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Diferenciação: A aposta em novos produtos
GLN: Parcerias são fundamentais para fazer crescer I&D nas empresas
José Carlos Gomes, da GLN, é perentório: “Para poderem colocar produtos no mercado, o grande desafio que se coloca às empresas do sector dos moldes e plásticos é conseguir associarem-se com outras que detenham a relação com o cliente”. É que, salienta, a indústria de moldes e injeção, quer pela dimensão das suas empresas quer por não terem os canais de distribuição verticalizados pela sua condição de ‘business to business’, não tem como colocar produtos no mercado, pelo que necessita de parcerias fortes nesse âmbito.
Exemplificando com o caso da sua empresa, considera que é imperioso estabelecer parcerias que permitam alcançar isso. Foi o que aconteceu, relata, com o desenvolvimento de cápsulas para café com uma empresa nacional. “O cliente desafiou-nos e o produto acabou no mercado”, explica.
Nem todos os produtos que a GLN procurou desenvolver de forma idêntica tiveram o mesmo sucesso. No entanto, considera, “a procura de produtos inovadores é constante”. Por isso, a empresa não se ficou por aí. Até porque, salienta, “é preciso que apostemos no estímulo constante da nossa capacidade inventiva”.
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José Carlos Gomes (GLN)
Em 2019, adianta, foi criada a estratégia de inovação para o grupo, que contempla, entre outros aspetos, tecnologias e produtos de interesse, bem como o roteiro para conseguir o apoio necessário. Os pilares principais são três: produtos, tecnologias e parceiros.
Dá outro exemplo de um produto inovador, no caso um capacete cirúrgico que a empresa está a desenvolver em conjunto com o Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA), em Matosinhos. Trata-se de um equipamento de proteção individual com imagem, som, refrigeração, entre outras características. Está a ser desenvolvido há mais de dois anos e a sua aplicação estende-se muito para lá da proteção à Covid-19.
Esta aposta neste tipo de inovação, conta, faz-se a nível interno, na empresa, com uma forte interação interdepartamental, mas também a nível externo, com parceiros nacionais, europeus e de vários países.
Mas além disto, as empresas têm de ter o seu foco na inovação do processo produtivo e, com ele, na melhoria contínua. Mas, adverte, isto acontece numa vertente mais específica: fazer e estar nos processos desde muito cedo, seja no desenho, na conceção e nas soluções para desenvolver o molde e, com isso, conseguir o melhor produto.
“A indústria de moldes está muito a montante face ao contacto dos produtos com os clientes finais; ou seja, pese embora os moldes e plásticos sejam primordiais para lançar novos produtos, é importante receber os sinais do consumidor final, que nos chegam indiretamente via os nossos clientes. Por isso a importância de relações fortes com esses parceiros. A inovação faz-se trabalhando em conjunto com os clientes, desde a conceção, o acompanhamento tecnológico e, simultaneamente testando e propondo novas soluções”.
Já o foco das empresas do sector está muito mais orientado para as novas tecnologias e inovações na indústria, pois são estas que permitem ganhar competitividade. E é com essa postura que a indústria consegue alcançar as melhores soluções que permitam responder aos enormes desafios que tem, por exemplo e atualmente, o sector automóvel em termos de prazo e preço.
E o que ganham as empresas com esta forma de atuar? No seu entender, se alcançarem trabalhar inovação ao nível dos processos e ao nível de novos produtos com os seus clientes, conseguem melhorar os seus processos internos e ganhar competitividade (através de gestão de custos e eficiência), desenvolver produtos inovadores capazes de distinguir-se e afirmar a empresa pelo seu posicionamento. Mas, alerta, “não basta fazer a diferenciação, ela tem de ser percecionada pelos clientes”. Para si, “a comunicação é fundamental”. Através dela, a empresa tem de conseguir demonstrar, no dia a dia, a sua mais-valia através das soluções que propõe.
Para José Carlos Gomes, a inovação está no mindset de uma empresa. Por isso, uma cultura de inovação demora a desenvolver-se. “É preciso ser ágil, assumir os processos de tentativa e erro como normais, fazendo-o em ciclos rápidos”, afirma.
“As empresas tendem a ficar na sua zona de conforto – com as tecnologias que existem e vão sendo desenvolvidas - mas é preciso mudar, acrescentando competências e, com isso, desenvolver a organização”, sustenta, frisando que “inovação pode ser criar algo diferente, algo novo, não só para a empresa, mas para o mercado, mas também pode ser o resultado de contínuas pequenas ações de ajustamento nos processos ou nas características nos produtos. No caso da GLN, é essencialmente uma inovação incremental no dia a dia, mas com alguns projetos em parceria com carácter mais disruptivo.