4 minute read
Apostar na inovação para alcançar um rumo mais sustentável
Vencer a batalha da competitividade implica a criação de um modelo de negócio que assegure a eficiência plena. As empresas têm de alterar métodos e processos e adotar um rumo mais assente na inovação, que assegure a sustentabilidade. Esta não é uma opção: é uma necessidade. E seja através de novas soluções, normalização de processos e integração de novas formas de fazer, a indústria tem de ter em conta o seu impacto no planeta. O desafio é encontrar a fórmula certa que equilibre eficácia dos negócios e melhor aproveitamento dos recursos.
NEUTROPLAST: Sustentabilidade é uma prioridade
“A inovação aplica-se em processos e produtos e, como variáveis críticas nos modelos de negócio, estes são a base para a sustentabilidade ambiental, económica e social das empresas”. Quem o defende é João Redol, CEO da Neutroplast. No seu entender, “reduzir a pegada ambiental, ser competitivo e reter o conhecimento obriga a que a inovação seja parte da cultura da empresa em todas as suas dimensões”.
No caso da Neutroplast, conta, “a estratégia assentou na definição de metas a médio e longo prazo”. E concretiza: “as de médio prazo estão associadas a inovações incrementais e em processos e produtos existentes na empresa; são exemplos a substituição de equipamentos antigos, o desenvolvimento de mais uma embalagem ou uma app para colaboradores. São melhorias sobretudo departamentais, com ganhos diretos e geridas pelos diretores de departamento, mas que não alteram os fundamentais do negócio”. Já no caso das metas a longo prazo, explica tratar-se de “inovação radical, onde as premissas são inversas à incremental; assumida pela direção pelo elevado risco são exemplos a produção 100% em classe ISO8, a introdução de AGV nos processos, o desenvolvimento de dispositivos IoT para melhorar a aderência à medicação ou a aquisição de uma empresa para complementar o negócio”.
João Redol destaca ainda “a autonomia das direções e o foco da administração no longo prazo”, como fatores essenciais “para o sucesso da estratégia”.
A articulação entre inovação e sustentabilidade são, no caso da sua empresa, sintetizados da seguinte forma: “processos ou produtos novos, incrementais ou radicais, estão ligadas à adoção de novas tecnologias, e geram sustentabilidade no médio ou longo prazo”. Afirmando que esta articulação não encarece o produto, salienta que é “esta equação que permite ganhar eficiência, qualidade e valor acrescentado”. Ou seja, enfatiza, “consoante o mercado, a situação da empresa e a estratégia definida vamos inovar onde podemos e não em todas as dimensões”.
A sustentabilidade deve, hoje, fazer parte das prioridades de uma empresa. “Globalmente, os consumidores exigem, valorizam ou penalizam as empresas consoante a sua sustentabilidade, e esta pressão propaga-se para todas as cadeias de produção”, explica João Redol, defendendo que “as empresas têm de colocar a sustentabilidade no centro do seu negócio como melhor estratégia para satisfazer os clientes, ao invés da muito apregoada estratégia de colocar o cliente no centro do negócio”.
Na sua opinião, “a cultura existente nas novas gerações” em relação à questão da sustentabilidade é um dos aspetos mais positivos que se conseguiu alcançar. No entanto, o maior desafio acaba por ser a aplicabilidade desta como prioridade, uma vez que essas mesmas gerações estão “ainda muito longe dos centros de decisão”.
A questão ambiental terá, a seu ver, um enorme impacto nos sectores de moldes e plásticos. “A circularidade do sector ainda está muito longe de ser conseguida e com o agravar contínuo do ambiente, a pressão será muito grande no médio prazo para uma transformação abrupta”, considera, sublinhando que “as empresas menos preparadas terão sérias dificuldades”.
Para João Redol, a sustentabilidade não constitui, ainda, o mesmo grau de preocupação junto de todas as empresas. “Ainda estamos numa fase de muita comunicação, mas poucas evidências e mudanças realmente implementadas. A cultura empresarial, a situação prolongada de incerteza e o estado financeiro das empresas estão a direcionar as empresas para outras prioridades”, defende.