Expediente Direção, Redação e Diagramação
Flavio Daflon e Cintia Adriane.
Essa edição está cheia de novidades... Brasileiros conquistam no Chile uma Big Wall de 17 enfiadas, num paraíso chamado Cochamo. O melhor é que a equipe estava formada por representantes de três Estados: Rio de Janeiro, Paraná e Florianópolis. Qual o impacto que um grampo sofre em uma queda? Será que eles são seguros? De que maneira é melhor grampear? Saibam algumas conclusões tiradas no Trabalho sobre Grampos, do Miguel Freitas e Marcelo Roberto Jimenez. E as técnicas de segurança? Você está em dia com elas? O Top Rope pode ser algo muito simples, mas qualquer erro pode acarretar um acidente! Leia as dicas na seção técnica - Na Parede. Tem também a entrevista com o Pita, grande escalador do Rio de Janeiro que vai falar um pouco de sua vida de escalador e das suas opiniões. E muito mais!!! Publicamos muitas notas e croquis de vias conquistadas, além de um Classificados inteiramente gratuito. E você também pode colaborar escrevendo para nós ou simplesmente mandando sua opinião, sugestão ou crítica. O que está esperando? Comece logo sua leitura e bom aproveitamento!!!!
__Cintia Adriane
Assinatura e cartas Flavio Daflon - Rua Dr. Satamini, 171 / 701 Tijuca - Rio de Janeiro, RJ - Cep 20270.233 Tel.: (021) 567-3058 E-mail: fator2@pobox.com
www.webspace.com.br/cia-escalada/fator2
Fator2 - Fator de Queda Fator2 é um fator de queda extrema, na qual todos os componentes de uma escalada são submetidos a grande impacto. Este fator é calculado pela altura da queda, dividido pela distância de corda entre os escaladores.
Atenção Escalada é um esporte onde há risco de você se acidentar gravemente ou até mesmo morrer.
Esta publicação não é um substituto para um Instrutor ou Guia de escalada em rocha. Caso você não conheça ou possua dúvidas em relação às técnicas de segurança para a prática do esporte, procure um instrutor ou guia especializado para lhe ensinar. Acidentes sérios e até fatais podem ocorrer, como resultado de uma má compreensão dos artigos aqui publicados ou da superestimação dos seus próprios limites. Preço em outros estados: São Paulo - R$ 1,25 / Minas - R$ 1,25 / Paraná - R$ 1,35 / Rio G. do Sul - R$ 1,45 /
Capa: Mariozinho na Mucho Granito Arriba em Cochamo - Chile. Foto: Luiss Claudio Pita .
Nº4
Abr 15 / Jun 1, 1999
Lixo
no Corcovado
Infelizmente no mundo de hoje muitas pessoas só estão interessadas em ganhar dinheiro. Na ganância de lucros cada vez mais altos colocam em risco lugares e vidas. Isso é o que está acontecendo no Corcovado (cartão postal do Rio de Janeiro) que sofre com o descaso da admistradora do Restaurante e Lanchonete do cume. Eles despejam todo o lixo, além de móveis velhos, pela encostas da pobre montanha, causando poluição visual, atraindo animais e trazendo grandes risco para acomunidade escaladora, que utililza esse belo paraíso de rochas. E tudo isso há mais de 20 anos, pois os órgãos responsáveis fazem vista grossa e porque os proprietários não querem diminuir seus lucros contratando alguém par retirar o lixo e darem um fim correto. É muito mais cômodo e barato jogar tudo parede abaixo. Com isso os clubes de montanha, escolas de escalada, o GAE (Grupo de Ação Ecológica) e outras ONG s, cansados de promessas vãs, fizeram um manifesto no dia 21 de março intitulado Pai, afasta de mim este lixo , organizando uma passeata até o Cristo Redentor para protestar publicamente e pedir que os responsáveis sejam punidos e o problema resolvido. Também será apresentado pelo GAE uma denúncia ao Ministério Público pedindo a cassação da licança dda empresa infratora e a imediata limpeza da base e encostas da montanha.
Chaminé Brasília
Após 15 anos, foi repetida a Chaminé Brasília, uma via de 5º grau com 450 metros de extensão sendo a maioria dos lances em chaminé estreita, conquistada em 1959, pelo pessoal do Centro Excurcionista Rio de Janeiro. Elas se localiza na Pedra da Agulha, em Pancas - ES. Quem conseguiu esse feito foi o pessoal do Centro Excursionista Petropolitano (CEP) - RJ. O grupo composto de Jeferson Monteiro, Adriano Fiorini, Marcel Leoni e Leandro (BIDU), partiu as 7:30hs do dia 02 de abril de 1999 e chegaram ao cume dia 03/04 as 10hs, voltando as 17:30hs, ao acampamento base no cafezal do Sítio do Sr. Adelson Klabund, situado na base da Pedra da Agulha. No dia anterior havia sido feito um reconhecimento até
a base, abrindo-se uma picada por meio de costões de pedra, que contou com uma pequena ajuda minha e do Endre. Fez-se 2 enfiadas de corda que mostraram que a maioria dos grampos não estariam em boas condições. A escaalda tem na sua primeira enfiada um lance de paredão e fenda de meio corpo. Na segunda enfiada é fenda de meio corpo e chaminé estreita, sendo assim até quase o final da via. Foram usados para proteções: friends, camalots e alguns hexentrics, além de alguns grampos. O pessoal dormiu numa passagem horizontal em chaminé, há cerca de uns 150 metros do cume, pertoo de platôs com cactus e com escremento de andorinhas. Restou para o último dia um artificial podere e um trepa-mato. Todos os grampos do artificial no final da via estavam podres, mas não foram trocados. O artificial foi guiado pelo Marcel, o mais leve de todos. Depois desses grampos tem um trepa-gravatás alternando com lances de 4º grau sem proteção. Esta parte na descida, foi desescalada pelo Marcel, que deu segurança de ombro para os outros descerem, já que não confiaram numa arvorezinha para a descida. Para o rapel fooram batidos seis grampos, que garantiram a descida em segurança do pessoal. A passagem horizontal perto do cume teve que ser escalada na descida e na subida. Lis Maria Leoni Rabaco
Novos Clubes
Em São Bento do Sapucaí (SP) o casal de escaladores Márcio Ramos e Andréa Gianini criaram o Clube da Montanha para ensinar grauitamente jovens e crianças da cidade a escalar e aprender sobre ecologia e meio ambiente. A sede fica na Ra Castorino Gomes Ribeiro, 40 - São Bento do Sapucaí - SP - Cep. 12490-000. Quem quiser ajudar entre em contato. E no Espírito Santo nasceu o CUMES - Clube de Montanhismo do Espírito Santo, com sede na Rua Mário Benezath, 225 - Sta. Cecília - Vitória ES - Cep. 29043-190.
Niclevicz no K2
Foi lançado o vídeo do Waldemar Niclevicz sobre a escalada à montanha K2, no Paquistão, realizado ano passado. O lançamento foi dia 04 de maio em são Paulo, no Espaço Cultural Unibanco: 05 de maio em Curitiba, na Ópera de Arame: e 06 de maio no Rio de Janeiro, na UERJ.
O vídeo tem 80 minutos de imagens narradas e sonorizadas pelo próprio Waldemar Niclevicz. O evento tem o apoio do Instituto de Educação Física e Desportos da UERJ, do Grupo de Pesquisa em Atividades Outdoor/LAMBIOM (Laboratório de biomecânica) e do Clube Excursionista Ligth. Os patrocinadores do Waldemar estiveram presentes para divulgação de alguns de seus produtos (O Boticário, Nutrimental, Iridium e Leão Junior/Matte Leão). Você poderá acompanhar as escaladas de 1999, do Wqldemar pelo site: http://www.sagarmatha.com.br Flávio Aguiar
Conquista do Elefante
Ralf e Gustavo Sampaio acabaram de conquistar uma via fantástica no Alto Morão, em Itacoatiara (RJ). Foram 6 dias de escaladas para que a via fosse aberta em 4 investidas. A conquista teve 70% dela reallizada à noite, das 15h30m à ooh, tendo um dos dias sido escalado até 4h da manhã. Durante o dia eles desciam para descansar, por que era impossível enfrentar o sol causticante. Foram 7 enfiadas graduadas em 5+ A2+ (grade IV), sendo oque esse A2+ é por causa da exposição em clif. O equipo utilizado foi 1 par de clifs Talon, e outro Chouinard, 1 jogo de Friends, 3 Flexible Friends pequenos e Stoppers 2 ao 4 com cabeça móvel para parafusos. Os 300 metros de parede podem ser rapelados com duas cordas, ou descer pela trilha.
Conquista no Grajaú
O Paredão Nó em Pingo D Água , localiza-se na Reserva Florestal do Grajaú, no contraforte do Morro do Perdido do Andaraí e está graduada em 3º grau com IV. A via tem extensão de mais ou menos 80 metros (duas enfiadas incompletas). Os conquistadores foram: Dalton Chiarelli e Jana de Menezes, com a colaboração de Rosângela Gelly e Yomar Guimarães. O equipo necessário além do material normal de escalada, é 1 jogo de Friends médios e pequenos, 1 jogo de Nuts de cabos e fitas tubulares.
Vertical Café
A The Wall apresenta omais novo point da escalada carioca, o Vertical Café, um muro de escalada para suprir a deficiência carioca nesta área. Situado na Rua Capitão Salomão, 55, no Humaitá, estará aberto a partir do dia 26 de abril de 1999 e funcionará no horário de 16:00 às 24:00hs de segunda a domingo. A partir do dia 19 de abril funcionará como período de teste, com uma taxa reduzida. O muro será operado pela The Wall e os usuários terão entre as facilidades instrutores treinados para atender e orientar a qualquer momento. Banheiros, vestiário, loja de equipamento e um bar também estarão disponíveis no local. Este é um local para treinar, se divertir ou apenas olhar. Rodrigo Milone
Conquista no Escalavrado
Foi aberta uma via de escalada entre os meses de março de 1997 a setembro de 1998 denominada Infinita Highway, na face sudeste do EScalavrado, aquela gigantesca parede vista da estrada RioTeresópolis, na Serra dos Órgãos (RJ). Os conquistadores foram: Miguel Monteza Rego, Lauro Cavalcanti e outros, com o suporte de Guilherme Fonseca e Renan Alves, entre outros. A graduação sugerida é de 6º grau com A1. Foram empregados 110 grampos de 1/2 polegada.
Serra comemora
Caminhadas, escaladas, palestras, mergulhos em piscina natural, campeonato de boulder indoor, banhos em cachoeiras e canjica da vovó. Tudo isso ao som de uma flauta celestial, além da inauguração da trilha Mozart Catão e do mirante Alexandre Oliveira. Esses foram alguns dos vários acontecimentos da Semana Santa no Parque Nacional da Serra Órgãos (Teresópolis/RJ). Com um público composto de montanhistas de diversos estados do Brasil, ocorreu o que muitos frequentadores da Serra dos Órgãos anseavam: a comemoração pelo aniversário de 60 anos do Parque. Os palestrantes contaram com a resistência física dos montanhistas e representantes do IBAMA presentes, que aguentaram até as madrugadas pelo final de cada uma das palestras. As escaladas e caminhadas correram soltas por todo o final de semana, com muita gente na Pedra do Sino, Mirante do Inferno, Morro de São João, São Pedro, Pedra da Cruz, Agulha do Diabo e, principalmente, Dedo de Deus. Parabenizamos o Parque por essa iniciativa conjunta com o Centro Excursionista Teresopolitano/CET, fazendo votos de que essa parceria traga cada vez mais frutos sadios como esse. Flávio Aguiar
? o il t s e u e s o é Qual Parte III
A Escalada Desportiva tem uma definição fácil: escalada em livre com grau de dificuldade o mais alto possível e risco próximo do zero. É aquela escalada que estamos acostumados a ver em revistas: escaladores pendurados por três dedos em paredes negativas. a forma mais atlética de escalada e a que mais tem crescido em todo o mundo. O escalador precisa de uma combinação de força, resistência e elasticidade. Força para poder se puxar nos dedos, resistência para ficar vários minutos com a maior parte do peso sobre os braços e elasticidade para alcançar aonde parecia impossível (ealmente, aos olhos leigos, uma escalada deste nível parece impossível). A maior parte destas vias tem comprimento de dez a trinta metros, podendo ser positivas ou negativas, e são comumente
chamadas de falésias. As proteções geralmente são fixas (grampos ou chapeletas) e bem próximas umas das outras, o que torna as quedas pequenas e sem importância. Quando um escalador consegue escalar toda uma via sem interrupções por quedas, sem paradas para descanso e sem apoios em grampos ou fitas, dizemos que este encadenou a via. O melhor estilo para uma escalada desportiva é o à vista - guiar, sem conhecimento prévio da via, e encadenar. Este é o estilo mais belo e limpo . Um outro estilo é o redpoint - guiar e encadenar após uma ou mais tentativas. Agora vamos a alguns números para que vocês se situem neste mundo. Sextos e sétimos são graus bastante frequentes, sendo comum também oitavos. Aqui no Brasil, o grau mais alto feito à vista está em torno de 8c e em redpoint 10c. Em outras terras já foi feito à vista 10b e em red point 11b.
Serra do Lenheiro, MG
Coquetel de Energia, RJ
No próximo número Escalada Solo.
Para animar os escaladores, que não gostam nem um pouco de ficar parados, foi realizado um campeonato aberto de escalada indoor, na modalidade Boulder, durante a comemoração dos 60 anos do P. N. Serra dos Órgãos. O que diferencia o Boulder dos muros indoor comuns é que é bem mais baixo, porém com vias muito mais difíceis, o que exige muito mais habilidade do competidor , disse Alexandre Galvão, o route-setter (responsável pela disposição das agarras no muro). O resultado final foi o seguinte:
Feminino 1. Ana Luiza Shiraiwa (SP) - 500pts. 2. Maria Emília (PR) - 475pts. 3. Camila Santos (RJ) - 375pts.
Masculino
1. Fábio Muniz (RJ) - 413pts. 2. Flavio Cantelli (PR) - 411pts. 3. Ricardo Schen (PR)- 375pts.
Se uma onda me pegasse no convés, mesmo nos trópicos, antes eu gritaria e protestaria contra os elementos. Agora com frio ou neve, se fosse surpreendido e ensopado, apenas tirava o cabelo pingando dos olhos com as costas das mãos e continuava asssobiando. Talvez um certo embrutecimento, uma indiferença à dor e ao desconforto que o mar incute... Talvez seja mais do que isso. Uma sensibilidade maior ao que de fato, importa. (Entre dois polos - Amyr Klink)
Carta do Leitor................... Há algum tempo, saiu publicada na Fator2 (diga-se de passagem, parabéns pela iniciativa e pelo trabalho, a revista está muito boa) uma matéria relativa à falésia nova em São Conrado. A maior parte daquele texto foi colocado por mim num site e acho que quem levou o material até vocês foi o Ricardinho. Independentemente de quem quer que tenha escrito, acho que você deveria incluir um adendo em alguma das próximas edições da Fator2, lembrando que o Marcelo Pedal Verde é o conquistador de todas as vias. Apesar de tudo o cara ez um trabalho sério e competente. Vale lembrar que o cara colocou a falésia pasra cima praticamente sozinho e só com talhadeira e martelo. Tem muita gente aí com furadeira e que não se dispõe a fazer um trabalho desses. Eu pude presenciar, ainda, a preocupação dele em não só colocar as proteçõeos com um espaçamento
seguro, como também se preocupar com posições de costura, atrito e outros detalhes que nossos conquistadores tão numerosas vezes negligenciam. Além disso, ele ainda tomou uma atitude inédita no que se refere a falésias a beira mar: providenciou que as chapeletas recebessem um banho químico, utilizado em âncoras de navio, o que segundo o fabricante, as protegerá de qualquer vestígio de ferrugem por pelo menos dez anos. Tudo isso foi uma iniciativa do Marcelo, o suor foi dele, a fé foi dele e a GRANA para fazer tudo isso também. (...) Vi que seu nome não é citado na nota e isso não seria nada além de um justo reconhecimento pelo trabalho dispendido. Espero que vocês entendam essa carta como uma crítica construtiva a seu trabalho. Grande abraço, Alexandre Prussik
1998 foi uma ano de muitos projetos, de muitos sonhos realizados e de muito trabalho também. Da luta quase diária por um esporte mais organizado, surgiram projetos como o Pico dos Qautro , que apesar de ser uma rota não concluída, teve ótimos resultados em termos de mídia, como a cobiçada capa da Revista de Domingo. E assim nasceu o Projeto Cohamo 99. Quando Sérgio Tartari me comunicou dos seus planos de escalada para o verão fiquei realmente excitado. Escalar Paredes de 800 metros totalmente em livre e com muitas fendas??? Isso vai ser demias!!! . Sérgio já tinha seus planos junto à Chiquinho (grande escalador do Paraná) que por sua vez recebera informações via
internet de uns ingleses que tinham estado em Cochamo duas vezes em anos diferentes. Sérgio e Chiquinho partiram dia 22 de dezembro deixando combinado que a outra parte da equipe, Ralf, Terranova (fotógrafo e eu nos encontraríamos dia 2 de fevereiro em Bariloche e então partiríamos para C o c h a m o (aproximadamente 8 horas de ônibus de Bariloche). Eu estava relativamente tranquilo, já que tínhamos ao nosso lado empresas do porte da LanChile patrocinando as passagens aéreas. Mas as coisas não eram tão simples assim! Como Sérgio não deixara nenhuma informação com a equipe que iria depois, o encontro em Bariloche era imprescindível. Para piorar a situação as passagens da LanChile demoraram um pouco
a sair devido a desitência parcial de um outro patrocinador. Resumindo, não estaríamos no Abrigo Frei no dia 2 de fevereiro. Eu rezava para que Sérgio ligasse para obtermos as informações de chegada, mas não sabia da sua total aversao a aparelhos modernos (telefone). Como estratégia nossa, o Ralf foi alguns dias antes tentar encontrar Sérgio e Chiquinho. Contudo nossa tentativa foi infrutífera. Eles já haviam partido! Arrumei as malas, intimei o Terranova e partimos para o Chile, afim de encontrar Ralf e enfim seguirmos para Cochamo. Esta é uma pequena cidade pesqueira banhada pelas águas do Oceano Pacífico e pelo Rio Cochamo. Fica a mais ou menos 2 horas de viagem de Puerto Mont, a capital da X Região Chilena. Vale
lembrar que a proximidade com a fronteira argentina, torna a ligação Bariloche x Cochamo bem acessível. É uma região de muitas, muitas montanhas graníticas com um numero infinito de paredes virgens. Para chegar no local das paredes é bom alugar alguns cavalos) mais ou menos US$ 30 cada em Cochamo) para carregar seu peso. Após 5 horas de cavalgada chega-se ao paraíso! Voltando a novela O Desencontro , a equipe desgarrada chega a Cochamo depois de muito custo. Apos alugar o cavalo mais caro do mundo (U$ 80 na mão de um alemão esperto, que ganhava a vida em cima dos desinformados) colocamos nosso maior peso no bicho e subimos caminhando com o resto (20Kg). A caminhada era enorme, 25 Km na pura lama! No dia seguinte
fomos em direcao da maior parede do lugar, pois algo me dizia que Serginho estaria lá. Após uma hora de caminhada chegamos à base e a novela terminou! Encontramos Serginho e Companhia. Ele já havia selecionado outro parceiro em Bariloche (Mariozinho de Floripa) para suprir a nossa ausência. Contando ninguém acredita! Talvez fosse melhor ter marcado o encontro na base! Já haviam conquistado 60 metros e o acampamento-base já estava organizado. A parede mostrava-se enorme com seus 500 metros iniciais complicados e de lá pra cima facilitando. Esse papo de fenda em livre que escutei no Rio de Janeiro era pura lenda! As fendas eram na realidade caneletas rasa entupidas de terra. Que maravilha, a via seria
quase toda em artificial!!! Serginho adorou!! A equipe Sérgio, Chiquinho, Pita (eu), Ralf, Mariozinho e as cozinheiras Rô e Bevy, revezaram-se durante 25 dias para conquistar a via mais dificil do local (7º A4) e fincar mais uma bandeira brasileira no exterior. Como recordação da parede, além das canaletas delicadas cheias de terra, ficam os dois bivaques na parede antes do cume. Dormir com aquele céu maravilhoso, que dava direito a nebulosa, estrelas cadentes, planetas... era realmente magnífico. Espero que na próxima expedição a galera sai junta do Brasil. Luis Claudio Bitencourt (Pita)
na
estatísticas mostrando valores médios e os desvios desta média. A primeira série é composta de quatro grampos do mesmo
s são seguros? Até onde nossos grampo
?
Transcrevemos abaixo alguns trechos do trabalho Estudos sobre as proteções fixas utilizadas no Brasil (grampos) feito por Marcelo Roberto Jimenez e Miguel Freitas, para o Curso de Formação de Guias do Centro Excursionista Carioca. O trabalho na íntegra encontra-se no enderecó www.cec.ml.org.
fabricante. São grampos de ½ polegada de diâmetro com olhal de 3/8 de polegada. Todos eles foram testados como são colocados na rocha, ou seja, a força foi aplicada na
Introdução - O objetivo deste trabalho é analisar na teoria e na prática o sistema de segurança utilizado atualmente em escaladas no Brasil. Um sistema é tão seguro quanto a sua parte mais fraca, e por este motivo, não adianta usar equipamentos de segurança super resistentes e homologados por entidades e padrões internacionais, quando as proteções fixas geralmente utilizadas no Brasil são os grampos, artefatos de fabricação caseira sobre os quais não existe nenhum controle de qualidade. É sempre bom lembrar que a vida de pessoas depende diretamente do sistema de segurança, e portanto este assunto deve ser tratado com bastante seriedade.
barra principal do grampo na direção oposta ao olhal. Todos os 4 grampos quebraram. Em média este tipo de grampo suportou uma carga máxima de 1250kgf.
Análise do sistema de segurança - O ponto crítico do sistema de segurança é o último ponto de proteção colocado pelo guia. Pois no caso de uma queda do guia, este ponto recebe na pior das hipóteses, uma força que será o dobro da força sentida no corpo do escalador.
A Segunda série é do mesmo tipo de grampo analisado anteriormente, com a diferença de que agora foram testadas com carregamento no olhal.
A recomendação da UIAA é que um ponto de proteção fixa (grampo ou chapeletaa) resista até 2500 kgf. As chapeletas são uma concepção mais moderna de proteção fixa. Sua construção é extremamente simples, e são fabricadas no exterior com controle de qualidade que garante sua resistência. Testes e resultados Para realizar os ensaios de resistência dos grampos de ½ polegada foi criada uma peça de aço adaptável ao equipamento do laboratório de mecânica da PUC. O objetivo da peça é de simular a colocação do grampo na rocha, exercendo uma força na direção em que ela ocorreria na prática Testes e Resultados - Para realizar os ensaios de resistência dos grampos de ½ polegada foi criada uma peça de aço adaptável ao equipamento do laboratório de mecânica da PUC. O objetivo da peça é de simular a colocação do grampo na rocha, exercendo uma força na direção em que ela ocorreria na prática. Não foi realizada nenhuma estatística séria com os dados obtidos como seria feito na certificação de um equipamento. Neste caso haveria uma amostragem muito maior de grampos do mesmo tipo para que fossem feitas
Como era esperado houve uma ruptura no ponto de soldagem. O que a princípio parece espantoso é que os mesmos grampos que suportaram apenas 1250kgf no teste anterior agora só se partiram com 3500kgf. Os grampos colocados normalmente nas vias de escalada estão sujeitos à um enorme momento fletor no material mas com o olhal para baixo isto não ocorre. Com a aplicação da força o olhal encosta na parede (no caso na peça de testes) e evita a tendência do grampo de rodar criando o efeito de alavanca. A força então acaba sendo aplicada nos dois pontos de solda simultaneamente. Apesar da indiscutível resistência do grampo nesta configuração, após a sua ruptura pode-se inferir a baixa qualidade da solda. É possível ver claramente as superfícies internas das peças soldadas. A solda possui baixa penetração entre as peças e deste modo fica em contato com uma área muito limitada. Ou seja, caso fosse melhor soldado este grampo poderia suportar cargas ainda maiores tendo talvez uma maior durabilidade. O projeto da chapeleta apresenta vantagens estruturais notáveis em relação aos grampos. Enquanto os grampos estão sujeitos a esforços de alavanca ou momento fletor as chapeletas suportam quase que somente uma força cisalhante ou cortante. Este fato aparentemente simples resulta em uma resistência muito maior para uma barra
de mesmo diâmetro fixada à rocha. Conclusões - Os grampos produzidos e largamente utilizados no Brasil apresentam confiabilidade duvidosa quando analisados segundo os padrões internacionais e como equipamentos de segurança. Quando exigidos nas piores situações possíveis de serem encontradas em uma escalada normal, tais como corda com alta força de choque, fator de queda máximo e escalador pesado, os grampos podem ser danificados e até mesmo não resistir. Não está sendo afirmado aqui que os grampos não suportarão quedas de guia, mesmo porque a prática tem mostrado que a situação de grampo partir não é nem um pouco comum (embora não existam números oficiais sobre o assunto). O que deve ser observado é que os grampos são equipamentos de segurança importantíssimos, aos quais muitas pessoas confiam as suas próprias vidas, e por isso teriam que suportar esforços muito acima da pior queda possível. A conclusão que chegamos é que do modo que os grampos são construídos e utilizados, estes são inadequados como equipamentos de segurança. As soldas encontradas nos grampos também foram consideradas soldas de baixa qualidade, possuindo pouca penetração. Deve-se ter particular atenção na colocação adequada das proteções fixas, um grampo mal batido é extremamente perigoso. Como não há mecanismo de expansão e nem é usado nenhum tipo de cola, a boa colocação do grampo depende muito da talhadeira ou broca utilizadas para fazer o furo. É comum ouvir no meio montanhista que o grampo deve entrar na rocha cantando , o que é uma referência ao barulho que a peça emite quando o furo está bem justo. O grampo bem batido deve ficar com o olhal o mais próximo possível da rocha, para ter o menor momento fletor e a menor chance de entortar ou quebrar. Algumas recomendações devem ser feitas de modo a obter um grampo seguro como proteção fixa de escalada: 1 A solda do olhal deve ser melhorada para se obter maior penetração. O ideal seria que a peça fosse forjada inteira, mas como isso não parece economicamente viável,
uma boa alternativa seria cunhar o olhal antes para permitir à solda uma maior área de contato. 2 O fabricante deve colocar uma marca no grampo.
Uma pequena cunha (figura à direita) feita no olhal antes que este eteja soldado pode permitir uma maior penetração da solda.
Isto é fundamental para manter um padrão de qualidade, principalmente porque não é possível inspecionar a qualidade da solda externamente. 3 Tendo sido seguidas as recomendações 1 e 2, recomenda-se então que a colocação do grampo seja invertida, ou seja, que ele seja batido com o olhal para baixo. Nesta configuração a resistência do grampo é muito maior do que com o olhal para cima, tornando o grampo um equipamento seguro para prática de escalada. Não é recomendada a colocação de grampos de qualidade de solda desconhecida com o olhal para baixo, uma vez que todo o esforço será exercido nesta. 4 Tornar a colocação do grampo na rocha mais segura, por meio de mecanismo de expansão. Atualmente o grampo é preso apenas na pressão. Uma sugestão seria estudar o efeito de um cartilhado na barra principal, que teoricamente poderia melhorar a fixação do grampo na rocha. Certamente estas medidas aumentarão o custo de produção dos grampos devido a maior complexidade de usinar a peça. Atualmente os estes podem ser adquiridos por preços que variam entre R$2,00 e R$7,00 (inox).
na
ope Segurança em Tope R Nos últimos anos a evolução técnica da escalada em rocha tem sido grande, inclusive no Brasil, conquistando-se vias até então consideradas improváveis ou mesmo, impossíveis. Como as vias se tornam cada vez mais difíceis, exigindo técnicas e estilos apurados, a probabilidade de vôos aumenta, fazendo constante parte do jogo. Por outro lado, mesmo pessoas que ainda não alcançaram um elevado grau técnico, também estão sujeitas a quedas em uma determinada via de nível superior. O que não se pode nem deve esquecer, é que o número de quedas repetidas, principalmente no mesmo ponto da via de escalada, além de danificar o material (cordas, costuras...), também aumenta o risco de acidente pessoal. Para minimizar esses problemas, pode-se empregar as técnicas de top rope, seja para aprimorar sua técnica, seja para estudar uma via de grande dificuldade. Existem dois métodos importantes: molinete e auto-segurança. Em ambas as técnicas, coloca-se um ponto de segurança no alto da viva, utilizando fitas com
1
2a
mosquetões de rosca para evitar o risco da corda soltar acidentalmente. Se não tiver mosquetão de rosca, substitua-o por dois simples com as janelas invertidas (figura 1). O ideal é equalizar as costuras em dois grampos próximos (figura 2), mas nem sempre isso é possível, pois a corda pode ser colocada acima da parte mais difícil de uma via já conquistada, podendo não haver dois grampos próximos. A solução para esse problema é tentar equalizar as costuras com o próximo grampo acima, utilizando-se um cordelete de 8 ou 10mm; apesar de não ser o ideal é melhor do que utilizar apenas um grampo como ponto de segurança.
Segurança em Molinete
Essa técnica é bem simples, sendo largamente utilizada por escaladores iniciantes, nos chamados campo-escolas. Coloca-se uma costura no alto da via, fazendo com que a corda passe por um dos mosquetões da costura. Nesse ponto, deve-se tomar o máximo de cuidado para que a corda não desliza sobre uma aresta de pedra, pois o atrito pode levar a injúria da capa da corda. Se prende uma das pontas da corda no baudrier da pessoa que vai escalar, enquanto a outra ponta irá para o indivíduo que dará segurança, sendo que esta deve ser dada com aparelhos (oito, ATC), nunca com segurança de ombro, pois no caso de queda de uma pessoa pesada, fica difícil de frear. Geralmente o aparelho de segurança é preso ao baudrier, mas se houver uma árvore próxima, pode-se utilizá-la como ponto de ancoragem de segurança.
Auto-Segurança
A auto-segurança em top rope utiliza aparelhos bloqueadores, que deslizam pela corda no
2b
2c
topo da via e desce de rapel. A seguir coloca um peso na outra ponta da corda (a mochila com o resto do equipamento, por exemplo), arma o aparelho bloqueador e sobe escalando. O deslizamento automático do bloqueador tem a conviniência de deixar ambas as mãos livres para escalar. Isso é uma grande vantagem sobre os nós auto-blocantes, pois estes necessitam de uma, ou as vezes as duas mãos para subir esses nós. o que inviabiliza sua utilização em passagens difíceis, onde liberar uma das mãos é problemático.
E xistem
dois tipos de bloqueadores mecânicos: os que se prendem ao baudrier de cintura e os que ficam presos ao baudrier de duas partes (cintura e peito). O bloqueador modelo BASIC (PETZL) é utilizado em baudrier de cinttura, enquanto o modelo CROLL (PETZL) em baudrier completo. Para a correta utilização, é aconselhável estudar o folheto de instruções que acompanha cada aparelho.
É importante salientar que essa técnica é utilizada com corda de cima e nunca em solo com o aparelho abaixo do escalador, e também não deve ser utilizado por escaladores iniciantes, sem experiência. A vantagem da técnica de auto-segurança
é de não exigir uma pessoa para dar segurança enquanto se escala. Em algumas ocasiões, o escalador tem tempo livre porém não tem um parceiro para escalar. Nesse caso, mesmo sozinho, o indivíduo pode treinar
técnica de escalada e aperfeiçoar-se.
Conselhos
1 - Ao escalar vias em negativo, não esquecer de prever um meio de saída, para o caso de não conseguir realizar a via. É aconselhável levar um outro bloqueador ou cordelete para fazer prussik.
2
- Não utilizar o SHUNT (PETZL) como bloqueador, pois esse aparelho tem seu uso previsto apenas para o rapel. Em caso de queda o aparelho pode travar apenas um dos lados da corda, fazendo com que o outro deslize pelo grampo.
3
- Usar somente cordas próprias para escalada, com diâmetros recomendados pelos fabricantes de aparelhos bloqueadores.
4
- Cuidado com arestas vivas, pois estas podem cortar a corda.
5 - Quando usar a técnica de auto-segurança,
evite as vias que tenham passagens em horizontal e grande diagonais, pois em caso de queda, o bloqueador pode danificar muito a corda, podendo inclusive rompê-la. Marco Aurélio Peregrino da Silva Nessa seção vamos iniciar uma série sobre Segurança na Escalada, afinal é dela que depende nossas vidas e a de nossos colegas durante uma aventura nas paredes. No próximo número Segurança para o Guia.
Esportiva, Tradicional ou Big Wall? O que você faz? Gosto de escalar de tudo. Acho importante se puder, o escalador se completo. O que é um escalador bom, para você? Aquele que é completo.
Luís Claudio Pita Idade: 26 Anos de escalada: 11 Ocupação: construtor de muros de escalada e fabricante de agarras. Peso: 76 Altura: 1,75 Apoio: Osklen Alguns feitos: Repetição da via FrancoBrasileira (A3) na Pedra do Sino em 5 dias e da via do Alemão Southern Confort (10a), várias conqquistas como por exemplo Almas Defumadas no Garrafão (6º A3).
O que você fariam se enchesse de grampos uma via sua? Gostaria que colocassem logo um cabo de aço, porque afinal minhas vias já são muito bem protegidas. Você colocou grampos intermediários em algumas de suas vias, como por exemplo no Cisco Kid e na Caixinha de Surpresa. Por que? Porque são vias que merecem estar ao sabor de todos. Qual a via mais radical que já repetiu? Atalho do diabo (9c), no Corcovado. Gostaria que todos pudessem conhecer esta via. Qual a maior roubada em que você se meteu? Foi uma vez na Sinfônia dos Delírios , no Pico dos
Quatro. Tava com a Katinha em uma parada móvel e eu tomei uma queda fator 2. Todas as peças saíram e nós ficamos apenas por um Friend nº 1! Foi meio adrenante. O que você acha de cavar ou colocar agarras plásticas em rocha? Acho que nos dias de hoje é como arrancar um dente sem anestesia (ai!!!) Os ginásios estão aí pra isso. Quem quiser brincar de agarra artificial manda ir lá no Vertical Café.
Coitado, ficou gritando socorro e os guardas do quartel ouviram e arrumaram alguém que me conhecia. Era um Domingo daqueles que a gente vai a praia, depois come e dorme. Eu tinha acabado de comer quando me ligaram. Em que você confia mais? Grampos ou chapeletas? Confio nos dois, desde que estejam bem batidos.
O que acha das reuniões interclubes? Acho interessante que pessoas se reunam por m interesse comum que é o esporte. É muito importante que os clubes se entendam e comecem novamente aquele trabalho que fizeram no passado.
Como foi escalar o Atalho do Diabo (8 enfiadas - 8º, 9c) e a Oitavo Passageiro (12 enfiadas - 7º, 8b) no Corcovado em um só dia? Foi cansativo, mas compensador. Naquela época eu e o Alexandre estávamos bem entrosados. Como eu e ele sempre escalamos bem rápido, a empreitada deu certo..
Você já participou de alguns resgates. Como foi? O mais interessante foi o do Prussik . Ele tava pendurado no meio de um rapel negativo na Face Norte do Pão de Açúcar (na Barriga do Pássaro). Rapelou sem pendular e como não dava para chegar no grampo (era muito negativo) tinha de subir de novo. Mas ele não sabia fazer Prussik!
Qual sua opinião sobre competições de escalada? Acho que estamos no caminho certo com as iniciativas paulistas. Mas ainda falta um grande caminho ainda! O importante é não desanimar. Adoro competições e acho que elas são muito importantes para o nosso esporte. O Vertical CAfé tem projetos de sediar algumas..