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Assinatura & cartas Flavio Daflon e Cintia Adriane Rua Valparaíso, 81 / 401 - Tijuca Rio de Janeiro, RJ. Cep 20261.130 Tel.: (21) 2567-7105 E-mail: fator2@guiadaurca.com www.guiadaurca.com/fator2
Fator2-Fator de Queda Fator 2 é um fator de queda extremo, na qual todos os componentes de uma escalada são submetidos a grande impacto. Este fator é calculado pela altura da queda, dividido pela distância de corda entre os escaladores.
Atenção Escalada é um esporte onde há risco de você se acidentar gravemente ou até mesmo morrer. Esta publicação não é um substituto para um Instrutor ou Guia de escalada em rocha. Caso você não conheça ou possua dúvidas em relação às técnicas de segurança para a prática do esporte, procure um instrutor ou guia especializado para lhe ensinar. Acidentes sérios e até fatais podem ocorrer, como resultado de uma má compreensão dos artigos aqui publicados ou da superestimação dos seus próprios limites. Capa: Francine Gomes Machado, na Nostradamus, IXb. Foto: Gisely Ferraz. Fator 2 - número 20 - 2003
N o M u n d o Notícias do Sul Francine Gomes, escaladora paranaense, conseguiu seu primeiro nono grau ao encadenar a via Nostradamus (IXb), no Morro Anhangava, em Quatro Barras, PR. A façanha teve início em maio do ano passado e na quarta tentativa ela já estava fazendo com uma queda apenas. em 6 de junho, finalmente, na nona tentativa Francine conseguiu o feito. Ela é a primeira mulher a encadenar a Nostradamus. Francine, é patrocinada pela Academia Jaguati, pela Prefeitura de Piraquara e tem o apoio da empresa 5.13. Em seu currúculo constam uma bela coleção de oitavos como Mr. Hide (VIIIb), Festinha de Criança (VIIIc) Especialidade da Casa (VIIIa), todas no Cipó (MG) e Presságios (VIIIb) no Chile. Ficou em 1º lugar nos dois campeonatos brasileiros de boulder que rolaram em Curitiba, 1º lugar geral no Ranking Paranaense de Boulder. É a escalada feminina mostrando sua força.
Exorcista Exorcista era um projeto de via atrás do Hot Dog, começado pelo escalador carioca Paulo Macaco em 1989, que até o momento não havia sido encadenada. Agora Ralf Côrtes, escalador que vive, literalmente, na Urca conseguiu a façanha e encadenou a via saindo do chão (antes ela
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N o começava em cima de uma pedra de mais ou menos 1,5m) acrescentando mais três lances no início da via. Além disso, aumentou mais alguns lances para cima fazendo-a alcançar aproximadamente 15 metros. Ralf sugere que a via seja um IXa, mas espera a repetição de outros escaladores para confimar o grau. www.guiadaurca.com
M u n d o
Calendário de Competições 2003 São Paulo I Etapa - Boulder - Climbing - 15 e 16 Março II Etapa - Dificuldade - Vertical Indoor - 10 e 11 Maio III Etapa - Boulder - Casa de Pedra Gr. Viana - 14 e 15 Junho IV Etapa - Dificuldade - Casa de Pedra Morumbi - 09 e 10 Agosto V Etapa - Boulder - 90º Graus - 20 e 21 Setembro VI Etapa - Dificuldade - Casa de Pedra - 18 e 19 Novembro Rio de Janeiro I Etapa - Dificuldade - Velox - 24 e 25 de Maio II Etapa - Dificuldade/Velocidade - Estação do Corpo - 26 e 27 de julho III Etapa - Dificuldade - Velox - 16 e 17 de Agosto I Etapa - Boulder - Tio Sam (Muro da Patrícia) - 18 e 19 de Outubro IV Etapa - Dificuldade/Velocidade - Estação do Corpo - 22 e 23 de Novembro.
Abertura da Temporada de Montanhismo A exemplo dos anos anteriores, todos os clubes de montanhismo e entidades afins do Rio de Janeiro reúnem-se no já tradicional evento de Abertura da Temporada de Montanhismo. Será realizado no dia 27 de abril de 2003, domingo, no horário de 8 às 18 horas, na Praça General Tibúrcio - Praia Vermelha - Urca. A programação será intensa, com muitas atrações e atividades envolvendo montanhistas, visitantes e entidades, ligadas ao esporte e ao meio ambiente. Consta na programação, além das atividades características de caminhada e escalada, a realização de uma gincana entre os clubes de montanhismo e para a criançada, muita atividade Infantil. Demonstração de resgate e primeiros socorros também farão parte da programação. Está previsto no evento 4000 pessoas, entre participantes e visitantes, número este que pode ser bem maior este ano, já que o esporte vem ao longo do tempo se disseminando e crescendo em adeptos. Várias lojas de equipamento de montanhismo fornecem material
e equipamentos a serem sorteados entre os participantes no final do evento, lojas essas que estão instaladas em stands no local para exposição e demonstração de seus produtos. Já confirmadas no evento estão: Montcamp, Equinox, Rio Climbing, Sub&Sub, A.S. Divers, Bags Adventure, Guaicurus, By e Bike Camp Store. O evento é aberto ao público e para se inscrever é necessário a doação de 1 kg de alimento não perecível, a ser destinado à Campanha Fome Zero, que será doado ao NEAC (Núcleo Especial de Atenção à Criança). Maiores informações: www.femerj.org - greencompany@bol.com.br
Bondinho do Pão de Açúcar Todos nós já sabemos dos sérios problemas de erosão no Costão do Pão de Açúcar, mais notadamente no totem, onde há o risco de descolamento e queda de pedras. Além do risco de vida iminente, ainda há a possibilidade de uma considerável alteração da paisagem local e danos ao meio ambiente. A FEMERJ, acatando decisão tomada em reunião com todas as entidades afiliadas, solicitou à Cia. Caminhos Aéreos do Pão de Açúcar que suspendesse a descida gratuita de bondinho por um período de três meses, para que, nesse período, seja feito um levantamento da freqüência no Costão. Dessa forma, a partir do dia 7 de abril próximo, a descida de bondinho até a Praia Vermelha passa a custar R$ 12,00 para todos que Página 4 - Fator2
N o chegarem ao cume do Pão de Açúcar, independente da via utilizada. Para quem optar pela descida de rapel, a FEMERJ sugere que o início do rapel seja pelo paredão CEPI e mais abaixo pela Via dos Italianos. Estas medidas requerem a colaboração de todos para que o número de subidas pelo Costão diminuam consideravelmente ou, melhor ainda, cessem até que providências junto à GeoRio possam ser efetivadas. Durante o período em que essas medidas estiverem em vigor, será desenvolvido um trabalho estatístico para avaliar seus resultados. Caso os objetivos almejados não sejam atingidos, a FEMERJ se verá obrigada, juntamente com as demais entidades, a estudar novas alternativas. Certos de poder contar com a compreensão e a colaboração de todos os montanhistas, nos colocamos à disposição para tirar qualquer dúvida através do nosso site, da lista da FEMERJ ou ainda pelo email: bernardo@femerj.org Bernardo Collares Arantes (Presidente - FEMERJ).
M u n d o
Tradicional... A via O Rio de Janeiro Continua Lindo, na Falésia São Sebastião na Urca, acaba de ter sua segunda ascensão realizada. O dono do feito foi o escalador Fabiano Moraes, que recentemente também havia repetido a via Chega Mais (VIsup E5/E6) e a Satisfação (VIsup E5/E6) na mesma falésia. O Rio de Janeiro Continua Lindo é graduada em VIIc E6 e seu estilo é o esportivo tradicional, muito em voga no momneto. Em outubro de 2002 mais uma via foi repetida na Pedra do Urubu em estilo Trad . Trata-se da Sangue de Adolf Hitler, um VIIa E4/E5, por Nilton Campos e Marcos Bezerra. Outras duas Esportivas também tiveram suas primeiras repetições na orla do Pão de Açúcar: a Primeira Dose (VIsup/VIIa E3) e Anzol (VI E3) pelos mesmos escaladores acima Nilton Campos e Marcos Bezerra. www.guiadaurca.com
Acesso as Aderências do Sumaré Esse acesso, que antigamente foi um trilha histórica do Parque Nacional da Tijuca, teve sua entrada, que ficava na rua Lopes Quintas, no Jardim Botânico vedada por um grande muro de tijolos, pelos moradores do lugar, Dietrich Batista e Pedro Mariani. Recentemente com a ajuda do escalador Ivan Calou os fiscais do Ibama e um representante da ProcuradoriaGeral do estado conseguiram descobrir as irregularidas, pegando outro caminho pelo rio, pois haviam sido impedidos de acessar o caminho pelo Drietrich. Além disso, Dietrich e Pedro foram autuados também por captação irregular de água do rio Cabeça. A multa que deverão pagar é de R$ 25 mil cada um, e deverão desobtruir a passagem da trilha e desmanchar a captação de água. A notícia saiu no jornal O Dia. Essa batalha começada por escaladores e mais tarde apoiada pelos clubes e pela FEMERJ já dura um bom tempo e espera-se que logo possa ser revitalizado o direito de ir e vir dos escaladores as escaladas no Sumaré.
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N o
Lagartão
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trecho inicial para a retirada dos grampos fixos, no final de semana de 12 e 13 de abril. Serão retiradas todas as proteções fixas até o platô do artificial. No trecho em artificial, que pode também ser feito em livre pelos mais capacitados, os grampos ficarão (mesmo porque as proteções móveis ali são de difícil colocação e precárias para um lance livre).
Jean Pierre von der Weid, conquistador do Lagartão, no Pão de Açúcar nos relatou via e-mail que serão feitas reformas, nessa que é uma das vias clássicas do Rio de Janeiro. Com a modernização do material de proteção móvel, tornou-se sem sentido a escalada de uma via de fendas com grampos fixos, aos quais muitos escaladores ainda acrescentam proteções móveis. Na época da conquista do Lagartão, as proteções móveis eram cunhas de madeira (proteção bastante precária) e pitons, requerendo marretas para sua colocação. Por esta razão foram instaladas as proteções fixas. Hoje, com os friends e nuts, tudo ficou mais simples e seguro. Por esta razão, conforme já foi divulgado há mais de um ano, o Lagartão está sendo reformado em seu
Deste modo a parada deverá ser feita em móvel e o rapel passa a ser feito pelos grampos do Urubu à Vista, que se localiza a direita das fendas. Não confundir com um projeto de via entre os dois. A atitude do Jean Pierre é louvável, uma evolução na nossa escalada em todos os sentidos e perfeitamente de acordo com a ética local. Na foto, escaladores na quarta parada do Lagartão. É possível ver as fendas no início da via.
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INFOFEMERJ Número 8
Direito Autoral e Pluralidade de estilos Os montanhistas não são iguais. Não só em relação à aparência física, força muscular ou habilidade técnica – cada um tem uma forma peculiar de enxergar o mundo. E isso depende não apenas dos órgãos dos sentidos, mas também de todas as experiências, crenças, valores, atitudes e cultura que se adquire na vida. Não é à toa que existem tantas formas distintas de esportes de montanha. Algumas valorizam o aspecto de cinestesia, habilidade, técnica e força, procurando minimizar artificialmente os perigos objetivos. Outras dão mais importância ao lado da aventura e enfatizam a capacidade de planejamento e organização, a velocidade de progressão e fuga, a resistência ao estresse, a tolerância ao risco e à exposição, valendo-se mais de habilidades pessoais dos praticantes para redução do risco do que de artifícios tecnológicos. A opção por uma ou outra, ou mesmo por um sem número de formas intermediárias, cabe exclusivamente ao indivíduo. Cada pessoa escala por uma razão específica, aproveitando a montanha de uma forma bem pessoal. Cabe ao montanhista escolher o desafio apropriado, não só às suas habilidades, mas também à sua visão de mundo, à sua capacidade de suportar o risco e ao seu desejo de aventura. O montanhismo mundial e, em particular, o Brasil,
adotaram o direito autoral como forma de assegurar a pluralidade de estilos. Essa opção foi feita visando a um equilíbrio entre as diversas formas de conquistar e escalar e para evitar que um determinado estilo prevaleça sobre os demais. Os montanhistas entendem que cada um deverá praticar a escalada que achar mais adequada ao seu gosto. Desta forma, faz-se necessária a existência de vias de escaladas dos mais variados tipos. O presidente da União Internacional de Associações de Alpinismo – UIAA, o escalador inglês Ian MacNaught-Davis, remeteu para uma recente Assembléia Geral da entidade uma carta contendo uma série de questões a serem debatidas ou respondidas, conforme o caso. Como resultado desta Assembléia, surgiu o livreto “To Bolt or Not to Be”, cujo texto principal, em inglês ou em português, pode ser encontrado no site da FEMERJ (http:// www.femerj.org/documentos/recomend_uiaa_port.pdf). Neste texto, onde é expressa a opinião oficial da mais elevada organização do nosso esporte e cuja leitura recomendamos a todos os interessados no tema, a UIAA deixa bem claro ser totalmente favorável à pluralidade de estilos na escalada, bem como ao respeito à vontade do conquistador. A ética no montanhismo consiste, portanto, em reconhecer e respeitar a diversidade de formas de se curtir a montanha. Ninguém deve querer impor aos outros o nível de proteção que considera adequado, tampouco a sua filosofia de
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segurança, pois a pluralidade de estilos é uma das maiores riquezas dos esportes de montanha.
Centro Excursionista Friburguense é a mais nova entidade da FEMERJ
Feitos estes breves esclarecimentos, reiteramos estar, como sempre, abertos a qualquer debate, inclusive através de nossa lista de discussões na internet, onde muitos assuntos relevantes já foram abordados. Em nosso site encontram-se as dicas de como entrar para aquela lista, cujo acesso é livre e gratuito.
O Centro Excursionista Friburguense (CEF) foi aceito por unanimidade como sócio da FEMERJ e vem enriquecer mais ainda o nosso trabalho. Sejam bem vindos. O CEF é um dos clubes mais antigos do Brasil e estava praticamente abandonado. O escalador de Petrópolis, Luciano Bender, coordenou de forma exemplar o ressurgimento do CEF.
FEMERJ elege nova diretoria:
Calendário de 2003:
A diretoria eleita para o biênio 2003/2004 ficou assim composta:
As reuniões acontecem na última terça-feira do mês, às 19hs, e está aberta a todos. Sua presença é muito importante para o desenvolvimento do nosso esporte! As datas e locais das reuniões estão no site da FEMERJ.
Presidente: Bernardo Collares Arantes Vice Presidentes: Marcelo Roberto e Flavio Carneiro Tesoureira: Cristiane Jorge. Essa diretoria eleita convidou as seguintes pessoas para os departamentos: - Técnico: Frederico Noritomi - Competições: Alexandre Diniz - Meio Ambiente: Rosane Camargo e Daniela Albuquerque - Secretaria: Patricia Duffles - Relações Públicas: Helena Artmann e Marcio Carrilho - Projetos Especiais: Fernando Barroso Conselho Fiscal: Titulares: Solange Dias, Adriana Schachter, Maicon Lisboa. Suplentes: Marcela Chaves, Eduardo Barão, Daniel Fernandes.
Como se federar? Toda e qualquer informação pode ser obtida através do site www.femerj.org ou do email infofemerj@ig.com.br Participe você também! · Os interessados em fazer parte da lista da FEMERJ deverão mandar um email sem título para o seguinte endereço: FEMERJ-subscribe@egroups.com · Pedimos a participação e colaboração dos montanhistas para que enviem informações, para o email da FEMERJ, do estado das trilhas e vias que existem no nosso estado. · Continue contribuindo com a Croquiteca, enviando os croquis para o email infofemerj@ig.com.br Notícias, sugestões e qualquer tipo de contato e informação deverá ser enviada para o endereço: infofemerj@ig.com.br
Como a AGUIPERJ está avaliando Guias e Instrutores Profissionais A AGUIPERJ (Associação de Guias, Instrutores e Profissionais de Escalada do Estado do Rio de Janeiro) é uma organização que tem como objetivo primordial promover a qualidade dos profissionais que trabalham com atividades de escalada. Seja através do fornecimento de diretrizes educacionais para a classe, seja comprovando sua experiência e habilidade em ensinar. Esta é a primeira e única entidade no país a avaliar tais profissionais. Antes da sua fundação o que existia até então eram escaladores (competentes ou não) que se auto-proclamavam Guias ou Instrutores . Na AGUIPERJ os candidatos a Guia de Montanha e Instrutor de Escalada tem seus currículos avaliados, e se aprovados ingressam no programa de certificação que é desenvolvido pela entidade. Assim, os candidatos recebem treinamento em diversos cursos, com ênfase para os de Primeiros Socorros, Auto-resgate e Didática. A primeira turma já participou de sete cursos/ seminários, alguns obrigatórios, outros eletivos. A AGUIPERJ não funciona como uma escola de guias, para tal existem cursos de profissionais ou de clubes de montanhismo. Ela apenas avalia e aperfeiçoa o candidato. Este já deve possuir uma ampla experiência em guiar para tentar o credenciamento. Esta experiência é tão importante para a AGUIPERJ que a primeira avaliação pela qual passa o candidato é feita sobre o seu currículo como escalador. Cursos realizados pela AGUIPERJ Aprendizagem Motora Primeiros Socorros Primeiros Socorros Auto-Resgate Geologia Didática Seminário Técnico
setembro/2001 março/2002 junho/2002 maio/2002 setembro/2002 janeiro/2002 fevereiro/2003
No alto curso de Primeiros Socorros, no meio participantes durante o Seminário de Auto-Resgate. Em baixo, uma das aulas do curso de Didática. Na próxima página, participantes do Seminário Técnico, no Refúgio das Águas em Salinas.
Alguns dos requisitos para Instrutor de Escalada · Idade mínima de 18 anos. · Escalar há pelo menos 5 anos. Ter guiado: . 5 vias com duração D4 ou maior e; · 15 vias com duração D3 ou maior e; · 25 vias com duração D2 ou maior e; · 35 vias com duração D1 ou maior. Dentre as vias acima: · 25 vias devem ter o grau geral V ou superior. · 10 vias com lances obrigatoriamente protegidos em móvel. · 3 vias com lances de artificial fixo e 3 vias com lances em artificial móvel; · 6 vias com lances em chaminé e 1 via ferrata; · 6 vias em regiões de serra. . 6 excursões diferentes em montanha com pernoite.
Candidatos Guia/Instrutor Alexandre Portela André Khuner Antônio Paulo Bernardo Collares Daniel Guimarães Eduardo Barão Eduardo RC Fernando Vieira Flavio Carneiro Flavio Daflon Flávio de Aquiar Guilherme Condé
Gustavo Sampaio Gustavo Silvano Gustavo Telles Hillo Santana Kika Bradford Nilton Campos Paulo Henrique Ralf Côrtes Roberto Groba Rodrigo Milone Sérgio Tartari Sérgio Poyares Sérgio Rozencwaig
A comissão técnica da AGUIPERJ definiu prérequisitos mínimos para aceitar um candidato e eles se baseam, principalmente, nas horas de parede que possui o escalador. Veja o quadro nesta matéria.
Alguns dos requisitos para Guia de Montanha · Idade mínima de 21 anos. · Escalar há pelo menos 7 anos. Ter guiado: · 2 vias de D5 ou maior e; · 10 vias com duração D4 ou maior e; · 20 vias com duração D3 ou maior e; · 38 vias com duração D2 ou maior e; Dentre as vias acima: · 25 vias devem ter o grau geral V ou superior. · 15 vias com lances obrigatoriamente protegidos em móvel. · 3 vias com lances de artificial fixo e 6 vias com lances em artificial móvel. · 6 vias com lances em chaminé e 1 via ferrata. · 15 vias em regiões de serra. . 15 excursões diferentes em montanha c/ pernoite. D1. Uma a três horas.
D2. Três a quatro horas. Atualmente, os candidatos terminaram a primeira D3. Quatro a seis horas. fase do programa de certificação perante a AGUIPERJ D4. Um dia inteiro (realmente inteiro). e estão na reta final, logo serão formados. Será dado D5. Um ou dois dias. Um bivac é normalmente inevitável. início à segunda fase deste programa que incluirá D6. Dois ou mais dias na parede. outras disciplinas obrigatórias e eletivas. Mas não para por aí, como o registro na Associação precisa ser renovado periodicamente, os Guias/Instrutores serão obrigados a participar das atividades de atualização de Primeiros Socorros, Auto-Resgate e outras disciplinas consideradas relevantes sempre que convocados.
Espera-se desta forma que os profissionais de escalada sejam cada vez mais completos e que possam desempenhar seu papel com mais segurança e conhecimento. Maiores informações podem ser obtidas no site www.aguiperj.hpg.com
por: Antonio Paulo Faria
Nos anos de 2001 e 2002, por coincidência, foram abertas quase simultâneamente seis vias no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, com comprimentos que variam entre 840 e 1260 metros. Isso é realmente um marco memorável na escalada brasileira, considerando que nunca houve no país, até então, vias que chegassem a 800 metros. Por três décadas a via Leste do pico Maior de Friburgo foi a maior do Brasil, com mais de 700 metros de extensão. Mas antes de entrarmos nessa nova fase da escalada brasileira, vale a pena voltarmos no tempo e resgatar um pouco da história para entendermos o que está acontecendo hoje. O termo super-escalada empregado aqui faz aluzão apenas à extensão, não são levados em consideração a dificuldade técnica e a complexidade.
fica na direção do Vale dos Frades, em Teresópolis. Entre os dias 27 de março e 7 de abril de 1942, Edmundo Braga, Hamilkar Relgas e Ulysses Braga subiram quase toda a montanha, faltando apenas 100 metros para alcançar o cume. O mais difícil tinha sido feito. Primeiro deve ser ressaltada a dificuldade para se chegar no local, porque era preciso subir de trem Maria Fumaça do Rio de Janeiro até Teresópolis. Depois era necessário pegar carona em um caminhão, que por ventura fosse até Friburgo, quando Via longa no Brasil não é novidade, na verdade, nas a estrada que liga esses dois municípios era transitável décadas de 30 e 40 já se buscava os maiores picos dos quase que exclusivamente por carroças e quando chovia, estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Conquistas tinha o problema do lamaçal que se transformava em notáveis foram feitas por grandes escaladores e hoje, com enormes atoleiros. E para finalizar, tinham que seguir toda a tecnologia e técnica que possuimos, quando andando pela estradinha de 12 imaginamos como deveria quilômetros do Vale dos Frades ter sido essas conquistas há Por três décadas a via Leste do pico e mais a trilha até a base. Na 50, 60 ou 70 anos, ficamos Maior de F riburgo foi a maior do época, depois da conquista, estarrecidos. Precisamos tirar o chapéu e Brasil, com mais de 700 metros de era comum que os conquistadores fixassem cabos reverenciá-los, porque era, e xtensão. de aço nas escaladas e tinham de fato, uma época heróica. que carregar aquele peso Fizeram parte desse clube absurdo nas costas. Mas alguém que morava nas restrito alguns escaladores como: Silvio Mendes, Indio Luz rendondezas deve ter desconfiado daqueles sujeitos do Brasil, Ulisses Braga, Almy Ulisseia e Giusepe Toseli. levando cabo de aço para a montanha e logo foi inventada Nas décadas seguintes outros escaladores de peso uma estória. apareceram, mas foi a década de 40 um importante marco para a escalada brasileira, quando foram conquistadas algumas das maiores vias do Brasil. É nessa época que entra em cena o Pico Maior de Friburgo, e sem ele a história das grandes escaladas seria incompleta e vale a pena saber como foi aberta a primeira via. A conquista do Pico Maior é controversa e com passagens curiosas. Foram feitas algumas explorações anteriores e alguns escaladores chegaram na base da face sul, que possui uma enorme chaminé e que cuja vertente
O ano era 1942 e o Brasil tinha sido forçado pelos EUA a declarar guerra ao Eixo, formado pela Alemanha, Itália e Japão. Isso porque o presidente Getúlio Vargas era solidário ao regimes nazista e facista. Dessa forma, o país ganhou alguns inimigos e a polícia de Teresópolis ficou sabendo das atividades dos escaladores, sendo que dois deles tinham cabelos escuros e um tinha cabelo claro. Concluíram, então, que tinham dois japoneses e um alemão que estavam planejando colocar um aparelho
transmissor no topo do Pico Maior, para receber e enviar mensagens para os países do Eixo. A polícia da época apelidava de Quinta Coluna as pessoas que praticavam atividadaes subversivas contra o Brasil. Dessa forma, eles pensavam que os escaladores pertenciam a este grupo e que iriam fazer sabotagens. O sub-delegado, acompanhado de alguns policiais, foram a procura dos inimigos do Brasil . Passaram o maior perrengue para chegar na base da montanha porque era longe e não usavam calçados adequados ou qualquer outro equipamento. Depois de sofrerem muito, os policiais coseguiram chegar na base da escalada mas ficaram fustrados porque não encontraram ninguém. Mas deixaram um aviso com um fazendeiro: - Ô seu fulano, quando esses sujeitos aparecerem avise para eles se apresentarem urgentemente na delegacia de Teresópolis para esclarecer essa coisa de escalação! Imagine se o inimigo se entregaria de forma tão fácil, ainda mais por intermédio de um bilhetinho. Provavelmente algum fazendeiro explicou a situação para os policiais. Alguns dias mais tarde, depois da escalada, os conquistadores foram para a delegacia em Teresópolis, mas o delegado não estava e tiveram que ficar lá por dois dias, esperando pelo dotô . Pelo relato dos escaladores na Ata de Excursões do Centro Excursionista Brasileiro, não aconteceu nada de extraordinário durante a escalada, mas uma coisa Acima o Pico maior de Salinas, onde encontra-se a famosa via Leste. estranha é que a glória da conquista foi para Indio Luz Ao lado visão dos Três Picos juntos. do Brasil, Sílvio Mendes e Reinaldo dos Santos, grandes vias se tornaram clássicas. Entretanto, hoje, alguns escaladores da época mas que não participaram da maior escaladores acham que via tradicional são as vias parte da conquista, somente os últimos 100 metros e isso protegidas com material móvel, o que não é o nosso caso. ocorreu quatro anos depois, em 1946. Dessa forma, eles levaram os créditos de terem conquistado a montanha e Na década de 70 foram abertas várias escaladas foram recebidos pelo governador, pelo prefeito e por outros longas que se tornaram mitos, como foi o caso do Lagartão políticos e pessoas importantes. O evento ainda teve grande (6º VIIc) no Pão de Açúcar, entre outras. Em 1970, Waldinar cobertura da imprensa. dos Santos, Waldemar Atualmente essa via é Guimarães, José Garrido Na década de 70 foram abertas conhecida como Silvio e Guilherme Ribeiro Mendes e foi, muito várias escaladas longas que se conquistaram no Pico provavelmente, a maior via do Maior de Friburgo, a via tornaram mitos, como foi o caso do país até 1970. Recentemente, Leste (5º VI+), que foi até um grupo de escaladores Lagartão (6º VIIc) no Pão de Açúcar o ano 2000 a maior via retiraram os cabos de aço, do Brasil e também das porém, desfiguraram mais belas. No início da completamente essa obra histórica adicionando grampos, década de noventa alguns escaladores de Curitiba inclusive em excesso, em fendas perfeitas de segundo e anunciaram que tinham conquistado no Pico do Ibitirati terceiro graus, ferindo completamente o bom-censo e a (Paraná) a maior via do Brasil, mas que depois ficou-se ética do esporte. sabendo que a extensão tinha sido superestimada, há quem Na década seguinte, a de 50, ainda se fazia por aqui a escalada do mesmo modo rudimentar que antes, com o predomínio da escalada em chaminé. Houve apenas um pequeno avanço na evolução técnica e no material. Novos nomes que deram impulso no estilo de escalada tipicamente brasileiro aparecerem, como: Patrick White, Ricardo Menescal, Giuseppe Pellegrine, Tadeusz Hollup e outros. Mas foi a partir do final da década de 60 e década de 70 é que foi estabelecido um padrão típico de escalada brasileiro, vias em agarras com grampos e cujo grau de exposição ficava entre E2 e E3. Isso é o que podemos chamar de escalada tradicional brasileira e muitas dessas
diga que ela tem 550 m.
A via Leste, apesar de ser tecnicamente fácil, se transformou num mito nas décadas passadas e muitos pensavam que no Brasil seria quase impossível conquistar uma via maior. Aliás, o mito foi criado pelo grande número de escaladores que ficaram no perrengue e outros na maior merda, tendo que dormir ou na via ou no cume. Certa vez, um casal de escaladores teve que dormir duas noites seguidas no topo, sem material de bivaque e debaixo de chuva. Não pensem os românticos que foi porque o amor é lindo ! Nessas condições qualquer paixão vai literalmente por água abaixo. O problema era que eles não
(Guapimirim/RJ), conquistada por Michel Cipolett, Miguel monteza e outros; - O Céu é o Limite (7° VIIb E2), com 950 m, no Morro dos Cabritos (Teresópolis/RJ), por Antonio Paulo Faria e Daniel Guimarães; - Maria Nebulosa (3 V E3), com 1.040 m, no Pico da Maria Comprida (Petrópolis/RJ), por Alex Ribeiro e Ildinei de Oliveira; - Vai Mas Não Cai Não (6° VIIa E5), com 1.260 m, na Pedra Riscada (Ataléia/MG), por Márcio Bortolusso, Chander Silva e outros.
Pico do Ibitirati, onde encontra-se a via mais extensa do PR, a Mar de Caratuvas, no conjunto Pico Paraná.
conseguiram achar a via de descida (Silvio Mendes) e não era possível descer pela Leste com apenas uma corda. Outras vias com tamanho parecido e mais difíceis foram abertas no mesmo Pico Maior de Friburgo: Arco da Velha (6° VIIa), conquistada pelo Sérgio Tartari, Alexandre Portela e Sérgio Poyares em 1984e em 1998 os franceses abriram a Décadence avec Élégance (5° VIIc). Mas a Leste continuou a mais extensa porque existem nela muitas horizontais e diagonais. E finalmente, a partir de 1998, outras escaladas de tamanho parecido começaram a ser conquistadas em outras montanhas. Miguel Monteza, Lauro Cavalcante e outros colaboradores abriram no Pico do Escalavrado, em Teresópolis, a maior via de aderência do Brasil, a Infinita Highway (6° VIIb), com cerca de 720 metros de extensão. No Pico do Frade de Macaé, Fabio Pé e outros abriram a Fábio Pé (6° VIIb), com 690 m. Além dessas, muitas outras vias de até 600 m foram abertas no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Finalmente, chegamos à atual fase que foi inaugurada no ano 2000 e foi no Pico da Maria Comprida, com a via Domínio das Sombras (A3+ V), de 850 metros de extensão, mas que, infelizmente, se resume a um gigantesco artificial, conquistado por Alex Ribeiro, Ildinei de Oliveira e outros. Mas foi em 2002 que o estraordinário aconteceu, seis vias gigantes conquistadas praticamente de forma simultânea:
Isso é memorável porque no início dos anos noventa as vias longas foram quase deixadas de lado, abandonadas e era raro a conquista de vias novas com mais de quatro esticões por causa da febre da escalada esportiva. Mas agora temos um novo problema que é quando conquistadores saem subindo qualquer coisa, passando por cima de tudo para conquistar a maior via, como já aconteceu. Quanto a qualidade dessas vias? Aí é outra história, só você poderá dizer. Algumas vias são exclusivamente comerciais, não há qualidade e nem beleza, como já tivemos alguns casos no passado e recentemente. Um outro problema é medir a extensão dessas vias, que por serem muito longas, o comprimento é geralmente estimado, via de regra pelo número de esticões de corda. Por exemplo, quando o guia estica a corda de 50 m até a próxima parada, o esticão é considerado como tendo o mesmo comprimento da corda, mas na maioria das vezes deve-se descontar pelo menos dois metros utilizados para o encordamento em ambos os escaladores. Mas, por outro lado, em muitas escaladas a extensão não se resume ao comprimento da corda, deve ser levado em consideração o trajeto feito pelo escalador, porque os grampos podem estar em linha reta, mas o trajeto escalado pode ser em zigue-zague, que pode, inclusive, ser maior que a extensão da corda. Dessa forma, o comprimento real da via é a extensão escalada, o que torna mais complexa ainda a aferição do comprimento das vias muito longas. De qualquer forma, felizmente estamos vivendo um boom de abertura de novas vias em todo o país e em todos os estilos, agora existe inclusive um certo equilíbrio, porque o predomínio de vias esportivas atléticas diminuiu um pouco e nos últimos cinco anos foi impressionante o número de vias com mais de 200 metros de extensão
- Face Norte do Morro dos Cabritos (6° VIIb A1 E2), com 840 metros e conquistada por André Ilha, Flávio Wasniewki, Guilherme Condé e Paulo Chaves (Teresópolis/RJ); - Face Oeste da Pedra Riscada (7° VIIa A2+ E5), com 850 m, por Eduardo Vianna e Emerson Azeredo; (Ataléia/MG); - Abuso (7° VII A2+), 900 m, no Pico do Escalavrado
Escalavrado, onde foi aberta a via Infinita Higway, com 720 metros e a Abuso, com 900 metros, em Teresópolis.
conquistadas em vários estados, do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte. Até Minas Gerais, que estava se tornando o segundo maior centro de escalada esportiva em rocha do país, depois do estado do Rio de Janeiro, agora tem ganhado muitas vias longas, incluindo algumas de alta qualidade.
porém, até divertido. Hoje, nas super vias, talvez seja uma boa idéia resgatar o uso desses tubinhos ou mangueirinhas, já que necessariamente, tanto o guia quanto o participante terão que levar mochilas e a água pode não ser suficiente. Agora, se você for do tipo que tem nojinho, coloque um filtrinho na ponta para evitar de comer proteininhas extras.
Lembro que antigamente, nos cursos básicos de Com a supremacia da escalada esportiva ao longo escalada dos clubes, que dos anos, a maioria das aliás se chamavam curso de pessoas acostumou a usar ...foi em 2002 que o estraordinário adestramento, dando a idéia botas ou sapatilhas super de que éramos ou animais ou aconteceu, seis vias gigantes apertadas e perdeu o soldados, aprendíamos a hábito de escalar com conquistadas praticamente de levar para as escaladas mochilas, até com forma simultânea... longas tubinhos de borracha mochilinhas, e quando é que serviam para beber água necessário, às vez até rola das bromélias. Não era raro a água do cantil acabar e a briga: - Porra, eu vô guiar, leva a mochila você! - Mas gente ter que usá-los, porque, quando a sede aperta e o dentro só tem meio litro d água, um pedaço de uma maçã desespero aparece, bebe-se qualquer coisa. Antigamente e dois pares de chinelo! Se você está nesse grupo e tá afim levávamos muito tempo para subir um via longa por causa de fazer uma dessas vias prá lá de longa, começe a pensar da limitação do material e também porque, geralmente, em arrumar sapatilhas confortáveis e se acostume a escalar escalávamos em excursões de clubes onde iam várias com mochilas, caso contrário Hummmmm! cordadas, uma entrelaçada à outra e que acabava (e ainda Com ou sem tubinho, manguerinha, canudinho, acaba), via de regra, virando uma zona. Pencas de sapatilha apertada, bota confortável, mochilão ou escaladores pendurados em um só grampo, como se mochilinha, seja lá o que for, seja bem vindo a era das fossem cachos de uva. Tudo era demorado, às vezes, super vias .
Morro dos Cabritos , no Vale dos Frades, em Vieira (RJ), onde foram conquistadas as vias Face Norte de 840 metros e O Céu é o Limite com 950 metros, recentemente. No detalhe um trecho de outra escalada no mesmo morro, a via Mário Arnaud.
por Nilton Campos Há uns três ou quatro anos, um belo dia, vejo um filme onde os escaladores faziam um tipo de escalada que se encaixava em tudo aquilo que eu imaginava, já fazia e sempre tinha sido uma busca. Ali se juntavam aventura, técnica, força, estratégia, conhecimento apurado de si, experiência, criatividade, uma boa dose de adrenalina e principalmente baixo impacto, pois grampos não são permitidos. Apenas grampo de cume para top rope e/ ou descida. Mesmo assim em último caso, pois primeiro buscase esgotar todas possibilidades de ancoragem natural. Na Esportiva Tradicional se escala somente por onde a natureza permite. De lá para cá, foi uma busca incessante de informações, muitas conversas, vias abertas outras, repetidas, graduação consolidada, estilo próprio, vendo cada vez mais escaladores novos compreendendo, se identificando e proliferando o estilo, vejam que bela geração não vem por aí. Mas apesar de tudo
...a Esportiva Tradicional mostra-se um estilo de vanguarda, extremamente moderna e pertinente aos rumos que a escalada vem seguindo, pois não conheço escalada mais ecologicamente correta... isto a Esportiva Tradicional ainda é vista, pela maioria, como uma escalada de exibicionistas. Alguns até dizem que não existe e outros acham que o escalador tem que ser quase como um super homem. Mas no entanto ela pode ser praticada com tanta segurança quanto uma escalada normal . Apenas a única diferença é que na Tradicional as proteções são mais elaboradas, mais criativas e necessita-se de uma estratégia para se obter sucesso. Um bom conhecimento e funcionamento das peças conta ponto a favor. Portanto fugindo desse pensamento simplório de exibição ou super homem, a Esportiva Tradicional mostra-se um estilo de vanguarda, extremamente moderna e pertinente aos rumos que a escalada vem seguindo, pois não conheço escalada mais ecologicamente correta, e como qualquer outro estilo pode ser praticada em seus vários níveis. Se você não segura um E8, faça um E3. Você não faz IX grau, repita uma de V. O importante é jogar com todos esses elementos que enumerei anteriormente. A Esportiva Tradicional é mais que um estilo, é uma concepção de escalada. Aqui listo quatorze Tradicionais bem acessíveis: Chapa Fria por Ironia - V E3 (Pão/Oeste), Calouros - Vsup E3 (Pão/Sul), Anzol - VI E3 (Orla do Pão), Caçador de Peixe - VI E3 (Cotunduba), Nas fotos acima, de cima para baixo, as vias Caçador de Peixe e Chapa Fria. Peixe Frito - V E2 (Cotunduba), Rasura - VsupE3 (Itaquatiara), Arestix - VIsup E3 (Itaquatiara), Tos - Vsup E2 (Couto/Itatiaia), Mais Um - VI E3 (Primatas), Bruxa de Blair - V E2 (Primatas), Rampão - V E3 (São Bento Sapucaí), Joselito sem Noção - Vsup E4 (Babilônia), Life Rust VI E2/3 (Pedra da Lei), Só de Sacanagem IIIsup E3/E4 (Babilônia), entre outras.
R a l f C ô r t e s C o l u n a
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T r a d i c i o n a l
Culinária Tradi cion al A Esportiva Tradicional é a junção da receita da escalada esportiva (em falésia) com a receita da escalada móvel (no caso de fendas). Misturando tudo isso, com certeza vai dar um bolo solado, mas delicioso. Muita gente confunde a esportiva trad com hard grit ou até mesmo com a nossa tradicional maneira de conquistar (em livre) colocando proteções fixas porém, ela nada mais é que um estilo de vanguarda, com ampliações nas possibilidades de se proteger com equipos móveis em vias parecidíssimas com as esportivas clássicas (com proteções fixas). Normalmente em esportiva tradicional são usadas as duas mãos para certas colocações móveis, isso implicaria a ética da escalada em rocha que ao abrir qualquer tipo de via (seja qual for o estilo) de corda de cima, somente em falésias. A perfeita área para a prática desse estilo seria uma falésia com fácil acesso para o cume, de mais ou menos 30 metros e ligeiramente negativa, rasgada de pequenas fendas (de preferência) e virada para a sombra com um vento constantemente canalizado. Assim fica pronto o bolo solado e delicioso, uma esportiva com colocações móveis punk . A esportiva trad , é uma atividade inovadora, audaciosa e muito interessante, visto que o potencial de proteção é uma estratégia de defesa de uma possível vaca . Uma forte graduação, faz parte e influencia fortemente na regra de encadenamento da via. As regras: 1. No máximo um grampo no cume, se puder evitar seria perfeito; 2. A prática de top rope é aconselhável se a via for muito difícil tecnicamente e com proteções de difícil visualização. 3. Capacete, crash pads e qualquer outro tipo de proteção é indispensável; 4. Atenção nos detalhes. 5. A esportiva trad é um estilo de escalada arriscado e a emoção é realmente garantida. Uma coisa é certa, das atividades em montanha, a escalada em rocha é como enfiar a cabeça dentro da água, ao tirar os pés um metro que seja do chão, você ingressou num outro mundo, logo, algo pode acontecer.
H e l m u t B e c k e r C o l u n a
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E s p o r t i v a
Aquecimento em escalad a esportiva
Dizem que antes de praticar qualquer exercício é necessário que se faça um bom aquecimento. O que de fato é verdade, mas a maioria das pessoas não dão a menor atenção, e os praticantes de escalada esportiva não parecem realmente entender os porquês do bom aquecimento. No número anterior, muito resumidamente, tentei explicar o fenômeno do flash-pump, que tem total relevância com a qualidade do aquecimento. Como mencionado anteriormente, é importante que o aquecimento seja feito gradativamente em cerca de 20 a 30 minutos. O aquecimento eleva o nível do metabolismo energético (cerca de 13% a cada grau de temperatura), melhora a contratibilidade muscular e aumenta a cronaxia (a coordenação dos movimentos específicos). Como sugestão de aquecimento, pode-se iniciar com um leve alongamento, sem deixar chegar ao ponto de dor. Alongam-se os principais músculos envolvidos em escalada, os braços, antebraços (cuidando de alongar os flexores e extensores dos dedos). Alonga-se os grupamentos musculares maiores como as costas e as pernas. Após alongar-se passa-se para a parte mais específica do aquecimento. Embora na literatura preconiza-se o aquecimento geral, no caso da escalada, às vezes até pela falta de tempo, ou até por muita pressa de escalar, é possível se fazer um bom aquecimento a partir da própria escalada. Mas é vital partir do mais fácil e simples para o mais difícil e complexo. Pode-se então, começar por boulders ou vias de níveis absolutamente dominados e se possível já conhecidas. Se trata-se de uma sessão de treinamento em muro, pode-se começar a partir de algumas séries de subidas e descidas ou pequenas travessias de 8 a 10 movimentos. Não considero recomendável travessias intermináveis mesmo que fáceis como início de aquecimento, ou até mesmo para fim, pois não se tem como objetivo acabar com o estoque de glicogênio muscular (fonte de energia armazenada nas fibras musculares) logo no aquecimento. Durante o aquecimento é importante atentar sempre evitando o efeito de tijolamento, interrompendo a escalda logo que se sente. Para a parte final de aquecimento, pode ser interessante escalar em níveis que estejam duas ou três letras abaixo do objetivo da sessão, escalando duas ou três vezes com bons intervalos entra cada. Sem ter os braços tomados de ácido lático e rígidos, mas com a sensação de ativação, e após um repouso suficiente, pode-se iniciar a sessão de escalada sem problemas e com mais prazer. Por esta edição é só, boas escaladas e melhores aquecimentos. Até a próxima. Para contatos: helmut_becker@hotmail.com
W a l d e c y C o l u n a
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M a t h i a s C a m i n h a d a
Orientação em Montanh a Sempre há o interesse das pessoas em saber como se faz para chegar numa montanha isolada, e algumas vezes, como se sabe que ela existe? Muitos acham que nós pegamos um facão e vamos lá para o meio do mato, meio que sem lenço nem documento e seja o que Deus quiser. Nada disso. Quando dou a minha aula de orientação no Curso Básico lá do CERJ, ensino como se orientar através de mapas e bússola, a integração entre eles e o uso de um GPS. Mas o que sempre friso aos alunos, e que o fundamental é o trabalho realizado antes de se ir para uma empreitada. Todo bom guia de caminhadas tem em seus arquivos vários mapas, croquis e anotações. Toda vez que vou a uma caminhada, é mais uma pecinha de um quebracabeça que eu estou juntando. Quando chego em casa, me debruço em cima de um mapa, e vejo o que foi feito ao longo do dia, novas possibilidades de rotas, novas montanhas. Tudo o que eu visualizei durante a caminhada, vales, montanhas, paredões, rios, estradas, etc. vai para o mapa da região visitada. Sempre caminhe visualizando o que está ao seu redor. Também realizo uma constante troca de informações com apaixonados por ralações como eu. Sempre trocando mapas, croquis, informações. Portanto, quando vamos para uma exploração, já se sabe mais ou menos o que irá se fazer durante o dia. Durante a exploração, as informações de pessoas da comunidade local também são valiosas. O uso de um mapa durante a exploração é fundamental. Sempre que posso, paro para checar a posição de montanhas próximas, tentar traçar o roteiro do que já foi percorrido, cruzar informações do meu altímetro com as curvas de níveis do mapa (se o altímetro marcar X metros, vá para a curva de nível de X metros de sua carta e saberá a sua localização). Há também que se pesquisar o passado, a história das montanhas, o que os montanhistas de outrora fizeram, por onde passaram e o porque. De nada adianta um croqui ou um GPS na mão de um leigo, se ele não possui o domínio da região visitada, nem o conhecimento das técnicas de montanha, qualquer erro pode vir a converter-se num acidente. Resumindo o papo, há todo um trabalho de embasamento antes de se ir para uma empreitada. Portanto, não acredito na formação de um guia de montanha a curto prazo. Não existe outra maneira, para se obter este conhecimento, há que se praticar e muito. É por isso que eu gosto tanto deste esporte, o aprendizado nunca acaba, sempre se aprende algo...
C r o q u i s 5 Labirintite A cada vez mais frequentada face norte do Cantagalo, na Lagoa, oferece diferentes opções de escalada, além de possuir estacionamento fácil e acesso rápido. Agora, os escaladores contam com mais um via, a Labirintite, concluída no mês de dezembro de 2002. Todos os grampos da via são amarelos. Situada à direita da Paixão de Cris, possui 18 proteções ao longo de estimados 100 metros, com graduação sugerida de 4º V E2. O rapel é todo feito em paradas duplas e a base localiza-se num platô de mato alguns metros à direita e abaixo da base da Paixão. Os conquistadores, Marcio Carrilho e Fabio Villela, agradecem o apoio e a colaboração de Fernando Vieira, Ilan Reismann, Renata Venâncio, Cris Vianna e Luiz Felipe Leitão. Equipo utilizado: 9 costuras, 2 fitas de 60 cm e mosquetões avulsos. Tome cuidado com as agarras que podem quebrar e ainda atingir o prédio abaixo.
Fábio Vilela no Lance da Barriga.
C r o q u i s O Céu é o Limite 7º VIIb - 950 m. Conquistada no Morro dos Cabritos, no Vale dos Frades, por Antônio Paulo Faria e Daniel Bonella Guimarães, em setembro de 2002. São 950 metros de escalada bem diversificada: aderência, agarras, fendas e chaminé. Material exigido: 14 costuras (4 longas), 1 jogo de camalot até o 3,5 ou 4, Metolius 1, 2 e 3 ou stoppers do 1 ao 4. Acesso: no Km 21 da estrada que liga Teresópolis à Friburgo, há uma estrada de terra situada à direita. Seguindo entre 7 e 8 km encontra-se uma casa à esquerda da estrada e um curral à direita, logo abaixo do Morro dos Cabritos. A caminhada começa subindo no pasto à esquerda do curral. A base da via fica em uma calha seca e tem um marco de pedra. Lembre-se de começar bem cedo, são 21 enfiadas. Veja a foto da parede na página 15.
Página 22 - Fator2
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Equinox