O MOLDE Nº93 abril 2012

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CAPA



ÍNDICE CONTENTS

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EDITORIAL

N 93 | 04.2012

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NOTÍCIAS cefamol

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novos associados

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aniversário associados

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notícias centimfe

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notícias open

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Os desafios da maquinação a 5 eixos

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Makino D500: Precisão dinâmica em maquinação de 5 eixos

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A maquinação em 5 eixos

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O Setor fala de maquinação 5 eixos

INOVAÇÃO

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Hybridmould 21 - passar de um conceito de molde para a realidade Hybridmould 21 – from a mould concept to reality

INNOVATION

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PMM faz polimento pelo processo ECP – Electrochemical Polishing (Polimento Eletroquímico)

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A Marca Portugal

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Evolução e perspectivas macroeconómicas do México

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MAQUINAÇÃO DE 5 EIXOS DESTAQUE HIGHLIGHT

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O que as nossas empresas desenvolvem de forma singular e inovadora What our companies concieve in a singular and innovative way

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NEGÓCIOS BUSINESS Economia | Mercados | Estatísticas Economy | Market information | Statistics

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in memorium

FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE Cefamol - Associação Nacional da Indústria de Moldes • REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Av. D.Dinis, 17 / 2430-263 MARINHA GRANDE - PORTUGAL / T: 244 575 150 / F: 244 575 159 / E: revista_omolde@cefamol.pt / www.cefamol.pt • FUNDADOR Fernando Pedro • CONSELHO EDITORIAL António Rato, António Santos, Eduardo Pedro, Manuel Oliveira, Maria Arminda, Marco Ruivo, Vitor Hugo Beltrão • COORDENADORA EDITORIAL Maria Arminda • COLABORADORES Álvaro Órfão, A.M. Brito, António Selada, A.S. Pouzada, Bruno Gonçalves, Eduardo Pedro, Ivo Barbeiro, Jorge Gonçalves, P. Gago, P. G. Martinho, Rui Gomes, R. Soares, Vítor H. Beltrão • REVISÃO Sandra Pereira • PUBLICIDADE Rui Joaquim • DESIGN GRÁFICO Publiconsult Brand&Design • EDIÇÃO E PAGINAÇÃO Colorestúdio – Artes Gráficas, Lda / Leiria / T: 244 813 685 / E: colorestudio@mail.telepac.pt • TIRAGEM 1500 exemplares • DEPÓSITO LEGAL 22499/88 • REGISTO ERC 113 153 • Nº ISSN 1647-6557

ANUNCIANTES Centimfe 2 / Isicom Tec 5 / Yudo 7 / Hotel Marisol 8 / Eurocumsa 11 / HES 12 / Ferrol Marinha 13 / Mastip 18 / Hasco 19 / Tecmill 21 / Tecnirolo 23 / Meusburger 25 / Mafepre 27 / BruyRubio 37 / Oerlikon Balzers 39 / Pool Net 42 / Cadsolid 47 / Gracio 49 / Apoio Jurídico 51 / Garval 52 / Plano de Formação 2012 capa interior / História do molde contracapa interior / Tebis contracapa • Imagens da capa gentilmente cedidas pela empresa PMM, Lda. • O conteúdo desta publicação não pode ser reproduzido no todo ou em parte sem autorização da Cefamol. • Todos os conteúdos desta edição (com excepção dos artigos nas páginas 15, 20, 22, 41 e 43) estão escritos conforme o novo Acordo Ortográfico.



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editorial

manuel oliveira Revista “O Molde”

O ano de 2012 começa de forma trágica para o nosso Setor, com a perda de várias das referências que, ao longo dos últimos anos e, em alguns casos, das últimas décadas, revelaram extrema dedicação, esforço e espírito associativo em prol da nossa Indústria e a que ninguém que nela labora poderá ficar indiferente. Destacamos, neste contexto, os nomes de Leonel Costa, Presidente da CEFAMOL à data do seu falecimento e Fernando Pedro, Diretor e mentor da Revista “O Molde”, e que, habitualmente, víamos assinar esta coluna, com a opinião ponderada e assertiva que todos lhe reconheciam sobre uma Indústria em que se envolveu desde muito cedo. A Indústria de Moldes fica sem dúvida mais pobre sem estas referências, às quais adicionamos os nomes de Telmo Neto e José Martins Saraiva, também por nós singelamente homenageados nesta edição da Revista “O Molde”. Mas que melhor homenagem podemos prestar a tão ilustres e destacados membros da nossa comunidade que dar continuidade ao seu trabalho e ao esforço para tornar a nossa Indústria mais forte, mais competitiva e mais reconhecida aquém e além-fronteiras? Os resultados atingidos em 2011 pelo Setor (e recém-chegados ao nosso conhecimento) mostram que o trabalho realizado na Indústria, ao longo dos últimos anos, em termos de inovação e desenvolvimento, alargamento da cadeia de valor e demostração de competências nos principais centros de desenvolvimento industrial mundial, têm consequências positivas e promovem o crescimento das empresas e todos os que nelas realizam a sua atividade profissional. O ano transato revelou-se, através dos dados estatísticos preliminares existentes, como o segundo melhor de sempre em termos de exportações (364m€), tendo estas crescido quase 15% face ao ano de 2010. Foi por este objetivo de crescimento, de desenvolvimento tecnológico e de reconhecimento como Setor estratégico que Leonel Costa lutou, quer como empresário, quer como Presidente da CEFAMOL. Os resultados mostram que a estratégia preconizada está correta e que os seus seguidores, ainda que com muito trabalho pela frente e longo caminho a percorrer para consolidar estes resultados, estarão certamente à altura do desafio para dar continuidade ao trabalho por ele desenvolvido. Também ao nível da Revista “O Molde”, que melhor forma de homenagear Fernando Pedro, seu fundador e Diretor desde a primeira edição, que apresentar uma nova imagem, um novo grafismo, demonstradores que a mesma está “viva” e pronta para novos desafios. Sabemos que o nosso amigo Fernando está orgulhoso deste trabalho e confiante nas capacidades do Conselho Editorial para dar continuidade aos seus passos e manter a chama acesa da única revista técnica em Portugal dedicada à Indústria de Moldes e a todos que nela trabalham e com ela colaboram. Não podemos, de todo, esquecer o legado e o empenho que estes protagonistas tiveram para que a nossa Indústria atingisse o reconhecimento e valor que hoje lhe é atribuído. Posto isto, a nossa difícil e espinhosa missão é dar-lhes continuidade e tentar aproximar-nos do seu brilhantismo. Até sempre, amigos.

2012 started tragically for our industry with the loss of several important figures, who over recent years and, in some cases, over decades, dedicated so much to our association and industry. Everyone who works in the moulds industry has been affected by the passing of these great names. Our loss includes Leonel Costa, President of CEFAMOL when he passed away, and Fernando Pedro, Director and mentor of the “O Molde” magazine, who used to write this very column with a balanced but confident opinion immediately recognizable by everyone, about an industry in which he worked from a very early age. The moulds industry is clearly much poorer without these illustrious figures. Other famous names no longer with us are those of Telmo Neto and José Martins Saraiva, who are both especially honoured in this issue of “O Molde” magazine. However, what better tribute could we pay to these distinguished members of our community than to continue their work and efforts to make our industry stronger, more competitive and with a higher national and international profile? The results achieved by our industry in 2011 (which we have just received) show that the work of recent years with regard to innovation and development, the broadening of the value chain and demonstration of our competences in the main centres of industrial development in the world has borne fruit and brought about growth in companies and the advancement of all those who work there. A brief analysis of preliminary statistics shows that last year was the second best ever in terms of exports (€ 364 million), with growth of almost 15% over figures for 2010. It was for these objectives of growth, technological development and recognition as a strategic industry that Leonel Costa fought, both as a businessman and as President of CEFAMOL. The results show that the strategy laid out is correct and those who follow, although they will have much to do and a long road ahead of them if they are to consolidate these results, will no doubt be up to the challenge of continuing his work. Also with regard to the “O Molde” magazine, what better way of honouring Fernando Pedro, its founder and director since the first issue, than to present a new image and new graphics to show that it is alive and kicking and ready for new challenges. We know that our friend Fernando will be proud of this work and trust the ability of the Editorial Panel to continue in his footsteps and keep the flame burning at the only technical magazine in Portugal dedicated to the moulds industry and to all those who work there. We cannot and will not forget the legacy left behind and the commitment of these great men to our industry. Through their efforts it has achieved the recognition and value it enjoys today. With this in mind, our difficult task is to continue this work and try to come close to their talent. To our eternal friends.


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NOTÍCIAS NEWS CEFAMOL CEFAMOL elege novos Órgãos Sociais Reunidos em Assembleia-Geral no passado dia 29 de março, os Associados da Cefamol elegeram os Órgãos Sociais que irão liderar os destinos da Associação no biénio 2012-2014. João Faustino, representante da empresa TJ Moldes, foi reconduzido no cargo de Presidente da Direção da Associação, prometendo reforçar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido em prol do reconhecimento e visibilidade do Setor, ao mesmo tempo que pretende apoiar o reforço da competitividade e notoriedade das empresas no mercado internacional. Dos objetivos propostos e aprovados pelos membros da Associação para o próximo biénio, salientamos ainda o reforço do posicionamento

CEFAMOL DINAMIZA PLANOS INTEGRADOS DE PROMOÇÃO INTERNACIONAL

No âmbito do lançamento de uma nova fase da campanha de promoção internacional do Setor, alicerçada na dinamização da Marca “Engineering & Tooling from Portugal”, a CEFAMOL, lançou aos seus Associados, no final do ano passado, uma iniciativa piloto que pretende desenvolver uma abordagem a mercados de elevado potencial de uma forma mais consistente, integrada e sistemática. Esta iniciativa, denominada “Planos Integrados de Promoção”, tem como principal objetivo a promoção das competências, experiências e saberes da nossa Indústria em mercados em que, apesar do crescimento verificado nos últimos anos, consideramos fundamental consolidar a presença nacional e reforçar as exportações, num esforço claro de diversificação de destinos da produção nacional. Para o desenvolvimento desta iniciativa foram

e da imagem da Indústria Portuguesa de Moldes, o contributo para o reforço do conhecimento e das competências técnicas e humanas das empresas e a defesa dos interesses da Indústria junto do Governo, das instituições públicas e organismos internacionais. Eis a lista completa dos Órgãos Sociais agora empossados:

Assembleia-Geral: Presidente – Intermolde, Lda., representada por José Martins Ferreira. Vice-Presidente – Mold-Tech Portugal, Lda., representada por Manuel Pereira. Secretário – A. Silva Godinho, Lda., representada por Paulo Pinho .

Direção: Presidente – TJ Moldes, S.A., representada por João Faustino.

identificados e validados pelas empresas cinco mercados distintos, a saber: Brasil, EUA, México, Polónia /República Checa e Rússia. Para cada mercado será construído e apresentado um Plano Integrado de Promoção específico, a implementar num período de dois anos – 2012/2013 –, em estreita colaboração com o conjunto de empresas participantes (Grupo de Trabalho). Cada Plano Integrado de Promoção irá contemplar um conjunto de atividades diversificadas, subdivididas em: Ações Transversais (integram todos os membros do Grupo de Trabalho) e Ações de Promoção Coletivas (integram apenas os membros do Grupo de Trabalho que manifestem interesse em integrar as mesmas). Em termos de Ações Transversais, salienta-se: • Identificação de ações prioritárias de intervenção conjunta e definição da metodologia de trabalho; • Constituição de centro de informação sobre o mercado (estatísticas, notícias, bases de dados) que permita a identificação de potenciais clientes e/ou setores de interesse; • Realização de reuniões/workshops com intervenção de convidados para partilha de informação sobre o mercado; • Criação de material promocional (fichas/monofolhas) para as empresas; • Edição e distribuição de newsletter com in-

Vice-Presidentes: • Moldes RP, Lda., representada por Rui Pinho. • Moldit S.A., representada por José Costa. • Socem ED, Lda., representada por Luís Febra. • Moldoplástico, S.A., representada por Manuel Espírito Santo. Vogais: • Tecnisata, S.A., representada por José Filipe. • Tecnimoplás, Lda., representada por Hugo Carlos. • Erofio, S.A., representada por Manuel Novo. • Famolde, S.A., representada por Bruno Martins.

Conselho Fiscal: Presidente – Planimolde, S.A., representada por Telmo Ferraz . Vogais: • Imoplastic, Lda., representada por João Tavares. • Azemoldes, Lda., representada por Armindo Soares.

formação sobre membros do Grupo de Trabalho junto de potenciais clientes e/ou outros agentes do mercado. Ao nível das Ações de Promoção Coletivas, destacam-se: • Organização de Missões Empresariais (encontros/reuniões/roadshows); • Promover visitas de compradores e decisores a Portugal (missões inversas); • Participação em Feiras Internacionais (Pavilhões Nacionais, stands coletivos, visitas); • Ações complementares de marketing (outdoors, anúncios, merchandising, etc.); • Receção de jornalistas e edição de publireportagens; • Edição de notícias do Setor e de empresas do Grupo de Trabalho; A aprovação das ações que venha a ser contemplada em cada “Plano” será validada pelas empresas participantes e terá em conta eventuais sugestões que estas venham a apresentar, numa dinâmica que se pretende de grande interação e participação ativa entre todos. Apesar dos Grupos de Trabalho acima indicados terem já sido formados com as empresas que demonstraram interesse nos mercados acima referenciados, os mesmos estão abertos a mais empresas e a novas inscrições para o período 2012/2013, devendo todos os interessados em participar contatar a CEFAMOL.


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notícias news cefamol

Histórias da Indústria de Moldes atraiem diferentes gerações do Setor

conceção e fabrico de moldes para o mercado internacional. Nas sessões realizadas, o auditório encheu para assistir ao testemunho de diversos protagonistas do Setor, congregando diferentes gerações de empresários e técnicos qualificados (alguns já fora do ativo), mas também jovens estudantes do ensino secundário e superior que se juntaram para ouvir histórias que relembram desafios e conquistas desta Indústria. A primeira sessão foi subordinada ao tema “A Fundação da Indústria de Moldes na Marinha Grande”, tendo decorrido no dia 31 de janeiro, com a participação dos oradores Joaquim Matos, Henrique Neto e Vítor Hugo Beltrão.

Com o objetivo principal de juntar alguns dos protagonistas da História do Setor e, de uma forma simples e coloquial, reviver algumas das histórias que retratam a vivência dos pioneiros da Indústria, a CEFAMOL e o Conselho Editorial da Revista “O Molde”, em parceria com o Centro de Desenvolvimento Rápido e Sustentado de Produto (CDRSP) do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), estão a promover a realização do ciclo de workshops “A Indústria de Moldes na Marinha Grande: sua génese e evolução”. Estas sessões, que têm vindo a ser realizadas no auditório do Centro Empresarial da Marinha Grande, nas últimas terças-feiras de cada mês, pretendem contribuir para a memória do Setor, documentando a evolução de uma Indústria que hoje se afirma como uma referência nacional e que atingiu enorme projeção, reconhecimento e notoriedade internacional. Pretende-se também com esta iniciativa, de uma forma singela, prestar homenagem aos seus protagonistas e ao contributo que estes deram, de forma decisiva, para se atingir o prestígio que hoje detemos nos mercados mais exigentes e de maior evolução tecnológica. Em simultâneo pretende-se apresentar a novas gerações os desafios e constrangimentos enfrentados pelos pioneiros da Indústria na

“Do Desenho ao Projeto”, foi o tema da sessão do passado dia 28 de fevereiro, que contou com a intervenção dos oradores António Baridó, Carlos Monteiro, Carlos Reis, Eduardo Simões, Joaquim Andrade e Telmo Ferraz.

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A terceira sessão, foi realizada no dia 27 de março, sendo dedicada ao tema “A Evolução da Maquinação na Indústria de Moldes” e contou com a participação dos oradores Amadeu Carlos, Felismino Alves, Gualter Roque e Virgílio Julião. Os workshops terão continuidade ao longo dos próximos meses, estando agendados os seguintes temas: “Montagem e Acabamento” – 24 de abril; “Ensaios e Testes: O Produto Final” – 29 de maio; “A Internacionalização da Indústria de Moldes” – 26 de junho; As sessões, a realizar entre as 17h30 e as 19h30, serão gravadas em áudio e vídeo para memória futura, documentando a fundação e evolução da Indústria de Moldes na região da Marinha Grande, prestando homenagem aos seus protagonistas e deixando um legado que, certamente, prestigiará todos quantos trabalham ou trabalharam, neste Setor.


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CEFAMOL promove Engineering & Tooling nacional na feira Interplastica 2012 No âmbito do plano de ações previstas no projeto de internacionalização “Engineering & Tooling from Portugal”, a CEFAMOL organizou uma vez mais a participação coletiva de empresas nacionais na feira Interplastica, que decorreu em Moscovo (Rússia), entre os dias 24 e 27 de janeiro de 2012. A Interplastica, é o principal evento realizado na Rússia dedicado à indústria de plásticos, aglomerando no mesmo espaço de exposição os vários setores que integram a sua cadeia de valor, nomeadamente, processadores de plástico, fornecedores de máquinas e matéria-prima, fabricantes de moldes e componentes, entre outros.

divididos pelas duas ilhas do Pavilhão Nacional no Hall 8.2 do recinto. A presença nesta feira revela-se, a cada edição mais positiva para a abordagem a este mercado, tanto ao nível empresarial, através do estabele-

cimento de contactos e identificação de novas oportunidades de negócio, como ao nível associativo, reforçando a presença nacional e dando maior notoriedade e visibilidade à Marca coletiva “Engineering & Tooling from Portugal”.

A presença nacional foi composta por 5 empresas do Setor – Exportools, Geco, Moldes RP, Moliporex eTecmolde–comumtotalde117m2 deexposição,

Engineering & Tooling Nacional presente na principal feira dedicada à Indústria de Plásticos nos EUA

Dando cumprimento ao plano de ações definido no projeto “Engineering & Tooling from Portugal”

para o ano 2012, a CEFAMOL promoveu, no início do mês de abril, a participação coletiva de empresas nacionais na feira “NPE 2012”. Este evento teve lugar no Orange County Convention Center, em Orlando, no Estado da Florida (EUA), entre os dias 1 e 5 de abril, sendo o recinto de exposição composto por dois Halls East/West e North/South - com um total de 18.000 m2 de exposição. As empresas portuguesas participantes - Celmex, Fermorgado, Lismolde2, LN Moldes, Moldegama, Moldoplastico e Tecnifreza – estiveram integradas num Pavilhão Nacional organizado

dias 14 e 16 de maio.

Engineering & Tooling nacional presente no “Aerospace & Defense Meetings” - Sevilha

O Grupo de Trabalho para a Indústria Aeronáutica, promovido no seio da Associação POOL-NET, estará presente na primeira edição do evento “Aerospace & Defense Meetings”, que será realizado em Sevilha, entre os

A participação nacional será coordenada pela CEFAMOL, em conjunto com o PEMA’s (Associação Portuguesa para a Indústria Aeronáutica), sendo esta iniciativa inserida no Projeto “Engineering & Tooling from Portugal”,promovido pela Associação Nacional da Indústria de Moldes. Localizado num dos principais pólos de desenvolvimento desta Indústria no país vizinho, a iniciativa tem como principal objetivo dar a conhecer as capacidades e competências da Indústria nacional no fornecimento de produtos e serviços para o Setor Aeronáutico e promover a

pela Associação e localizado na entrada do Hall South/North. O estudo realizado pela Society of Plastics Industry (SPI), entidade promotora do evento, previu, para esta edição, um aumento, não apenas do número de expositores, como também do número de visitantes, motivados pela nova localização da feira (a primeira vez na cidade de Orlando), e pelo crescimento verificado no mercado norte-americano.

realização de contactos e reuniões com potenciais clientes que operam nesta área, quer na vertente civil, quer na vertente militar. Esta ação, desenvolvida num formato muito particular, baseia-se no agendamento de reuniões individuais entre os participantes, de acordo com as suas prioridades e áreas de interesse. Todos os interessados em participar nesta iniciativa e integrar a delegação nacional, deverão contactar a CEFAMOL através do e-mail: cefamol@mail.telepac.pt


Formação: Executive Coaching for Leaders – 16 e 21 de Junho

Plano de Formação Inter-Empresas 2012

A CEFAMOL já tem disponível o Plano de Formação Inter-Empresas 2012, direcionado a todos os profissionais da Indústria de Engineering & Tooling e que irá realizar-se na Marinha Grande e em Oliveira de Azeméis. Sendo a formação um dos pilares estratégicos da CEFAMOL, estruturámos o Plano com o ob-

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notícias news cefamol

Face ao sucesso da 1ª edição do curso “Executive Coaching for Leaders” realizado no início de janeiro, a CEFAMOL, com o apoio da ISPC - International School of Professional Coaching e do seu Local Partner, a TGA – Consultores de Gestão, vai promover uma 2ª edição do curso de “Executive Coaching for Leaders” que lhe dará a oportunidade de conhecer o Coaching como uma ferramenta que facilita o alcance de resultados extraordinários, que permite elevados níveis de compromisso, motivação e responsabilização, ajudando a encontrar respostas

jetivo essencial de responder às solicitações e necessidades mais prementes dos nossos Associados. O Plano integra 42 ações formativas de 5 áreas diferentes e vai decorrer em paralelo com outros programas a anunciar, cobrindo as mais variadas temáticas do quotidiano de uma empresa do Setor. A realizar em abril e maio, quer em Oliveira de Azeméis quer na Marinha Grande, teremos cursos na área Laboral e Finanças que abordarão questões relacionadas com as últimas alterações no novo pacote laboral, bem como na área Comercial e Marketing. Numa vertente inova-

criativas, de modo a transformar o momento atual em oportunidade. Esta formação decorrerá nos dias 16 e 21 de junho, no Hotel Mar e Sol, em S. Pedro de Moel e será desenvolvida por Coaches Profissionais – Viana Abreu e Fátima Matos – assentando em dinâmicas de comunicação, team coaching, role playing, estudos caso e simulações. O total de 30 horas, inclui 2h de sessão individual de Coaching e 8h de trabalhos de desenvolvimento pessoal.

dora iremos também realizar workshops formativos na área de Gestão e Produtividade Industrial cujo objetivo é tomar consciência dos problemas na produção e forma de os evitar, antevendo algumas soluções. Para além dos cursos que agora divulgamos, a CEFAMOL disponibiliza também às empresas, formação à medida, com projetos concebidos em função das necessidades e expectativas de cada cliente e adaptados à especificidade de cada empresa, permitindo uma resposta mais personalizada. Para mais informações, propomos-lhe a consulta ao nosso website: www.cefamol.pt.


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notícias news NOVOS ASSOCIADOS

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NOVOS ASSOCIADOS

P.S.A. PLAST

GECIM

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mpresa fundada em 1988, tendo como atividade principal a comercialização e respetiva representação exclusiva para Portugal dos canais quentes Mold-Masters.

Em 1997, com o objetivo de alargar o campo de oferta de soluções dirigidas ao seu mercado, iniciou a representação e comercialização dos produtos hidráulico/pneumáticos Vega. Em 2001 foi implementado um sistema de gestão de qualidade visando o referencial normativo ISO 9001:2000. Direcionada para um mercado vasto com principal incidência na Indústria de Moldes e Plásticos por injeção, a GECIM, LDA, conta com um Corpo Técnico que tem vindo a ser aumentado ano após ano, de forma a poder manter uma posição de relevo no meio industrial onde está implementada, privilegiando o serviço de apoio aos clientes no projeto e no após-venda.

F

undada em 1955, a P.S.A. PLAST - PLÁSTICOS DE SANTO ANTÓNIO, LDA., dedica-se ao desenvolvimento e fabricação dos seguintes tipos de embalagens em plástico:

-soluções para manuseamento de materiais, logística, transporte, e armazenagem; -soluções para recolha seletiva de resíduos; -embalagens invioláveis com capacidade até 40L. Em 2011, exportou cerca de 55% da sua faturação, essencialmente para a Holanda, Bélgica, Inglaterra, Espanha, Noruega, Dinamarca, Alemanha e França.

sermetal

S

ERMETAL BARCELONA, LDA, é especialista em aços para ferramentas da marca Buderus Edelstahl, para a construção de moldes, matrizes e ferramentas em geral, destinadas aos setores da transformação de plásticos, borracha, fundição injetada de alumínio, extrusão e construções metálicas, em geral. A inovação, a garantia de qualidade, o aconselhamento técnico, a flexibilidade e a melhoria constante dos serviços, juntamente com o tratamento direto e personalizado que oferecemos aos nossos profissionais, são as bases fundamentais do nosso êxito.


notícias news ANIVERSÁRIO ASSOCIADOS

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ANIVERSÁRIO ASSOCIADOS

FAMIL, S.A. 25º ANIVERSÁRIO

vítor h. beltrão Revista “O Molde”

fundou a firma, com o objetivo claro de posicionar a mesma como uma empresa líder na produção de moldes para injeção de solas. Atualmente a Famil é uma Sociedade Anónima, dispondo de instalações próprias com aproximadamente 1.800m² de área coberta, sendo o seu Conselho de Administração presidido por Pedro Bragança, o qual assume em simultâneo o lugar de Diretor-Geral da empresa.

T

odos temos conhecimento do prestígio internacional do calçado português, que ultrapassou, em muitos casos, a “fama” dos italianos e franceses, mas talvez nos esqueçamos de que os sapatos necessitam de solas e de que também estas são fabricadas em Portugal, contribuindo, com a sua quota-parte, para a preponderância e prestígio do artigo nacional. É neste contexto que empresários empreendedores e conhecedores do mercado fundaram no dia 20 de janeiro de 1987 a Famil – Fábrica de Moldes para Injeção, S.A., no lugar do Burgo de Sermande, no concelho de Felgueiras, tendo sido sócios fundadores: Artur Guimarães Sampaio, Domingos Alves Teixeira, Domingos Bragança Salgado e José Maria Guimarães Sampaio.

Foi este conjunto de empresários ligados à indústria do calçado que

Especializou-se na produção de moldes de e/ou compressão de termoplásticos e para os mais diversos materiais, de acordo com as encomendas dos clientes, tendo desde sempre realizado fortes investimentos em tecnologia, tendo inclusive sido uma das primeiras empresas deste subsetor, a apostar em sistemas CAD 3D e em centros de maquinação CNC, paralelamente ao desenvolvimento de processo de produção inovadores, com recurso a fundição de alumínio. Estrategicamente a Famil tem vindo a reforçar a sua aposta na internacionalização e exportação dos seus produtos através do reforço de relações de parceria com os seus clientes, representando, hoje, este esforço cerca de 40% das suas vendas para os seguintes mercados: Espanha, França, Itália, Holanda, Inglaterra, Roménia, Polónia, Marrocos, Paquistão e India. O corpo redatorial da Revista “O Molde” apresenta à Administração, Direção e a todos os colaboradores da Famil os parabéns pelos 25 anos e os mais sinceros votos de longa vida e de sucesso.


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notícias news ceentimfe

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CEntimfe

Actualização Tecnológica no Laboratório de Prototipagem Rápida do Centimfe No passado dia 9 de Janeiro o Centimfe recebeu a visita do Senhor Secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, Carlos Oliveira, que visitou a Região e em particular a Indústria de Engineering & Tooling. Na visita ao Centimfe foi dada a oportunidade de conhecer o trabalho e as competências que são disponibilizadas à Indústria, e em particular os

mais recentes investimentos de reforço do laboratório de Prototipagem Rápida, com o novo equipamento de tecnologia SLS (Sinterização Selectiva Laser) agora disponível ao serviço das empresas.

O Centimfe realizou no passado dia 16 de Fevereiro o 20º Workshop subordinado ao tema "Tecnologias Avançadas de Fabrico Aditivo", que contou com a presença de 130 participantes provenien-

"A electroerosão no fabrico de moldes de elevada precisão para micropeças" - Encerramento do projecto EME No passado dia 22 de Março decorreu no Centimfe o workshop de divulgação de resultados do projecto EME - Estudo da Micro EDM no fabrico de micro moldes de elevada precisão. Este Workshop teve como moderador o Professor Rafael Pastor, consultor conceituado na in-

Este equipamento representa a mais actualizada tecnologia neste domínio e permite, melhor qualidade de serviço, maior rapidez e capacidade de oferta aos nossos Clientes e Associados. Trata-se de um equipamento 3D Systems (Spro 60 HD HS), de elevada velocidade de varrimento laser e com maior volume de construção disponível, para além de permitir um melhoramento significativo na qualidade dos modelos obtidos.

tes de empresas e entidades do SCT.

Ciclo de Workshops encerra com retrospectiva dos 20 anos do Centimfe

Para mais informações contacte-nos pelo email: proto@centimfe.com ou pelo telefone: 244545600.

Neste Workshop foram abordadas as tecnologias e as suas aplicações no sector de Engineering& Tooling, com a apresentação dos mais recentes equipamentos e casos de estudo relevantes. Patrocinado pelos principais construtores de equipamentos a nível mundial (3Dsystems – USA, Matsuura – Japão e SLM - Alemanha) este

Workshop contou também com o apoio de uma empresa Portuguesa – Erofio que apresentou casos práticos e soluções recorrendo a Tecnologias Aditivas. Este evento encerrou o Ciclo de Workshops comemorativos do 20º aniversário do Centimfe, contando também com uma apresentação retrospectiva dos 20 anos deste Centro Tecnológico.

esbeltas).

dústria de moldes e plásticos, e membro da Rede de Competências Micromanufacturing que destacou a importância das metodologias de desenvolvimento de produto adaptadas para micropeças ou peças com microdetalhes.

• Os novos conjuntos de parâmetros tecnológicos para EDM por penetração e fio, considerando factores como a taxa de remoção de material e o desgaste da ferramenta (eléctrodo).

Os resultados do projecto EME foram abordados por António Baptista do Centimfe que destacou:

• Os novos conhecimentos acerca do estado da arte nas microtecnologias.

• A realização de cavidades por electroerosão por penetração com uma relação entre profundidade e largura superior a 50 vezes.

Uma das principais conclusões desta sessão foi a necessidade de desenvolver investigação aplicada no domínio das microtecnologias, através de novos projectos, de modo a dar continuidade a este e outros trabalhos que têm vindo a ser desenvolvidos em Portugal e que de acordo com Roadmap Tecnológico para o sector terão cada vez maior importância.

• Fabrico de eléctrodos em grafite com uma esbelteza de 33 vezes, em eléctrodos com espessura inferior a 0,15 milímetros e altura de 5 milímetros. • Os novos conhecimentos para fresar eléctrodos muito esbeltos, que envolvem novos pares de parâmetros tecnológicos, novas estratégias para maquinação e ferramentas características, com novas geometrias e revestimentos. • Os novos conhecimentos para fabricar lâminas de pequena espessura por EDM por fio (muito



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notícias news ceentimfe

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Jornada de apresentação do Projecto de cooperação Transfronteiriça RITECA II No passado dia 8 de Março decorreu na sede da Associação Centro de Apoio Tecnológico Agro-Alimentar (CATAA) de Castelo Branco, a apresentação da segunda edição do projecto Red de Investigación Transfronteriza de Extremadura, Centro y Alentejo (RITECA II), que

esteve a cargo da Dirección General de Modernización e Innovación Tecnológica del Gobierno de Extremadura. Durante a jornada, para além da apresentação geral das actividades a desenvolver no projecto, realizou-se uma mesa redonda com o objectivo de promover a interacção entre os parceiros e aprofundar o conhecimento sobre as suas actividades. O Centimfe participa nesta rede com diversos

OPEN

Secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação visitou a OPEN A OPEN recebeu a visita na última segunda-feira, dia 9 de janeiro do Sr. Secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação Eng. Carlos Nuno Oliveira.

O Secretário visitou as instalações da OPEN e ficou a conhecer o trabalho que vem sendo realizado na Marinha Grande em prol do incremento do empreendedorismo na Região. A visita fez parte de uma agenda que incluíu um encontro com empresários seguido de um almoço na Nerlei em Leiria e visita a várias empresas da região.

centros tecnológicos Portugueses, bem como com a Associação dos Centros Tecnológicos com o objectivo de promover colaboração entre instituições de Extremadura e das regiões Centro e Alentejo de Portugal, no âmbito da investigação, desenvolvimento tecnológico e inovação.



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destaque HIGHLIGHT

MAQUINAÇÃO DE 5 EIXOS

Os desafios da maquinação a 5 eixos

Makino D500: Precisão dinâmica em maquinação de 5 eixos

A maquinação em 5 eixos

O Setor fala de maquinação 5 eixos


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OS DESAFIOS DA MAQUINAÇÃO A 5 EIXOS a obtenção desses objectivos. É esse o âmbito da vigilância, de cuja gestão eficaz deriva a obtenção de importantes vantagens competitivas para as empresas. Numa economia, a única fonte segura de competitividade duradoura é o conhecimento, no entanto, o conhecimento só é importante, se houver a capacidade para o aplicar duma forma estruturada e, com isto, acrescentar valor. Aqui, o conhecimento também pode ser visto como a capacidade de utilizar toda a informação que for armazenada e centralizada em bases de dados como resultado das actividades de produção, I&DT ou outra fonte. A competitividade relacionada com o desenvolvimento de novos produtos ou a adopção de novos processos, fazem com que as empresas procurem novas formas de obter vantagens face à concorrência na conquista e consolidação de novos mercados. As práticas de gestão da informação e o conhecimento que daí resulta, podem ser usadas para recolha e tratamento de dados que facilitam a tomada de decisão.

F1 – Árvore com dois graus de liberdade dum centro de maquinação de cinco eixos (Makino)

António Selada

A capacidade tecnológica instalada para a produção de moldes e ferramentas especiais, é um elemento determinante para a competitividade da indústria em geral, não apenas porque é parte integrante no processo de fabrico de inúmeros produtos industriais, mas também porque a sua cadeia de valor se posiciona na trajectória do processo de desenvolvimento de novos produtos.

empre que qualquer empresa decide realizar um investimento numa solução tecnológica de elevado montante ou que implique uma mudança significativa na estrutura da empresa, existe, para além de uma análise exaustiva das vantagens e desvantagens associadas, a tendência para verificar os resultados obtidos pela concorrência na introdução dessa solução ou de outras semelhantes.

Se por um lado, a qualidade dos moldes e ferramentas especiais determina a produtividade da generalidade dos processos de fabrico (que os utilizam), por outro lado, a sua cadeia de produção condiciona o processo de inovação e a sua disponibilidade para acompanhar o mercado. Neste sentido, para lidar com as exigências e a rápida mutação da envolvente é essencial equacionar a estratégia de criação de valor e, em simultaneidade, desenhar os novos processos tecnológicos bastante mais flexíveis, como a maquinação a 5 eixos, e novas soluções metalúrgicas ao nível dos materiais. É fundamental que, ao mesmo tempo, se introduzam novas formas de gerir a produção que permitam sustentar o futuro do sector.

Depreende-se deste facto que a prática da vigilância tecnológica é muito anterior à formalização de todos os conceitos a si associados.

Enquadramento

Grupo VANGEST

Introdução

S

Até ao século XX, altura em que se deu a grande explosão tecnológica, conhecer a sua evolução e resultados era muito mais complicado. A comunidade científica e tecnológica era bem mais pequena, principalmente porque eram também muito menos os países onde se registavam os avanços tecnológicos. Actualmente a situação é bem diferente, tendo-se registado ao longo do século passado um crescimento exponencial da produção científica e tecnológica, mas também das fontes de informação. Para isso, contribuiu fortemente a difusão dos meios de comunicação, com especial destaque para a importância que a Internet assume nos dias de hoje. Como tal, verifica-se a existência de uma crescente necessidade por parte das empresas em dotar-se de técnicas de captação e análise de informação face à evolução tecnológica, nomeadamente através da definição de novas estratégias e da utilização de ferramentas que facilitem

O grau de exigência para maior produtividade é tão antigo como os métodos de produção, independentemente do seu nível. Maior produtividade é principalmente realizada através de contínua e incremental melhoria dos processos e nalguns casos, de inovações radicais, caso da introdução da maquinação a 5 eixos a alta velocidade sobre materiais duros na indústria de moldes e das células flexíveis de produção. Maquinação de materiais duros em centros de maquinação ou fresadoras com configuração de 3 eixos, corte a alta velocidade (HSC) e maquinação a seco são alguns exemplos de tecnologias de fabrico que sofreram desenvolvimentos incrementais e fundamentais duma significativa dimensão nos últimos anos. Subjacente a essa evolução tem sido a inovação nos diferentes elementos do processo de fabrico no seu todo, englobando o conhecimento, as ferramentas, os sistemas CAx, os periféricos, os sistemas para controlo do processo e os equipamentos de produção. Qualquer desenvolvimento nas áreas de engenharia e das tecnologias


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de produção para reduzir o prazo de entrega e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade das peças maquinadas deve, obviamente, ser levada em consideração pelos fabricantes de moldes. A maquinação a alta velocidade é uma tecnologia com enormes vantagens na obtenção de superfícies de elevada qualidade, permitindo responder de forma mais ou menos eficaz às crescentes pressões competitivas exercidas pelo mercado, no entanto, em superfícies complexas muito esbeltas ou de elevada razão de aspecto, não dispensa a utilização de outros processos tecnológicos menos produtivos e com menor respeito pelos sistemas ecológicos. A fresagem com cinco eixos em simultâneo representa o estado da arte tecnológico em áreas muito especializadas como a fabricação de componentes aeronáuticos em diferentes materiais, alguns de muito difícil maquinabilidade. Para moldes e ferramentas especiais tem-se verificado a introdução desta tecnologia nas linhas de produção, apesar de ainda não estar bem estabelecida, Não obstante, o potencial em termos de qualidade e produtividade que possibilita, é enorme. Esta capacidade de introduzir e adoptar novas tecnologias tem estado associado ao crescimento da produtividade dos países mais desenvolvidos e , em particular, do sector de moldes em Portugal.

Maquinação a 5 eixos de materiais duros em alta velocidade Acrescentar valor significa ser capaz de apresentar no mercado produtos que apresentem vantagens evidentes em relação aos da concorrência (prazos, custos e qualidade). Isto tem implicações evidentes ao nível da exigência tecnológica colocada sobre a indústria de moldes.

perficial. Esta camada tem uma influência negativa na duração de vida dos componentes sujeitos a cargas cíclicas. Incrementa o estado de tensão e cria pequenas fissuras, que não são mais do que a nucleação para a propagação duma fenda com a consequente rotura por fadiga do componente (após cargas ciclicamente aplicadas); Devido ao calor gerado, as operações de rectificação requerem o uso abundante de fluido de corte, que contém substâncias quimicamente perigosas e, por isso, devem ser descartadas com frequência; A EDM por penetração utiliza fluidos dieléctricos que têm substâncias altamente poluentes e a sublimação de alguns metais tóxicos são bastante prejudiciais à saúde humana. Alguns dos mais importantes factores para o incremento da qualidade na fresagem de materiais duros são o contínuo desenvolvimento dos revestimentos das ferramentas de corte, assim como a optimização do processo de monitorização baseados, por exemplo, em dispositivos de emissão acústica. Esta emissão permite detectar uma pequena rotura na aresta de corte da ferramenta e informar o sistema de controlo que é necessário proceder à sua mudança de modo a evitar defeitos na superfície das peças. Para pequenos diâmetros (micro fresagem), as forças de corte são menores e, consequentemente, os sensores de emissão acústica falham na detecção da rotura da ferramenta. Actualmente, existem no mercado sistemas de medição que podem controlar as peças durante o processo através duma sonda de controlo. Ao combinar fresagem e medição numa máquina os prazos de entrega pode ser significativamente reduzidos e incrementada a qualidade das peças.

Obstáculos ao melhor desempenho da maquinação a alta velocidade com 3 eixos são: vibrações; rigidez dinâmica dos sistemas; flexibilidade; dinâmica da máquina; e precisão. A solução de cinco eixos a alta velocidade minimiza o efeito de alguns destes problemas, com consequências ao nível da taxa de remoção de material, da qualidade das superfícies, da precisão e do número de apertos (reengenharia).

Para a ferramenta de corte atingir uma carga eficaz sobre a apara, as velocidades de avanço e as velocidades de corte devem ser muito superiores aos normalmente utilizados em maquinação tradicional. As elevadas velocidades de avanço também tornam possível concluir um número muito maior de passagens em toda a peça mais rapidamente do que com os métodos convencionais.

Ainda é usual, ferramentas especiais e moldes com dureza, nalguns casos, para além dos 60HRC, elevada precisão e acabamento superficial serem produzidos por meio de uma sequência de fresagem, endurecimento e EDM, processos frequentemente seguidos por rectificação e acabamento manual.

Tradicionalmente, a maquinação a cinco eixos foi utilizada em oficinas de maquinação de componentes de um número reduzido de sectores. O fácil acesso a esta tecnologia – combinado com a eficiência que os eixos de rotação podem trazer mesmo em peças simples – deve resultar na adopção da maquinação a cinco eixos por um grande número de indústrias, incluindo a maquinação de materiais duros na indústria de moldes.

Esta sequência operacional tem as seguintes desvantagens: As operações de EDM, rectificação e trabalho manual são muito lentas e agressivas para os sistemas ecológicos; A rectificação e particularmente a EDM são conhecidas por produzirem uma camada termicamente afectada à superfície e sub superfície (HAZ) com reflexos ao nível da integridade su-

F2 – Peça em alumínio 6061 T651 para aplicações aeronáuticas maquinada a cinco eixos

A principal vantagem da maquinação com cinco eixos resulta da capacidade de maquinar formas complexas num único aperto. Isso permite uma maior produtividade em comparação com a maquinação realizada

T1 – Maquinação com cinco eixos em contínuo – vantagens e desvantagens em relação à maquinação com 3 eixos ou 3 + 2 indexados


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F 3 - Número de onda (N) gerada entre arestas e lóbulos de estabilidade (MMS Online - Chatter-Free Milling And Optimized Material Removal Rates)

com vários apertos, assim como reduz significativamente o tempo e o custo de preparação do trabalho. Além disso, com múltiplos apertos, existe sempre uma possibilidade de alinhamento incorrecto cada vez que o componente é deslocado. Outra importante vantagem da maquinação com cinco eixos é a que permite que a ferramenta de corte seja mais curta e com uma velocidade de corte constante no ponto de contacto com a superfície (ângulo constante entre o eixo da ferramenta e a normal à superfície no ponto de contacto). Como resultado, a maior velocidade de corte pode ser alcançado sem excessiva carga sobre a ferramenta, aumentando assim a vida da ferramenta e reduzindo rupturas. Dois aspectos que não são tidos em conta quando se procura optimizar o processo de corte são a dinâmica do corte (vibrações) e a simulação do processo.

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F4 - Distribuição de temperaturas junto da aresta de corte. Note-se o gradiente de temperatura na superfície da peça

O número de ondas (N) entre arestas de corte consecutivas e a sua fase conduz à criação de lóbulos de estabilidade Os Lóbulos de Estabilidade permitem a escolha maiores de profundidades axiais de corte e, também, maiores velocidades de rotação. Os intervalos estáveis acontecem a velocidades de rotação onde a frequência de rotação da ferramenta é igual à frequência natural dominante do sistema. É nesta fase que existe concordância. À medida que aumenta o número de ondas entre cada dente consecutivo (N), diminui a área da zona regular (e vice versa). Após uma observação mais próxima dos Lóbulos de Estabilidade, tornase evidente que manter uma profundidade axial de corte abaixo da linha limite, o corte é sempre estável.

Mecânica do Corte e Simulação Dinâmica do corte As vibrações, sobretudo as auto-excitadas (“chatter”), continuam a ser um dos principais constrangimentos á utilização de altas taxas de remoção de material e à qualidade superficial nas operações de fresagem. Estudos da dinâmica associada às operações de fresagem são necessários para a determinação dos parâmetros operativos que conduzem a condições estáveis. Alguns investigadores desenvolveram uma teoria de vibrações, que consideramos particularmente interessantes na medida em que permitem a previsão analítica dos lóbulos de estabilidade para a fresagem. O método baseia-se em determinadas constantes de corte, no número de arestas e na função de transferência da ferramenta montada na máquina. A função transferência do sistema pode ser obtida por simulação computacional ou por medições directas. Os resultados mais exactos são obtidos normalmente com recurso à medição directa com a ajuda de acelerómetros aplicados no sistema. O modelo é sujeito a condições de carga tais como forças de corte baseadas nas condições de fixação. O “output” obtido a partir de uma análise dinâmica avançada é tipicamente apresentada como uma Função de Resposta em Frequência (FRF). Esta FRF é então sujeita a manipulações matemáticas com recurso a aplicações computacionais para a determinação dos lóbulos de estabilidade.

A física do corte centra-se sobretudo na formação da apara e no estudo das condições de separação do material e do seu comportamento. Dada a complexidade analítica que este problema possui, é normal a utilização de técnicas numéricas baseadas em elementos finitos para a determinação quantitativa das variáveis do processo, designadamente das temperaturas que se desenvolvem na peça e na ferramenta. Elas dependem da forma como ocorre a deformação plástica tanto na zona primária como na zona secundária de deformação. Na primeira, o calor gerado resulta fundamentalmente da deformação plástica e na segunda, o calor resulta do atrito na face de ataque da ferramenta e da deformação plástica induzida na zona secundária por efeito das forças de atrito. O aumento das temperaturas, e sobretudo nos gradientes térmicos tanto nas ferramentas como na peça, originam um aumento do valor das tensões residuais e da espessura da camada onde elas actuam, com a consequência da deterioração da vida à fadiga das peças mecânicas. O estudo das temperaturas assume por isso uma importância grande, uma vez que o seu conhecimento permitirá: • O estudo do desgaste das ferramentas e da correlação entre a duração da ferramenta e as temperaturas junto à aresta de corte; • Desenvolvimento de modelos que correlacionem as temperaturas com a integridade superficial Dado que experimentalmente é muito difícil fazerem-se medições de


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temperatura e suas distribuições nas zonas de interesse, as ferramentas de simulação aparecem como uma alternativa potencial, já que a partir de modelos matemáticos ou numéricos que satisfaçam as condições físicas do processo, poderiam ser estimadas com bastante rigor. Na Fig.4 apresentamos um exemplo de determinação de uma distribuição de temperaturas por simulação. Como todas as modelações, a dos elementos finitos poderá descrever o processo com muito rigor, desde que as condições termodinâmicas sejam satisfeitas. O estado actual de desenvolvimento da tecnologia de simulação exige uma validação experimental detalhada para o tipo de materiais e condições de maquinação em análise, considerando apenas válidas as simulações que interpolem dentro da gama de valores que foram validados pelo processo. Assim, o método de simulação possui um potencial enorme para o estudo destes temas, mas requer uma sistemática investigação no domínio do comportamento dos materiais em função da temperatura e da velocidade de enformação. Importa referir que o conceito de Simulação é hoje muito abrangente e dependente da perspectiva sob a qual se olha. A simulação que aqui falámos não é a simulação do processo em si, decorrente tipicamente dos sistemas CAD/CAM onde o objectivo é ter uma visão apriorística da maquinação, que permite antever o efeito das variáveis do processo e das estratégias ligadas a diferentes trajectos da ferramenta. Esta deve ser encarada como uma visualização virtual do que se passará aquando da

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maquinação real. Ela não contém nenhuma característica física ou dinâmica ligada às ferramentas ou máquina ferramenta. Em todo o caso consideramos que se trata de outro tema diverso daquele que se está a tratar neste artigo.

Técnicas de simulação no fabrico de moldes e ferramentas especiais Recentes desenvolvimentos: • Optimização dos programas de NC pela simulação e análise da cinemática e dinâmica da máquina ferramenta antes da maquinação • Adaptação contínua dos parâmetros do processo • Simulação do corte Tendências e potencialidades: • CAD/CAM/NC – ferramentas/simulação • Armazenagem em bases de dados do conhecimento adquirido • Realidade virtual como suporte ao processo tecnológico

Qual é o futuro na fabricação de moldes e ferramentas especiais? As empresas de sucesso serão caracterizadas por possuírem: • Tecnologias modernas de fabricação • Baixo custo/elevada qualidade • Tempo de reacção curto/flexibilidade • Transparência com os clientes • Ambiente de produção atractivo para aquisição de novos clientes e trabalhadores qualificados • Abertura para as novas tecnologias e capacidade para cooperar

Conclusões O que ainda é difícil no uso dos 5 eixos em simultâneo na indústria de moldes? • Esforço elevado de programação CAM? • Limitada disponibilidade de capacidade dos módulos CAM? Análise para a redução dos tempos de processamento e para o incremento da qualidade das superfícies com maquinação a cinco eixos: • O desbaste só pode proporcionar um fraco contributo para reduzir os tempos, mas melhora a aproximação ao contorno • O esforço de pré-acabamento pode ser reduzido enormemente, uma vez que o material restante foi removido • 5 eixos em simultâneo determinam melhor qualidade de superfície Análise do desenvolvimento tecnológico no processo de maquinação a 5 eixos: • Material residual optimizado • Materiais de corte de extrema dureza: Nitreto de Boro Cúbico (CBN) – maquinação fina de materiais duros Influência dos materiais: • Utilização de aços PM (Powder Metallurgy) que são caracterizados por elevadíssima isotropia e pureza, carbonetos muito pequenos uniformemente distribuídos para conferir ductilidade e altíssima resistência ao desgaste • Excelente maquinabilidade e resistência ao impacto.



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MAKINO D500: PRECISÃO DINÂMICA EM MAQUINAÇÃO DE 5 EIXOS dústria dos cunhos e moldes as aplicações serão primeiramente maquinação por indexação (eixos 2 e 3) com especial ênfase em buchas/cavidades profundas, possibilitando simultaneamente uma aceleração rápida e uma precisão na maquinação dos 5 eixos, mesmo em peças pesadas. Vantagens de aplicação Os clientes da indústria de fornecimento aeroespacial serão beneficiados com uma redução no tempo de maquinação de pás, devido ao elevado desempenho de aceleração e desaceleração da mesa circular. Tal, é particularmente benéfico na maquinação de lâminas e turbinas, onde a velocidade e movimentos de inversão são cruciais. Centro de maquinação de 5 eixos D500 Makino

jorge gonçalves Director-Geral TecMill

A Makino D500 oferece muito mais do que uma tecnologia de 5 eixos. O que torna esta máquina tão interessante é o facto de combinar velocidade dinâmica com elevada precisão. Foi construída para maquinação forte e rápida de peças em titânio, oferece uma tecnologia de 5 eixos fácil de operar e concede o tipo de confiança pelo qual a Makino é conhecida. A D500 foi concebida especialmente para ir ao encontro das necessidades do mercado orientadas por aplicações.

Como é que um fabricante de máquinas desenvolve um centro de maquinação novo de 5 eixos? A Makino levou a cabo um estudo metódico em 216 configurações estruturais diferentes para centros de maquinação de 5 eixos com o objectivo de descobrir o ideal. Os resultados demonstraram que o mercado queria um produto fácil de manusear, que combinasse velocidade e precisão e que assegurasse uma automatização fácil com troca de paletes automática e um sistema de fabrico flexível. Foi com estes requisitos do cliente em mente que a Makino desenvolveu a D500. A máquina foi concebida com base nos conhecimentos e experiência adquiridos através do sucesso da série V. Foram vendidos 5.500 destes centros de maquinação vertical em todo o mundo nos últimos sete anos. A D500 mantém a alta robustez da série V adicionando com guias de movimento linear de rolos para os eixos X, Y e Z. A mesa tipo trunnion é altamente rígida, o que minimiza deformações e garante melhor tolerância em diferentes posições durante o trabalho.

Os fabricantes de alta qualidade enfrentam muitas vezes alterações dos modelos e prazos de reprogramação apertados, assim como numerosas operações de posicionamento e indexação e períodos de inspecção manual na máquina. Os seus requisitos são para uma máquina fácil de programar, para protótipos únicos e que ofereça uma elevada precisão de posicionamento, boa visibilidade do ponto de vista do operador e uma zona de trabalho de fácil acesso. A D500 cumpre estes requisitos. Concede uma elevada precisão de posicionamento devido à curta distância entre o ponto de articulação do eixo A e a localização da peça. O eixo A está localizado em frente á zona de trabalho do operador e o acesso á zona de maquinação permite a entrada do operador facilmente na área de maquinação. Além disso, a troca de paletes está posicionada directamente atrás do posto do operador, algo que não afecta o trabalho, mesmo em modo automático. Para terminar, os fabricantes de cunhos e moldes beneficiarão da minimização das diferenças de uniões entre maquinações indexadas e a hipótese de movimentar peças pesadas e desfrutar de aceleração rápida na maquinação com os 5 eixos em simultâneo. Esperam-se reduções significativas no tempo de maquinação de desbaste e uma melhoria da vida útil das ferramentas e do acabamento da superfície. Características únicas A nível técnico, a característica mais importante da D500 são os seus três motores ultra high torque de transmissão directa (DD) um em cada extremi-dade ”berço” do eixo tilting A) e um na mesa circular (eixo rotativo C). Estes motores (DD) permitem uma aceleração rápida e uma rotação de elevada velocidade, permitindo que os eixos A-C sigam totalmente os eixos lineares X-Y-Z, mesmo com a carga máxima permitida na mesa de 350 kg. Ao posicionar os motores (DD) em ambos os lados dos eixos tilting, os engenheiros da Makino evitaram a torção nos eixos tilting e melhoraram a distribuição do torque. O trunnion que suporta o “berço” foi concebido com uma disposição totalmente coaxial e dispõe de uma estrutura em separado que permite ajustes de montagem, que melhoram substancialmente a precisão de maquinação.

Mercados alvo A D500 está vocacionada para a indústria de fornecimento aeroespacial, fabricantesdealtaqualidadeefabricantesdecunhosemoldes.Osclientesalvodesta indústria de fornecimento aeroespacial são fabricantes de peças de motores a jacto,comoporexemplolâminas,turbinasepás(∅200-500mm).Osfabricantes dealtaqualidadealvodestamáquinasãofabricantesdepeçasgeometricamente complexas e protótipos para os sectores médico, ótico e semicondutor. Na in-

Controlo térmico A questão do controlo térmico é crucial no que diz respeito à precisão de um centro de maquinação em relação ao tempo de trabalho. Neste sentido, a Makino concebeu várias soluções inteligentes para o problema de aquecimento. Tanto a árvore como os eixos de avanço têm a temperatura controlada enquanto os componentes principais em ferro fundido,


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como por exemplo a coluna e a base, estão isolados do calor ambiente. Além disso, o sistema único de arrefecimento da árvore da Makino e o óleo de refrigeração que envolve os motores (BB) evitam a perda de precisão devido ao calor.

Mesa Dimensão da mesa Carga máxima permitida Dimensões máximas da peça

Ø 500 mm 350 kg Ø 650 mm x H 500 mm

A D500 está equipada com vários tipos de árvore. A árvore de elevada potência standard dispõe de até 14.000 rpm e de um binário de 201 Nm. O cone da árvore standard é o HSK-A63. Estão disponíveis duas árvores de alta velocidade como alternativas opcionais: uma de 20.000 rpm, HSKA63, e uma de 30.000 rpm, HSK-F63.

Velocidade de avanço Eixo X Avanço Rápido: Eixos Y e Z Eixos A e C

48000 mm/min 50000 mm/min 50 rpm

Nível de automatização elevado

Carrossel de ferramentas:

40 ferramentas

Dimensões da máquina (standard) Altura Superfície Peso da máquina

3400 mm 3300 x 2900 mm 17500 kg

Tendo em conta que a automatização em maquinação de peças está cada vez mais exigente, a D500 é compatível com troca de paletes, carrossel de paletes, módulos Makino MMC2 e Makino µMMC. Inclusivamente, é possível colocar diferentes tipos de máquinas na mesma configuração de automatização. A D500 e o centro de maquinação horizontal Makino a51 partilham as mesmas paletes, para permitir uma configuração fácil dos sistemas de maquinação que utilizam as duas máquinas. Pode ser alcançado um funcionamento produtivo mais eficiente se se seleccionar a máquina mais adequada para um trabalho de maquinação específico.

Especificações: Makino D500 Cursos Eixo X Eixo Y Eixo Z Eixo A Eixo C

550 mm 1000 mm 500 mm 150° (+30°/-120°) 360°

Avanço de Corte:

Eixo X Eixos Y e Z Eixos A e C

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1-32000 mm/min 1-40000 mm/min 50 rpm

História da empresa MAKINO A Makino Milling Machine Co., Ltd. é reconhecida como uma importante fornecedora de maquinas e tecnologia na indústria máquina - ferramenta. A empresa está registada na bolsa de valores de Tóquio e dispõe de mais de 3.800 trabalhadores nas Américas, Europa e Ásia. A facturação para o ano fiscal, que terminou a 31 de Março de 2011, totalizou US$ 1,1 mil milhões. A ampla variedade de produtos de qualidade da Makino inclui centros de maquina-ção para peças, mas também para moldes e fabrico de moldes para uma grande variedade de aplicações aeroespaciais, indústria automóvel, em componentes industriais e na micro-tecnologia. O Grupo MAKINO Europe dispõe de centros de tecnologia em Hamburgo, Estugarda, Paris, Milão e Bratislava, focando-se em marketing, vendas, engenharia de aplicação e serviços.

TecMill – Compra e Venda de Máquinas e Ferramentas, Lda, tem como principais ac3vidades, a comercialização e serviço de assistência técnica, de máquinas para as áreas dos Moldes, Cunhos e Cortantes, Ferramentas e Metalomecânica em geral.

O principal objec3vo da TecMill, Lda desde a sua fundação em 2001, é prestar um serviço de qualidade aos seus clientes, e ajudar a encontrar soluções integradas e aplicadas a cada empresa, correspondendo às exigências actuais do mercado. Sendo cer3ficada pela SGS em Setembro de 2005, segundo a norma NP EN ISO 9001 para as ac3vidades de: • Comercialização de máquinas e acessórios; • Serviço de Assistência Técnica.

A TecMill, Lda é sócia da A.P.M.I. - Associação Portuguesa de Manutenção Industrial, com o número 370. Durante o seu percurso, desde a sua fundação até à presente data, a TecMill, Lda, alargou o seu âmbito e cobertura territorial com a cons3tuição de várias empresas, pertencentes ao grupo TecMill: • TecMill, Lda (Portugal) • TecMill – Maquinas y Herramientas, S.L. (Espanha) • CS Mill, Lda (Portugal) Deste grupo, fazem parte 23 funcionários, que colaboram para a melhoria con4nua da empresa. No âmbito da comercialização e serviço técnico oficial da marca Makino para Portugal, a TecMill e a Makino associam-se para apresentar o novo modelo desenvolvido pela marca Makino. Centro de Maquinação de 5 eixos: D500

Rua D. Maria I, 56 Casal do Relvas 2440 – 354 Batalha T +351 244 766 155 / 244 766 099 F +351 244 766 520 www.tecmill.pt | tecmill@tecmill.pt GPS N 39.65511º W 8.86061º


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A MAQUINAÇÃO EM 5 EIXOS

bruno gonçalves Tecnirolo

A

maquinação em 5 eixos contínuos surgiu como uma necessidade da indústria aeronáutica e aero-espacial, para a produção de peças tais como hélices, pás de turbinas, etc, que pelo seu grau de complexidade, exigiam um processo de produção que tivesse uma fluidez de maquinação de modo a obter a maior continuidade possível na superfície final. Posteriormente, esta tecnologia foi adaptada à produção de peças, em mecânica geral, e protótipos funcionais. A grande vantagem desta tecnologia, assenta no facto de permitir obter uma maquinação contínua, nas diversas direcções de maquinação, reduzindo assim a possibilidade de aparecimento de ligações visíveis entre os vários programas de maquinação. Em muitas peças de sistemas de escoamento de fluidos, é essencial que os micro-sulcos deixados pela ferramenta, sejam alinhados preponderantemente no sentido de escoamento, sendo isto conseguido em programação através do seguimento das linha UV da superfície. Outro processo de programação assenta na maquinação perpendicular à peça, ou com um ângulo fixo, de modo a optimizar a utilização de ferramentas esféricas, podendo deste modo evitar-se que esta corte ao centro. Em termos de estratégia de maquinação em 5 eixos contínuos, temos ainda as que são similares às anteriores, mas que usam curvas directoras em vez de somente as superfícies. Como se pode detectar, a programação de peças em 5 eixos contínuos, baseia-se na qualidade da superfície da peça, sendo muitas vezes necessário modelá-la, de modo a que esta respeite as especificidades necessárias à programação em 5 eixos, o que pode dificultar o processo de programação em 5 eixos contínuos e torná-lo moroso. Para simplificar a programação de peças complexas, muitas vezes recorre-se simplesmente à programação em 3 eixos com ferramentas esféricas e, através de opções de automatismo do software de CAM (Auto-5) podemos obter um percurso de 5 eixos contínuos. Este automatismo

transforma automaticamente o percurso de 3 eixos num de 5 eixos contínuos, tendo em consideração o conjunto ferramenta/cone/máquina, por forma a escolher o melhor ângulo de maquinação desejado, em cada ponto do percurso, com a ferramenta com comprimento desejado, aproveitando assim a facilidade de programação em 3 eixos e ao mesmo tempo usufruindo da fluidez de um percurso de 5 eixos contínuos. É de salientar que ao longo do programa, os eixos rotativos estão simplesmente controlados pelo respectivo motor, ou seja, quando a máquina trabalha em posicionamento fixo (3 + 2 eixos), os eixos rotativos estão normalmente bloqueados mecanicamente. Quando o percurso passa a ser de 5 eixos contínuos os eixos passam a estar mais “soltos”, devendo-se portanto ter em atenção que não se pode abusar dos parâmetros de maquinação (ap, ae, F e S). Outro ponto importante na utilização de programas de 5 eixos contínuos é a simulação de todo o programa. Enquanto num programa de 3 + 2 eixos, efectuado para uma máquiana de 5 eixos, verifica-se o pisicionamento inicial e os pontos onde possivelmente haverá risco de colisão, não sendo muitas vezes necessário efectuar a sua total simulação, num programa de 5 eixos contínuos, dever-se-á efectuar uma simulação cuidada, pois os ângulos da máquina podem alterar-se subitamente em qualquer ponto do programa. A simulação deverá ter em conta toda a montagem da peça, incluindo não só a máquina, mas também todo o sistema de fixação da peça que irá ser utilizada, desta forma poderemos garantir um modelo fidedigno para efectuar a programação e simulação. O recurso a processos de maquinação em 5 eixos contínuos é efectuado, quando é necessário acabar uma zona específica da peça, como um rasgo perfilado, ou uma superfície fluída, sendo no entanto o grosso do processo de maquinação efectuado em 3+2 eixos, usufruindo deste modo das principais vantagens da utilizaçãode máquinas de 5 eixos. Estas vantagens residem no facto de podermos utilizar ferramentas curtas e robustas para a maquinação de paredes altas, na possibilidade de efectuar várias posições de maquinação somente com um único setup de peça, e a maquinação de zonas negativas e maquinação de planos inclinados com ferramentas planas.



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O SETOR FALA DE MAQUINAÇÃO 5 EIXOS JOÃO FAUSTINO TJ MOLDES

para não se correr o risco de canalizar tudo para as máquinas de 5 eixos. Como já se disse, estas máquinas são usadas em maquinações específicas, as quais necessitam da conjugação da maquinação em vários eixos.

1. Que ganhos de produtividade regista com a utilização de maquinação de 5 eixos na sua empresa? A introdução das máquinas de 5 eixos na empresa, trouxe algumas alterações ao nível do fabrico de peças, abordagem aos processos de fabrico, etc. Este tipo de máquinas permite a realização de trabalhos específicos que, de algum modo, retiram trabalho às erosões. As máquinas são mais versáteis porque com um só aperto da peça à mesa, permite efetuar trabalhos diferentes nas 5 superfícies existentes das peças a maquinar. A peça pode ser deslocada em qualquer um dos eixos X, Y, Z e pode ter rotações nos vários sentidos, simultaneamente, aos movimentos tridimensionais. Este poder de mobilidade confere à peça qualquer formato tridimensional advindo uma produtividade ímpar em certos e determinados tipo de operações. 2. Houve alterações de fundo em termos de conceção de peças e/ou planeamento e organização do trabalho? Existe, durante a fase de projeto e revisão a análise aos trabalhos a executar. É evidente que tem de existir uma coordenação das capacidades

LUIS FEBRA GRUPO SOCEM

1. Que ganhos de produtividade regista com a utilização de maquinação de 5 eixos na sua empresa? Embora não utilizemos maquinação de 5 eixos por entendermos que ainda existem algumas dificuldades tecnológicas a vencer no que respeita ao processo global de maquinação, como utilizamos indexação, a mesma permite-nos ganhos muito significativos com respeito a maquinação de 2,5 eixos. Achamos que os ganhos em termos de redução de outras tecnologias, nomeadamente erosão, chegam em alguns casos a ser superiores a 50%. 2. Houve alterações de fundo em termos de conceção de peças e/ou planeamento e organização do trabalho? A maquinação de 5 eixos requer uma visão diferente de pensar o molde, mas não requer mudanças radicais na organização, sendo que exige uma maior especialização dos vários equipamentos. 3. Que tecnologia considera mais adaptada ao seu tipo de trabalho – 5 eixos ou 3+2? Porquê?

3. Que tecnologia considera mais adaptada ao seu tipo de trabalho – 5 eixos ou 3+2? Porquê? A utilização destas máquinas “obriga” a que a maioria dos programas seja aferido por outro programa para detetar choques ou colisões das peças com a própria ferramenta. Dependendo dos trabalhos a maquinar, a tecnologia de 3+2 é, sem dúvida, a mais usada por nós (atualmente). Este conceito deve-se aos programas, e tipos de peças a maquinar, como também ao acabamento exigido para as peças.

4. Quais os principais desafios e necessidades que sente para uma utilização mais rentável desta tecnologia e dos equipamentos associados? Os principais desafios no dia a dia são, descobrirmos os melhores processos e abordagem das maquinações a fazer, de modo a retirar-se uma maior rentabilidade e produtividade dos equipamentos 5 eixos e outros associados dentro da empresa.

Para o nosso tipo de produção e moldes que desenvolvemos, entendemos que face a algumas limitações de ordem tecnológica da maquinação de 5 eixos, a maquinação de 3+2 eixos, se apresenta no contexto atual, como mais adequada às nossas necessidades.

4. Quais os principais desafios e necessidades que sente para uma utilização mais rentável desta tecnologia e dos equipamentos associados? A precisão é nesta indústria um dos fatores mais críticos no seu sucesso, pelo que o controlo e precisão dinâmica dos equipamentos é um fator chave nesse resultado. A dureza dos materiais a maquinar, a complexidade das geometrias e as soluções de CAM formam um complexo difícil de gerir nos processos de produção. O tempo de que dispomos para desenvolver e produzir os moldes, em conjugação com as soluções existentes, fazem desta tecnologia, no nosso entender, uma solução não generalizável ao momento atual. A acrescer as limitações descritas há ainda o facto de que os equipamentos nem sempre se apresentam suficientemente robustos para alcançar a precisão dinâmica necessária a esta indústria. Assim vemos os 5 eixos com elevado potencial, sobretudo para acabamentos muito finos ou micro

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MANUEL NOVO EROFIO SA

1. Que ganhos de produtividade regista com a utilização de maquinação de 5 eixos na sua empresa? O principal ganho com a maquinação de 5 eixos na nossa empresa é, sem dúvida, o aumento da capacidade de fresagem em zonas de difícil acesso. Desta forma, evitamos consideravelmente as zonas a erodir e consequentemente o número de elétrodos. Registamos também uma redução de horas de trabalho através da utilização de ferramentas mais curtas, assim como de estratégias de maquinação vocacionadas para os 5 eixos. Um exemplo concreto é o aproveitamento de apenas um setup para a maquinação de 5 faces na mesma peça.

2. Houve alterações de fundo em termos de conceção de peças e/ou planeamento e organização do trabalho? Na nossa empresa as alterações foram sendo progressivas, visto termos começado com maquinação de 4 eixos, desde o ano 2000. No entanto, as exigências cada vez maiores por parte dos nossos clientes, levaramnos, em 2004, a optar por maquinação de 5 eixos de forma a permitir a execução de alguns trabalhos. A partir de então, a empresa não voltou a adquirir máquinas de 3 eixos, de forma a ir de encontro às necessidades do planeamento e às exigências do trabalho. A conceção das peças no projeto é desenvolvida e otimizada tendo em conta a capacidade de fabrico, nomeadamente para a maquinação das mesmas em 5 eixos. Esta otimização tem sido feita de modo progres-

MARCO RUIVO

DESTAQUE HIGHLIGHT

sivo e em simultâneo com a evolução da capacidade de fabricação e do know how obtido. Desta forma, o planeamento teve de ser ajustado de maneira a permitir que apenas as peças com necessidades de maquinação a 5 eixos, sejam maquinadas pelos equipamentos com capacidade para o mesmo. 3. Que tecnologia considera mais adaptada ao seu tipo de trabalho – 5 eixos ou 3+2? Porquê? A nosso ver as duas tecnologias são adequadas ao nosso trabalho. Embora a tecnologia 3+2 acabe por ser a mais utilizada, uma vez que, que tem uma maior facilidade de programação e de execução, quer no pós processamento, quer na velocidade de maquinação, visto estarmos menos limitados pela dinâmica da máquina. Contudo, existem formas de elevada complexidade e elevado grau de acabamento superficial dificilmente exequíveis sem a tecnologia dos 5 eixos contínuos. Na nossa empresa, já é impossível trabalhar sem a maquinação de 5 eixos, visto ser uma área que já dominamos tendo em conta os anos de experiência. 4. Quais os principais desafios e necessidades que sente para uma utilização mais rentável desta tecnologia e dos equipamentos associados? O nosso maior desafio tem sido conseguir rentabilizar da melhor forma todos os equipamentos da EROFIO SA. Contamos poder acompanhar a evolução tecnológica mantendo-nos na vanguarda das tecnologias de maquinação. No entanto, sentimos que os softwares de apoio à maquinação de 5 eixos ainda precisam de ser mais desenvolvidos e explorados, a fim de podermos dar maior rentabilidade a este tipo de equipamentos. A nosso ver, não têm evoluído com a mesma rapidez que as máquinas.

pessoas certas para lidar com tais tecnologias.

LISMOLDE GROUP

3. Que tecnologia considera mais adaptada ao seu tipo de trabalho – 5 eixos ou 3+2? Porquê? 1. Que ganhos de produtividade regista com a utilização de maquinação de 5 eixos na sua empresa? Os ganhos são imensos quando aplicamos esta tecnologia aliada a um processo mais autómato e autónomo. Bem sei que os tipos de peças que nela se produzem têm um vasto número de tamanhos e formas, no entanto é preciso saber aplicá-la dentro do seu fluxo produtivo e conforme as suas necessidades de fabrico. 2. Houve alterações de fundo em termos de conceção de peças e/ou planeamento e organização do trabalho? Claro que sim, e muitas!!! A mais importante delas é a eliminação do tempo de set up do Operador na máquina. Porque tempo é dinheiro!! Veja-se este exemplo: se considerarmos uma peça (tipo cubo) que tenha 6 posições de maquinação a 3 eixos e se por cada posição um Operador de máquina, já com algum nível de experiência, demora cerca de 20 minutos a desempenar, centrar e preparar as respetivas ferramentas e programas, ao fim de todo o trabalho naquela peça o tempo/homem será 120 minutos + o tempo de máquina. Veja-se agora a diferença a 5 eixos, o Operador coloca a peça na máquina com o trabalho já prépreparado e depois só troca a peça de posição uma só vez que demora os tais 20 minutos no fim de tudo o ganho será horas máquina em trabalho e não horas máquina vazio. Não deixo de salientar que ao nível do capital humano, a formação deverá ser intensiva e escolhidas as

Qualquer uma delas é importante e sempre será para uma empresa de fabrico de peças de precisão, como a dos moldes. A questão fundamental reside somente é se queremos como Gestores de um negócio continuar a pagar as tecnologias para as nossas empresas em 5 ou 10 anos!!! Pois, para bom entendedor meia palavra basta! 4. Quais os principais desafios e necessidades que sente para uma utilização mais rentável desta tecnologia e dos equipamentos associados? São necessárias pessoas empenhadas e muito dedicadas às suas novas funções numa tecnologia como esta para obter o sucesso dentro da empresa!!! Uma das coisas que mais senti dificuldade quando implementei a primeira maquina de 5 eixos foi os técnicos de programação muito presos à mentalidade dos processos inteiramente dependentes de um operador de CNC. Em suma: Na minha opinião profissional, e vale o que vale no mercado de trabalho, hoje tenho a certeza que vale o risco do investimento a compra desta tecnologia, no entanto devo alertar que é extremamente necessário estudá-la bem e definir os seus objetivos dentro das empresas pois o seu custo tanto pode levar as empresas à falência financeira como também podem produzir o dobro por um preço muito mais baixo.



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INOVAÇÃO INNOVATION O que as empresas desenvolvem de forma singular e inovadora What our companies concieve in a singular and innovative way

Hybridmould 21 - passar de um conceito de molde para a realidade Hybridmould 21 – from a mould concept to reality

PMM faz polimento pelo processo ECP – Electrochemical Polishing (Polimento Eletroquímico)


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INOVAÇÃO INNOVATION

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HYBRIDMOULD 21 - PASSAR DE UM CONCEITO DE MOLDE PARA A REALIDADE HYBRIDMOULD 21 – FROM A MOULD CONCEPT TO REALITY

A.S. Pouzada(1), P.G. Martinho(2), A.M. Brito(1), P.Gago(3), R. Soares(4) IPC – Instituto de Polímeros e Compósitos/I3n, Universidade do Minho, 4800-058 Guimarães ESTG – Instituto Politécnico de Leiria, Morro do Lena, Alto do Vieiro, 2411-901 Leiria (3) Moliporex, Estrada de Leiria Nº 208, Embra, 2431-967 Marinha Grande (4) Centimfe, Rua de Espanha, Zona Industrial, 2431-904 Marinha Grande (1)

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Abstract The Hybridmould 21 project was devised to develop an engineering solution for large plastic parts in small series, aiming at to consolidating the knowledge developed during the last decade in the field of hybrid moulds. Furthermore it was expected to acquire new knowledge to enhance the competitiveness of the companies involved. The

Resumo O projeto Hybridmould 21, para o desenvolvimento de uma solução de engenharia para peças plásticas de grandes dimensões em pequenas séries, visa consolidar os conhecimentos desenvolvidos durante a última década no domínio dos moldes híbridos, e adquirir novos conhecimentos para aumentar a competitividade das empresas envolvidas. O projeto tem em vista indústrias que produzem

project is aimed at industries that produce large parts, such as Automotive, Aeronautics, Urban Furniture, among others. The project consortium has 3Dtech as the promoter, the Moliporex as the co-promoter, and the University of Minho and Centimfe as partners of the National Scientific and Technological System. Each partner plays a role related to their competences. Among the planned activities are the study and development of moulds and moulding blocks, study and


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peças de grandes dimensões, tais como a Indústria Automóvel, Aeronáutica, de Mobiliário Urbano, entre outras. O consórcio do projeto tem a 3Dtech como entidade promotora, a Moliporex, como entidade copromotora, e a Universidade do Minho e o Centimfe, como parceiros do Sistema Científico e Tecnológico nacional. Cada parceiro desempenha um papel relacionado com as suas valências. Entre as atividades desenvolvidas estão o estudo e desenvolvimento de blocos moldantes e moldações, estudo e caracterização de novos materiais, instrumentação de processos e produtos, realização de protótipos através de técnicas de Fabrico Aditivo (Additive Manufacturing), estudos e simulações CAE, introdução de novos materiais em base de dados, entre outras. O arranque dos trabalhos foi em Junho de 2010 e decorrerão até Novembro de 2012. Nesta comunicação são apresentados os resultados e os avanços tecnológicos no campo dos moldes híbridos. O projeto Hybridmould 21 e todos os seus desenvolvimentos e atividades relacionadas podem ser consultadas no website do projeto em http://www.hybridmould21.com/.

1 Introdução

E

m 2002 a Moliporex com a Universidade do Minho, o IPLEI e o Centimfe iniciaram o projeto ‘Hibridmolde’ para investigação no domínio de moldes híbridos. Com este projeto procurou-se otimizar o comportamento estrutural e térmico de moldes híbridos; explorar a aplicabilidade de processos tecnológicos convencionais às novas resinas epoxídicas utilizadas em RPT; e desenvolver soluções conceptuais e de metodologias de projeto para moldes híbridos (Pontes, Gago et al. 2005). O desenvolvimento do projeto ‘Hibridmolde’, explorando três cadeias de produção de fabrico rápido de ferramentas (RPT): resinas vazadas, deposição por jacto metálico e sinterização seletiva de pós metálicos, demonstrou a viabilidade da solução. O conceito de molde híbrido fora anunciado como uma alternativa nova para a indústria de moldes confronta-da com a necessidade de desenvolver ferramentas para pequenas séries de peças de grandes dimensões (Saraiva, Lima et al. 1999). Desde então a investigação dos aspetos relacionados com a implementação de moldes híbridos tem sido inten-sa e demonstrativa de que é que possível passar-se à fase de implementação industrial (Pouzada 2009).

O projeto Hybridmould 21 para o ‘Desenvolvimento de uma solução de engenharia para peças plásticas de grandes dimensões em pequenas séries’ visa consolidar os conhecimentos desenvolvidos durante a última década no domínio dos moldes híbridos, assim como a aquisição de novos conhecimentos de forma a aumentar a competitividade das empresas envolvidas. Este projeto destina-se a indústrias que produzem peças de grandes dimensões, tais como a Indústria Automóvel, Aeronáutica, de Mobiliário Urbano, entre outras. Este projeto está a ser desenvolvido pela 3DTech como entidade promotora, a Moliporex, como entidade copromo-tora e a Universidade do Minho e o Centimfe, como restantes parceiros. Cada parceiro desempenha um papel relacionado com as suas va-

INOVAÇÃO INNOVATION

characterization of new materials, processes and in-strumentation products, prototyping through additive manufacturing techniques, CAE and simulation studies, introduction of new materials in software databases, among others. The start of the work was in June 2010 and it will run until November 2012. This communication presents the results and technological advances in the field of hybrid moulds. The project Hybridmould 21 and all its developments and related activities can be found at the project website in http://www.hybridmould21.com/.

1 Introduction

I

n 2002 Moliporex with the University of Minho, IPLEI and Centimfe started the project 'Hibridmolde' for industrial development into hybrid moulds. With this project it was tried to optimize the structural and thermal behaviour of hybrid mould; explore the applicability of conventional technological processes to the new epoxy resins used in metal RPT, and develop conceptual solutions and design methodologies for hybrid moulds (Pontes, Gago et al. 2005). The development of the project 'Hibridmolde', exploring three production chains for rapid prototyping and tooling tools (RPT): resin casting, metal spray deposition, and selective metal sinter-ing of metallic powders, demonstrated the feasibility of the solution.

The hybrid mould concept was announced as a new alternative for the mould industry faced with the need to develop tools for small series of large dimension parts (Saraiva, Lima et al. 1999). Since then the investigation of aspects related to the implementation of hybrid moulds has been intense and showing that it is possible to pass to the phase of industrial implementation (Pouzada 2009). The Hybridmould 21 project for 'Development of an engineering solution for large plastics parts in small se-ries' aims to consolidate the knowledge developed during the last decade in the field of hybrid moulds as well as the acquisition of new knowledge in order to increase the competitiveness of the companies involved. This project is aimed at industries that produce large parts, such as Automotive, Aeronautics, Urban Furniture, among others. It is being developed by 3DTech as the promoter, the Moliporex as co-promoter, and the Uni-versity of Minho and Centimfe as the other partners. Each partner plays a role related to their valences. Among the planned activities there are the study and development of moulds and moulding blocks, the study and characterization of new materials, processes and product instrumentation, rapid prototyping through Additive Manufacturing, CAE and simulation studies, introduction of new materials in software databases, among others. The project was started in June 2010 and its completion is planned for November 2012. At this stage, there are already results and technological advances in the field of hybrid moulds. The project Hybrid-mould 21 and all its developments and related activities can be found at the project website http://www.hybrid mould21.com/.


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lências. Entre as atividades desenvolvidas estão o estudo e desenvolvimento de blocos moldantes e moldações, estudo e caracterização de novos materiais, instrumentação de processos e produtos, realização de protótipos através de técnicas de Fabrico Aditivo (Additive Manufacturing), estudos e simulações CAE, introdução de novos materiais em base de dados, entre outras. O projeto teve arranque em Junho de 2010 e tem como término o mês de Novembro de 2012. Nesta fase, serão apresentados os resultados e os avanços tecnológicos no campo dos moldes híbridos. O projeto Hybridmould 21 e todos os seus desenvolvimentos e atividades relacionadas podem ser consultadas no website do projeto http://www.hybridmould21.com/.

2 O projeto

2.1 Enquadramento científico-tecnológico Rapid Prototyping and Tooling O conceito de molde híbrido apareceu associado à disponibilidade de processos de prototipagem rápida que foram, desde a sua emergência, aplicados ao fabrico rápido de ferramentas (Karapatis, Griethuysen et al. 1998). Neste projeto são exploradas a Maquinação a Alta Velocidade (HSM), que é um processo de fabrico subtrativo, e tecnologias de fabrico aditivo por camadas: Selective Laser Sintering (SLS) Sinterização Seletiva por Laser; Fused Deposition Modeling (FDM) ou Moldação por Deposição de Material e a tecnologia de Polyjet (Polymer Jetting Technology).

F1 – Maquinação do master Machining of the master

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2 The project

2.1 The scientific and technological context Rapid Prototyping and Tooling The hybrid mould concept appeared associated with the availability of rapid prototyping processes that, since their emergence, have been applied to the rapid manufacture of tools (Karapatis, Griethuysen et al. 1998). In this project are being explored the High Speed Machining (HSM), which is a subtractive manufacturing proc-ess, and layer additive manufacturing technologies: Selective Laser Sintering (SLS), Fused Deposition Modeling (FDM) or moulding by material deposition, and the technology PolyJet (Polymer Jetting technology). HSM was applied using a machining centre Makino V55 to produce the master to manufacture a silicone mould (Fig. 1). This master will serve to produce a moulding block in epoxy composite for preliminary stud-ies. The subtractive techniques are frequently used for making models of products in development, but also and increasingly for the production of small series (Bernard and Fischer 2002). The use of the various RP processes depends largely on the required surface quality of parts. In Figure 2 it is illustrates the effect of these processes applied to one of the parts of this project.

Structural foams A hybrid mould is only economically competitive if substantially lighter than a conventional mould. In con-ventional moulds, its robustness and

FDM Rugosidade elevada High roughness

SLS Rugosidade média Average roughness

Polyjet Rugosidade baixa Low rougness

HSM Sem rugosidade significativa Without significant roughness

F2 – Efeito do processo de prototipagem rápida na rugosidade das peças Effect of the rapid prototyping process in the roughness


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F3 – Peça em desenvolvimento com espumas estruturais Part being designed with structural foams

HSM foi aplicada usando um centro de maquinação Makino V55 para produzir o master para a execução de um molde em silicone (Fig. 1). Este molde servirá para produzir o bloco moldante de um molde em resina epoxídica para estudos preliminares. As técnicas subtrativas são mais frequentemente usadas para a execução de modelos de peças em desenvolvimento, mas também e cada vez mais para a produção de pequenas séries (Bernard and Fischer 2002). A utilização dos vários processos de RP depende muito da qualidade superficial das peças que se deseja obter. Na Fig. 2 exemplifica-se o efeito destes processos aplicado a uma das peças deste projeto.

Espumas estruturais Um molde híbrido só será competitivo economicamente se for substancialmente mais ligeiro que um molde convencional. Nestes moldes, a sua robustez e os materiais que são usados resultam das pressões associadas normalmente ao funcionamento dos moldes de injeção, e implicam a utilização de aços de liga, que têm custo e implicações de maquinação importantes. Se o processo de moldação se desenvolver com pressões reduzidas será possível equacionar soluções aligeiradas, com a dos moldes híbridos. Uma das variantes do processo de moldação por injeção que satisfaz estes requisitos é a moldação de espumas estruturais, conhecida desde os anos 70. As espumas estruturais são obtidas por moldação por injeção a baixa pressão e normalmente apresentam uma estrutura complexa com três camadas: duas cascas sólidas e um núcleo celular (Tovar-Cisneros, GonzálezNúñez et al. 2008). A formação das espumas estruturais resulta da fase gasosa dispersa que deriva do agente expansor que se mistura com o polímero. Na moldação de espumas estruturais desenvolve-se uma pressão na impressão que varia entre 1.4 to 4 MPa (contra os 40 MPa da moldação por injeção convencional). Este processo adequa-se bem a peças espessas, entre 4 e 9 mm (Malloy 1994), e permite a obtenção de peças mais leves entre 5 e 30% (Rosato, Rosato et al. 2000). A estrutura casca/núcleo poroso é ideal para o funcionamento das peças em flexão e permite a redução do nível de tensões residuais que são um problema em peças espessas de grandes dimensões (Tovar-Cisneros, González-Núñez et al. 2008). Este cenário aponta para as espumas estruturais como uma solução interessante para produtos com rigi-

INOVAÇÃO INNOVATION

F4 – Conceito de molde híbrido para espumas estruturais Concept of hybrid mould to structural foams

F5 – Bloco moldante para o estudo da morfologia de espumas estruturais Moulding block for the study of the structural foam morphology

the materials that are used typically are adequate to the pressures associ-ated with the injection mould operation, and involve the use of alloy steels, which have important cost and machining implications. If the moulding process develops with reduced pressures it will be possible to con-sider lighter mould solutions, as the hybrids moulds. A variant of the injection moulding process that satisfies these requirements is the moulding of structural foams, known since the 70s. The structural foam is obtained by injection moulding at low pressure and typically develops into a complex structure with three layers: two solid skins and a cellular core (Tovar-Cisneros, González-Nunez et al. 2008). The formation of structural foams results from the dispersion of a gaseous phase, which derives from the blowing agent which is mixed with the polymer. In the moulding foams structural the pressure that develops in the impression varies between 1.4 to 4 MPa (compared to 40 MPa in conventional injection moulding). This process is well suited to thick parts, between 4 and 9 mm (Malloy 1994), and allows obtaining lighter parts between 5 and 30% (Rosato, Rosato et al. 2000). The skin / porous core structure is ideal for the operation of parts in flexion and allows the reduction of the level of residual stresses that are a problem in large thick pieces (Tovar-Cisneros, González-Núñez et al. 2008). This scenario points to the structural foams as an interesting solution for products with bending stiff-ness, reduced weight/stiffness ratio, reduced production cost, dimensional stability and low tendency to warp. There are problems such as increased cycle time, worse surface finish or gas emissions during processing, which should be considered in the development of product design Barzegari and Rodrigue 2009). In this project, the use of structural foam is being developed for the production of a large component of urban furniture.

Concept of the mould What characterize a hybrid is its lightweight structure and the set of moulding blocks (core and cavity) which are obtained by rapid manufacturing techniques. In this project the mould will incorporate a solution that will allow it to function with moulding blocks for various parts, and the possibility of operation with a conven-tional injection moulding machine or a press to which an injection unit can be attached (Fig. 4).

Technological implications In spite of its economic interest the use of structural foams with the in-


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movable plate

Interchanged moud insert

F6 – Bloco moldante para o estudo da moldabilidade de espumas estruturais Moulding block for the study of the mouldability of structural foams

dez em flexão, reduzida relação peso/rigidez, reduzido custo de produção, estabilidade dimensional e pequena tendência para o empenamento. Existem problemas como o maior tempo de ciclo, pior acabamento superficial ou a emissão de gases durante o processamento, que devem ser considerados no desenvolvimento do projeto do produto (Barzegari and Rodrigue 2009). Neste projeto, a aplicação de espumas estruturais está a ser desenvolvida para a produção de uma peça grande de mobiliário urbano.

Conceito de molde O que caracteriza um molde híbrido é a sua estrutura aligeirada e o conjunto de blocos moldantes (bucha e cavidade) que são obtidos por técnicas de fabrico rápido. Neste projeto o molde vai incorporar uma solução que irá permitir o seu funcionamento com blocos moldantes para várias peças, além da possibilidade de funcionamento quer numa injetora convencional, quer numa prensa a que se poderá acoplar uma unidade de injeção (Fig. 4).

Implicações tecnológicas A utilização de espumas estruturais com o processo de moldação de injeção, apesar do seu interesse económico, não tem sido objeto de desenvolvimento que permita a previsão do funcionamento do processo em simuladores de injeção, como o Moldflow, por exemplo. Também não existe informação disponível que permita a previsão das pressões que se desenvolverão na fase de expansão da espuma após a injeção no molde. Esta informação é importante para o projeto mecânico do molde de forma a garantir a sua integridade estrutural em funcionamento. Por isso, neste projeto é contemplada uma fase de desenvolvimento em que se avalie a influência da adição do agente expansor no fundido e a evolução da pressão durante o ciclo de injeção.

F7 – Molde laboratorial, a) lado da extração; b) lado da injeção Laboratory mould, a) extraction side b) injection side

jection moulding process, has not been the object of development to permit predicting the injection process with simulators as Moldflow, for exam-ple. Nor is there information available that allows the prediction of pressures that develop in the foam expan-sion phase after the injection into the mould, as it happens already with a proprietary type of cellular mould-ings, MuCell (Martinez, Aznar et al. 2011). This information is important for the mechanical design of the mould in order to ensure its structural integrity in use. Therefore, in this project is contemplated a develop-ment phase for assessing the effect of adding the blowing agent in the melt and the evolution of pressure dur-ing the injection cycle.

2.2 Planned activities The project Hybridmould 21 extends from the definition of the production chain to the study of the business model for a production unit of large parts with hybrid moulds. During the project that will last about three years, it is planned to develop the mould concept, defining the shape geometries to be moulded, analysing the economic viability of PR techniques for the production of moulding blocks, and choosing the instrumentation to be attached to monitor and guarantee the safety of the moulds. Also there are planned studies for materials suitable for moulding blocks, and the rheological characterization of structural foam for implementation in the Moldflow software. The technological aspects that develop in the moulding of structural foams will be exam-ined with a laboratory scale mould with instrumentation for the assessment of temperature, pressure and forces which develop during the expansion. In order to evaluate the production of a typical part (Fig. 2) it will be developed a production prototype mould for implementation with a pilot unit, which will produce parts for mechanical and dimensional evaluation.

3 Some results 2.2 Atividades previstas O projeto Hybridmould 21 desenvolve-se desde a definição da cadeia de produção até ao estudo do modelo de negócio para uma unidade

The project is being developed by resorting to the technical staff of the companies in the consortium and to research fellows at the Masters level to be appointed in the scope of the project.


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de produção de peças de grandes dimensões com moldes híbridos. Durante o proje-to que durará cerca de 3 anos estão previstos o desenvolvimento do conceito de molde, a definição das geometrias a moldar, a análise de técnicas de PR economicamente viáveis para a produção de blocos moldantes, e a instrumentação a associar aos moldes para controlo e segurança de moldes. Também se estudarão materiais adequados para blocos moldantes, será feita a caracterização de espumas estruturais com vista à implementação em Moldflow. Os aspetos tecnológicos que se desenvolvem na moldação de espumas estruturais serão analisados com um molde à escala laboratorial com instrumentação para a avaliação de temperaturas, pressões e forças que se desenvolvem durante a expansão. Com vista à avaliação da produção de uma peça tipo (Fig. 2) vai ser desenvolvido um molde-protótipo de produção para implementação com uma unidade piloto de produção, que produzirá peças para avaliação dimensional e mecânica.

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3.1 Mould characterization The study of morphological and physical characteristics of moulded structural foam parts, as well as the tech-nological aspects of the operation of the hybrid moulds is made with two injection moulds using moulding blocks for the production of discs that allow the detailed observation of the development of the cellular struc-ture (Fig. 5) as well as the mouldability of parts with geometric details and features that are incorporated in the prototype part to be produced in the pilot plant (Fig. 6) The laboratory mould to study the mouldability of structural foams (Fig. 7) incorporates unique technological solutions enabling to measure the force of expansion and pressures developed during the process.

3.2 Scientific and technologicaldevelopments The work so far has allowed having a better perception of how morphology develops and as structural foam is affected by processing conditions (Esteves, Pouzada et al. 2011). An example is shown in Figure 8 which shows the microstructure of a disk moulded in polypropylene with the moulding block of Fig 5.

3 Alguns resultados O projeto está a desenvolver-se com recurso aos quadros do consórcio mas também a bolseiros de investigação ao nível de mestrado.

3.1 Moldes de caracterização O estudo das características morfológicas e físicas de peças moldadas em espumas estruturais e dos aspetos tecnológicos associados ao funcionamento de moldes híbridos com espumas estruturais é feito com dois moldes de injeção que usam blocos moldantes para a produção de discos que permitem a observação detalhada do desenvolvimento da estrutura celular (Fig. 5) e da moldabilidade de peças com detalhes geométricos e caracte-rísticas que estão incorporadas na peça a produzir com o molde-piloto (Fig. 6) O molde laboratorial para o estudo da moldabilidade de espumas estruturais (Fig. 7) incorpora soluções tecnológicas únicas que permitem a medição da força de expansão e das pressões desenvolvidas durante o processo.

It has also been possible to notice that the critical pressure in the moulding of structural foams is the maxi-mum reached during the injection phase, as observed in studies with the mould for mouldability studies. In Figure 9 it is shown an example of and pressure expansion force traces when moulding of PP structural foam (Nogueira, Martinho et al. 2011). Another aspect that has been studied was the production of prototypes by additive manufacturing, such as SLS, using equipment with capacity lower than the size of the object and seeking to minimize the surface porosity. The solution involves gluing section of the part which were obtained with a SinterStation 2500 ma-chine (Figure 10) and subjected to subsequent painting.

3.3 Scientific production The scientific impact of this project is already associated with the presence at international conferences such as the ‘VRAP 2011’, Leiria, or the ‘Materials 2011’, in Guimarães, but also the conclusion of two master's theses at the University of Minho, a reference institution in Polymer Engineering. In addition, it is projected to present more results in the inter-

F 8 – Efeito da percentagem de agente expansor na morfologia de uma espuma estrutural de PP em molde híbrido Effect of the percentage of blowing agent on the morphology of a PP structural foam using a hybrid mould


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F9 – Evolução da pressão na impressão e da força de expansão na moldação de uma espuma estrutural de PP. Evolution of pressure in the impression and expanding force in moulding PP structural foam

3.2 Desenvolvimentos científico-tecnológicos Os trabalhos desenvolvidos permitiram já ter uma melhor perceção da forma como se desenvolve a morfologia de uma espuma estrutural e como é afetada pelas condições de processamento (Esteves, Pouzada et al. 2011). Um exemplo é o da Figura 8 que mostra a microestrutura de um disco moldado com o bloco moldante da Fig. 5 em polipropileno. Também foi já possível perceber que a pressão crítica na moldação de espumas estruturais é a que se atinge na fase de injeção, como se observou em estudos com o molde para os estudos de moldabilidade. Na Figura 9 mostra-se um exemplo dos sinais de pressão e de força de expansão durante a moldação de espuma estrutural de PP (Nogueira, Martinho et al. 2011). Outro aspeto que foi estudado foi a obtenção de protótipos por tecnologias aditivas, como a SLS, em equipamentos com capacidade inferir à dimensão do objeto e de forma a minimizar a porosidade superficial. A solução passa pela colagem de secções obtidas numa máquina SinterStation 2500 (Figura 10) e posterior pintura.

3.3 Produção científica O impacto científico deste projeto está desde já associado à presença em conferências internacionais como a VRAP 2011, em Leiria, ou a Materiais 2011, em Guimarães, mas também à conclusão de duas teses de mes-trado na Universidade do Minho, instituição de referência na Engenharia de Polímeros. Para além disto, projeta-se a apresentação de mais resultados em conferências internacionais como a PMI 2012, em Ghent, Bélgica e a estruturação de publicações de maior fôlego a submeter a revistas científicas de prestígio.

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F10 – Etapas de colagem da peça Steps in the part gluing

national conferences ‘PMI 2012’, Ghent, Belgium, and the preparation of publications of greater importance to be submitted to prestigious scientific journals.

4 Industrial Innovation 4.1 A challenging product The case-study in the project Hybridmould 21 is associated with a totally different and innovative concept, beyond the form-function and energizing the importance of emotions and relationship between people and objects. Inspired by nature and its elements, the concept transports the audience to environments that recovers its lost connection and closeness with the environment. A return to origins, supported by the revival of the interest for natural things, a vital need in this growing urban context, fast and technical but also a fun side which needs to be recovered in our lives, more and more serious, full of rules, schedules and concerns. In the project Hybridmould 21 products without direct competition will be developed because they differ from existing products on the market in non-plastic materials, but for their aesthetic and formal characteristics with the same function. This differentiation is achieved by the application of new processes and materials that enable the production of small batches of pieces of medium/large size, thick-walled and characterized by lightness and resistance char-acteristics according to the application. The flexibility in the selection of materials, technologies and innovative manufacturing methods, drive the design methodology to a wide range of possibilities and new interpretations that result in new and challenging products, now and in the future.

4 Inovação industrial

4.2 How to implement a hybrid mould solution

4.1 Um produto desafiador

For the specifications of this project solutions have been explored that lead either to the rapid manufacturing of the tools or prototypes. In this context, it was developed a solution framed in the concept of hybrid moulds for large size parts (≥1 m2 of projected area), based pri-

O caso de estudo do projeto Hybridmould 21 está associado a um conceito totalmente diferenciador e inovador, ultrapassando a forma-função e vigorizando a importância das emoções e da relação das pessoas


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INOVAÇÃO INNOVATION

com os objetos.

marily on:

Inspirado na natureza e nos seus elementos, transporta o públicoalvo para ambientes que recuperam a sua ligação e proximidade perdida com o meio ambiente. Um regresso às origens, suportado pelo renascer do interesse por motivos naturais, uma necessidade vital, neste crescente contexto urbano, rápido e tecnológico mas também, um lado fun que urge recuperar nas nossas vidas, cada vez mais sérias, cheias de regras, horários e preocupações.

- Standard and flexible structure, allowing a rapid exchange of moulding blocks;

- Tool with functional systems suitable for the production of structural foam parts.

No projeto Hybridmould 21 serão desenvolvidos produtos sem concorrência direta uma vez que se diferen-ciam de produtos existentes no mercado em materiais não plásticos, mas, pelas suas características estético-formais com a mesma função.

It is important to identify the type of the mould in the definition of functional systems such as the injection, cooling and ejection. In the extraction side, the specifications of the movements for the extraction of parts are relevant.

Esta diferenciação é conseguida pela aplicação de novos processos e materiais que viabilizam a produção de pequenas séries de peças de média/grande dimensão, de paredes espessas porém, caracterizadas pela leveza e por padrões de resistência de acordo com a aplicação.

The development of the final solution will still be based on the implementation of procedures and knowledge gained from studies conducted at the laboratory scale, and the preparation and adaptation of the moulding blocks to the structure.

A flexibilidade de seleção de materiais, tecnologias e métodos de fabrico inovadores, encaminham a metodologia de design para uma vasta gama de possibilidades e novas interpretações que resultam em novos e desafiadores produtos, agora e no futuro.

4.3 A business model with hybrid moulds

4.2 Como implementar uma solução de moldes híbridos Para os requisitos deste projeto têm-se explorado soluções que conduzem quer a construção rápida das ferramentas quer dos protótipos. Neste contexto, desenvolveu-se uma solução enquadrada no conceito de molde híbrido para peças de grandes dimensões ( ≥ 1 m2 de área projetada), baseada fundamentalmente em: - estrutura standard e flexível, que permita uma troca rápida dos blocos moldantes; - blocos moldantes produzidos em materiais alternativos e por técnicas de fabrico rápido; - molde dotado de sistemas funcionais adequados à produção de peças em espumas estruturais. É importante a identificação da tipologia do molde na definição dos sistemas funcionais como a injeção, o arrefecimento e a ejeção. No lado da extração, são relevantes as especificações dos movimentos para a extração das peças. O desenvolvimento da solução final terá ainda por base a implementação de procedimentos e conhecimentos adquiridos nos estudos efetuados no molde à escala laboratorial e a preparação e adaptação dos elementos moldantes à estrutura.

4.3 Um modelo de negócio com moldes híbridos A agressividade concorrencial e procuras crescentes de artigos personalizados, associados à redução do time-to-market e do ciclo de vida do produto, têm obrigado a indústria portuguesa de moldes a aproximar-se de um paradigma de produção em pequenas séries. Este novo paradigma, orientado para o cliente, traz desafios e exige soluções inovadoras à indústria, quer ao nível de organização do processo produtivo e das tecnologias, quer ao nível de sistemas de planeamento e controlo da produção.

- Moulding blocks produced in alternative materials and using rapid manufacturing techniques;

The aggressive competition and growing demands for personalized items, associated with reduced time-to-market and product life cycle, have forced the Portuguese mould industry approaching a paradigm of small series production. This new customer-oriented paradigm poses challenges to and requires innovative solutions by the industry, both in terms of the organization of production processes and technologies, and of planning systems and production control. The development and substantiation of new business models fully differentiated and supported in new scenar-ios of industrialization, is assumed fundamental. In this project a Business Model adjusted to this new reality is being developed. The model will be rigorously tested in the context of the project, and would provide a wide range of guidelines and industrial and business formats.

Conclusions The project Hybridmould 21 can be seen as a challenge that the Portuguese industry in collaboration with the National scientific and technological system are facing in order to find solutions for the production of precise and large size plastics parts, at competitive prices. This project is underway with the support of the QREN programme and strong commitment of a research centre of excellence, the Institute for Polymers and Compos-ites, University of Minho. Its completion is scheduled for late 2012 with the holding of a symposium open to industrial and scientific communities.

Referências | References Barzegari, M. R. and D. Rodrigue (2009). "The Effect of Injection Molding Conditions on the Morphology of Polymer Structural Foams." Polymer Engineering and Science 49, 5: 949-959. Bernard, A. and A. Fischer (2002). "New Trends in Rapid Product Development." CIRP Annals - Manufacturing Technology 51(2): 635-652. Esteves, F. R., A. S. Pouzada, et al. (2011). Formulation and characterization of polypropy-


INOVAÇÃO INNOVATION

O desenvolvimento e consubstanciação de novos modelos de negócio, totalmente diferenciados e suportados em novos cenários de industrialização, assume-se fundamental. Neste projeto está a ser desenvolvido um Modelo de Negócio ajustado a esta nova realidade. O modelo vai ser rigorosamente testado no âmbito do projeto, estando previsto um vasto conjunto de orientações e de formatações industriais e empresariais.

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lene structural foam for large parts. 6th Int Materials Symposium - 15º Enc. Soc. Port. Mat. Guimarães, Portugal. Karapatis, N. P., J. P. S. v. Griethuysen, et al. (1998). "Direct rapid tooling: a review of current research " Rapid Prototyping Journal 4(2): 77-89. Malloy, R. A. (1994). Plastic part design for injection molding: An introduction. New York, Hanser Publishers. Martinez, A., J. Aznar, et al. (2011). "Effect of cavity surface coating and molding parameters on pressure drop: Developing a new software for rapid calculations." Polymer Engineering & Science: n/a-n/a. Nogueira, A. A., P. G. Martinho, et al. (2011). A study on the mouldability of technical parts using hybrid moulds and structural foams. Innovative Developments in Virtual and Physical Prototyping. P. J. Bártolo. London, CRC Press/Balkema: 399-404.

Conclusões O projeto Hybridmould 21 pode ser visto como um desafio que a indústria portuguesa, em colaboração com o sistema científico e tecnológico nacional, estão a enfrentar no sentido de encontrar soluções para a produção de peças em plástico, com precisão e de dimensões grandes, a preços competitivos. Este projeto está a decorrer com o apoio do programa QREN e forte empenhamento de um centro de investigação de excelência, o Instituto de Polímeros e Compósitos da Universidade do Minho. A sua conclusão está prevista para o fim de 2012 com a realização de um Simpósio aberto às comunidades industrial e científica.

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DESTAQUES PELA DIFERENÇA

destaques pela diferença

PMM FAZ POLIMENTO PELO PROCESSO ECP – ELECTROCHEMICAL POLISHING (POLIMENTO ELETROQUÍMICO)

Ivo Barbeiro, Eduardo Pedro PMM, Revista “O Molde”

“Destaques Pela Diferença”, nesta Edição, traz ao conhecimento dos leitores e, da Indústria, o que são as vantagens do polimento ECP, que a empresa PMM adquiriu no ano 2000, sendo este equipamento de origem japonesa o único instalado na Europa. Este artigo não pretende ser um exercício exaustivo de explicação do que é e como trabalha o polimento eletroquímico. Pretende sim, dar a conhecer à Indústria as possibilidades que o sistema oferece para reduzir dificuldades e tempos gastos, tão característicos nesta fase de acabamento das ferramentas.

O

ECP (Eletro-Chemical Polishing) é um processo eletroquímico onde a remoção de material é feita por camadas. Este método utiliza o elétrodo de acabamento que foi utilizado na erosão da peça, e como meio condutor uma solução de água e sal. Ao contrário da erosão, este processo aplica uma baixa tensão e uma elevada intensidade de corrente, e a remoção de material é feita por reação química e não por efeito de Joule. Ou seja, quando é feita a descarga elétrica dá-se a electrólise da solução aquosa e como consequência há uma reação química entre os iões gerados e o aço, sendo desse modo arrancado uns micrones de material. O modo como se processa este tipo de remoção de material é bastante homogéneo, sendo possível prever, com um enorme grau de certeza, a quantidade de material a remover. De igual modo é certo que a es-

pessura de material removido é constante ao longo do GAP do elétrodo. Ao contrário da Erosão, este processo não é nocivo para a peça, uma vez que não há calor gerado, não sendo também nocivo para o meio ambiente. Após o processo de erosão, e em consequência deste, a peça apresenta zonas de fragilidade e acumulação de tensões por toda a camada refundida, bem como micro-fissuras provocadas pelo regime de erosão. Em conjugação, estes fatores diminuem a resistência à fadiga da peça. Estas micro-fissuras serão tanto mais profundas quanto mais intenso tiver sido o regime utilizado. Removendo a zona termicamente afetada com o processo ECP, aumentamos a vida útil da peça. Um dos problemas recorrentes em peças de baixa espessura são os ribes de grande profundidade. São normalmente zonas de difícil acesso para polimento, e como consequência, a rugosidade torna estas zonas difíceis de encher. Num teste feito a uma peça com este tipo de ribes, o


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fluxo de enchimento (ex. ribes de espessuras mais finas), maior será esta redução. No limite, este aspeto pode fazer a diferença entre utilizar-se uma máquina injeção maior ou uma de máquina de tonelagem inferior, com todos os benefícios económicos que isso traz para o fabricante e cliente. Ao executar o polimento da peça utilizando um elétrodo, o erro é eliminado, uma vez que não há qualquer deformação provocada por mão humana. O rigor geométrico do elétrodo é espelhado na peça, portanto quanto melhor for a qualidade superficial deste, melhor será o acabamento da peça. Este aspeto é particularmente importante nas óticas e refletores dos carros. Em estudos efetuados concluiu-se que a utilização do polimento manual produzia uma deflexão da luz em cerca de 70% do teórico. Com a utilização do processo ECP essa deflexão foi reduzida para um valor inferior a 10%.

Cavidade 1: ECP no cabo e Flores Cavidade 2: ECP no cabo, Erosão nas Flores Cavidade 3: Erosão no cabo, ECP nas Flores

molde foi testado com acabamento de erosão. Seguidamente, foi usado o processo ECP nos ribes e testado de novo. Conclui-se que houve uma redução superior a 15% no tempo de enchimento e pressão de injeção da peça. Concluiu-se também que quanto maior for a resistência ao

Outra característica do processo ECP é a facilidade de polir superfícies que nos processos tradicionais de polimento, muitas vezes, apresentam mais dificuldade, como exemplificado na figura5: Cabo de cutelaria com flores. O resultado final do polimento ECP não produz o tradicional acabamento de espelho. Ao resultado final do polimento ECP foi convencionado chamar acabamento cego. Nos casos estritamente necessários o acabamento espelho pode ser conseguido aplicando pasta de diamante.


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NEGÓCIOS BUSINESS Economia | Mercados | Estatísticas Economy | Market information | Statistics

A Marca Portugal

Evolução e perspectivas macroeconómicas do México


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NEGÓCIOS BUSINESS

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A MARCA PORTUGAL Álvaro Órfão Ex-Presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande

F

ui há dias convidado por um dirigente do Centimfe a fazer uma visita a esta instituição, com o objectivo de me actualizar relativamente aos desenvolvimentos de novos desafios que assumiram, na continuidade daquilo que eu conhecera durante o exercício das minhas funções autárquicas, que já terminaram há cerca de 7 anos… E parece que foi ontem… Na verdade foi para mim de grande utilidade e também satisfação poder apreciar até onde estão a ir os responsáveis dos sectores industriais ligados ao Cluster Moldes/ Plásticos, com a liderança da Cefamol e do Centimfe. Há vários anos já, que a indústria Marinhense destes sectores iniciou uma viragem estratégica no sentido de integrar os modernos conceitos económicos que defendem que só com a inovação tecnológica, se chegará à diferenciação dos produtos no sentido de torna-los ou mantê-los competitivos nos mercados cada vez mais combatidos e selvagens.

Ao contrário, fomos medíocres quando acomodámos e deixámos que os ventos da história nos soprassem para os pequeninos lugares da civilização! A perda da independência, as cedência perante o Mapa Cor-de-Rosa, são alguns exemplos tristes, que sublinham o que aqui escrevo. Outra observação que me parece oportuna, nesta altura, é que na ausência de estratégias de desenvolvimento para a Região, fica bem à Marinha Grande reafirmar o seu espírito de liderança, que aliás sempre manifestou ao longo da sua curta existência. Houve vários planos estratégicos para a região que não passaram do papel. Lembro principalmente um, que estava em desenvolvimento lançado pela CCR Centro quando José Sócrates ganhou as primeiras eleições. Uma das primeiras coisas que aconteceu foi a substituição do Presidente daquela Comissão sem que se cuidasse dos projectos que estavam no terreno, mas sim da sua filiação partidária. E é esta a alfinetada que quero deixar neste artigo: Quando o Governo PS substitui um dirigente porque este é do PSD não está a fazer nada de diferente do que fizeram os outros Governos antes e que faz este no poder actualmente.

A Mundialização introduziu novas regras (?) que hoje não impedem que um produto criado em Portugal seja imediatamente copiado e reproduzido nos nossos antípodas.

Sejam lúcidos: Para acabar com esta mediocridade alguém tem de dar o exemplo. Poderia ter sido quando havia uma verdadeira estratégia para a nossa Região! Agora, já tudo foi por água abaixo.

A Marinha Grande e seus empresários perceberam há muito que para se manterem no Mercado com o nível tecnológico prestigiado que tinham atingido ao longo dos anos, precisavam de passar para outros patamares nas indústrias que dirigem a assim passaram rapidamente para as engenharias integradas que vão desde a concepção do produto até à sua produção, atacando entretanto todos os estádios intermédios.

Valha-nos por isso este Projecto “ENGINEERING & TOOLING FROM PORTUGAL”.

Foi assim que com a computorização do desenho, o desenho tridimensional, a prototipagem, rápida, a maquinação de alta velocidade, tudo isto assistido por programas informáticos muitas vezes produzidos “in loco” tiveram imediatamente resultados, levando este sector para patamares competitivos que há uma dúzia de anos ainda pareciam quimeras! Mas não ficaram por aqui! Estão agora empenhados em desenvolver uma nova estratégia em que a promoção do sector aparece ligada ao nome de Portugal, naquilo que se pretende seja o emblema duma Zona de Excelência. Isto é, quando a marca Portugal ainda não qualifica muitas das coisas que nós fazemos, os Moldes entenderam e bem, que devem aproveitar do prestigio internacional que a nossa indústria atingiu, para a ele adicionarem o nome do nosso País. Não deixa de ser interessante pensar, que aquilo que esta Indústria conseguiu, pode vir a ser útil para muitos, que pouco ou nada fizeram pelo nome de Portugal. E se assim for, tanto melhor, porque sairemos todos a ganhar, finalmente! O que eu gostava de salientar neste contexto, é que afinal é preciso ter coragem, para correr aquilo que parecia um risco, para os menos avisados. Mas nós só fomos grandes, quando fizemos coisas contra as correntes de pensamento em curso. Foi assim quando Afonso Henriques tornou Portugal independente, quando os nossos navegadores afrontaram os Velhos do Restelo e por aí fora…

Pode ser que este programa também ajude os políticos a mudar de paradigma e assim aparecerem com soluções modernas e corajosas para alterar o nosso dia-a-dia! Sobretudo, que os responsáveis pela promoção do investimento, seja ou não estrangeiro, saibam motivar os empreendedores no sentido de aproveitarem duma Zona de Excelência onde a proximidade dos diversos saberes e das infra-estruturas tecnológicas mais sofisticadas, têm sido capazes de se afirmar, no mercado global, ganhando cada dia que passa mais prestigio e reconhecimento. No fim de tudo está uma ideia simples: no que quer que um homem queira produzir está sempre um molde ou um modelo à espera! E nesta genética há aqui verdadeiros campeões! Aqui há uma garantia de que para realizar um qualquer projecto há todo o tipo de respostas a jusante e a montante. Vem a propósito citar o que escreveu o Professor Pedro Saraiva no seu recente livro “Empreendedorismo”: “Uma lógica de proximidade, face aos espaços onde se pretende desenvolver novos projectos empreendedores, com boas acessibilidades, traduzidas numa duração das respectivas deslocações, inferior a trinta minutos, entre as unidades de I&D e as respectivas empresas, alimentadora de frequentes/ fáceis interacções, das quais muitas vezes decorrem as melhores ideias”. Uma última observação: Lutar pelo prestígio da Marca Portugal, sem o concurso de todas as entidades que promovem a qualidade, nomeadamente a da imagem, poderá vir a ser um golpe de espada na água! Quero dizer: A qualidade paisagística dos espaços e a beleza da arquitectura dos edifícios que concorrem para o desenvolvimento deste programa são condições “sine qua non” para o sucesso integral deste esforço! Assim todos os Agentes com poder de intervenção saibam assumir as suas Responsabilidades!



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EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS MACROECONÓMICAS DO MÉXICO 8,2% - Restantes 1,4% - Brasil 1,6% - Colombia 1,7% - China 3,1% - Canadá 5,5% - União Europeia 78,6% - E.U.A.

F1 – Exportações por país, 2011 [fonte: INEGI]

rui gomes AICEP - Agência para o Investimento e o Comércio Externo de Portugal

Evolução e perspectivas macroeconómicas do México

O

México é uma das economias de destaque, no continente americano. De acordo aos indicadores do Fundo Monetário Internacional, à semelhança de anos transactos, este país continua com taxas de crescimento importantes, registando incrementos do Produto Interno Bruto (PIB), em 2011, da ordem dos 3,9%. Para 2012 e anos subsequentes, antecipam-se crescimentos igualmente importantes, sempre acima de 3%. Assim sendo, o México terminou o ano de 2011 como sendo a 14ª economia mundial, com um PIB superior a 1,1 biliões de USD, com estreita e directa correlação com a evolução macroeconómica do seu principal parceiro comercial e vizinho, os Estados Unidos da América (E.U.A.). No que diz respeito a outros indicadores, o México tem seguido, desde há mais de 10 anos, uma política monetária e fiscal que procura a estabilidade macroeconómica. As suas reservas internacionais, que atingiram, em Março de 2012, valores próximos dos 149 mil milhões de dólares americanos (USD), são uma base de confiança para os mercados internacionais. Também as taxas de câmbio, face ao USD e ao Euro, se têm mantido relativamente estáveis, rondando actualmente os 13,0 pesos mexicanos (MXN) por USD, e de 17,0 MXN por EUR. Esta estabilidade cambial tem também influenciado positivamente os índices de inflação, que se têm mantido estáveis, com níveis actuais da ordem dos 4,0%.

O México é um mercado que poderá representar grandes oportunidades para as empresas portuguesas, e particularmente as produtoras de moldes e máquinas. A sua dimensão, a forte capacidade industrial e as necessidades de crescimento a médio prazo, levarão a grandes necessidades que poderão ser aproveitadas. O mercado interno, por si só, apresenta oportunidades importantes com uma população de mais de 112 milhões, com crescente apetência pelo consumo. Esperam-se crescimentos importantes do consumo interno, já que a média da população é de 28 anos, e verificaremos uma incorporação dos cerca de 33 milhões de estudantes aos mercados laborais, aumentando assim os níveis de ingressos das famílias mexicanas. Por outro lado, o México goza dum posicionamento geográfico de grande destaque, sendo o principal parceiro económico da maior economia do mundo. Têm já muito desenvolvidos os canais de acesso a esse mercado, sendo também líder em relação aos países da América Central. Este posicionamento, considerando que Portugal é, na Europa, o ponto geográfico mais próximo do México, pode ser aproveitado pelas empresas portuguesas, como plataforma para a entrada de empresas portuguesas na América do Norte e América Central.

México, um mercado aberto ao exterior O México tem actualmente uma rede de 12 Tratados de Livre Comércio com 44 países, entre eles, o Tratado de Livre Comércio com a União Europeia. Este mecanismo reduziu drasticamente os impostos à importação, sendo que a grande maioria dos produtos estão isentos de pagamentos de impostos à importação. Dentro destes produtos, estão incluídos os moldes de injecção e outros bens de capital. Em termos de sector externo, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, Geografia e Informática mexicano (INEGI), verificamos uma recuperação significativa, quer das importações, quer das exportações. Contabilizaram-se, em 2011, importações mexicanas da ordem dos 350,8 mil milhões de USD, enquanto que as exportações, ligeiramente inferiores, cifraram-se em 349,7 mil milhões de USD (crescimentos de 16,4% e 17,2% face a igual período de 2010, respectivamente). Dentro dos países com mais peso nas exportações, destacam-se os E.U.A. com quase 80% do total, a União Europeia no seu todo com 5,5%, o Canadá e a China com 3,1% e 1,7% respectivamente. Em termos de importações, o México tem vindo a diversificar os seus for-

13,3% - Restantes 2,7% - Canadá

14,8% - Consumo

10% - Capital

3,9% - Coreia do Sul 4,7% - Japão 10,8% - União Europeia 49,7% - E.U.A. 14,9% - China F2 – Importações por país, 2011 [fonte: INEGI]

75,3% - Intermédio F3 – Importações do México, por tipo de bem, 2011 [fonte: INEGI]


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necedores, e apesar dos E.U.A. representarem sensivelmente metade das exportações, a China e a União Europeia têm vindo a posicionar-se, com 14,9% e 10.8% respectivamente. Como podemos ver do gráfico anterior, predomina a importação de bens intermédios, nomeadamente para abastecer a “Maquila”, indústria que importa matérias-primas e transforma, reexportando o produto processado, aproveitando factores de competitividade (mão-de-obra com custos reduzidos, benefícios de diversas índoles à instalação da indústria). No entanto, os bens de capital (maquinaria, equipamento, moldes) representam 10% do total importado, ou seja, mais de 35 mil milhões de USD.

NEGÓCIOS BUSINESS

A Indústria de Plásticos mexicana O plástico é um elemento fundamental na sociedade e indústria mexicana. Segundo a Associação Nacional de Indústrias do Plástico (ANIPAC), a cadeia industrial do plástico é composta por aproximadamente 4.500 empresas, gerando aproximadamente 180 mil empregos directos e mais de 800 mil indirectos. Como podemos observar da figura anterior, a cadeia industrial do plástico está integrada por poucos produtores de resina (15 empresas concentram quase 80% do total produzido) e de bens de capital, já que, do total de empresas, apenas 20 fabricam e 100 distribuem maquinaria, equipamentos e ferramentas (que incluem os moldes de injecção de plástico). A maioria das empresas transforma plástico.

A relação comercial com Portugal As relações comerciais entre Portugal e o México têm aumentado significativamente, nos últimos anos. Para isso tem também contribuído a entrada em vigor do Acordo de Livre Comércio entre o México e a União Europeia. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), no período de 2006 a 2011, o crescimento médio anual das exportações de Portugal para o México foi de 35,2%. As importações de Portugal ao México registaram um aumento médio, no mesmo período, de 27,8%. A

Produção e consumo de plástico Em seguida apresentamos informação quantitativa do sector: O México produz anualmente 4,5 milhões de toneladas de produtos de plástico, consumindo cerca de 5,8 milhões de toneladas destes produtos. Em valor, estimam que a indústria represente aproximadamente 20 mil milhões de USD. Dentro dos sectores descritos, a embalagem e os produtos de consumo têm um peso importante no total consumido, o que demonstra que existe apetência por este tipo de produtos. Os sectores Eléctrico/Electrónico, Automóvel e Industrial, representam 13% do total consumido.

T1 – Balança comercial Portugal – México [Fonte: INE]; [Valores em milhares de Euros]

A indústria de plástico está concentrada em regiões específicas. Cerca de metade das empresas está localizada na região centro do país, e aproximadamente dois terços dos activos empresariais estão divididos por 4 estados, Distrito Federal, Estado do México, Jalisco e Nuevo León.

Injecção, 28% Extrusão, 45%

Sopro, 21%

Remodelagem, 2% F4 – Composição da cadeia de valor [Fonte: ANIPAC]

F5 – Segmentação por processo de produção [Fonte: ANIPAC]

balança comercial total, em ambos os sentidos, valores superiores a 693 milhões de euros. O ano de 2010 foi muito importante para aumentar o fluxo, considerando que as exportações de Portugal para o México aumentaram mais de 99%. As importações de Portugal ao México registaram, naquele ano, um aumento de 223%. Também em 2011 se manteve a tendência de crescimento. Durante este período, Portugal exportou para o México 462,4 milhões de euros, e importou deste país 230,9 milhões de Euros. Por essa razão, e considerando o crescente interesse das empresas portuguesas, o México é um mercado prioritário para Portugal, actualmente o 11º cliente em termos gerais, e o 4 º entre os países fora da União Europeia.

Outros, 4%

Eléctrico/ Electrónico, 8%

Automóvel, 4%

Agrícola, 3% Industrial, 1% Médico, 1%

Construção, 13% 5,8 Milhões de Toneladas Consumo, 23%

Embalagem, 47%

F6 – Consumo de plástico por tipo de produto [Fonte: ANIPAC]


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NEGÓCIOS BUSINESS

Volkswagen, 22.4%

45

Fiat, 2.6%

Toyota, 2.2%

Ford, 20.3%

5,8 Milhões de Toneladas

Nissan, 26.7%

General Motores, 23.9%

Honda, 2% F7 – Transformação de Plásticos Contribuição por Região, % do Total [Fonte: ANIPAC]

F8 – Produção Automóvel por Fabricante, 2011 [Fonte: AMIA]

As regiões norte e centro concentram cerca de 80% da produção e do valor agregado:

de automóveis em 2011 bateu recordes, atingindo 2.557.550 unidades, 13.1% acima de 2010.

Sectores de interesse para as empresas portuguesas de moldes de injecção de plástico

A produção local destina-se em grande medida para exportação já que, do total produzido, em média, 83,3% é destinado a exportação. As exportações cresceram 15.3% face a 2010, tendo o México exportado 2.143.883 veículos.

Da que podemos constatar, existem diversos sectores que poderão representar oportunidades para as empresas portuguesas. Para além dos sectores da embalagem, mobiliário, electrodomésticos e electrónicos, produtos para o lar, cujo consumo é crescente, consideramos existir potencialidade nos sectores automóvel e aeronáutico, em pleno auge:

Sector Automóvel Este sector tem-se revelado como um motor da economia mexicana. Segundo Associação Mexicana da Industria Automóvel (AMIA), a produção

Recentemente, as fabricantes japonesas (Nissan, Honda e Mazda) anunciaram investimentos para criar ou ampliar unidades produtivas. Particularmente, a Nissan anunciou um investimento de 2 mil milhões de USD numa nova fábrica em Aguascalientes, que incluirá um parque industrial de abastecimento. Também a Volkswagen, que inaugurará fábrica em Silao, Guanajuato, para produzir 300.000 motores por ano, está a avaliar a instalação de uma unidade de produção da Audi. Este reforço implicará também investimentos por parte de fornecedores, como é o caso da Denso, Hella, Dr. Schneider, que já anuncia-

T3 – Localização das fábricas sector aeroespacial [Fonte: Secretaria de Economia México]

Componentes electrónicos

24.40%

Outros produtos do avião

14.50%

Montagem, manufactura e reparação

14.50% 13.50%

Maquinados e metais Partes para turbinas

11.30%

Partes eléctricas

8.40%

Interiores e equipamentos de emergência

T2 – Localização das fábricas sector automóvel [Fonte:AMIA]

7.30%

Produtos isolantes

3.30%

Partes de motor

2.90%

F9 – Produção aeronáutica por tipo, 2010 [Fonte: Secretaria de Economia México]


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F10 – Balança Comercial da Indústria Aeronáutica [Fonte: Secretaria de Economia México]; [Valor: Milhões de USD] a – Valores de Janeiro a Novembro

ram intenção de investir, entre outras. De referir que existem, em algumas regiões do país, problemas de segurança relacionados com o crime organizado, que poderão inviabilizar investimento estrangeiro. No entanto, a indústria já instalada tem verificado crescimentos importantes, e não dá sinais de desinvestimento.

Indústria Aeronáutica Actualmente, a industria aeronáutica está em franco desenvolvimento, no México. A base deste desenvolvimento prende-se com a presença, no México, de fabricantes de aviões comerciais: O México tem sido um destino prioritário desta indústria a nível mundial, já que, no período de 2000 a 2009, captou investimentos da ordem dos 33 mil milhões de USD, superiores aos captados pelos E.U.A., China, Rússia ou Índia. A localização geográfica, próxima de grandes clientes como os E.U.A. ou o Canadá, e a experiência do sector automóvel, são factores de decisão. Actualmente, existem 248 empresas, por exemplo, Honeywell, Bombardier, Grupo Safran, EADS, ITP Engenharia e Fabricação (antes ITR), entre outras. Destas, 70,6% dedicam-se a produção, 12,5% a reparação e manutenção, e as restantes 16,9% a engenharia e design. Existe tendência para integração de cadeia de fornecimento nacional, o que aumentará o número de empresas que compõem a indústria.

NEGÓCIOS BUSINESS

F11 – Canal de distribuição. Produtos Industriais [Escritório da AICEP na Cidade do México]

Como podemos verificar, esta indústria é extremamente activa. Em 2010, os E.U.A. foram o principal cliente das exportações mexicanas, com 74,3% do total, seguindo-se Canadá e França com 8,1% e 3,6, respectivamente.

Importação de moldes de injecção de plástico Como podemos constatar, existe uma grande carência de bens de capital, no México. Os moldes de injecção não fogem a essa regra. A falta de produção local, por não haver tradição da indústria de ferramentas, e porque tradicionalmente a indústria se abastecia nos vizinhos do Norte, tem mantido alto o valor das importações de moldes. Analisando o quadro anterior, verificamos que o México importou, em 2011, mais de 920 milhões de USD de Moldes de Injecção para plástico, provenientes de diferentes países. Portugal registou, neste ano, um crescimento de 81,2% face a 2010. Entendemos que há uma forte oportunidade para as empresas portuguesas do sector dos moldes, especialmente aqueles com maior complexidade técnica, ou os de grande dimensão. Nos dois casos anteriores, a oferta portuguesa é reconhecida pelo mercado e competitiva.

Canais de Distribuição O processo de contratação destes produtos, neste mercado, passa por diferentes etapas. Por vezes, em sectores como o automóvel, a decisão de compra está centralizada no país de origem da Construtora. No entanto, pela importância crescente do México como produtor, cada vez mais se toma a decisão localmente, com a criação de centros de design para os projectos locais. Para acompanhar os novos projectos, os fabricantes de ferramentas optam, por vezes, por ter escritórios comerciais, ou agentes independentes. Para a importação, a figura do Agente Alfandegário (“despachante”) é obrigatória, para efectuar o processo burocrático com as autoridades. A importação é feita, regra geral, a nome do cliente final.

T4 – – Importações de moldes para plástico [Fonte: Secretaria de Economia México]; [Valores: USD]

A assistência pós-venda é fundamental, pela complexidade das ferramentas, não existe inclusive capacidade local para dar assistência aos moldes já em operação. As empresas injectoras têm, regra geral, uma oficina de moldes, com ferramentas rudimentares, na qual se dá manutenção aos moldes (dentro do possível), e se efectuam alterações básicas.


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NEGÓCIOS BUSINESS

México, análise SWOT para os moldes de injecção de plástico Em conclusão, identificamos no mercado mexicano potencial para as empresas fabricantes de moldes de injecção de plástico. O México é um grande consumidor de plástico, a todos os níveis. Se bem que podemos referir diferentes segmentos industriais que transformam o plástico por injecção, como é o caso do sector da Embalagem, Produtos de consumo, Eléctrico / Electrónico, Utilidades para casa, entre outros, vemos com maior potencial os sectores que requerem moldes de grande precisão ou dimensão, como é o caso do sector aeronáutico e, claro está, o sector automóvel. Essa oportunidade terá, na nossa opinião, duas dimensões, a exportação de moldes para o mercado, e a assistência técnica aos moldes implantados. O México tem uma indústria de moldes incipiente, sendo que Portugal e as empresas portuguesas do sector são reconhecidos pela capacidade técnica e qualidade dos moldes elaborados, sendo a capacidade de participar nos projectos desde a concepção, uma vantagem na abordagem aos potenciais clientes.

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4. Se bem que a Cidade do México é o mercado mais importante, às vezes é conveniente entrar por outras regiões, onde a indústria é também forte (Guadalajara, Monterrey, por exemplo); 5. À altura de facturar, contratar sempre seguro de crédito, ou, em alternativa, emitir uma carta de crédito; 6. A logística tem um valor muito importante em todo o processo comercial. Qualquer documento tem que estar correctamente redigido, já que ao menor erro provocará a detenção da mercadoria nas alfândegas. As alfândegas mexicanas não toleram qualquer erro na documentação. Estas questões são particularmente importantes em primeiros embarques, já que se pode prejudicar uma relação comercial por questões administrativas; 7. Normalmente, o horário de funcionamento dos escritórios será das 9:00 às 18:00, com 1 a 2 horas de almoço (entre as 14 e as 16 horas). Muitos negócios são fechados às refeições (pequeno almoço, almoço ou jantar). O idioma mais usado é o castelhano, mas muitas vezes poderão utilizar o inglês. As reuniões são normalmente formais, há que ter em atenção ao trânsito. 8. Segurança – É extremamente importante ter em consideração a dimensão do país e observar os cuidados necessários, por exemplo, de não dar nas vistas, não apanhar táxis na rua, evitar saídas em horas tardias. Evitar zonas de reconhecido perigo.

A apreciação do Euro face ao USD e ao MXP, tem retirado competitividade às ferramentas produzidas em Portugal, no que se refere a moldes de menor complexidade. No entanto, quando falamos de moldes complexos, ou de grande dimensão, Portugal continua a ser uma referência obrigatória.

Aspectos a ter em conta, na relação comercial com o México: 1. Antes de entrar no mercado, recolha toda a informação respeitante a este. Não improvise, prepare a sua vinda em temos de produto, preço, e outras variáveis determinantes (esforço de apoio à promoção, assistência pós venda, canais de distribuição, entre outros); Esteja preparado para dar orçamentos em Dólares Americanos; 2. Pensar a longo prazo: O México é um país com muito potencial, mas, apesar de que normalmente a negociação é positiva, não quer dizer que haja encomenda efectiva. A distância cria dificuldades ao acompanhamento dos negócios. Por questões culturais, criam-se expectativas das reuniões que só se cumprem caso o follow up seja efectivo. No entanto, quando esta acontece, o comprador mexicano tende a ser leal. Há que ter em atenção que, pela educação dos mexicanos, será sempre bem recebido e dificilmente receberá um não directo; 3. Estar consciente que o mercado é muito competitivo, e é um mercado de compradores, que exige atenção contínua e visitas frequentes: “quem não aparece, esquece...”. Poderá complementar as visitas com participações em feiras;


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LEONEL COSTA Nunca estamos preparados e nunca aceitamos a “partida” de alguém tão jovem. De alguém que provou, em tão curto espaço de tempo de vida, notável capacidade de ultrapassar os maiores obstáculos, de um entusiamo e visão contagiantes, de grande combatibilidade que lhe permitiram construir o “Grupo LN Moldes”. Leonel Costa “partiu” no primeiro dia de janeiro de 2012, dia que deveria de ser de festa, deixando em todos os seus amigos uma enorme e profunda dor, que só o tempo, muito tempo, irá apaziguar. Leonel da Silva Gomes da Costa nasceu no dia 15 de julho de 1959, na freguesia de Maceira, concelho de Leiria, “inserido num ambiente com forte presença de dimensão empresarial e numa terra que serviu de motivação e base a todo o seu percurso de vida pessoal e profissional, marcando profundamente a sua personalidade curiosa, empreendedora e com pensamento sentido de futuro”. Experimentou na sua juventude um percurso académico sinuoso, mas muito auto seletivo, em termos de exploração dos conhecimentos que entendia, desde muito cedo, serem os mais importantes para a consolidação de uma trajetória de empresário, desiderato que marcou em permanência as suas ambições de evolução no campo profissional. Iniciou sua atividade profissional em nome individual em 1980, revelando esta ambição com uma forte marca de independência, iniciando um percurso multifacetado de desempenhos que lhe permitiram acumular um acervo de conhecimentos variados mas sempre orientados para a criação de capacidades e competências, que lhe permitissem iniciar, com sucesso, uma vida empresarial no ramo industrial de produção de moldes. Leonel Costa não fugiu a uma tradição do Setor: iniciou a sua atividade na garagem da família, adquirindo algumas máquinas que

permitiram lançar-se no mercado.

de produtos.

Os primeiros anos foram difíceis, sempre são, mas os obstáculos foram sendo ultrapassados e o novel industrial foi revelando a vivacidade e a determinação quase obsessivas, que não lhe faltaram, e que colocava em tudo o que acreditava e em que se empenhava.

Este protocolo foi assinado pelo então Primeiroministro, José Sócrates, e pelo Ministro da Economia, Vieira da Silva, na feira Euromold, realizada em Frankfurt. Leonel Costa liderou este processo de dinamização de uma parceria que também contou com o apoio do IAPMEI,¸SPGM e COSEC.

Entusiasmo, persistência, combatividade, resiliência, projeto e visão, muito sentido de missão a par com muito trabalho foram qualidades que, sempre, o impuseram e acompanharam como empresário. “É na sequência de uma trajetória de vida muito direcionada para os objetivos que ia fixando, e refinando ao longo do seu percurso, que Leonel Costa funda, em 1987, a sua primeira empresa, a LN Moldes, Lda. Desde então, tendo como guia um conjunto de princípios de atuação, que considera o segredo do seu sucesso, Leonel, evidenciou um especial cuidado na escolha dos seus colaboradores mais próximos, a que junta muita dedicação, sua e deles, matéria-prima com que foi construindo o que, atualmente é conhecido por Grupo LN. Este grupo empresarial é atualmente composto por cinco empresas – LN Moldes, LN Plas, TPS, Planimolde e Célula 3PP – sendo quatro unidades de produção (moldes e plásticos) e uma de engenharia de produto, contando com cerca de duzentos trabalhadores, estando presente com os seus produtos em mais de vinte países. O percurso empresarial, fruto da sua personalidade, levaram Leonel Costa a envolver-se ativamente no processo de desenvolvimento da Indústria de Moldes, contribuindo no seio da CEFAMOL (Associação Nacional da Indústria de Moldes) a vários títulos para a materialização de tal desiderato tendo, desde 1995 e 2006, exercido em sucessivos mandatos a função de VicePresidente e, a partir dessa data, passando a desempenhar o cargo de Presidente, o qual manteve até à data do seu desaparecimento. Inúmeros projetos fundamentais para a sustentabilidade e crescimento do setor foram por si idealizados e concretizados. Exemplo desta situação foi a celebração do protocolo com o Ministério da Economia que visava criar instrumentos financeiros para o Setor que apoiassem o longo ciclo de produção e fabrico que se segue à receção das encomendas firmes, colocadas pelos clientes estrangeiros. Esta iniciativa permitiu criar uma linha de apoio para empresas com longos ciclos de fabricação (programa EXPORT INVEST), o que veio a facilitar o estabelecimento de novos negócios neste tipo

Outros projetos emblemáticos na sua carreira à frente da CEFAMOL foram a elaboração do Plano Estratégico para a Indústria de Moldes e Ferramentas Especiais, a criação do Polo de Competitividade e Tecnologia Engineering & Tooling, que tem como objetivo principal ajudar a dar expressão de relevo ao sentido da evolução da nossa indústria, afirmando a marca “Engineering & Tooling from Portugal” e contribuir para um novo posicionamento competitivo da oferta de moldes, ferramentas especiais e plásticos de origem portuguesa junto das indústrias de maior dinamismo tecnológico a nível mundial. Este projeto é uma afirmação de perspetiva de Leonel Costa sobre o setor e o seu posicionamento internacional. Mas esta atividade associativa intensa não era a única para Leonel Costa, vamos encontrá-lo nos Órgãos Sociais da NERLEI, nomeadamente na Direção e Mesa da Assembleia Geral e como membro do Conselho Consultivo do Instituto Politécnico de Leiria e do Conselho Geral da Universidade do Minho. Também em termos cívicos, Leonel Costa deu o seu contributo à cidade onde vivia e ao concelho que o viu crescer como homem e empresário, assim, desde 2005, foi eleito como membro da Assembleia Municipal da Cidade de Leiria. Um dos momentos mais marcantes da sua carreira foi a condecoração pelo Presidente da República, Prof. Aníbal Cavaco Silva, com a comenda de Grande Oficial da Ordem na classe de Mérito Industrial, pelo seu percurso enquanto empresário e dirigente associativo, em maio 2010. “Aquele que tem ideias é forte. Mas aquele que tem ideais é invencível”. (J. Narosky) Leonel Costa tinha ideais. Foi um exemplo para todos nós. Saibamos respeitar e honrar a sua amizade. À sua esposa e aos seus familiares a revista “O Molde” apresenta os mais sentidos e respeitosos sentimentos de condolências.

Os nossos agradecimentos, pelos elementos que nos possibilitaram a elaboração desta homenagem: - Maria Natália Pereira da Valinha - Joaquim Menezes - Pe. David Barreirinhas - António José Laranjeira



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Fernando PEDRO O Fernando Pedro morreu. A morte é sempre horrorosa, sempre imprevista. Por mais que queiramos, nunca estamos preparados para a “partida” de um amigo! O padre António Vieira escreveu que “tudo acaba com a morte”, até a própria morte. Mas enganou-se: poderá ter acabado a morte, mas não acabou o Fernando Pedro, que continua e continuará presente no coração dos seus familiares e amigos. Fernando Manuel dos Santos Pedro nasceu a 5 de janeiro de 1941, na Marinha Grande. Frequentou a escola primária em Picassinos, tendo continuado os seus estudos, concluindo com mérito, o Curso de Formação de Serralheiro na Escola Industrial da Marinha Grande. Mais tarde, terminou ainda a seção de letras do 5º ano liceal, no colégio Afonso Lopes Vieira. Tendo iniciado a sua atividade profissional aos 14 anos na Fábrica Escola Irmãos Stephens, Fernando Pedro, após a frequência do Curso de Serralheiro, foi trabalhar para a fábrica de moldes “Emídio Maria da Silva”, na seção de Desenho. Posteriormente, e a convite de Edilásio Carreira da Silva, foi trabalhar para a sua empresa, onde esteve até 1978, revelando as suas qualidades e capacidades que o impuseram na Indústria de Moldes como um exemplo, granjeando o respeito do patrão, dos colaboradores e, sobretudo, dos clientes.

NOVO RUMO Em 1978, fundou com outros colegas de profissão, a Planimolde, que veio a substituir a empresa Aires & Santos que, entretanto, tinham adquirido. Pertencendo a uma equipa homogénea, soube muito cedo, impor-se num mercado difícil, num país que acabava de realizar uma revolução. No entanto, foi necessário ganhar a confiança dos clientes e da banca para desenvolver a empresa e realizar novos investimentos, o que lhes

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permitiu inaugurar novas instalações e novos equipamentos, garantindo a fabricação de moldes de qualidade.

de 1978, em representação da sua própria, nos diferentes cargos a que a Planimolde foi chamada a desempenhar.

Em 2003, a Planimolde é adquirida pelo grupo LN Moldes e Fernando Pedro, juntamente com outros sócios, vendem as suas quotas. Apesar desta cedência e a pedido do novo sócio maioritário, continua a dar a sua contribuição, em “part time”, até que se reforma, para poder exercer uma actividade muito nobre: acompanhar o crescimento da sua neta!

Relembramos o papel de Fernando Pedro, em 1973, na criação do Curso de Fresadores e no apoio à elaboração dos seus conteúdos programáticos, ou quando nos anos 80, a indústria homenageou o seu fundador – Aníbal H. Abrantes – organizando-se, pela primeira vez, uma exposição do Sector, o qual deu origem ao 1º Congresso da Indústria de Moldes, que tanto sucesso obteve e que, ainda hoje, se continua a realizar de forma regular.

A CULTURA e o ASSOCIATIVISMO Desde muito cedo, revelou interesse pela leitura de poesia e pela escrita, reunindo-se, regularmente, em tertúlia com os amigos, onde também se falava de cinema, livros e autores. Não admira por isso, que tenha escrito muitas crónicas de Picassinos para o Jornal da Marinha Grande. Outra paixão: gostava de viajar. Esta paixão foi sendo alimentada durante a sua vida profissional, a qual, sempre que o tempo permitia, fazia cruzar com visitas a museus e a zonas históricas e paisagísticas. Desde muito jovem que teve uma vida associativa intensa, destacando-se a sua colaboração em todas as iniciativas que tinham lugar em Picassinos, nomeadamente as promovidas pela Sociedade de Instrução e Recreio 1º de Maio, da qual foi Presidente da Direção em 1964/1967 e 1980/1983 e membro na organização da biblioteca e coordenação, da seção de cinema. Para além se ser associado de outras instituições, como por exemplo o “Grupo Desportivo os Vidreiros”, o Sport Operário Marinhense, ou a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Marinha Grande, Fernando Pedro foi sócio fundador da Associação dos Dadores Benévolos de Sangue da Marinha Grande, do Rotary Clube da Marinha Grande e membro da Confraria da Sopa do Vidreiro da mesma cidade. Não podemos ainda descurar o envolvimento de Fernando Pedro na Rádio Clube Marinhense da qual foi fundador e membro dos seus corpos diretivos, mas também realizador de vários programas infantis (O Girassol), culturais (Os Jarretas, Caminhos Lusitanos), crónicas, entrevistas, noticiários. Em todos os programas, o Fernando marcava a qualidade com que nos habituou em tudo o que fazia. A CEFAMOL Desde os primeiros passos da CEFAMOL que Fernando Pedro, nesta altura, um dos conceituados técnicos da firma “Edilásio Carreira da Silva”, participou nas actividades desenvolvidas pela nossa Associação em representação desta empresa, tal como mais tarde, a partir

Em praticamente todos os principais eventos promovidos pela CEFAMOL, Fernando Pedro esteve presente, quer na Comissão Organizadora, quer como impulsionador, coordenador, palestrante ou moderador. Na Presidência da Direção da Associação, teve um papel relevante na internacionalização da indústria, com inúmeras reuniões e contatos com a Tutela e, nomeadamente, o Fundo de Fomento de Exportações e posterior ICEP (atual AICEP), no lançamento e criação do CENTIMFE ou no apoio à constituição do IPL – Instituto Politécnico de Leiria, tendo elaborado em conjunto com a sua equipa uma proposta de programa para os cursos – disciplinas e horários – de Engenharia Mecânica, Engenharia Eletrotécnica e Gestão Comercial e Marketing, os quais, apresentados ao Dr. João de Deus Pinheiro, na altura Ministro de Educação, originaram o seguinte desabafo: - “É a primeira vez que recebo um projeto tão elaborado: não dizem que querem cursos, mas dizem quais os cursos e os curricula. Tenho a vida facilitada!”. No entanto, a joóia da coroa para Fernando Pedro, foi a revista “O Molde”. Desde o 1º número teve-o como seu mentor, sendo os editoriais escritos e assinados por si. Diretor da revista, era da sua responsabilidade a definição das temáticas, discutidas nas habituais reuniões das quartas-feiras. As capas da revista, tinham sempre o seu alinhamento e comentário oportuno e os artigos a sua revisão e adequação ao conteúdo da revista. Também os seminários, realizados no âmbito da revista “O Molde”, tinham a sua colaboração ativa e importante. Este artigo pretende ser o testemunho, a homenagem a um amigo, grande figura cultural, que marcou a história da Indústria de Moldes e a revista “O Molde” com a sua força, os seus conhecimentos, a sua inteligência. O corpo redatorial, com um “núcleo duro” cada vez mais reduzido e com dificuldade em substituir um líder que não esqueceremos, apresenta à sua família as mais sentidas condolências.


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Telmo Neto Telmo Ferreira Neto nasceu a 11 de novembro de 1938, no lugar de Picassinos da freguesia e concelho de Marinha Grande. Fez a escola primária em Picassinos e depois na Escola Industrial e Comercial da Marinha Grande, fez o curso Técnico Industrial de Serralharia e o curso Comercial, já no período noturno, pois a partir de 1954, com 16 anos, já fazia parte dos quadros da fábrica Edilásio Carreira da Silva. Ainda frequentou o curso geral dos liceus no Externato Dr. Afonso Lopes Vieira, mas as responsabilidades profissionais impediram de o terminar. Ao longo da sua vida profissional não deixou de frequentar cursos de formação para atualização de conhecimentos. Os anos 60/70, na Industria de Moldes nacional foram anos de afirmação: Nas tecnologias e no investimento de equipamentos – fresadoras, copiadoras, ponteadoras e as erosoras – e nas especializações sectoriais e dos respetivos quadros – preparação e programação de trabalho, afiação de ferramentas, secção de bancada ou montagem dos moldes, polimento, gravação, etc, etc. – que no séc. XXI poderá ser pueril, mas permitiram o aparecimento e a

aquisição dos CAD/CAM/CAE e de máquinas fresadoras de 5 eixos e de outras máquinas programadas para trabalharem as 24 horas, numa palavra, deste mundo maravilhoso que exigiu e exige melhores e mais competentes técnicos. Telmo Neto atravessou este período estando 9 anos, a montar moldes, na fase heroica em que a bancada resolvia os problemas que as máquinas não podiam, por não “haver aço” e o montador de moldes, o bancadeiro, sabia onde ir buscá-lo. Depois deste período, esteve 6 anos como programador e orçamentista. Outra especialidade que continua a existir, mas mais sofisticada, embora o conhecimento e a experiência continuem a ser fundamentais. No dia 15 de maio de 1978, juntamente com vários colegas sai da empresa Edilásio Carreira da Silva, para fundar a firma Planimolde. É uma nova etapa que vai ter início, exigindo uma grande responsabilidade a todos os novos patrões/trabalhadores. Como foi e certamente continuará a acontecer, o grupo era formado por profissionais que se conheciam bem, e cada um com a sua especialidade garantiu-se assim que cada fase do fabrico dos moldes – desenho, programação, maquinação, montagem e acabamento – era sempre acompanhada ou fabricada por um dos sócios. Telmo Neto, pela sua experiência, ficou com a responsabilidade do planeamento, métodos, programação e controlo de produção e do departamento de erosão. Os primeiros anos são sempre difíceis, mas a vontade, o espirito de grupo e o elevado profissionalismo, souberam tudo vencer e triunfar.

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Com orgulho dizia que a firma Planimolde tinha sido a primeira a ser certificada na Indústria de Moldes e Telmo Neto foi o primeiro Diretor de Qualidade. Conforme a firma vai evoluindo os sócios são chamados a desempenhar novas tarefas: A aquisição da empresa Planitec – Moldes Técnicos, Lda., leva Telmo Neto a dirigi-la como sócio-gerente e administrador, em representação da Planimolde. Ao longo da sua vida foi monitor em cursos de Formação Profissional, representante da Planimolde na CEFAMOL, conferencista nos 3º e 4º Congressos da Indústria de Moldes e autor de artigos para jornais e revistas.

O Homem de Causas Após a revolução do 25 de abril, abraçou a política, tendo sido deputado do Partido Socialista na 1ª Assembleia Constituinte, de 3 de junho de 1976 a 2 de março de 1980, deputado na Assembleia Municipal da Marinha Grande, Presidente da Junta da Freguesia da Marinha Grande. Deu o seu melhor à Associação dos Bombeiros Voluntários da Marinha Grande, tendo sido Presidente da Assembleia-Geral de 11 de junho de 1986 a 6 de janeiro de 2010 e Vice-presidente do Conselho Fiscal até 10 de março de 2012. Importante foi também a sua colaboração na fundação da RCMG – Rádio Clube Marinhense – em 1988, tendo sido Vice-presidente da Direção e Presidente a partir de 2003 até 10 de março de 2012, quando nos “deixou”. O corpo redatorial da Revista “O Molde” apresenta à sua esposa, filho e a toda a família, as suas mais sentidas condolências.


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Depois de aprendiz, foi o responsável pela secção, até aos 39 anos, altura em que ingressou na Indústria de Moldes, na firma “José dos Santos Ruivo”.

rebentar? // De máquinas, desenho e desengano // Já tenho a minha conta de matar!” – De Malas e Bagagens – “Marinha Cidade Nova”.

Foi técnico e gerente industrial e gostava de recordar o famoso “corte de cristal” que criou, imitando no plástico a lapidação de peças de cristal. Foi um sucesso de vendas.

O Escritor

JOSÉ SARAIVA

Tomou parte em muitas feiras internacionais, organizadas pela CEFAMOL e nos Congressos que foram muito importantes para dar a conhecer a capacidade das nossas empresas.

José Martins Saraiva nasceu na Marinha Grande no dia 10 de maio de 1926, sendo o filho mais novo de uma família de vidreiros marinhenses.

As crises cíclicas internacionais que afetaram a Indústria de Moldes Nacional, originaram grandes dificuldades na “José dos Santos Ruivo” e a empresa foi obrigada a fechar.

A sua meninice, como a de muitas famílias de vidreiros, foi muito difícil, mas, apesar das dificuldades, seus pais sabendo da importância da instrução e da cultura para a formação profissional dos seus filhos, permitiram que frequentassem a Escola Primária e que José Martins Saraiva tirasse o curso industrial na antiga Escola Guilherme Stephens. Com 12 anos iniciou a aprendizagem na arte de pintor de vidros, tendo aos 21 anos integrado a nova secção de desenho, na CIP – Companhia Industrial Portuguesa, posteriormente IVIMA.

José Martins Saraiva lutou até ao fim para evitar a derrota, que foi superior às suas forças. “De malas e bagagens saturado; // De feiras e amostras pelos cabelos; // Os moldes feitos de aços só são belos // Quando o cheque que veio é creditado. // Partir para um país tenho sonhado, // Onde os negócios sejam mais singelos; - O de cobrir as nuvens de castelos // E gastar o meu tempo descuidado! // Já basta de sofrer de tanto dano, // Tanta dificuldade a entravar; // Se há tanta coisa simples sem engano // Porque hei-de então nos moldes

A poesia foi a primeira manifestação literária de José Martins Saraiva, aos 18 anos concorreu a vários concursos de poesia e prosa que ganhou os primeiros prémios, publicados em jornais da região e nacionais. Foi mestre na difícil arte do soneto. Em 1967 publicou o primeiro livro de poesia, “Ânsia de Saber Quem Sou”, em 1970 “Além de Nós”, 1985 “Para Lá Da Onda Que Começa” e “Partir” e “Verdades Mal Pensadas, 1986 “Insónia” e “Ser”, 1987 “Os Beirados Secaram Sem Ter Passado a Chuva” e “Aquém e Além do Meu Casaco” e em 1981, “Marinha Cidade Nova”. Ao nível da prosa, publicou “Lendas do Pinhal do Rei I” (1966), “Contos do Verde Pino” (1999), “As Lendas do Pinhal do Rei”, 2º volume e em 2010 editou “A Paixão do Príncipe Hiram”. No dia 16 de janeiro de 2012 José Martins Saraiva fechou os olhos e partiu… deixado em todos nós uma enorme saudade. À família enlutada - esposa, filhos e netos – o corpo redatorial da Revista “O Molde” apresenta os mais sentidos pêsames.




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