log/CeSIUM - 9.ª Edição

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/log/ Editorial /express/ A dimensão estudantil em MIEI é muito abrangente. Um pouco por toda a universidade, encontra-se a contribuição de alunos e ex-alunos nas diversas iniciativas que marcam a academia. É, assim, natural que dentro do próprio CeSIUM e com o objetivo de representar esta panóplia de interesses, tenham sido desenvolvidos departamentos especializados. Este log é um esforço com já vários anos assente no Departamento de Comunicação. A componente mais importante do CeSIUM é a sua equipa. Acima de tudo, é essencial que esta tenha gozo no que faz. Acreditamos assim que, para além de cativante e cultural, toda esta edição transmita a dedicação e valores de todos os colaboradores. Martinho Aragão, Presidente do CeSIUM

Equipa log/ Editor André Teixeira Editores Auxiliares Joana Arantes José Nuno Macedo Redatores Adelino Costa André Teixeira Cecília Marciel Cláudia Marques Diogo Vilaça João Silva José Nuno Macedo Madalena Castro Susana Mendes Tiago Carvalhais Design Gráfico Lúcia Abreu

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CeSIUM no Pixels Camp

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Os Desafios dos Media na Era da Informação

/erasmus/ 10 O Erasmus da Lena

/persona/ 12 António Luís Sousa

/atividades/ 16 Semana da Engenharia Informática 2017 18 CeSIUM Dev Teams 19 Podcast Periférico

/pensamentos/ 20 As Novas Tecnologias no futebol 21 A Origem do Nome “Bluetooth” 22 O fim de uma Era e do Sonho Americano 23 Functional Programming & Haskell 24 A Ponte de 364.4 Smoots, com uma Orelha de Incerteza

/cultura/ 25 Livro: “A Rapariga no Comboio” 26 Série: “Westworld” 27 Música: Concertos e Festivais em 2017 28 Jogos: Nintendo Switch e o Futuro da Nintendo

/diversos/ 29 Parcerias 29 Só-tiras A revista /log/cesium é um projeto voluntário sem fins lucrativos. Todos os artigos são da responsabilidade dos autores, não podendo a revista ou o centro de estudantes ser responsável por alguma imprecisão ou erro. Para qualquer dúvida ou esclarecimento poderá sempre contactar-nos através do e-mail cesium@di.uminho.pt ou através do 253 604 448.

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/express/ CeSIUM no Pixels Camp O Pixels Camp foram 3 dias non-stop de talks, workshops, programação e diversão em geral, juntando no LX Factory um grande número do que muitos consideram geeks. Este evento veio ocupar o vazio deixado pelo Sapo Codebits, cuja última edição foi em 2014 e cujo nome foi bastante mencionado.

Adelino Costa a.j.f.c@ icloud.com

Acima de tudo este evento serviu para conhecer outras pessoas de outras localizações do país (e mesmo estrangeiro!) com interesses comuns e com vontade de partilhar novo conhecimento, além de ter permitido a vários grupos de amigos se juntarem para desenvolverem ideias interessantes. As portas abriram-se dia 6 de outubro pelas 9 horas e pelo meio-dia dava-se então o início da maratona de programação de 48 horas; parecia então que a vitória neste concurso era o grande objetivo do evento. Os workshops e talks também foram uma parte bastante interessante de toda a experiência, visto que os tópicos abordados eram interessantes e bastantes variados. Além disso, também era possível, para um participante, com antecedência, submeter uma talk que, depois de revista, poderia ser aceite e, desta forma, teríamos então um participante a dar uma talk sobre o que bem lhe apetecesse. Achei a ideia formidável! Para quem não gosta de dormir a horários considerados normais, também houveram atividades noturnas, como por exemplo uma luta de sumo com direito a transmissão em direto no YouTube, a rodagem de um filme, uma sessão de Q&A, jogos de tabuleiro e o mítico Presentation Karaoke. Se preferirem não dormir de todo, também podiam optar por fazê-lo e passar o resto da noite (e madrugada) a desenvolver o vosso projeto. O ponto alto do evento foi certamente o The Hell-In-A-Bun Challenge, um desafio culinário, onde bifanas picantes foram distribuídas pelos concorrentes em vários rounds de forma a ver quem tem mais estômago! De peito cheio decidi participar e… fiquei pela segunda ronda de quatro. Para quem não teve a oportunidade de estar no evento, é possível encontrar os vídeos das talks e workshops no canal do YouTube do Pixels Camp ou mesmo na agenda do website do Pixels Camp; recomendo vivamente a visualização de algum deles. No final, e pesando todos os pontos negativos e positivos, considero uma atividade a repetir e espero que haja uma nova edição em 2017, certamente estarei lá!

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Os Desafios dos Media na Era da Informação

Estamos na Era da Informação. Esta fase da evolução tecnológica humana começou com a revolução

digital, do mesmo modo que a revolução industrial deu origem à Era da Industrialização. Nos dias de hoje, informação é algo que existe em quantidades massivas. A maioria das pessoas que vivem em países relativamente avançados têm acesso à Internet, essa rede abstrata de todo o conhecimento humano. Através de dispositivos que cabem nos nossos bolsos conseguimos aceder a bibliotecas que os monges copistas de séculos passados matariam para ter. A qualquer momento conseguimos lançar uma pergunta para a rede e obter uma resposta, qualquer que ela seja. A qualquer momento conseguimos falar com qualquer outra pessoa em qualquer parte do mundo, desde que esta tenha um dispositivo também. Distâncias físicas tornam-se muito menos intimidantes, quando podemos ver o outro lado do planeta na palma da nossa mão, e bibliotecas tornam-se menos impressionantes quando podemos ler qualquer livro apenas com alguns toques numa superfície espelhada. A rede, essa grande criação da Humanidade, deu origem a uma mudança de paradigma a que não assistíamos desde a criação da prensa de Gutenberg, que permitiu a produção em massa de livros.

No entanto, e apesar desta revolução e democratização dos meios de produção de informação,

assistimos a uma crise sem precedentes dos meios de comunicação tradicionais. Estes meios, nomeadamente jornais, revistas, noticiários, todos os meios que através da televisão, do papel impresso ou do nosso computador, nos informam do que se passa no mundo e de quem fez o quê são essenciais para o funcionamento da democracia ocidental. Servindo como uma entidade coletiva de observação que controla a ambição dos nossos governantes e nos mantém informados do que ocorre para além das fronteiras da nossa experiência pessoal, permitindo que vivamos em sociedade com conhecimento 6


/crónica/ de certos factos e ocorrências que necessitamos para conseguirmos fundamentar as nossas opiniões sobre o mundo que não conseguimos observar diretamente. Não tenhamos ilusões, os meios de comunicação são de facto parciais, pois todo o jornalismo provém de pessoas e pessoas possuem opiniões próprias. Existem e devem existir uma multitude de publicações que falem dos mais variados temas com os mais variados pontos de vista e opiniões. É necessário, no entanto, uma concordância sobre certos pontos, como a necessidade de verificação de factos e notícias, o respeito por indivíduos e organizações, o desprezo pelo drama desnecessário e pela falsidade chamativa, o respeito pelos direitos humanos e pela democracia, a dedicação à procura da verdade. Sem estes padrões não é possível confiar no que lemos e ouvimos, e sem confiança não conseguimos criar uma base partilhada de informação sob a qual começar a discussão. Sem confiança a verdade passa a ser opinião, e existindo múltiplas opiniões passam a existir inúmeras verdades, e indivíduos que se regem pelo que querem que o mundo seja e não pelo que ele efetivamente é. Desinformação cria o caos e pode ser utilizada como uma arma, como já foi inúmeras vezes na história.

Os meios de comunicação, ou media como são tipicamente nomeados, são portanto essenciais

na criação da narrativa coletiva que comanda a discussão dos assuntos importantes da sociedade. Quando estes falham, a democracia falha. Quando estes são utilizados para comandar ou orientar a opinião pública numa certa direção, a nossa liberdade de expressão e de pensamento está ameaçada. A falta de confiança dos cidadãos nos meios de comunicação atuais é um problema grave que tem de ser ultrapassado para que possamos evoluir enquanto sociedade. É necessário compreender como podemos combater a destruição dos media tradicionais e como nos encontramos neste predicamento. O problema surgiu com a mais importante característica da rede: a sua absoluta e incondicional liberdade, assim como a igualdade de importância da informação que por ela corre.

Esta igualdade de valor é uma faca de dois gumes. Por um lado, é incrível que qualquer pessoa possa falar e ser ouvida, independetemente do seu background ou historial pessoal. Por outro lado, isto permite que falsidades e material ofensivo ou perigoso tenha o mesmo valor e mesmo tratamento que informação verificada. As redes sociais são uma representação prática disso. Qualquer um pode falar de si e dos outros, independentemente da veracidade ou respeitabilidade das suas afirmações, com mínima consequência para aqueles que efetivamente mentem conscientemente. A política de plataformas como o Facebook também criam bolhas de satisfação em volta dos seus utilizadores, fazendo com que estes ouçam e vejam aquilo que mais lhes agrada, não o que é verificado ou importante. Se alguém não quiser ser incomodado por verdades inconvenientes não o será. Se alguém quiser passar uma mensagem moralmente errada ou não verificada poderá fazê-lo e apenas as pessoas que já tinham tendência para acreditar nessas mesmas ideias verão essas mensagens e sentir-se-ão valorizadas por isso.

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Aí encontramos o problema de obter todas as nossas notícias e informações através da Internet ou das redes sociais. Os media tradicionais têm tipicamente equipas de editores que filtram a informação, verificando se existem inconsistências e se todas as suas afirmações se encontram fundamentadas. Isto não se verifica na Internet, salvo raras exceções de plataformas online de certos jornais ou empresas de comunicação social. Apesar desta filtragem poder dar origem à censura, e de ser essencial manter a liberdade de expressão, é necessário assegurar que conseguimos separar o que está verificado e segue os padrões de respeito esperados por adultos intervenientes na sociedade daquilo que é opinião ou simplesmente lixo. O exemplo mais recente disto foram as eleições americanas de 2016. Pela primeira vez desde Nixon,

um candidato a POTUS tentou controlar os meio de comunicação, desacreditando aqueles com que não concordava e dando ênfase e o seu aval oficial àqueles que lhe agradavam. Enquanto que exércitos de trolls e radicais de direita espalhavam histórias dadas como certas e verificadas sobre esquemas de prostituição infantil que Hillary Clinton utilizava para comprar políticos em Washington, tudo o que Trump e os seus apoiantes não queriam ouvir era fake news. O facto de isto se estender bem dentro do início do mandato do novo presidente é preocupante para o futuro da América. Isto também deu problemas do lado da sua opositora. O facto de Trump ter sido visto como um palhaço no início da campanha levou a uma campanha de desacreditação daquilo que deveria ter sido visto como uma ameaça séria, e o candidato recebeu enormes quantidades de cobertura televisiva grátis, visto que o seu populismo sensacionalista vendia particularmente bem. A profunda desinformação das sondagens e das análises da possibilidade da vitória de Trump criaram também uma narrativa de que este não tinha nenhuma chance de vencer. Mesmo a sua opositora, uma representante da estagnação da democracia que no entanto era sem dúvida a mais qualificada dos dois, já se encontrava a escolher cortinas para o seu novo escritório.

Para além do apoio desmedido na rede

para fornecer informação, assistimos a outro problema: o da degeneração e abandono dos princípios jornalísticos por parte da imprensa em si. A dependência na rede criou uma crise de financiamento da imprensa escrita. Com a chegada da Internet chegou também algo que nunca tinha existido: jornalismo grátis. Quando o consumidor se apercebeu que podia obter notícias e crónicas sem custo, abandonou os meios tradicionais, passando a ir buscar o que precisava à rede, sem ter de pagar nada para além da tradicional venda da sua alma a uma empresa de telecomunicações. Isto criou uma diminuição atroz das vendas de jornais e revistas e levou a que estas plataformas tivessem de adotar novas estratégias para sobreviver. Estas estratégias são essencialmente a dependência em investidores privados ou em sensacionalismo. Dependendo completamente de investidores ou empresas, algumas publicações necessitaram de modificar os seus padrões para não irritar ou incomodar os seus novos lordes e senhores. 8


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Muitas vezes, estes investidores são benéficos, aceitando perder dinheiro pela causa do jornalismo

correto e livre, mas a maior parte das vezes empresas fazem exigências que não podem ser desafiadas, caso contrário os fundos são cortados. Para as outras publicações a estratégia foi o sensacionalismo e o clickbait. Quer seja nas suas plataformas na rede ou nas suas versões em papel, estas publicações procuram chamar o máximo possível de leitores à custa de moralidade e verdade. Se algo vende, então é publicado. Se gera views, então é lançado. Na sociedade atual onde os índices de atenção e retenção são extremamente baixos, atrair a atenção do consumidor passou a ser a preocupação número um, deixando coisas como verificar histórias e não apoiar candidatos indesejáveis como preocupações secundárias. Sem pessoas a pagar pelas notícias, os padrões foram sacrificados em prol da sobrevivência.

Nem tudo está perdido. Existem ainda muitos jornalistas empenhados na sua missão de informar e

iluminar o mundo. Desde a eleição de Trump, as subscrições e vendas de jornais e revistas liberais têm vindo a subir, fruto da revolta de inúmeras pessoas que ainda valorizam a informação, nesta era onde esta se tornou banal. A realidade é que o público precisa de perceber que informação é valiosa, mas que apesar de toda ela merecer um lugar na rede nem toda merece a nossa atenção. Devemos procurar notícias com fontes, peças jornalísticas fortes sobre tópicos relevantes. Devemos pagar sempre que possível pelo material jornalístico, de modo a apoiar uma indústria sem a qual não é possível uma sociedade justa e livre. Devemos tentar corrigir o que está errado nos meios de comunicação, não abandoná-los em prol de bolhas de gostos e memes nas redes sociais. Devemos utilizar as redes sociais como uma ferramenta de trabalho e como forma de comunicarmos com pessoas e expressarmos opiniões, não como fontes de factos e plataformas de apoio a ódio organizado. Devemos renegar aqueles que sentem que a liberdade de expressão é a liberdade de estupidez e mostrar-lhes que o direito de se expressarem não é o direito de o que dizem ser valorizado. Pelo contrário. Falem, pensem, discutam, partilhem, explorem e, acima de tudo, não aceitem em silêncio a mentira e o ódio. Apenas assim podemos salvar a imprensa, os media e os jornais de que tanto necessitamos.

Texto de André Teixeira Ilustrações de Luis Quiles 9


/erasmus/ O Erasmus da Lena Madalena Castro a71417@ alunos.uminho.pt

Conseguem imaginar? Conseguem mesmo pensar como seria a primeira vez, num lugar completamente desconhecido, sem estarem habituados a todo um ritmo, milhões de pessoas a passar pelo mesmo sítio de uma só vez? Há uns anos atrás não conseguiria imaginar-me nestas condições, atrever-me a uma aventura destas,

num lugar que me é tão pouco familiar... Mas uma pessoa cresce e quer experimentar e vivenciar novas coisas. Por isso sim, larguei tudo e fui de Erasmus e devo dizer: melhor coisa da minha vida. Não estou a escrever um discurso todo ele bonito só para ficar bem, quero apenas dar a minha opinião de um dos meus melhores momentos. Escolhi Madrid como a minha nova cidade. Inicialmente não me agradou muito estar tão perto de casa. O meu objetivo era desaparecer completamente da minha vida anterior, conhecer sítios muito diferentes e lugares pouco parecidos aos quais estava habituada. Mas Madrid surpreendeu-me imenso. Tão grande e tantas pessoas! Não sabia o que fazer, não sabia onde ir, nem como ir, nem com quem ir. Era tudo tão estranho, tive de aprender a lidar com tudo, sem aquela ajudinha da mãe, dos seus cozinhados ou dos seus abracinhos. Tive de perder o medo e conhecer novas pessoas, de me fazer ao caminho e conhecer lugares majestosos e envolventes. Senti coisas que nunca tinha sentido antes, aquele feeling de liberdade e do “eu consigo fazer e aguentar isto sozinha”. Tive de começar toda uma nova vida, mesmo sendo apenas por seis meses.

A primeira coisa a fazer no processo de Erasmus é escolher as cadeiras que queremos ter na universidade que nos vai acolher. Claro que tentei escolher as cadeiras mais parecidas com as que tinha por cá. Mas como nada é perfeito, quando cheguei lá, tive de fazer um monte de trocas, ou por causa de horários ou porque as cadeiras deixaram de existir. Foi bastante desagradável porque depois temos de voltar a mandar o plano para a UMinho para o coordenador de Erasmus aceitar todas as mudanças, e se não aceitar temos de mudar tudo outra vez e toca a falar com todos os professores e com ambos os Serviços de Relações Internacionais e fazer tudo de novo.

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/erasmus/ Outro grande desafio foi encontrar alojamento. Em Madrid não existem Residências Universitárias, por isso tive de procurar casa na Internet. Demorei imenso tempo a encontrar uma casa decente a preços decentes, pois em Madrid o alojamento é demasiado caro. Passadas algumas semanas a ver casas e mais casas, tive sorte em arranjar uma mesmo perto da universidade e a apenas 40 minutos do centro. Parece imenso tempo, mas acreditem, em Madrid é muito bom, primeiro porque é uma cidade muito grande mesmo e depois é demasiado movimentada e organizada. É capaz de haver semáforos de 50 em 50 metros e até semáforos para entrar em rotundas, agora pensem… Por isso demorar 40 minutos a chegar ao centro, contando com as trocas de transportes que tínhamos de fazer e com o tempo que se espera nessas trocas, é ótimo. Tudo isto serviu para aprender a nos desenrascarmos numa cidade demasiado grande, com imensos transportes e imensas pessoas, onde a nossa salvação muitas das vezes era o Google Maps ou o mapa do metro. Serviu para aprender a sobreviver a toda a azáfama de uma cidade grande como se vê nos filmes, a correr para apanhar um metro, ou a lutar por uma mesa na esplanada ou até mesmo a fugir aos publicitários ou vendedores que existem no centro da cidade. Para aprender qual era a rua na qual não se podia passar à noite e qual o tipo de pessoas a evitar. E, principalmente, serviu para aprender que há pessoas tão diferentes com o seu próprio estilo e sem qualquer tipo de preconceitos, o que me ajudou a olhar para o mundo de uma maneira diferente e a ganhar uma atitude mais positiva. Basicamente, quero apenas dizer que esta experiência foi um momento único na minha vida, por todas as pessoas extraordinárias que conheci, por todos os lugares que visitei, por todas as noites loucas em que tive de apanhar o primeiro metro do dia para chegar a casa e os meus únicos companheiros de viagem eram uns tantos bêbedos no mesmo estado que eu, por todas as coisas novas que experienciei, por todos os sentimentos, e até pela universidade, que além de ser enorme tinha excelentes condições. Foi tudo demasiado bom para conseguir descrever.

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/persona/ António Luís Sousa João Silva

a72023@ alunos.uminho.pt

Susana Mendes a63464@ alunos.uminho.pt

No passado mês de janeiro, o CeSIUM entrevistou o professor António Luís Sousa, que cordialmente aceitou responder às nossas questões. António Luís Sousa é professor do Departamento de Informática da Universidade do Minho, doutorado em Ciências da Computação - Replicated Databases e recentemente nomeado Diretor de Curso de MIEI. Bom dia professor. Antes de mais nada, muito obrigado por aceitar esta entrevista e parabéns pelo seu novo cargo na direção de curso. Este cargo foi algo que ambicionou ou foi uma coisa que não estava à espera? António Sousa: Se era um cargo que ambicionava? Não, fiquei surpreso com o convite. Eu já fazia parte da direção de curso, o professor Pedro Henriques, quando assumiu a direção, instituiu que fossem quatro pessoas e eu estava mais com a parte de gestão de mestrados, mas, até porque era o mais novo, não era minha aspiração. Sinto-me honrado por ser diretor de curso de um curso em que fui aluno, o antigo LESI, portanto é um orgulho chegar a um cargo destes, mas não foi uma coisa que ambicionava, aconteceu e ainda bem que aconteceu. Espero não defraudar as expectativas e espero que o curso saia daqui melhor do que o que estava, ou pelo menos igual ao que estava. Falando nisso, relativamente ao funcionamento do curso, na sua opinião, quais os aspetos que deveriam ser melhorados e quais os que se deveriam manter pois estão a funcionar bem? António Sousa: Isso é uma pergunta complicada. Há alguns problemas, vamos primeiro começar pelo fim. Estive na Semana da Escola de Engenharia, onde não temos presença apesar de sermos dos maiores cursos, estamos apagados mesmo da universidade e toca-vos a vocês motivarem as pessoas a viverem o curso. O curso não somos nós, nós estamos aqui para ajudar/orientar, o curso são vocês. São vocês que nos projetam para daqui para fora e nós temos muitos alunos à entrada mas não temos assim tantos à saída, a acabar o curso, isso é uma coisa que temos que estimular para conseguir acabar. Há que tentar melhorar os níveis de aprovação ou não ter níveis de retenção tão elevados como há nos primeiros anos. Outro aspeto, por exemplo, os alunos que entram cá com boas médias como é que se perdem a seguir? O que se passa aqui? Se a gente tem alunos com essas médias quer dizer que eram bons alunos no secundário, eles não podem deixar de ser bons alunos ao entrar para a universidade. É bom que a gente vá sabendo dos problemas para tentar atacar de alguma forma e, por vezes, cabe aos alunos exporem esses problemas. É importante que se saiba que existem dificuldades, quando não se sabe parte-se do princípio que está tudo bem, e é essa a postura que é preciso combater. 12


/persona/ Felizmente, acho que temos um conjunto de professores acessíveis, que é possível falar com eles expondo as situações, eles são sensíveis e tentam reagir a essa situação. Porque o nosso interesse é formar gente, que vocês saiam bem formados, sejam bons profissionais e o mais rápido possível. Houve aqui uns anos que não sei se estava melhor ou pior com o modelo de curso 3+2. O mestrado, este ano, já se nota a diferença em relação a quando era só MEI. Antes tinha o problema de haver muita gente no terceiro ano que não avançava para mestrado, mas tinha a vantagem de que quem ia encarava o mestrado de outra forma, os alunos apareciam sempre, não havia faltas e quase não havia reprovações. Este ano havia muita gente inscrita, mas depois nas aulas não há tanta gente porque têm muita coisa para trás e acabam por fazer o que está para trás e não o que está para a frente. Que medidas pretende implementar de forma a colmatar alguns dos problemas referidos anteriormente? António Sousa: Não há uma receita, se soubéssemos já a tínhamos aplicado, estamos a tentar fazer o que nós achamos que pode melhorar, por exemplo, uma coisa que já se fez este ano, aos alunos do primeiro ano, quando entraram, foi-lhes dado um horário pré-definido, que era uma prática comum, e a gente espera que venha a dar pontos. O que se tem ouvido é que o primeiro semestre do primeiro ano até correu bastante bem, o que significa que as coisas podem ter melhorado por aí. Somos um curso com muita gente e se não tivermos cuidado as pessoas podem acabar com um horário que não motiva, com muitos espaços que promova o absentismo. Quanto às aulas de uma hora, há docentes que têm disciplinas mais/muito teóricas em que duas horas é complicado e há outros que além de ser teórico tem uma componente prática um bocadinho maior e uma hora não chega. Estamos a tentar envolver toda a gente para tentar que as coisas corram melhor. A seu ver, a transição do curso para mestrado integrado tem vantagens para os alunos e terá algum impacto na reputação do curso? António Sousa: Eu acho que tem impacto e tomamos essa decisão porque achávamos que tinha vantagens. Tinha vantagens porque não ficava tanta gente no terceiro ano e abandonar, mas tem o efeito que aumentou muito o tamanho das turmas de mestrado, onde as turmas passaram de 20/30 para 50 alunos, portanto há aqui uma compensação que até para nós que estamos na direção do curso, no ínicio do ano, apanhou-nos um pouco de surpresa. Acaba por não ser fácil gerir, mas é uma coisa que temos de conviver com ela e levar para a frente. Acho que é bom os alunos não ficarem tanto tempo retidos no terceiro ano porque há sempre uma ou outra UC para trás, e aí justifica-se passar para a frente, mas às vezes podem inscrever-se quase a dois anos num e é complicado gerir a capacidade de trabalho para fazer dois anos num só, tendo nós uma componente prática muito grande e essa componente exige um esforço, o que é bom porque a nossa marca distintiva acaba por ser essa capacidade de os alunos saírem daqui a trabalhar em projetos e trabalhar em equipa, o que é uma mais valia. Voltando um bocado ao tema da preparação que o curso oferece, e estando ligado ao mercado de trabalho na Eurotux e também como professor nesta instituição por mais de 10 anos, acha que os alunos saem daqui preparados para enfrentarem o mercado de trabalho? António Sousa: Acho que sim, muito sinceramente acho que sim. Vocês levam uma formação acadêmica variada e com capacidade de aprender, que é o que se precisa ao sair daqui, não é saber muito da ferramenta A, B ou C, passado meio ano estavam obsoletos. Quando saírem daqui vão aprender coisas, vão estar em empresas que trabalham com as mais variadas tecnologias e vocês têm uma capacidade muito grande de aceitar o desafio, de aprenderem coisas muito rapidamente e serem produtivos onde estiverem a trabalhar. Essa acho que é a mais valia que temos ao sair daqui, nem tanto o que sabemos, o que é muito, mas a capacidade de nos adaptarmos a coisas novas e aplicarmos o que sabemos em contextos diferentes e em situações diferentes. Nós temos os fundamentos básicos que são bons e, portanto, a partir dessa base conseguimos dar o salto para qualquer coisa rapidamente. Acho que temos muito bons profissionais, tanto que todas as semanas continuamos a ter empresas à procura de alunos da Universidade do Minho. Os alunos que saem daqui são o nosso melhor cartão de visita, nunca 13


/persona/ tive conhecimento de alunos que saem daqui e não consigam muito rapidamente serem produtivos, eficientes e passarem uma boa imagem lá para fora, muito pelo contrário, muitas vezes têm a capacidade de nos surpreender. Tendo agora como foco os alunos que se encontram no terceiro ano, estando o professor ligado à área de Engenharia de Aplicações, quais diria que são as mais valias para os alunos que optem por esta área como perfil de mestrado? António Sousa: Não quero falar de uma UC em particular, acho que todas elas nos dão uma formação muito grande, muito focada numa determinada área de conhecimento. Os três primeiros anos dãonos a capacidade de adquirir conhecimentos sólidos gerais, o quarto ano já nos vai dar uma formação numa área mais específica e felizmente temos no departamento áreas que cobrem quase todo o leque da informática e todas elas têm a sua oportunidade no mercado. No quarto ano há a flexibilidade de, auscultando o mercado, podermos adaptar as nossas UCs para vos por mais perto do que o mercado está a pedir. Felizmente a informática continua a ser uma área muito transversal a tudo e hoje em dia não vivemos sem ela, desde as redes, sistemas operativos, sistemas distribuídos, bases de dados, agentes inteligentes, business intelligence, métodos formais e computação visual, podemos encontrar inúmeras empresas que necessitam deste tipo de profissionais. Acho que o nosso desafio é continuarmos a ter uma oferta alargada, que é o mais importante, temos de ter uma formação que possa ser específica, mas não demasiado específica, que permita que se possa rapidamente adaptar a outras coisas. Agora, para terminar, algumas perguntas mais pessoais. Tem algum sonho ou objetivo que gostaria de cumprir no decorrer da sua vida, quer a nível pessoal quer a nível profissional, que gostaria de partilhar? António Sousa: Essa é uma pergunta complicada. Gosto muito do que faço na universidade, o contacto com os alunos, dar aulas é uma das coisas que gosto mais e que espero poder continuar a fazê-lo durante muito tempo. Vão também aparecendo desafios como este de ser diretor de curso, desafios que espero estar à altura deles. Neste momento o meu grande desafio é esse. Não sei fazer outra coisa a não ser ser professor, felizmente conheço esta casa já há muitos anos, fui aluno cá e o meu único emprego foi cá e, portanto, sinto-me bem aqui. Acho que sirvo um departamento que tem convivência, somos colegas, gostamos do que fazemos e temos este ambiente. O futuro passa por estar aqui, por continuarmos a fazer investigação nos sistemas distribuídos e em engenharia das aplicações, aí é onde me sinto mais à vontade, e poder contar com muitos e bons alunos por muitos anos, porque é uma das coisas que dá mais gosto, poder trocar ideias com gente nova. A vantagem que a gente tem cá acaba por ser nunca estarmos desatualizados, está sempre a haver coisas novas todos os anos, todos os anos temos de aprender coisas novas. Depois, às vezes, temos umas aventuras, vamos fazendo outras coisas, avançando noutros projetos, as coisas vão aparecendo e vão andando, umas correm melhor outras pior, mas são esses os desafios e acho que a universidade vai também atravessar momentos interessantes. Esta universidade está numa fase de crescimento, vai continuar a crescer e espero continuar a poder fazer parte desta equipa que aqui está.

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/persona/ Fora da área profissional, quais diria que são os seus interesses? António Sousa: Os meus maiores interesses são relativamente simples. Um dos maiores interesses são a família, claramente esse está acima de qualquer outro, de ver os meus filhos crescer, de poder acompanhá-los o mais que posso. Isso faço questão de, sempre que posso, e faço por poder sempre, dar o apoio aos meus filhos e sentir-me bem. Dar uns passeios de bicicleta de vez em quando, nem sempre posso muito, conviver com os amigos e felizmente aqui também temos um conjunto de amigos, volta e meia andamos de bicicleta todos juntos. São essas coisas relativamente simples, nada de muito complicado. Aproveitar, passear, estar com a família, viajar, são as coisas normais que todos nós ambicionamos um pouco. Tem algumas palavras finais ou alguma mensagem que gostaria de deixar aos alunos dos curso? António Sousa: Acho que já fui passando a mensagem várias vezes. Gostava de ter alunos motivados para poderem acabar o curso dentro do tempo previsto. Sendo o maior curso da universidade, acho que precisamos de ser mais notados cá dentro, precisamos de ser mais ativos. Nós fazemos parte de uma escola de engenharia que é em Guimarães, acho que está a haver um esforço para mudar isso, mas também parte de vocês, precisamos de ter presença em Guimarães, de mostrarmos que temos um curso, que temos força. Acho que como curso nos faz bem mostrar que existimos, às vezes não sentimos essa necessidade e acho que não podemos nos acomodar a esse grande conforto de estarmos em Braga, mas precisamos de ter essa notoriedade para podermos influenciar algumas coisas e acho que é esse aspeto que precisamos de reforçar. O CeSIUM deve ser mais interventivo, conseguir motivar os nossos alunos a participar nas atividades, queixam-se na SEI (Semana da Engenharia Informática) que tem programas excelentes e aparece pouca gente, queixam-se nas JOIN (Jornadas de Informática) que tem programas ambiciosos e têm muitas empresas e aparece pouca gente. Nós precisamos, de alguma forma, mudar isso, portanto acho que é preciso as pessoas sentirem-se parte de uma equipa, terem um espírito de equipa, de conjunto, que acho que esse espírito está muito fragmentado. Imagino, e acredito que haja, mas se calhar existe mais espalhado, é muita gente, é difícil garantir o espírito de equipa com 150/200 pessoas por ano e acho que é preciso fomentar isso, só tínhamos a ganhar com esse peso porque é um peso que temos e temos deixado cair muitas vezes. Muito obrigado pela colaboração com o CeSIUM nesta entrevista e votos de sucesso, tanto na sua vida profissional como pessoal. António Sousa: Eu é que agradeço pela entrevista.

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/persona/ /atividades/ Semana da Engenharia Informática 2017 André Teixeira andre.f.teixeira@ outlook.com

Na passada semana de 4 a 11 de fevereiro, o CeSIUM – Centro de Estudantes de Engenharia Informática da Universidade do Minho – organizou a SEI’17, a edição deste ano da Semana da Engenharia Informática, um evento de celebração da informática, tecnologia e programação sem qualquer custo de participação e aberto a toda a comunidade. O evento contou com palestras de oradores nacionais e internacionais das inúmeras áreas da informática, com desafios de programação, algoritmia e até fotografia, com a presença de inúmeras empresas que interagiram com os participantes e lhes permitiram ter uma visão do funcionamento das mesmas, com workshops onde os participantes foram orientados na utilização de novas e entusiasmantes ferramentas e com momentos de socialização e diversão, tendo a semana culminado com a “Return Hackathon”, uma maratona de programação de 24 horas em que inúmeras equipas procuraram criar soluções e produtos que pudessem ser úteis à sociedade. Contando com o patrocínio de inúmeras empresas de renome, tendo inclusive a Acenture Technology como patrocinador e parceiro principal, a SEI’17 teve como objetivo proporcionar momentos de aprendizagem, lazer e entretenimento a toda a comunidade educativa, não apenas a alunos de informática. É também notável a variedade de oradores presentes na SEI’17. Entre eles estiveram: • BORIS TCHIKOULAEV, ex-aluno da Universidade do Minho e um profissional de IT com 7 anos de experiência em vários ramos, tais como BI e soluções Big Data. Trabalha atualmente como consultor na Xpand IT; • SOUMAYA BEN DHAOU, investigadora na United Nations University Operating Unit on Policy Driven Electronic Governance (UNU-EGOV). É também professora assistente na South Mediterranean University e coordena um programa de mestrado em Big Data e Business Analytics na Mediterranean School of Business; • DANIELA MATOS DE CARVALHO, developer de JavaScript e exploradora da arte e do mundo. É organizadora do meetup Require-lx e mentora no Coderdojo LX, uma organização que fornece educação gratuita a crianças e jovens, explicando-lhes quão importante e desafiante a programação pode ser; • ANDRÉ AZEVEDO, engenheiro mecânico de formação e com mestrado em Ciências Farmacêuticas, que após uma passagem pelo mundo farmacêutico integrou uma equipa de consultoria focada na evolução, crescimento sustentado e recuperação financeira de empresas no retalho e logística farmacêutica. Juntou-se à equipa da BIT Sonae para desenvolver o programa de informação de gestão da SportZone; 16


/atividades/ • PEDRO COUTO, licenciado em Informática pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e senior manager na Accenture. Com uma larga experiência em implementações baseadas em stacks de Open-Source, foi o responsável por diversos projetos web, em clientes de diversas indústrias. Desde 2016 é um dos responsáveis pela implementação do NanoLabs Lisboa, uma unidade de divulgação da inovação desenvolvida pela Accenture. Quando interrogado quanto às dificuldades de organizar um evento de tamanha escala, um dos membros da organização, José Nuno Macedo, confidenciou o seguinte: “Apesar de o evento que organizamos ter sido extremamente interessante e de termos tido bastante adesão, foi um bocado frustrante saber que muita gente não foi ao evento por preguiça ou indiferença, mesmo após toda a publicidade que foi feita. Apesar do número de participantes ter aumentado desde a última edição, atrair as pessoas continua a ser o maior desafio.” Já o presidente do CeSIUM, Martinho Aragão, deixou as seguintes palavras: “A SEI é o auge de uma dedicação inegável por uma fantástica equipa. Durante oito dias, temos a responsabilidade de destacar o melhor que é feito na área, não só a nível da academia mas também nacional e até internacional. Para além disso, reconhecemos o potencial que esta tem para vários cursos. Como tal, nesta edição aceitamos mais um desafio, mobilizar toda a semana para o CP2. O crescimento da SEI nos últimos anos deu espaço ao imenso sucesso desta empreitada, tendo preenchido por completo o auditório. Sem dúvida que existem imensas dificuldades inerentes à organização de eventos. É igualmente certo que andamos extenuados durante bem mais de uma semana. Contudo sabemos que a SEI concretiza 4 dos 5 objetivos da nossa associação, como tal vale cada segundo!” A SEI’17 foi sem dúvida um ponto alto no calendário dos estudantes da academia minhota e superou todas as expectativas passadas da edição anterior, com mais empresas, mais oradores, mais desafios e mais atividades. Todo o evento foi organizado única e exclusivamente por alunos, provando a dedicação e capacidade organizacional dos núcleos de estudantes que representam os estudantes da Universidade do Minho. Passado este evento, podemos apenas agradecer às mentes que nos trouxeram esta iniciativa, com a certeza de que no próximo ano teremos mais uma edição que tentará, sem dúvida, suplantar as altas expectativas criadas este ano. Toda a informação sobre este evento poderá ser obtida em http://seium.org/ .

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/atividades/ CeSIUM Dev Teams André Teixeira andre.f.teixeira@ outlook.com

Os conhecimentos de informática que os alunos do curso de MIEI obtêm no decorrer do curso são vastos e valiosos, mas são mesmo assim insuficientes para fornecer aos estudantes a experiência de desenvolvimento de um produto do início ao fim que irão encontrar no mercado de trabalho. Apesar de existirem uma míriade de cadeiras de projeto, estas terminam muitas vezes com a atribuição de uma nota sem a existência de um produto finalizado e completamente funcional. É aí que entram as CeSIUM Dev Teams, uma nova iniciativa do nosso centro de estudantes que visa dar experiência de trabalho aos alunos, fornecendo apoio para o desenvolvimento de projetos idealizados pelos alunos ou mesmo projetos completos de clientes reais que os inscritos no programa poderão atacar, sempre com o auxílio de mentores do CeSIUM que ajudam no que for necessário. Estes projetos podem envolver linguagens novas, diferentes ferramentas e tipos de bases de dados, assim como desafios ainda não vistos. O objetivo destes projetos não é uma nota, mas a experiência de desenvolvimento de um projeto do início ao fim, com datas de entrega fixas, com dinâmicas de equipa e com muita aprendizagem pelo meio. Aberto a todos os que se queiram inscrever, com ou sem equipa definida, este programa promete uma forma eficiente de contactar com a realidade do mercado de trabalho com o benefício de uma rede de segurança sob a forma do apoio dos nossos mentores especializados. Com já várias equipas formadas e a trabalhar, o CeSIUM pretende fazer deste programa uma das suas principais iniciativas que promete colmatar as lacunas que possam ser deixadas pelo curso. Se tens entusiasmo, sede de aprender e algum tempo livre, talvez isto seja o projeto ideal para ti.

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/atividades/ /atividades/ Podcast Periférico José Nuno Macedo ze_nuno_eu@ hotmail.com

O Periférico é uma nova iniciativa do CeSIUM, um podcast cultural organizado em parceria com a RUM - Rádio Universitária do Minho. Este tem como objetivo ser um programa agradável, de carácter informal, em que dois oradores convidados e um orador residente trazem, cada um, um tema e uma recomendação artística e depois os discutem, com auxílio de um moderador, assim como proporcionar um espaço de discussão e divulgação cultural. Até agora já foram gravados dois episódios deste podcast, com André Teixeira como moderador e eu próprio como orador residente. O primeiro contou com Francisco Ribeiro e Adelino Costa como convidados e foram discutidos temas como o rigor científico dos filmes, a competição entre fabricantes de processadores e a tendência para sensacionalismo nas notícias. Como recomendações foram mencionados o filme “Arrival”, o livro “Lolita” e o álbum “22, A Million” de Bon Iver. Já o segundo episódio contou com a presença de Martinho Aragão e Fernando Mendes como convidados e foram discutidos os temas de parcialidade, quais os conselheiros de vida que escolheriam e qual a importância da marca de produtos. Foram recomendados o podcast “Stuff You Should Know”, o documentário sobre a vida de Aaron Swartz e o livro “Perfume” de Patrick Süskind. Estes foram recebidos com bastante entusiasmo pela comunidade, o que foi uma grande vitória, visto que nenhum dos participantes, até agora, tinham experiência de gravar em estúdio. Para os próximos episódios irá procurar-se trazer convidados de cursos diferentes e até profissionais de outras áreas, de modo a trazer maior variedade de discussão a estes episódios, assim como outras recomendações culturais e formas de pensar inovadoras. Se ainda não ouviste os primeiros episódios, poderás fazê-lo nas páginas de YouTube (https://goo.gl/kwN5vo) e de SoundCloud (https://soundcloud.com/cesium-uminho) do CeSIUM, ou através da tua plataforma de podcasts favorita, por RSS!

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/pensamentos/ As Novas Tecnologias no Futebol Tiago Carvalhais

tiago.carvalhais.1995@ gmail.com

Qualquer português já terá testemunhado uma troca de palavras sobre um tema bastante delicado na sociedade portuguesa dos dias de hoje: as arbitragens nos jogos do campeonato português. Sim, tanto nas redes sociais como nas tascas mais recônditas, se há tema que estimula a fúria de um português e o duelo até à morte, é o fora de jogo que não foi assinalado contra o F.C. Porto e o penalty que o árbitro não marcou a favor do Sporting. A situação chega a ser de tal maneira grave que adeptos de um clube invadiram um centro de treinos para árbitros, tendo efetuado ameaças e pressões sobre os mesmos. Há uns anos, um adepto entrou num estabelecimento comercial e agrediu violentamente um árbitro enquanto este aproveitava o seu fim de semana em família. Estes são apenas dois casos, num mar de outros episódios, que têm assolado negativamente o futebol português. Posto isto, têm ocorrido sucessivas reuniões nos últimos meses entre diversos clubes e o Conselho de Arbitragem (CA), que têm como principal objetivo a tentativa de diminuição da quantidade de erros que os árbitros cometem em jogos que envolvem esses clubes ou que tenham a participação de equipas rivais. Certo é que os erros de arbitragem continuam a suceder-se e os clubes e seus adeptos estão constantemente a efetuar pressões sobre os árbitros nomeados para os encontros. Esquecem-se que quem arbitra os seus jogos são seres humanos que, como todos sabem, têm o dom do erro. Ora, enquanto estes não tiverem um auxílio para o seu trabalho, podem ter a certeza que vamos continuar a ver sangue derramado pelas ruas de Portugal. A introdução das novas tecnologias nos jogos de futebol é vista como a resposta para este imbróglio. No Mundial de Clubes de 2012 foi introduzida pela primeira vez a Goal Line Technology, que tem como objetivo verificar se a bola transpôs na totalidade a linha de golo. Uma empresa inglesa propôs a criação da HawkEye, uma tecnologia que utiliza sete câmaras atrás de cada baliza, onde cada uma delas fica apontada para a linha de golo, captando 500 imagens por segundo e efetuando uma leitura 3D da bola. Os resultados são enviados para um software que processa a imagem, sendo que a confirmação do golo é enviada para um relógio usado pelo árbitro. Esta tecnologia tem sido usada desde a temporada 2013/2014 na Liga Inglesa e já permitiu, por diversas vezes, um ajuizamento correto por parte dos árbitros. Contudo, as situações mais frequentes prendem-se à existência de foras de jogo ou de penalidade mal assinaladas. A solução está na utilização do vídeo-árbitro, que consiste em fornecer imagens ao juiz do encontro para este se poder esclarecer em relação a um determinado lance duvidoso. A decisão é tomada com base na análise da repetição da jogada. No Mundial de Clubes de 2016, um árbitro assinalou uma grande penalidade após consultar as imagens do lance em questão, fornecidas por um fiscal que se encontrava fora do campo. Contudo, o jogador que sofreu a falta encontrava-se em posição de fora de jogo num momento anterior à jogada, pelo que a decisão não foi acertada, visto que este não reparou na irregularidade do lance. É uma tecnologia que não resolve todas as situações irregulares, mas representa uma nova arma que os árbitros podem utilizar em caso de dúvida. Como se pode constatar, a introdução dos mecanismos aqui abordados tenderá a reduzir em 90% as situações de erro cometidas pelos juízes das partidas de futebol. Se isto ocorrer, as conversas de café também irão terminar menos vezes com sangue derramado sobre as mesas e os árbitros passarão a ter uma vida mais tranquila e com menos ameaças de morte no interior das suas caixas de correio. Por isso, pelo bem da integridade física e psicológica dos nossos cidadãos, as novas tecnologias no futebol são fundamentais! 20


/pensamentos/ A Origem do Nome “Bluetooth” José Nuno Macedo ze_nuno_eu@ hotmail.com

Na aldeia de Jelling, na Dinamarca, encontram-se as Jelling Stones. Estas são duas pedras com partes da história da Dinamarca inscritas nelas, colocadas lá pelos primeiros reis deste país há mais de 1000 anos atrás. Centenas de anos de erosão retiraram as cores com as quais essas pedras tinham sido pintadas, deixando apenas um resto da sua glória visíveis ao olho humano, convenientemente colocadas em caixas de vidro próprias para as proteger dos elementos. A pedra mais pequena e antiga foi colocada pelo rei Gorm em honra da sua mulher Thyra, enquanto que a maior pedra foi colocada pelo filho destes, Harold Bluetooth, em homenagem aos pais e como celebração da sua conquista de Dinamarca e Noruega e da conversão dos dinamarqueses para o Cristianismo. Na parte de trás da maior pedra encontra-se uma pintura, que se especula ser de Jesus Cristo. Voltando à atualidade, estava a ser desenvolvida uma tecnologia de ondas rádio de baixo alcance, algo que poderia unir computadores e telemóveis, fazendo todas essas tecnologias comunicar pelo mesmo protocolo. Inicialmente, este era um projeto da Ericsson mas rapidamente estes se aliaram a várias outras empresas como IBM, Nokia e Toshiba. Vários nomes foram propostos para várias tecnologias, tais como “Low Power RF” ou “MC Link”, mas eram todos nomes demasiado técnicos e que não soavam bem. Um engenheiro da Intel, Jim Kardach, ouviu a história das pedras de Jelling e de Harald Bluetooth de um amigo sueco com quem estava a trabalhar e achou que Bluetooth seria um bom nome de código para a tecnologia, visto que, tal como Harald Bluetooth unificou a Dinamarca, também este Bluetooth iria unificar as comunicações entre tecnologias. Este, no entanto, era só um nome de código. O nome oficial foi decidido como PAN - Personal Area Network. Este nome, no entanto, era impossível de ser patenteado, visto ser um nome demasiado genérico, e advogados alertaram para este facto 3 semanas antes da tecnologia ser oficialmente lançada. Foram contratados consultores para pensar num nome melhor mas não se obteve resultados e foi decidido usar o nome Bluetooth. O símbolo do Bluetooth, tal como o conhecemos agora, nada mais é do que a sobreposição das iniciais do nome de Harald Bluetooth escrito nas mesmas runas que estão inscritas nas Jelling Stones, sobre um fundo azul. É curioso como algo tão pequeno como o nome de uma das várias tecnologias que o nosso telemóvel possui tem um fundo histórico tão rico e interessante. Encontram-se aqui as inscrições das Jelling Stones para a satisfação do leitor mais curioso: Runestone of Harald Bluetooth “King Haraldr ordered this monument made in memory of Gormr, his father, and in memory of Thyrvé, his mother; that Haraldr who won for himself all of Denmark and Norway and made the Danes Christian.” Runestone of Gorm “King Gormr made this monument in memory of Thyrvé, his wife, Denmark’s adornment.”

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/pensamentos/ O Fim de uma Era e do Sonho Americano André Teixeira andre.f.teixeira@ outlook.com

Creio que é seguro dizer que a Era do imperialismo americano terminou. Aquela fase da história onde a democracia ocidental era uma força imparável, em que as coligações e alianças encabeçadas pelos EUA impeliam o mundo para a frente e procuravam impor a paz, onde o “fim da história” de Francis Fukuyama estaria prestes a realizar-se. A Era onde a América era a cidade no cimo da colina, o maior símbolo da democracia, da liberdade, igualdade e tolerância. Essa Era passou e estamos a entrar numa nova fase da história, uma fase mais incerta, mais perigosa, com mais semelhanças com a Era da Guerra Fria do que com a vaga progressista dos anos noventa. As falhas nos nossos sistemas começam a revelar-se. O final desta Era ficará sempre ligada à ascensão de Trump, esse demagogo narcisista que representa melhor que ninguém o problema com que nos deparámos. Há que reafirmar que Trump não é génio nenhum e não foi ele, com certeza, que criou o ambiente necessário para esta mudança de paradigma global, sendo apenas o homem certo na altura certa, com a quantidade certa de ideais e morais, ou seja nenhuns. A principal preocupação de Trump é, e sempre será, Trump e tudo o resto não passam de formas de melhorar a sua vida ou marca. A sua desvalorização da verdade, a sua retórica de criança de primeiro ciclo, a sua agressividade gratuita e falta de correção política, tudo isso é fruto de falta de caráter e complexidade. Tudo isso é honesto, mostrando um homem honestamente ignóbil e incapaz. É esta honestidade, esta afirmação de “sou deplorável e tenho orgulho nisso” que as massas adoram. Este egoísmo e individualismo extremo, este desprezo pelos valores e tradições democráticas e liberais, este vazio espiritual e ausência de algo que considere digno de ser defendido acima de tudo, este falhanço da cultura do Ocidente, vá, é o problema que temos de resolver, não o autocrata alaranjado que se senta na Casa Branca. As vagas de populismo que temos observado são criadas por um abandono dos valores que a elite liberal tomou por evidentes e invioláveis, mas que não se dignou em defender e justificar. A eleição de Trump foi uma chapada na cara ao sistema e foi com essa mesma intenção que as massas o elegeram. Não como forma de expressar as suas ideias, mas como modo de demonstrar o seu ódio e desprezo pela ordem estabelecida. Apenas abraçando os nossos ideais democráticos e liberais e afirmando-os sem medo da oposição é que poderemos combater este fantasma que se espalha pela europa e que todos os dias corrompe os EUA um pouco mais. Apenas afirmando perante Pequim e Moscovo que não temos medo de enfrentar unidos as suas ambições nefastas é que conseguiremos que estes recuem. Apenas lutando pela justiça sem medo de tomar uma posição, sem nos escondermos por detrás do véu 22


/curtas/ /pensamentos/ fácil e confortável que a ignorância ou indiferença nos proporcionam, é que o povo do Ocidente conseguirá demonstrar que, apesar de estar em baixo, não será derrotado. Como fazer isso, como convencer os nossos cidadãos de que vale a pena lutar e que eles, pessoalmente, devem importar-se com um sistema que os ignora e com um mundo que não quer saber das suas dificuldades pessoais? Não sei. Mas precisamos de descobrir, em conjunto, enquanto sociedade, o que fazer. Tratar factos alternativos como mentiras, desprezar publicamente racismo e misoginia, parar de aplaudir a ignorância e o conformismo, punir aqueles que utilizam a insegurança dos outros para os manipular e, finalmente, avançar para um horizonte onde homens como Trump são tratados como a escumalha que são, assim que utilizam o seu direito de liberdade de expressão para cuspir as barbaridades que desejarem. Ainda é possível recuperar. Já o sonho americano, esse, está perdido. A cidade no cimo da colina desfeita, revelada como a mentira que muitos temiam que fosse. Um país que depende da diversidade e da democracia não sobrevive quando ambos esses valores são atacados pelo seu mais alto executivo. Cabe aos americanos abrir os olhos e aceitar que as suas ações têm consequências para eles e para o mundo e, cabe a nós, europeus, aceitar que apenas juntos conseguimos ser relevantes neste mundo frio que se avizinha. Que podemos nós, cidadãos portugueses, solitários, fazer, perguntam. Leiam jornais, questionem a realidade, discutam, informem-se e, acima de tudo, importem-se e não finjam que nada vos afeta. Conchas e bolhas protetoras eventualmente falham e é preciso que tenhamos a maturidade de perceber que precisamos de mudar, e agora. Ainda vamos a tempo. Não para salvar o sonho americano, talvez, mas para salvar os valores que custaram já inúmeras vidas a defender. Uma nova Era está a chegar. Cabe a cada um de nós fazer com que esta não seja pior do que anterior.

Functional Programming & Haskell Functional programming is a type of programming where the Diogo Vilaça functions don’t have side effects. They receive inputs and produce a72227@ outputs, nothing else. They don’t modify the input neither do they alunos.uminho.pt work on the side. If you program that way, you know a lot about those functions’ behaviours. Many of the mistakes that are easy to make when programming on another more conventional languages is that you forget about those side effects that a function has in addition to returning it’s result. Forgetting these effects can lead to very difficult to find bugs and a lot of wasted time. In the old days you couldn’t get hold of a programming language from somewhere else, you had to write your own compiler and many people were doing that. After a while, they realized that they were working with pretty much the same kind of programming language but because each of them had their own compiler, they couldn’t share any code. That led to a proposal of taking the common core of what they were all doing, put it together and design a programming language that they could all use. It was when the committee formed to design the language got together and decided they had to choose a name for the language and, as usual, no one knew which name to call it. So everyone was allowed to write a proposal on a blackboard and to cross one name from it. The name that survived was Curry, named after Haskell Curry. The next morning, one of them realized that it had the same name of Tim Curry, a transvestite scientist from the Rocky Horror picture show (very popular at the time) and it was decided to call it Haskell instead of Curry, still named after Haskell Curry but now using his given name instead of his last name. That’s how haskell, an advanced and purely functional programming language, came to be.

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/pensamentos/ A Ponte de 364.4 Smoots, com uma Orelha de Incerteza José Nuno Macedo

A ponte de Harvard Bridge, também conhecida como MIT Bridge, que une a cidade de Boston ao MIT, mede 364.4 smoots, mais ou menos uma orelha. Para se entender melhor a história e o contexto desta afirmação, é preciso saber que Oliver Smoot, que deu o nome nome a esta unidade de medida, juntou-se à fraternidade Lambda Chi Alpha em 1958. Tom O’Connor, seu superior na fraternidade, estava farto de atravessar a Harvard Bridge sem ter noção de quanto faltava para acabar de a atravessar. Assim, O’Connor teve a brilhante ideia de mandar os caloiros da fraternidade medir a ponte, sendo que um deles iria ser usado como unidade de medida. Foi escolhido Oliver Smoot por este ser o mais baixo (1.70 m), sendo que isto iria forçar os caloiros a terem mais trabalho e porque Smoot era um nome que soava algo científico, como Ampere ou Watt. ze_nuno_eu@ hotmail.com

Assim, numa quinta feira de outubro, sete caloiros começaram a tarefa. Estes planeavam simplesmente fazer Smoot deitar-se, traçar a sua altura no chão com giz e usar uma corda com esse tamanho para medir a ponte, mas um outro membro da fraternidade, que estava a passar por lá, viu-os e achou tanta piada à ideia que ficou a observar, impedindo-os de fazer batota e obrigando-os a usar Oliver Smoot para fazer todas as medições. A cada 10 smoots foi pintada uma marca na ponte. Perto do final da tarefa, Oliver Smoot estava tão exausto que os colegas tiveram de pegar nele e arrastá-lo para fazerem as últimas medições. Quando finalmente terminaram a tarefa, obtiveram o valor de cerca de 364.4 smoots. Representaram a incerteza de medida com mais ou menos uma orelha (“ear” em Inglês), sendo que em vez da letra “e” usaram ε (Epsilon), que é normalmente usado na matemática para representar erros de medições. Com o passar do tempo, foi-se perdendo o menos e o epsilon, sendo que normalmente diz-se que a ponte mede “364.4 smoots + an ear”, quando a versão correta seria “364.4 smoots ± an εar”. Oliver Smoot terminou os estudos em 1962 e teve uma carreira de sucesso trabalhando com unidades de medida e standards, o que é bastante irónico, sendo que este próprio foi uma unidade de medida. Em 1987 juntou-se ao ANSI (American National Standards Institute), do qual, eventualmente, se tornou presidente. Foi também presidente, durante dois anos, do ISO (International Organization for Standardization), antes de se reformar, em 2005. Entretanto, o conceito de smoots persistiu e, todos os anos, desde 1958, as marcas dos smoots, na ponte, foram pintadas de novo por membros da fraternidade Lambda Chi Alpha e quando esta foi reconstruída no final dos anos 80, as placas que foram usadas para a sua construção mediam 1 smoot, em vez dos cerca dos normais 1.83 metros (6 foot). As marcas foram então incorporadas definitivamente nesta. Algumas utilidades que trabalham com medidas, tais como WolframAlpha, a calculadora da Google e Google Earth, reconhecem o smoot como uma medida e permitem o uso desta. Até a polícia reconhece esta unidade como útil e afirma que a usa para indicar certos pontos da Harvard Bridge, visto estas unidades estarem marcadas no chão. A organização responsável pela ponte pronunciou-se quanto ao assunto: “Reconhecemos o papel dos smoots na história local. Isso não quer dizer que encorajemos graffitis. Mas os smoots não são qualquer tipo de graffiti. São smoots! Se, no final das obras da ponte, não forem colocados placas e marcadores comemorativos, então faremos com que isso aconteça.” Assim, o que começou como uma pequena brincadeira prolonga-se agora como um marco na história da Harvard Bridge e do MIT, traduzindo-se numa história interessante, definitivamente diferente, e numa frase que irá soar estranha a qualquer indivíduo que não conheça esta história: “A Harvard Bridge mede 364.4 smoots, com uma orelha de incerteza.”

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/cultura/ Livro: “A Rapariga no Comboio” “A Rapariga no Comboio” é uma história contada por três mulheres, cada uma com a sua história que, a um determinado momento, vai coincidir com as restantes. Três mulheres, três homens, um assassinato e um comboio são os ingredientes principais desta história.

Cláudia Marques

a71509@ alunos.uminho.pt

Rachel é a personagem principal. Uma alcoólica incorrigível, desempregada, para quem é difícil aceitar que foi traída e trocada por outra mulher que deu ao seu ex-marido aquilo que ela mais desejava ter e nunca conseguiu, um filho. Para não contar à amiga, que lhe deu abrigo, que foi despedida, Rachel apanha todos os dias de manhã o mesmo comboio até Londres e faz o percurso de volta ao final do dia, como se estivesse a regressar a casa depois de um dia de trabalho. O seu passatempo é imaginar a vida dos habitantes das casas por onde o comboio vai passando, nomeadamente da Megan. Megan é uma mulher inconstante, insatisfeita por natureza. Tem, aparentemente, o melhor marido do mundo, mas isso não lhe basta. Vai somando aventuras e casos extraconjugais. Esconde um grande segredo que não a deixa dormir. Depois de a galeria onde trabalhava fechar, vai ser dona de casa a tempo inteiro. Por uns tempos, aceita tomar conta da bebé de um casal vizinho, mas durará pouco tempo. Por sugestão do marido, consulta um psicólogo, com quem vai manter uma breve relação. Um dia, desaparece e ninguém sabe o que lhe aconteceu. Anna é a mulher com quem Tom manteve um caso amoroso, quando ainda era casado com Rachel. Dois dias depois de Rachel sair de casa, Anna mudou-se para a sua casa, já grávida de Tom. É uma mulher assustada e um pouco paranoica. Tem quase a certeza que Rachel nunca os vai deixar em paz e que pode ser perigosa, porque anda sempre por ali a rondar tendo, inclusive, pegado na sua bebé e levado até à estação, num momento de distração. Deixou de trabalhar como vendedora imobiliária para assumir o papel de esposa e mãe a tempo inteiro e dá muito valor à família que formou. Tom é o ex-marido de Rachel e atual marido de Anna e pai da sua filha. Tenta apaziguar os ânimos, descansar Anna em relação a Rachel e acudir a esta quando bebe demais e faz coisas que não deve. Está sempre a dizer a Rachel para os deixar em paz e seguir com a sua vida. Scott é o marido de Megan, um marido carinhoso, preocupado, talvez um pouco possessivo ou ciumento, mas que parece amar Megan. Vai ser o principal suspeito após o desaparecimento da sua esposa. Vaise envolver com Rachel, mas as coisas não vão correr lá muito bem. Kamal é o psicólogo que Megan consulta e com quem vai ter um caso. No início, as consultas e os encontros amorosos, ajudam-na mas, quando ele se recusa a continuar a relação, ela não vai aceitar com facilidade. É mais um dos suspeitos, mas acaba por ser libertado por falta de provas. Mais tarde vai ter Rachel como cliente. Não é um livro que agarre logo nas primeiras páginas, chega mesmo a ser um pouco maçador, mas depois, quando todas as personagens e histórias se cruzam e tentamos perceber o que aconteceu a Megan, o que Rachel terá visto e quem será o misterioso homem ruivo com quem Rachel se cruza no comboio, não queremos parar até chegar ao fim! Aconselho imensamente!

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/cultura/ Música: Concertos e Festivais em 2017 Madalena Castro a71417@ alunos.uminho.pt

Cecília Marciel

Já foram anunciados alguns dos nomes que irão preencher os festivais portugueses e outros eventos musicais e podemos confirmar que o ano de 2017 está recheado de boas surpresas. Nomes como Guns N’ Roses, Red Hot Chili Peppers e Foo Fighters passarão pelo nosso país preenchendo-o um pouquinho mais e alegrando os fãs portugueses.

catarina_marciel@ hotmail.com

Quais os principais ingredientes para um bom festival de verão? Boa companhia e boa música… E podemos certamente afirmar que boa música não faltará nos nossos festivais este ano. Comecemos pelo NOS Alive… Este ano, o NOS Alive contará com a presença do canadiano The Weeknd no dia 6 de julho, que tem dado cartas no mundo da música principalmente desde que lançou o single “Earned it” que integrou a banda sonora do filme “50 Shades of Grey”. No dia 7 de julho teremos os Foo Fighters. Estes tiveram por cá, pela última vez, no Optimus Alive em 2011 e voltarão para se reunir com o público português num dos poucos concertos que têm marcados pela Europa e mundo inteiro. O dia 8 de julho será, para já, preenchido pela banda americana Imagine Dragons, trazendo consigo a apresentação do seu mais recente álbum “Smoke + Mirrors”, pela banda inglesa de música eletrónica e rock Depeche Mode e pela banda irlandesa Kodaline. E quando o melhor dia de um cartaz é exatamente o primeiro dia de um festival? É exatamente o que acontece no Super Bock Super Rock quando temos os Red Hot Chili Peppers, como cabeça de cartaz, no dia 13 de julho. A banda estadunidense confirmou a sua presença no festival, sendo que os bilhetes diários esgotaram dois meses após a confirmação. Este será o primeiro concerto do grupo de Anthony Kiedis em Portugal desde a sua participação no Rock in Rio de 2006. No MEO Marés Vivas temos a presença do cantor britânico Sting. O ex-membro da banda inglesa The Police volta a Portugal após a sua passagem pelo Super Bock Super Rock em 2015, para apresentar o seu novo álbum “57th & 9th”, lançado no passado mês de novembro. Quanto a outros eventos musicais, iremos ter a presença dos Guns N’ Roses no Passeio Marítimo de Algés, no dia 2 de junho, que voltam a pisar os palcos portugueses depois do concerto no Pavilhão Atlântico em 2010. Este concerto faz parte da tour “Not in This Lifetime…” com os membros do lineup original Axl Rose, Slash e Duff McKagan, algo que não acontecia desde 1992 em Portugal. Bruno Mars também regressa a Portugal, no dia 4 de abril, no MEO Arena, para apresentar o seu novo álbum,“24k Magic”, lançado no passado mês de novembro. Esta será a segunda visita de Bruno Mars a Portugal, após a sua estreia em 2013 no mesmo local. Teremos também a presença do lusodescendente Shawn Mendes no dia 10 de maio, para apresentar o seu novo disco “Illuminate”, e de Ariana Grande, pela primeira vez, que após ter cancelado o concerto que tinha agendado para o Rock in Rio 2016, confirmou um concerto para dia 11 de junho no MEO Arena. Há que ter atenção, caros leitores, visto que todas estas datas podem mudar, já que se estes concertos se encontram à merçê de interesses comerciais e de artistas voláteis. Podemos confirmar que excelente música não faltará este ano nos palcos portugueses. Quanto à boa companhia?! É simples, basta descartar os piores e guardar os porreiros.

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/cultura/ Série: “Westworld” Pegando na temática da inteligência artificial e emulação de comportamentos humanos, a HBO lançou em outubro de 2016 a série Westworld, baseada no filme de 1973 com o mesmo nome. Decorre num futuro tecnologicamente avançado, centrando a sua história num parque temático que simula o Velho Oeste e que é povoado por androides sintéticos, denominados por hosts, que satisfazem os desejos dos visitantes, os guests, que podem fazer tudo o que quiserem dentro do local, sem regras nem receio de serem mortos pelos habitantes.

Tiago Carvalhais

tiago.carvalhais.1995@ gmail.com

Os hosts existentes no parque estão programados para seguir um determinado guião cíclico e, sempre que ocorrer alguma alteração do mesmo, os funcionários do local interrompem o seu funcionamento e recolhem-no, para tentar reparar os danos. No final, caso a falha possua uma solução, este é reposto e volta a executar as suas funções. Os guests podem, a qualquer momento, avisar os funcionários de algum problema e pedir auxílio, caso necessitem. No desenrolar dos episódios de Westworld, verificamse as mais variadas tentativas por parte dos funcionários do parque em melhorar o desempenho dos hosts, nomeadamente o seu software, que em determinadas situações apresenta algumas falhas. Ocorre também a tentativa de aproximar as expressões faciais dos androides às de um ser humano comum. Uma das temáticas centrais da série envolve o ganho de personalidade por parte de alguns dos robôs, que acabam por ganhar controlo sobre as suas ações e sobre aqueles que trabalham no parque, chegando ao ponto de os obrigar a alterar o seu software, para que eles possam também ter controlo sobre os restantes hosts. Um dos pontos mais cativantes desta série é a dificuldade em perceber quais das personagens são humanos e quais são androides, visto que os hosts são interpretados por atores humanos. Este fator terá grande importância num dos muitos plot twists que surgem ao longo da primeira temporada, sendo que se descobre que um determinado funcionário do parque é, na realidade, também ele um host. A referência a este facto serve para realçar o quão aproximada pode ser a simulação do comportamento do ser humano por parte de uma máquina e de como isso pode vir a ser uma possibilidade num futuro próximo. Após a bem sucedida estreia da série, nomeadamente em termos de número de espectadores, as estimativas apontavam para um custo de 100 milhões de dólares para a realização da primeira temporada, sendo 25% dos quais gastos apenas com o primeiro episódio. Estes números demonstram o porquê de Westworld ter sido apelidado de “o novo Game of Thrones” pela crítica, mesmo antes do seu começo. Para além disso, a qualidade do seu argumento e dos atores que desempenham os vários papéis tornam a série num prato apetecível para quem gosta da temática da inteligência artificial aliada a uma história fascinante que prende desde o primeiro ao último minuto. Recomendo extremamente esta peça cultural!

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/cultura/ Jogos: Nintendo Switch e o Futuro da Nintendo André Teixeira andre.f.teixeira@ outlook.com

Com o lançamento da sua nova consola, a Switch, a Nintendo pretende corrigir os erros do passado e preparar a companhia para aquilo que considera que será o futuro do mundo dos videojogos. Apesar de a consola se encontrar no mercado há muito pouco tempo e de haver uma quantidade muito diminuta de jogos para ela, a influência que o lançamento de uma nova consola daquela que é a mais antiga e respeitada de todas as empresas de jogos do planeta tem, faz com que seja relevante proceder com uma avaliação, ou olhadela para a bola de cristal, do futuro da consola e da empresa por detrás dela. A Switch representa uma mudança de direção para a Nintendo. Sendo constituída por um aparelho do tamanho de um tablet, com ecrã táctil e completamente capaz de correr jogos com qualidade média/alta e por uma miríade de comandos e docas que permitem a sua utilização em televisões, há que notar que a Switch é, por design, uma consola híbrida com ênfase na portabilidade. A sua bateria dura apenas entre três a seis horas e a sua resolução de 720p não é nada de revolucionário, mas é a primeira vez na história da indústria que existe uma consola portátil capaz de fornecer uma experiência de jogo completa e comparável à de consolas caseiras. Apesar da sua natureza portátil, a consola pode ser ligada à televisão através de uma doca de ligação que aumenta a sua resolução e fornecimento de energia, permitindo um aumento de resolução para 1080p. A Switch é carregada sempre que se encontra na doca e pode ser também carregada com um cabo USB-C, o que compensa a sua limitação no que toca a bateria. Os comandos da consola são também pouco tradicionais, sendo denominados de JoyCons e completamente independentes da consola principal, tendo baterias externas, uma míriade de funcionalidades como giroscópios e leitores de movimento e podendo ser utilizados individualmente para fornecer jogo cooperativo para duas pessoas com uma só consola. Nota-se, portanto, uma tentativa de inovação e todo o marketing realizado enfatiza a capacidade da consola de fornecer experiências de jogo diferentes em múltiplos ambientes e configurações. No entanto, para permitir isto, foi necessário sacrificar potência, algo típico em consolas da Nintendo, podendo isto limitar as vendas daquilo que é por muitos visto como um competidor à Sony e à Microsoft. A Nintendo quer distanciar-se disto, procurando diferenciar-se e atrair ao mesmo tempo jogadores mais familiares ou casuais e fãs mais dedicados de experiências mais profundas. Se a estratégia funcionará no longo prazo dependerá apenas dos jogos que a empresa conseguir lançar. O falhanço da consola anterior foi em grande parte causado pela falta de apoio por parte de produtores externos, limitando a biblioteca de jogos àqueles lançados pela Nintendo. Se esta questão for resolvida e se a consola for abraçada pela indústria, então o principal problema da companhia terá sido ultrapassado. O preço elevado da consola, a falta de jogos ao lançamento e a mensagem confusa passada pelo esforço publicitário poderão impedir ,no entanto, vendas significativas e sem vendas os produtores de jogos não irão gastar o seu tempo e dinheiro numa consola sem jogadores. A Switch é um passo numa direção nova para a Nintendo e, na opinião deste cronista, esta direção foi a mais acertada, apesar de arriscada. Para ser bem sucedida, a empresa terá de solucionar os seus problemas históricos, como a falta de um sistema de contas bem organizado, mas se o conseguir ter-se-á distanciado dos competidores e aberto um novo mercado capaz de competir com os jogos de telemóvel, reafirmando-se como uma potência no mundo dos jogos. Se não conseguir, a sua nova consola ficará reduzida a uma máquina de Zelda, o que não é positivo, por melhor que esse Zelda seja, e a companhia irá afundar-se lentamente na obscuridade. Este lançamento é importantíssimo para o futuro da companhia, e o mundo, tal como os investidores da Nintendo, estará a olhar com atenção para os desenvolvimentos dos próximos meses. Esperemos que sejam bem sucedidos, pois se a Nintendo falhar os jogadores sentirão a falta daquela que foi, efetivamente, a mãe da indústria de jogos moderna. 28


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Só-tiras

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/diversos/ Notas

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