Expediente Direção, Redação e Diagramação
Flavio Daflon e Cintia Adriane.
Poucos sabem como se orientar antes de uma escalada, e quando menos esperam lá está o sol inclemente fritando os miolos e causando aquela sede. O pior é quando acaba a água e começa o terrível dilema: aguentar até chegar ao cume ou descer e voltar para casa, deixando a escalada para outro dia? Outro problema é passar o maior frio, pois escolheu um horário em que o sol não aquece o local daquela chaminé geladérrima! Para isso não acontecer mais trouxemos nessa edição um ótimo texto do Wasinieski: Orientação e Escalada: Tudo a ver! , onde vai aprender a não entrar nessas roubadas. Agora, roubada mesmo, é não conhecer a Serra do Lenheiro, um paraíso de fendas e fissuras, que espera pela sua visita em Minas Gerais. Muito mais perto do Rio de Janeiro que a tão conhecida Serra so Cipó, o Lenheiro guarda escaladas, caminhadas e lugares espetaculares! Também entrevistamos Eduardo Barão sobre seu acidente no P.N.S.O., onde ele esclareceu o que realmente aconteceu. Informe-se do que está acontecendo no mundo da escalada, lendo a seção No Mundo , afinal essa revista é para você. __Cintia Adriane
Assinatura e cartas Flavio Daflon - Rua Valparaíso, 81 / 401 Tijuca - Rio de Janeiro, RJ - Cep 20261.130 Tel.: (021) 567-7105 E-mail: fator2@pobox.com
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Fator 2 - Fator de Queda Fator 2 é um fator de queda extrema, na qual todos os componentes de uma escalada são submetidos a grande impacto. Este fator é calculado pela altura da queda, dividido pela distância de corda entre os escaladores.
Atenção Escalada é um esporte onde há risco de você se acidentar gravemente ou até mesmo morrer. Esta publicação não é um substituto para um Instrutor ou Guia de escalada em rocha. Caso você não conheça ou possua dúvidas em relação às técnicas de segurança para a prática do esporte, procure um instrutor ou guia especializado para lhe ensinar. Acidentes sérios e até fatais podem ocorrer, como resultado de uma má compreensão dos artigos aqui publicados ou da superestimação dos seus próprios limites. Preço em outros estados: São Paulo - R$ 1,25 / Minas - R$ 1,25 / Paraná - R$ 1,35 / Rio G. do Sul - R$ 1,45 /
Capa: Flavio Daflon na Sublime Inconseqüencia (7c) - Serra do Lenheiro. Foto: Cintia Adriane.
Nº5
Jun 1 / Jul 15, 1999
Em outra Dimensão No dia 30 de março de 1999, uma equipe formada pelos escaladores Hilo Santana e Alexandre Fitaroni, auxiliados por Daniel e Márcia, iniciaram nova rota de escalada na Face Sul do Corcovado, denominada Quarta Dimensão . A empreitada durou 13 dias e não 9 como eles haviam planejado, pois as condições climáticas não ajudaram. Paulo Miranda ficou encarregado da documentação fotográfica e também os acompanhou. A conquista das enfiadas foi revezada entre os dois aventureiros, e a cada 50 metros foram batidas paradas duplas com grampos de ½ polegada. No 3º dia da conquista houve um incidente assustador. Por volta das 22 horas eles ouviram um grande estrondo. O bloco de pedra que havia logo abaixo da equalização (feita por Hilo com móveis em uma fenda), soltou-se, e na queda cortou as cordas que eles haviam fixado em três partes da via. Deu um trabalhão escalar as três enfiadas já conquistadas para substituir o material danificado. Enfim às 14 horas do dia 13 de abril, a escalada deu-se por encerrada e agora espera sua repetição! Quem se habilita?
Disk Balão
Alerta a todos os montanhistas e amantes da natureza! Hoje em dia , e principalmente nesta época de festas juninas, os balões tem sido uma grande ameaça para nossas montanhas e florestas. Por isso qualquer pessoa que avistar um balão ou presenciar um princípio, ou até mesmo um
foco de incêndio deve avisar ao Corpo de Bombeiros o mais rápido possível pelo telefone 570-2234 no Rio (ou o Corpo de Bombeiro de sua área) para evitar catástrofes com o fogo. Ao informar um incêndio é importante ter atenção ao local exato, face (da montanha), acesso e qualquer outro dado que possa agilizar a ação dos bombeiros.
No Dente do Urso Jim Bridwel, que é um dos maiores mitos das grandes paredes de Yosemite e está com 55 anos de idade, acaba de conquistar, junto de amigos, nova via na montanha Bear Tooth, no Alasca, e que talvez seja a via mais difícil na região. São 39 enfiadas, a maior parte delas em artificial, com 25% de escalada em gelo ou sobre neve. Está graduada em Grade VII, A3+, WI4+. Segundo Bridwel esta foi a coisa mais difícil que já fez, tão desafiadora quanto um A5. Site da Climbing
Katie Brown
A americana Katie Brown, de apenas 18 anos, passou à vista em uma via de 10b (5.13d). Foi a segunda repetição desta via de 30 metros denominada Omaha Beach . Um outro escalador local chegou a dizer que não conheçe uma via de mais resistência do que esta no mundo. Disse mais: É um sólido 5.13d. Katie não sabia nada sobre a via, nem mesmo sobre o grau. Ramsey, que abriu a via, levou 3 meses e meio para encadenála. Ainda em choque de ver uma garota de 18 anos em sua via ele disse: Ela pulou todos os bons descansos e fez o crux da maneira mais difícil possível. Era o terceiro dia de escalada de Brown, e ela já havia escalado alguns 9b s, neste mesmo dia. Site da MountainZone
... Eis a questão! Este mês, a via To Bote or not subir foi encadenada pela primeira vez pelo Nando e três semanas depois pelo Ralf. Ela foi aberta em 1992, por este último e graduada em 9b. Devido a quebra de uma agarra ela passou a ser um 10a, e ficou por muito tempo sem tentativas, pois essa graduação era muito alta para época. Recentemente mais um pedaço da agarra foi quebrada e agora a mesma tornou-se um 10a/b, uma das vias mais difíceis do Brasil. A via tem em torno de 12 metros e possui 8 proteções. Para encadenar os escaladores a escalaram pulando 3 das proteções. É uma via de pura explosão.
Repetições
Serginho (RJ) e Mariozinho (SC) fizeram a primeira repetição da via Terra Brasileira , na Pedra do Sino. Os escaladores sugeriram que a graduação seja um A2+. Em dois dias e meio eles realizaram mais este big wall.
Nova via na Urca
Mais uma via foi aberta no Morro da Babilônia. Trata-se de uma conquista situada logo após a via Jaques Cousteu (para quem não sabe, ela está logo a direita da Roda Viva ), com 30 grampos de 1/2 polegadas, paradas duplas e que cruza a Jaques, terminando na Roda Viva . Denominada Arca de Noé ela foi graduada em 4º,5+. Seus conquistadores foram Antônio Magalhães, Juliano Magalhães e Marcos Willian de Carvalho.
Descoberta no Everest
Em maio deste ano uma equipe de busca encontrou um corpo, em um platô de neve na Face Norte da montanha, a 8180m. Uma etiqueta personalizada na roupa, lenços com as iniciais G.L.M., um par de óculos, e
cartas da família, indicam que o mesmo seja do escalador inglês Mallory, que desapareceu com seu companheiro Irvine em 1924, próximo ao cume do Everest. Uma de suas pernas estava quebrada e ele ainda encordado na corda de escalada, o que comprova que os dois companheiros permaneceram juntos durante a escalada, ao contrário do que se dizia. Acredita-se que a perna fraturada tenha acontecido no trecho rochoso logo acima de onde ele foi encontrado, porém isso não prova se eles realmente atingiram o cume 29 anos antes de Hillary e Tensig, os primeiros a escalar o Everest e voltarem vivos. Testes de DNA, autorizados pela família confirmarão se o corpo é mesmo de George Mallory. A expedição Mallory & Irvine Research continuará a busca pelo corpo de Irvine e pela máquina fotográfica da dupla que poderá solucionar o caso. Site da Mountainzone
Graduações em Pauta Acontecerá no Centro Excursionista Brasileiro o I Seminário de Sistemas de Graduação Brasileira, promovido pela Interclubes, no dia 10 de agosto, as 19h30m. Serão convidados os três autores de guias de escalada no Rio: Alexandre Portela, André Ilha e Flavio Daflon, para exporem suas opiniões sobre o assunto. Também acontecerá no dia 17 de agosto, as 19h30m no CEB, o lançamento do Guia de Escaladas de Barra de Guaratiba e Adjacências, do escalador André Ilha. Guaratiba é um dos mais novos points de escaladas do Rio de Janeiro, com falésias à beira-mar. Aguardem matéria para breve.
Reforma na Gávea A Pedra da Gávea recebeu uma boa reforma. O Capitão Renato, os Tenentes Siqueira e Sacramento (do Corpo de Bombeiro
do Estado do Rio de Janeiro) e o montanhista Juratán Câmara, trocaram o cabo de aço e alguns grampos velhos da Travessia dos Olhos. Parabéns por essa iniciativa, agora a via está em perfeitas condições de segurança para novas repetições.
No Mundo dos 8.000 Ed Viesturs completou a subida de 12 dos 14 picos de oito mil metros, sem ajuda de oxigênio suplementar, em todos eles. Este é o escalador americano mais conhecido de alta montanha, tendo estado no cume do Everest por 5 vezes. Nesta última temporada escalou o Manaslu, e de volta ao campo base seguiram de helicóptero para a base do Dhaulagiri, para não perder a aclimatação, o que lhe dava a possibilidade de uma ascensão rápida em estilo alpino. Bastaram 4 dias e três noites para chegar ao cume e voltar, um feito incrível. As duas montanhas que lhe restam para se tornar o 7º homem no mundo a escalar todas as 14 maiores montanhas são: Nanga Parbat e o Annapurna. Site MountainZone
21 horas à 8.848m. Um sherpa permaneceu durante 21 horas no cume do Everest (8.848 m) sem oxigênio. Essa foi sua forma de reivindicar que seu pai foi a primeira pessoa a pisar o cume da montanha mais alta do mundo, e pedir seu justo reconhecimento. Não sabemos se sua história é real, mas o que está claro é que ele tem genes de alpinista e que é uma verdadeira máquina. Site da Desnivel
Acidente no Garrafão Eduardo Barão passa bem depois do assustador acidente que sofreu na Serra dos Órgãos. Ele já está em casa e recebe visitas de amigos.
Segundos os companheiros que estavam com ele, Júlio e Gustavo, os 3 haviam encordado as três primeiras enfiada da via Crazy Muzungus , no Garrafão, e dormiram na base. Após alguns dias de chuva Gustavo e Júlio seguiram na frente na 3º enfiada. Nesse meio tempo Barão, que havia ficado na parada da segunda enfiada sozinho, despencou 120 metros parede abaixo. Sua sorte foi que a base da montanha é quase um rampão e a parede lisa e molhada pela chuva facilitou seu deslize, amenizando os impactos. A vegetação contribuiu freiando seu corpo, que parou na base da via. O que causou o acidente foi o jumar, que sem backup acabou saindo da corda antes que houvesse tempo de colocar o segundo. Os amigos que possuíam um celular com eles, chamaram imediatamente o socorro, e Eduardo foi removido por helicóptero do CGOA até o hospital. Apesar das fissuras no fêmur e na quinta vértebra e o baço removido em cirurgia de emergência, para evitar hemorragia interna, Barão sobreviveu sem conseqüências mais graves. Que anjo da guarda!!! Veja entrevista nesta edição.
? o il t s e u e s o é Qual Parte IV
Escalada Já passou por uma
Solo
situação como a de estar guiando uma via, e de repente olha para o lado e tem lá um maluco escalando sem equipamento nenhum? Isso é escalada solo, ou seja, um estilo de escalada onde o adepto não utiliza bouldrier, fitas, solteiras e corda.
Este é um estilo muito difícil e perigoso porque exige um domínio completo das técnicas de escalada, concentração, posicionamento, força, equilíbrio e controle sobre o medo e o pânico nas situações complicadas.
Em uma escalada solo geralmente não há uma segunda chance!
Se o escalador optar por esse tipo de escalada, deve estar preparado para sair das roubadas sozinho. O solo é uma bela forma de escalar paredes e traz um desafio de proporções consideráveis, mas exige grande experiência e responsabilidade, principalmente por que seu feito pode incentivar pessoas inexperientes a praticá-lo, ocasionando acidentes geralmente fatais.
Não se deve confundir escalada solo com escalada em livre, ou escalada
em solitário. A escalada em livre é feita utilizando apenas mãos e pés como no solo, porém há sempre uma corda, um parceiro e outros equipamentos que proporcionam segurança em caso de queda.
A escalada em solitário exige todos os equipamentos de segurança, mas
é realizada por apenas um escalador. Contudo esse tipo de escalada também é muito perigosa porque seu processo é complexo, exige muita concentração, habilidade, conhecimento e experiência. É necessário o domínio sobre as técnicas de segurança em solitário e qualquer erro ou distração pode ocasionar a queda de algum equipamento essencial, a abertura de um mosquetão errado, o não travamento em caso de queda, etc., pois utiliza-se grande número de material e nós.
Escalar
em solo é apenas para os escaladores safos com um ótimo psicológico .
na
Orientação e Escalada: tudo a ver Estamos acostumados a associar as técnicas de orientação à prática da caminhada e não da escalada, o que faz com que coisas como bússola, mapa, GPS, etc. normalmente passem longe dos escaladores. No entanto, há um detalhe relativo à orientação que, se bem observado, pode evitar umas boas roubadas
Para aqueles que escalam e não entendem muito bem o movimento do sol aqui vão uns toques que podem ajudar! Suponhamos que o objetivo, por exemplo, seja escolher uma via que esteja na sombra durante a parte do dia em que você estiver na parede. Assim sendo, a via deve estar na face oposta à face iluminada pelo sol naquele horário. Mas como saber qual a direção do sol em cada horário? É preciso então ter em mente dois princípios básicos: 1) Para nós que estamos no hemisfério sul, a trajetória do sol descreve no céu um arco tombado sempre para o norte.
na parede: trata-se do entendimento da posição do sol no decorrer do dia.
Isto significa que, entre o nascente e o poente, ele vai percorrer, de leste para oeste, todas as direções do quadrante norte. Então, pode-se considerar aproximadamente que às seis da manhã ele está a leste (E), às nove a
nordeste (NE), ao meio-dia ao norte (N), às três da tarde a noroeste (NW) e às seis da tarde a oeste (W). A fig. 1 ilustra a projeção dessa trajetória sobre o chão, supondo que você (ou a montanha que vai ser escalada) esteja no centro do + que contém as quatro direções principais. Dessa maneira, quem estiver na parede por volta das três da tarde, por exemplo, deverá procurar uma via na face SE da montanha, pois o sol estará na face oposta, isto é, a NW.
No entanto, durante o resto do ano a trajetória do sol será mesmo predominantemente pelo quadrante norte, fazendo valer a regra inicial. Esta situação típica é mostrada na foto aérea aqui reproduzida, tirada ao meio-dia sobre o Pão-de-Açúcar: o sol está exatamente na direção norte, fazendo com que todas as vias da face sul estejam na sombra. A partir dessa hora a face leste começará a entrar na sombra (bom pra fazer o Costão) enquanto as vias da
2) Este arco vai sendo deslocado mais para o norte ou para o sul conforme as estações do ano. A rigor, a situação da fig. 1 só ocorre em dois dias do ano - os chamados equinócios -, que são geralmente os dias 21 de março e 21 de setembro, que marcam o início do outono e da primavera. A partir de 21 de dezembro essa trajetória caminha para o norte, culminando aproximadamente no dia 21 de junho, entrada do inverno, quando está o mais ao norte possível (fig. 2a). A partir daí caminha sempre para o sul, até que no dia 21 de dezembro seguinte, entrada do verão, está o mais ao sul possível (fig. 2b). Daí ela volta a caminhar para o norte, e assim por diante. Qual a consequência deste vai-e-vem da trajetória? É que a relação entre a direção do sol e as horas do dia se altera um pouco conforme a época do ano. E estas alterações vão ser tão maiores quanto maior for a nossa latitude... Aqui na latitude do Rio, durante poucas semanas antes e depois do dia 21 de dezembro o sol passa o dia inteiro no quadrante sul, embora o arco da trajetória continue tombado para o norte, como mostra a fig. 2b. Isto significa que, nessa época, a famosa afirmação a face norte está sempre no sol passa a não valer mais, e vias como o Lagartão e a Tragados Pelo Tempo, localizadas em faces sul, estarão o dia inteiro no sol.
face oeste começarão a receber sol. Note que o mesmo só não acontece com a face sul do Morro da Urca porque a parede é muito pouco inclinada e o sol, mesmo estando na face oposta, a ilumina por cima do cume da montanha. Boas escaladas! Flávio Wasnieski
ParaĂso de
Esta é a Serra do Lenheiro, um lugar de escaladas alucinantes, com uma rocha fantástica e numerosas fissuras para proteção móvel.
e fissuras
Muito mais perto que a Serra do Cipó, a pouco conhecida Serra do Lenheiro em Minas Gerais, tem como principais características: vias curtas em fendas, uma rocha macia e proteção móvel. Em apenas um dia é possível escalar várias vias, do 3º ao 7º grau. Há uma enorme variedade de diedros, tetos, barrigas, negativos, fendas, chaminés e boulders, a sua escolha. Com exceção de uma ou outra via, todas as rotas são escaladas com material móvel, principalmente Friends e Nuts (o ideal é levar dois jogos do primeiro), e algumas não tem grampo de rappel, sendo necessário procurar um ponto de descida por perto.
Ao todo são mais de 25 vias e muitos boulders. Como esta é uma área de treinamento militar, fazse necessário uma autorização, que pode ser conseguida no 11º Batalhão de São João del Rei. A Serra possui muitas rotas bem curtas para didática militar. Elas são numeradas com tinta vermelha e é frequente encontrar grampos ou pitons em pequenos boulders e no meio das paredes, sem que levem ao cume. Não retire nenhum deles sem autorização, afinal a área é destinada ao treinamento militar. Além das escaladas pode-se encontrar algumas caminhadas curtas, muito interessantes como por exemplo a que sai próxima da antena. Ela cruza uma pequena chapada e margeia um pequeno canion. O visual é lindo e possui muitos boulders Sulbime Inconsequência (acima) e Pânico na Colméia (no meio) são duas das vias mais bonitas do bloco 3. Fendas de meio corpo (embaixo) e chaminés completam o dia de escaladas.
perdidos em meio a paisagem. A rota interna é uma escalaminhada por entre chaminés e trepapedras, que leva da base do Pontão Menor até o cume do Pontão Maior! O Pontão Menor talvez seja o mais freqüentado e com o maior número de vias, entre as mais conhecidas estão a Pânico na Colméia (6+), Spartacus (4º), Sublime Inconseqüência (7c) e a Dança Macabra (5º). O Pontão Médio tem uma via inteiramente em chapeletas, apesar de ser um pouco exposta, e a Ópera Selvagem (4+) entre as mais belas. No Pontão Maior, a via que mais se destaca é a Lúcifer (6º), uma linha bem óbvia na maior face do bloco.
A rocha é quartizito: perfeita para a escalada. A cidade mais perto é São João del Rei, há uns 15 minutos de carro do acampamento. Não muito longe está Tiradentes. Ambas são cidades históricas que vale a pena conhecer pelo seu astral pitoresco de cidade do século passado. De carro a partir do Rio de Janeiro é só pegar a BR 040 e depois de Juiz de Fora entrar por Barbacena pela BR 265. Seguir por ela e depois da entrada de Tiradentes achará a entrada de São João del Rei. De ônibus você terá que ir até São João del Rei e de lá pegar um ônibus da empresa Meyer que liga a cidade a outro vilarejo chamado Trindade. Este passará pelo bairro de Tejuco e entrará pela Além de belas fissuras como a Espartacus (acima) e a Sublime Inconsequência (no meio) existam escaladas em teto e negativos fantásticos, como a da Caverninha.
zona rural. Então é só pedir pra descer no CEMONTA (Campo Escola de Montanha), pois ele passa bem na entrada, você não terá que andar mais que alguns metros. O exército tomou a iniciativa de montar uma modesta infraestrutura de camping e cobra R$3,00 o pernoite, com direito a água e banho quente. Com o dinheiro eles pretendem sinalizar o local, além de conservar a área. Você não irá se arrepender. O que está esperando para desfrutar desse paraíso de escaladas?
Local de acampamento, trilha e blocos do Lenheiro
1º Etapa da Copa Carioca Open de Boulder No dia 20 de junho, o público compareceu ao Parque da Chacrinha, em Copacabana, para conferir a 1ª etapa da Copa Carioca Open de Boulder. A organização foi da AAEERJ, com patrocínio da Montcamp, apoio do CEB/Snake/Rio Rock Climbing e teve a participação de 25 atletas. As vias foram montadas por Alexandre Portela. No masculino, Fábio Muniz e Alexandre Galvão, fizeram uma semifinal para desempate do 3º lugar. Fabinho levou a melhor. Houve também empate entre Marcelo Braga e o Pedro Bugim pelo 5º lugar. Pedro ganhou a posição, pois Marcelo deslocou o ombro e abandonou a competição. A próxima etapa da Copa Carioca Open de Boulder será realizada nos dias 28 e 29 de agosto em Copacabana. Alexandre Muniz
Feminino 1. 2. 3. 4. 5.
Mônica Pranzl (RJ) - 100 Ana Luiza Makino (SP) - 80 Camila Santos (RJ) - 65 Tais Makino (SP) - 55 Marcella Santos (RJ) - 51
Masculino 1. 2. 3. 4. 5.
Alexandre Aguiar (RJ) - 100 Alexandre Oliveira (RJ) - 80 Fabio Muniz (RJ) Alexandre Galvão (RJ) - 55 Pedro Bugim (RJ) - 51
Instantes Si pudiera vivir nuevamente mi vida. En la próxima trataría de cometer más errores. No intentaría ser tan perfecto, me relajaría más. Sería más tonto de lo que he sido, de hecho tomaría muy pocas cosas con seriedad. Sería menos higiênico. Corréria más ríesgos, haría más viajes, contemplaría más atardeceres, subiría más montañas, nadaría más rios. Iría a más lugares adonde nunca he ido, comería más helados y menos habas, tendría más problemas reales y menos imaginarios. Yo fui una de esas personas que vivió sensata y prolificamente cada minuto de su vida, claro que tuve momentos de alegría. Pero si pudiera volver atrás trataría de tever solamente buenos momentos. Por si no lo saben, de eso está hecha la vida, sólo de momentos, no te pierdas el ahora. Yo era una de esos que nunca iban a ninguna parte sin un termómetro, una bolsa de agua caliente, un paraguas y un paracaídas; si pudiera volver a vivir, viajaría más liviano. Si pudiera volver a vivir, comenzaría a andar descalzo a principios de la primavera y seguría así hasta concluir el otoño. Daría más vueltas en calestia, contemplaría más amanheceres y julgaría con más niños, si tuviera otra vez la vida por delante. Pero ya ven, tengo 85 años y sé que me estoy muriendo. (Jorge Luis Borges (1899 - 1987) Escritor Argentino, considerado um dos maiores do século)
na
Segurança para o Guia... como bolacha (Fig.1b) pode ser também utilizado se o fabricante do aparelho assim especificar no manual de instruções, pois alguns Oitos tem a abertura menor muito grande, o que impede o perfeito travamento da corda. O que não é recomendável para a segurança do guia é o oito rápido ou esportivo (Fig.1c), pois tem um poder de frenagem muito menor, sendo por vezes perigoso, principalmente em caso de fatores de queda alto e/ou com uma diferença de peso grande entre os escaladores.
No número passado falamos de segurança em Top-Rope e agora entraremos na segurança para o guia.
Dar segurança a um parceiro que está guiando é muito importante! É uma grande responsabilidade que exige atenção. Você não gostaria de ver seu amigo caindo devido a uma falta de preparo seu?! Aprenda aqui dicas valiosas de como fazer uma boa segurança e quais as maneiras erradas que você deve evitar. Para começar você irá precisar de um mosquetão de rosca e um freio.
3
2
1a
A vantagem do ATC é aliar a agilidade do Oito Rápido com a segurança do Oito Tradicional, além de ser bem simples de se montar (Fig.2)
Freios Existem numerosos freios a venda, porém falaremos de três dos mais usados: o Oito, o ATC e o Gri-gri.
O Gri-gri exige atenção redobrada na montagem (Fig.3), pois é fácil enganar-se e montar errado. Também é necessário uma boa prática para não travar o guia durante a enfiada.
O Oito permite algumas variações na forma de passar a corda e fazer a segurança. No caso da segurança para o guia é recomendado o oito tradicional ou completo (Fig.1a), pois tem um ótimo poder de frenagem. O oito
1b
Segurança no baudrier - O mosquetão de
rosca que faz a ligação do freio ao baudrier (ou cadeirinha) deve ser clipado no Loop do baudrier. Todo o baudrier homologado pela UIAA ou CE , permite o uso do Loop para segurança tanto do guia como do participante.
1c
A vantagem do Loop é que o mosquetão passa a ser tracionado em apenas dois sentidos. Caso o mosquetão esteja nas duas pontas do baudrier ele será tracionado em três direções, o que não é recomendado na maioria dos mosquetões de escalada. Também não esqueça que mosquetões são desenvolvidos para serem utilizados no seu comprimento longitudi
nal (maior sentido), no comprimento transversal a resistência é menor.
Tudo o que falamos até agora supomos que o participante (segurador) está no chão.
Com tudo pronto lembre-se que fazer um checklist de todo o sistema, é fundamental. Verifique nó de encordamento, fivela do baudrier, freio e mosquetões de rosca. Verifique sempre!
Na Parada - Quando o participante estiver
Na base da via - Na hora de fazer a
segurança você deve posicionar-se bem próximo a base da via, na direção da primeira costura, para evitar ser puxado caso o guia caia (Fator2 nº 2). Fique atento a cada passo do guia, sua responsabilidade é enorme. O grande dilema do segurador é dar corda o suficiente para não travar o guia durante as passadas mais rápidas mas também não deixar corda frouxa demais e agravar as consequências de uma queda.
numa parada a maneira de dar segurança para o guia deve ser exatamente a mesma: freio e mosquetão de rosca presos ao bauldrier. Um detalhe deve ser acrescentado: um mosquetão direcionador na parada para direcionar qualquer queda do guia num sentido que lhe seja cômodo travar. Além de permitir que seu corpo absorva o impacto da queda do guia evitando uma queda em cima da sua solteira. Lembre-se que com detalhes simples você pode evitar no mínimo muita dor de cabeça nas suas escaladas.
No próximo número segurança para o participante.
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Eduardo Barão Idade: 22. Anos de escalada: 7. Ocupação: Dublê e Instrutor de Escalada.
Eduardo sofreu um sério acidente na escalada da Crazy Muzungus , no Garrafão - P. N. da Serra dos Órgãos - quando caiu 120 metros devido a falha de um equipamento que estava sem backup. Como estava acontecendo a escalada antes do acidente? Fizemos um dia inteiro de caminhada até a base da parede. No 2º dia encordamos 2 enfiadas e descemos para dormir. O dia seguinte começou chovendo e continuou assim por 3 dias. No 4º dia voltamos a parede para encordar a terceira enfiada, de trepa-mato, ainda na chuva. No domingo o tempo começou a melhorar e o acidente aconteceu na segunda, sexto dia. E como foi? Voltamos a parede e jumareamos as duas primeiras cordas fixas. Na terceira enfiada, Gustavo e Julio seguiram na frente, e antes do Julio terminar eu já estava me preparando para jumarear. Coloquei o primeiro jumar na corda (ainda molhada) e estiquei. Quando eu tirava o outro jumar para trocar de corda, o primeiro deslizou virou e saiu da corda de 9mm me jogando no vazio a 120 metros de altura. Como você se sentiu durante a queda? Quando percebi que estava caindo minha primeira reação foi me virar de costas para a parede e tentar controlar minha queda praticamente surfando . Eu sentia a pressão do vento no meu rosto, por causa da velocidade e na hora do impacto com a base a única coisa que pensei foi: Morri! . Foi horrível! Nunca tinha sentido uma sensação tão ruim na minha vida. Explodi completamente a base. Desci as cambalhotas levando toda vegatação comigo. A base é bastante inclinada e acabei parando em um arbusto. Fiquei desacordado por alguns segundos e quando acordei não conseguia acreditar no que tinha acontecido. Comecei a sentir meus braços, minhas pernas, então entendi que estava vivo, mas sentia muita dor no abdome e nas costas.
E seus dois amigos viram tudo? O Gustavo viu tudo, mas o Julio ainda estava terminado de jumarear e arrumava os equipos e não viu nada. Inclusive o Gustavo gritou pra ele: Julio, o Barão caiu - O Júlio não querendo acreditar dizia: Não, foi o halbag! . Discutiram por uns instantes até que o Julio se convenceu do que tinha acontecido e imediatamente começou a descer. Da base da via ele gritava para eu não me preocupar que ele estava chegando. Ele desceu até mim. Eu estava chocado e só sabia perguntar o que tinha acontecido. O Julio foi super-calmo. Ele decidiu me levar para uma base melhor, porque aonde caí ainda corria risco de descer mais um tanto. Me colocou nas costas e me puxou lateralmente até uma base melhor. Lá, preparou isolante, saco de dormir, tirou meu equipamento e me agasalhou. Como vocês sairam de lá? Nossa sorte era que tínhamos um celular conosco, aliás dois, senão seria meu fim. Ligamos para um amigo que entrou em contato com o PNSO e logo depois para um amigo meu que é dublê e que trabalha também em resgates. Ele entrou em contato com o CGOA para madarem um helicóptero. Quanto tempo mais você precisou esperar? Umas duas horas e meia até o helicóptero chegar. Então desceram dois socorristas que me imobilizaram e pediram para o helicóptero voltar meia hora depois, aí fui içado. Me levaram até Teresópolis e de lá vim em um helicóptero UTI até o Heliporto da Lagoa e então de ambulância até o Hospital Miguel Couto. E como foi esperar esse tempo na base? Foi muito rápido, nem percebi. O que você sofreu? Além do susto, tive fissura na cabeça do fêmur, fissura na quinta vértebra da coluna e retirada do baço, que estava causando hemorragia interna. Agora terei que ficar um mês e meio em repouso absoluto.
E depois? Pretendo voltar a escalar. É minha vida! Só que terei que começar moderadamente. Voltar a malhar, porque emagreci demais, e fazer um treino gradativo de escalada. Que lição tirou disso tudo? Acidentes desse tipo podem acontecer tanto com alguém inexperiente como com um fera em escalada. O problema é que a prática de algo por anos, faz com que você fique com auto-confiança em excesso e isso é perigoso. Sempre enfatizamos o uso de backup para os alunos, mas quando repetimos várias vezes a mesma coisa, acabamos querendo agilizar e ignoramos pequenos detalhes que fazem a diferença, afinal já fizemos aquilo tantas vezes e nunca deu errado... Só que é justamente quando menos esperamos que as coisas acontecem. Enquanto você era removido, o que aconteceu com Julio e Gustavo? Eles dormiram mais um dia na montanha e no dia seguinte, contrariados, foram resgatados durante a caminhada de volta, sem os equipamentos. No dia seguinte tiveram que voltar lá para buscar o
que deixaram. A mídia contou histórias de escaladores perdidos, etc. Como você vê isso? Ah! Jornais e televisão são muito sensacionalistas, adoram distorcer as coisas para tornar a reportagem comercial. Já as revistas e a rádio me telefonaram para saber o que realmente aconteceu. Não estávamos perdidos, nem éramos malucos inexperientes, como disseram na TV. Qualquer pessoa que queira fazer uma escalada como a do Garrafão tem que ter experiência, pois só a caminhada em si já é complicadíssima. Quais os fatores que achou imprecindíveis para salvar sua vida? O fato da base ser um rampão e cheia de mato, amenizou muito as consequências da queda. Ter me virado e tentado controlar minha descida evitou quer eu descesse me batendo. A calma do Júlio também foi muito importante. Mas ter um celular a mão foi o mais importante, porque seria impossível voltar pela trilha no estado em que me encontrava. O celular foi decisivo.