Revista de Escalada Fator 2 - nº 01

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Nº 1 Dez 1/Jan 15, 1998 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Fator 2

Contra-Pino Contra-Pino

Escalada de 2 dias no Pão de Açúcar

Entenda Entenda o o que que significa significa fator fator de de queda queda

No NoMundo Mundo ○

Estilos Estilos

Conheça Conheça os os principais principais estilos estilos de de escalada escalada

As últimas novidades novidades no no Brasil e no no mundo mundo ○

Na Na Parede Parede


Expediente Direção, Redação e Diagramação

Íngremes caminhos e rudes paredes levam as montanhas... Em uma ascensão a essas maravilhosas obras da natureza, encontram-se muitos obstáculos que tornam grandioso o final dessa empreitada. Da mesma forma, criar uma revista de montanhismo é um grande desafio, difícil sim, mas não impossível. Aproveitando uma grande qualidade de todo brasileiro, que é a sua perseverança, coragem e teimosia em lutar pelo que se quer e sobreviver nas mais árduas jornadas, levantando-se mais forte a cada queda, resolvemos ir em busca da relização deste sonho. Com esse intuito e pensando na necessidade premente de uma publicação dirigida ao montanhismo e aventura, que criamos este Jornalzinho Informativo. Nosso objetivo é levar informações técnicas ou não e notícias sobre o que ocorre no mundo da escalada. Com um começo simples, contamos com a ajuda dos leitores para uma evolução publicitária. Sugestões, idéias, críticas, relatos, informes, entre outros serão muito bem-vindos. Faremos juntos um meio de comunicação que trará à público o mundo mágico das montanhas e das aventuras. Cresceremos juntos até chegarmos a uma respeitada revista sobre o assunto e escrita exclusivamente para você leitor que admira ou pratica essa paixão que é o montanhismo! Até o próximo! __Cintia Adriane

Flavio Daflon e Cintia Adriane. Colaboraram neste número

Helmut Becker e Alexandre Altieri.

Assinatura e cartas Flavio Daflon Rua Dr. Satamini, 171 / 701 Tijuca - Rio de Janeiro - RJ Cep 20270.233 Tel.: (021) 567-3058

Pager: 508-1001 cód. 2154295

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Atenção Escalada é um esporte onde há risco de você se acidentar gravemente ou até mesmo morrer.

Esta publicação não é um substituto para um Instrutor ou Guia de escalada em rocha. Caso você não conheça ou possua dúvidas em relação às técnicas de segurança para a prática do esporte, procure um instrutor ou guia especializado para lhe ensinar. Acidentes sérios e até fatais podem ocorrer, como resultado de uma má compreensão dos artigos aqui publicados ou da superestimação dos seus próprios limites. Capa: Gustavo Telles no 2º dia da escalada do Contra-Pino, Pão de Açúcar, RJ. Foto: Flavio Daflon.


Novas

conquistas

Há duas novas vias conquistadas no Pão de Açúcar: A primeira é a Estranhos Prazeres do Pita, André Catuicó e Hillo. São seis enfiadas extremamente técnicas e bem protegidas. As três primeiras estão cotadas em 5+, 7c e 8a. As três últimas ainda não foram inteiramente feitas em livre, mas segundo Pita, podem ter graus entre 7c e 9a. A via ainda espera por repetições. A outra via conquistada nesta mesma montanha, é No velho oeste, do Ralf e da Naissa (Curitiba) Está cotada em 7º, 7b e tem seis enfiadas. Só houve uma repetição: do Sergio Tartari e do próprio Ralf. Enquanto que já somam 4 o número de cordadas que ficaram somente na tentativa. Estão na face sul e sudoeste, respectivamente. Ambas chegam ao cume.

Mudanças

no CEPI

Foi colocada em prática a modificação proposta nas reuniões entre clubes e escolas do Rio de Janeiro no paredão CEPI (a via em cabo de aço no Pão de Açúcar). Tal mudança consiste na substituição dos primeiros metros de cabo por chapeletas inox (mantendo as caracteristicas de artificial), obrigando assim a utilização de um equipo mínimo para fazer a via e conseqüentemente reduzindo o número de aventureiros e

de acidentes. Como o que ocorreu no mês de junho: a vítima - que não era escalador - mais uma vez estava sem nenhum equipamento de segurança quando escorregou e caiu cerca de 100 metros. Bombeiros lhe deram os primeiros socorros na base, mas ele não resistiu e faleceu. Cabos de aço dão uma falsa impressão de segurança. Muitos pensam que basta sair subindo e quando percebem o engano já é tarde.

Sai o primeiro 10c ! O primeiro 10c da América do Sul foi encadenado por Helmut Becker no Campo Escola 2000 na Floresta da Tijuca (Rio de Janeiro). Chama-se Coquitel de energia: são 10 proteções em 15 metros de parede, bem negativa e com agarras minúsculas. Este projeto custou a Helmut 10 meses de trabalho e inúmeras tentativas, tudo feito com muito planejamento e treinamento já que Helmut é aluno de educação física. A contradição é que Helmut havia diminuido a intensidade com que se dedicava a via nos últimos meses. Mas, na sua opinião, como diminuiu também a cobrança para encadená-la, pode fazer uma tentativa com a mente mais relaxada e conseguir o feito, no domingo 8 de novembro. Na graduação americana o Coquetel está cotado em 5.14a (numa escala que vai até 5.14c) e na francesa 8b+ (numa escala que vai até 9a). Helmut tem o patrocinio da Brazil Outdoors, DMM e BY.


Nova

via em Salinas

O Pico Maior em Salinas ganha mais uma via: Matheus Arnaud (6º, A1+), conquistada por Ildinei de Oliveira (C.E.Petropolitano), Alex Ribeiro (Abrigo 3 Picos), Mario Arnaud e Rafael (Casa do Montanhista - PR). A conquista foi patrocinada pela Casa do Montanhista.

Longas

e difíceis

Imagine uma escalada de 12 enfiadas. Agora imagine que o grau de cada enfiada seja: 7c, 6+, 7c, 8a, 6+, 9a, 9b, 8c, 10b, 10c, 9b e 7c, consecutivamente. Esta escalada existe! É uma conquista do mais que conhecido escalador alemão, Thomas Huber. Se chama End of silence e fica na Alemanha. Outra longa escalada desportiva alpina chama-se Des kaisers neue kleider e fica na Áustria É uma via do também famoso escalador Stefan Glowacs. São nove enfiadas, cotadas em: 6+, 9b, 10a, 8c, 10c, 10a, 6+, 10c e 6+. Há ainda uma outra cotada em: 10b, 9b, 9c, 8a, 10b e 9c, que é conhecida pela distância das proteções: quedas de dez metros são comuns! É claro que pode-se contar numa mão o número de escaladores que já fizeram tais vias. Aqui no Rio, mantendo as devidas proporções, há também longas vias desportivas, como o Totem, no Pão de Açúcar, com cinco enfiadas, cotadas em: 8a, 7c, 7c, 7a e 8c. E o Atalho do diabo, no Corcovado, com sete enfiadas cotadas em: 6+, 9c, 7a, 6+, 8c, 7c e 8c. Estas vias são um exemplo de como as escaladas (e os escaladores!) ainda podem evoluir.

Alto nível feminino Josune Bereciartu (espanha) se tornou a primeira mulher no mundo a encadenar (fazer sem quedas) uma via com dificuldade em 11a (8c francês). A via se chama Honky-Tonky e segue por um negativo de 25 metros. Não podemos esquecer que ela já havia feito quatro outras vias de 10c. Além dela três outras mulheres se destacam na escalada desportiva por já terem encadenado, não só uma, mais duas vias de 10c. São elas Robyn Erbesfield (norte americana) e Martina Cufar (eslovena) e Lynn Hill (norte americana).

Repetição

no Corcovado

Ralf e Serginho (Tartari) fizeram a primeira repetição da última via conquistada no Corcovado (RJ): Ordem e progresso, A4.Foram 2 dias para completar as 8 enfiadas na face sul desta montanha. O grau de cada enfiada foi dado em: A1+, A4, A2, A2+, A1+, A0, A3+ e A2. E o equipamento utilizado foi: 1 jogo friends, 1 jogo micro-friends, 1 jogo stoppers, 6 coperheads, 6 pitons finos e clifs variados.

Façanha

brasileira

Eliseu Frechou e Márcio Bruno de São Paulo, fizeram uma grande repetição na parede do El Capitan, na Califórnia: a via Plastic surgery disaster (VI 5.8 A5), um dos big walls mais exigentes em Yosemite. Certamente um feito memorável. Saiba mais desta aventura nas próximas edições.


10b

na mídia

No domingo dia 18 de outubro, a Revista de Domingo do Jornal do Brasil trouxe como matéria de capa a mais recente conquista no pico dos quatro (maciço da Pedra da Gávea). Os escaladores: Pita, Sergio Tartari, Bruno Galdeman, Rodrigo Miloni e Marco Terranova, fizeram várias investidas, sendo que na última permaneceram por 5 dias na parede. Faltando uma enfiada para o termino a via já tem nome: Rainha do Mar. É mais uma opção de big wall dentro da cidade já que todas as 7 enfiadas são totalmente em artificial. Foi graduada em A3. As fotos e texto, muito bem escrito, foram feitas pelo Terranova, fotógrafo do Jornal do Brasil. A conquista foi patrocinada pela Osklen.

na Serra do Cipó

Agora já são dois os escaladores que encadenaram a via Linha da vida na Serra do Cipó, possivelmente um10b. São eles: Helmut Becker do Rio e Fábio Muniz de Petrópolis. Esta é a escalada de maior dificuldade no Cipó. Está localizada no famoso setor nobre (é a primeira após o Herois da resistência ), são aproximadamente 30 metros com 15 proteções e três barrigas negativas. Só a sua primeira parte, até a quinta costuras, já tem a dificuldade de 9b, numa parede vertical e extremamente técnica, já que a maioria das agarras estão de lado. Helmut Becker tem patrocinio da Brazil Outdoors, DMM e By. Fábio Muniz tem patrocinio da Techni Sport e Gaiatri, ambas de Petrópolis.

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? o il t s e u e s o é Qual Escalada Desportiva, realizada em pequenas paredes (falésias) com inclinação, quase sempre, negativa (maior que 90 graus). O objetivo é a dificuldade. O escalador deve fazer uso de toda sua força, resistência e elasticidade, para escalar a via sem interrupções. Escalada Tradicional, grandes

paredes e o objetivo de atingir o cume da montanha pelas mais variadas faces. Envolve um contato mais íntimo com a natureza já que, muitas vezes, a montanha está isolada de tudo, exigindo longas caminhadas de aproximação e deixando o escalador exposto às variações climáticas. Muito exigente fisicamente e psicologicamente por durar longas horas e nem sempre ter proteções próximas e/ou fixas.

Boulder, é a escalada de blocos pequenos de rocha, mas extremamente difíceis. É a forma mais simples e pura de escalar. Oferece uma liberdade total para prescindir a corda e o equipamento, já que é executada a poucos metros do solo.

realizada em muros de madeira com agarras de resina. Pode ser utilizada como treinamento para melhorar a técnica ou a força. Propícia para campeonatos.

Escalada Indoor,

Escalada

Solo, sem cordas,

baudrier ou qualquer outro equipamento de segurança, este é um estilo para poucos pois, um erro, pode ser fatal.

Escalada Desportiva Escalada Artificial

Boulder


Escalada Artificial, quando não há possibilidades para a escalada em livre, o escalador emprega meios não naturais para sua progressão. Existem inúmeras técnicas e artifícios que permitem, com o auxílio de todo e qualquer equipamento (cordas, grampos, móveis) ganhar altura. Alta Montanha, o objetivo é atingir o cume das montanhas mais elevadas do planeta. Se for por uma via difícil tecnicamente, melhor ainda. É necessário equipamento de neve e gelo, já que nestas montanhas as neves são eternas. Os maiores problemas são: o ar rarefeito, o frio, avalanches e as mudanças do tempo.

Escalada em Gelo, paredões de gelo ou cascatas congeladas, com inclinação até negativa, são perfeitas para a escalada em gelo. Não estão, necessariamente, em ambiente de alta montanha mas, em compensação, são muito técnicas. __Flavio Daflon

Alta Montanha

No próximo número descreveremos mais detalhadamente cada estilo...


Contra-Pino

Escalada de 2 dias na face norte do Pão de Açúcar Exatamente às 5:59 da manhã tudo começava. Sabe daquelas vias em que sonhamos poder fazer um dia. Aquelas cheias de histórias e lendas. Escaladas exigentes, comprometedoras e de poucas repetições. Pois é o Contra-Pino na face norte do Pão de Açúcar era, para mim, uma destas vias. Quando, naquela manhã, encontrei o Gustavo na Urca, só mesmo muita empolgação em realizar tal escalada nos mantinha de pé. Na noite que estava acabando, eu havia dormido apenas uma hora e meia, e o Gustavo três horas, e estávamos indo para uma escalada longa e difícil, a qual pensávamos fazer em dois dias. Em condições normais teríamos adiado a escalada, mas alguma coisa nos dizia que aquele era o momento certo, que tudo sairia perfeito, então insistimos.

Escolhemos a via Caixinha de Surpresa (7a - três enfiadas) para chegar ao platô da Íbis. Apesar de não ser a maneira mais fácil de chegar ao platô, a escolhemos por ser uma linha reta, o que nos facilitaria a subir com a mochila e a rebocar o haul bag. Na base levamos mais de uma hora para organizar o equipo e as duas mochilas. Trazíamos 21 friends, 18 stoppers, 2 tricams, 10 pitons, 2 pares de estribos, 2 marretas, talhadeira, etc. O haul bag com as ferragens e a água seria rebocado pelo guia, enquanto o participante subiria jumareando com a mochila cargueira, mas leve, nas costas. Iríamos escalar revezando a guiada.

Gustavo Telles na 4º enfiada (A1)


No caixinha o que nos deixava apreensivos era realizar todo o trabalho (jumarear e rebocar mochila) em cima de paradas simples, numa parede em pé. Assim que chegamos no platô da Íbis, reorganizamos o equipo, já que as três próximas enfiadas seriam em artificial. Também aproveitamos para almoçar . A primeira enfiada acima do platô é comum ao paredão Íbis. São aproximadamente 15 metros num artificial fixo em grampos de um-quarto (A1), extremamente negativo, que termina num pequeno platô. A Íbis segue para a esquerda e o Contra-Pino pela direita. Por volta da 12:30, revezando a guiada, tomei a direção da direita. Uma enfiada quase toda em diagonais e horizontais, em artificial móvel (A2). O trecho mais interessante era fazer um tetinho

Flavio Daflon na segunda enfiada do caixinha (7a). mudando de um friend para outro, entrar numa seqüência de 3 buracos de clif e colocar mais um friend num buraco para alcançar a parada. Esta parada é bem exposta e desconfortável por ser negativa. Uma rede fez a diferença. O Gustavo encarou a próxima, também em artificial (A3). Um negativo leva a uma fenda no teto da Íbis. Esta fenda segue para a direita, termina, e então há uma seqüência negativa de pitons (o primeiro é um pecker). O Gustavo parou por aí, no primeiro grampo que encontrou à quatro metros da parada, pois o sol já iluminava outras bandas. Foi alucinante limpar esta enfiada com o headlamp no capacete. De volta ao platô da Íbis, quebrados, comemos super bem e apagamos. Por incrível que pareça acordamos as 5:00 da manhã com muita disposição. Às 7:00 já jumareavamos no vazio das cordas fixas, de volta ao último ponto. O Gustavo terminou o trecho que lhe faltava usando de toda imaginação possível! Logo que montou a parada me juntei a ele. Como de costume, reorganizamos tudo e parti para a enfiada de clif (A2). Linda e longa enfiada, alterna clifs em buracos e em agarras. As proteções fixas

Gustavo Telles lidando com pitons na 6º enfiada do dia (A3)


são ora em grampos de um-quarto, ora em velhas chapeletas ou em grampos de meia que estavam bons. Num trecho mais crítico troquei uma das chapeletas. Esta enfiada que começa negativa, faz a transição para o positivo acima do grande negativo da Íbis. Para chegar à parada, um último trecho de tirar o fôlego: uma horizontal, vertical, de agarras quebradiças. Um quinto grau, pelo menos, em que o grampo fica lá para trás... Era uma prévia do que viria. Neste momento nossa outra corda ainda nos ligava ao platô, era hora de decidir: tirar nosso cordão umbilical, sem o qual nosso retorno seria muito difícil, ou nos retirar. Escolhemos seguir. Dividimos tarefas e ambos rapelaram. Cada um iria buscar uma mochila e limpar uma enfiada. De volta a parada, ao final do artificial de clif, nos preparamos para continuar.

Gustavo Teles jumareando na manha do segundo dia O trecho que começava na primeira chapeleta após a parada era bem esquisito , vertical, com agarras quebradiças, e deveria ser escalado em artificial de clif nas tais agarras quebradiças. E para piorar tudo, a chapeleta, com o peso do corpo, entortou. Tivemos que bater uma nova no local. Nesta hora se aproximou de nós o helicóptero de resgate do CGOA, e nos perguntou se precisávamos de ajuda, dissemos que não, que estávamos bem e que iríamos para o cume. Praticamente na mesma hora veio o helicóptero da Globo. O SBT filmava tudo lá de baixo e transmitiram coisas como: a corda arrebentou! , estão presos! , etc... Infelizmente deixaram nossas famílias de cabelos em pé, quando não havia necessidade. Mas mesmo a chapeleta nova não foi suficiente para tirar a adrenalina dos lances seguintes. Dei três longas passadas em clif e quando não havia como progredir mais assim, foi necessário deixar os estribos para

trás e escalar em livre para chegar, então, a um grampo. Daí em diante a enfiada continua na mesma rocha podre, em lances que se aproximam a um sexto grau, parede em pé, alternando grampos bons com aquelas chapeletas velhas. Mais uma vez jumareamos e rebocamos o haul bag. A próximo enfiada tinha uma grampeação bem longa porém, era fácil, e nos levou até próximo ao final do Waldo. A partir daí, foram três enfiadas fáceis nesta via, até o cume, que chegamos logo após a noite cair. Após 11 horas de escalada, tínhamos comido apenas um pacote de biscoito e estávamos muito cansados, mas não havia o que reclamar, tínhamos feito 12 enfiadas da mais linda escalada.

Flavio Daflon.


I Torneio de Escalada Tag Heuer Nos dias 29 e 30 de agosto foi realizada, em São Paulo, a I Etapa do Ranking Nacional de 98. Escaladores do Rio, Petrópolis, São Paulo, Minas, Paraná, Rio Grande do Sul e Brasília, participaram de uma competição sobre um muro resinado (importado) de 16 metros, montado no local do evento, a Acadêmia Competition. Nos dois dias de

I Etapa do Ranking Nacional de 98

competição os escaladores enfrentaram uma eliminatória e a final. As vias foram abertas pelo americano Mike Pont (route setter do XGames) e foram bastante elogiadas. Para se ter uma idéia do nível da competição, o grau da via eliminatória masculina foi 8c e da final 9a! Abaixo os melhores classificados:

Masculino

Feminino 1- Paloma Cardoso, SP - 50 pts. 2- Janine Cardoso, SP - 40 3- Rosita Belinky, SP - 33 4- Claudia Clément, SP - 27 5- Rúbia M. Camarão, DF - 21 6- Patrícia Mattos, RJ - 17 7- Karla Oliveira, PR - 14 8- Paula - 11 9- Maria Emília, PR - 9 10- Adriana Schlenker, PR - 7 11- Sandra R. Nunes, SP - 5

1- Guilherme Zavaschi, RS- 100 pts. 2- Alexandre Paranhos, SP - 80 3- Edison Shimabukuro, SP - 65 4- Eduardo Mazza, PR - 55 5- Fernando da Motta, RJ - 51 6- Fabio Muniz, RJ - 47 7- André Berezoski, PR - 43 8- Helmut Becker, RJ - 40 9- Luiz C. Bitencourt, RJ - 37 10- Alexandre Galvão, RJ - 34 11- Marcelo Braga, RJ - 31 12- Fabiano Quadros, PR - 28 13- Luiz Clément, SP - 26 14- Ricardo Schen, PR - 24 15- Willian Shimabukuro, SP - 22 16- Hildson Santana, RJ - 20 17- Flávio Cantélli, PR - 18

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"No lugar em que me encontrava, onde se sente a vida suspensa por laços tão frágeis, onde a luta pela sobrevivência é continua e não admite falhas, o respeito à vida atinge uma forma superior." (Cem dias entre céu e mar - Amyr Klink)

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na

Calculando o fator de queda para os exemplos acima temos:

FATOR DE QUEDA

Na situação nº1: Fator de queda = 20 = 0,66 30 Na situação nº2: Fator de queda = 4 = 2 2

Imagine estas duas situações:

Situação nº 1: O guia está 30 metros

acima do participante. Sua última proteção está 10 metros abaixo. Neste exato momento ele sofre uma queda (que será de 20 metros).

Situação nº 2: O guia está 2 metros acima do participante e sofre uma queda (que será de 4 metros).

Em qual dos exemplos acima você acha que o impacto da queda sobre a corda, o baudrier, os escaladores e o ponto de segurança será maior? Se você pensou na situação 2, acertou. Existe um método simples de calcular este impacto: o fator de queda. Fator de queda = altura da queda distância de corda entre escaladores

Podemos notar que o fator da situação 2 é muito maior que o da situação 1. Na verdade o fator 2 é o maior que pode ocorrer numa escalada,e significa que corda, baudrier, escaladores e ponto de segurança estão sendo submetidos a grande impacto. É claro que o equipamento é desenvolvido para suportar várias quedas deste tipo, mas qual é o real estado de sua corda? Ou do grampo? Num caso normal o fator 2 só é possível se o escalador que guia cair sem ter feito nenhuma proteção ou seja, ao sair da parada. Portanto, ao deixar a parada os escaladores devem triplicar sua atenção e fazer a primeira proteção logo que puder. Do fator 2 vem também a importância de paradas duplas. __Flavio Daflon

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Tem empregado o que aprende na faculdade de educação física à escalada?

Entrevista Helmut Becker Idade: 21 anos. Anos de escalada: 6. Ocupação: Estudante de Ed. Física. Peso: 60 quilos. Altura: 1,77. Patrocinador: Brazil Outdoors, DMM

e BY.

Que tipo de escalada mais lhe agrada?

Escalada esportiva em rocha.

Como você vê a escalada tradicional?

Hoje em dia vejo como um meio de curtir uma escalada mais descompromissada e visual.

Quais são seus points de escalada preferidos?

Campo escola 2000 (Floresta da Tijuca, RJ) e Serra do Cipó (MG). Tem se preparado competições?

para

as

Atualmente não tenho voltado a minha atenção para esse tipo de evento. Tenho me compromissado mais com a faculdade e os projetos de via. Quantos dias por semana escalado e/ou treinado?

tem

Normalmente cerca de 5 dias. Quando possível nos fins de semana escalo em rocha e durante a semana em muro.

Sem dúvida! Foi o que fez a diferença para encadenar o História sem fim (10b - C.e. 2000 - 1997) com rapidez. E vem me ajudando a evoluir solidamente na escalada atualmente. Tem se dedicado a algum projeto em especial?

No início do semestre voltei a treinar para o coquetel de energia (Primeiro 10c - encadenado 1 mês depois desta entrevista). Pretendo reiniciar as tentativas em final de outubro, mas acho que vai ser complicado por causa do clima desfavorável e do final do curso da faculdade. Quais são seus objetivos a longo prazo?

Uma viajem longa onde possa conheçer novos lugares e obter boas performances. E um dia gostaria de abrir e encadenar um 11c (9a francês) aqui no Brasil. É importante um ranking carioca e nacional? Porque?

Com certeza! Porque vejo como o meio mais prático de organizar o esporte, aproximá-lo da mídia e do público potencial. Também pode contribuir para o aumento do mercado, com mais patrocinios e apoios à atletas. O que você acha que pode ser feito para organizar o esporte?

Primeiro requisito, concientização dos próprios escaladores com relação as várias questões éticas e profissionais


envolvidas no meio. Paralelamente concientização e apoio ao esporte por parte dos empresários do meio, pois infelizmente a grande maioria não dá o incentivo necessário para o mínimo desenvolvimento do esporte. A questão do incentivo ainda restringe-se a casos isolados.

promover adequadamente os interesses dos mesmos em trabalho conjunto com o Pró-esportiva. Desta forma acredito que possa existir uma ligação entre patrocinadores e empresários, organizadores e os próprios atletas, como maneira de normatizar o esporte, tentando agradar a gregos e troianos.

Que dicas você daria para aqueles que querem aumentar o nível?

Você já esteve escalando fora do Brasil. Como vê o nível da escalada esportiva brasileira e o de lá de fora?

Respeitar os próprios limites, traçar metas que sejam concretas e que proporcionem prazer como finalidade e não sejam demasiadamente sacrificantes. Variar a prática da escalada é fundamental para reciclar a motivação e também conhecer a si próprio, assim como seus interesses. Soube que você está conversando com escaladores desportivos para a criação de um orgão. Que orgão seria esse?

A UNEEP (União Nacional de Escaladores Esportivos Profissionais). Tem a finalidade de congregar os escaladores de referência de cada estado no sentido de promover o intercambio em diversos assuntos para

Vejo que o principal incoveniente no Brasil está na quantidade tanto de escaladores de alto nível como de vias abertas. Potencialmente o Brasil tem muito a prometer. Na América do Sul não há dúvidas, com relação a sua (Brasil) elevada capacidade, tanto no nível técnico dos escaladores como no de vias, se compararmos com os demais países. Com relação aos EUA e Europa é claro que técnicamente somos bem inferiores, porém temos escaladores aqui que estão muito acima da média encontrada no exterior. A questão está na velocidade que iremos alcançar os altos níveis de fora, o que depende não só da ação dos próprios atletas como também das empresas do meio.


Flavio Daflon na Trow pai trow filho, 7a - Itacoatiara. Foto Ricardo Linhares.

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