Ou seja, um trabalhador que tenha um horário normal de oito horas diárias pode passar a ter apenas quatro horas fixas de trabalho por dia, permitindo assim maior flexibilidade nas horas de entrada e de saída. O trabalhador que labore em regime de horário flexível, pode efetuar até seis horas consecutivas de trabalho e até dez horas de trabalho em cada dia, sendo que deve cumprir o correspondente período normal de trabalho por semana - 40 horas - num período de quatro semanas, a combinar com o empregador. O regime de horário flexível pode ser prorrogado até dois anos. Este regime não implica qualquer redução salarial e não podem ser penalizados em matéria de avaliação e de progressão na profissão. O trabalhador que pretenda trabalhar em regime de horário de trabalho flexível, deve solicitá-lo ao empregador, por escrito e com antecedência de 30 dias. No pedido deverá constar a indicação do prazo previsto, dentro do limite aplicável para usufruir do horário flexível e uma declaração onde conste que o menor vive com o pai ou mãe em comunhão de mesa e habitação. O horário de trabalho flexível, não obstante ser requerido pelo trabalhador, é fixado pelo empregador. Perante esse pedido, a empresa apenas pode recusar o mesmo, com fundamento em exigências imperiosas do funcionamento da empresa, ou na impossibilidade de substituir o trabalhador se este for indispensável. No prazo de 20 dias contados a partir da receção do pedido, o empregador comunica ao trabalhador, por escrito, a sua decisão. No caso de pretender recusar o pedido, na comunicação, o empregador indica o fundamento da intenção de recusa, podendo o trabalhador apresentar, por escrito, uma apreciação no prazo de cinco dias a partir da receção da comunicação da intenção de recusa efetuada pelo empregador. No caso da empresa recusar, nos cinco dias subsequentes ao fim do prazo para apreciação pelo trabalhador, o empregador envia o processo para apreciação pela entidade competente na área da igualdade de

oportunidades entre homens e mulheres - Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego - CITE, com cópia do pedido, do fundamento da intenção de o recusar e da apreciação do trabalhador. A CITE, no prazo de 30 dias, notifica o empregador e o trabalhador do seu parecer, o qual se considera favorável à intenção do empregador se não for emitido naquele prazo. Se o parecer anteriormente referido for desfavorável - à intenção de recusa do empregador -, o empregador só pode recusar o pedido do trabalhador após decisão judicial que reconheça a existência de motivo justificativo. Considera-se que a empresa aceita o pedido do trabalhador nos seus precisos termos, nos seguintes casos: a) Se não comunicar a intenção de recusa no prazo de 20 dias após a receção do pedido; b) Se, tendo comunicado a intenção de recusar o pedido, não informar o trabalhador da decisão sobre o mesmo nos cinco dias subsequentes à notificação do parecer da entidade competente na área da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres [http://www.cite.gov.pt/] ou, consoante o caso, ao fim do prazo de trinta dias que a entidade competente na área da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres dispõe para se pronunciar [considera-se favorável à intenção do empregador a omissão de parecer por parte da entidade competente na área da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres [http://www.cite.gov.pt/]]; c) Se não submeter o processo à apreciação da entidade competente na área da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres [http://www.cite.gov.pt/] dentro do prazo de cinco dias subsequentes ao fim do prazo para apreciação pelo trabalhador da intenção de recusa do empregador. O regime da flexibilização do horário de trabalho, tem vantagens tanto para o trabalhador, como para a empresa: - Vantagens do trabalho flexível para o trabalhador: Possibilidade de conjugar e ajustar o trabalho com a vida familiar; Adaptação ao ritmo de trabalho individual; Trabalhar com mais silêncio e menos distrações; Trabalhar nas horas onde possivelmente se é mais produtivo; Maior satisfação pessoal. - Vantagens do trabalho flexível para o empregador: Alargamento do horário de trabalho e da disponibilidade do trabalhador; Maior canalização e organização de trabalho; Diminuição do número de faltas e atrasos; Trabalhador satisfeito garante um trabalho feito com mais cuidado.



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REFLEXÕES

João Faustino Presidente da CEFAMOL

Foi demais… Outubro de 2017 ficará na nossa História, como o mês em que, num único dia, deflagraram mais de 500 incêndios. 15 e 16 de outubro, serão recordados ad aeternum, como os dias em que Portugal sofreu – principalmente, nas zonas centro e norte do país - o “atentado” mais mortífero que alguém, alguma vez, imaginaria que seria possível. Sobre a tragédia com que fomos assolados, nem os documentários televisivos, nem a vivência de populações aflitas, encontram, no vocabulário português, palavras para descrever o que se passou no país. Os incendiários destruíram vidas, casas, florestas, empresas, postos de trabalho, trazendo dor e revolta por uma guerra que feriu os sentimentos nacionais. Esta catástrofe atingiu muitas gentes de trabalho e que no final dos dias, tudo o que tinham era a expectativa do dia seguinte ser passado na sombra dos seus parcos rendimentos. Mas, de repente, num abrir e fechar de olhos, o pouco que existia, desapareceu…restando a mágoa e a nostalgia. A indústria de moldes também foi afetada nestes fatídicos dias. Empresas fornecedoras foram atingidas pelas chamas, bens e haveres de muitas empresas e colaboradores não ficaram imunes ao crime perpetuado por um conjunto de criminosos, que não têm leis nem justiça apropriada aos seus atos terroristas. E agora? Muitos mortos, muitos feridos, muitas vidas destroçadas, muitos pessoas sem trabalho, muitos milhões de prejuízo para as populações, para as empresas, para as autarquias e para o Estado. Enfim, muita tristeza e dor. O Pinhal de Leiria, a mata nacional, ex-libris da região da Marinha Grande foi dizimada na sua maioria. Este “pulmão verde” tem sido, ao longo de muitos séculos, local de trabalho para muita gente, mas de lazer para muitos mais. São muitas as empresas, associações, grupos

de amigos e famílias que realizaram, ao longo dos anos, encontros e convívios onde as recordações das emoções, ficam agora esgotadas. Comemorar o feriado municipal da Marinha Grande ou o “dia da espiga” é uma tradição que tem raízes intrínsecas no nosso pinhal com 700 anos de história. Nada será como antes. Se admitirmos que a nossa veia exportadora está alicerçada também naquilo que os nossos clientes procuraram nas suas viagens de negócio (beleza natural), terão também eles então de aguardar pela próxima geração para usufruírem das belezas paisagísticas que nos rodeiam. As empresas da indústria de moldes não sofreram diretamente o que outras sofreram em diferentes regiões do país. No entanto, o sector não pode ficar indiferente ao sucedido, devendo interiorizar os efeitos de tais ocorrências e projetar internamente planos que diminuam o risco de incêndio no interior ou no exterior das suas instalações. Se a prevenção serve para analisar por antecipação, então este e outros acontecimentos servem para pró-agir no sentido de eliminar os problemas futuros, que são cada vez mais evidentes e constantes. Arborização controlada, limpeza exterior, bocas de incêndio funcionais e a aplicação de normas preventivas adaptadas às realidades de cada empresa, devem fazer parte de cenários orientados para as circunstâncias. O sector é e será proativo, no sentido de tudo fazer para eliminar os números trágicos que assolam a vida do país e no geral e, de todos nós, em particular. A fúria dos acontecimentos, o relato das desgraças e a apreensão sentida quando o ar era irrespirável, foram mais que fortes para dialogarmos com confinantes nossos e procedermos a ações preventivas do risco.



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O MOLDE N116 01.2018

REFLEXÕES

Progresso ou angústia Decorreu em setembro passado, na Alemanha, a mais importante feira da indústria automóvel a nível mundial. O Salão Automóvel de Frankfurt – “IAA 2017” – teve mais de um milhão de visitantes e nele se revelaram as novas tendências do sector para os próximos anos. A palavra de ordem de todas as marcas foi “reinventar”. E, reinventar em vários segmentos: redução das emissões gasosas, “personalização”, redução de custo ou condução autónoma. Tal reinvenção tem, em alguns casos, efeitos imediatos. Já noutros, poderá demorar 20 anos ou mais até atingir a sua plenitude, sob pena de aqueles que não o fizerem, perderem o “comboio” para os seus concorrentes. Verifica-se que todas as marcas estão, hoje, a desenvolver múltiplos modelos de veículos elétricos, os quais estarão ao alcance dos compradores até (ou a partir de) 2020, em detrimento dos motores de combustão. Esta explosão de desenvolvimento deve-se, cada vez mais, à existência de países a limitar ou a proibir a circulação de veículos a diesel ou gasolina, em grandes cidades, havendo, inclusive, já decretos/intenções em países como a Dinamarca, França, Reino Unido e Suécia a proibir a venda dos veículos tradicionais, a partir de 2040. Estas evidências são aplaudidas naturalmente por qualquer comum dos mortais. No entanto e para a economia de muitos países, quais vão ser os custos deste progresso?

Se considerarmos que muitas das receitas dos estados advêm dos impostos (em alguns casos, 70%) da venda de combustíveis, como é que estes vão equilibrar as suas receitas sem terem o “filet mignon” atual? Por outro lado, existem estudos a indicar que a necessidade de mão de obra adjacente à indústria automóvel atual, quando comparada com a mão de obra necessária para a produção dos veículos elétricos é reduzida em cerca de 50%. Quais os custos reais desta alteração? Estes cenários começam a preocupar algumas mentes, havendo naturalmente aquilo a que se chama “o reverso da medalha”. É certo e sabido que muitas economias vivem da indústria automóvel. São as economias dos estados, das regiões e de sectores da atividade industrial. A substituição ou eliminação de pistons, cambotas, blocos de motor, caixas de velocidade, filtros, tubagens, escapes, são elementos que poderão afetar toda uma empregabilidade de milhões de pessoas na Europa e em todo o mundo.

E os plásticos? Sim, os plásticos também terão, nalguns casos, uma diminuição nos veículos elétricos. Basta abrir o capot de um automóvel e verificar o que vai deixar de ser necessário ou imaginar também que um tablet irá eliminar quase todos os botões e botõezinhos de um tablier. A indústria de moldes terá de viver com este paradigma que, para nosso bem, não terá (esperamos) as consequências que outros sectores poderão ter. Tendencialmente, a indústria automóvel terá ciclos de produção mais pequenos. Ou seja: as marcas que há uns anos faziam “restylings” nos seus modelos de três em três anos, vão passar a fazê-lo num período de tempo mais curto. Quer isto dizer que, possivelmente, os moldes terão, em teoria, mais mercado. Contudo, se o “restyling” for mais curto, o tempo e a quantidade de produção de cada modelo será reduzido, havendo assim o problema da amortização do custo de desenvolvimento desse mesmo modelo. Para as empresas nossas clientes serem competitivas têm de reduzir custos de produção, pois se vão diminuir a quantidade de automóveis de um determinado modelo, têm de comprar ferramentas (moldes, neste caso) mais económicas. Isto pressiona os seus fornecedores a modernizarem-se para produzirem de forma mais competitiva e eles próprios também a otimizarem a produção, utilizando cada vez mais as plataformas existentes (hoje em dia, uma plataforma pode servir para produzir vários modelos de várias marcas de automóveis). Estando o nosso sector dependente em mais de 80% da indústria automóvel e as nossas vendas concentradas maioritariamente em três países (Espanha, Alemanha e França), existe uma preocupação natural e expectante relativamente ao futuro. Os nossos concorrentes de outros países europeus e asiáticos, continuam, cada vez mais, a apresentar soluções, aos nossos clientes, muito competitivas em termos de preços, prazo e qualidade. Todos temos consciência da nossa forte dependência de um sector. Todos os outros são escassos ou muito condicionados. As alternativas existentes têm uma quota de mercado muito inferior à que estamos mais expostos. Já tentámos, e continuamos a tentar entrar em muitos outros. Verifica-se, no entanto, que não é fácil, porque são demasiado específicos, nichos de mercado com acesso mais limitado. Não obstante, mais vale tentar e não conseguir, do que nada fazer. Empregadores e colaboradores devem procurar, dentro das organizações, a sustentabilidade do futuro, que pode não passar apenas por novos investimentos. Estas realidade obriga a que as empresas tenham de estar atentas em vários domínios. Organização, tecnologia, recursos humanos, inovação e aumento da produtividade, são palavras de ordem no nosso sector e no cluster “Engineering & Tooling”.



Se as máquinas decidissem …

ALTA QUALIDADE EFICIÊNCIA SEGURANÇA

… escolheriam programas NC do Tebis! As máquinas adoram o Tebis porque maquinam peças grandiosas em tempo record, evitando colisões, graças à tecnologia de ponta, automatização NC e simulação de máquinas e ferramentas. O Tebis otimiza os processos, ajuda a reduzir custos e assegura a previsibilidade dos seus ganhos. É por isso que a maioria dos fabricantes do sector automóvel e seus principais fornecedores em todo o mundo usam o Tebis. Apenas o melhor para as suas máquinas. Tebis forever. www.tebis.com


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