Jornal Ser Abrigo - Março 2023

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SER ABRIGO

Orgão Informativo da Comunidade Vida e Paz

“Há Sempre Volta a Dar”

Nova campanha de Consignação de IRS da Comunidade Vida e Paz

Centro de Fátima

• Inspirar, Expirar e Relaxar

• A Arte como Companheira do Processo Terapêuco

(pág. 4)

Centro da Quinta da Tomada

• Atividades Tiro com Arco Torneio de Futebol

(pág. 5)

Centro da Quinta do Espírito Santo

• Prevenir e Proteger

• A RAP fez anos

(pág. 6)

Diretora Renata Alves Ano XXII, n.º105 Reg.º ERC n.º 119 741 Dep. Legal n.º 239 890/06 Preço de assinatura: Gratuito Edição Trimestral Março 2023

DAR VOZ A QUEM NÃO TEM VOZ

Diácono

Félix- Presidente da Direção da Comunidade Vida e Paz

A missão da Comunidade Vida e Paz é a de ajudar e criar condições para às Pessoas em situação de extrema debilidade social, económica, de saúde e emocional a Reconstruirem o Sentidos da sua Vida, muitas delas na situação de sem abrigo.

Para isso a Comunidade tem a disponibilidade dos seus 600 voluntários das Voltas e de mais 170 colaboradores, profissionais, que asseguram o funcionamento das 22 respostas sociais que temos em funcionamento, dedicadas ao Acolhimento, Tratamento e Reinserção das cerca de 900 Pessoas que diariamente confiam em nós e são apoiadas nessas respostas sociais.

Parafraseando o Dr. António Bento, cerca de 70% das Pessoas em Situação de Sem Abrigo (PSSA) padecem de doença do foro mental, dai a dificuldade de ganhar a sua confiança, conhecer a sua história de vida e conseguir motivá-los a sair da rua, serem acompanhadas, tratadas, a restabelecerem relações familiares e sociais interrompidas, recuperarem a sua autoestima e a definirem um novo projeto de vida.

É uma tarefa hercúlea, mas muito compensadora afetivamente para as pessoas envolvidas, ao sentirem-se parte na recuperação de sentidos de vida.

Para conseguirmos ter em funcionamento todas estas respostas sociais a Comunidade depende essencialmente do apoio dos seus benfeitores. Paradoxalmente os serviços públicos não investem, como seria expectável e sua obrigação, no apoio às Pessoas mais debilitadas.

A titulo de exemplo, o protocolo firmado entre as instituições com comunidades terapêuticas e o ministério da saúde, não é atualizado desde o ano de 2008, mantendo-se o valor recebido para tratamento sem qualquer alteração, levando a uma asfixia financeira das mesmas, com encerramento de muitas delas, com a consequente diminuição da capacidade do País de tratar e reinserir as Pessoas, numa gritante injustiça quer para as instituições, quer especialmente para as Pessoas. Desta injustiça, tem a CVP feito eco junto das mais importantes instâncias nacionais, mas sem qualquer efeito prático.

Paralelamente temos assistido ao aumento gradual das PSSA na cidade de Lisboa, consequência especialmente do aumento do consumo de substâncias toxicodependentes, que estão a levar, infelizmente, à recriação de “novos Casais Ventosos” com as Pessoas a perderem a sua dignidade, transformando-se, como referido em alguns relatórios dos nossos voluntários em “cadáveres ambulantes”.

É em nome dessas Pessoas que gritamos que não podem ser abandonadas. Apelamos por isso às pessoas com responsabilidades políticas: órgãos autárquicos, em especial a Câmara Municipal de Lisboa; governo central, em especial o ministério da saúde e o ministério da solidariedade social e do trabalho, para que não abandonem as Pessoas mais debilitadas.

Sabemos que podemos sempre contar com os nossos voluntários, com os nossos benfeitores e com a dedicação dos nossos profissionais.

Paralelamente temos assistido ao aumento gradual das PSSA na cidade de Lisboa, consequência especialmente do aumento do consumo de substâncias toxicodependentes, que estão a levar, infelizmente, à recriação de “novos Casais Ventosos” com as Pessoas a perderem a sua dignidade, transformando-se, como referido em alguns relatórios dos nossos voluntários em “cadáveres ambulantes”.

Editorial 2 SER ABRIGO

Centro de Intervenção de Primeira Linha

Espaço Aberto ao Diálogo de Chelas

The Times They Are A-Changin, cantava Bob Dylan. E assim vai acontecendo entre os utentes que vamos apoiando. Cada vez mais, vamos recebendo pessoas imigrantes de nacionalidades bem diversas, não tendencialmente apenas de países de língua oficial portuguesa – o mais habitual.

Cazaquistão, Paquistão, Egipto, Nepal, Rússia, Guiné-Conacri, Nigéria, são alguns exemplos das nacionalidades das pessoas com quem intervimos recentemente no Espaço Aberto ao Diálogo. Esta diversidade, naturalmente, traz desafios diferentes e acrescidos a que temos de estar preparados. E foi com essa cognoscibilidade que organizamos a formação “Lei da Imigração”, ministrada pelo Auto Comissariado para as Migrações no passado dia 12 de Outubro.

Para além dos profissionais das diversas estruturas do Centro de Intervenção de Primeira Linha, contamos também com elementos do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência, do Porto, chegando a formação a mais de 30 destinatários.

Quais as legislações mais importantes a consultar; quais as normas mais adequadas para a obtenção de residência; quais as diferenças entre os diversos regimes possíveis; estas foram algumas das temáticas abordadas, importantes e relevantes para a nossa intervenção e gestão de caso, sobretudo no esclarecimento com os nossos beneficiários e atuação eficaz;

Se a mudança nas características e necessidades das pessoas com quem intervimos é um traço saliente, a formação torna-se indispensável como instrumento de intervenção. Dessa forma, a formação “Lei da Imigração” foi apenas um ponto de paragem num caminho que vai sendo percorrido.

Vaga de frio

Perante a vaga de frio que atingiu Portugal Continental no início do novo ano, a Câmara Municipal de Lisboa ativou o Plano Municipal de Contingência para Pessoas em Situação de Sem Abrigo. Vários espaços foram disponibilizados para que as pessoas em situação vulnerável pudessem passar a noite. Além de um local abrigado e quente para dormir, o Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem Abrigo (NPISA) de Lisboa disponibilizou também higiene, segurança e alimentação a quem chegou ao Pavilhão Municipal Manuel Castel Branco.

Na chegada ao pavilhão, foi realizada uma triagem de saúde, prestados cuidados básicos, quando necessário, e – caso a pessoa deseja-se – realizaram-se rastreios de hepatite ou HIV. Foi também prestado atendimento social, o que permitiu encaminhar a

a pessoa para uma situação mais adequada às suas necessidades. Além deste espaço, as Estações de Metro do Rossio, Santa Apolónia e Oriente permaneceram abertas entre as 23h e as 06:30 para acolher pessoas em situação de sem abrigo.

A par de Lisboa também o município de Loures ativou o Plano de Contingência para as Pessoas em Situação de Sem Abrigo. Com a colaboração da Equipa Técnica de Rua da Comunidade Vida e Paz, a Câmara Municipal de Loures e elementos do Serviço Municipal de Proteção Civil de Loures, estiveram a distribuir diariamente durante a noite refeições quentes, roupa e cobertores a todos os utentes acompanhados pelo NPISA de Loures, que à data rondaria as 60 pessoas em situação de sem abrigo. No total realizámos 286 visitas e distribuímos cerca de 300 refeições. Este acompanhamento diário foi bastante importante para todas as pessoas em situação de sem abrigo, pois a nossa visita permitiu tornar as suas noites mais quentes e aconchegantes. Foi também possível sinalizar outros casos de pessoas em situação de sem abrigo, estando agora a receber apoio psicossocial por parte da nossa equipa, que está focada em definir uma resposta individualizada e integrada para cada pessoa, de forma a alterar a sua condição de vida. No concelho da Amadora foram reforçadas as Equipas Técnicas de Rua da Comunidade Vida e Paz onde foram distribuídos agasalhos e chá quente. Neste território a Estação de Metro da Reboleira manteve-se aberta das 20h às 06h30 com uma sala de pernoita com acesso a WC, entrega de kit com gorro e manta disponibilizado pelo Metropolitano e ainda um reforço alimentar disponibilizado pelas Equipas de Voluntários da Comunidade Vida e Paz.

Espaço Aberto ao Diálogo SER ABRIGO 3

Centro de Fátima

Inspirar, expirar e relaxar.

No plano semanal do Centro de Fátima estão incluídas diversas atividades, de maneira a ir ao encontro das necessidades dos nossos utentes e da sua recuperação a nível físico, psicológico, social e espiritual. Entre todas estas atividades, foi encontrado um espaço semanal dedicado ao relaxamento e ao mindfulness, um espaço para abrandar. Todas as segundas-feiras de manhã um grupo de utentes é convidado a realizar uma série de exercícios que procuram estimular a atenção plena, contrariando o piloto-automático e alterando a forma como se relacionam com os seus pensamentos, emoções e sensações corporais. Os benefícios destas práticas são diversos e no Centro de Fátima acreditamos que o desenvolvimento destas competências pode auxiliar no processo de recuperação dos nossos utentes, assim como na manutenção da mesma e prevenção da recaída.

“Contribui para o meu relaxamento, para o meu bem-estar. (…) Chego lá cheio de stress e saio de lá aliviadíssimo. Depois ando mais calmo durante o dia.” (D.)

“Às vezes isto de viver em comunidade não é tão fácil como parece. Às vezes andamos muito tensos, seja com os problemas que às veze surgem aqui, seja com o nosso aborrecimento. Uma pessoa chega ali e parece que desliga, relaxa o corpo e relaxa o cérebro. Parece que sai outra pessoa dali.” (A.)

A arte como companheira do processo terapêutico.

Da Vinci dizia que “a arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível” e em Fátima esta tem vindo a expressar e traduzir o sentir de alguns dos nossos utentes. É o caso do Bruno Carriço, que traz a pintura na bagagem da sua história de vida. Chegado a tratamento, esta tem-se mantido como companheira no processo terapêutico e tem acompanhado a sua evolução, como nos conta o próprio Bruno: “Para mim a arte é uma forma de expressar emoções e sentimentos e o que tenho notado é que ao longo destes 7 meses que estou aqui, é evidente a evolução na minha forma de sentir as coisas. No início as minhas obras eram mais caóticas, ambíguas, com emoções mais intensas e violentas. Agora estou a entrar numa fase mais serena e de facto isso espelha o que estou a sentir neste momento.”

O mito de que a criatividade está muito ligada ao consumo de substâncias é antigo e é alimentado em diversas áreas do mundo

artístico. Então, falámos também com o Bruno no sentido de perceber como é esta vivência da expressão através da arte com e sem substâncias.

“Antes de vir para aqui todos os meus quadros eram muito emaranhados de trevas e escuridão. (…) Eu nessa altura pensava muito nesse mito de que só conseguia pintar bem sob o efeito de consumos e fui alimentando isso durante muito tempo, mas não é de todo verdade. (…) Eu agora tenho uma fonte de criatividade que nem sei de onde vem. A criatividade está dentro de uma pessoa. Agora consigo estar mais atento, apontar sonhos e olhar para as coisas com outros olhos. Noto uma grande diferença comparando com quando consumia. Agora estou muito mais sereno e isso nota-se também.”

Além da expressão de emoções, a pintura tem potenciado também o autoconhecimento, a valorização pessoal e autoestima, reconhecida pelo próprio Bruno que se encontra neste momento a preparar uma exposição onde irá apresentar os seus quadros (1 de abril de 2023, em Fátima).

“Estou a gostar muito do que estou a fazer, estou bem comigo e com a minha arte. (…) Eu agora acabo de pintar um quadro e gosto e quero mostrar às pessoas. Estou-me a valorizar mais a mim mesmo, o que é muito importante aqui e para o meu processo.”

Centros 4 SER ABRIGO

Centro da Quinta da Tomada

Atividades

- Tiro com Arco

No dia 23 e 24 de fevereiro de 2023, foi realizado na Quinta da Tomada a atividade Tiro com Arco com os utentes da Comunidade Terapêutica/Inserção e colaboradores da Instituição.

A atividade, de cariz individual, permitiu o desenvolvimento de diversas competências psicológicas como a perseverança, autoconfiança, autoestima, autocontrolo, interajuda, concentração e atenção. Além destes benefícios, outras habilidades físicas foram desenvolvidas, como a destreza dos movimentos finos, postura corporal, coordenação motora e o equilíbrio.

A atividade foi organizada e dinamizada pelo Coordenador da Comunidade Terapêutica, Rodolfo Dias, que ilustrou e orientou as técnicas essenciais para cada utente realizar com sucesso o Tiro com Arco. Nem mesmo as limitações físicas foram um impedimento na realização da atividade, estimulando e reinstituindo assim a autoconfiança e a interajuda. Alguns testemunhos asseguraram estes benefícios:

“Ao fazer a atividade senti emoção, concentração na pontaria, apesar das dificuldades a fazer pontaria, porque a minha visão não é perfeita. Eu gostei muito de fazer a atividade. No local tinham três distâncias, dois que tinham uma distância normal, e outra mais difícil, para profissionais. Eu tinha cinco setas e destas acertei duas vezes o alvo no cerco azul e amarelo. Gostei muito.

Obrigado”

“Estando em tratamento, com vista a entrar em recuperação, achei uma boa dinâmica. Despertar novos interesses e futuros hobbies é essencial em tratamento, para construir uma nova vida quando lá fora. A vida lá fora para mim não é apenas casa, trabalho, trabalho, casa, é um bocado mais do que isso e é com estas dinâmicas saudáveis que despertamos e percebemos que os nossos interesses vão além de álcool e drogas. Fazendo parte de um grupo em tratamento, senti pertença a algo, reforcei o bom ambiente vivido, acionei o lado competitivo, apesar de estar a passar por uma incapacidade temporária, que finalmente foi ultrapassada com a motivação dos meus colegas de tratamento e da equipa técnica. Senti-me bem e conto com mais dinâmicas destas.

Sou grato à Comunidade Vida e Paz”

GC, 42 anos

H.S. 58 anos

Torneio de Futebol

- Quinta da Tomada VS Centro de Fátima

No Centro de Fátima, foi organizado no dia 9 de março de 2023, um Torneio de Futebol entre a equipa da Quinta da Tomada e o Centro de Fátima. Como é habitual a decorrência destas competições na instituição, é sempre com grande envolvência e ânimo que os residentes participam e assumem a sua posição na equipa pertencente. A competição saudável emergente promoveu a boa relação e o convívio entre os utentes e colaboradores de ambos os Centros.

A narração do dia transmitida pelos nossos utentes:

“O dia começou cedo como sempre, o espírito entre todo o grupo e a expetativa era grande. Com o equipamento e cartazes de apoio à nossa equipa, lá saímos pelas 9h30, munidos de esperança, de trazer a vitória e o troféu para casa. O ambiente no autocarro era de folia silenciosa sem saber o que nos aguardava, o suspense era enorme. À chegada ao Centro de Fátima fomos logo bem-recebidos e as nossas expetativas eram enormes e só pensávamos em vitória. Entretanto, quando nos começámos a aproximar do campo para o nosso aquecimento, ficámos apreensivos com o que poderia acontecer com a equipa adversária, a tensão era alta!. Deu-se o apito inicial, controlámos durante 10 minutos até ao primeiro golo da equipa adversária, o cansaço apoderou-se da nossa equipa devido às dimensões do campo e, a partir daí, foi a desgraça completa. O resultado traduziu isso, apesar do enorme esforço dado pela equipa em campo e principalmente pelo apoio incondicional da nossa falange de apoio que motivou a equipa. A seguir ao jogo veio o convívio entre todos e o desejado almoço que estava divinal. Após o almoço, dirigimo-nos, para uma pequena visita, ao Santuário de Fátima e para tirar umas fotos em grupo. De volta, a equipa fisicamente estava cansada, mas o espírito era de boa disposição. A viagem correu bem e assim continuou o resto do dia, apesar da derrota.

VIVA A TOMADA”

V.S. 48 anos, D.C, 21 anos, M.D, 51 anos

Apesar do resultado final (1-10), o Centro de Fátima a ganhar, foi extraordinário o espírito que se viveu com a confraternização dos dois Centros.

O jogo estimulou por parte de ambas as diretoras, Dra. Rita Rocha e Dra. Guida Guerra, um novo desafio, ao qual foi acordado uma nova competição de futebol, mas desta vez com equipas femininas.

Centros SER ABRIGO 5

Centro da Quinta do Espírito Santo

PREVENIR E PROTEGER….

Dia 25 de Fevereiro de 2023, pelas 14h30, houve lugar a um simulacro de incêndio no Centro da Quinta do Espírito Santo. Participaram nesta operação os Bombeiros Voluntários e o Serviço Municipal de Proteção Civil de Sobral de Monte Agraço. O exercício teve como objectivo testar procedimentos de evacuação do referido espaço, assim como os operacionais testarem os modos de actuação neste tipo de teatro de operações. Deslocaram-se ao local 17 bombeiros e 7 viaturas.

Para a instituição, é fundamental a realização destes simulacros para capacitar os utentes e colaboradores a intervirem em cenários de catástrofe e prevenir o máximo possível de danos, materiais e humanos.

Houve grande adesão por parte dos colaboradores e dos utentes; o monitor responsável de serviço, Ernesto Mesquita, revelou um desempenho excecional, no parecer do Responsável da Proteção Civil e Comandante dos Bombeiros que estiveram sempre presentes, a acompanhar o desempenho dos bombeiros. No final houve lugar a uma reunião com todos, para partilha e reflexão sobre a importância destas iniciativas.

Mais recentemente, existe no Centro um grupo Narcóticos Anónimos, ligado a HI (Hospitais e instituições), com o objectivo de dar a conhecer aos utentes e colaboradores a sua intervenção.

Pensamos em breve poder vir a contar também com a sua presença, mensalmente, de forma a proporcionar aos utentes, através da entreajuda e partilha mútua, mais um instrumento importante para a sua recuperação.

A RAP fez anos…

No dia 10 de Fevereiro comemorou-se o 6º aniversário da Residência Partilhada de Torres Vedras, gerida pela Quinta do Espírito Santo.

Estiveram presentes no convívio, para além dos residentes do apartamento, elementos da Direção e dos outros Centros da Comunidade.

Desde a sua inauguração, a casa já acolheu 24 pessoas, na sua maioria provenientes do Centro da Quinta do Espírito Santo. Verificaram-se ainda admissões de utentes encaminhados pela Comunidade de Inserção da Quinta da Tomada e pela Residência Autónoma de S.Pedro da Cadeira.

A casa inaugurou com capacidade para seis pessoas, passando pouco depois para oito vagas, devido à elevada procura deste tipo de resposta.

Desde 2017 registámos 6 altas com autonomização, 9 transferências internas, 2 falecimentos, 2 altas disciplinares e 1 abandono. Em termos de ocupação, a maioria dos utentes encontrava-se integrada em formações, medidas de emprego protegido e mercado aberto de trabalho. Contámos ainda com algumas situações de utentes já reformados, que ocupavam o seu dia-a-dia na QES, ou na realização de alguns trabalhos pontuais.

João Abranches, residente do apartamento, deixa-nos o seu testemunho sentido:

OUTRO TIPO DE PREVENÇÃO…

Embora o Centro da Quinta do Espírito Santo (QES), enquanto Comunidade de Inserção, não se dedique ao tratamento de dependências, constata-se que cerca de 80% da população atendida neste Centro tem problemáticas de adição - a drogas, álcool e/ou outras. Nesse sentido é fundamental não só darmos continuidade ao trabalho realizado com os utentes provenientes de Comunidades terapêuticas, bem como continuar a investir na prevenção de recaída e manutenção da abstinência das pessoas que acolhemos. Desde há cerca de um ano que se realizam semanalmente na QES reuniões de Alcoólicos Anónimos, dinamizadas por um grupo de moderadores daquela irmandade.

“Sinto-me muito agradecido à Comunidade, porque tem-me ajudado muito. Quando a minha mãe morreu, o meu padrasto tratava-me muito mal. Eu estava farto de levar tareia e saí de casa. Fui pedir ajuda à Segurança Social e eles mandaram-me para a Quinta do Espirito Santo. Enquanto estive lá, sempre fui bem tratado, ajudaram-me muito na minha doença. Tinha epilepsia e já fui operado. Agora já não tenho ataques. Fiz um curso de formação em lavandaria. Depois quando este apartamento abriu, vim para cá e estive a trabalhar na lavandaria da Santa Casa. Quando o contrato acabou, fiquei triste porque não gosto de estar parado e ficar sempre em casa. Depois a Drª Carla arranjou-me outro curso para a cozinha e fui fazer esse curso na APECI. Gosto muito de estar aqui no apartamento, somos todos amigos. Agora estou à espera para começar outro trabalho num lar, para a lavandaria.”

A Comunidade 6 SER ABRIGO

de Vida e Paz

“Para quem gosta de ajudar, há sempre volta a dar” – Campanha de Consignação de IRS Comunidade Vida e Paz

A Comunidade Vida e Paz lança a campanha de Consignação de IRS “Para quem gosta de ajudar, há sempre volta a dar.”

A campanha, desenvolvida pela agência de comunicação Addmore, pretende sensibilizar a sociedade a ajudar as pessoas em situação de sem-abrigo a dar uma volta à vida, num ato sem custos para o contribuinte, mas com um enorme valor para quem precisa de apoio.

Através de imagens e headlines, a campanha apela à ajuda de todos para que pessoas como o “Carlos” e a “Lurdes” possam voltar a ter um quarto e voltar a sonhar. Na verdade, voltar a ter uma vida digna.

A Instituição, através das suas equipas voluntárias de rua, vai, todas as noites, ao encontro de, aproximadamente, 400 pessoas em situação de sem-abrigo e distribui cerca de 420 a 450 ceias. Acompanha, diariamente, cerca de 800 pessoas através da intervenção que realiza nas suas respostas, que incluem o Centro de Intervenção de Primeira Linha, as Comunidades Terapêuticas e de Inserção e a Unidade de Apoio à Reinserção.

Consignar 0,5% do IRS à Comunidade Vida e Paz não tem qualquer custo e ajuda as pessoas em situação de sem-abrigo a dar uma volta à vida.

Ao preencher a Declaração de IRS basta assinar de cruz –NIF 502 310 421.

Renúncia Quaresmal

A renúncia quaresmal de 2022, destinada em parte à Diocese de Palai (Índia), para o seu hospital que atende especialmente a população mais pobre, e em parte à Cáritas Diocesana de Lisboa, para apoiar as necessidades do povo ucraniano, totalizou 140.000,00€.

Este ano, a renúncia quaresmal destina-se à Comunidade Vida e Paz, para poder reforçar o seu apoio às pessoas em situação de sem-abrigo, e à construção duma casa de acolhimento a adolescentes e jovens que descem da montanha para estudar em Laleia (diocese de Baucau – Timor Leste), gerida pelas Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora. Um bem-haja.

Reconstruir Sentidos de Vida

A Comunidade foi uma das instituições vencedoras da 4.ª edição do Programa VINCI para a Cidadania

O projeto “Reconstruir Sentidos de Vida” visa reabilitar e renovar o nosso Apartamento de Reinserção de Leiria.

O apartamento necessita de uma intervenção que passa pelo revestimento e acabamento de pavimentos, paredes e tetos, substituição de portas e colocação de um revestimento impermeabilizante.

Graças ao Programa VINCI, será possível proporcionar um maior conforto e melhores condições de habitabilidade aos nossos utentes.

Um bem-haja à VINCI por este reconhecimento.

A Comunidade 7 CA(u)SA
SER ABRIGO

Voluntariado

Compromisso para com a Missão

Assinalando a importância do compromisso voluntário e da sua renovação ao longo dos anos, a Gestão do Voluntariado estará à saída das voltas entre os dias 11 e 24 de março, onde se realizará também a troca dos coletes. Assim, partilhamos o seguinte testemunho de compromisso:

“Sou Coordenadora da Volta de rua junto das pessoas em situação sem abrigo na Comunidade Vida e Paz desde 2008.

Todas as profissões são difíceis.

Ser voluntária junto das Pessoas sem Abrigo, à noite, depois de um dia de trabalho, não é exceção... Não sabemos o que vamos encontrar: histórias de vida tão diferentes e tão iguais às nossas.

Deixei de ligar às intempéries... a responsabilidade e o amor pelo próximo, move-me.

Saber que é a única refeição que comem naquele dia...ou conseguir um sorriso...ou o receberem a minha atenção e carinho, quando não estão habituados a que olhem sequer para eles... faz-me chegar à minha cama, com o coração quente.

Alguns amigos da noite, sabem exatamente o dia que vou...e esperam-me. Alguns novos, chegaram há dias à rua...ainda estão bem vestidos, mas

Vai Acontecer

por desemprego, divorcio ou outra situação, deixaram de ter teto...

A realidade dos nossos dias, já não é apenas os clássicos marginalizados, ou os “mendigos/vagabundos”; a estes veio juntar-se uma “nova geração de excluídos” fruto da crise económica, do desemprego, do álcool, de problemas com a saúde mental e das deficientes políticas sociais. Estamos perante um fenómeno que apresenta novos contornos e uma maior complexidade.

Vemos o número de pessoas em situação de sem-abrigo a crescer semanalmente.

Eu, tu, algum familiar próximo, amigo, pode um dia estar nesta situação...porque o que nos separa, muitas vezes não tem a ver com a situação social/económica: basta um problema mental, ou uma adição...e estamos ali... a linha é muito ténue.

O esforço da CVP é muitas vezes transcendente para dar resposta todos os dias e chegar a todas a pessoas em situação de sem-abrigo.

Infelizmente não podemos esperar por apoios que facilitem o processo de inclusão social das pessoas em situação de vulnerabilidade.

S e todos fizermos algo, a vida de alguém muda. Nem que seja com um “Bom Dia”, uma conversa, um apoio, um conforto. Afinal, somos todos iguais.”

Coordenadora Voluntária Ana Mota (Equipas de Rua – C22F)

Necessidades

Vestuário

Casacos e Camisolas

Roupa interior masculina (boxers e meias)

Sapatos e Ténis

Mantas, cobertores e lençóis

Ficha Técnica

Diretora: Renata Alves

Coordenação: Tânia Antunes

Bens alimentares

Recheios para sandes (fiambre, enlatados, queijo, manteiga e compotas)

Massa e Arroz

Azeite e óleo

Águas pequenas

Leite (pacotes individuais e de litro)

Enlatados

Equipa redatorial: Tânia Antunes, Mariana Caldeira, Sofia Rosa, Patrícia Anacleto, Carina Cristino, Eliana Salgueiro, Marisa Durte, Paula Santos e Tânia Diogo.

Estatuto editorial: O Jornal SER ABRIGO é uma publicação periódica de informação especializada sobre o trabalho da IPSS Comunidade Vida e Paz. O SER ABRIGO rege-se pelos princípios deontológicos dos jornalistas, a ética profissional e é responsável apenas perante os leitores, numa relação rigorosa e transparente.

Publicação trimestral: registada no ERC com o n.º 119 741; DL 239890/06

Sede da redação/edição: Rua Domingos Bomtempo, nº 7 1700-142 Lisboa

Tiragem: 2.000 exemplares

Propriedade: Comunidade Vida e Paz – NIPC: 502 310 421

Rua Domingos Bomtempo, n.º 7, 1700-142 Lisboa

Tel. 218460165 Fax. 218495310 Email: geral@alvalade.cvidaepaz.pt www.cvidaepaz.pt | facebook.com/Comunidade.Vida.e.Paz

NIB – Montepio Geral: 0036 0000 9910 5505051 96

Produção gráfica: Formandos de Artes Gráficas

Oficinas do Centro da Quinta da Tomada, Lapa - Venda do Pinheiro

Sofia Rosa
SER ABRIGO
12
Aniversário
Aniversário
Aniversário
15 de junho Aniversário do Apartamento Partilhado da Damaia
17 de abril
de maio
da Comunidade Vida e Paz
do Centro Moimento de Fátima
do Apartamento da Parede

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