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I&D e os Mercados: Novas abordagens para assegurar o sucesso dos negócios
Grupo IBEROMOLDES: Monitorizar mercados para encontrar nichos e oportunidades
De entre os produtores de moldes mundiais, Portugal foi o que teve de caminhar mais e chegar mais longe para assegurar o sucesso desta indústria. Sem mercado interno para os seus produtos, os fabricantes foram obrigados a desbravar mundo em busca de clientes e continuam a fazê-lo para garantir a rentabilidade da capacidade instalada. A pandemia alterou a dinâmica do acesso aos mercados, dando maior relevância à comunicação digital. A inovação tem sido uma ferramenta essencial ao serviço do sector, não apenas porque permite criar janelas de ligação aos clientes, mas também porque tem dotado os produtores de competências essenciais para conquistar novas áreas de negócio.
Numa conversa a várias vozes, o Grupo IBEROMOLDES dá conta da importância da aposta contínua e sustentada em projetos de inovação como forma de desenvolver novos saberes e competências, permitindo alavancar o posicionamento das empresas do Grupo nos mercados-alvo, concorrendo lado a lado com as melhores empresas globais, bem como estabelecendo parcerias com clientes globais e líderes de mercado. Esta estratégia e filosofia corporativa permitem preparar as empresas para abordagens diferenciadas aos mercados, bem como promovem o estabelecimento de novas e frutuosas parcerias que se desenvolvem em novas áreas de negócio.
Joaquim Menezes, António Pina, Gabriel Ribeiro, Pedro Pereira, Leonel Jesus e João Pais explicam que, apesar dos avanços tecnológicos e de tudo o que eles permitem, a abordagem aos mercados mantém uma premissa que é, na essência, bastante convencional: fazer a investigação e monitorização das oportunidades e dos nichos que se afigurem prioritários para a estratégia do Grupo. Segundo os presentes “os mercados evoluem todos os dias, mas as oportunidades nem sempre aparecem explicitas, há que as procurar. Por isso, é preciso estar alerta e em monitorização constante”.
Há mais de três décadas que as empresas do Grupo IBEROMOL- DES participam em projetos de I&D, é uma cultura enraizada na empresa desde a sua génese. Formalmente, desde a década de 90, já participaram em cerca de 40 projetos em consórcios que abrangem empresas e outras instituições, nacionais e internacionais, sendo relevante a colaboração com centros tecnológicos e universidades.
No início, esses projetos estavam bastante focados nas tecnologias de produção e afins, como são o exemplo pioneiro das tecnologias de prototipagem e de informação. Mais recentemente o foco tem estado em desenvolver soluções para sectores e indústrias diferenciadas, como são os casos da aeronáutica, eletrónica, inteligência artificial e processos competitivos de industrialização.
“Utilizamos esta nossa ação em I&D, que é muito intensa, desenvolvendo no Grupo uma média de seis ou sete projetos ao ano”, frisando que para além dos projetos I&D em consórcio, que aproveitam programas de inovação, nacional e internacional, existe igualmente um número considerável de projetos I&D de âmbito interno e com aplicações muito específicas para a oferta da atividade própria do Grupo. “Há projetos formais e outros mais informais que decorrem nas empresas, no desenvolvimento de ideias e metodologias sugeridas pelas próprias pessoas das empresas. Com isto, incentivamos a inovação nas empresas”. Como exemplo de um projeto informal, referem que, no sector da aeronáutica, desenvolveram há dois anos, e na sequência de investigação que foram fazendo durante os últimos 12 anos, um protótipo de um avião elétrico. “O projeto surgiu na sequência destas capacidades desenvolvidas”, explicam.
Há toda uma cultura de inovação, que estrategicamente é desenvolvida e disseminada por toda a comunidade IBEROMOLDES através de várias iniciativas, sendo a mais conhecida e visível as Oficinas de INOVAÇÃO, que se realizam semestralmente, e onde todas as pessoas do Grupo participam. Estas têm como objetivo dar a conhecer o que o Grupo faz no domínio da inovação.
O principal mercado do Grupo, sendo também representativo da esmagadora maioria das empresas da indústria de moldes em Portugal, é a indústria automóvel. Mas isso não significa que deixe de procurar adquirir valências que lhes permitem melhorar a resposta noutras áreas industriais. Pelo contrário. “Desenvolvemos competências, estudamos novos processos de forma que, com isso, possamos alavancar a nossa resposta, não só ao principal mercado que é o automóvel, mas também em outros mercados nicho”, explicam.
A aposta em projetos permitiu ganhar aptidões e competências. Isso, por si só, não abre as portas dos mercados “… há que dar a conhecer e procurar oportunidades em áreas menos habituais”. As novas oportunidades não aparecem de um dia para o outro, são o resultado da ação promocional e comercial, em paralelo com o que a empresa faz e o valor acrescentado que realiza”, salientam, adiantando que a entrada num novo mercado demora anos, sendo um exercício de persistência e por vezes, alguma sorte”.
Lembram que uma nova encomenda tem por base a confiança que diariamente se constrói no trabalho e cooperação com os clientes. O Grupo tem mantido estável a carteira de clientes, a maioria dos quais, clientes de décadas com volumes de encomendas regulares. A título de curiosidade, referem que o cliente mais antigo com encomendas anuais regulares data de 1979.
Desde o seu início, em 1945, a empresa Aníbal H. Abrantes já forneceu moldes para mais de 120 países. “Isto significa que é necessário estabelecer uma confiança forte e duradoura, alicerçada em muito trabalho em conjunto”, sublinham, considerando que “os clientes de sempre, são o resultado de muita iteração, encomendas regulares e dedicação”. Por isso, em tempo de pandemia, e mesmo com a comunicação à distância, os clientes mantiveram-se e o fator confiança prevaleceu na continuidade dos negócios.
Desde cedo, ainda na década de 70, pequenas inovações, nomeadamente ao nível da informação, proporcionaram a consolidação da confiança dos clientes, os ‘progress reports’ como elemento de comunicação regular sobre o desenvolvimento das encomendas foram uma das ferramentas mais importantes. “O cliente está longe, nem sempre nos visita e precisa desta atualização sistematizada.
Das várias abordagens aos mercados, o Grupo IBEROMOLDES já teve a experiência de criar empresas em vários países, de forma dar importância ao fator proximidade. O Grupo conta com um legado de constituição de 37 empresas, das quais 14 localizadas fora de Portugal, em países como a Tunísia, México, Brasil, Reino Unido, Escandinávia, Alemanha, India ou mesmo China. “Na altura, acreditávamos ser fundamental esta deslocalização, porque os clientes nos diziam, mas o sucesso desta aposta depende muito de encontrar as pessoas certas e, em alguns países, a cultura é tão diferente da nossa, que nem sempre resulta como esperamos”, consideram.
A cooperação entre empresas dentro do sector foi, e tem sido, um elemento de alavancagem na promoção internacional. Joaquim Menezes considera extremamente interessante esta característica da indústria portuguesa estar a ser claramente percecionada pela concorrência internacional, tornando-se num elemento distintivo da indústria de moldes nacional. Recorda que a indústria, sob a coordenação da CEFAMOL, teve essa abordagem de forma muito instrumental na sua promoção, que de certa forma foi inspiradora da criação e desenvolvimento do Cluster Engineering & Tooling. A indústria desenvolveu-se e hoje é muito mais que um conjunto de empresas de moldes. Os saberes, competências e capacidades decorrentes de uma atividade sofisticada e cooperante levou ao alargamento da oferta de soluções cada vez mais integradas, que as empresas têm sabido explorar através de negócios ao longo da sua cadeia de valor estendida – interna e externamente.
A marca coletiva ‘Engineering & Tooling from Portugal’, visa promover concertadamente esta oferta diversificada, considerando-se que tem tido um papel muito importante na consolidação da imagem do sector “…os nossos moldes são conhecidos e reconhecidos no mundo inteiro”, afirmam.