Catálogo_ A Arte do Ofício

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8. A história da energia Não podemos entender a evolução das ferramentas do homem sem considerar as fontes de energia que conseguiu dominar. E não é só usar, mas usar cada vez melhor e com mais eficácia. Começando com o uso exclusivo da sua musculatura, o homem domina várias outras fontes e hoje consegue energia de células fotovoltaicas. Não foram proezas menores. Mais precisamente, a evolução do homem se dá pari passu à sua crescente capacidade de usar melhor sua musculatura, bem como o salto que foi desenvolver outras fontes de energia. Vendo de outro ângulo, tudo que conseguiu realizar com suas ferramentas e materiais não teria sido possível sem os avanços paralelos no uso de novas fontes de energia. Afinal, como pôr em movimento uma máquina operatriz sem haver dominado a energia dos ventos, da água ou do carvão? Leslie White diz a mesma coisa de maneira mais concisa. É a Lei do Desenvolvimento Cultural. Segundo ele, “tudo mais permanecendo constante, o grau de desenvolvimento cultural de uma sociedade varia diretamente com o nível de energia per capita que é captada e posta a seu serviço”. Stanley Jevons chama a atenção para um paradoxo. Quanto mais eficiente a produção e o uso da energia, mais fortes as razões para usá-la. Os ganhos de eficiência, em vez de levarem à sua economia, estimulam um uso maior. Antes de prosseguir, vale chamar a atenção para a gigantesca massa de conhecimentos sobre energia

a que somos obrigados a voltar as costas no presente capítulo. A começar pela própria definição do que é. O próprio Richard Feynman, Nobel de física, nos diz que “na física de hoje não temos conhecimento do que é energia”. Assim, a narrativa segue um caminho que evita as complicações teóricas e apenas conta a história dos avanços do homem em dominar fontes cada vez mais eficazes de energia.

O uso inteligente da força humana12 Na sua dotação de força física, o homem não ultrapassa os outros primatas. Pelo contrário, é mais fraco do que a maioria deles. Contudo, em virtude da criatividade com que usa sua escassa força, consegue grandes proezas que estão longe das possibilidades de qualquer outro animal. Inicialmente, o homem usava seus braços para quebrar cocos, raspar e descascar alimentos, preparar e usar armas rudimentares e desenvolver uma infinidade de atividades. Isso lhe permitia um crescente domínio sobre a natureza. Ao inventar tais técnicas, lentamente, vai se diferenciando dos outros animais. Como a sua força física é limitada, ele aprende a usá-la com mais inteligência. Vendo de outro 12 Os exemplos pré-históricos vem do livro de Otis T. Mason, The Origin of Invention (New York: Scribner & Sons, 1895) reproduzido pela Google.

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