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Assinatura & cartas Flavio Daflon e Cintia Adriane Rua Valparaíso, 81 / 401 - Tijuca Rio de Janeiro, RJ. Cep 20261.130 Tel.: (21) 2567-7105 E-mail: fator2@guiadaurca.com www.guiadaurca.com/fator2
Fator2-Fator de Queda Fator 2 é um fator de queda extremo, na qual todos os componentes de uma escalada são submetidos a grande impacto. Este fator é calculado pela altura da queda, dividido pela distância de corda entre os escaladores.
Atenção Escalada é um esporte onde há risco de você se acidentar gravemente ou até mesmo morrer. Esta publicação não é um substituto para um Instrutor ou Guia de escalada em rocha. Caso você não conheça ou possua dúvidas em relação às técnicas de segurança para a prática do esporte, procure um instrutor ou guia especializado para lhe ensinar. Acidentes sérios e até fatais podem ocorrer, como resultado de uma má compreensão dos artigos aqui publicados ou da superestimação dos seus próprios limites. Capa: Daniel Hans Coçada , na via do Alemão (Xa), Pedra do Urubu. Foto: André Neves. Fator 2 - número 19 - 2002
N o M u n d o Quebrando Mitos Josune Bereziartu, escaladora espanhola, tornou-se a primeira mulher a encadenar um 9a francês, o que equivale a um XIc brasileiro. Banho de Sangue , conquistada por Fred Nicole, um dos papas da escalada de dificuldade, foi a via elegida. Esta via tem um estilo bastante diferenciado daquelas que estão em moda hoje em dia. Ela é vertical, ao contrário da maioria que possui negativos acentuados, com continuidade e boas agarras. Josune treinou duro durante os últimos anos, dedicando-se a escalada em 100%, com objetivo de melhorar em tudo: força,
Vias de Peso Fabiano Moraes e Thiago Antonelli, escaladores cariocas mostraram que a escalada esportiva tradicional não é um bicho de sete cabeças. Eles repetiram as vias, guiando claro, Chega Mais (VIsup E5/E6) e Satisfação (VIsup E5/E6), ambas na Falésia São Sebastião, mostrando que este estilo de escalada pode se desenvolver muito ainda no Brasil. Já do sul, tivemos a visita de uma
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explosão, resistência, continuidade. Para chegar ao 9a francês, Josune já havia encadenado três outras vias de 8c+ (XIb), sendo a única mulher no mundo a fazer tantas vias deste grau. Na Banho de Sangue ela fez cerca de 20 tentativas divididas em duas temporadas. Assim conquistou o que muitos achavam impossível até pouco tempo. Banho de Sangue foi a segunda proposta de 9a, depois de Action Direct, conquistada por Wolfgang Gullich na Alemanha. Fonte: www.desnivel.com
das melhores escaladoras esportiva do Brasil, Gisely Ferraz, de Curitiba (PR). Em visita ao Rio, ela guiou em companhia do Álvaro Loureiro, as vias Limiar das Lacas (VIIIa), As Lacas Também Amam (VIIc) e A Revolta dos Gravatás (VIIc), no Totem do Pão de Açúcar, encadenando à vista As Lacas Também Amam. Ainda com o Álvaro, Gisely guiou a Cavalo Louco (5º VI) e num
N o outro dia revezou a guiada do Lagartão (6º VIIa A1/VIIc) numa cordada de três em que estava também o Rafael Tupã , de Brasília. Nem Gisely, nem Fabiano pararam por aí. Ambos guiaram a esportiva tradicional Pelas Barbas de Netuno, que graduaram em VIsup E4/E5.
M u n d o
Via Crux André Neves, escalador e fotógrafo por paixão, resolveu dar uma colher de chá pra quem está praticando a escalada esportiva. Ele criou um site, Via Crux, que é um pequeno guia de escalada esportiva no Rio de Janeiro. Isso significa: dicas, points, notícias, fotos e informações sobre a escalada de dificuldade tanto em boulder, como em falésia ou até mesmo em algumas paredes. Qualquer um que curta escalar irá gostar das fotos. O endereço é: www.tecnohall.com.br/~viacrux , não deixe de dar um pulinho lá.
Perigo no Costão Um alerta para quem costuma fazer o Costão do Pão de Açucar, principalmente com grupos. Dois geólogos escaladores, Antônio Carlos Magalhães e Antônio Paulo, constataram que o grande bloco do trepa-pedra, logo acima e a esquerda do primeiro grampo ameaça desabar. Calcula-se que o peso estaria em torno de 3 toneladas. A FEMERJ já está tomando providências para tentar resolver o problema, mas todos devem tomar o máximo de cuidado e de preferência evitar a subida, até que tudo esteja resolvido, para não correrem riscos.
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N o
Nono grau feminino A escalada feminina no Brasil tem dado seus passos tímidos, mas decididos. No dia 17 de novembro a carioca Raquel Guilhon encadenou guiando a via Ban-Ban (IXa), no Campo Escola 2000, na Floresta da Tijuca. Esse nono grau é bastante forte e já derrubou muitos escaladores com seus lances explosivos tipo de boulder. A única escaladora que já havia feito
M u n d o
essa via antes é a Mônica Pranzl, que dispensa comentários. Raquel, com 19 anos e aproximadamente 3 de escalada, começa a se destacar em vias esportivas como uma das melhores escaladoras deste estilo. Este foi o primeiro red point dela nesta graduação. Se a escalada feminina continuar evoluindo assim, os marmanjos que se cuidem.
Macumba
Fonte e fotos: André Neves www.tecnohall.com.br/~viacrux
Ralf Côrtes no Macumba (IXc/Xa). Foto: Delson de Queiroz.
Ralf Côrtes é o terceiro escalador a fazer o boulder Macumba, considerado um dos mais difícieis do Brasil. Anteriormente, ele havia sido repetido pelo Helmut e pelo Nando, de Petrópolis, escaladores de muita força e grande envergadura, o que ajuda nos lances. Inicialmente o grau proposto para este boulder de dez movimentos, foi de IXb. Mas conforme ele ia sendo tentado ou repetido percebeu-se que IXb era pouco, assim sua cotação passou a IXc/Xa. A opinião do Ralf é que seja IXc no mínimo.
Errata da nº 18
O Macumba se localiza na Urca, seguindo a trilha que sai depois dos 850 metros da Pista Claudio Coutinho à esquerda. Pode ser localizado também pelo desenho da páginas 171 e 174 do Guia de Escaladas da Urca.
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Na matéria sobre o Salomith, no lugar de Tadeuz e Sionira Hollup, leia-se Tadeusz e Cionyra Hollup, e o CEC não é Centro e sim Clube Excursionista Carioca. Na seção de croquis um dos conquistadores da via Paixão de Cris foi nomeado como Marcos Antônio, leiase Marco Antonio Vidon Donato.
INFOFEMERJ Número 7
FEMERJ é a mais nova federação a compor a UIAA Após aprovação unânime das federações nacionais de montanhismo na assembléia geral da UIAA, ocorrida no dia 5 de outubro em Flagstaff (EUA), a FEMERJ passou a ser mais um dos membros daquela entidade. A UIAA é o órgão máximo do montanhismo mundial e, agora, o Brasil está representado pela FEMERJ. Agradecemos a todos os montanhistas que participaram das campanhas de arrecadação de fundos para a filiação. A FEMERJ e o PNSO: A Femerj irá desenvolver um Plano de Manejo de Montanhismo para o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, com o objetivo de definir uma carga máxima de freqüência nas trilhas, melhor fiscalização e preservação do parque. Inicialmente, será trabalhado na área mais crítica do parque – toda a extensão da travessia Petrópolis-Teresópolis, com especial atenção para as trilhas do Sino e do Açu. O documento será entregue em janeiro e a FEMERJ vai realizar plantões no parque para a implantação do plano junto com os funcionários do PNSO, quando se iniciar a alta temporada. O GT PNSO foi reativado para realizar este trabalho. Federações se reúnem pela primeira vez Pela primeira vez as cinco Federações de Montanhismo do Brasil (RJ, SP, PR, RS e MG) se reuniram para trocar idéias sobre o futuro do montanhismo organizado no país. O encontro aconteceu durante uma feira de esportes de aventura em SP e foi no formato de mesa redonda, com a participação da platéia. Nesta ocasião, foi dado o passo inicial para a Confederação Brasileira de Montanhismo. GT SOS Urca Em meados de novembro aconteceu a retirada do capim colonião na base da parede dos Ácidos, no Babilônia, organizada pelo Flávio Doce. Mais um mutirão aconteceu em 30 de novembro em vários locais da Urca. Quem quiser participar dos mutirões será muito bem-vindo, devendo entrar em contato com a Rosane Camargo (rosaneac2@yahoo.com.br), pois muito trabalho ainda existe pela frente, já que o Pão de Açúcar e seu entorno andam extremamente maltratados. O trabalho do SOS Urca envolve não apenas o replantio mas também a recuperação das erodidas trilhas do Costão e do Morro da Urca, segundo os projetos da Rosane e do Delson Queiroz. Os dois estão à frente do planejamento, mostrando que o GT SOS Urca e o GT Mínimo Impacto estão trabalhando de forma integrada. Pelo uso auto-sustentado do Costão A FEMERJ vem lutando na tentativa de reduzir a freqüência no Costão do Pão-de-Açúcar. Uma das ações foi uma reunião com clubes, agências de ecoturismo e IEF, para definir limites na quantidade de excursões e participantes. Outra foi uma atuação junto à mídia, enviando uma carta ao JB e a entrevista do Bernardo Collares à TV Bandeirantes, onde ele falou sobre os problemas da alta freqüência para o meio-ambiente e para
a segurança das pessoas. Enquanto o projeto do Parque do Pão de Açúcar ainda estiver em trâmite na Prefeitura do Rio, a conscientização e a auto-regulamentação são as ferramentas mais importantes que teremos. Dedo de Deus 90 anos Depois dos adiamentos por problemas logísticos, finalmente foi comemorado o aniversário da conquista do Dedo, que este ano completou 90 anos, com um ciclo de palestras na sede do CEB e a exibição de um filme com uma escalada do Dedo na década de 40. O evento contou com a presença da primeira mulher a atingir o cume da montanha. Daniel Guimarães mostrou várias big wall no PNSO; Tadeusz Hollup fez uma palestra contando seus feitos e mostrando as técnicas e histórias do montanhismo brasileiro nas décadas passadas; e Alexandre Portela mostrou, entre outras coisas, sua nova big wall conquistada no Dedo de Deus. Agradecemos a todos que participaram deste belo evento. Criação do GT Serra da Tiririca Foi criado o GT Serra da Tiririca, que terá como objetivo atuar com propostas e atividades que colaborem com o IEF no controle e recuperação das áreas mais afetadas pelo uso intensivo do parque de mesmo nome. O coordenador é o Andrei Hellayel, que será o homem de ligação entre a FEMERJ e o IEF. Calendário de 2003: Como é já tradicional, não teremos reunião no mês de dezembro, recomeçando em janeiro de 2003. As reuniões acontecem na última terça-feira do mês, às 19 hs, e está aberta a todos. Sua presença é muito importante para o desenvolvimento do nosso esporte! As datas e locais das reuniões estão no site da FEMERJ. Melhoras no site da FEMERJ O site da FEMERJ ganhou dois novos itens: uma página de orientação às pessoas que querem ser voluntárias e outra dedicada às montanhas do nosso estado, que será aos poucos enriquecida com mais material gráfico. Alguns sites de GTs como o SOS Urca e o GT Mínimo Impacto ganharam novos conteúdos também. Navegue e confira! Como se federar? Toda e qualquer informação pode ser obtida através do site www.femerj.org ou do email infofemerj@ig.com.br Participe você também! · Os interessados em fazer parte da lista da FEMERJ deverão mandar um email sem título para o seguinte endereço: FEMERJ-subscribe@egroups.com · Pedimos a participação e colaboração dos montanhistas para que enviem informações, para o email da FEMERJ, do estado das trilhas e vias que existem no nosso estado. · Continue contribuindo com a Croquiteca, enviando os croquis para o email gsaliba@zipmail.com.br Notícias, sugestões e qualquer tipo de contato e informação deverá ser enviada para o endereço: infofemerj@ig.com.br
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Por Marcio Carrilho.
Serra Caiada é uma pequena cidade com menos de do Brasil, com 3,45 bilhões de anos. Para se ter uma 10 mil habitantes, localizada no semi-árido nordestino, a idéia, a Terra se formou há cerca de 4,5 bilhões de apenas 80 km de Natal, capital do Rio Grande do anos. Norte. Graças à sua proximidade e relevo, ela viu nascer O sertão daquela região também é habitado há a escalada no Estado, com a abertura da primeira via, a muito tempo, com presença de pinturas rupestres e Gênesis, em dezembro de 1996, pelos escaladores Alex fósseis humanos que datam de até 10 mil anos atrás. Guardiola, Delmiro Alves dos Santos, Édervan Menger No extremo dos Santos e oeste do Rio Marco Aurélio Grande do da Silva. De Norte, o facílimo Lajedo da acesso por Soledade, em estrada Apodi (RN), asfaltada (a possui um rico partir de sítio Natal, BR 304 arqueológico e e depois BR paleontológico, 226) até a além de cidade, impressionantes seguido por formações um curto rochosas trecho em calcárias terra batida, (cânions, Serra Caiada fendas e é dividida em cavernas) com quatro 90 milhões de setores, todos Visão Geral da face sul da Serra Caiada. As vias se concentram na metade direita da parede. anos, sendo bem próximos uma ótima uns dos outros: Face Sul, Falésias, Pedra da Formiga e opção de visita para os escaladores. O homem das Boulder Principal, num total de 36 vias, mas com muito cavernas potiguar conviveu naquela área com animais já potencial para novas conquistas. extintos, como tatus e preguiças gigantes e tigres denteA pedra principal, que é a Serra Caiada propriamente dita, é um enorme monolito de gnaisse de 260 metros de largura por 90 de altura máxima. Além das interessantes faixas brancas e alaranjadas e dos muitos buracos, alguns ocupados por grandes colméias de abelhas, ela possui outra curiosidade: a idade. Serra Caiada é considerada uma das formações rochosas mais antigas do planeta e possivelmente a mais antiga
de-sabre.
Pré-história à parte, em Serra Caiada o escalador encontra diversas opções de graduação e estilos. As vias negativas do Boulder Principal são para aqueles que estão em dia com a forma, podendo-se começar encarando a Invasão de Privacidade (VIIc). Um pouco mais à frente, seguindo-se pela trilha que leva à Serra Caiada, fica a Pedra da Formiga, que possui vias
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variadas e curtas, que vão de III a VIIa, utilizada como campo escola pela facilidade em se montar topropes. Mais alguns metros e já se chega à face sul da pedra principal, com as vias se localizando à direita. São todas curtas, com no máximo 70 metros e duas enfiadas, sempre dando acesso ao cume, que é um enorme platô com vegetação típica do semi-árido e um belíssimo visual da região. O rapel não é necessário para se retornar à base, pois existe uma rápida trilha pelo lado norte, com exceção da via Os Pioneiros, que não chega ao cume.
projetos de via em andamento, como a Impermeável, localizada à esquerda da Alcatraz, iniciada em 1997 por Édervan Menger dos Santos e Delmiro Alves dos Santos, possivelmente um IX grau, já equipada com quatro grampos ao longo dos 15 metros iniciais.
Quem for escalar em Serra Caiada, e tiver com mais tempo e disposição, pode experimentar ainda as vias da Pedra de São Pedro - rocha de 300 metros de altura, que pode ser avistada do cume da Serra Caiada - e Pedra Além da Gênesis, as principais da Macambira, próximo à divisa vias da face sul são, da esquerda com a Paraíba. Nesta, a opção é para a direita, Alcatraz (VIIa E2 a Salsa e Merengue (5o VIsup E2 50m), Anaconda (VIIb E2 46m), 90m), enquanto que na Pedra de Diamante de Mendigo (V E2 50m), São Pedro localiza-se a maior via Los Hermanos (4o V E1 70m), Os do Rio Grande do Norte, a Filipe Carrilho guiando a Malu de Andrade.(IVsup). Cavalo de Tróia (4o V A0/VIsup Pioneiros (Vsup E2 60m), Gênesis (IV E2 45m), Malu de Andrade E4 285m), conquistada em estilo (IVsup E2 45m) - conquistada em solitário por João José big wall ao longo de três dias. Mais fotos, croquis e de Andrade - e Adiós Amigos (grau sugerido VIIc/VIIIa informações sobre escaladas no Rio Grande do Norte E1 20m) - ainda sem repetição, esta última localiza-se podem ser obtidos nos sites: na falésia depois da Malu de Andrade, seguindo-se à www.escaladanordeste.hpg.com.br e direita, após um perigoso trecho da trilha, que é www.desafiovertical.com.br. protegido por um cabo de aço. Existem ainda alguns
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T é c n i c a Água, fonte de vida... O Verão se aproxima e principalmente em cidades tropicais como o Rio de Janeiro, o calor pode tornar-se insuportável! No entanto, não é porque vem chegando esta estação, que os escaladores brasileiros vão deixar de ir a montanha. Para os mais afortunados, nada melhor que fugir do sol causticante e seguir para as belíssimas montanhas dos Andes... Os que não tem tempo, nem dinheiro, podem mesmo assim desfrutar das trilhas e paredes brasileiras, atentando apenas para algo extremamente essencial: a água. Nosso corpo possui em média 70% de água e a usa para quase tudo. É essencial estarmos sempre hidratados em qualquer época do ano, ainda mais em dias muitos quentes, quando a perda é maior.
de carbono e ácido lático do sangue, além de menor circulação do mesmo pelas extremidades. Porém de nada adianta beber litros de água, apenas antes do exercício, pois o excesso não usado no momento é rapidamente eliminado. O ideal é ingerir água ou líquidos antes, durante e depois de qualquer exercício, seja caminhada ou escalada e de preferência misturada com bebidas energéticas a base de maltodextrina. Outra opção poderia ser as bebidas tipo Gatorade. Ou ainda pode-se acrescentar entre 1,25 e 1,75 miligramas de sal na água para favorecer a retenção de líquidos.
Uma pessoa que desidrate o organismo em 5%, perde 30% de seu rendimento em uma escalada ou caminhada.
A falta de água no organismo causa: diminuição da resistência; sobrecarga do sistema cardio-vascular; aumento de toxinas; diminui a concentração; provoca cãibras, entre outros males. Se um músculo se desidrata uns 3%, sofrerá uma perda de 10% da capacidade de contração e de 8% em sua velocidade. Uma pessoa que desidrate o organismo em 5%, perde 30% de seu rendimento em uma escalada ou caminhada. Fazer exercícios durante 3 a 5 horas sem beber água aumentará o ritmo cardíaco em 30 pulsações por minuto. A desidratação reduz o volume do sangue e aumenta sua viscosidade, acarretando entre outros problemas, um menor transporte de oxigênio e nutrientes aos músculos, menor eliminação de dióxido
Segundo um documento de 1996 do American College of Sports Medicine, um esportista rende o máximo quando repõem os fluidos ao mesmo ritmo que os perde, ou seja, entre 600 e 1200 mililitros por hora, dependendo da intensidade do exercício e das condições ao redor.
Alto Estilo
Qualquer atividade, ainda mais quando exige concentração, nos faz esquecer a sede. Por isso é importante obrigar-se a beber água a todo instante, pois a sensação de sede já é um sintoma de desidratação e não um indicador de possível necessidade de água. Durante a escalada ou caminhada não esqueça de ingerir a quantidade necessária de água, além de consumir alimentos leves e nutritivos. Tenha certeza que deste modo você renderá e aproveitará muito melhor sua aventura.
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Fissura (I) bom treino para móveis. Setor mar, entre os 800 e 850m. da Pista, nº 27 no Guia da Urca.
Chaminé (II) em top rope. Setor mar, entre os 700 e 750m. da Pista, nº 9 no Guia.
Dentução (II). Setor mar, entre os 800 e 850m. da Pista, nº 28 no Guia.
A Torre (III e IV). Setor mar, entre os 1150 e 1200m. da Pista, nº 78 no Guia.
Cristal (III). Highball ou toprope. Setor floresta, próximo aos 800m. da Pista, nº 19 no Guia.
Boulders do primeiro ao nono grau para mostrar a beleza dos blocos da Urca.
O boulder é a modalidade de escalada que mais cresceu no mundo nos últimos anos. No Brasil ainda há muito para crescer. Só na Urca são mais de 150 lances, basta procurar nos arredores da Pista Claúdio Coutinho. Procurando podese encontrar boulders do primeiros ao nono grau. Nestas páginas damos uma noção da variedade e beleza dos lances da Urca.
Preguiça (a partir de V). Setor mar, entre os 900 e 950m. da Pista, nº 33 no Guia.
Para fazer boulder ajuda Ter um crash pad, aquele colchão que vai nas costas como uma mochila. Com o pad pode-se tirar um pouco da irregularidade do chão e esconder algumas pedras, além de amortecer um pouco a queda.
Veio (V). Setor mar, entre os 750 e 800m. da Pista, nº 19 no Guia.
A Torre (III e IV). Setor mar, entre os 1150 e 1200m. da Pista, nº 78 no Guia.
Trav. Rio-Teresópolis (do VI ao VIIa). Setor floresta, 950m. da Pista, nº 29 no Guia.
É bom também Ter um companheiro por perto para fazer uma segurança na base e impedir que se bata com a cabeça ou as costas em alguma pedra (veja a Coluna do Ralf). Para quem está começando a fazer boulders é melhor escolher aqueles mais baixos para ir se acostumando, principalmente com as quedas. Tomar quedas pequenas pode preparar para tombos maiores, de qualquer maneira use o bom senso. Em alguns boulders há grampos para top ropes, em outros, com um pouco de imaginação, fitas grandes, pedaços de corda ou até mesmo nuts, pode-se também montar um top rope. Teto (VIIa). Setor mar, próximo aos 750m. da Pista, nº 12 no Guia.
Ouriço (vários, VIIa a VIIc). Setor mar, entre Rala-Peito (a partir do V). Setor floresta, os 1050 e 1100m. da Pista, nº 64 no Guia. próximo aos 1150m. da Pista, nº 31 no Guia.
Rala-Peito (a partir do V). Setor floresta, próximo aos 1150m. da Pista, nº 31 no Guia.
Estas fotos podem ser vistas coloridas em www.guiadaurca.com/ boulder Aresta 1 (VI). Setor mar, próximo aos 750m. da Pista, nº 15 no Guia.
Aresta (aquecimento). Setor floresta, na Pedra do Macumba (nº 34 no Guia).
Aresta de V. Highball. Setor mar, próximo aos 1150m. da Pista, nº 74 no Guia.
Ressaca (V). Setor mar, próximo aos 750m. da Pista, nº 11 no Guia.
Estas fotos foram feitas com alguns dos escaladores que mais fazem boulders no momento. Alguns abriram vários dos melhores boulders da Urca. São eles: Lupa, Daniel Coçada, Gerardo, Rodrigo, Cleantro, André Neves, Ralf, Hillo, Antônio e Bruno. As fotos são de autoria de Delson de Queiroz, Flavio Daflon e André Neves.
Canivete (do III ao VIIc). Setor mar, próximo Malaca (VIIb). Setor floresta, entre os 700 e 750m. da Pista, nº 1 no Guia. aos 950m. da Pista, nº 37 a 41no Guia.
2º Andar (a partir do V). Setor floresta, nos 950m. da Pista, nº 30 no Guia.
Língua (trav. de VIIc). Setor mar, próximo aos 1150m. da Pista, nº 75 no Guia.
Arestim (VIIIa) pode ser feito em top rope. Setor floresta, 800m. da Pista, nº 24 no Guia.
Rastacu (IXa). Setor floresta, 1150m. da Pista, nº 32 no Guia.
Equinócio (projeto VIIIc/IXa). Setor floresta, na Pedra do Macumba.
Macumba (IXc). Setor floresta, na altura dos 850m. da Pista, nº 34 no Guia.
Social no 2º Andar. Lupa, Rodrigo, Gerardo, André e Coçada.
No verão muitos escaladores estrangeiros vem escalar na cidade. Com algumas palavra básicas você pode fazer com que a escalada flua mais agradável e segura. Preparamos um pequeno dicionário com tradução para o inglês e o espanhol que talvez possa dar uma mãozinha.
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* O quanto seguro você planeja fazer essa coisa?
Agarra - hold (Inglês) - presa, toma (Espanhol). Nó - knot - nudo. Nó de Oito - Figure of Eight - Nudo de Ocho. Rapelar - rappelling - rapelear. Dar segurança - belay, to - asegurar. Parada - belay station - reunión. Quem dá segurança - belayer - asegurador. Pedra! - Rock! - Piedra! Mosquetão - karabiner - mosquetón Mosquetão de rosca - locking biner mosquetón de seguro. Grampo - bolt - spit. Capacete - helmet - casco. Magnésio - chalk - magnesio. Cadeirinha (baudrier) - harness - arnés. Participante - second - segundo. Escalar de segundo - following - escalar de segundo. Chaminé - chimney - chimenea. Escalar - climbing, to - escalar. Fenda - crack - fisura. Diedro - dihedral - diedro. Cair - fall, to - caer, volar. Fator de queda - fall factor - fator de caída. Oposição - layback - dülfer. Guia - leader - primero. Via - route - ruta. Cume - summit - cumbre. Croqui - topo - topo. Fita expressa - quickdraw - cinta expresa. Corda - rope - cuerda. Platô - ledge - repisa. Descer - lowering - bajar. Enfiada - pitch - largo. Guiar - lead, to - puntear. Preso! - Off belay! - Libre!/ Autoasegurado! Vem! Quando quiser! - Belay on! Sube/Vienes! Escalando! - Climbing! - Voy!
R a l f C ô r t e s C o l u n a
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T r a d i c i o n a l
H e l m u t B e c k e r C o l u n a
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Segurança em Boulders
Flash-Pump
Os boulders são pequenos blocos de rocha onde o escalador tem oportunidade de desenvolver a pura técnica de escalada livre, como força, explosão, resistência, posicionamento, etc... Assim sendo, entre os estilos existentes na escalada em geral o estilo boulder seria, aparentemente, o mais ingênuo de todos os outros, porém existem algumas regras lógicas a serem seguidas.
É comum ouvir escaladores resmungarem logo no início de uma sessão de escalada, tanto em rocha ou também em muro, sobre sentirem uma súbita sensação de tijolamento nos braços (principalmente nos antebraços). Na literatura americana se denomina flashpump, porém não há ainda evidências concretas sobre os acontecimentos fisiológicos envolvidos, mas é especulado e pode ser esboçado resumidamente da seguinte forma: ao iniciar-se uma atividade física de qualquer modalidade esportiva, devido a demanda de produção de energia, ocorre um aumento no metabolismo energético para suprir tal demanda.
a) Base do Boulder: Se for muito acidentada, seja qual for a altura do boulder (mesmo dentro da altura limite), corda de cima. b) Altura: É uma questão de bom senso. Use a lógica e pense que a força da gravidade existe e dependendo desses fatores, corda de cima. c) Diversão: Veja nas figuras como brincar em um boulder com segurança de um parceiro, mas sem corda. Obs.: Vale lembrar que quem dá a segurança não tem o objetivo de segurar o escalador, e sim evitar uma queda de mal jeito. Figura A: Reparem que o segurança mantêm os cotovelos e os joelhos em posição de amortecimento, e os polegares voltados para fora (para evitar um impacto muito forte), e a atenção toda voltada para a cintura do escalador, a fim de evitar surpresas e dar toda a segurança possível. Figura B: O que diferencia esta da figura A é a altura. A técnica é a mesma, mas a atenção é voltada para as axilas.
Figura C: Vista de frente.
Basicamente o corpo funciona através de dois tipos de metabolismos energéticos para a produção de energia, seja para o dia-a-dia, ou para qualquer atividade física: o metabolismo aeróbico (energia através de oxigênio) e o anaeróbico, por sua vez, dividido em dois tipos, o anaeróbico alático e o anaeróbico lático (sistema de ácido lático). Enfim, estão envolvidos na produção de energia, três metabolismos energéticos distintos. A relação que cada um tem com o esforço físico está na intensidade de execução e a duração do mesmo. Partindo da maior intensidade de esforço, porém inversamente proporcional a duração, a um nível de intensidade menor, assim seria a sequência de atuação de cada metabolismo: anaeróbico alático, anaeróbico lático e aeróbico. A questão é que estão todos interligados entre si, são apenas fontes diferentes de fornecimento de energia para uma mesma musculatura em ação. Mas qual é então a relação com o flash-pump no início de uma sessão de escalada ? No período de aquecimento se faz necessário atentar para a elevação do metabolismo como um todo. No entanto, se logo no início são executados esforços de alta intensidade, como boulders ou até vias difíceis, serão utilizados para o fornecimento de energia, predominantemente os metabolismos que atuam com maior intensidade, como os anaeróbicos. Assim, o metabolismo aeróbico estará em déficit não podendo atuar paralelamente num nível desejado, pois em relação aos metabolismos anaeróbicos, o aeróbico na escalada atuaria em grande parte como um metabolismo de recuperação. Sendo assim, na execução de vias intensas no início da sessão, estimularía-se a produção de ácido lático, aumentaría-se o tônus muscular (efeito de tijolamento) e gastaría-se a energia armazenada na musculatura devido a desvantagem de não estar com o metabolismo aeróbico adequadamente ativado. O efeito de tijolamento nestas condições leva mais tempo para ser eliminado. Portanto, atentar para um aquecimento progressivo é crucial para uma boa sessão de escalada. No próximo número trataremos de como cuidar melhor do aquecimento. Bons ventos a todos e boas escaladas. Aqueçam muito !!
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M a t h i a s C a m i n h a d a
Conquista d a Agulh a dos Italianos A Agulha dos Italianos, é uma montanha dentro do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, localizada no município de Magé, distrito de Santo Aleixo, e nunca havia sido subida. Este foi o último cume conquistado dentro do Parque. Realizamos 6 investidas antes da final. A primeira foi pela parte alta do parque, vindo dos Castelos do Açu, até o Quatis e de lá descendo até a Agulha. Empreitada gigantesca e por nós abandonada. As outras cinco, foram por Santo Aleixo, sempre tentando ir bem ao fundo do Vale por onde corre o Rio Magé, indo de encontro com os paredões que caem da parte alta do parque nacional. Nos dias 15,16 e 17 de novembro nós, Ricardo de Moraes, Mario Senna e eu saímos do Rio. Iniciamos a caminhada às 9 horas com mochilas cargueiras superpesadas. Chegamos ao local de bivaque exaustos. Resolvemos imediatamente iniciar nossa exploração, pois já queríamos definir o ponto certo para subir a montanha. Imaginamos uma passagem pela face sudoeste da montanha, porém teríamos que vencer um profundo vale para alcançá-la. Fomos então contornando a montanha até esse vale desaparecer. Vimos que pela face nordeste seria possível, e ainda ganharíamos o vale. Como ainda tínhamos que montar o bivaque, marcamos apenas o início da subida e retornamos. De madrugada caiu uma superchuva com muito vento e raios. Tivemos que nos espremer debaixo do tarpe. Que noite horrorosa! O sol reapareceu e nossas esperanças também! Café da manhã reforçado e, em 40 minutos já estávamos colados à parede de mato, muito em pé, de longe bem pior do que encontramos nas Duas Vertentes. Em determinado momento, demos segurança para o Ricardo e ele conseguiu passar o lance chave. Fomos ziguezagueando pela parede, sempre tentando o melhor caminho (menos inclinado). Horas se passaram. Fizemos um pacto: como não queríamos mais voltar ali, o cume tinha que ser conquistado naquele dia! Nem que tivéssemos que bivacar na montanha ou regressar de madrugada. De repente, a parede sede um pouco a sua inclinação. Conseguimos ver o possível cume lá longe. Será que estarei perto assim? Uma escalada em mato e rocha. Pedimos corda. Estamos pertos. Como a vegetação está muito fechada e todos estamos muito cansados, vamos nos revezando na frente. Após alguns lances de pedra cheguei no lance final, a tal verruga que teríamos que escalar. Mais do que rapidamente Ricardo e eu começamos a nos equipar. Ricardo resolve subir pela lateral da verruga, numa fenda bem maluca. Faz o lance. Está num platô a dois metros do cume. Lá vou eu. Quando chego, Ricardo me diz: Aí Wal, a honra do cume é toda sua . Respondo que o cume é de nós três. O cume é uma pequena aresta, como uma faca onde mal cabem duas pessoas. Resolvemos bater um grampo para, em primeiro lugar, marcar a nossa chegada e, em segundo, facilitar a descida até a base da verruga. Como estávamos muito cansados, nos revezamos nas batidas. Depositei debaixo desse lance um pequeno tapperware com um livro de cume. Do cume, consegui visualizar todos os sacrifícios para se chegar a esta montanha, erros e acertos. O Morro dos Quatis e os Picos Eco, Solidão e Agulha Duas Vertentes faziam um enorme anfiteatro onde estava inserido o Vale dos Italianos com a Agulha de mesmo nome. Visual este indescritível. Rapelamos a verruga para nos desequipar em sua base, lanchar e começar a baixar, pois uma enorme chuva estava para se armar. Ainda fizemos mais três rapéis em árvores. Em caso de qualquer vacilo havia abismos dos dois lados e nada te segurando. As mochilas pesavam, pois havia nelas todo o material de conquista mais o material pessoal para o possível bivaque. Quando terminamos de descer a parede de mato, aí sim, aliviados, veio os comprimentos e abraços. Voltamos ao bivaque. Dormi um pouco melhor. No dia seguinte, café da manhã reforçado e desmonte do bivaque. Muito sol. Quatro horas e meia de caminhada irritante! Trilha fechada, cansados, mochila pesada, mosquitos e muito calor e umidade. Mário me disse no cume que o livro de cume tinha muitas páginas, mas que ninguém jamais iria lá. Fomos os Conquistadores do Inútil. Mas penso que não. Fizemos isso tudo por nós mesmos e por ter, a cada semana, o companheirismo dos verdadeiros amigos, fazendo o que mais gostamos.....subir montanhas!!
E q u i p o Banquinho Acampamento em Alto Estilo! Este banquinho é ideal para levar no acampamento ou para dar segurança confortavelmente nas falésias. Isola do frio e umidade do chão e provê um encosto relaxante para as costas. É super compacto quando dobrado. Maiores informações você obtém no site www.altoestilo.hpg.com.br ou pelo tel.: (41) 3029-1149.
Mochila Frontier 45l Modelo técnico de estilo clássico, indicado para excursionismo em geral. Possui costas com enchimento em espuma de alta densidade; barrigueira acolchoada removível; bolso frontal; abertura inferior com zíper e divisão interna; fitas de compressão lateral; porta cantil lateral; fitas reguláveis porta isolante na parte inferior. Para adequar esta mochila a anatomia feminina, deve-se remover a barrigueira e inverter seu posicionamento, colocando as extremidades viradas para baixo. Pode ser encontrada nas cores preto e vermelho / preto. Maiores informações na: AS Diver s Adventure, www.asdivers.com.br ou pelo tel.: (21) 2221-4074.
Anorak Ar Livre Trata-se de um equipamento de proteção individual com corte exclusivo, costuras dubladas e pespontadas para maior durabilidade e resistência, a opção ideal para protegê-lo do vento, chuva e neve. Possui abertura na axila com zíper e tem capuz escamoteável na gola com regulagem. Maiores informações: Ar Livre Vertex Outsider, www.vertexoutsider.com.br ou pelo tel.: (51) 3343-3163.
C r o q u i s 4 Pedra da Lei Para se chegar nesta falésia basta caminhar para o lado direito da Praia Vermelha, entrar no costão de pedra e seguir paralelo ao mar em direção aos grandes blocos que ficam numa pequena enseada, onde está o bloco da Pedra da Lei. Passe pelos blocos e continue no próximo costão por mais uns 30 metros e a partir daí suba até um grande platô de mato. Neste ponto a parede fica mais vertical, é aí que estão as vias, quase todas com 15 metros. Para a conquista destas vias participaram, Antônio Carlos Magalhães, Anthony Adler, Juliano Magalhães e Fábio Araújo. Este e outros croquis podem ser vistos no site www.guiadaurca.com. Veja abaixo o croqui das vias:
A foto acima é do bloco da Pedra da Lei propriamente dita. Nele estão um boulder Highball (Última Fronteira, IV) em diagonal para a esquerda que também pode ser guiado em móvel e a e s p o r t i v a tradicional Live Rust 79 (VI E2/ E3). Em ambos com móveis e fitas é possível fazer top-rope.
C r o q u i s Leste do Pico Maior 5º A0/VIsup E3
Leste do Pico Maior
Traçado aproximado da Leste no Pico Maior.
É a via mais frequentada do Pico Maior, em Salinas, RJ. Graduada em 5º grau, tem um lance de A0 que quando feito em livre é VIsup. São 18 enfiadas e aproximadamente 700 metros. É uma via longa e recomenda-se começá-la cedo. Foi conquistada em 1974 por Waldemar Ferreira Guimarães (Waldo), Waldimar dos Santos (Vavá), José Bezerra Garrido e Guilherme Ribeiro. Este croqui foi feito em 2001, depois da retirada de alguns grampos não originais. Página 20 - Fator2
E n t r e v i s t a Daniel Hans Coçada Recentemente Daniel Coçada repetiu a via Southern Confort (Xa), na Pedra do Urubu, mais conhecida como Via do Alemão. Ela é assim chamada porque foi aberta pelo lendário Wolfgang Gullich. Durante muito tempo foi considerada a via esportiva mais difícil do Brasil, tanto que só havia sido encadenada por Pita, Alexandre Galvão e Ralf. Há uma repetição também do Helmut, apesar de ter sido em top-rope. Daniel, com 21 anos e quatro de escalada, já tem em seu currículo vias até mais difíceis, entre elas, Mister Bill (Xc), Coquetel de Energia (Xc), e Massa Crítica, que pode até ser o primeiro XIa brasileiro.
tentativas? Um dia entrei na via para conhecê-la, como não me dei muito bem, fui para outros projetos. Alguns meses depois rolou uma aposta com o Gerardo, um amigo. Ele propôs pagar um rodízio em uma famosa churrascaria se eu mandasse uma lista com 12 vias até o final do ano. Dentre elas estava o Alemão, que foi a última da aposta. A cadena me deu grande alívio, sensação de dever comprido e a garantia de um rodízio grátis. Me dediquei exclusivamente a ela por dois meses, indo aos sábados. Como é a via? O que ela exige do escalador?
Além disso realizou uma ascensão impressionante: solou a via Ban-Ban, graduada em IXa. A BanBan fica no Campo Escola 2000, logo à direita da Pedrita, é uma via com mais ou menos 12 metros e bastante negativa. Coçada levou apenas uma corda para descer, mas ao final do solo, como se não bastasse, resolveu desescalar, também em solo, a Pedrita, de VIIIa. Daniel tem 1,76m de altura, pesa 63 kg, escala há 4 anos e tem o apoio da Casa do Montanhista e da Raquel (namorada). Seus maiores feitos: Massa crítica (XIa?), Coquetel de Energia (Xc), Mr. Bill (Xc), História Sem Fim (Xb), Poltergeist (Xb), Vaca Louca (Xb), Lágrimas de Sangue (Xb), além de mais seis Xa s, dentre os quais a via do Alemão. Soubemos que você fez a repetição da via do Alemão (Southern Confort). Como foi isso? Quanto tempo de treino? Quantas
Por ser uma via bem curta, é muito explosiva. Ela está concentrada praticamente na sua parte negativa, que são os sete primeiros metros com 11 movimentos boulderísticos. Além de a via ser muito forte, exige uma técnica de oposição a qual não praticamos tanto no Brasil e os pés são escassos obrigando o escalador a chapá-los na aderência. Para mim, sem dúvida alguma o crux da via é a primeira costurada, com grande risco de queda no chão. De onde veio a idéia de solar a via Ban-Ban, no Campo Escola 2000? Eu nem pensava nisso, mas um dia cheguei no Campo Escola e por já ter feito todas as vias, decidi solar o Pedrita para fazer algo novo. Como fiz com relativa facilidade, quis tentar uma via de maior dificuldade, o Ban-Ban.
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E n t r e v i s t a E desescalar a Pedrita, como foi? Quando comecei a subir pelo Ban-Ban, estava escalando um pouco travado , mas depois comecei a me soltar na via. Ao chegar no final, como estava bem tranqüilo, decidi desescalar pelo Pedrita. Não vi muita dificuldade já que era bem íntimo da via e meu psicológico estava bom no momento. As pessoas pensam que você escolhe uma via, vai lá e sola. Mas para vias difíceis não é bem assim. Quantas vezes ou há quanto tempo você faz essas vias? Sem dúvida não é bem assim. Depois de já ter feito as vias do Campo Escola, ficava indo lá, de bobeira com a galera para treinar, fazendo volume. Repetia as vias de oitavo e nono graus. Com isso, fiquei com os movimentos decorados. Não recomendo a ninguém tomar esta atitude. Solar é uma questão pessoal e quem tomar tal iniciativa deve ter muita certeza do que está decidindo. Caso contrário, esta decisão será a última. Fotos: Daniel Hans Coçada , guiando a Via do Alemão na Pedra do Urubu. Fotógrafo: André Neves.
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