Contexto social - 8ª edição

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Ano 1 - Número 8 - Dezembro/2013 - Distribuição nacional gratuita ISSN 2318-8464

O mundo contra a AIDS Corrente do Bem dissemina gentileza

Caia na rede da inclusão digital

Óculos que ajudam cegos a enxergar


Dores que o tempo não apaga.

A dor de Cristina M. Silva e de seus filhos. Moradores de Recife - PE Certo dia, Cristina notou uma aglomeração de algumas pessoas na rua e se aproximou para ver do que se tratava. Infelizmente, era um motociclista atropelado. Pior: era seu marido que acabara de falecer. Um motorista bêbado acabou com a sua vida e com os sonhos de Cristina e de seus filhos, Guilherme e Gutemberg.

Não deixe o trânsito mudar a sua história. Seja você a mudança no trânsito. facebook.com/paradapelavida • paradapelavida.com.br • @paradapelavida


Expediente

Diretor: Paulo Pedersolli Editor Chefe: Maurício Cardoso - 1314/DF mauricio@revistacontextosocial.com.br Chefe de Reportagem: Jair Cardoso jair@revistacontextosocial.com.br Serviços Editoriais: Luana Gonçalves de Araújo Projeto Gráfico e Diagramação: Cláudia Capella Webdesign: Luiz Augusto Garcia Redes Sociais: Adriano Freire Publicidade: Juliana Orem Revisão: Denise Goulart Agências de Notícias: Brasil, Sebrae, USP, RTS, PORVIR

Contexto Comunicação Gráfica e Social EIRELI-ME Endereço: SHIN CA 9 Lt. 2 Bl. B Sala 15 Lago Norte/DF - 71503-509 Telefones: (61) 8455-6760 / 8479-0846 / 9115-0273 Matérias e sugestões de pauta: redacao@contextosocial.com.br revistacontextosocial@gmail.com Site: www.revistacontextosocial.com.br Tiragem: 25.000 exemplares Periodicidade: mensal

Carta ao leitor Em homenagem ao Dia Mundial de Combate à AIDS, comemorado no dia 1º de dezembro, nossa matéria de capa mostra o trabalho realizado pela amfAR (The Foundation for Aids Research) para conter e erradicar a epidemia que assolou o planeta. Fundada em 1985, a instituição apoia mais de 2 mil grupos de pesquisa espalhados pelo mundo e já investiu mais de U$ 336 milhões em programas de apoio, prevenção, educação, tratamento e políticas públicas relacionada à AIDS, gerando inúmeros avanços significativos. Pessoas com deficiências visuais já podem contar com um dispositivo que facilita a utilização de smartphones com tela touchscreen. O aplicativo utiliza recurso de narração automática por síntese de voz para facilitar o acesso do usuário às principais funções do aparelho. Basta deslizar o dedo sobre a tela que uma voz sintetizada informa a função correspondente àquela área: realizar e receber ligações, enviar e receber SMS, consultar o nível de bateria, a data e hora e a lista de contatos telefônicos, entre outras funções. Em Ribeirão Preto, estudantes da Faculdade de Medicina da USP estão prestando atendimento nas áreas de ginecologia e obstetrícia às detentas da penitenciária feminina da cidade, onde, aproximadamente, 350 mulheres cumprem pena por diferentes tipos de crimes. A iniciativa é pioneira no Brasil e inclui a realização de exames como papanicolau e avaliação de mamas para detecção precoce de possíveis casos de câncer. O movimento mundial colaborativo ‘A Corrente do Bem’ mobiliza milhões de voluntários em 64 países para disseminar uma nova cultura baseada em práticas cotidianas de generosidade. O foco do movimento é mostrar que boas ações são simples, rápidas, divertidas e têm um enorme potencial de transformar a sociedade. A estratégia é pedir que a pessoa que recebe o ato passe o gesto adiante, tornando-se um agente da gentileza. Em Vitória, mulheres que se sentem ameaçadas por ex-maridos, namorados ou companheiros contam com um novo mecanismo de proteção: o Botão do Pânico. O equipamento foi distribuído para 100 mulheres que estão sob medida protetiva e pode ser acionado caso o agressor não mantenha a distância mínima garantida pela Lei Maria da Penha. Essas são apenas algumas matérias da oitava edição da revista Contexto Social. Seja bem-vindo e tenha uma boa leitura.


Edições anteriores

TERCEIRO SETOR Multiplicando o bem Caia na rede da inclusão digital Óleo usado vira sabão Trabalho articulado em rede

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GESTÃO Indicadores de Cidadania rompe barreiras

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CIDADANIA Disque 100 completa 10 anos Atendimento médico na penitenciária

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NEGÓCIO Lixo que vira renda

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AÇÃO SOCIAL Investimento socioambiental Tecnologias Sociais Sustentáveis (EcoTec)

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CULTURA Museu da Natureza

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será verdadeiramente livre Ÿ A realidade mundial exige a integração empresarial-acadêmica

A força das mulheres nos programas sociais da Sudeco

ONG fiscaliza ações do governo

Rota da Liberdade, turismo com inclusão social

Cultura de paz nas escolas

Gol de Letra do craque Raí Guardiões do Mar mobiliza cooperativas de reciclagem

EMPREENDEDORISMO Centro de Formação em Cajueiro da Praia

Ela comanda a política nacional contra a pobreza

Autistas interagem com tecnologia touch

CNA e Sebrae unidos no semiárido

Outubro Rosa mobiliza o mundo

SUSTENTABILIDADE Eu quero ter um milhão de árvores

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RESGATE Esquadrão Pelicano

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ACESSIBILIDADE Aplicativo melhora a vida de deficientes visuais

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APRENDIZ Aprendizes no mercado de trabalho

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INOVAÇÃO Óculos que ajudam cegos a enxergar

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MEIO AMBIENTE Estimulando a educação ambiental

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MOBILIZAÇÃO Corrente do Bem dissemina gentileza

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ARTIGO Bullyng: uma chaga social

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Jorge Gerdau: Ÿ Sem educação o Brasil jamais

Ano 1 - Número 6 - Outubro/2013 - Distribuição nacional gratuita

9 11 12 13 Ano 1 - Número 1 - Abril/2013

POLÍTICAS Juventude Viva estreia na Bahia Botão do Pânico coíbe violência doméstica Criança, prioridade absoluta Ano Internacional da Agricultura Familiar

Ano 1 - Número 2 - Maio/2013 - Distribuição gratuita

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Ano 1 - Número 3 - Junho/2013 - Distribuição nacional gratuita

Sumário

CAPA Ajudando o mundo a combater a Aids

Cidadania com reflorestamento As batidas de um coração

Jovem amigo da criança Uma boa ideia pode mudar a vida de muitas crianças

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Capa

Ajudando o mundo

a combater a AIDS

O

Brasil entrou definitivamente na rota do desenvolvimento científico que busca a cura da Aids. Líder mundial no combate à epidemia que assolou o planeta, a amfAR (Fundação para Pesquisa da Aids) conhece os desafios da doença no mundo e reconhece as iniciativas brasileiras nesta batalha pela vida. O programa brasileiro de combate à Aids, que prevê o fornecimento universal e gratuito de antirretrovirais na rede pública de saúde, é considerado um dos mais bem-sucedidos do mundo. Agora, o governo brasileiro anunciou que oferecerá tratamento a todos os portadores do vírus HIV, independentemente do estágio da doença. Até então, o tratamento só era oferecido na rede pública quando a contagem das células de defesa (CD4) do paciente caía para abaixo do patamar de 500 células por milímetro cúbico de sangue. Com a nova estratégia, o Brasil passa a ser o primeiro país em desenvolvimento a oferecer terapia com retrovirais a todos os pacientes assim que a doença for diagnosticada.

Combatendo a epidemia Desde a sua fundação, em 1985, a amfAR já investiu mais de U$ 336 milhões em programas de apoio à pesquisa, prevenção, educação, tratamento, e defesa de uma boa política pública relacionada à AIDS, gerando inúmeros avanços significativos. A fundação apoia mais de 2 mil grupos de pesquisa espalhados pelo mundo, e as pesquisas financiadas pela instituição já levaram ao desenvolvimento de quatro das seis principais classes de medicamentos anti-HIV utilizados em todo o mundo. Estes medicamentos têm revolucionado o tratamento de HIV/AIDS e contribuiu para uma redução drástica no número de mortes relacionadas à doença. A amfAR também foi pioneira na pesquisa que levou ao uso de medicamentos antirretrovi-

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Capa

rais para prevenir a transmissão do HIV da mãe para o filho, o que praticamente eliminou esse tipo de transmissão em várias partes do mundo. Apoiou o desenvolvimento de cremes e géis de microbicidas, que podem ser aplicados antes da relação sexual como forma de prevenção da transmissão sexual do HIV, e o aperfeiçoamento da detecção do vírus por RNA viral, técnica aplicada em testes de carga viral que facilitou o diagnóstico e o monitoramento da infecção pelo HIV. As conquistas científicas da amfAR estão permitindo que os portadores do vírus do HIV – no Brasil e no mundo – vivam mais, com saúde e melhor qualidade de vida. A Fundação colabora diretamente com instituições e organizações comunitárias dedicadas à causa, como o grupo brasileiro Pela Vidda – primeiro grupo fundado no Brasil por pessoas com HIV e AIDS e que se dedica à luta contra a epidemia no país –, através da doação de fundos e intercâmbio de experiências.

Dedicação total Criada na década de 1980, auge da epidemia da doença no planeta, a fundação, idealizada pela atriz Elizabeth Taylor e pela cientista Mathilde Krim, ultrapassou fronteiras e ganhou o mundo. Atualmente, a AmfAR é comandada por Kevin Robert Frost, nomeado em 2010 pelo presidente Barak Obama para compor o Comitê Presidencial Consultivo sobre HIV/AIDS, que fornece orientações e recomendações para a administração dos programas de prevenção e pesquisa do go-

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verno dos EUA a nível nacional e internacional. Desde que assumiu o posto de CEO da amfAR, Kevin Frost vem impulsionando o financiamento de pesquisas e tecnologias de ponta focadas na cura da doença. E os avanços têm sido surpreendentes: no ano passado, o apoio da fundação possibilitou o primeiro caso documentado de uma criança curada do HIV, e de dois pacientes adultos que deixaram de apresentar níveis detectáveis de vírus após serem submetidos a transplantes de células-tronco. Totalmente dedicado à sua missão, Frost percorre o mundo identificando populações de alto risco e novas áreas de pesquisas promissoras que muitas vezes não têm os dados preliminares exigidos pelos mais tradicionais financiadores.

Antirretrovirais Os medicamentos antirretrovirais surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do vírus no organismo. Eles não matam o HIV, vírus causador da AIDS, mas ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Por isso, seu uso é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida de quem tem AIDS. A amfAR financiou os primeiros estudos para o desenvolvimento dos inibidores de protease, drogas poderosas que revolucionaram o tratamento da AIDS e contribuíram para uma drástica redução no número de mortes relacionadas à doença. Também colaborou na identificação inicial e caracterização do composto Fuzeon para uso clínico, o primeiro

O programa brasileiro de combate à Aids, que prevê o fornecimento universal e gratuito de antirretrovirais na rede pública de saúde, é considerado um dos mais bem sucedidos do mundo


Capa

de uma nova classe de medicamentos contra a AIDS chamados inibidores de fusão. Participou ativamente dos estudos que levaram à identificação do papel crítico da proteína celular CCR5 na infecção por HIV, descoberta que foi essencial para o desenvolvimento do Maraviroc, droga anti-HIV que atua através do bloqueio do co-receptor CCR5.

Algumas iniciativas As pesquisas e ações financiadas pela amfAR em todo o mundo mobilizam esforços para prevenir a infecção pelo HIV nos grupos mais vulneráveis, melhorar o tratamento das pessoas que vivem com a doença e fortalecer a luta pela erradicação do vírus.

A amfAR trabalha mundialmente para aumentar os investimentos em pesquisa de HIV/Aids, garantir uma resposta robusta para a epidemia global, expandir o acesso à prevenção, tratamento e cuidados, e proteger os direitos civis de todas as pessoas afetadas pelo vírus. Em 1987, a fundação apoiou um estudo de referência, realizado no Quênia, que mostrou que a transmissão do HIV também pode ocorrer de mulheres para homens, e que a presença de outras infecções sexualmente transmissíveis em qualquer um dos parceiros pode aumentar o risco de transmissão do HIV. Foi a primeira iniciativa da amfAR no combate à epidemia internacional. Em 1993, criou um programa de educação para a pre-

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Capa

venção do HIV no Nepal que mobilizou 17 agências não-governamentais para fornecer assistência técnica às atividades de prevenção nas comunidades locais. Em 2001, implantou o TREAT Asia, rede de clínicas, hospitais e instituições de pesquisa que trabalham com a sociedade civil para assegurar o tratamento seguro e eficaz aos portadores de HIV/ AIDS na Ásia e no Pacífico. O programa se tornou um modelo de colaboração regional no tratamento, educação, treinamento e pesquisa clínica. Em 2007, lançou o programa internacional GMT, que mobilizou esforços para reduzir as taxas mundiais de infecção por HIV entre gays, outros homens que fazem sexo com homens e pessoas transexuais (coletivamente, GMT) nos países em desenvolvimento, fornecendo pequenos subsídios para grupos de base que ajudam a expandir a educação e prevenção do HIV.

Inspiration Gala Além dos investimentos diretos, a Fundação arrecada fundos com a promoção de eventos

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beneficentes, como o Baile de Gala Inspiration, realizado desde 2010 em cinco cidades do mundo: Nova York, Paris, Los Angeles, São Paulo e Miami. Este ano, o evento foi expandido para Toronto e Rio de Janeiro. O primeiro amfAR Inspiration no Brasil foi realizado em São Paulo, em 2011, na casa do arquiteto Felipe Diniz. O segundo jantar, também na capital paulista, ocorreu na residência de Dinho Diniz, irmão de Felipe. Esse ano, Dinho abriu novamente as portas de sua casa para o evento. No Rio, o baile de gala foi realizado no Copacabana Palace e reuniu celebridades e empresários engajados na pesquisa pela cura da AIDS. Além do jantar, a noite de solidariedade promoveu um leilão de obras de arte e jóias comandado pelas atrizes Fernanda Torres e Mariana Ximenes. Entre as convidadas especiais, a top canadense Linda Evangelista e a atriz norte-americana Goldie Hawn. As quatro edições do Inspiration Gala realizados no Brasil arrecadaram mais de R$ 8 milhões para a luta contra o HIV/AIDS.


Políticas

Juventude Viva

estreia na Bahia

O Brasil acaba de ganhar um novo programa de combate à violência focado na juventude negra: o Juventude Viva. Lançado no início do mês em Salvador, cidade com maior população negra fora da África, a iniciativa chega a 20 municípios da Bahia, com ações de vários ministérios e recursos federais de cerca de R$ 200 milhões. Idealizado pela Secretaria Nacional de Juventude e pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, o plano visa reduzir e prevenir a violência contra a juventude negra, priorizando os territórios com os mais elevados índices de homicídios dessa parcela da população. O Juventude Viva articulará programas e ações dos governos federal e estadual, com participação efetiva dos municípios, em áreas como educação, saúde, cultura e qualificação profissional.

Oportunidades O Plano cria oportunidades para garantir a inclusão social e a autonomia; a oferta de equipamentos, serviços públicos e espaços de convivência em territórios que concentram altos índices de homicídios; e o aprimoramento da atuação do Estado no enfrentamento ao racismo institucional e na sensibilização dos agentes públicos para a questão. Segundo o secretário estadual de Promoção da Igualdade Racial, Elias Sampaio, o alto índice de mortalidade da juventude negra é o principal problema social da segurança pública na Bahia. “Por isso, é necessário não só dos atores governamentais, mas da sociedade em geral, ações urgentes e efetivas para reverter este quadro”, ressalta. Nesta primeira fase, serão priorizados os municípios onde a população negra se encontra mais vulnerável, com foco inicial na Região Metropolitana. Além de Salvador, serão atendidos jovens de Feira de Santana, Vitória da Conquista, Itabuna, Simões Filho, Lauro de Freitas, Porto Seguro, Camaçari, Ilhéus, Teixeira de Freitas, Eunápolis, Valença, Alagoinhas, Juazeiro, Paulo Afonso, Jequié, Santo Antônio de Jesus, Dias d`Ávila, Candeias e Mata de São João.

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Políticas

Quando os negócios funcionam melhor, o mundo funciona melhor.

Como construímos um mundo de negócios melhor? O mundo de seus negócios, seus clientes, sua carreira, sua família, sua comunidade? Inspirando confiança nos mercados de capitais. Trabalhando com governos e empresas para promover crescimento sustentável. Encorajando o desenvolvimento das pessoas que são – e serão – os visionários, os realizadores, os vencedores. Estes são os pilares do mundo que queremos ajudar a construir. Começando com o seu. ey.com/betterworkingworld #BetterWorkingWorld facebook | EYBrasil twitter | EY_Brasil

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TM Rio 2016

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Políticas

Botão do Pânico

coíbe violência doméstica

Mulheres que se sentem ameaçadas por exmaridos, namorados ou companheiros contam com um novo mecanismo de proteção: o Botão do Pânico. Vencedor do Prêmio Innovare 2013 na categoria Tribunal, o dispositivo faz parte de um projeto piloto lançado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo (TJ-ES) em parceria com a Prefeitura de Vitória. O equipamento foi distribuído para 100 mulheres que estão sob medida protetiva e pode ser acionado caso o agressor não mantenha a distância mínima garantida pela Lei Maria da Penha. Ele capta e grava a conversa num raio de até cinco metros e o arquivo gerado pode ser utilizado como prova judicial contra o agressor. A mulher não tem prazo para devolver o equipamento. Ela fica com o botão do pânico até quando achar necessário. O Botão do Pânico também dispara informações para a Central Integrada de Operações e Monitoramento(CIOM), com a localização exata da vítima, para que um carro da Patrulha Maria da Penha seja enviado ao local. Para garantir agilidade no atendimento ao pedido de proteção, a administração municipal disponibiliza viaturas da Guarda 24 horas.

tela do computador aparece um mapa, mostrando onde estão a mulher e a viatura mais próxima. No caminho, os policiais recebem pelo celular uma foto da vítima, da casa dela e do agressor. Para a juíza que idealizou o projeto, Hermínia Azoury, o dispositivo já evitou um número bem maior de agressões, porque ele inibe a ação dos homens violentos. “Os homens sabem que a mulher tem o botão do pânico e ele nem sequer se aproxima, por temer uma prisão em flagrante que pode se transformar em prisão preventiva”. A Câmara dos Deputados já estuda a elaboração de um projeto de lei que torna obrigatório a disponibilização do Botão do Pânico para as mulheres vítimas de violência.

Praticidade O aparelho cabe na palma da mão. Quando a mulher aperta o botão, imediatamente dispara um alarme na central de monitoramento. Na

O aparelho cabe na palma da mão e, quando acionado, dispara um alarme na central de monitoramento 11


Políticas

Criança,

prioridade absoluta

Toda criança deve ser tratada como prioridade. Mais do que isso, deve ser tratada como prioridade absoluta. Esse é o mote do projeto lançado pelo Instituto Alana para mobilizar a sociedade a efetivar o que está disposto na Constituição Federal. O projeto Prioridade Absoluta é inspirado no artigo 227 da Constituição, que diz: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, e à convivência

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familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. Apesar de ser um direito garantido aos pequenos desde 1988, pouca gente conhece o referido artigo. Segundo pesquisa de 2013, realizada pelo Datafolha para o Instituto Alana, 81% dos brasileiros se consideram pouco ou nada informados sobre as leis de proteção à infância existentes no país.

Ferramentas Mas, mesmo desinformada, a proteção dos interesses das crianças é defendida por quase a totalidade dos brasileiros: 94% são favoráveis ao cumprimento do artigo 227 e acreditam que a lei é pouco

respeitada tanto pelo governo, quanto pela sociedade, em seus diferentes aspectos, como serviços públicos, recursos e formulação de políticas. O programa Prioridade Absoluta dá ferramentas para as pessoas agirem em suas comunidades para garantir a prioridade da criança em quatro áreas: espaço público, educação, sistema de garantias e mídia e comunicação. A iniciativa oferece, em seu site, informações e ferramentas para que os interessados possam dialogar com o poder público, denunciar o que não está sendo cumprido e mobilizar a sociedade para garantir o cumprimento dos direitos das crianças. Afinal, mesmo com tantos avanços, sabemos que a infância ainda é negligência nos quatro cantos do Brasil.


Agricultura Familiar

A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu 2014 como o Ano Internacional da Agricultura Familiar. O anúncio foi feito durante evento realizado na sede da entidade, em Nova Iorque (EUA), pelo diretor-geral da Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva. O objetivo da organização é promover um setor que abrange milhões de propriedades em todo o mundo e que contribui para o alívio da fome e da pobreza. Relatório lançado recentemente constatou que a agricultura familiar é uma das principais atividades geradoras de novas fontes de trabalho na América Latina e Caribe. Na América do Sul, a participação da atividade nos empregos agrícolas é significativa, oscilando nos países analisados entre 53% (Argentina) e 77% (Brasil). Na América Central, a agricultura familiar representa mais de 50% dos empregos no setor agrícola em todos os países, com exceção da Costa Rica (36%). No Panamá representa 71% e em Honduras, 77%.

Segurança Alimentar Em comunicado oficial, a FAO ressaltou que a celebração do Ano Internacional da Agricultura Familiar pode incrementar ainda mais a atividade no centro das políticas nacionais agrícolas, ambientais e sociais. Especialistas estimam que haja mais de 500 milhões de tipos deste negócio em todo o mundo e destacam sua importância como forma de agricultura dominante, tanto nos países em desenvolvimento, como nos desenvolvidos. A agricultura familiar é definida como uma forma de organização agrícola, florestal, de pesca, pecuária ou aquicultura gerida e operada por uma família e que abrange agricultores de pequeno e médio porte, camponeses, comunidades indígenas, pescadores e pastores. Segundo a ONU, a agricultura familiar e de pequena dimensão contribui para a segurança alimentar e a nutricional, melhorando a qualidade de vida, protegendo o ambiente e promovendo o desenvolvimento sustentável.

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Políticas

Ano Internacional da


Terceiro Setor

Multiplicando o bem

Com o tema ‘O Bem faz Bem – Multiplique essa ideia’, a décima edição do projeto social Mackenzie Voluntário reuniu mais de 40 mil voluntários de todas as regiões do país em torno de um mesmo ideal: promover e disseminar ações solidárias. Como é de costume, a edição 2013 realizou diversos tipos de atividades socioculturais e educativas em áreas como saúde, educação, cultura, esporte e recreação, meio ambiente, desenvolvimento humano e projetos estruturais, como recuperação de praças públicas, pinturas de escolas, creches e consertos em geral, que beneficiaram organizações sociais e polos de ação comunitária. Todas as ações desenvolvidas pelo projeto estão baseadas nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, propostos pela Organização das Nações Unidas, que analisam os maiores problemas mundiais como: redução da pobreza; universalização do ensino básico, redução da mortalidade infantil e promoção da sustentabilidade ambiental.

10 anos de voluntariado Desde 2004, quando o projeto foi iniciado, mais de 180 mil voluntários já participaram de cerca de 6 mil projetos e ações realizados no Mackenzie Voluntário. Os números atestam a força da mobilização dos participantes. O primeiro ano do projeto reuniu pouco mais de 4 mil voluntários; em 2012 ele mobilizou 33 mil pessoas. Esse ano, foram mais de 40 mil participantes. O Mackenzie Voluntário é realizado anualmente e agrega as diversas ações de cidadania, 14

solidariedade e responsabilidade social desenvolvidas pela instituição de ensino, ao longo do ano, em entidades sociais, comunidades carentes e na sociedade em geral. O projeto não impõe fórmulas nem modelos a serem seguidos. Para os coordenadores do programa, o trabalho voluntário não deve ser feito por imposição de alguém. Ele é um compromisso livremente assumido, que torna a sociedade mais unida e faz de cada um de nós um ser humano melhor.


Terceiro Setor

Caia na rede da

inclusão digital Iniciada em 2005, a parceria Odebrecht, Microsoft Brasil e Dell Computadores continua levando conhecimentos e aptidões básicas de computação para milhares de pessoas em canteiros de obras e comunidades locais. Com conteúdo desenvolvido pela Microsoft, os cursos de alfabetização digital permitem que qualquer pessoa adquira conhecimentos básicos de informática e internet. Em um grau mais avançado, o Aluno Monitor, outro curso disponibilizado pela parceria, permite a qualificação do jovem como técnico em informática. Os dois cursos estão inseridos no Programa Caia na Rede, idealizado para disseminar a inclusão digital entre crianças, jovens, adultos e idosos. A instalação das salas e o treinamento dos instrutores são fornecidos pela Odebrecht e sua rede de empresas.

Corredor Dom Pedro No ano passado, o programa foi implantado pela Rota

dos Bandeirantes, empresa do grupo que atua em negócios relacionados à mobilidade urbana e responsável pela operação do chamado Corredor Dom Pedro. Até 2017, está prevista a abertura de 150 salas de aula com 1.600 computadores, capacitação de 300 professores e de 32 mil alunos nos 17 municípios do Corredor. Até o momento, a Rota dos Bandeirantes, em parceria com as prefeituras municipais, já instalou estações em Igaratá, Bom Jesus dos Perdões, Itatiba, Conchal, Artur Nogueira, Mogi Guaçu, Valinhos, Atibaia, Caetetuba e Paulínia. No caso de Valinhos, as salas já foram equipadas com a tecnologia 4G de internet, modelo que será adotado em todas as futuras estações. A tecnologia 4G fixa tem menor variação de sinal do que a internet por rádio, fibra ou cabo, independe de linha telefônica e sua instalação é extremamente simples: não há cabos e basta plugar o modem 4G em uma tomada para o sinal estar

disponível. Outra vantagem é que, mesmo sem energia, a internet continua disponível por um período de até quatro horas, já que há uma bateria no aparelho.

O Programa foi idealizado para disseminar a inclusão digital entre crianças, jovens, adultos e idosos

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Terceiro Setor

Óleo usado vira

sabão

“Junte Óleo, Ultragaz coleta, Soya Recicla”. A nova campanha, promovida pela parceria Bunge Brasil, Ultragaz e Instituto Triângulo, quer conscientizar a população, principalmente a dona de casa que utiliza óleo de cozinha, sobre a importância de reciclar e evitar o descarte do óleo usado na rede de água e esgoto. Um projeto piloto, que terá duração de um ano, acaba de ser lançado nas cidades de Fortaleza, Caucaia (CE), Ourinhos e Ribeirão Preto (SP) e pretende recolher cerca de 500 mil litros do resíduo neste período. Para cada dois litros de óleo coletado, o morador receberá duas barras de sabão biodegradável. Para participar, os moradores das regiões atendidas pelos caminhões da Ultragaz nessas cidades deverão entregar seu óleo usado. O óleo recolhido será encaminhado ao Instituto Triângulo, onde será transformado em sabão biodegradável, e a outras usinas parceiras, que transformam o produto em biodiesel, um combustível renovável.

Ampliação A campanha faz parte da estratégia de ampliação do programa Soya Recicla, que já conta com uma rede de mais de 1.600 pontos de coleta em São Paulo e no ABC paulista. De janeiro a setembro desse ano, o programa recolheu e reciclou

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mais de 417 mil litros de óleo de cozinha pós consumo. No mesmo período, a usina verde do Instituto Triângulo produziu mais de 246 mil barras de sabão, e o óleo destinado à produção de combustível renovável gerou 375 mil litros do biodiesel. A nova etapa marca a estréia da Ultragaz no projeto: “A coleta do óleo agrega valor ao serviço de entrega do gás de cozinha, trazendo mais um benefício para nossos clientes e o

meio ambiente”, afirma Daniela Gentil, gerente de sustentabilidade da companhia. Michel dos Santos, gerente de sustentabilidade da Bunge Brasil, explica que a mudança de postura das pessoas com relação à preservação do meio ambiente passa por um processo de sensibilização e conscientização. “Além de recolher o óleo, a campanha quer formar opinião e multiplicar práticas de ecologia urbana e de cidadania em outras cidades do país”.

A campanha visa conscientizar a população que utiliza óleo de cozinha sobre a importância de reciclar e evitar o descarte na rede de água e esgoto


em rede

A Fundação Volkswagen, que coordena os investimentos sociais da Volkswagen do Brasil, completou 34 anos de atuação em projetos focados na educação e no desenvolvimento social de comunidades de baixa renda. Entre os destaques de 2013, está o atendimento inédito a quatro novos estados brasileiros (Alagoas, Espírito Santo, Pará e Piauí), por meio dos projetos educacionais “Aceleração da Aprendizagem”, “Brincar”, “Entre na Roda” e “Jogo da Vida em Trânsito”. Os projetos educacionais articulados pela Fundação já beneficiaram, na última década, mais de 1,3 milhão de alunos em todo Brasil e ofereceu formação continuada a mais de 17 mil educadores da rede pública

de ensino de 386 cidades, em 11 estados brasileiros. Nesse ano, a Fundação levou o projeto “Aceleração da Aprendizagem” para cinco cidades do Espírito Santo – Cariacica, Serra, Viana, Vila Velha e Vitória. O projeto, que estreou em 2011, no Rio de Janeiro, reduz a defasagem idade-série no Ensino Fundamental, evitando a evasão escolar.

Parcerias A estratégia de atuação da Fundação Volkswagen baseia-se no desenvolvimento de um trabalho articulado em rede, por meio de parcerias entre os setores público, privado e a sociedade civil organizada, para implementar

projetos conjuntos que influenciem políticas públicas e que sejam sustentáveis a longo prazo. Em 2013, a 6ª edição do concurso “Volkswagen na Comunidade” teve recorde de inscrições. Foram 551 projetos sociais indicados por 208 instituições, sendo que dez projetos sociais foram premiados em dinheiro e com cursos de gestão. “Nossas ações e projetos têm permitido que muitas vidas sejam transformadas. Alunos, educadores e moradores de comunidades de baixa renda passam a enxergar novas perspectivas e sonhar com um País mais justo e um futuro promissor”, afirma o superintendente da Fundação Volkswagen, Eduardo de Azevedo Barros.

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Terceiro Setor

Trabalho articulado


Gestão

Indicadores de Cidadania

rompe barreiras Uma ferramenta inovadora que avalia indicadores sociais: assim pode ser resumido o Incid (Indicadores de Cidadania), projeto do Ibase em parceria com a Petrobras, que vem sendo desenvolvido há dois anos em 14 municípios do Rio de Janeiro. Os indicadores, que incluem qualidade na educação, acesso à água canalizada e situação do destino do lixo, foram construídos para possibilitar a análise de cada uma das dimensões da Cidadania Ativa: Cidadania Vivida, Cidadania Garantida, Cidadania Percebida e Cidadania em Ação. Segundo a coordenadora do projeto, Nahyda França, a lógica do Incid rompe as barreiras dos indicadores calçados em parâmetros econômicos, de renda ou de potencial de consumo de bens ou de serviços. “É uma ferramenta que pretende valorar a situação de cidadania de um determinado território, com indicadores pautados pelos direitos à educação, trabalho, saúde, meio ambiente, igualdade, diversidade e participação social”.

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Qual a razão? Para Adhemar Mineiro, técnico do Dieese e integrante do Grupo de Referência do Incid, um dos pontos positivos do projeto é que ele permite, a partir das informações e indicadores levantados, a melhoria da qualidade de vida das populações afetadas nos territórios pesquisados – seja pela organização social ou pela pressão por políticas públicas. Para a antropóloga Regina Novaes, a própria falta de dados em determinadas regiões já é um indicador que precisa ser analisado: “É preciso pensar o porquê de não haver dados em municípios que sofrem com questões como violência, saneamento básico, segurança e meio ambiente. É claro que existe uma razão”, ressalta. Os municípios incluídos no Incid são: Saquarema, Teresópo-

lis, São Gonçalo, Friburgo, Magé, Niterói, Cachoeiras de Macacu, Maricá, Silva Jardim, Rio Bonito, Tanguá, Casimiro de Abreu, Itaboraí e Guapimirim.

“É uma ferramenta que pretende valorar a situação de cidadania de um determinado território”


Cidadania

Disque 100 completa 10 anos

P

rincipal mecanismo de proteção dos Direitos Humanos no Brasil, o Disque 100 completou 10 anos de existência com a marca de mais de 3 milhões de atendimentos. Vinculado ao Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), o Disque 100 é um canal de comunicação da sociedade civil com o poder público que possibilita avaliar a dimensão da violência contra os direitos humanos e orientar a elaboração de políticas públicas. O serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana e recebe ligações gratuitas de todo o país, inclusive de telefones móveis. Os dados gerados pelo Disque Denúncia são fundamentais para o mapeamento de regiões críticas. Pelo número de denúncias recebidas, a Comissão pode detectar e agir regionalmente no combate aos principais focos de violência. No início, o serviço atendia exclusivamente denúncias de abuso e exploração sexual

contra crianças e adolescentes. Posteriormente, ele passou a acolher denúncias envolvendo violações de direitos de toda a população, especialmente os Grupos Sociais Vulneráveis, como crianças e adolescentes, pessoas em situação de rua, idosos, pessoas com deficiência e população LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). As denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos de proteção, defesa e responsabilização, de acordo com a competência e as atribuições específicas, priorizando o Conselho Tutelar como porta de entrada (nas situações de crianças e adolescentes), no prazo de 24 horas, mantendo em sigilo a identidade da pessoa denunciante. O serviço atua em três níveis: ouve, orienta e registra a denúncia; a encaminha para a rede de proteção e monitora as providências adotadas O elevado número de denúncias demonstra a importância do serviço e uma conscientização da população sobre o tema.

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Cidadania

Atendimento médico

na penitenciária

Estudantes da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da USP, estão prestando atendimento nas áreas de ginecologia e obstetrícia às detentas da penitenciária feminina da cidade, onde aproximadamente 350 mulheres cumprem pena por diferentes tipos de crimes. A iniciativa é pioneira no Brasil e inclui a realização de exames como papanicolau e avaliação de mamas para detecção precoce de possíveis casos de câncer. A rotina das consultas é, no mínimo, inusitada. Ao contrário do que acontece quando entram em um hospital, lá é preciso primeiro passar por uma rigorosa revista. Dos habituais instrumentos de trabalho, apenas o jaleco, o estetoscópio, uma caneta e o crachá de identificação do hospital são permitidos.

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Vantagens A iniciativa trouxe uma série de vantagens, tanto para os presos quanto para os alunos, já que o processo de transferência de detentos para atendimento em

hospitais envolve custos e alguns transtornos para ambas as partes. Para que um preso seja levado a um posto de saúde, por exemplo, são necessários, pelo menos, dois policiais para escolta e uma viatura, os quais poderiam estar atendendo outros casos. Há também o risco relacionado à segurança dos demais pacientes que se encontram nestes ambientes de saúde. Por isso, uma das maiores dificuldades para tratamento de população encarcerada é justamente a locomoção. Muitas vezes, eles faltam ao retorno não porque querem, mas porque não há escolta para levá-los. “Se o médico estiver lá, se a equipe de saúde estiver lá, você consegue um atendimento local e só vai tirar da penitenciária os casos de maior complexidade”, argumenta Carolina Macedo. Segundo a professora, a disciplina também é importante para o estudante conhecer o comportamento do paciente confinado, as doenças mais comuns numa penitenciária e desmistificar a máxima de que não é seguro

trabalhar dentro de uma penitenciária. “Tem médico que não quer nem ir porque tem medo, acha que não vai ser bem tratado ou que o ambiente não é seguro”, afirma a professora.

Futuro Diante dos bons resultados alcançados, a intenção agora é ampliar o projeto, envolvendo um maior número de alunos e pacientes. Uma das propostas, ainda em discussão, é utilizar a telemedicina como forma de expandir o atendimento. A iniciativa poderia evitar as transferências de presos que tanto atrapalham a rotina da penitenciária e do hospital e, em alguns casos, inviabilizam o atendimento por falta de efetivo. “O que fazemos é algo pioneiro. A USP prestando serviço à comunidade encarcerada e a população encarcerada servindo de campo de ensino e assistência para a Universidade de São Paulo. Se pudermos ampliar, seria ótimo”, ressalta a professora.

Projeto pioneiro atende detentas com exames de ginecologia e obstetrícia

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Cidadania

O atendimento começou de forma isolada com o trabalho simultâneo de dois docentes da FMRP, um deles, a professora Carolina Sales Vieira Macedo, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia. Atualmente, todos os alunos do 5º ano do curso de medicina prestam atendimento na penitenciária feminina quando passam pelo Internato em Saúde da Mulher I. Eles são divididos em grupos de dois alunos e realizam os atendimentos sempre às segundas e terças-feiras. “No começo é estranho porque é totalmente diferente da nossa realidade. Atendemos presos no hospital, mas nunca havíamos atendido essas pessoas na própria penitenciária”, relata Patrícia de Souza Pinto, estudante do 5º ano do curso de Medicina.


Negócio

Lixo

que vira renda O projeto deu um novo destino ao lixo: a confecção de bolsas e sacolas reutilizáveis C om o projeto Alinhavando

as Oportunidades, a Casa da Criança São José, localizada no bairro Cajuru, em Curitiba, deu um novo destino ao lixo produzido pelas empresas: a confecção de bolsas e sacolas reutilizáveis (ecobags). A ideia é simples. Um ônibus equipado com máquinas de costura visita as comunidades carentes em diversas localidades do estado e ensina mulheres a transformar o lixo em fonte de renda. Mensalmente, são confeccionadas e vendidas cerca de 600 bolsas. Parte do dinheiro arrecadado é aplicado na manutenção da creche comunitária Casa da Criança, que atende 130 crianças. A iniciativa também contribui para a redução do

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volume de lixo encaminhado a aterros sanitários. Segundo a coordenadora Maria de Lurdes de Oliveira, desde o início dos trabalhos, em 2010, o projeto já poupou o meio ambiente de receber mais de nove toneladas de lixo plástico. “Foram feitas 25 mil bolsas com material que poderia ter ido para o lixo e foi reaproveitado, gerando renda para famílias carentes”, conta a coordenadora.

Doação As alças das bolsas são confeccionadas com sobras de tecidos doados pela Altiseg, empresa especializada em segurança e que fabrica cintos para trabalho em altura. Par te da produção

das bolsas ecológicas já está sendo expor tada para países europeus como França e Inglaterra. “Contribuir para projetos como esse nos felicita de tal maneira que a cada dia queremos ajudar mais e reciclar mais”, ressalta Izabela Salete Luszczynski, responsável pela área de Sustentabilidade da empresa O projeto Alinhavando as Opor tunidades ganhou o Prêmio Expressão de Ecologia de 2013 na categoria Tecnologias Socioambientais e o Prêmio Mundo Melhor de 2013, realizado pela União de Ensino do Sudoeste do Paraná (Unisep) em parceria com a RPCTV e o Instituto GRPCOM (Grupo Paranaense de Comunicação).


Cajueiro da Praia Com pouco mais de 7 mil habitantes, a pequena cidade de Cajueiro da Praia, no litoral piauiense, ganhará um Centro de Formação de Empreendedores (Cefem) fruto da parceria entre governo estadual, prefeitura municipal e CARE do Brasil. A escola será autossustentável e ofertará cursos técnicos em temáticas relacionadas ao desenvolvimento local do território da Rota das Emoções. O centro contará com cinco unidades produtivas: uma pousada com seis bangalôs para hospedar os visitantes, tanques para criação de peixe, uma uni-

dade produtora de polpa de frutas, uma de lacticínios e uma horta orgânica para promover o ensino prático para os alunos. Em cinco anos, cerca de 500 jovens serão diretamente beneficiados pelo projeto, além de três mil adultos da mesma região, que serão beneficiados indiretamente. Segundo o coordenador regional da CARE Brasil, João Martins, os recursos para execução da primeira etapa já estão garantidos e os cursos de capacitações devem ser iniciados em julho de 2014, com jovens de pelo menos 14 municípios da região.

Peixe-boi O Centro será instalado ao lado da base Peixe-boi, sede da APA Delta do Parnaíba, em terreno doado pela União. O novo espaço vai contribuir para a redução da pobreza na região e promover a sustentabilidade por meio da educação de jovens voltada ao empreendedorismo social, ambiental e econômico. Cajueiro da Praia sedia uma das seis unidades do Projeto Peixe-Boi Marinho, estrategicamente instaladas no litoral nordestino nos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Ceará, Maranhão e Piauí. Exemplo de preservação, ele foi o primeiro município brasileiro a conceder o título de patrimônio natural do peixe-boi marinho. Para a diretora executiva da CARE Brasil, Renata Monteiro, a criação do Cefem é a realização de um sonho que busca promover a inclusão social através do uso racional dos recursos naturais.

Em 5 anos, cerca de 500 jovens serão beneficiados diretamente pelo projeto 23

Empreendedorismo

Centro de Formação em


Ação social

Investimento

Socioambiental O Programa Petrobras Socioambiental centralizará o apoio a projetos sociais, ambientais e socioesportivos da companhia e investirá R$ 1,5 bilhão entre 2014 e 2018. O conceito do novo programa reflete uma tendência mundial na área de Responsabilidade Social Corporativa e foi elaborado com base em diretrizes globais referenciadas pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas. Serão selecionados projetos em sete linhas de atuação: produção inclusiva e sustentável, biodiversidade e sociodiversidade, direitos da criança e do adolescente, florestas e clima, educação, água, e esporte. Além destas linhas de atuação, as iniciativas devem contemplar a equidade de gênero e de raça, e a inclusão de pessoas com deficiência. Entre os eixos estratégicos do programa, destaca-se a seleção pública de projetos socioambientais. A estatal também lançou o Prêmio Petrobras de Esporte Educacional, que destinará R$ 500 mil para tecnologias sociais de esporte educacional desenvolvidas por professores de instituições de ensino

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e organizações sociais de todo o país. As inscrições são gratuitas e individuais e estão abertas até 5 de fevereiro de 2014. O esporte educacional é voltado ao desenvolvimento de crianças e adolescentes por meio do esporte, alinhados aos princípios de inclusão, educação integral, cidadania e diversidade. A premiação abrange três categorias: terceiro setor, universidade e escola pública.

Resultados No período de 2007 a 2012, o programa Petrobras Desenvolvimento & Cidadania alcançou, direta e indiretamente, cerca de 15,7 milhões de pessoas no país e gerou milhares de postos de trabalho. O programa Petrobras Ambiental envolveu, entre 2008 e 2012, cerca de 4,6 milhões de pessoas em ações de educação ambiental e contribuiu para a conservação e recuperação de espécies, áreas degradadas e naturais em todos os biomas brasileiros.


Ação social

Tecnologias Sociais Sustentáveis (EcoTec) O governo do Rio de Janeiro reuniu três das suas principais ações socioambientais – Fábrica Verde, EcoModa e EcoBuffet – em um único espaço: o projeto Tecnologias Sociais Sustentáveis (EcoTec). A expectativa é que em 2014 sejam formadas mais de mil pessoas de 12 comunidades populares. O grande diferencial entre os projetos já implementados e o EcoTec é que as novas unidades serão montadas dentro da sede de instituições parceiras, instaladas nas comunidades que serão beneficiadas.

As aulas abordarão temas como reaproveitamento de alimentos e de materiais recicláveis, diminuição do lixo orgânico, destinação correta de lixo eletroeletrônico e de resíduos sólidos. A ideia é estimular a mudança de comportamento e a participação da população na melhoria da qualidade de vida e do desenvolvimento econômico e social da sua comunidade. Atualmente, os três projetos são promovidos no Complexo do Alemão, Manguinhos, Jacarezinho, Rocinha, Mangueira, Fogueteiro e Formiga, Batan, Morro da Chacrinha e comunidades adjacentes.

Tudo junto O Projeto Fábrica Verde, criado em 2011, abriu caminho para as demais ações ao oferecer qualificação em montagem e manutenção de computadores. Além de evitar o descarte incorreto das peças, este processo resulta na criação de telecentros comunitários gratuitos, que promovem inclusão digital. O EcoModa oferece capacitação em moda sustentável com foco no reaproveitamento e utilização de materiais usados com o menor impacto ambiental possível. A iniciativa busca a autonomia econômica e social de moradores de comunidades pacificadas, incentivando a prática do empreendedorismo. O EcoBuffet oferece o curso de técnicas de culinária com aproveitamento integral de alimentos e inclui temas como segurança alimentar, higienização do ambiente de trabalho e empreendedorismo.

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Cultura

Museu da

Natureza

Parque Nacional da Serra da Capivara reunirá coleção de fósseis de espécies que ocupavam a região

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Cultura

O

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou a concessão de apoio financeiro de R$ 13,7 milhões à Fundação Museu do Homem Americano, de São Raimundo Nonato (PI), para construção e implantação do Museu da Natureza, dentro do Parque Nacional da Serra da Capivara, no município vizinho de Coronel Dias. Localizado próximo ao Centro de Visitantes do Parque e de uma fábrica de cerâmica artesanal, o museu abrigará uma coleção de fósseis da macrofauna que ocupava a região e que sobreviveu às mudanças climáticas ocorridas há cerca de 10 mil anos. Alguns desses fósseis são de espécies descobertas na região, enquanto outros são de animais que hoje só existem na Floresta Amazônica. Com dois pavimentos e uma área construída de 4 mil m², o Museu da Natureza terá espaço de exposição, restaurante, auditório, lojas, área reservada ao acervo, instalações administrativas e sanitários. Além dos objetos expostos, serão usados recursos de animação, fotografias, perspectivas digitais e interatividade, assim como projetores, computadores, sensores, telas de cristal líquido e plasma, instrumentos interativos, redes, sonorização, iluminação e sistemas de automação. O investimento sairá do Programa BNDES para o Desenvolvimento da Economia da Cultura (Procult), com recursos não reembolsáveis do Fundo Cultural. A participação do banco corresponde a 68% do valor total necessário para viabilização do projeto. O museu deverá ser entregue em dois anos.

tar. A distância do parque a Teresina, capital do Estado, é de 530 km, e a Petrolina, uma das principais cidades do Estado vizinho de Pernambuco, é de aproximadamente 300 km. Ambas dispõem de aeroporto, e o acesso a esses dois núcleos urbanos é a principal via de acesso ao Parque. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o parque foi declarado patrimônio cultural da humanidade pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em 1991. Dentre os mais de mil sítios arqueológicos descobertos na região, 172 estão abertos à visitação, mas protegidos das ações do homem e da natureza.

Patrimônio cultural Com área de 129 mil hectares e 214 Km de perímetro, o Parque Nacional da Serra da Capivara está situado no sudeste do Piauí, ocupando áreas dos municípios de São Raimundo Nonato (maior centro urbano da região), João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. Os maiores atrativos para os visitantes são os diversos sítios arqueológicos, com pinturas rupestres pré-históricas características da região. Um deles, o Boqueirão da Pedra Furada, monumento pré-histórico no qual grupos humanos registraram sua cultura durante 29 mil anos em pinturas nas paredes das rochas, é o sítio arqueológico mais antigo das Américas. Em seu entorno, foi criada uma Área de Preservação Permanente (APP) de 10 km, que constitui um cinturão de proteção suplemen-

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Ajudando a construir um país melhor

Disseminar políticas, iniciativas e ações sociais capazes de contribuir para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar da população brasileira. Essa é a nossa missão. Promover o desenvolvimento humano é um grande desafio da sociedade atual.

Seja bem-vindo à Contexto Social


Sustentabilidade

Eu quero ter

um milhão de árvores Plantar um milhão de mudas nativas do cerrado até o final de 2014. Esse é o objetivo do projeto Tempo de Plantar, desenvolvido pelo governo do Distrito Federal, através da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), e do Instituto Brasília Ambiental (Ibram). “Vamos mobilizar toda a sociedade para plantar nesse ano de 2014, mesmo sendo no seu quintal, na sua casa”, enfatiza o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. As mudas serão plantadas em áreas públicas, mananciais, parques e unidades de conservação. Também haverá plantios feitos por meio do totem interativo, onde as pessoas plantam e recebem, por email, as mudas georeferenciadas para posterior visitação. “O plantio começou hoje, mas vamos percorrer todos os parques do DF”, explicou na ocasião Nilton Reis, presidente do Ibram. Participaram também do evento a primeira-dama, Ilza Queiroz, o Secretário de Meio Ambiente, Eduardo Brandão, o Subsecretário de Sustentabilidade Socioambiental da Semarh, Cadu Valadares, e o superintendente de Gestão de Áreas Protegidas do Ibram, Pedro Salgado.

Abertura Para marcar a abertura do Tempo de Plantar de 2014,cerca de 400 alunos da rede pública do DF plantaram 100 mudas de plantas nativas. O projeto visa aumentar e preservar as áreas verdes na cidade com a ajuda da sociedade, reforçando o sentimento de que todos são donos do meio ambiente. “A criança passar por aqui e dizer que plantou uma árvore no parque, que contribuiu para a preservação do meio ambiente, é uma lição para a vida toda”, destacou a professora Ana Claudia Barros, ressaltando que a ação vai além da complementação escolar. O programa é realizado com a parceria da Terracap, Novacap e Fundação Banco do Brasil, além da participação de cidadãos, entidades privadas e organizações não governamentais, como o Jardineiros do Planeta, movimento sem fins lucrativos voltado para a preservação do meio ambiente.

Tempo de Plantar quer mobilizar a sociedade em 2014 29


Resgate

Esquadrão

Pelicano

Sediado na Base Aérea de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, o Esquadrão Pelicano completou 56 anos salvando vidas. Responsável por buscas e resgates em todo o Brasil e até em países vizinhos, o esquadrão já participou de mais de 3 mil operações, voando aproximadamente 25 mil horas e resgatando mais de 6 mil pessoas. Equipado com aviões SC105 Amazonas e helicópteros UH-1H, o Esquadrão participa de missões de socorro, remoções de emergência de pacientes em estado grave para centros de maiores recursos médicos, atendimentos médicos e apoio em caso de catástrofes naturais. Também atua como suporte às

operações da Força Aérea Brasileira no resgate a aeronaves, navios e embarcações. O Esquadrão mantém equipes de prontidão 24 horas por dia e as aeronaves de resgate estão sempre prontas para decolar para qualquer destino. As missões de busca geralmente são realizadas pelos tripulantes dos aviões Amazonas, que por serem mais velozes alcançam os mais distantes pontos do País em poucas horas. Nos casos de operações noturnas, a tripulação utiliza óculos de visão noturna (NGV) para localizar e resgatar as vítimas. Os paraquedistas do Esquadrão Pelicano podem ser

lançados a partir de qualquer aeronave de busca, agilizando o atendimento às vítimas de acidentes ou o socorro imediato a náufragos em perigo até a chegada dos helicópteros de resgate. Essa agilidade é fundamental nas missões de resgate, pois pode representar a diferença entre a vida ou a morte de uma vítima. O Esquadrão Pelicano foi criado em 6 de dezembro de 1957 na Base aérea de Cumbica, em São Paulo (SP). Em 1972 foi transferido para a Base Aérea de Florianópolis (SC) e em 20 de outubro de 1980, mudouse para a Base Aérea de Campo Grande, em razão de sua localização estratégica.

Grupo completa 56 anos salvando vidas

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Acessibilidade

Aplicativo melhora a vida de deficientes visuais Criado para facilitar o uso de dispositivos móveis por pessoas com deficiências visuais, o aplicativo CPqD Alcance já está disponível para download em smartphones com tela sensível ao toque baseados no sistema operacional Android. Desenvolvido com recursos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel), o aplicativo utiliza recurso de narração automática por síntese de voz para facilitar o acesso do usuário às principais funções do aparelho. Essas funções são representadas por ícones na tela touchscreen do smartphone. Na medida em que a pessoa desliza o dedo sobre a tela, uma voz sintetizada informa a função correspondente àquela área. Com mais um toque, o usuário tem acesso à função: realizar e receber ligações, enviar e receber mensagens de texto (SMS), consultar o histórico de ligações, o nível de bateria, a data e hora e a lista de contatos telefônicos, entre outras.

Autonomia Além dessas funções básicas, o sistema oferece também algumas funções avançadas, como desper-

tador (com lembrete de voz), localização e auxílio ao deslocamento, tocador de música e leitor de arquivos de texto, por exemplo. O objetivo é dar mais autonomia e privacidade à pessoa com deficiência visual. O foco inicial do projeto são os mais de 6,5 milhões de deficientes visuais ou com grande dificuldade permanente de enxergar existentes no Brasil. Mas a aplicação pode beneficiar também outros usuários de smartphones, como pessoas com baixo letramento ou pouco familiarizadas com tecnologia – como idosos, por exemplo. Para fazer o download gratuito do CPqD Alcance, basta acessar a loja Google Play, no próprio aparelho, e procurar pelo aplicativo.

Ferramenta pode ser baixada gratuitamente em smartphones Android 31


Aprendiz

Aprendizes

no mercado de trabalho Nos últimos dez anos, mais de 700 mil aprendizes com idades entre 14 e 24 anos foram inseridos no mercado de trabalho brasileiro. Muitos deles são adolescentes retirados de uma situação irregular de trabalho e levados a uma condição regular e considerada protegida. A legislação brasileira é clara com relação à proibição do trabalho infantil. A Constituição Federal proíbe o trabalho noturno, perigoso ou insalubre a adolescentes com menos de 18 anos e de qualquer trabalho para quem tem menos de 16 anos – salvo na condição de “aprendiz”, a partir dos 14 anos. Por isso, a fiscalização realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (TEM) tem um papel importante no combate ao trabalho infantil e no cumprimento do Decreto Presidencial 6481/2008, que listou 93 atividades, com suas descrições e consequências para a saúde de crianças e adolescentes que as desempenhem.

Proteção Segundo Karina Andrade, auditora fiscal do Trabalho do MTE, o serviço de inspeção do trabalho atua de forma permanente no combate ao trabalho infantil. Todas as superintendências regionais do Trabalho e Emprego têm um projeto específico de combate ao trabalho infantil e proteção ao adolescente trabalhador. “Ao se deparar com uma criança ou adolescente em situação de trabalho irregular, é dever do auditor fiscal do trabalho afastálo imediatamente desse trabalho e acionar a rede de proteção a essa 32

faixa etária para que esses indivíduos tenham a atenção devida e suas famílias possam ser incluídas em programas assistenciais”, explica. Outra frente de trabalho importante e a sensibilização das empresas para receberem, na qualidade de aprendizes, os adolescentes afastados da situação de trabalho infantil. “A aprendizagem é uma excelente oportunidade para que esses meninos e meninas possam continuar seus estudos, adquirir uma profissão e ter acesso a um emprego e trabalho decente”, enfatiza Karina Andrade. Fruto da parceria entre a Prefeitura de Sorocaba, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e o Museu de Arte Contemporânea (Macs), o programa “Residência dos Artistas” vai selecionar dez artistas para uma temporada de imersão produtiva. Durante dez dias, eles ficarão residentes em uma fazenda com a proposta de produzir obras inéditas para posterior leilão, cuja renda será revertida para projetos do Fundo Social de Solidariedade (FSS). Segundo a presidente do FSS e idealizadora do projeto, Maria Inês Moron Pannunzio, o objetivo da parceria é incentivar a

prática de atividades de intercâmbio e aprendizagem relacionadas à arte. A Residência dos Artistas é um projeto inédito na cidade e sua produção artística é voltada para as questões ambientais visando à sustentabilidade.

Novos nomes Os participantes serão selecionados pela qualidade artística dos trabalhos, através da análise de portfólios realizada por especialistas do Museu de Arte. Os portfólios reúnem cinco imagens de trabalhos realizados nos últimos dois anos e cinco imagens de outros trabalhos relevantes para a compreensão da trajetória do artista, além da comprovação de participação em pelo menos três exposições individuais e/ ou coletivas. A expectativa é que o projeto possa divulgar novos nomes da arte contemporânea entre os artistas residentes. O período de residência vai do dia 25 de novembro ao dia 4 de dezembro. Os trabalhos serão expostos no Museu de Arte Contemporânea de 24 de janeiro a 3 de fevereiro, quando ocorrerá o leilão das obras para arrecadar fundos para o FSS.


Inovação

Óculos que ajudam

cegos a enxergar

Invenção inclui câmera, software e projetor infravermelho P

esquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, pretendem usar óculos adaptados para melhorar a percepção de quem tem visão muito reduzida e diminuir sua dependência de bengalas, cães-guias e outros auxílios externos. Os óculos incluem uma câmera e um projetor infravermelho, que consegue medir a distância que o usuário se encontra de objetos próximos, um giroscópio, bússola, GPS e um software que traduz todas essas informações. As informações coletadas viram imagens projetadas em displays de OLED transparente, que fazem as vezes das lentes dos óculos. Criada pelo pesquisador em neurociência e protética visual Stephen Hicks, a invenção ganhou o Prêmio Brian Mercer Royal Society de Inovação. Hicks recebeu 50 mil libras para continuar suas pesquisas, e declarou que irá usar a verba para incorporar funções de reconhecimento de objetos e textos aos óculos.

Visão residual Segundo os cientistas, a maioria dos cegos enxerga mais do que o famoso “fundo preto”: 54% das pessoas com deficiência visual ainda possuem a chamada “visão residual”, ou seja, ainda enxergam algo de luz e movimento. Cada aparelho é customizado, para que supra as necessidade visuais específicas do usuário, como acontece com os óculos de grau. Entre as possibilidades, os óculos tecnológicos podem diferenciar melhor objetos do fundo da imagem ou alterar o brilho da cena de acordo com a distância entre a pessoa e os obstáculos do caminho. As pessoas com deficiência visual ainda não conseguirão apreciar um filme no cinema da mesma maneira que as pessoas com visão normal, mas já é um importante passo para sua autonomia nas ruas e na vida em geral.

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Meio Ambiente

Estimulando a

educação

ambiental O compromisso com a responsabilidade socioambiental está mobilizando o planeta. Mas o momento exige mais do que consciência, exige ação. Nessa realidade, a educação ampla, geral e irrestrita, é o ponto chave para a construção de um mundo ambientalmente correto e socialmente justo. Educar a população, sobretudo os jovens, é o melhor caminho para garantir a preservação e a sustentabilidade do planeta. É a ponte para melhorar a relação entre o ser humano e a natureza. É o catalisador da mobilização para um futuro melhor. A Lumine Editora (www.lumineeditora. com.br) está ajudando a disseminar os conceitos da sustentabilidade entre crianças e adolescentes com as publicações da Coleção Rumo à Cidadania, Série Educação Ambiental, uma coleção de livros dirigida aos nove anos do Ensino Fundamental e já incorporada à prática pedagógica das escolas. Seu principal objetivo é colaborar e incentivar o desenvolvimento das atividades voltadas ao tema por meio de um enfoque lúdico e investigativo, sem comprometer o rigor e a precisão das informações. Por isso, cada livro foi concebido de modo a encorajar a observação, o olhar crítico, o questionamento e, sobretudo, a realização de ações capazes de aproximar os alunos da natureza. A série também contempla os educadores com orientações didáticas para otimizar a utilização dos livros dirigidos aos alunos. O Guia do Professor reúne atividades complementares que podem enriquecer o planejamento e o encaminhamento das atividades em sala de aula, utilizando recursos pedagógicos que estimulam a reflexão sobre a educação ambiental e seus princípios. 34

Seriados As publicações da série Educação Ambiental atuam em várias frentes. Os livros destinados aos alunos do 1º ao 3º ano exploram o universo particular dos alunos em relação à natureza, favorecem a observação dos elementos naturais mais próximos à sua realidade e valoriza ações cotidianas para a preservação dos recursos naturais. Os títulos são sugestivos: ‘Você e a natureza’, ‘Elementos da natureza’ e ‘Eu, nós e o meio ambiente’. Para os alunos do 4º e 5º ano, os livros transportam os estudantes a uma verdadeira viagem de exploração por diferentes paisagens brasileiras, abrindo caminho para o conhecimento da vasta riqueza da nossa biodiversidade com os volumes ‘Paisagens brasileiras’ e ‘Meio ambiente e poluição’. Para os alunos do 6º e 7º ano, as publicações procuram construir um panorama crítico, investigativo e atualizado do uso da água e de outros recursos naturais. Os volumes ‘Água e vida’ e ‘A natureza é uma só’, propõem a busca de soluções práticas para os problemas ambientais enfrentados nas próprias comunidades e o uso racional e respeitoso da natureza. No 8º e 9º ano, o eixo temático é o restabelecimento da ligação entre as pessoas, o meio ambiente e seus recursos naturais. Os livros desta série – ‘Consumo e Meio Ambiente’ e ‘Por um mundo mais sustentável’ – estimulam o consumo consciente calçado nos três pilares do desenvolvimento sustentável: ambiente, sociedade e economia. A Coleção Rumo à Cidadania, série Educação Ambiental, aposta na educação como elemento de transformação da sociedade e na popularização do tema como ferramenta para o exercício da cidadania.


Meio Ambiente

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Mobilização

Corrente do Bem

dissemina gentileza Com a proposta de disseminar uma nova cultura baseada em práticas cotidianas de generosidade, o movimento mundial colaborativo ‘A Corrente do Bem’ mobiliza milhões de voluntários em 64 países. O foco do movimento é mostrar que boas ações são simples, rápidas, divertidas e têm um enorme potencial de transformar a sociedade; ou seja, o impacto social de uma boa ação, de um gesto de carinho ou de uma gentileza gera um fator multiplicador de bemestar social. A ideia é pedir que a pessoa que recebe o ato passe o gesto adiante; que seja um agente da gentileza. As ações acontecem espontaneamente no dia a dia, mas uma vez por ano, mais especificamente no dia 25 de abril, esses milhões de voluntários se conectam neste corrente do bem para comemorar o Dia Mundial da Boa Ação.

Simplicidade

As boas ações são simples, rápidas, divertidas e têm um enorme potencial de transformar a sociedade 36

Lívia Hollerbach, uma das coordenadoras do movimento no Brasil, explica que é no cotidiano das pessoas que residem as melhores oportunidades de realizar um ato gentil. “A Corrente do Bem defende que a prática de atos gentis e generosos envolve simplicidade e despojamento”. Isso inclui iniciativas como pagar um café para a pessoa que esta atrás na fila da cafeteria, ajudar o vizinho a transportar as compras, dar um abraço encorajador em um amigo ou colega de trabalho ou simplesmente segurar o elevador. O importante é estar disposto a passar adiante a gentileza, estar conectado com pequenos atos que tornam o mundo melhor e mais humano. O movimento não é exclusivo ao auxílio de pessoas em situação de risco social. “É claro que existem atos mais complexos como mobilizar os amigos a doar tempo em prol de uma instituição; ou arrecadar brinquedos e livros para entidades assistenciais. No entanto, o que importa mesmo é a disponibilidade de tornar a generosidade algo palpável, coletivo e cotidiano”, ressalta.


Artigo

Bullyng:

uma chaga social

Estranheza a pessoas com características diferentes de si mesmo ou dos parentes pode ser o start para os primeiros atos de bullying que muitas vezes acontecem na escola. Especialistas pedem total atenção ao assunto que cresce vertiginosamente entre qualquer contexto social. Antes, os pais não compreendiam que os filhos reproduzem lá fora o que vivenciam em família. Hoje é comum essa discussão. Viver em sociedade exige obediência às regras e limites. Vale salientar que há espaço garantido para o exercício firme da autoridade que não deve ser permissiva a infrações que exponham pessoas ao ridículo, à opressão por palavras ou atos de violência física e/ou psicológica. A união entre professores, gestores e a aproximação da família podem fazer toda a diferença para solucionar ainda no início os movimentos de crianças e adolescentes contra os colegas. Em casa os pais devem estar alertas, ensinar aos filhos o respeito às diferenças; na escola, por sua vez, os professores devem acionar imediatamente a direção ao perceber os primeiros sinais de bullying, uma palavra inglesa que significa valentão, brigão. Crianças e adolescentes que passam por humilhações racistas, difamatórias ou separatistas tendem a apresentar doenças psicossomáticas, pois se sentem acuadas. Os traumas podem alterar a personalidade. Por isso o assunto tem conquistado espaço para troca de experiências bem sucedidas dos educadores. O bullying pode ser o começo da violência pronta a desencadear a delinquência juvenil gratuita que cresce assustadoramente. Mas não é apenas nas grandes cidades e entre meninos e meninas carentes. Nas escolas das redes pública e privada, situadas em áreas urbana e rural e até entre alunos da Educação Infantil, com menos de cinco anos de idade, pode-se observar a prática de atos dessa natureza. Para pais e professores, levar a sério sinais que podem conduzir à identificação de vítima (baixa autoestima, depressão, desejo de abandonar os estudos sem causa aparente) e agressor (aqueles que se consideram líderes ou mais populares da turma, de fala contundente e de pouca tolerância) significa encurtar o caminho até as soluções conjuntas para reverter a situação. Uma professora de Aracaju decidiu se aproximar do aluno que identificou como autor de prá-

tica do bullying contra os colegas. Procurou ouvi-lo ao invés de julgá-lo e buscou discutir a temática em sala de aula sem citá-lo, também propôs encenações teatrais e produção de cartazes com imagens que denotavam o quanto as vítimas sofriam com isso. O resultado foi que o jovem se aproximou mais da turma e a convivência geral melhorou muito. Fica a mensagem que se o bullying é uma prática evidente de exclusão, o melhor não é criticar e sim auxiliar alguém especialmente quando é uma pessoa em formação. A atitude da professora pode ser replicada e, quem sabe, muitos estudantes poderão fazer diferente após serem motivados, evitando assim que, mais tarde, essa violência pule os muros da escola, se transforme em algo de difícil reversão e com consequências muito mais sérias. A escola precisa encarar de frente o problema ensinando o desenvolvimento da civilização humana mostrando autoridade clara para reforçar que democracia não pode jamais abrir espaço para a tirania. Autor: João Carlos Bacelar, deputado estadual e ex-secretário municipal da Educação de Salvador.

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