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I&D é caminho de crescimento e sobrevivência das empresas

Inovar. Inovar. Inovar. Para continuar a subir no patamar da competitividade, as empresas têm de estar constantemente a melhorar e a conquistar novos métodos que assegurem a qualidade e excelência.

A inovação é a resposta e, até, uma questão de sobrevivência num mundo onde a evolução acontece a uma velocidade vertiginosa. A indústria não está sozinha nesta viagem: seja com as universidades, seja com o CENTIMFE, há uma rede que apoia na investigação e desenvolvimento de novos conceitos e processos, fundamentais para garantir o progresso.

A competitividade das empresas está sustentada na inovação, seja de produto, processo organizacional, ou mesmo de marketing. Sendo uma indústria de capital e conhecimento intensivos e infraestruturante pelo impacto que promove noutras áreas, a indústria de moldes tem como rumo natural a evolução e a sua afirmação, reforçando o seu posicionamento nas cadeias de valor mundiais. Quem o defende é Rui Tocha, diretor-geral do CENTIMFE. Por isso, considera, é imperativo que a indústria continue a apostar no processo evolutivo que tem feito, de forma a vencer os desafios que se colocam.

A nível do desenvolvimento do produto, exemplifica, o desígnio é o de reforçar a sua ação no “design holístico”, ou seja, trabalhar o design e desenvolvimento de produtos com a integração dos processos produtivos eficientes e o seu final de vida. Tudo isto numa lógica integradora e de melhoria contínua, assegurando os princípios da economia circular. Para assegurar esta resposta, a indústria tem de continuar a reforçar as suas competências e capacidades de resposta ao mercado, inovando constantemente.

Rui Tocha (CENTIMFE)

As empresas, considera, têm feito essa aposta. Um dos exemplos que aponta é a integração acentuada do fabrico aditivo na sua oferta diferenciadora. Estas tecnologias, na ótica do ‘design holístico’, são muito relevantes, uma vez que, entre outras questões, permitem antecipar soluções técnicas de otimização dos processos produtivos, validar conceitos, testar soluções e encurtar o “time-to-market” na resposta a clientes globais. Por outro lado, permitem otimizar os tempos de ciclo de injeção, responder à crescente customização dos produtos, ganhando eficiência e aportando sustentabilidade à oferta das empresas nacionais.

Quanto mais a montante da cadeia de valor as empresas se posicionam, maior facilidade poderão ter em assegurar novos projetos.

Uma outra área na qual as empresas têm apostado diz respeito à capacitação e conhecimento diferenciador (indústria 5.0), dando nova centralidade às Pessoas nas organizações, explorando softwares sofisticados que, através do recurso, por exemplo, a inteligência artificial, permitem o acesso a dados em tempo real e, com isso, a tomada consciente e rápida de decisões. Isto, conjugado com a adoção de outras tecnologias e processos, permite às empresas melhorarem a sua resposta, eliminando erros e cumprindo prazos, numa clara valorização do conhecimento interno das empresas.

Além disto, algumas empresas, salienta, “têm-se posicionado mais a montante na cadeia de valor”, trabalhando a conceção e o conceito de produtos, reforçando a sua ação ainda ao nível do design “conceptual”, num reforço claro do seu posicionamento estratégico, junto dos clientes.

Rui Tocha considera que “quanto mais a montante da cadeia de valor as empresas se posicionam, maior facilidade poderão ter em assegurar novos projetos (mais encomendas de moldes e de produtos e componentes) ”.

Um aspeto que considera “crítico” no sector é a inovação dos processos. Desde a sua origem que a indústria adota tecnologias de vanguarda. “As empresas têm feito um esforço enorme”, considera, sublinhando que não basta ter apenas modernidade tecnológica. É necessário ter em conta desafios que se colocam crescentemente às empresas, como a eficiência energética e a sustentabilidade, em especial a sustentabilidade económica.

Depois, há a questão da inovação organizacional que, no seu entender, “vai continuar a marcar fortemente a nossa indústria nos próximos anos”. Desde logo, o desafio gigantesco da falta de pessoas, e em especial de pessoas qualificadas. “É preciso integrar o conhecimento nas organizações”, defende, considerando que, por isso, “é essencial também atrair e reter talento”. Para isso, considera que temos de acelerar o processo integrador de colocar as pessoas no centro das organizações.

Um outro fator que sustenta a indústria tem que ver com o seu posicionamento e a forma como comunica no mercado. Ou seja, a inovação no marketing. A pandemia de Covid-19 destacou o papel das redes sociais, do digital. E esta é uma área na qual as empresas têm de reforçar fortemente a sua aposta, destaca.

A abordagem da indústria de moldes a sectores estratégicos passa por um alinhamento mais concertado do seu modelo comunicacional. “As empresas têm de reforçar o seu posicionamento no mercado para ganharem quota e, assim, potenciarem a rentabilidade dos seus fortíssimos investimentos”, diz, considerando que isto poderá significar, em alguns casos, a alteração do modelo de negócio. Exemplifica com o caso da participação em feiras internacionais, nas quais o método de presença tradicional está a sofrer alterações aceleradas com a digitalização e exploração de modelos híbridos (digital e presencial).

É, no seu ponto de vista, essencial apostar numa estratégia consolidada de comunicação, de forma a que o cliente consiga percecionar o valor da oferta que as empresas de moldes representam. Ou seja, inovar no mercado. Se a marca coletiva ‘Engineering & Tooling from Portugal’ é o patamar mais alto da cooperação industrial, é, no seu entender, crucial continuar a promover esta força conjunta globalmente, na complementaridade das competências diferenciadoras de cada empresa per si!

As empresas têm de reforçar o seu posicionamento no mercado para ganharem quota e, assim, potenciarem a rentabilidade dos seus fortíssimos investimentos

A marca coletiva, afirma, “é distintiva à escala mundial”, afirmando uma oferta nacional de empresas inovadoras, globalmente diferenciadoras, e “fornecedoras de soluções chave-na-mão”, baseadas no ‘saber fazer’ e não ‘preço’.

Para percorrer este caminho, as empresas têm, desde logo, o apoio do CENTIMFE e toda a sua rede de inovação integrada no Cluster Engineering & Tooling representa, nesta altura, mais de 50 milhões em projetos de inovação, nos quais participam mais de 100 empresas e estão envolvidas 50 entidades do sistema científico e tecnológico. O objetivo é “trabalhar inovações competitivas para soluções diferentes”, focando nos mercados estratégicos definidos (automóvel, embalagem, dispositivos médicos, eletrónica, aeronáutica, etc.).

E se para algumas das mudanças não é necessário investimento tecnológico, para outras é fundamental que as empresas continuem a ter instrumentos financeiros disponíveis, de forma a consolidarem os seus projetos, diferenciarem a sua oferta e concretizarem em particular a dupla transição (digital e ecológica) que têm assumido como prioridade, ao longo dos últimos anos, na sua diferenciação competitiva no mercado global.

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