Expediente
Como em uma difícil escalada sempre há muito trabalho para se chegar ao cume. E é isso que a Fato2 tem feito, muito trabalho para levar até você leitor as melhores informações sobre montanhismo. Esta edição traz novidades! Graças ao apoio de nossos anunciantes, a tiragem de nossa publicação aumentou significativamente e nossa distribuição passa a ser gratuita, sendo feita nas lojas de equipamentos, clubes de montanhismo e em algumas áreas de escalada. Assim a Fator2 atinge além do Rio de Janeiro, as cidades de Petrópolis, Teresópolis, São Paulo, Belo Horizonte, Vitória, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. Continuamos fazendo assinaturas para todo o Brasil, pois sabemos que é a melhor forma de você garantir seu exemplar, sem perder nenhum número. Estamos inclusive com duas opções de assinatura: a padrão por R$7,90 ou a assinatura acrescida dos 4 exemplares raros da antiga Revista de montanha Vertigem por R$12,90. Também não esqueçam da nossa Home Page (www.webspace.com.br/cia-escalada/ fator2) , que está de cara nova desde o último número. Queremos novamente ressaltar a importância de vocês leitores escreverem seus artigos, nos contar o que anda acontecendo em sua região. Esses registros ficarão para sempre na história do montanhismo brasileiro. Escrevam, mandem sugestões do que podemos melhorar, que outras seções podem ser criadas, enfim, o que acham importante para a nossa paixão pelas alturas. A todos que acreditam e apoiam nossa revista, o nosso muito obrigado!
__Cintia Adriane
Direção, Redação e Diagramação
Flavio Daflon e Cintia Adriane. Assinatura e cartas Flavio Daflon - Rua Valparaíso, 81 / 401 Tijuca - Rio de Janeiro, RJ - Cep 20261.130 Tel.: (021) 567-7105 E-mail: fator2@pobox.com
www.webspace.com.br/cia-escalada/fator2
Fator 2 - Fator de Queda Fator 2 é um fator de queda extrema, na qual todos os componentes de uma escalada são submetidos a grande impacto. Este fator é calculado pela altura da queda, dividido pela distância de corda entre os escaladores.
Atenção Escalada é um esporte onde há risco de você se acidentar gravemente ou até mesmo morrer. Esta publicação não é um substituto para um Instrutor ou Guia de escalada em rocha. Caso você não conheça ou possua dúvidas em relação às técnicas de segurança para a prática do esporte, procure um instrutor ou guia especializado para lhe ensinar. Acidentes sérios e até fatais podem ocorrer, como resultado de uma má compreensão dos artigos aqui publicados ou da superestimação dos seus próprios limites. Preço em outros estados: São Paulo - R$ 1,25 / Minas - R$ 1,25 / Paraná - R$ 1,35 / Rio G. do Sul - R$ 1,45 /
Capa: Cintia em Guaratiba, na via: Encosto de Exu (Vsup).
Nº6
Jul 15 / Set 1, 1999
Os primeiros a encadenar a Salathé foram Tod Skinner e Paul Piana, no entanto ambos revezaram as guiadas. Depois vieram os irmãos Huber e mais tarde Yuji Hirayama que também encadenaram guiando todas as cordadas.
Everest Feminino A quarta mulher a subir ao cume do Everest sem oxigênio é uma espanhola. Depois de duas tentativas (1992 e 1998) sem êxito, finalmente Chus Lago acompanhada do sherpa Sandu, chegou ao topo no dia 26 de maio deste ano. A 1ª mulher a ascender o Everest foi a japonesa Junko Tabei, em 1975 com ajuda de oxigênio. Somente 13 anos depois, 1988, esta façanha realizou-se sem ajuda de oxigênio com a escalada da neozelandesa Lydia Bradey. A 2ª ascensão sem oxigênio foi em 1996 de Alison Hargreaves, inglesa que desapareceu no K2 no ano seguinte. Em 1998 a norte-americana Frensis Distefano subindo em companhia de Sergei Arsentiev, tornou-se a 3ª mulher a fazer cume sem a ajuda do precioso complemento vital, mas infelizmente os dois desapareceram na descida.
Salathé Wall
O americano Tommy Caldwell depois de treinar durante meses em vias desportivas de alto grau na Espanha, voltou aos EUA e encadenou em livre a via Salathé Wall (El Capitan, Yosemite), guiando todas as 38 enfiadas, duas delas em torno de 10º grau brasileiro. Para que sua ascensão fosse em bom estilo, ao sofrer a queda (única em toda a escalada) ele retornou a base da enfiada e repetiua inteiramente sem quedas.
Cordada feminina A escaladora curitibana Roberta Chaltén Nunes, em visita recente ao Rio de Janeiro, enquanto treina para escaladas na Patagônia, repetiu algumas vias clássicas guiando. Entre elas estavam a Pássaros de Fogo (6º, VIIa), Cisco Kid (5º, VIIb), Caixinha de Surpresa (VIIa) e No Velho Oeste (6º, VIIb) - sendo a 3ª repetição desta via e primeira feminina, já que ela escalou com a Mônica Pranzl -, todas no Pão de Açúcar. Também fez a 1ª repetição da Via Quarta Dimensão (A2+, VI) no Corcovado, como participante, em companhia de Álvaro, Luís Claúdio Pita e Hilo. Foram dois dias na parede.
Interclubes
A Interclubes continua suas reuniões para discutir os problemas e rumos do montanhismo brasileiro. A reunião é aberta a todos os interessados na prática do montanhismo. As próximas serão realizadas nos dias: (26/10) - Centro Excursionista Rio de Janeiros; (30/11) - Centro Excursionista Carioca; (14/12) - Centro Excursionista Light.
Preservar para não pagar Visual das Águas, na região de Bragrança Paulista, (para quem não conhece, é um dos melhores points de escalada de São Paulo onde predominam vias esportivas curtas de dificuldade média - de 4o a 8o), ganhou uma guarita com funcionário responsável para cobrar a taxa de R$ 2,50, de todos os frequentadores. Essa iniciativa foi tomada por Marcelo (filho do dono da fazeanda Sta. Terezinha) devido aos
seguintes aspectos: excesso de pessoas para a capacidade da área que estava sofrendo com a degradação; acampamentos dentro da fazenda sem autorização onde se faziam fogueiras de maneira indiscriminada; e a quantidade de lixo que estava se acumulando no local. A partir da criação da guarita e da cobrança da taxa, foram tomadas as seguintes providências: foi colocado um funcionário permanente no local que da instruções básicas aos visitantes; disponibilização aos escaladores de um livro com os croquis das vias; coleta de lixo periodicamente; e pretende-se criar uma área de camping com banheiros e duchas. Essa taxa serve apenas para pagar o salário do funcionário e o empreendimento em si não visa o lucro, mas apenas orientar e coordenar o crescimento da escalada no local. Apesar de concordar com as atitudes tomadas (tendo em vista a situação), esse fato leva a pensar que não temos educação, consciência ou capacidade de fazer uso de um local sem destruí-lo. Será que teremos sempre que tomar atitudes coercitivas para regular o uso de nossos parques/points de escalada/etc? Será que a coletividade não tem capacidade de se auto regular e cuidar do que é de todos? Henrique Barbosa - hbarbosa@ifi.unicamp.br.
Terra Brasileira
Dois excelentes escaladores Sergio Tartari e Mario Bagnati repetiram a via Terra Brasileira, na face oeste da Pedra do Sino, na serra dos Órgãos. Com a ajuda dos amigos transportaram todo o equipamento e comida para o abrigo 4 onde pernoitaram encobertos por uma espessa e temerosa névoa. No dia seguinte com o céu aberto eles animaram-se e desceram o Grotão para chegar até a base. Com pouquíssima informação sobre a rota e um croqui simplificado (publicado na antiga revista Vertigem) eles seguiram parede acima. Nesse mesmo dia encordaram 3 enfiadas, escalando em livre os diedros antes graduados em artificial A2, e voltaram para dormir na base. No dia seguinte nas primeiras luzes da manhã voltaram ao trabalho. Depois de jumarearem as cordas fixas começaram um trecho da escalada em artificial beirando A3 e dificultados pelo vento que atrapalhava a comunicação. Dormiram há 200 metros da base sacudidos pelo vento a noite toda. Com a manhã, entraram em uma enfiada aérea que terminava em uma trabalhosa fenda de corpo. Depois mais fissuras até entrar na última chaminé - Praguejei muito ao jumarear
Mário Bagnati na Terra Brasileira
essa chaminé. -comenta Serginho. Enfim ao final da escalada, ofegantes colocaram suas mochilas de 35kg nas costas e iniciaram a subida dos costões perdendo-se algumas vezes devida a neblina intensamente densa. A idéia era voltar a base da montanha para tentar realizar uma nova conquista, porém o tempo ruim frustou as expectativas. Voltaram debaixo de uma chuvinha fininha e gelada e terminaram o dia numa boa sauna quentinha , em Teresópolis. Êh, vida boa!!!
Nova Lei
Foi criado um Projeto de Lei de autoria do deputado Sr. Miro Teixeira, que dispões sobre o acesso de turistas ou visitantes às Unidades de Conservação (UC s) federais, estaduais, privadas e áreas do entorno. Em resumo a Lei proíbe a visitação das UC s sem o acompanhamento de um condutor de visitantes . Esses seriam moradores da região ao redor, que devem conhecer muito bem a região e receber treinamento específico dos órgãos competentes para conduzir os visitantes com segurança e visando a proteção do meio ambiente. A idéia pode ter boas intenções, mas talvez complique a vida dos montanhistas que tem sua área de atuação, lazer e trabalho dentro das UC s.
Esse assunto deve ser discutido entre os clubes, profissionais da área, montanhistas, ONG s e demais interessados, com o objetivo de levar idéias e sugestões ao próprio Miro em reunião que deve ser marcada para breve.
Seminário de graduação Ainda não houve uma conclusão do I e II Seminário de Graduação, pois ela será feita após mais uma etapa que, espera-se, seja conclusiva. O que aconteceu durante estes dois seminários foi: o sistema atual e suas variações foram detalhadamente explicados pelos palestrantes (André Ilha, Flavio Daflon e Alexandre Portela), que tiraram dúvidas e colocaram os motivos pelos quais cada um adotou uma forma de graduação ao publicar seu guia. A seguir se iniciou a montagem de um sistema que incorporasse os benefícios e linguagens atuais utilizados para graduar vias hoje no Rio de Janeiro. Resta ainda definir sobre grau de exposição e conceituar cada item com detalhes, observando se serão obrigatórios ou não. Flávio Wasniewski.
Acidente em Resgate Dois bombeiros espanhóis: Josep Maria Cau e Benjamín Yáñez, foram vítimas de um acidente, quando participavam de uma simulação de resgate. O problema foi devido a uma rajada de vento que fez o helicóptero que os segurava perder potência. Ambos tinham sido içados apenas alguns metros acima do local de resgate, quando tripulantes do helicóptero tiveram que acionar o botão que cortava o cabo de aço para evitar que o mesmo se chocasse com a montanha causando tragédia maior. O que a tripulação ignorava é que os bombeiros já haviam soltado suas seguranças da parede, e após um primeiro impacto no platô, continuaram caindo 100 metros parede abaixo. Josep que é chefe do Parque de Bossot, está internado em estado grave com politraumatismo pelo corpo e traumatismo craniano, porém sua evolução de melhoras é favorável. Benjamin, 26 anos, também está no hospital, mas fora de risco. Ele teve um joelho quebrado, fraturas de pélvis, costela e leve perfuração de pulmão. As manobras faziam parte do Encontro
entre Grupos de Resgate da Gendarmería francesa e dos Bombeiros de Generalitat, que trabalham nos Pirineus. O acidente ocorreu no dia 23 de setembro as 12h15m, e o Encontro estava sendo presenciado por diversos meios de comunicação. Revista Desnivel
Grande Trango Tower
Em 29 de julho, Mark Synnott, Jared Ogden e Alex Lowe pisaram o topo da imponente face noroeste da grande Torre Trango, completando a conquista de uma das maiores paredes rochosas do mundo. Foi uma maratona de 36 dias, que incluiu uma investida de 18 dias na parede, para atingir o cume a 6.286 metros de altitude! Não satisfeitos ainda escalaram uma fina aresta de gelo que Synnott descreveu como a escalada em livre mais selvagem do mundo , e atingiram o cume oeste. A grande Trango Tower está na cadeia do Karakoram e a face noroeste tem mais ou menos 1.830 metros de pura rocha, isso pode torná-la a maior via escalada em rocha do mundo. Esta via tem 200 metros de negativo contínuo, incluindo um teto de 8 metros, guiados por Ogden todo em pitons. A longa e perigosa rampa abaixo da parede final foi escalada praticamente em livre com alguns trechos de 7º grau. A parede superior entretanto foi quase toda escalada em artificialaté A4. Reportagens foram transmitidas ao vivo pela internet. Alex teve alguns momentos ruins: quando ficou inconsciente por pedras
Grande Trango Tower
que caíram e teve febre, e também quando próximo do cume caiu 15 metros ferindo o joelho. Mark descreveu que na descida as coisas ficaram piores. Enquanto rapelavam uma feroz tempestade castigou a parede com chuva torrencial e logo começaram a descer cachoeiras e pedras. Esta foi certamente minha maior roubada em uma parede . Climbing Magazine
Lacas Loucas
Alexandre Portela, Eduardo Sá e Felipe fizeram uma conquista no Pico Menor de Friburgo, trata-se de Lacas Loucas . Como o nome sugere: lacas não faltam. Isto sem falar nos diedros e fissuras, uma delas descreve Felipe: daquelas vistas em vídeos e revistas . A enfiada mais exigente é escalada em agarrinhas e aderência graduada em possível VIII grau em livre ou VII/A0. A sexta enfiada finaliza-se em uma laca/ diedro de 18 metros bem verticais para chegar a um ante-cume de onde se rapela uns 15 metros para continuar mais duas enfiadas até o cume. Breve publicaremos um croqui detalhado da via.
Em Solitário
Morte de Lowe?! Um dos mais fortes e mais conhecido alpinista americano, Alex Lowe, e o montanhista David Bridges estão desaparecidos e possivelmente mortos após serem atingidos por uma avalanche no Shishapangma, no Tibet, um pico acima dos 8.000 metros. Um de seus parceiros, Conrad Anker também foi atingido pela mesma avalanche, mas sobreviveu apesar de alguns ferimentos. Na altitude aproximada de 6.000 metros a expedição que não só tentava chegar ao cume do Shishapangma, mas também descê-lo esquiando, se dividiu em dois grupos para procurar uma rota montanha acima. Ambas as equipes tentaram escapar do grande deslizamento que aconteceu há quase 2.000 metros acima deles, porém a avalanche pegou um dos grupos, a qual incluia Lowe e Anker, assim como o escalador e cameraman Bridget. Conrad Anker, que sobreviveu, foi arrastado por cerca de 30 metros e parcialmente ferido começou a procurar sem sucesso por seus companheiros. A outra equipe, que conseguiu evitar a pior parte da avalanche, logo que chegou juntou-se as buscas, porém devida as péssimas condições perderam a
Os dois primeiros encadenamentos solitários da Nose (El Capitan) e da Regular Route (Half Dome), as duas vias míticas do Yosemite, em menos de 24 horas, vieram este verão com apenas um dia de diferença. Em 28 de julho, Hans Florine saiu em direção ao Half Dome e às 5h47m começava a escalar a primeira das 24 enfiadas que compõem a Regular Route , escalando solo as partes fáceis e se assegurando com um bloqueador Silent Parner nas difíceis. As 9h45m estava no cume. Mais tarde soube que Dean Potter havia completado essa mesma façanha um dia antes. Mas isso não o desanimou e ele continuou seu caminho rumo ao El Capitan. Chegou a sua base as 12h40m e 7 horas e 34 enfiadas mais tarde estava no cume. Dean escalou em sentido contrário. Fez a ascensão primeiro da Nose , no dia 26, as 5 horas da manhã, fazendo a maior parte dela em solo integral e usando auto-segurança em alguns trechos. Ele conta que durante a escalada do Grande Teto sua corda prendeu-se e a solução mais rápida que encontrou foi cortá-la e seguir com os 10 metros restantes. Na manhã seguinte, ele já estava a caminho do Half Dome, onde só escalou 100 metros com corda. Revista Desnivel
Alex Lowe
esperança de encontrar os corpos, que provavelmente estão embaixo da avalanche. Lowe estava entre os melhores alpinistas modernos, e recentemente havia conquistado uma nova via na Grande Trango Tower, no Paquistão (ver nota nesta mesma seção). Em seu currículo incluíam-se várias conquistas no Nepal (algumas em solo), na Antártida, Alasca e Baffin Island. Tinha 40 anos, era casado e tinha 3 filhos. Bridget tinha 29 anos e já havia feito 4 outros cumes de 8.000 metros.
Novas vias do Pico da Tijuca
Novas vias
Novas vias foram conquistadas no Pico da Tijuca. As três vieram acrescentar mais beleza e prazer as escaladas já conquistadas por lá, são elas Caipirinha, Instabilidade Emocional e Búfalo Bill. Veja no quadro a posição em que elas ficam: 1) P3 (3º, IV); 2) Caipirinha (VI) - uma enfiada; 3) Magia Vertical (4º,VI sup); 4) Instabilidade Emocional (VIIb) - melhor fazer em duas enfiadas; 5) Lagarto Lambão (5º, VIIa) - grau a se confirmado depois da quebra de agarra); 6) Búfalo Bill (VIIc) - uma enfiada.
Inverno na Patagônia?!
Duas expedições andaram na contramão este ano, foram para a Patagônia no inverno! Os dias curtos de 9 da manhã as 5 da tarde, e a temperatura congelante são os pontos negativos, mas uma teoria sugere que as famosas tempestades da região não são tão ruins no inverno. Isto parece apenas um mito , disse um dos membros da expedição. Mesmo assim Greg Crouch e três escaladores suíços: Thomas Ulrich, Stefan Siegrist e David Fasel, fizeram a ascensão invernal da face Oeste (via Ferrari) tornando-se a segunda equipe a escalar o Cerro Torre no inverno. Greg diz, É como estar em um planeta de gelo . Enquanto isso uma equipe britânica escalou a Agulha Poincenot e Guillaumet, fazendo a 1ª ascensão invernal de ambas as montanhas. Eles também tentaram a Super Canaleta do Fitz Roy, uma via de 45 enfiadas. Mas após duas temporadas secas o gelo estava muito fino. Estavam relativamente próximos ao cume quando uma tempestade com ventos fortíssimos os atingiu. Decidiram bivacar em suas duas barracas para dois esperando pela melhora do tempo, mas desistiram quando o vento mudou a direção e começou a levantar a barraca e seus ocupantes do platô de gelo. Sem poder sair ou dormir eles
passaram a noite lutando juntos até as 11 horas da manhã. Catorze horas de rapéis depois, chegaram na base as 2 da manhã e descobriram que o campo-base estava devastado. Somente algumas varetas de barraca restavam. As barracas e tudo que continham haviam voado para a fronteira do Chile. Após outra noite huddly cold and totally fucked os quatros tiveram que andar 38 milhas para a vila mais próxima, Chaltén. Revista Climbing.
? o il t s e u e s o Qual é Escalada em Boulder A arte de escalar trechos de rocha curtos e geralmente muito difíceis denomina-se Bouldering , ou escalada em blocos, ou ainda escalada em boulder. Esta é a forma mais simples e pura de escalar oferecendo uma liberdade total, sem necessitar de cordas ou outro equipamento. Tudo o que você precisa é de um par de botas e um saco de magnésio. Pode até mesmo ser praticado sozinho. E a segurança? Bem, essa atividade geralmente é praticada em lugares onde a altura de uma queda seja relativamente segura. A base é geralmente plana e se o escalador cair provavelmente ficará só com o susto. Melhor mesmo é ter algum parceiro contigo, assim ele poderá fazer uma segurança de base: levantar as mãos na direção das suas costas e se você cair lhe dará apoio, evitando que você caia de mal jeito. E qual o objetivo? Explorar ao máximo até mesmo os pequenos blocos, criando vias , passadas, movimentos, etc... Neste sentido é altamente social, uma vez que pode reunir um grande número de pessoas para resolver os problemas criados. Também pode ser usado como forma de melhorar sua força pura, polir sua técnica e aumentar seu grau de dificuldade. Um boulder nunca é grampeado para guiar (pois então seria uma falésia), no máximo pode ter um grampo para top-rope. Em muitos lugares a graduação de boulder difere da graduação usual, pois funciona com elementos diferentes de uma escalada maior. Não esqueça que pensar na segurança nunca é demais e boas escaladas!
Parte V
Carta na manga (III)
O mais novo Belíssimas paredes de granito à beira de um mar deslumbrante... Este é o cenário que encanta escaladores que visitam Barra de Guaratiba e adjacências. Segundo o novo Guia de Escaladas de Guaratiba, de autoria de André Ilha, são 122 escaladas existentes na região que vai do Recreio dos Bandeirantes a Barra de Guaratiba,
no Rio de Janeiro. Em sua maioria são vias curtas, sem vegetação de 10 a 30 metros de extensão protegidas parcial ou totalmente por materiais móveis. Neste artigo escolhemos as melhores vias na opnião de vários escaladores, são as vias que você não pode deixar de conhecer. Não entraremos em muitos detalhes, pois toda a
Quebra-Cabeça (VIsup)
Oxumarê (Vsup)
point do Rio! informação necessária você poderá encontrar no Guia de Escaladas anteriormente citado. Classificamos as vias em três categorias: fáceis (2º a 4º grau), médias (5º e 6º) e difíceis (de 7º em diante). Escolha as suas! Faceis: Para começar a melhor opção é o Canyon do Picão . Em sua parede principal são 14 vias, bem protegidas por material
móvel, numa sólida rocha. Dez delas estão entre Isup e IV sup. Nas Falésias dos Orixás, no setor Paredes do Canto as vias Carta na Manga (III) e a Cartas na Mesa (IV) se destacam pela beleza da parede em que se encontram. Ambas tem 20 metros de extensão e são imperdíveis. Ainda nas Falésias dos Orixás, mas agora
Carta na Manga (III) e Cartas na Mesa (IV)
Frango de Macumba (VII)
Sao mais de 120 vias, no setor Canyon dos Orixás duas devem ser escaladas: Ali-Babá (III), um belo diedro com excelente proteção em nuts e friends pequenos; e Troll (IIIsup). No Pico do Perigoso, um pouco mais afastado da Ponta do Picão e das Falésias dos Orixás, tem a Festa no Céu (IV), uma bonita via que fica nos blocos do cume e tem 20 metros de extensão. Fora um pouco da Área de Guaratiba, mais precisamente na Prainha , há bons blocos de nível fácil, entre eles estão a Via 1 (IVsup), bela via em agarras que acompanha pela esquerda a aresta do bloco principal e a Via 2 (II) que segue o fácil sistema de fendas principal. No Morro da Boa Vista, o mais alto da Prainha, estão as mais extensas vias da região: entre 130 e 230 metros. Uma boa opção é o Paredão Paulo de Faria (3º,IV)
via de agarras e aderência e toda protegida em grampos. Outra boa opção é o Paredão Bem-Me-Quer (3º, IVsup). Méedé ias: Começando pela Ponta do Picão, duas sugestões são a Peter Pan (V), elegante escalada em oposição e agarras; e o Ponto G (VI), escalada em agarras por uma aresta em um dos grandes blocos. O Canyon do Picão também tem boas opções entre V e VI, merecendo uma visita. Nas Falésias dos Orixás, talvez as mais frequentadas, estão algumas vias imperdíveis, como por exemplo: Titânia (VIsup) e Baba Yaga (Vsup), nas Paredes do Canto. Nas Paredes de Cima: Rainha do Mar (Vsup), Exu (VI) e Oxumarê (V), este último um elegante diedro levemente negativo, são excelentes pedidas. Xango (VIsup) e Pomba-Gira (VIsup), nas Paredes
Oxum (IV)
Ali-Babá (III)
de todos os graus. de Baixo também entram na lista, assim como: Quebra-Cabeça (VIsup) - uma das melhores - e Rock in Rio (Vsup) estas últimas no Canyon dos Orixás, que por si só já é um lugar incrível. Um pouco mais distante, no Pico do Perigoso, na sua Parede Principal está a A Grande Virada (VIsup), uma espetacular escalada que acompanha um grande diedro, ela alterna trechos em grampo e outros com proteção móvel. Nos Blocos do cume está a bonita Cobras e Lagartos (V) uma bela fissura larga. Já fora de Guaratiba, nos Blocos da Prainha a El Niño (VIsup) vale a pena ser conhecida. De frente a prainha, no Morro da Boa Vista, o Paredão Bom Crioulo (4º, V), foge um pouco a regra, já que tem 180 metros de extensão, é em agarras e aderência e todo grampeado, mas a parede é bonita e a vista compensa. Na
Pedra do Pontal, aquela entre o Recreio e a Praia da Macumba, a fissura Sangue e Areia (VI) também merece atenção. Difiíceis: Na Ponta do Picão o X da Questão (VII) e a Capitão Gancho (VIIsup). Na Falésia dos Orixás: Luzes e Sombras (VIIsup), Frango de Macumba (VII), Mau Olhado (VIIsup), Via dos Diedros (VIIsup), Curto Circuito (VII) e a Fissura do Fissurado (VIIIsup) que além de bonita é a escalada mais difícil do conjuto até o momento. Sem esquecer a Jogo Bruto (VII) no Pico do Perigoso. Estas vias agradam aqueles que procuram uma escalada um pouco mais atlética com negativos e tetos diversos, além de entalamentos de mãos e dedos. Agora você tem 34 bons motivos para visitar Garatiba. Boas escaladas!!!
II Etapa da Copa Carioca Open de Boulder
Aconteceu nos dias 28 e 29 de agosto na Praça do Lido em Copacabana. A organização foi da AAEERJ, com patrocínio da Montcamp, apoio do CEB/Snake/Rio Rock Climbing. O router setter foi Alexandre Portela.
Masculino
Feminino
1. Helmut Becker (RJ) 891 pts. 2. André Berezoski (SP) 857 pts. 3. Alexandre Oliveira (RJ) 829 pts. 4. Olivier Trioux (França) 685 pts. 5. Alexandre Galvão (RJ) 675 pts.
1. Mônica Pranzl (RJ) 700 pts. 2. Rosita Belinky (SP) 698 pts. 3. Camilla Santos (RJ) 676 pts. 4. Aleta Nunes (SP) 643 pts. 5. Ana L. Makino (SP) 633 pts.
Ranking da Copa de Boulder
O Ranking leva em consideração a 1ª Etapa da Copa Boulder que aconteceu em junho no Parque da Chacrinha e a 2ª Etapa (resultado acima).
Feminino
Masculino 1. Alexandre Oliveira (RJ) 2. Alexandre Aguiar (RJ) 3. Alexandre Galvão (RJ) 4. Fábio Muniz (RJ) 5. Helmut Becker (RJ)
145 pts. 128 pts. 106 pts. 105 pts. 100 pts.
1. Mônica Pranzl (RJ) 200 pts. 2. Ana L. Makino (SP) 131 pts. 3. Camilla Santos (RJ) 130 pts. 4. Rosita Belinky (SP) 80 pts. 5. Aleta Nunes (SP) 55 pts.
4º Campeonato Amador Rio Climbing de Escalada Indoor do Colégio Salesiano
Aconteceu em Niterói sendo realizado em duas etapas. O route setter foi Alexandre Aguiar (Xacundum), com patrocínio da Rio Climbing, apoio da XL Produções e supervisão da AAEERJ.
Masculino 1. Daniel Guimarães - Teresópolis 2. Rafael Barillo - Petrópolis 3. Marlus Werneck - Petrópolis 4. Sérgio Ayres - Petrópolis 5. Gustavo Agostini - Teresópolis
Feminino 1. Camilla Santos - RJ 2. Thaís Makino - Guarulhos 3. Ana Alvarenga - Niterói 4. Ingrid Nascimento - Petrópolis 5. Marcella Santos - RJ
Próximas competições . III Etapa da Copa Carioca Open de Boulder - dias 20 e 21 de novembro. Informações: (021) 236-7682, falar c/Dania. . Panamericano de Riobamba, Equador - de 11 a 14 de novembro. Informações com o Pro-Esportiva: tomaspapp@hotmail.com até o dia 02 de novembro. . 1º Desafio Escalada Café - Dificuldade Amador sera realizado nos dias 23/24 de outubro. As inscrições (R$ 20,00) poderão ser feitas no local ou através do e-mail escalada@iis.com.br. . I Campeonato Techni Point de Boulder para amadores, na categoria masculino e feminino, nos dias 30 e 31 de outubro. Inscrições a R$20,00 e devem ser feitas pelo tel/ fax (21) 642.0917 ou email: adavini@openlink.com.br, até o dia 15.
na
Segurança para o Participante...
Os Riscos
Escalar uma via como participante é seguro! Será?? Claro que sim, se forem seguidas todas as normas corretamente! Mas há algum risco quando um participante cai??? Pode haver. Isso vai depender em que tipo de via se está escalando. Geralmente escaladas com muitas transversais e horizontais exigem uma atenção maior. Uma má segurança para o participante pode traumatizar alguém menos experiente e causar ferimentos se ele bater em quinas, diedros, etc. Assim como, o mal uso dos equipamentos pode ocasionar o não travamento da corda...
A Base
Por isso é importante aprender como utilizar os equipamentos e as técnicas. Em primeiro lugar você terá que armar uma boa equalização tendo um mosquetão de rosca como base (ou mãe ) (fig. 1) onde colocará sua solteira. Depois, o segundo passo é escolher um freio! Qual? Poderá ser um Oito, um ATC, um Gri-gri ou um nó UIAA, entre outros.
Bouldrier (cadeirinha), e não diretamente da equalização. Porque? Simplesmente porque o poder de frenagem diminui e o posicionamento incômodo pode atrapalhá-lo no ato de travar a corda. O ideal é que você clipe um mosquetão de rosca no loop da cadeirinha e arme a segurança com o freio saindo dele, depois passe a corda do participante no mosquetão direcionador (expressa ou mosquetão simples preso na equalização) como se fosse um mini top-rope para aumentar o atrito e conseguir melhor frenagem, além de ser muito mais cômodo (fig. 3).
Não esqueça
Lembre-se que a corda deve ser mantida sempre esticada para não ocorrer trancos quando o participante cair.
Uiaa e Gri-gri
Quanto ao Gri-gri e ao nó UIAA (fig. 2) o mais confortável é usá-los clipados na
Direcionando
Se você optar por Oito ou ATC, lembre-se que eles só devem ser utilizados a partir do
1
2
3
ancoragem, sem esquecer de usar um mosquetão de rosca individual para eles, que será clipado no mosquetão mãe . Isso porque o mãe nunca deve ser aberto enquanto estiverem clipados neles solteiras e outros mosquetões de segurança. Outro detalhe importante é que para usar o Gri-gri, faz-se necessário que a corda tenha um diâmetro mínimo de 10mm, e o nó de UIAA deve ser
usado em mosquetão de formato pêra onde é mais fácil manuseá-lo.
Seguro
Se você for um bom e confiável segurador tenha certeza que não lhe faltarão parceiros para escalar! É sempre bom escalar com alguém que inspira segurança, não é?!
Ingo Müller Idade: 25. Anos de escalada: 10. Ocupação: costureiro, soldador, escalador, cozinheiro... Peso: 58. Altura: 1,70. Apoio: Snake. Alguns feitos: Viver.
Qual seu estilo de escalada? Gosto de todos. Em todo o tempo que você tem de montanha, qual a escalada mais sinistra que já fez e como foi? Festa na Floresta (Itacoatiara, RJ - 8a/ A2+), uma passagem para outra dimensão e tempo. E a queda mais assustadora, qual foi? Voltando da escalada da Torre Norte del Paine (Chile), quase 20 horas depois de sair do bivaque descendo por rampas de pedra escorreguei uns 30 metros. Por sorte só alguns arranhões e, após o tombo já estava no fundo do vale, era só caminhar. Você faz escaladas em solo? Solo, sem corda... Na verdade o estilo que acho mais bonito. Para momentos
de inspiração! Solo, sozinho... Conheço pouco, só pratiquei quando me faltavam companheiros. O que você acha que está faltando no montanhismo brasileiro? Mulheres (e homens também) que sejam apaixonados pelo esporte e que protejam o ambiente em que habitam. E sobre campeonatos? Já participou de algum? Alguns, mas mesmo ganhando presentinhos que foram bastante úteis para as viagens, nunca me adaptei bem ao confinamento. Na América do Sul você viajou com pouquíssima grana. Quanto você tinha? E passou quanto tempo? Já viajei uma porção de vezes com pouca
grana e sem tempo para voltar. Uma delas foram 8 meses com U$$ 800. Por quais países passou? Chile, Argentina, Bolívia e Peru. Como você fazia para viajar, comer e dormir com tão pouco? A receita é simples, mas tem o seu preço. Nunca dormir em hotel, pousada, etc., comer comida local ou preparar a própria comida e viajar sempre que possível de carona. Mas há também compensações para quem viaja desta maneira: conhecer a verdadeira cultura local. E no Lago Titicaca você chegou a comprar um barco e ficou um tempo por lá velejando. Como era? É uma longa estória. A Bolívia é um país a parte, ainda com pouca influência dos americanos e gringos em geral. É como fazer uma viagem no tempo, 100 anos ao passado, principalmente fora da rota dos turistas. Pelas ilhas espalhadas neste lago: flamingos, monumentos, falésias, feiticeiras, peixes, criadores de carneiros... Dois meses levado pelos ventos do Titicaca. Já teve acidentes sérios? Nada grave. Arranhões, hematomas e no máximo o nariz e dois dentes quebrados. Você busca patrocínio para suas aventuras? Atualmente não, por não estar escalando. Mas muitas das viagens foram possíveis pelo apoio de empresas como Snake, Manaslu e dos muitos amigos.