Revista de Escalada Fator 2 - nº 17

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N o M u n d o 11a? Depois do encadenamento da Mister Bill (Xc) pelo paranaense Diogo Ratacheski e pelos gaúchos Thiago Balen e Guilherme Zavaski, um escalador carioca, Daniel Hans Coçada , fez a quarta repetição desta via em março. A Mister Bill é toda negativa, tem 30 metros e está localizada na Barrinha, (RJ). Ela e a Coquetel de Energia, na Floresta da Tijuca, são as vias esportivas mais difíceis do Brasil. Chegou-se até a pensar que a Mister Bill, pudesse ser o primeiro XIa do Brasil, o que não foi confirmado depois das primeiras repetições. Daniel, 20 anos, levou um mês para encadená-la, indo somente aos finais de semana. Em abril, ele também encadenou a Coquetel de Energia (Xc), sendo o quinto a realizar tal façanha. Logo depois foi a vez de Ratacheski mandar a Coquetel. A última façanha de Daniel Coçada foi encadenar a via Massa Crítica, na Barrinha, a qual pode ser o primeiro XIa do Brasil. Ela tem 28 metros, foi aberta pelo Pita e recentemente foi tentada pelo forte escalador chileno Juanjo, que já tem em seu currículo vias de Xc. Ele achou a via bastante difícil, propondo pelo menos XIa. Coçada encadenou no quarto dia Campeonato Pão de Açúcar de tentativa. Talvez seja Daniel Coçada na Mr. Bill, Xc. Infantil Masculino necessário que outros 1. Guilherme Miranda. escaladores provem a via para que o grau seja confirmado. 2. Pedro Nort. 3. Bruno Gomes. Infantil Feminino 1. Thais Miranda. 2. Vanessa Wagner. 3. Glória Hara. Juvenil Masculino 1. Tadeu Scaf. 2. Pedro Macedo. 3. Diogo Lopes. Juvenil Feminino 1. Raquel Guilhon. 2. Bianca Castro. 3. Ana Luiza Futuro. Master Masculino 1. Diogo Ratacheski. 2. Alexandre Flores. 3. Leandro Nogueira. Master Feminino 1. Patricia Mattos. 2. Camila Neves. 3. Isabel Corpas.

Temporada 2002

Aconteceu nos dias 27 e 28 de abril a Abertura de Temporada de Montanhismo, na Praça General Tibúrcio, na Urca. Clubes, escaladores, caminhantes, ecologistas, empresas e entidades se reuniram para participar das festividades que comemoram a chegada da melhor época para se ir a montanha. Além disso, teve o lançamento da 3ª edição do Guia de Escaladas da Urca e o I Campeonato Pão de Açúcar de Escalada Esportiva, nas modalidades Infantil (misto), Juvenil (masculino e feminino) e Master (masculino e feminino) com a participação de 50 atletas. Disputada em um muro artificial de oito metros de altura, esse campeonato contou pontos para o ranking da Femerj (Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro), entidade organizadora do evento, juntamente com a 9D Produções. O resultado você confere no quadro ao lado. Tadeu Scaf, na superfinal masculina.


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Santa Maria Madalena Foi aberta uma via na Pedra Du Bois, em Santa Maria Madalena, interior do Rio de Janeiro. Localizada em uma área de interesse geológico, essa montanha possui uma trilha de acesso e foi visitada por escaladores apenas uma vez, os quais com a ajuda de um escalador local, Ricardo Nines, abriram uma via de escalada que não sabemos se está terminada, já que ainda há cordas fixas na parede. Com intuito de fazer uma conquista, Flavio Daflon e Cintia Adriane, fizeram uma investida no dia 15 de maio de 2002. A princípio seria para conquistar apenas alguns metros, mas devido a grande facilidade técnica a via foi aberta em apenas oito horas, até o cume, sendo que a última enfiada, a qual mais necessitou proteções móveis foi conquistada a noite. O detalhe é que nos mais ou menos 600 metros de parede, praticamente toda em aderência, foram batidos apenas quatro grampos, com as outras paradas e proteções sendo em móvel ou em grandes platôs. O trecho mais difícil alcançou um IV grau em aderência - a confirmar. O grau de exposição da via é alto, mas a qualidade da rocha é excelente. O nome dado foi À Moda Antiga. A descida se deu pela trilha do outro lado, em mais ou menos três horas por causa da noite, porém é bom informar-se da caminhada antes.

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Assinatura & cartas Flavio Daflon e Cintia Adriane Rua Valparaíso, 81 / 401 - Tijuca Rio de Janeiro, RJ. Cep 20261.130 Tel.: (21) 2567-7105 E-mail: fator2@guiadaurca.com www.guiadaurca.com/fator2

Fator2-Fator de Queda Fator 2 é um fator de queda extremo, na qual todos os componentes de uma escalada são submetidos a grande impacto. Este fator é calculado pela altura da queda, dividido pela distância de corda entre os escaladores.

Atenção Escalada é um esporte onde há risco de você se acidentar gravemente ou até mesmo morrer. Esta publicação não é um substituto para um Instrutor ou Guia de escalada em rocha. Caso você não conheça ou possua dúvidas em relação às técnicas de segurança para a prática do esporte, procure um instrutor ou guia especializado para lhe ensinar. Acidentes sérios e até fatais podem ocorrer, como resultado de uma má compreensão dos artigos aqui publicados ou da superestimação dos seus próprios limites. Capa: André Khuner nos Primatas. Fotos: Márcio Carrilho. Fator 2 - número 17 - 2002


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De Costas Para o Passado Recentemente a via De Costas Para o Passado, no Pão de Açúcar, foi encadenada pela primeira vez. Localizada na aresta à esquerda da chaminé do Secundo, esta via foi aberta em 1995 e pela dificuldade técnica acabou recebendo poucas investidas. Em abril deste ano, Ralf Côrtes em 9 dias de tentativas conseguiu encadená-la, graduando seus 20 metros em IXc. Logo depois Ralf passou a concentrar seus esforços em outra aresta, A Um Passo do Espaço, que era graduada em VIIIc A1. Ele tentou e conseguiu a MEPA (Máxima Eliminação de Pontos de Apoio) do A1. Guiando a via toda em livre ele propôs o grau IXc, o terceiro que encadena na Urca.

No topo do mundo O Espanhol Alberto Iñurrategui é o décimo homem a pisar todos os 14 picos acima de 8.000 metros. Durante os últimos 11 anos, Alberto que tem 33 anos, esteve no Himalaia quase sempre em companhia de seu irmão Félix. Mas faz dois anos que Félix sofreu um acidente e faleceu na descida do Gasherbrum 2. Alberto tem como tática permanecer o menor tempo possível em altura, deixando um bom desnível para o dia de cume . Ele acabou fazendo todos os 14 cumes sem utilizar oxigênio artificial.

Relatório de Acidentes Foi concluído o Relatório de Acidentes em Esportes de Montanha. Como se faz necessário publicar esses resultados e divulgar as informações, foi criado um Site para disponibilizá-lo. A idéia evoluiu para um site sobre Segurança em Montanha (www.segurancaemmontanha.com.br), onde foi publicado alguns textos sobre Primeiros Socorros e Prevenção de Acidentes, além do Relatório de Acidentes em formato PDF para download, e o formulário on-line para relato de novos acidentes e quase-acidentes. É preciso agora que as pessoas criem o hábito de relatar os acidentes e quase-acidentes. O site também está aberto, para que as pessoas enviem textos relativos ao assunto, ou qualquer outra informação que possa ajudar na prevenção de eventos indesejados. Os responsáveis pelo relatório, Pedro Lacaz e Kiko Araújo, agradecem às pessoas que contribuíram para que o Relatório fosse feito: o patrocínio da Conquista e da Deuter e o apoio da Geosfera, Hang On, Webventure, FEMERJ e FEMESP.


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Auto-resgate A AGUIPERJ, Associação dos Guias, Instrutores e Profissionais de Escalada do Estado do Rio de Janeiro, continua trabalhando para elevar o nível de seus profissionais. Nos dia 16, 17 e 19 de abril de 2002 teve lugar o Curso de Auto-resgate, ministrado por Cássio Almeida, ex-integrante do COSMO (Corpo de Socorro em Montanha) do Paraná. Deste, participaram 16 guias homologadas pela Associação, o que garante sempre uma boa reciclagem para quem trabalha com escalada, um esporte de bastante responsabilidade. As aulas teóricas aconteceram à noite na sede da escola de escalada Limite Vertical e a prática consumiu um dia inteiro na Pedra do Urubu e nos Coloridos, na Urca. A dedicação desses profissionais e da entidade provam a preocupação com a segurança que deve haver em todos os cursos e guiadas.

Errata

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Na nota da página 5 Cerro Torre em 11 horas deve-se fazer algumas correções: o Cerro Torre está localizado no Parque Nacional Los Glaciares e não Los Alerces. A Via do Compressor foi conquistada em 1970 por C. Maestri, E. Alimonta e C. Claus. Em 1974 o Italiano Casimiro Ferrari subiu pela face oeste e fez o que alguns consideram como a primeira ascenção. Jim Bridwell fez a primeira repetição da via do compressor em 1979 e, ao contrário de Maestri, ainda escalou o cogumelo de gelo do cume, por muitos considerado o crux da via.

Errata Guia da Urca

No Guia de Escaladas da Urca, a legenda da foto da Falésia São Sebastião na página 166 aparece com a ordem das vias trocadas. O correto é: 5. Chega Mais. VIsup E5/E6. 4. O Rio de Janeiro Continua Lindo. VIIc E6. 2. Terror na Ópera. VIIb E5/E6. 3. Satisfação. VIsup E5/E6. 1. Novas Tendências. VIsup E5.

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INFOFEMERJ Número 5

Padrão UIAA Recentemente foi-se comentada a existência de um tal Padrão UIAA de proteção fixa, o qual definiria a distância ideal ou recomendável das proteções em uma conquista. Pois bem, a FEMERJ, através do Flávio Wasniewski, entrou em contato com a própria UIAA e solucionou o problema : o tal Padrão UIAA simplesmente não existe! Segundo a UIAA, cada local determina sua ética e esta deverá ser seguida por todos... Todas os emails trocados com a UIAA estão disponíveis no site da FEMERJ. GT Mínimo Impacto O GT Mínimo Impacto, coordenado pelo Sérgio Bula, do CEC, realizou o Seminário de Mínimo Impacto em Paredes no dia 23/02/02, com a presença de 100 montanhistas e a representação de todas as entidades de montanha do Estado do Rio de Janeiro. O resultado do Seminário está sendo amplamente divulgado e chama-se Recomendações para a Urca veja o texto na íntegra no site da FEMERJ: www.femerj.org GT SOS Urca O GT SOS Urca, coordenado pela Rosane Camargo e em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, COMLURB e Cia Caminhos Aéreos, está trabalhando ativamente para a retirada do capim colonião em todo o complexo montanhoso da Urca, o replantio de espécies nativas, mutirões de limpeza em toda região (Morro da Urca, Pão de Açúcar, Babilônia e nas pedras aonde ficam os pescadores), recuperação das trilhas do Morro da Urca e do Costão, o fechamento dos atalhos e fazer valer as resoluções tomadas no Seminário de Mínimo Impacto. Já foram realizadas as seguintes atividades: retirada do lixo na Face Norte do Morro da Urca, retirada do capim colonião na Face Oeste do Pão de Açúcar (trabalho que já está sendo realizado desde o ano passado), plantio de mudas na Face Oeste do Pão de Açúcar, levantamento da frequência do Costão em 2 fases: quando o bondinho estava em funcionamento e quando paralisou, levantamento técnico das trilhas do Costão e do Pão de Açúcar. Agora, as próximas ações serão a retirada do capim colonião da Face Norte do Morro da Urca e plantio de mudas, retirada do capim colonião na trilha do Costão e redondezas, colocar placas e sinalizações no sentido de informar ao público visitante e também para os freqüentadores quanto à preservação das trilhas, de não alimentar os animais e de se manter o local limpo, fechar atalhos, continuar o trabalho na Face Oeste do Pão de Açúcar, um mutirão de limpeza nas pedras na orla da pista Cláudio Coutinho, tentar estabelecer parceria com o 3º Comando Militar do Leste e o começo do trabalho de recuperação das duas trilhas. GT Sistema Brasileiro de Graduação Em 1999 a Interclubes realizou uma série de seminários com o objetivo de unificar o sistema de graduação de escaladas utilizado no Brasil. Os trabalhos foram coordenados

por Flávio Wasniewski e o resultado pode ser conferido no site da FEMERJ http://www.femerj.org/docs/femerj/html/ SistemaDeGraduacao2.html e no resumo publicado no último número do jornal Mountain Voices. O texto explica muito bem o Sistema Brasileiro de Graduação de Escaladas, mas ainda gera algumas dúvidas e controvérsias, de maneira que deve ser encarado como uma proposta. Para aparar todas as arestas que ainda restaram e dar a forma final ao sistema, a FEMERJ criou o GT Sistema Brasileiro de Graduação, coordenado por Frederico Yasuo Noritomi (Flávio Wasniewski está exilado no Canadá, mas continua contribuindo ativamente). A idéia inicial deste GT é divulgar a proposta atual do Sistema de Graduação de Escaladas Brasileiro, abrindo-a a consulta pública. É importante que todos os interessados leiam, formulem críticas e sugestões, que devem ser encaminhadas para o email frednori@icqmail.com. Passada essa fase, será marcada data para outro seminário que definirá o formato final do sistema. Calendário de 2002: As reuniões acontecem na última terça-feira do mês, às 19 hs, e está aberta a todos. Sua presença é muito importante para o desenvolvimento do nosso esporte! As datas e locais das reuniões estão no site da FEMERJ. Site da FEMERJ No site da FEMERJ você pode encontrar todas as informações sobre a federação. Lá estão todos os GT s (Grupos de Trabalhos), as atas das reuniões mensais de diretoria, estatuto, currículo mínimo para Curso Básico de Escalada e mais uma infinidade de material do seu interesse. Criamos também o link NOVIDADES , ali é possível acompanhar o dia-dia da FEMERJ. Caso tenha alguma sugestão entre em contato com a gente. Como se federar? Toda e qualquer informação pode ser obtida através do site www.femerj.org ou do email infofemerj@ig.com.br Participe você também! ·

Os interessados em fazer parte da lista da FEMERJ deverão mandar um email sem título para o seguinte endereço: FEMERJ-subscribe@egroups.com

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Pedimos a participação e colaboração dos montanhistas para que enviem informações, para o email da FEMERJ, do estado das trilhas e vias que existem no nosso estado.

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Continue contribuindo com a Croquiteca, enviando os croquis para o email gsaliba@zipmail.com.br

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Notícias, sugestões e qualquer tipo de contato e informação deverá ser enviada para o endereço: infofemerj@ig.com.br

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GRAU DE EXPOSIÇÃO: um conceito em evolução Os riscos de uma escalada e seu conseqüente impacto psicológico sempre foi levado em conta pelo escalador ao escolher uma via para guiar. Mas, no Brasil, só em 1998 é que o grau de exposição aparece de maneira mais formal numa publicação, o Guia de Escaladas dos Três Picos, de autoria de Alexandre Portela, Sérgio Tartari e Isabela de Paoli. Nesta proposta, o grau de exposição apresenta cinco divisões, do E1 ao E5. A graduação de exposição logo se apresentou como um complemento muito bem vindo na classificação de uma via, indicando riscos e definindo estilos de conquistas; se mostrando bem adequado as clássicas vias em parede. Mas, a escalada é um jogo onde os limites parecem ter uma elasticidade infinita, e nestes quatro anos de vida o conceito do grau de exposição, bem como a sua escala, evoluiu na prática, acompanhando o surgimento de novas vias em novos estilos. Com o fim dos anos 90, os princípios da escalada tradicional em fendas são levados para as falésias da Urca, através da escalada esportiva tradicional, que expande os limites da proteção móvel inspirado no mais puro estilo ´Hard Grit´, um estilo de vanguarda e que vem crescendo. Só na Urca já são mais de 25 vias abertas (variando do IV E3 ao VIIIb E6), sem falar das vias abertas em Itacoatiara, Itatiaia, Salinas, São Bento do Sapucaí e Paraíba. Dentro deste estilo, as proteções fixas não são utilizadas e a colocação das proteções móveis, em geral, é muito trabalhosa, além da qualidade não ser tão boa, ficando em alguns casos de maneira bastante marginal ou mesmo de forma um tanto exótica, como por exemplo, proteção com clifs e prussiks em lacas. Com estes antecedentes, é extremamente recomendável e conveniente a précolocação das proteções e trabalhar a via em top rope, antes de se entrar guiando, daí vem o nome esportiva tradicional. Este novo estilo força uma revisão do conceito na originalmente fechada escala do grau de exposição.

A evolução caminha no sentido de conjugar os riscos envolvidos na queda em uma via e a exigência psicológica para entrar guiando à vista. O caráter de descrição perde a força e passa a ser comparativo, ver quadro abaixo. Assim como o grau técnico, onde não há uma definição melhor para o V grau, do que

dizer que é mais difícil que um IVsup e mais fácil que o Vsup. Para o grau de exposição não existe melhor maneira de classificar uma via de E6 como sendo, mais difícil de guiar à vista do que uma via de E5. Este mais difícil significa que provavelmente o escalador refletirá mais antes de entrar guiando, em outras palavras sentirá mais receio. O método comparativo é mais adequado, já que são muitas as variáveis que influenciam nesta classificação: dificuldade na colocação de proteções, qualidade das proteções, riscos de queda, distância entre proteções, qualidade da rocha, exigência técnica, entre outros. O conquistador da maioria das vias neste estilo é Ralf Côrtes, que comenta a evolução do conceito do grau


de exposição brasileiro e as diferenças com o sistema inglês de exposição: - O grau inglês é muito mais detalhado que o nosso. Para chegar ao E1 há dez divisões: Easy, Moderate, Difficult, Very Difficult, Hard Very Difficult, Mild Severy, Severy, Hard Severy, Very Severy, Hard Very Severy. Depois vem o E1 que significa Extreme e continua até o E10. A base do nosso grau de exposição é o que foi criado pelo Tartari e pelo Portela. A partir do E5 é só uma prolongação da tabela que já existia . Vias acima de E5 já abertas 1. Chega mais, VIsup E5/E6, Urca. 2. O Rio de Janeiro Continua Lindo, VIIc E6, Urca. 3. Olho Vivo, VIIb E5/E6, Urca. 4.Os Inocentes, VIIIb E6, Urca. 5. Satisfação, VIsup E5/E6, Urca. 6. Terror na Ópera, VIIb E5/E6, Urca. 7. Urubifa, VIIIb E6, Urca. 8. Viagem ao Fundo do Mar, VIIc E5/E6, Urca. 9. Crux Credo, VIIc/VIIIa E6, Salinas. 10. Fuzzy Logic, VIsup E7/E8, Itatiaia. 11. Boiling Point, VIsup E8, Itatiaia. 12. The Dogging Chop, VIb E6, Itatiaia. 13. Cumadi Frozinha, VIIb E5/E6, Paraíba. 14. Bruxa de Abril, VIIb E5/E6, S. Bento do Sapucaí. 15. Mulheres Exóticas, VIIc E6/E7, Itacoatiara. 16. Kriptonite, VIIIb E6/E7, Itacoatiara. 17. Elfos, VIIIb E6, Itacoatiara. 18. Piratas, VI E5/E6, Itacoatiara. 19. Buraco Negro, VIIb E6, Itacoatiara. 20. A Isca, VIIc E6, Itacoatiara.

Para uma melhor compreensão podemos tomar como exemplo vias de semelhante grau técnico: Ás de Espada (6º VIsup), Aves de Rapina (6º VIsup) e Chega Mais (VIsup). Entre estas vias, certamente conhecemos um grande número de pessoas que já entraram guiando à vista o Ás de Espada, um típico E1. Este número caí substancialmente e podemos contar nos dedos da mão quem fez algo semelhante no Aves de Rapina, uma via com grampeação bem mais longa e que foi graduada em E3. E, até o momento, não temos notícia de alguém que tenha passado à vista no Chega Mais, que está graduada em E5/E6, embora possamos imaginar que isto seja possível para alguns.

Para quem escala em paredes não há mudança nenhuma, já que a escala original de E1 até E5 continua a mesma, seja em Salinas ou na Urca. Acima de E5, até o momento, só existem vias em falésias e o motivo é simples: da mesma forma que é difícil alguém guiar à vista uma via de E6 ou superior, também é difícil conquistar à vista vias deste nível. Imagine um VIIIc em que para colocar alguns dos precários móveis você precise utilizar as duas mãos. Em falésia é fácil e aceito tentar a via em top rope e depois guiá-la, com as peças pré-colocadas. Mesmo tentando explicar com palavras não há melhor maneira de entender o grau de exposição do que escalando, mesmo que em top rope, vias de E5, E6, E7. A diferença entre elas será percebida no suor de suas mãos. A utilização de um sistema aberto para o grau de exposição tem a concordância dos autores originais do sistema. Tartari inclusive, conquistou em Salinas, uma via de E6, Crux Credo (VIIc/VIIIa) e Portela comentou para a Fator2: - A escala do E1 ao E5 foi criada dentro da realidade de Salinas. Escalas fechadas vão contra a evolução. Não adianta querer ir contra a evolução natural. Este conceito é tão novo que a proposta de atualização para o sistema de graduação brasileiro divulgado pela FEMERJ em www.femerj.org pára no E5. O coordenador do Grupo de Trabalho de Graduação, Frederico Noritomi explica esta posição: - O papel do GT Graduação, em primeiro lugar, é verificar a necessidade e a utilidade dessa alteração. O sistema atual já foi muito bem recebido e absorvido pelos escaladores de todo o Brasil pela sua simplicidade e utilidade. Mas não devemos ignorar inovações que auxiliem a leitura da graduação da via e que sejam úteis aos escaladores. O fato é que vias de E6, E7 e E8 já existem na prática. Na graduação de exposição, a questão que transcende na discussão é a grande utilidade de diferenciar as vias de E6 ou superior, para quem pretende entrar guiando à vista. Caso alguém tenha dúvidas, escreva para a Fator2 e no próximo número procuraremos responder a todas. Texto: Delson de Queiroz e Flavio Daflon.

fator2@guiadaurca.com


Por Roberta Nunes (PR) Na verdade foi uma surpresa para mim, quando cheguei de Bariloche depois de dois meses em Chalten, Patagônia argentina, longe de qualquer tipo de computador e me deparei com dezenas de emails de congratulações e depois de dúvidas com relação a minha escalada no Fitz Roy (3.445 metros), objetivo de meu último projeto. Aproveito a oportunidade para esclarecer dúvidas a princípio, e contar um pouco da mais incrível experiência que tive em minha vida, a qual iniciou-se em fins de dezembro de 2001 quando parti de Curitiba com meu companheiro de escalada venezuelano, Jose Pereyra, rumo à Chalten.

enfiadas em rocha e finalizando com uma fácil rampa nevada de 35 graus por 40 minutos, levando ao cume central. Sua dificuldade técnica era 6º VIIc ou A1. Tivemos a chance de abrir uma nova variante na Brecha, escapando do misto, foram 75 metros de gelo atingindo 70 graus de inclinação, seguido de dez enfiadas de sexto grau em pura rocha, nos levando até a base da Franco.

O clima não estava dos melhores, a via estava encharcada e algumas partes com gelo. Escalamos as 17 enfiadas em oito horas, quase que parindo, e justo quando chegamos na rampa final, a 40 minutos de escalaminhada do cume, o vento quase no leva. Era quase Chegamos às covas Tivemos uma imensa sorte com impossível estar em uma o clima e repetimos logo que de gelo completamente posição vertical!!! Encontramos chegamos uma das maiores vias mais duas equipes no mesmo do Fitz Roy, na face oeste, uma destroçados... e nem ponto que já apresentavam-se conquista francesa de 1979, bem assustadas com a força do imaginávamos que o onde também realizamos a vento. Eram 21 horas, veio de primeira repetição em 18 de pesadelo só estava novo a batalha contra a janeiro de 2002. Esta via fica estupidez do ego, arriscar tudo do lado esquerdo da Super começando. por um cume, não vale a pena, Canaleta, com o nome de mais uma noite inteira de Afanassief. São 1.700 metros de trabalho pesado nos rapéis. desnível resumidos em 45 Chegamos as covas de gelo às 6:30 enfiadas no total, sendo as oito finais pertencentes completamente destroçados... e nem imaginávamos também a outra via, Tehuelche, aberta em 1986. Com uma dificuldade de (5º VIIb A2), escalamos 36 enfiadas (aproximadamente 1.380 metros) num tempo de 19 horas até o topo da torre noroeste, mas restava as 8 enfiadas finais da Tehuelche para o cume principal. Foi uma dura decisão, porque estávamos próximos, mas cansados e desanimados de seguir escalando pela noite. Já eram 22 horas, a rocha se apresentava em péssimas condições, completamente desmoronando... achamos que não valia a pena arriscar a vida pela ambição ao cume. Tivemos uma densa descida, tivemos que refazer todas as paradas com um farto jogo de pitons, e chegamos a base às 7:15. Foram 10 horas de trabalho! Não conformados por estar tão próximos do bendito cume, resolvemos tentar mais uma vez o Fitz Roy, só que por uma via mais curta e óbvia, a FrancoArgentina, uma conquista de 1984 na face sudeste, com 650 metros de desnível, composta de oito enfiadas de misto (Brecha de Los Italianos), 17

A seta indica o ponto de onde eles tiveram que voltar, após 35 enfiadas. A via foi repetida pela primeira vez pelos dois. Na outra página, acima, Roberta Nunes, embaixo a Agulha Poincenot e o Fitz Roy.

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que o pesadelo só estava começando. Um bom amigo belga tinha saído junto com a gente para escalar o Fitz pela via Californiana em solitário. Frank, de 26 anos e excelente experiência alpina, não tinha retornado as covas, o que nos deixou realmente preocupados, e por azar começou uma semana de mau tempo. Foram ao todo dez dias de buscas com um clima de terror, o que acabou liquidando com nossas esperanças... O corpo dele foi encontrado próximo do cume. Se presume que foi arrastado pelo vento. A partir dessa situação eu e meu companheiro repensamos em tudo, e porque escalamos. Conseguimos nos libertar da obsessão estúpida pelo cume e vivenciar muito mais o momento presente, desfrutando muito mais o percurso. E assim que encerramos nossa temporada em Chalten. A Patagônia nos presenteou com um maravilhoso dia de sol para escalarmos a Saint Exupèry (2.558 metros) no mesmo cordão do Fitz, por uma via alucinante, Chiaro di Luna, de 22 enfiadas, num fast time de dez horas, onde apresentava uma boa dificuldade (5º VIIc) em seus 850 metros de parede, com direito a uma hora de cume! Espero poder deixar mais claro a verdadeira história que vivi, devido a lastimável confusão de informações. Espero também que sirva de exemplo para todos os montanhistas de verdade que escalam estas difíceis montanhas por amor e filosofia, longe de ser uma atitude para demonstração perante a sociedade.


A

Cachoeira do Primata, no bairro do Jardim Botânico, perto da encosta do Corcovado e do Sumaré, é um dos poucos lugares onde a paz e a harmonia, invadem o nosso corpo e mente. Com uma caminhada de aproximadamente trinta minutos, descortina-se puro verde num roteiro de seis cascatas provenientes do Rio Algodão. Ali também está o grande trunfo da região para os praticantes da escalada.


A escalada é um esporte que exige do praticante muita atenção, seja no manuseio do equipamento, como nas suas decisões. O que aprendemos no esporte acaba sendo usado durante o nosso cotidiano: respeitando a natureza e procurando sempre novos desafios. Sabemos que a segurança sempre será prioridade. Possuímos um estranho desejo de nos colocarmos em situações de perigo, que chegamos a conclusão que ali é o nosso limite, mas é exatamente isso o que procuramos: superar limites. Existem tipos de e s c a l a d a s consideradas perigosas, que exigem o máximo de técnica do escalador, uma boa cabeça, coragem para arriscar o lance, determinação, saber avaliar rápido uma nova estratégia de ataque, força e resistência física. É um verdadeiro jogo de xadrez, aonde as peças a serem mexidas, são os seus braços e pernas. Fazendo uma boa leitura nas passadas, tudo fica mais fácil. É preciso muito planejamento para não entrar numa bela roubada. Sabendo-se praticar, o esporte é seguro. Existem vias de escalada para todos os níveis de dificuldade e de exposição, que variam de acordo com a disposição do atleta. A Região do Primata

Uma característica do local, é que as vias, foram abertas sem o auxílio de buracos, agarras cavadas ou sikadas. Predomina também a visão ética de que onde há fendas, não devem ser colocados grampos. Vias da Gruta do Primata: 1. Orangorock É a precursora das escaladas da região. O nome da via foi dado graças aos macacospregos, que durante a nossa conquista ficaram curiosos com as batidas da marreta, numa própria dança embalados pelo som que fazíamos. Com seis proteções fixas, e bastante negativa, o grau sugerido da via é VIIIc. Conquistadores: André Kühner e Leleco (1996). 2. Lula Lelé - Na mesma pedra da Orangorock, esta foi a segunda via. Aberta de top rope, devido ao alto grau de dificuldade, já ocorreram várias repetições encadenadas. O grau sugerido é IXc. Conquistadores: André Kühner, Leleco e Ricardo Linhares (1996). 3. Religare Variante da Lula Lelé, também se une aos últimos grampos da Orangorock. O grau sugerido é Xa, esta via teve poucas repetições. Conquistadores: André Kühner e Marcelo Pedal Verde (2000).

Já foram catalogadas mais de 60 escaladas,

4. Boulder Pisei na Baga Corta toda a face Leste da Gruta. O grau sugerido é VIIIc, a via tem cerca de dezesseis metros de extensão, quase toda em horizontal, e exige do escalador: força, técnica e resistência.

variando entre quarto 5. A2 Via em Artificial, iniciado com São dezenas de boulders e falésias, buracos de cliff, seguindo por uma onde a galera do Rio já tem um fenda no teto da Gruta, vencido com: e décimo grau. encontro marcado com a adrenalina. pítons, plaquetas, friends e grampos. Vias clássicas em negativo, fendas, Conquistadores: Helmut Becker, abaulados, regletes. Trata-se de um verdadeiro Leandro e Leleco (1988/89). potencial de evolução para o nosso esporte. 6. Povo do Musgo - Passando para uma pedra vizinha, A primeira conquista realizada em 1996, a via temos uma escalada de VIIa em agarras e aresta, com Orangorock, foi apenas uma demonstração do que proteção móvel em pequenas fendas. A via é no mais nos esperava. Ali, já foram catalogadas mais de puro estilo tradicional, não conta com grampos, a sessenta escaladas, variando entre quarto e décimo descida é feita por top rope em árvore ou caminhando grau e diversos graus de queda. pela outra face.


7. Mr. Magoo - Um pouco acima, uma fenda conquistada em móvel e grampos, que com a evolução do esporte, acabou tendo suas proteções fixas arrancadas pelos conquistadores, restando-lhe apenas a parada dupla para o rapel. Grau sugerido VIIc. Conquistadores: André Kühner, Leleco e Jujo. 8. Diedro Do Arranca Grampo - Algo parecido com a via acima descrita aconteceu com esta, que apesar de sua conquista ter sido iniciada com um grampo, foi abandonada por certo tempo. Dois anos após, ela foi reconquistada com material móvel. O grau sugerido é Vsup. Essa via não possui grampos e tem cerca de 16 metros. Ela fica acima da Pedra da Mister Magoo, cerca de 5 minutos. A trilha é pouco marcada, mas basta passar à direita da Mister e subir em direção reta até encontrar o Diedro. Conquistadores: André Kühner, Felipe Assad, Gabriela Saliba e Fernando Sabioni (2000). Com a visão de agredir o mínimo possível o ambiente, muitas outras vias de escalada foram surgindo neste estilo, como: Desde Os Primórdios (VIsup), Bruxa De Blair (Vsup), Mais Um (Vsup), Pedro Bó (IVsup), e muitas outras. As duas últimas conquistas realizadas, ficam acima da Cachoeira, e apesar do nome, é a via mais demorada para se chegar, por ficar quase nas Paineiras. Via mista de grampos, móveis e raiz. Na

mesma pedra, tem a via Bora Lá, também tradicional, se une no grampo da Logo Ali (VIIb) e depois o último lance da chaminé da raiz. Para chegar, suba à direita da cachoeira dos Primatas, seguindo pelo rio seco até virar a esquerda num grande escorrega do rio Algodão (aproximadamente vinte minutos). Chegando a queda da pedreira, siga a trilha à esquerda subindo em diagonal. Também é grande a oferta de boulders, muitos deles, arriscados devido a altura ou pela quantidade de pedras na base. Alguns deles são: Jagube (VIIa), Rainha (VIIb), Pirâmide De Cima (VIIa), Boulder Da Árvore (VIIIa), Doze Macacos, entre outros. A cada investida fora das trilhas já existentes, novos projetos vão surgindo, alguns bastante promissores. Tem sido grande a procura pelos esportes ligados à natureza, e precisamos ficar atentos diante de temas como, impacto ambiental, segurança e ética. O Rio possui uma enorme cadeia de montanhas, e verde espalhado por todo o lado. Só na Floresta da Tijuca e no complexo da Urca, estão catalogadas mais de 500 opções de aventura, é só chegar e curtir! Vamos valorizar o que é nosso para que continue assim! Viva nas montanhas! Texto: André Kühner. Fotos: Márcio Carrilho Pacha Mama Expedições: Tel. (21) 9354.0400 e 2247.5840 E-mail: akuhner@zipmail.com.br



R a l f C ô r t e s C o l u n a

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T r a d i c i o n a l

L i s C o l u n a

M a r i a d e

C a m i n h a d a

São Bento Trad do Sapucaí

Pi co dos Barba dos

Novas vias na falésia da Vista Aérea: 1. Rampão (V E3 - 35 metros) - Ralf Côrtes e Bruno Melo; 2. 2001 (VIIa E3/E4 - 25 metros) - Ralf Côrtes e Bruno Melo; 3. variante Três Dias Alucinantes (V E4 - 10 metros) - Filippo Croso e Bruno Melo; 4. Bruxa de Abril (VIIb E5/E6 - 25 metros) - Ralf Côrtes, Leonardo Rodrigues e Gustavo;

Com 2033m, é o pico mais alto da Bahia e da Chapada Diamantina. Localizado na parte sul, no território pertencente a cidade de Abaira, mais precisamente no distrito de Catolés, localidade de Catolés de Cima. Para chegar a base do pico é mais fácil vir de São Paulo direto pela linha convencional São Paulo - Abaira que de Salvador que não possui ônibus direto. Mais fácil de chegar por asfalto é Piatã para quem vem de Brasília e mais 40 km de terra. Qualquer outro caminho demanda uma pequena aventura pelas estradas de terra nem sempre boas do sertão da Bahia. Vindo de sul há estrada de terra a partir de Rio de Contas, ou a partir do asflato que leva a Mucuje passando por Jussiape, ou João Correia, para depois chegar a Abaira. Catolés nesses últimos 10 anos, cresceu um pouco, mas certamente não mudou. A dona Creuza ainda oferece pensão e hospedagem, mas agora já tem telefone (0xx-77-4766050), uma casa confortável, com a legítima comida baiana com combinações de banana com carne seca e mamão salgado. Propriamente o início da caminhada do Barbados situa-se em Catolés de Cima distante 5 km morro acima, de Catolés, numa estrada, semi pavimentada com alguns trechos de lajotas do antigo caminho do ouro. Em Catolés de Cima, continua rompendo-se morro acima passando ao lado da escola e mais umas 6 casas, onde dá-se início a trilha que chega a forquilha. O tempo total da caminhada varia entre 1:30 horas a 3 horas, sendo que a subida até a forquilha com 3 km é feita normalmente e 1:10hs e a subida propriamente do Pico dos Barbados, pela confusão de boulders toma mais 1 hora pelo menos até o cume. O desnível é cerca de 900 metros, sendo de 600 metros da última casa da vila até a Forquilha. A carta topográfica referente a esta área é Piatã (1:100.000). A trilha da forquilha é um antigo caminho de pedestre e mulas com lajotas que liga Catolés a Capão, Brejo, e Rio da Caixa, antes cruzando o passo, chamado de forquilha, por conter as ruínas de uma antiga porteira. Por acaso este caminho passa ao lado do pico mais alto da Bahia, situado ao lado esquerdo de quem sobe vindo de Catolés. Na minha

Na via Bruxa de Abril o material usado são microfriends médios e pequenos, stoppers médios e pequenos e RP s pequenos. Nas outras vias o material utilizado é 1 jogo de friends, 1 jogo de microfriends e 1 jogo de stoppers.O top rope é feito com uma corda de 50 metros em uma pedra no cume do gramado. Referência: quatro pedras (as únicas), sendo direcionadas por proteções móveis em pequenas fissuras no cume conforme a via escolhida. Acesso - da rodovia de São Bento, siga em direção a saída para Minas Gerais, passando pelos postos rodoviários para Gonçalves. Siga pelo asfalto por mais 2 km até ver à direita da pista a placa indicando Fazenda Nossa Senhora, atravessando a ponte e seguindo à direita e depois à esquerda. A falésia está a 100 metros da estrada do lado esquerdo.


C o l u n a primeira vez que fui ao Barbados, sem mapa, somente com informações primeiramente subimos a montanha da direita, um pico sem nome, para depois verificarmos que a montanha da esquerda que era a mais alta. Felizmente tempo não faltava. A caminhada do Barbados pode ser definida como caminhada numa floresta de boulders desordenados. Cada passagem tem que ser negociada visando chegar adiante, e ganhar altitude de forma mais fácil possível evitando-se ao máximo usar-se da escalada. Há vestígios de trilha, mais ou menos definida. Mas requer atenção. Esta caminhada não deve ser tentada por inexperientes que não saibam achar caminho. O início da caminhada do Barbados, é imediatamente antes de chegar a forquilha onde indícios de vegetação pisoteada, na areia alva de quartzo vão em direção a parte mais esquerda da montanha, quase que voltando um pouco no caminho de subida. Mais adiante a trilha torna-se íngreme pulando pedras, negociando passagens no meio de grotões de rio até chegar a base de um imenso bloco quadrado, pela esquerda. Esse imenso bloco quadrado é visto como sendo o segundo bloco

d e

C a m i n h a d a

de baixo para cima. É o principal ponto de referência da trilha do Pico dos Barbados. O primeiro bloco quadrado (ou caixa de fósforo) abriga uma gruta que pode ser utilizada como pontos de parada em dias de chuva. Depois deste bloco quadrado segue-se subindo por um grotão rumando para esquerda, deixa-se o grotão e ruma-se para a direita até uma pedra longa semi plana onde realiza-se uma longa travessia em lajes para direita, e até novamente encontrar um grotão de rio que segue indefinidamente para a esquerda. Há uma passagem por cima de uma pedra, ponte natural de um grotão fundo de rio, que abrevia o caminho para o cume, ponto chave da caminhada. Desta última vez que subimos o Barbados, achamos a passagem por essa pedra e chegamos diretamente ao cume principal que contém o marco geodésico de referência primária do IBGE. Caso você chegue ao cume da esquerda, é mais fácil descer um pouco, e ânimo, subir para o cume principal. Das primeiras duas vezes que subi o Barbados, sempre cheguei antes a um cume secundário. Todos os principais pontos marcados com gps nesta caminhada bem como o tracklog esta em www.trekmapas.hpg.com.br


E q u i p o Nikwax O tempo se encarrega de levar o aspecto novo de um calçado de couro e acaba com a economia atribuída à durabilidade do material. Nikwax, um produto importado pela Trilhas & Rumos, promete prolongar a vida útil de seus calçados, mochilas, barracas, roupas, cordas de escalada, mapas etc. Basta uma aplicação sobre o tecido úmido ou seco e você terá uma camada imperceptível revestindo a sua peça, que repele água e bloqueia os raios solares. O impermeabilizante Nikwax é altamente econômico, pois renova a aparência de seu equipamento sem que você precise trocá-lo. Além disso, permite uma série de seis a oito lavagens, mantendo o efeito impermeabilizador. Pode ser usado também na máquina de lavar. A esponja aplicadora evita o desperdício e, aliada à elevada concentração de seus componentes, contribui para uma economia ainda maior. Nikwax mantém a umidade à distância sem agredir o meio ambiente, por não utilizar aerossóis e ser biodegradável. Maiores informações em www.trilhaserumos.com.br ou pelo telefone: (21) 2742-9652.

Crasch Pad Com ele você pode arriscar voar dos boulders, são 9 cm de espessura com duas densidades, um lado mais duro capaz de absorver quedas maiores e um outro mais mole, para lances mais perto do chão. E depois de fazer força o dia todo, é só mudar a posição dos módulos para ter uma cama de 0,60 x 1,90m. É feito de cordura PLUS 500, tem módulos independetes e unidos por um potente velcro de 50 mm de largura ao longo do maior comprimento do colchão, 2 alças de mão, alças acolchoadas para as costas e pequenos velcros laterais para unir os módulos ao comprido . Mairoes informações em www.equinox.esp.br ou pelo telefone: (21) 2223-1573.

Sapatilhas As sapatilhas lançadas pela Snake, Blox e Full Grip, têm fôrma exclusiva, na qual a biomecânica traz equilíbrio entre a goma e o calçado. Dessa forma, os produtos aproveitam da melhor forma o exclusivo solado com borracha italiana Vibram Grip. Este solado, com espessura 3mm, permite atingir alta sensibilidade, necessária nas manobras mais difíceis, e faz com que a sapatilha já saia de fábrica pronta para competição. Sem cadarço, velcro nem elástico, a Full Grip é única em todo o mercado mundial. O que dá o aperto necessário ao pé e à própria borracha lateral. Assim, esse é o modelo de sapatilha mais indicado para quem tem pés estreitos. As duas sapatilhas podem ser encontradas em todo o país, nos cerca de 250 revendedores Snake. O preço sugerido para cada par é de cerca de R$ 160,00. Informações sobre os produtos na Snake: (41) 346-5556.

Página 18 - Fator2


A Polêmica das Recentes Conquistas no Babilônia As Novas Vias

Não é de hoje que os escaladores cariocas discutem a conquista de alguma via. Basta lembrar a polêmica que houve com a conquista da Ursinho de Pelúcia, na face sul do Pão de Açúcar, em 1992. Recentemente foram abertas algumas vias no Babilônia que trouxeram a tona uma nova discussão, a densidade de vias. No editorial do número passado, publicamos uma foto que mostrava como, algumas dessas novas vias, passavam muito próximas de vias já antigas e clássicas. Um dos conquistadores nos escreveu, sua carta segue abaixo. A Carta

Cíntia é uma pena que você e alguns outros escaladores do Rio não tenham tempo para freqüentar outra montanha que não seja o Morro da Babilônia, pois se andassem mais um pouco até a Face Oeste do Pão de Açúcar por exemplo, poderiam averiguar que neste ponto, às vezes é difícil discernir qual Via é qual (seus amigos também podem se cumprimentar). Se andar um pouco mais para direita e chegar no Lagartão, vai notar que existe uma enorme miscelânea de Vias e não somente pode-se apertar a mão de outro escalador em uma Via adjacente, como - se ele for do sexo oposto - poderá até, lhe dar um beijo na boca. Se resolver esticar mais as pernas e chegar a Petrópolis, vai notar, que no Morro da Formiga, as Vias Pássaros Esperneantes e Bulldog Nervoso são próximas o suficiente para se apertar às mãos ou para fazer uma luta de dedos. O mesmo acontece em diversas Vias da Pedra Comprida (mais conhecido como Ser ). Indo mais longe, até Três Picos se estiver na 13ª parada da Arco da Velha, tome cuidado, a menos de dois metros acima fica a 14ª parada da Décadence Avec Élégance, se houver algum escalador nela pode-se amarrar a sapatilha dele (caso ela esteja desamarrada). Se resolver escalar o Capacete vai notar que diversas Vias se cruzam e em certos pontos passam bem perto, ideal para escaladores que gostam de manter a boa vizinhança e cordialidade na parede. Obviamente você nunca deve ter ouvido falar em Serra do Cipó ou Lapinha (neste caso não ficaria preocupada com a proximidade das Vias), pois se conhecesse estes locais não perderia tempo para escrever as estultices que colocou em seu editorial e nem colocaria aquela foto tão ridícula nele. Fora isto tudo gostaria de saber o que há de interessante no fato das Vias não se cruzarem, como está escrito em seu editorial: o interessante é em que ambos os casos as Vias não se cruzam em nenhuma enfiada , Vias se cruzarem é critério para abertura de Via?

Você ainda pergunta o que este tipo de Via vem a acrescentar ao nosso esporte, Acho que esta Via vem a acrescentar ao nosso esporte o seguinte: 1. ao aumentar a quantidade de Vias no local e a sua diversificação ajuda a elevar o nível dos nossos escaladores. 2. o estilo da Via é um pouco diferente do padrão das outras Vias do local (já se aventurou a guiála?), o que vem a diversificá-lo mais. Se uma parede oferece a possibilidade de abertura de novas Vias, por que não fazê-lo? Quanto a sua pergunta se no Rio não existem outras montanhas para abertura de novas Vias - claro que existem e o Babilônia é um deles. Não é lá que foi conquistada recentemente a Via Só de Sacanagem? Com certeza devemos refletir sobre a necessidade ou não da proximidade das Vias, é óbvio que existe um limite, mas qual? Será que um escalador que fique no meio de duas Via não podendo alcançar os grampos de ambas seria suficiente? Mas até isso é relativo pois vai depender da envergadura do escalador. Em Guaratiba, também, se tropeça nas Vias e não sei se o fato de serem móveis justificam sua proximidade, já que a proximidade parece ser o problema. Além disso devemos nos preocupar não é com a quantidade de Vias no local e sim com a quantidade de escaladores que o freqüentam. Você deve saber tão bem quanto eu que nos finais de semana esse número chega às centenas no Babilônia. Particularmente achei o Editorial muito de mau gosto, um tanto quanto infeliz, pois com ou sem a minha Via ninguém precisa se preocupar em ficar só no Babilônia, dado o número de freqüentadores que este local já apresentava muito antes dela ser conquistada. No mais não vou para montanha para ficar cumprimentando os outros, vou para escalar, acho que falo por muitos escaladores. O problema é que alguns escaladores do Rio (isso não acontece só no Rio) são tomados por um sentimento de bairrismo, ou seja acham que são donos da pedra, posso parecer leviano, mas outras Vias têm sido conquistadas na Urca (neste mesmo número do Fator 2, existe matéria de uma conquista no Babilônia Só de Sacanagem Não é muito sugestivo, não?). O estranho é que venho sofrendo, (o Tonico também), pressão da Femerj para que os grampos da minha Via sejam retirados - um membro que representa esta instituição teve até a cara de pau de me telefonar para pedir se podia retirar os grampos da Via Morte da Cachorra Louca, (ligou para o Tonico também, para pedir se poderia retirar os grampos da Arca de Noé).


Segundo este representante da entidade o problema não eram os grampos mas sim o impacto que uma Via nova poderia ter sobre a parede, já tão saturada de Vias, mas parece saturada apenas para os escaladores de fora e não para alguns locais , pois pelo visto estes podem conquistar sem que nenhum alarde seja feito, mas quando alguma coisa é feita por alguém de fora estes se sentem afetados, pois seus domínios estão sendo violados. Eu sou de Petrópolis e o Rafael do Paraná, será coincidência que só nós dois tenhamos sido mencionados no editorial? Editorial um tanto ambíguo sustentado por uma falsa ética já que ao mesmo tempo que nos critica, tem em suas páginas matéria sobre uma Via conquistada neste mesmo local por um escalador local. Alex Sandro Ribeiro Che . Comentários

Com relação a sua carta, cabe tecer alguns comentários. Primeiro, não se pode misturar no mesmo saco áreas tão diversas como Babilônia, Serra do Cipó, Salinas e Guaratiba. São locais completamente diferentes, cada um com seu estilo e ética. Há locais no mundo em que não se pode conquistar com furadeiras, em outros não se pode usar peças móveis metálicas, em outros o magnésio não é permitido e assim vai. Cada região com sua ética, buscando minimizar o impacto do escalador nas montanhas e preservando a história local. O Pico Maior de Friburgo, por exemplo, é quatro vezes maior que o Babilônia e possui 19 vias, o Babilônia tem 38. Esta é uma importante diferença, o Babilônia que não é uma área de escalada esportiva está, em sua maior parte, já saturado. Existem problemas parecidos, apesar de não tão gritantes, em outras paredes também, mas um erro não justifica o outro. No caso do Babilônia, ainda há um detalhe a mais: desde a época da Interclubes, ou seja, antes da fundação da FEMERJ em 2000, as entidades presentes, entre elas os clubes de montanhismo da cidade e diversas escolas de escalada, haviam

acordado que não se abrissem mais vias no Babilônia. Depois foi feito um levantamento mais detalhado e com ele um novo pedido de não se conquistar entre o Entropia e o Diedro Phoenix, sendo este consolidado no Seminário de Mínimo Impacto em fevereiro deste ano. Quando eu e o Delson abrimos a via Só de Sacanagem em 2001 nós não desrespeitamos a ética, já que nossa via, ao contrário das vias do Alex e da via do Rafael, está muito depois do Diedro Phoenix; num local onde não existe um grampo num raio de dezenas de metros. Conquistas não estão proibidas, basta respeitar a ética local. Esta é a idéia mais divulgada dentro de nosso esporte, inclusive podemos encontrá-la na página 28 do livro escrito pelo próprio Che: Existem muitas paredes virgens a serem conquistadas, evite sempre que possível conquistar em lugares em que as paredes já estejam salpicadas de vias, a ética local é o que normalmente dita quando já está na hora de parar (...) . Desta forma, não se deve reduzir o problema a uma questão de perseguição ou bairrismo, pois estaríamos nos desviando demais da questão de fundo. Este problema não é novo já em 1996, membros do Centro Excursionista Carioca grampearam a aresta colada na chaminé do Secundo. Porém muitos acharam que ela desfigurava a clássica Secundo, inclusive o próprio Carioca. O clube então, em consenso com os grampeadores decidiu retirá-la. De maneira semelhante, os conquistadores da via Garotos Podres, sensíveis aos problemas da face sul do Pão de Açúcar, concordam com a sua remoção. Registra-se também, que a Cintia que escreveu o editorial anterior é do Paraná. O que talvez ocorra é que os escaladores que são de fora da cidade não conhecem os problemas locais. E alguns quando vão abrir uma via não procuram se informar sobre a ética ou não se interessam por ela. Fica aqui a dica para qualquer um que pense um dia em abrir uma via, qualquer que seja o lugar, buscar o máximo de informações possíveis antes. Assim todos saem ganhando.


C r o q u i s 1 A Fator 2, a partir desta edição publicará sempre uma seção de croquis. Alguns croquis já foram impressos anteriormente e estão sendo repetidos para quem quiser montar um arquivo de croquis.

Jorge de Castro Localiza-se na Agulhinha da Gávea, dentro do Parque Nacional da Floresta da Tijuca (RJ). A melhor maneira de chegar até lá é ir de carro pela Estrada das Canoas, que liga São Conrado ao Alto da Boa Vista, até a guarita que dá acesso a estrada do vôo livre. Deixar o carro neste ponto e seguir caminhado pela Estrada das Canoas no sentido São Conrado. Logo, no lado direito, você chegará a uma cerca bem próxima a parede de pedra. A trilha começa margeando a cerca e depois sobe por uns 20 minutos até a base da Jorge de Castro. A descida é feita por caminhada. Esta via foi conquistada em 1950 por Afonso e Luiz Florentino, Carlos de Souza e Francisco Franco.

Jorge de Castro.

Sagitário e Só de Sacanagem São as duas últimas vias do Babilônia, já bem próximo a torre do Rio Sul. As duas são inteiramente protegidas em móvel. A Sagitário tem uma parada em platô e a Só de Sacanagem uma parada móvel. Leve 1 jogo de stoppers, friends pequenos e médios (opcional para o Sagitário) e micro-friends para a Só de Sacanagem. A descida se faz desescalando um fácil costão. A Sagitário é II E1, tem 30 metros e foi conquistada por Marco Vidom e Juratan Câmara. A Só de Sacanagem é IIIsup E3/E4, tem 60 metros e foi conquistada por Flavio Daflon e Delson Queiroz.

Só de Sacanagem

Sagitário

Jorge de Castro

2º III

II

IIIsup


C r o q u i s Nitroglicerina,

3º IV

Enseada

do Bananal

Bananal No desenho acima estão algumas das falésias do Bananal em Itacoatiara (RJ). Para chegar lá, basta seguir a rua da praia de Itacoatiara em direção a Pedra do Tucum, dobrar obrigatoriamente a esquerda e pegar uma trilha bem marcada e subindo que começa ao lado de um grande muro. Seguir pela trilha até o colo e ao invés de dobrar a direita em direção ao Tucum, descer para o outro lado. Descendo bastante você vai chegar nas vias nº 8 e 9. Para chegar nas vias de 1 à 7 é preciso desescalar por entre os blocos. 1. Banana Split, (projeto) 2. Mr. Magoo, IXb 3. Bromibondo e Rasura, Vsup 4. Troll Pai Troll Filho, VI sup 5. Mulheres Exóticas, VIIc E6/E7 6. Kriptonite, VIIIb E6/E7 7. Elfos, VIIIb E6 8. Bananada, IV E2 9. Arestix, VIsup E5 10. Ideia Fix, VII 11. Piratas, VI E5/E6 12. Barco Pornô, VIsup E5 13. Buraco Negro, VIIb E6 e Ogro, (projeto) 14. A Isca, VIIc E6

Troll Pai Troll filho (VIsup), Bananal - Itacoatiara.

Nitroglicerina Localiza-se nas aderências Novo Mundo (face SE do Morro Dona Marta), em Laranjeiras (RJ). O acesso é seguindo a Rua Novo Mundo até ver as aderências à esquerda, então descer e entrar à direita na Rua Esperidião Rosa, depois subir a Rua Couto Fernandes, parando ao lado do Hangar e seguir até o final da rua para pegar a trilha à direita (não subir a escada). Tem 200 metros de extensão, está graduada em 3º IV e a proteção móvel sugerida é: 1 jogo de stoppers, hexentrics do 1 ao 3 e um friend de 5 a 5,5 cm aberto. Ela foi conquistada por Miguel Monteza Rego e Guilherme D. Fonseca.





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