Catálogo da exposição "A imigração alemã em terras paulistas"

Page 1

A Imigração Alemã em Terras

Paulistas H ERCU LE FLORENCE FESTIVAL DE FOTOGRAFIA DE CAMPINAS • 2ôl I


Curadoria Olga Rodrigues de Moraes von Simson Marli Marcondes Cรกssia Denise Gonรงalves


UNICAMP

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

o

Reitor Prof. Dr. Fernando Costa

Vice-reitor Prof. Dr. Edgar De Decca

Diretor COCEN Profa. Dra. ítala D'Ottaviano

Diretor CMU Profa. Dra. Maria Carolina Bovério Galzerani

Diretor Associado CMU Profa. Dra. Maria Elena Bernardes

<^0 Centro de Memória UNICAMP


^■

r

Jfí M

» • 1

,r>


Mostra Fotográfica

A Imigração Alemã

em

Paulistas

Realização Arquivo Fotográfico do Centro de Memória - Unicamp Período 18 de outubro a 16 de novembro de 2011 Local Museu da Imagem e do Som de Campinas

Terras


A Imigração Alemã em Terras Paulistas

Concepção gráfica: Copídesque e legendas: Reprodução fotográfica:

Marli Marcondes - CMU Cássia Denise Gonçalves - CMU Antonio Augusto Ferreira - CMU

AGRADECIMENTOS Alexander Denarelli Aracy Arens Arthur Merbach Dr. João Ernesto Dierberger Lúcia Bierrenbach de Castro Luíza Herrmann Museu Theodor Kõlle Odete Villas Boas Gouveia Reynaldo Hüssmann Sônia Nobre Theodoro Paulo Koelle Wemer Schumutzler Esther Zink

A imigração alemã em terras paulistas / Olga Rodrigues de Moraes von Simson, Marli Marcondes, Cássia Denise Gonçalves, (organizadoras). Campinas, SP: Centro de Memória-UNICAMP, 2011. 41 p.: il. 1. Catálogos de exposição - Fotografia. 2. Imigração alemã. I. Título. II. Simson, Olga Rodrigues de Moraes von. III. Marcondes, Marli. VI. Gonçalves, Cássia Denise. IV. Universidade Estadual de Campinas. Centro de Memória. CD D 016

Foto capa Imigrantes a bordo. Santos, 190_. Coleção Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado de São Paulo / Centro de Memória-Unicamp


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

1. Educação

2. Ginástica

3. Agricultura

4. Indústria

5. Cultura e Lazer


Apresentação

São Paulo é hoje a cidade brasileira que possui o maior número de descendentes de alemães e suiço-alemães em sua população (cerca de 400.000) e o interior de nosso estado conta com um grupo significativo de cidades que foram, no século XIX e início do XX, "colônias" alemãs. O termo colônia guarda o sentido de que elas contaram com grande contingente de população de origem germânica e conservaram, até pelo menos o fim dos anos vinte do século passado, hábitos alemães, a língua teuta e a religião luterana, fato que parece ter deixado certa influência nessas localidades. O grupo teuto foi o primeiro que chegou à região para substituir o braço escravo nas grandes plantações cafeeiras paulistas, ainda no século XIX. Ele aqui se fixou, reproduziu-se e prosperou, trazendo certamente contribuições para a formação da sociedade paulista. A Província de São Paulo recebeu seu primeiro grupo de imigrantes alemães em 1827, formando a colônia de Parelheiros, em Santo Amaro, até hoje conhecida como Colônia Velha. Eles foram enviados pelo Imperador D. Pedro I, que também fundou a colônia suiço-alemã de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, em 1829, para residir nessa região tão afastada, por pressão do bispo católico que exerceu seu poder para afastar as famílias luteranas das famílias católicas. O segundo grupo de imigrantes, de fala e cultura germânicas, a serem fixados na Província de São Paulo viriam de maneira diversa e só após 1846, graças à iniciativa dos grandes fazendeiros de café da região de Campinas. Preocupados com a crise do sistema escravocrata e acreditando que o trabalho nas fazendas cafeeiras poderia ser realizado, com maior eficiência e qualidade, por mão de obra camponesa de origem européia, os fazendeiros paulistas decidiram criar uma companhia para trazer camponeses alemães e suiço-alemães para trabalhar em suas fazendas, sob o sistema de parceria. A experiência pioneira sob este sistema aconteceu na Fazenda Ibicaba, em Limeira, de propriedade do Senador Vergueiro, por volta de 1850. Assim que conseguiam livrar-se da dívida contraída pela vinda e instalação no Brasil e amealhar um modesto capital, seja para a compra de uma pequena propriedade, ou para abrir um estabelecimento comercial bem simples, fixavam-se em sítios ou se tomavam pequenos comerciantes nos centros urbanos, então em intenso processo de crescimento, ensejado pela riqueza advinda do café.


Os imigrantes alemães foram responsáveis, já no século XIX, pela introdução de um comércio considerado de luxo na época ou por estabelecimentos de serviços com nítido cunho europeu, como lojas de chapéu, lojas de flores artificiais, lojas de instrumentos e partituras musicais, ateliês de pintura e depois de fotografia, cursos de piano, cursos de costura e de língua estrangeira, como francês e alemão. Desde a sua chegada em terras do interior paulista, uma das iniciativas mais importantes das famílias imigrantes de origem germânica, depois da garantia da sobrevivência, era a manutenção da cultura e das tradições, processo que realizavam principalmente, por meio da escola étnica e da religião luterana. No âmbito da educação, introduziram escolas privadas de nível diferenciado, formando não só a seus filhos, mas também a muitos filhos dos fazendeiros endinheirados pelo café. A primeira deutsche schule (escola alemã) no estado foi organizada na Fazenda Ibicaba, em 1856. Em Campinas, a primeira instituição de ensino alemã foi a Deutsche Schule Campinas (atual Colégio Rio Branco), fundada em 1863. A Deutsche Schule Rio Claro (atual Colégio Koelle), foi fundada pelo Pastor Karl Ziuk em 1883. Os imigrantes teutos foram precursores na implantação de indústrias na região. Na cidade de Campinas, os irmãos Bierrenbach são apontados como fundadores da indústria local, com a instalação de uma fábrica de chapéus, em 1857. As famílias Faber e Arens também são pioneiras na cidade, com a instalação de máquinas de beneficiamento e de implementos agrícolas, em 1858 e 1877 respectivamente. Em Vila Americana - atual município de Americana - a Fábrica de Tecidos Carioba, com o comendador Franz Müller à frente, a partir de 1901, abriu caminho para o surgimento de um pólo de produção têxtil de importância nacional. Em Limeira, os Dierberger fundaram a primeira escola de enxertia do país, o que possibilitou o desenvolvimento dos grandes laranjais da região e posteriormente, da agro-indústria de suco de laranja. Estas são apenas algumas das conquistas que o contingente germânico possibilitou aos paulistas, com quem se integraram de maneira relativamente fácil e rápida. Surgiram dessa integração muitas famílias teuto-brasileiras que já se tomaram tradicionais em nosso estado, cujos descendentes são membros já tão integrados à vida dessas cidades, que muitas vezes acabam se esquecendo das suas remotas raízes germânicas e se afirmam como paulistas da gema, que realmente são.

Olga vou Simson



Á1

>

* -

L.

1. EDUCAÇÃO


PANORAMA DA EDUCAÇÃO DOS POVOS DE LÍNGUA E CULTURA GERMÂNICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO Prof Dr' Maria Cristina dos Santos Bezerra/UFSCAR Prof1 Dr' Olga Rodrigues de Moraes von Simson/UNICAMP

A primeira escola étnica alemã no Estado de São Paulo foi organizada na Fazenda Ibicaba, do Senador Vergueiro, em 1856. Contudo, após pouco tempo de existência, ela foi fechada devido às más condições oferecidas para o seu funcionamento. Campinas foi a primeira cidade do Estado a ter uma escola alemã em espaço urbano, como também, fora a capital, foi a região que mais contou com escolas alemãs no século XIX. Foram cinco, das quais três eram urbanas e duas rurais: a Deutsche Schule Campinas (1863), da Sociedade Alemã de Instrução e Leitura, laica e elitista; o Colégio Florence (1863), fundado por Carolina Krug Florence e direcionado à educação feminina; a dissidente da Deutsche Schule, a Nova Escola (1893), luterana; a Escola do Bairro Rural de Friburgo (1879), de constituição comunitária e a Escola Teuto Brasileira do Núcleo Colonial Campos Salles (1898). Na listagem das escolas de origem germânica em São Paulo, além das criadas em Campinas, figuram ainda a Deutsche Schule São Paulo (1878), atual Colégio Porto Seguro; a Deutsche Schule Rio Claro (1883), atual Colégio Koelle; a Deutsche Schule Santos (1893); a Escola Rural de Kirchdorf (1900), em Leme, e, a mais antiga, a Escola da Associação Escolar de Pires de Limeira (1874), sendo as três últimas desaparecidas. A falta de escolas era suprida pelas famílias da elite com uma educação realizada no espaço familiar, educando no espaço da casa os próprios filhos geralmente através da contratação de um preceptor particular, pois a escola formal de primeiras letras não eraum fato comum, assim, de modo geral, aprendia-se em casa e ou diretamente no trabalho. No Império essa figura era masculina, substituída, no final do século XIX, pela figura feminina, estrangeira e de preferência alemã. As preceptoras estrangeiras tinham formação pedagógica, ensinavam em seu próprio domicílio ou habitavam com as famílias que as haviam contratado. Elas tinham como função ajudar na tarefa de preparar as crianças e os jovens para uma vida mais culta e elegante, através de uma educação não institucionalizada. As escolas alemãs diferiram umas das outras devido a muitos fatores. Desde a sua localização geográfica (rural ou urbana), quanto ao seu financiamento (particular privado ou associativo comunitário), quanto à classe social a que serviam (se colonos ou operários, se camadas médias ou altas), ou à religião predominante ou a sua ausência (se católica, luterana ou laica), ou ainda quanto ao nível e tipo de ensino oferecido (se primário, secundário ou médio, se profissionalizante ou propedêutico).


Enfim, essas escolas possibilitavam uma série de combinações de interesses, porém, todas envolvidas na formação do cidadão brasileiro de ascendência teuto-brasileira. A atividade educacional, além da educação propriamente dita, era um canal apropriado de comunicação e apoio para solucionar os problemas cotidianos, quer fossem relacionados ao lazer, à religião e à política. Assim, a escola era uma das instituições das mais importantes para a manutenção do grupo étnico, pois, mais que preservar a germanidade, ela era a responsável pela integração mais rápida dos alemães e seus descendentes à sociedade brasileira. A preocupação presente era que os alemães pudessem se adequar às necessidades do país de adoção, podendo assim garantir sua sobrevivência social e financeira. Essas medidas marcam a presença de educadores alemães em São Paulo, organizando instituições de ensino para seus conterrâneos ou mesmo para a elite brasileira cujos membros não tinham condições financeiras para arcar com os custos do atendimento individual de um preceptor ou preceptora ou então para enviar seus filhos aos colégios internos que se instalaram nas cidades mais populosas. De todas as iniciativas do tipo Deutsche Schule, poucas sobreviveram ao tempo e às campanhas de nacionalização do governo brasileiro em 1919 e 1942, em virtude das duas Grandes Guerras Mundiais. Somente aquelas, com maior poder de organização política e melhor estrutura financeira, puderam elaborar estratégias de sobrevivência, conseguindo assim atender as exigências do poder público no sentido de manter o duplo currículo; brasileiro e alemão. No interior do Estado de São Paulo sobreviveram duas escolas alemãs. O Colégio Koelle em Rio Claro, e o Colégio Rio Branco em Campinas. Do ponto de vista da trajetória sócio-histórica de organização das escolas de origem germânica no Estado de São Paulo, sempre houve, em todas elas, uma preocupação muito grande em oferecer aos filhos de pais imigrantes uma educação em nível semelhante àquela que os progenitores tiveram na pátria de origem. É notória e significativa, a quantidade de escolas organizadas pelas famílias teutas e a participação e o cuidado que sempre demonstraram no acompanhamento da educação escolar de seus filhos. Com o passar do tempo, as escolas alemãs deixaram de ser escolas de imigrantes, de forte inspiração étnica, pautadas principalmente pela preservação da língua e da cultura germânicas. Caminharam buscando a constituição de um campo educacional internacional, no interior do qual se processa, na contemporaneidade, uma trama complexa de diferenciação social e manutenção de privilégios que se dá, via uma escolarização diferenciada.


1.1 Photografia Costa. Deutsche Schule Campinas (Escola Alemã de Campinas) na Rua Visconde do Rio Branco. Campinas, entre 1912 e 1920. Coleção Particular Alexander Denarelli Em 1938, durante o Estado Novo, uma lei exigiu a nacionalização das instituições, e o nome da escola foi mudado para Rio Branco, devido à rua em que se localizava.

1.4 Deutsche Schule Rio Claro (Escola Alemã de Rio Claro) - Intemato Evangélico Alemão: dormitório masculino e residência dos professores. Rio Claro, ca. 1910. Arquivo José Roberto do Amaral Lapa / Centro de Memória Unicamp A Deutsche Schule Rio Claro foi fundada em 1883 por Theodor Kõelle, o qual atendendo a um pedido do pastor Johann Jakob Zink, veio da Alemanha para auxiliar na formação dos filhos dos colonos alemães da região. Com a Primeira Guerra Mundial, a escola passou a chamar-se Instituto Koelle e atualmente chama-se Colégio Koelle.

1.7 Turma de alunos e professora da Escola Teuto Brasileira do Núcleo Colonial Campos Salles. Campinas, 1907. Coleção Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado de São Paulo / Centro de Memória Unicamp 0 Núcleo Colonial Campos Salles, criado em 1897 na região de Campinas, foi um núcleo de colonização imigrante do governo do Estado de São Paulo. Emancipado em 1915, deu origem à

1.2 Nova Escola Alemã localizada na Rua José de Alencar. Na janela, o prof. Carlos Zink. Campinas, 1917. Coleção Geraldo Sesso Júnior! Centro de Memória-Unicamp 0 pastor e professor Johann Jakob Zink deixou a Deutsche Schule Campinas, em razão desta não incluir disciplinas regidas pela moral evangélica luterana. Essa dissidência deu origem em 1893 à Nova Escola Alemã. Em 1931, já sob a direção do seu fdho Carlos Zink, aNova Escola fundiu se novamente com a Deutsche Schule Campinas.

1.3 A preceptora alemã Magdalena Eckert e os irmãos João Batista, Luiz Gonzaga e Estevão de Rezende Martins, netos do Barão Geraldo de Rezende. Mendes, RJ, 1916. Coleção João Falchi Trinca / Centro de Memória-Unicamp

1.5 Inauguração da nova Deutsche Schule Rio Claro (Escola Alemã de Rio Claro) na Avenida 14. Rio Claro, 6 fev. 1909. Museu Theodor Kõlle

1.6 Classe de alunos da Deutsche Schule Rio Claro (Escola Alemã de Rio Claro). Rio Claro, 193_. Museu Theodor Kõlle Por serem os luteranos mais liberais com relação ao convívio entre meninas e meninos, as escolas alemãs sempre foram mistas.

cidade de Cosmópolis. A grande maioria dos colonos do Núcleo Campos Salles era de origem alemã.

4

1.8 Escola Alemã no Bairro de Friburgo. Campinas, SP, 192_. Projeto Família Imigração e Cultura no Pós-Guerra - Os Alemães / Centro de Memória-Unicamp

4


1.1

1.3

1.2

1

^

'

I

1.6

1.5

1.4

% ■■MB ' I

Í § L!

(pw I

r

1,8

1,7

i'



MB r*

fü •«■ w,nt x ? ^1 /

Sft "»' 1

rt^jí

»

* mu» ^

611

'4 V w '■ •

%

s. ■

%


AS TURNENVEREINS COMO ESPAÇOS DE LAZER ALEMÃES NO INÍCIO DO SÉCULO XX EM CAMPINAS Cristiane Montozo Fiorin-Fuglsang Mestre em Educacão Física - FEF-UNICAMP

Foi no século XIX que surgiu um olhar mais sistematizado para a Ginástica. Como síntese de todas as outras épocas, foi neste século que ocorreu a sua estruturação, principalmente a organização dos Métodos Ginásticos e da própria Educação Física como um meio para produzir um homem mais adaptado à sociedade da época. Os Métodos Ginásticos foram criados por médicos, pedagogos e militares para a organização da prática das atividades físicas. Esses métodos incluíam exercícios de salto, corrida, força, equitação, esgrima, e também exercícios para fortalecer o corpo. No final do século XIX e início do século XX, Ginástica e Educação Física eram palavras sinônimas, não havendo muita diferença entre uma e outra. Na história da Ginástica há três grandes movimentos que se originaram por volta de 1800, definindo seus rumos. O Movimento do Centro, na Alemanha e Áustria, o Movimento do Norte, nos Países Escandinavos e o Movimento do Oeste, na França. Apesar das nuanças existentes entre estes, a formação do guerreiro, para a defesa da Pátria, estava presente na ideologia dos três movimentos. Na Alemanha, o termo Ginástica foi substituído por Turnen, impregnado de um conteúdo nacionalista e que ampliava a esfera de atuação desta prática. O Turnen significava muito mais do que a prática do exercício, sendo principalmente um estilo de vida que obedecia a objetivos morais. Entretanto, a Ginástica de cunho militar e essa outra ginástica, apesar de ter encontrado expressões distintas, uma no exército e a outra na vida social, são partes de um plano maior, que via no Turnen um caminho para melhorar a condição física dos seus praticantes. Enquanto a Ginástica é entendida como o conjunto de exercícios corporais praticados para um determinado fim, realizados no solo ou com o auxílio de aparelhos e aplicados com objetivos educativos, competitivos, artísticos ou terapêuticos, o Turnen é entendido como algo mais amplo, constituído pela Ginástica, pelos jogos, pelas caminhadas na natureza, pelo teatro e pelo canto coral. Em Campinas, há registros da imigração alemã desde 1856, com uma maior intensificação após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Foi no interior destes grupos, que saíram de sua terra natal para buscar uma outra vida na América do Sul, que os Grupos de Ginástica, os Turnverein introduziram, em larga escala, tanto a Ginástica de solo e com aparelhos, como a Ginástica praticada como lazer, aliada as outras atividades feitas em grupo


Durante o século XIX e início do século XX, ser teuto ou teuto-brasileiro era condição sine qua non para participar de uma sociedade de origem alemã. Carregados de ideologia, estes grupos mantinham, mesmo longe de sua terra, os ideais ginásticos simbolizados pelos quatro F: Frisch, Fromm, Frôlich e Frei, que significavam respectivamente: Saudável, Devoto, Alegre e Livre, sintetizando a essência da cultura ginástica alemã, como meio para alcançar um estilo de vida sadio. A Ginástica não é, portanto, a finalidade exclusiva dos Turnverein, mas sim a vida em sociedade, passar o tempo livre com seus compatriotas e a partir disso cultivar e manter o elo com a pátria de origem, por meio de práticas esportivas e culturais. Em Campinas a presença dos alemães ajudou amoldar a cidade nos seus mais diversos aspectos e um dos legados teutos, foi sem dúvida a introdução da Ginástica na cidade. Os clubs (grafia usada na época) fundados por alemães que faziam parte deste cenário foram o Club Concórdia, em 1871, o Eintrãcht, por volta de 1900, e o Turner Gruppe Campinas, em 1904. Com a Proclamação da República (1889) no Brasil e a implantação do projeto republicano de educação, que incluía exercícios físicos nas escolas, e ante a ausência de professores formados para ocupar esse espaço, Campinas recrutou muitos professores nos clubes alemães, em virtude da experiência destes com a Ginástica. A primeira professora da região, formada pela Escola Superior de Educação Física de São Paulo, foi a descendente de suíçoalemães OtíliaForsterem 1936. No entanto, com o advento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a sombra do nazismo pelo mundo, muitos clubes tomaram-se alvos de repressão. No caso do Tumer Gruppe houve uma mudança de nome e de identidade cultural - o clube aos poucos se transformou em um espaço social, não só para alemães, mas preferencialmente para brasileiros. A cultura recreativa alemã, trazida por imigrantes nos primeiros anos do século XX, teve fundamental importância para a formação do espírito que orienta o lazer do próprio campineiro. No âmbito educacional, a cultura alemã influenciou a forma de ensinar Educação Física nas escolas; os clubes contribuíram para a formação de uma cultura clubística e associativa e para a introdução de uma cultura esportiva na cidade. Vale a pena lembrar que Campinas em 1974 recebeu o título de Capital da Ginástica no Estado de São Paulo, pelo número de participantes desta modalidade no município.


2.1 Grupo Feminino do Turner Gruppe Campinas (Grupo de Ginástica de Campinas). Campinas, 1912. Coleção Particular Alexander Denarelli As mulheres também tinham espaço dentro da Ginástica, contudo, esse não era o mesmo dos homens. Os homens praticavam exercícios de força, enquanto as mulheres exercícios moderados.

2.2 União das três principais entidades alemãs de Campinas - o Clube Concórdia, a Deutsche Schule Campinas (Escola Alemã de Campinas) e o Clube Eintrâcht. Campinas, 1912. Coleção Particular Alexander Denarelli 0 escudo traz os dizeres "A união faz a força".

2.3 Turner Gruppe Campinas (Grupo de Ginástica de Campinas). Campinas, 191_. Coleção Particular Alexander Denarelli "Apirâmide é um símbolo de força e união. Ela proporciona que todos possam se sentir fortes, juntos na criação de uma coisa comum. Saber que é possível contar com o outro, (...) é motivo de conforto para todos estes que estavam longe de sua terra natal, na busca de uma nova vida" (FIORIN, Cristiane Montozo. ^4 ginástica em Campinas: suas formas de expressão da década de 20 a década de 70).

2.4 Phto. Amador. Turner Gruppe Campinas (Grupo de Ginástica de Campinas), Da esquerda para a direita, na quarta fila, em segundo lugar, Alhert Krun, professor de Ginástica do Colégio Culto à Ciência. Campinas, 190_. Coleção Particular Alexander Denarelli No canto esquerdo vê-se o cavalo com alças e no direito as barras assimétricas, "obstáculos artificiais" para a execução de exercícios, que mais tarde serão denominados "aparelhos de ginástica".

2.5 Deutsche Turner Gruppe Campinas (Grupo de Ginástica Alemão de Campinas). À esquerda, Eraest Ruck, técnico do Deutsche Turner Gruppe Campinas e, à direita, Fernando Thile, professor de Ginástica da Escola Normal Carlos Gomes. Campinas, ca. 1926. Coleção Particular Alexander Denarelli

2.6 Phot-Costa. Deutsche Turner Gruppe Campinas (Grupo de Ginástica Alemão de Campinas). A esquerda, em pé, Hans Meyer, ao centro, sentado, Emest Ruck e, à direita, Fernando Thile, professores do Deutsche Turner Gruppe Campinas. Campinas, 193_. Coleção Particular Alexander Denarelli

2.7 Demonstração de ginástica na inauguração do Parque Infantil do Cambuí. Em primeiro plano, de costas, a professora Otília Forster. Campinas, 10 set. 1939. Arquivo Otília Forster / Centro de Memória-Unicamp A descendente de suiço-alemães Otília Forster foi a primeira professora da região, formada pela Escola Superior de Educação Física de São Paulo em 1936,


2.1

2.3

2.2

D

?

2.4

2.5 H

2.6

'

ti

I ...3

2.7 Ô*"*

í. tí ■ víli.

:v V'sF^ í->f

«■" n

k

■» ís-r .

m

I


รก|


F

... - ■

^pP r

i ■HHHH

É

,

f

:

mM_

^

'V'' i "fp |

]

È ÉÉÉ# gHl^^mHpO^ i J&mÊm.^ ^J * 1

titM, tf


INOVAÇÕES AGRÍCOLAS E IMIGRAÇÃO ALEMÃ NO ESTADO DE SÃO PAULO Adriana Pessatte Azzolino Maria José F. de A. Ribeiro Wilson José Caritá

Logo após a proclamação dá independência do Brasil se fez notar a necessidade de mão-de-obra mais especializada do que a escrava, herança colonial. Após uma primeira experiência em 1827 com a instalação dos primeiros imigrantes alemães no Distrito de Santo Amaro, na cidade de São Paulo, foi em meados do século XIX que diferentes grupos étnicos vieram para o Brasil para trabalhar nas lavouras de café, que então dominavam o cenário agrícola do Estado de São Paulo. A falta de uma política efetiva por parte do poder imperial para a questão da imigração levou os fazendeiros de café, em 1840, a tomar a iniciativa de auxiliar a ação do governo. O Senador Nicolau de Campos Vergueiro foi o pioneiro a trazer para a sua Fazenda Ibicaba, em Limeira, 90 famílias de agricultores portugueses e, por volta de 1850, 80 famílias de colonos alemães. Outros cafeicultores lhe seguiram o exemplo. A Fazenda São Jerônimo, de Francisco Antonio de Souza Queiroz, futuro presidente da Associação Promotora da Colonização e Imigração, foi um dos diversos núcleos agrícolas a receber um contingente de famílias alemãs vindas do Ducado de Holstein, na época, pertencente à Dinamarca. Os imigrantes alemães quando conseguiam ^acumular capital adquiriam suas próprias glebas de terra que, em alguns casos, se tornaram bairros, como o Bairro dbá Pires em Limeira, constituído por famílias alemãs que haviam trabalhado na Fazenda São Jerônimo, ou o Bairro de Friburgo, em Campinas, formado por suíço-alemães provenientes da Fazenda Ibicaba. Os alemães do Bairro dos Pires investiram no plantio de laranjas, que em fins do século XIX já acenava como um promissor investimento agrícola no interior do Estado, pois o café já apresentava intenso declínio e, ainda hoje, esse grupo se destaca como produtor de laranjas in natura para uma rede de distribuidores de frutas que comercializam seus produtos em nível nacional. O desenvolvimento de pequenas propriedades dedicadas à policultura por imigrantes alemães, egressos das Fazendas Ibicaba e São Jerônimo deu origem aos importantes bairros rurais que ainda hoje concentram seus descendentes. Alguns imigrantes alemães tomaram-se grandes proprietários de terras, como o coronel Francisco Schmidt, proprietário, entre outras, da Fazenda Monte Alegre, em Ribeirão Preto, que chegou a ser reconhecido como o "Rei do Café" e cuja família veio da Alemanha para trabalhar na Fazenda Ibicaba, em 1858. Algumas famílias passaram a exercer atividades urbanas e apresentaram rápida ascensão social, arrematando terras nas quais haviam sido anteriormente colonos. É o caso da Família Levy que se estabeleceu na cidade com casas de comércio, após alguns anos como colonos na Ibicaba, adquirida por essa família em 1889.


Outro empreendedor foi o Comendador Franz Muller, proprietário da Fábrica de Tecidos Carioba em Vila Americana (hoje município), que buscando contornar a insuficiência de energia que limitava a expansão da fábrica, adquiriu em 1907, para a construção de uma hidrelétrica, a Fazenda Salto Grande que possuía uma grande queda d'água. A propriedade desenvolveu um projeto agrícola que adotava as mais modernas técnicas para o plantio do algodão, milho, feijão e alfafa, com equipamentos agrícolas tais como arados, cultivadores, destorradores, caracterizando-a como campo de experiências e de cooperação com o Instituto Agronômico de Campinas. Nas primeiras décadas do século XX assinalou-se um intenso intercâmbio da elite local com a Alemanha para acesso às novas tecnologias. O produtor de café Mario Souza Queiroz, ao regressar da Alemanha, onde residiu por vários anos, procurou alternativas para a cultura do café, ao mesmo tempo em que difundia o cultivo de citros. Souza Queiroz trouxe para Limeira o especialista em enxertia Edmund Hess, para difundir a técnica entre os agricultores locais. Em 1915 Limeira já apresentava uma produção expressiva de laranjas e iniciou-se a exportação para a Argentina e Uruguai. Datam de 1926 os primeiros embarques para a Europa. A atividade citrícola ganhou novo impulso na região com a vinda de João Dierberger, que adquiriu em 1924 a Fazenda Citra. Dierberger, que já possuía seu próprio negócio de formação de mudas ornamentais, introduziu variadas espécies frutíferas e ornamentais no país e se notabilizou pela habilidade com que efetivou seu cultivo e multiplicação. A Fazenda Itapema da Família Levy e a Fazenda Citra da Família Dierberger instalaram os primeiros barracões para seleção e empacotamento de laranja para exportação. A fazenda da Família Dierberger contratou Edmund Hess para ministrar cursos de enxertia para os agricultores, destacando-se na formação profissional de mãode-obra qualificada para a atividade agrícola. Em 1929 João Batista Levy e João Dierberger Júnior construíram a primeira máquina para beneficiar laranj a. Os imigrantes que desembarcaram na América trouxeram não apenas a esperança de uma vida melhor, mas o espírito empreendedor associado ã preocupação com a qualidade da educação. Os conhecimentos, transmitidos através de décadas, possibilitaram ao município de Limeira a notoriedade que assume atualmente, como grande produtor de mudas, tanto frutíferas como ornamentais.


3.1 Fazenda de café. São João da Boa Vista, 190_. Coleção Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado de São Paulo / Centro de Memória-Unicamp

3.2 0 Rei do Café - Coronel Francisco Schmidt. Ribeirão Preto, 190_. Coleção Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado de São Paulo! Centro de Memória Unicamp

3.3 Visita do Dr. Carlos Botelho, Secretário da Agricultura, a uma fazenda do Coronel Francisco Schmidt. Ribeirão Preto, 190_. Coleção Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado de São Paulo / Centro de Memória-Unicamp

3.4 0 Coronel Francisco Schmidt na serraria em uma de suas fazendas. Ribeirão Preto, SP, 190_. Coleção Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado de São Paulo / Centro de Memória-Unicamp

3.5 O.R. Quaas Phot. Campos de seleção. Campinas, Vila Americana, entre 1907 e 1910. Coleção Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado de São Paulo / Centro de Memória-Unicamp A firma Rawlison, Müller & Cia. foi um dos primeiros exemplos de verticalização da produção no interior do Estado de São Paulo, pois produzia a matéria prima, o algodão, o industrializava e ainda fazia a comercialização dos tecidos através de seu escritório localizado na Vila Carioba, ou de outro localizado na Capital.

3.6 O.R. Quaas Phot. 0 descaroçador. Ao fundo, o administrador daFazenda Salto Grande, Francisco Fomazaro. Campinas,Vila Americana, entre 1907 e 1910. Coleção Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado de São Paulo / Centro de Memória Unicamp Nas amplas instalações da área de serviço da propriedade instalaram-se máquinas para o descaroçamento do algodão e prensagem dos fardos, que eram transportados para fiação no complexo industrial da Carioba.

3.7 Fumigação das laranjeiras na Fazenda Citra. Da esquerda para a direita Oscar Camargo, Flenrique Jacobs e Paulo Leistemer. Limeira, 1934. Coleção Particular João Ernesto Dierberger

3.8 Photo Leoncini. PackingHouse daFazenda Citra. Limeira, 1934. Coleção Particular João Ernesto Dierberger A Packing House é a unidade responsável pela recepção, armazenamento, classificação, encaixotamento e expedição das frutas produzidas por pomares próprios.


3.3

3.2

3.1

H

o*® 1 ■ w/r H» m f i/,

vt

\

é > '•i ■■'1

3.6

3.5

3.4

m um

3.8

3.7

V wfe-í.:'.'



p*

miiWHW

4, INDÚSTRIA


PERCURSOS BIOGRÁFICOS DE INVENTORES E INDUSTRIAIS ALEMÃES EM CAMPINAS: 1829-1909 Ema Elisabete Rodrigues Camillo (CMU-UNICAMP) *

A existência de uma importante influência econômica e social germânica no Estado de São Paulo tem sido pouco percebida e estudada pois é resultado de um longo processo imigratório que, iniciado em 1829, encontrou seu auge na segunda metade do século XIX. Tendo sido dos primeiros a serem chamados para substituir o braço escravo nas grandes plantações cafeeiras paulistas do século XIX, os alemães ali se fixaram e prosperaram trazendo contribuições para a economia e a sociedade paulista. O boom cafeeiro ocorrido a partir da segunda metade do século XIX tomou Campinas a principal produtora do Oeste Paulista e o mais rico município da então província de São Paulo. A demanda por alternativas que resolvessem o problema da qualidade e quantidade do benefíciamento do café fez surgir um grupo de fabricantes de máquinas na cidade. O surto de crescimento industrial que ali teve lugar manifestou-se de maneira expressiva a ponto de constituir-se em um dos principais núcleos manufatureiros regionais, posição que ocupou não só desde o último quartel do século XIX, como também durante o século XX. O principal ramo em que se inseriam algumas unidades fabris ali surgidas era o metal mecânico, voltado à produção de bens de capital, os demais incluíam fábricas dedicadas à produção de bens de consumo. Essas primeiras unidades fabris resultaram da iniciativa de alemães existentes em significativa quantidade que, sem ou com algum recurso trazido com eles, conseguem estabilizar-se na cidade graças às suas habilidades profissionais. Sobre a origem do empresariado fabril no surto industrial acima referido existe estudo que identificou as fábricas existentes na cidade de Campinas, com base nesse levantamento foi possível elaborar um quadro descritivo sobre cada um desses indivíduos, sua localidade de origem, sua formação, atividade predominante, ano de chegada, o motivo da vinda e como se inseriram na cidade. Estes se fizeram presente em várias atividades, a começar pela atividade de invenção exercida por João Cornado Engelberg, que viveu em Campinas desde 1836. Engenheiro mecânico e fundidor, inicialmente contratado pela Fábrica de Ferro de Ipanema, veio desde 1853 aperfeiçoando o sistema de máquinas "Conrado", por ele criado, composto por 26 máquinas destinadas a descascar e beneficiar café. Essas máquinas passaram a ser produzidas em 1868 por Bierrenbach & Irmão. Os Krug chegaram a Campinas antecedidos pelo filho Jorge Guilherme Henrique Krug, já estabelecido na cidade desde 1846 como farmacêutico. Contudo, a primeira marcenaria/carpintaria da cidade foi criada em 1853 pelo outro filho, Francisco G. Henrique Krug. Paralela a essa foram criadas também as fábricas de Descaroçar e Enfardar Algodão, de Trolys, Carros e Carroças, Ferraria e Serraria. A morte de Francisco Krug em 1889 colocou á frente dos seus negócios a Viúva Krug, Helena BackheuserKxug. Igualmente os Bierrenbach foram os responsáveis pela implantação da primeira fábrica de chapéus da cidade em 1857, Bierrenbach & Irmão. Eram descendentes do alemão João Bierrenbach de Brandenburg e de Barbara Reichmann, da Baviera. João aportou no Brasil em 1829 como integrante de um dos batalhões da Guarda da Imperatriz do Brasil, dona Amélia de Leuchtenberg. Dirigiu-se inicialmente para o sul do país para defender as fronteiras e fúndou, na cidade de Pelotas, uma pequena fábrica de chapéus.


Em 1837 partiu para São Paulo e instalou nova fábrica na Ladeira dos Piques. Quando faleceu João Bierrenbach em 1855, seu fdho mais velho, João Antonio, optou por transferir os negócios da família para Campinas, e lá instalou a Fábrica de Chapéus que havia fechado em São Paulo. Ali também foram abertas outras unidades fabris, como a Fábrica de Descaroçar e Enfardar Algodão, Fundição e Oficina de Máquinas, Fábrica de Carros e Trollys e a Fundição Bierrenbach. Ainda com relação às fábricas de chapéus ali surgidas e igualmente implantadas por alemães, há que se mencionar a Fábrica de Chapéus Hempel, constituída em 1872 por Frederico Hempel, Germano Spielmann, e Gennano Wagner. Em 1880 passaram a firma para o comando de Carlos Kaysel, Luiz Schreiner e Ricardo Petrich. Carlos Kaysel veio de Altona como oficial chapeleiro. Luis Schreiner trabalhou como chapeleiro na Alemanha e chegou ao Brasil em 1877. Ricardo Petrich, natural de Braslau, residiu primeiramente no Paraná empregando-se na fábrica Hempel somente em 1875. Outra Fábrica de Chapéus que merece ser mencionada é a de João Ziegleder, fundada em 1879. Natural da Baviera, Ziegleder trabalhou por dez anos como contramestre da fábrica de chapéus de Bierrenbach & Irmão, antes de abrir seu próprio negócio. A Grande Fundição Brasileira de Johan Ludwig Benjamin Faber, aberta em 1858, foi a primeira no gênero a ser instalada em Campinas. A vinda de Johan Faber para o Brasil teve início com o convite recebido para assumir a função de mestre de uma grande oficina existente no Rio de Janeiro. Deixou a Alemanha em companhia de 9 oficiais, em 1855, mas nada encontrou ao chegar no Brasil. Mesmo desiludido resolveu ficar e, após algum tempo, mudou-se para a Fazenda Ibicaba. Em 1858 resolve se estabelecer em Campinas e cria a Grande Fundição Brasileira. Ao falecer em 1878 seus negócios passaram a ser conduzidos pela Viúva Faber e pelos filhos Pedro e Henrique Faber. Arens Irmãos, uma fundição, serraria e ferraria, fundada em Campinas por Fernando Arens e seus irmãos Augusto e Henrique por volta de 1877. Vieram todos da corte onde o pai, o alemão Henrique Arens, havia se estabelecido há mais de trinta anos,. Este os havia mandado para a Alemanha, de onde voltaram formados em engenharia mecânica. Em 1874 estabeleceram-se como agentes importadores de máquinas produzidas por fábricas estrangeiras para a lavoura e indústria. Pretendendo expandir seus negócios, determinaram estabelecer uma filial da casa do Rio de Janeiro em São Paulo. Foi Campinas o local escolhido. Entrados no século XX vamos encontrar o Comendador Franz Müller adquirindo a Carioba, fábrica de tecidos implantada em 1875 e mantida fechada por seis anos pelo Banco da República do Brasil devido ao seqüestro dos bens para pagamento de dívida. Para tanto foi constituída a firma Rawlinson, Muller & Cia, que adquiriu a Carioba em 1901, passando Muller a administrá-la segundo uma nova concepção de trabalho e ocupação de espaço. Natural de Braunschweig, chegado em 1879, dirigiu-se inicialmente para o Rio Grande do Sul. Em 1889, já com família, deslocou-se para São Paulo, onde se estabelece com uma firma importadora desde linhas até ferragens e maquinaria. Tendo recomeçado a funcionar em 1902, a Carioba apresentaria um rápido desenvolvimento em razão das alterações sofridas no seu esquema produtivo, limitando a produção somente à fiação e ficando a tecelagem a cargo de tecelões instalados em suas próprias casas. Esse sistema foi abandonado em 1911, momento em que a produção combinada voltava a ser praticada no interior da fábrica. Pode-se afirmar que essa fase inicial abriu caminho para o surgimento da indústria façonista, que caracterizou o futuro desenvolvimento industrial da cidade de Americana.

* Camillo, Ema Elisabete Rodrigues. Guia Histórico da Indústria Nascente em Campinas, 1850-1887. Campinas: Mercado de Letras, 1998.


4.1 O.R. Quaas Phot? Vista parcial da Fábrica de Tecidos Carioba. Campinas, Vila Americana, 1920. Coleção Canoèa/Arquivo Edgard Leuenroth-Unicamp

4.2 O.R. Quaas Phot? Vista geral dos teares da Fábrica de Tecidos Carioba. Campinas, Vila Americana, 1920. Coleção Cunoèa/Arquivo Edgard Leuenroth-Unicamp

4.3 O.R. Quaas Phot? Seção de Acabamento da Fábrica de Tecidos Carioba. Campinas, Vila Americana, 1920. Coleção Carioba! Arquivo Edgard Leuenroth-Unicamp

4.4 Operários da Grande Fundição Brasileira da Viúva Faber & Filhos e os irmãos Faber. Ao centro, sentados, Pedro e Flenrique Faber, atrás, em pé, Otto Faber e, à extrema direita, em pé, Luiz Faber. Campinas, 189_. Coleção Família Faber! Centro de Memória-Unicamp

4.5 0 casal Pedro Faber e Carolina Mayer Faber. Campinas, entre 1890 e 1900. Coleção Família Faber! Centro de Memória-Unicamp Pedro Faber foi um dos proprietários da Grande Fundição Brasileira da Viúva Faber & Filhos.

4.6 Os Irmãos Arens, Campinas, 1878. Coleção Cia. Casa Arens! Centro de Memória-Unicamp

4.7 F ábrica da Robert Bosch Limitada, localizada naViaAnhangüera,km98. Campinas, SP, 196_. Coleção Fotos Avulsas t Centro de Memória Unicamp A Bosch está presente no Brasil desde 1954, onde fabrica e comercializa equipamentos e sistemas automotivos, autorrádios, ferramentas elétricas, aquecedores de água a gás, eletrodomésticos, sistemas de segurança, máquinas de embalagem e automação industrial

4.8 Recibo da Grande Fundição Brasileira da Viúva Faber & Filhos para a diretoria da Matriz Nova. Campinas, SP, 15 dez. 1882. Coleção Família Faber! Centro de Memória-Unicamp A Matriz Nova hoje denomina-se Catedral Metropolitana de Campinas.

4.9 REVISTA Industrial: Estado de São Paulo em Paris: Exposição de 1900. São Paulo: Museu Paulista: FIESP, 1995. (Ed. facsimilar). Centro de Memória-Unicamp


4.3

4.2

4,1

>4 &

ÈiS

V

4.6

4.5

4.4 ■1-,

-f

JD XJ

.vV

jp IKlíá nílil •i

4.7

4.9

4.8

VISTA INDUSTRIAI.^

, ^»**" V / . nn». t .' V.«. <«!, *s*-r i, ^ r.. ' * ' ; v. ,-• .»_» ^ «» j, iitr-t— ■''/-/* **■ ""J" 4 4^-4^mk'4S9ha- -4-- f ^:rtr'

K»'

|í tf RIO DE JANEIRO UsaUUnn^W^NSi. *"

'A '


iíp*

iii i«iüi


-

iiíi

wágs

I « m

II


MÚSICA ALEMÃ EM CAMPINAS NO SÉCULO XIX Lenita W. M. Nogueira (IA-UNICAMP)

Uma das mais significativas realizações da comunidade alemã no que se refere à música em Campinas na segunda metade do século XIX foi a criação da Sociedade Alemã de Canto Concórdia. Fundada em 15 de maio de 1870, era formada por um coro masculino que atuava sob a regência de Theodoro Jahn. Na época de sua fundação tinha vinte e cinco sócios e as reuniões aconteciam aos sábados entre oito e dez horas da manhã na sede situada na Rua Direita, 25 (atual Barão de Jaguara) e posteriormente na Rua da Constituição, 14 (Costa Aguiar). Dois anos depois de sua criação já tinha sessenta sócios e realizava quatro partidas por ano. De sua diretoria participava Emílio Henking, marido da irmã de Carlos Gomes, Joaquina, que no campo da música se dedicava à citara (zither). Em 1884, ao completar catorze anos de existência, a Sociedade Concórdia encomendou um estandarte na cidade alemã de Hamburgo. Foi apresentado à comunidade durante um baile realizado em seu salão, que contou com a presença da Banda Italiana. Já no fim do século XIX as características que nortearam a fundação da Sociedade se modificaram e a música acabou ficando em segundo plano. Também dedicado ao canto coral masculino, foi criada em 1890 a Deutscher Handwerker Gesangverein (Sociedade Coral dos Trabalhadores Alemães), que tinha como presidente o professor Carlos Zink, o vice-presidente era Carlos Hoffmann e o secretário Henrique Bahde. Além destes dados, não foram localizadas outras informações consistentes sobre a atuação deste grupo. Havia em Campinas nesta época muitos professores de música e entre os de origem alemã podemos destacar Theodoro Jahn, Emilio Steudel, Emilio Henking e Luiza Schunemann. Esta, em dezembro de 1875, foi homenageada com um concerto no Clube Semanal do qual participaram, além das seus alunos, músicos profissionais como Sant'Anna Gomes (irmão de Carlos Gomes), Azarias de Mello e José Emigdio Ramos Júnior. Schunemann também esteve presente no concerto de inauguração da sociedade Recreio Familiar na casa do Barão de Três Rios em outubro de 1872, quando executou uma owvertwrepara dois pianos e Canto Alemão.


O crescimento da cidade teve como conseqüência o incremento da circulação urbana e da sociabilidade favorecendo amplamente o comércio de bebidas alcoólicas. Na região da atual Rua Santa Cruz, então chamada Rua da Pinga, havia vários estabelecimentos para a fabricação de bebidas. A instalação de botequins e cervejarias no centro da cidade acirrou a concorrência e na busca pelos fregueses todo tipo de esforço era válido. Um dos locais mais movimentados era a Cervejaria Schaeffer e Irmão"1, que ficava na Rua do Pórtico, 34 (Ferreira Penteado). A partir de 1878, transformou-se em ponto de encontro dominical, onde, além da famosa cerveja da casa, podia-se encontrar boa música, especialmente a alemã. A comunidade alemã na cidade era bastante ativa e costumava promover reuniões e bailes sempre regados a muita cerveja, em especial a Schaeffer. Muitas destes encontros aconteciam na residência do comerciante Christiano Tank e a animação era grande, conforme um relato publicado na Gazeta de Campinas no dia três de março de 1899: Soirée animada-Anteontem, em casa de Christiano Tank, houve um dos costumados bailes, especialmente freqüentados pelos frios alemães, que nessa noite desmentiram essa fama armando um samba de que resultou sair ferido no pescoço com um estilhaço de copo o bailante Henrique Kokt. Ao que consta ferveu por lá muita Schaeffer. Um dos movimentos musicais mais importantes do período eram as bandas de música e havia várias delas em Campinas no final do século XIX. Em geral eram representativas de um extrato da população, como era o caso da Banda Italiana, de larga atuação na cidade. Desde 1878 existem notícias esparsas sobre a existência de uma Banda de Música Alemã, mas não existem até o momento dados para afirmar com certeza se era uma banda de música tradicional ou se restringia à execução de música alemã. Há o registro de uma apresentação deste grupo no Salão Enaux em fevereiro de 1883 e outra na Cervejaria Victória em abril de 1888, indicando uma estabilidade, ao menos durante este período.

tU Encontra-se também a grafia Schaffer e Schafer.


FOTÓGRAFOS ALEMÃES EM CAMPINAS Marli Marcondes (CMU-UNICAMP) O presente trabalho partiu das pesquisas realizadas pelo Prof. Dr. Boris Kossoy sobre as origens da fotografia no Brasil, consubstanciadas no seu Dicionário Histórico-Fotográfíco Brasileiro (Instituto Moreira Salles, 2002). A presença de fotógrafos alemães no Brasil iniciou-se na década de 1840 com a vinda dos primeiros imigrantes. Entre eles havia fotógrafos já experientes e outros que aprenderam o ofício no Brasil. Um desses primeiros fotógrafos foi o artista Francisco Napoleão Bautz que, antes de se aventurar na fotografia em 1846, já se anunciava como pintor e professor de pintura e desenho no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro em 1840. A participação de fotógrafos alemães no Brasil contou também com a presença de uma figura feminina, recém descoberta pela autora. Trata-se da daguerreotipista berlinense Henriette Hams, que abrira estúdio na "Rua dos Latoeiros, 83, Canto da do Ouvidor". Participava "ao respeitável publico que estabeleceu uma officina de daguerreotypo, onde retrata todos os dias das 8 horas da manhã até ás 6 da tarde, mesmo em tempo chuvoso. Ella afiança a semelhança e perfeição, sem o que ella não os entregará. Também lhe dá as côres naturaes". Pelo teor do anúncio pode-se constatar que Henriette estava atualizada com as novidades européias, sobretudo com a coloração de daguerreótipos. Sua atuação parece ter sido breve pois seu anúncio figurou apenas no Jornal do Comércio de 1850. Em 1852 instalou-se no Rio de Janeiro Revert Henrique Klumb, natural de Berlim e introdutor da estereoscopia no Brasil. Por sua atuação foi agraciado com o título de "Photografo da Caza Imperial", em 1861, quando fotografou a inauguração da estrada União e Indústria, ligando Petrópolis à Juiz de Fora. Em 1853 desembarcava na cidade de Recife (Pernambuco) o alemão Augusto Stãhl e, em 1864já atuava no Rio de Janeiro. A cidade de Recife foi a porta de entrada para muitos fotógrafos estrangeiros e, dentre eles, aquele que teria sido o maior empresário do ramo da fotografia no Brasil, Alberto Henschel, que teve estúdio em Recife, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. Nascido em Berlim em 1827 chegou ao Brasil em 1866 na mesma embarcação que trouxe o pintor alemão Karl Henrique Gutzlaff. Juntos abriram um estúdio fotográfico com a denominação de ' 'Photographia Alemã". É difícil precisar quem teria sido o primeiro fotógrafo alemão a se instalar na cidade de São Paulo e no interior do estado, mas, entre aqueles que tiveram atuação não itinerante parece ter sido o também berlinense Augusto Riedl (1836 - ?) um dos primeiros, apesar do seu curto período de atuação, entre 1865 e 1866. Pouco tempo depois outros fotógrafos alemães ganharam destaque na capital. Carlos Hoenen, proprietário da Photographia Allemã e Francisco Theodoro Passig, com estúdio no Largo São Francisco. Carlos Hoenen foi sucedido por outro alemão, Rudolfo Neuhaus, enquanto Teodoro Passig associou-se a seu irmão João criando a "Photographia Allemã dos Dois Irmãos Passig". João Passig teve importante papel na produção fotográfica paulista influenciando aprendizes e levando sua experiência para regiões distantes da capital paulista.


Muito curioso é seu anúncio publicado no Almanaque da Companhia Mogyana de Estrada de Ferro em 1908/1909 prometendo atender em qualquer ponto da linha, ou seja, desde Campinas até a cidade de Franca, passando por Ribeirão Preto. Mas, a região de Campinas já contava com a influência alemã desde o final da década de 1870, com a vinda do prussiano Jacques Vigier (1839 - ?). Após uma estadia de cinco anos em São Fuís ( Maranhão) Vigier se anunciava, em 1879, como sócio de Henrique Rosen, em Campinas. No ano seguinte criou seu próprio estúdio e teve como auxiliar o alemão Sophian Niebler, descrito por Miguel Alves Feitosa, em 1886, como um "hábil artista, que antes fôra estabelecido, com officina própria, nesta cidade". Segundo Feitosa, em artigo publicado no Correio de Campinas de 1886, o estúdio de Vigier se equiparava aos melhores da Corte Imperial e teve forte influência dos ateliês alemães, suíços e austríacos, pois empreendera viagem para esses locais para adquirir os equipamentos Dalmayer, Voigtlander, Steinheil. Foi Sophian Niebler quem sucedeu Jacques Vigier em seu estúdio na Rua Direita, 35 (atual Barão de Jaguara), sendo que em 1892 ainda se anunciava no mesmo endereço. O último anúncio de Niebler apareceu no Almanach de Amparo em 1907. Outro fotógrafo alemão, Bernardo Neumann, parece ter atuado em Campinas na década de 1880, embora pouco se tenha encontrado sobre ele nos periódicos locais. A coincidência é que seu estúdio na Rua do Bom Jesus aparece divulgado nas carte de visite de Niebler e com o título de "Photographia Alemã". A presença alemã na fotografia campineira ganhou ainda mais força com a vinda de Julius Nickelsen em 1883, após trabalhar cerca de cinco anos no estúdio fotográfico de Henschel & Benque, no Rio de Janeiro. Associou-se a Bernardino Ferreira, também ex-fotógrafo do estúdio de Henschel & Benque. Diferente dos demais fotógrafos atuantes na cidade, Nickelsen participou das exposições internacionais e divulgava ter sido premiado na Exposição de Paris de 1889.

Por causa de sua relação com o estúdio de Henchel,

Nickelsem mantinha contato com o pintor Karl Emest Pafp, que viera da Alemanha para trabalhar com Henschel e fora o responsável pela pintura das fotografias dos estúdios do Recife, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. Após atuar em estabelecimento próprio em Petrópolis, Papf mudou-se para o interior de São Paulo, próximo a Campinas, fato que explica sua relação e prestação de serviços para o estúdio do antigo companheiro Julius Nickelsen. A presença alemã na fotografia campineira se estenderia, majoritariamente, até meados do século XX com Antonio Foster, que se anunciava com estúdio na rua Barão de Jaguara em 1929. Pelo reduzido número de estúdios fotográficos existentes em Campinas e região durante a segunda metade do século XIX e início do XX, é possível afirmar que a fotografia em Campinas nesse período tenha assumido um aspecto que a aproximava muito mais do padrão técnico e estético alemão do que qualquer outro, ao contrário do que acontecia, por exemplo, na capital do Império.


5.1 Sociedade Alemã de Canto Concórdia. Ao centro Carlos Zink. Campinas, entre 1900 e 1910. Coleção Particular Alexander Denarelli

5.2 Grupo de músicos alemães com citaras. Campinas, entre 1900 e 1910. Arquivo Geraldo Sesso Júnior / Centro de MemóriaUnicamp A citara é um instrumento de cordas, usado sobretudo na música folclórica, em geral nos países de língua alemã nos Alpes e na Europa do Leste. O instrumento foi trazido ao Brasil por imigrantes alemães e austríacos e era utilizado nos encontros de músicos.

5.3 Membros do Clube Concórdia tendo à frente o jogo de Bolâo. Campinas, 1906. Da esquerda para à direita, abaixo, em terceiro lugar, Henrique Hüssmann, um dos fundadores do Clube Concórdia. Coleção Família Hüssmann / Centro de Memória-Unicamp O jogo de Bolão é uma espécie primitiva de boliche, de origem germânica, composto de uma pista de madeira, bolas de arremesso feitas de madeira ou resina, e nove pinos de plástico ou madeira.O objetivo do jogador é arremessar as bolas na pista de madeira e acertar o maior número possível de pinos, possuindo variações de estilo de jogadas.

5.4 Clube Eintracht - 4o Anivesário. Campinas, 1 jan. 1894. Coleção Particular José Alexander Denarelli

5.5 Photografia Costa. Retrato de casamento. Campinas, 192_. Coleção Fotos Avulsas! Centro de Memória-Unicamp

5.6 A Associação Alemã Masculina de Canto Lira recebe o Clube Concórdia na 29a Festa de sua fundação. São Paulo, 7 ou 8 dez. 1912. Coleção Luíza Herrmann / Centro de Memória-Unicamp

5.7 Photographia Sophian Niebler. Família Krãhenbühl do Bairro Friburgo, Campinas, ca. 1880. Projeto Família Imigração e Cultura no Pós-Guerra - Os Alemães / Centro de Memória Unicamp

5.8 Nickelsen & Comp. As irmãs Noemia e Vicentina Bueno Bierrenbach, filhas do industrial João Bierrenbach. Campinas, 189_. Coleção João Falchi Trinca / Centro de Memória-Unicamp

5.9 Antonio Forster. Praça Carlos Gomes. Campinas, 1920. Coleção Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras. Púbblicas do Estado de São Paulo / Centro de MemóriaUnicamp

(*

t


5.3

5.2

5.1

n « (

2

Q SSS.

A s-

5.4

5,5

5.6

5.7

5.8

5.9

fiaasEN s í

i]


-



APOIO

Taepex


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.