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Evolução / Disrupção: As novas formas de fazer para ganhar competitividade
EROFIO: Mudança deve ser incremental
Mudar para alcançar melhores resultados. Esta forma de pensar tem estado presente, desde sempre, na tomada de decisões de Manuel Novo, da Erofio. Na sua opinião, a mudança não deve ser disruptiva, mas gradual. Incremental, de forma a dar tempo à organização de ir assimilando todas as suas possibilidades. Tem sido assim com as alterações de métodos, procedimentos, formas de fabrico e também com a adoção de tecnologias, como o fabrico aditivo.
Foi há 12 anos que começou a introduzir esta tecnologia na empresa. “Começou como uma experiência, mas eu acreditava que, no sector, este seria o futuro”, recorda, contando que foi nessa época que adquiriu a primeira máquina. Foi necessário tempo para amadurecer todas as potencialidades desse equipamento. Há quatro anos adquiriu uma segunda máquina e, em 2021, a terceira. “Nada disto foi por acaso: foi por necessidade”, enfatiza.
Da fase inicial, onde percebeu que a tecnologia dava uma resposta interessante até conseguir efetivamente retirar os melhores resultados do equipamento passou uma década. Mas hoje não tem dúvidas de que foi uma aposta certa. “Não basta adquirir o equipamento. Há toda uma aprendizagem que demora”, afirma, contando que, à medida que iam testando a melhor forma de fazer, foi necessário envolver o saber académico para obter maior grau de certeza.
Dos parâmetros aos materiais, foi tudo visto e revisto. E hoje a Erofio consegue retirar o melhor partido dessa tecnologia. Por isso, no início deste ano, a empresa inaugurou uma nova unidade totalmente dedicada ao fabrico aditivo. “Conseguimos dominar a técnica e agora é tempo de rentabilizar e colocar todo este conhecimento ao serviço da indústria”, explica.
Uma das potencialidades que tem é permitir algo que o fabrico convencional nem sempre consegue: “garantir que a peça pode ser efetivamente aquela que o cliente quer, por mais complexa que seja”.
Para Manuel Novo, o fabrico aditivo é, hoje, “um meio de diferenciação”. “Nos moldes, podemos fornecer soluções diferenciadas. Por exemplo, conseguimos um controlo superior da gestão das temperaturas, com impacto nos resultados finais, conseguindo melhor tempo de ciclo, estabilizar o processo e menor rejeição”, sublinha, assegurando que “isso é valorizado pelo cliente”.
Já Pedro Lourenço explica que a Erofio “dá prioridade ao investimento contínuo em tecnologia, apostando em equipamentos de última geração com elevado desempenho”. Mas não só. Este investimento em tecnologias é acompanhado por “uma aposta muito forte na qualificação das pessoas”, bem como no desenvolvimento de conhecimento. E estas três componentes são, no seu entender, os elos fundamentais da competitividade das empresas.
No que diz respeito às tecnologias, adianta, “interrogamo- -nos constantemente sobre a forma mais eficaz de retirar o melhor partido dos equipamentos para inovar no molde. E essa busca levou-nos a apostas como o fabrico aditivo”. Manuel Novo acrescenta que é fundamental que as empresas apostem “em mais inovação e diferenciação”. Esse é, no seu entender, o caminho que o sector tem de percorrer.
Depois, “é preciso conseguir demonstrar ao cliente o que ganha com essa diferenciação. Isso tem de ser reconhecido pelo cliente e pelo mercado”, salienta, considerando que, na maior parte dos casos, esse reconhecimento acontece. “O barato sai caro. Por isso, o cliente percebe que mesmo que invista um pouco mais na ferramenta, depois vai ganhar”, diz.
Além do fabrico aditivo, a empresa tem apostado no desenvolvimento de outras tecnologias, sempre com o objetivo de assegurar o rigor e a qualidade do que faz. Um dos exemplos que Manuel Novo dá é a injeção, com a criação da Erofio Atlântico em 2000.
As primeiras máquinas foram adquiridas para fazer os ensaios dos moldes. “Queríamos mais tempo de máquina para poder garantir o rigor dos nossos moldes, mas as empresas de ensaios tinham outros compromissos e não havia essa disponibilidade. Por isso, adquirimos três máquinas”, recorda.
Dos ensaios passaram a fazer também pré-séries, para rentabilizar o investimento e, presentemente, é uma unidade totalmente dedicada à fabricação de plástico com mais de 90 trabalhadores. “Vamos vendo por onde caminham as tecnologias e como lá chegamos com os meios que temos”, explica Manuel Novo.
Pedro Lourenço adianta que, a par destes investimentos, a empresa tem também em marcha a criação de novos produtos e serviços. “Com o tempo, vamos procurando alargar as nossas competências e a nossa presença na cadeia de valor, reforçando a nossa diferenciação e aproveitando as oportunidades que surgem”, afirma.
Para Manuel Novo, o rumo que a empresa tem seguido está a prepará-la para o futuro. “Imaginamos que será por aqui a indústria do futuro”, considera, frisando que, no entanto, os mais recentes acontecimentos à escala global – desde a pandemia à guerra na Ucrânia – colocam grandes reservas em relação aos próximos tempos. “Definir uma estratégia é hoje muito complicado devido a toda esta incerteza, no entanto o caminho que estamos a seguir parece ser, até agora, o mais adequado”.