Ano 1 - Número 9 - Janeiro/2013 - Distribuição nacional gratuita
O perfil solidário de
ISSN 2318-8464
Luigi Baricelli Bolsa atleta para paraolímpicos do DF
Bairro-Escola, o sucesso da articulação comunitária
Um olhar para a cidadania está no ar
Ajudando a construir um país melhor
Disseminar políticas, iniciativas e ações sociais capazes de contribuir para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar da população brasileira. Essa é a nossa missão. Promover o desenvolvimento humano é um grande desafio da sociedade atual.
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Expediente
Diretor: Paulo Pedersolli Editor Chefe: Maurício Cardoso - 1314/DF mauricio@revistacontextosocial.com.br Chefe de Reportagem: Jair Cardoso jair@revistacontextosocial.com.br Serviços Editoriais: Luana Gonçalves de Araújo Projeto Gráfico e Diagramação: Cláudia Capella Webdesign: Luiz Augusto Garcia Redes Sociais: Adriano Freire Publicidade: Juliana Orem Revisão: Denise Goulart Agências de Notícias: Brasil, Sebrae, USP, RTS, PORVIR
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Carta ao leitor Não é de hoje que ídolos e artistas disponibilizam seu nome, seu tempo e seu prestígio em favor de causas sociais. Nossa matéria de capa traz uma entrevista exclusiva com o ator Luigi Baricelli, voluntário em diversas iniciativas sociais como o movimento de resgate de crianças desaparecidas. Ele fala um pouco sobre o perfil solidário do cidadão Luigi. Em Salvador, o Bairro-Escola Rio Vermelho está transformando a região em uma grande sala de aula, onde o aprendizado acontece a toda hora, em todo lugar e com as mais diferentes pessoas. Lá, os alunos aprendem literatura na biblioteca, arte nas galerias, física na oficina mecânica, cidadania nas praças, cultura com as baianas de acarajé e história com os antigos moradores. Em Mauá (SP), em meio a panelas, aventais e talheres, um professor da Escola Estadual Padre Afonso Paschotte encontrou uma forma divertida e diferente de ensinar português, onde os alunos praticam ortografia e poesia com a ajuda de revistas, livros, caça-palavras e até sopa de letrinhas. A iniciativa aumentou a interação e a colaboração em sala de aula. Pesquisadores da Embrapa querem alavancar a produção de camu-camu e tornar a cultura mais eficiente no Brasil. O camucamu é uma grande fonte de vitamina C, superando em 20 vezes o teor da acerola e em 100 vezes o do limão. A fruta cresce nas várzeas dos rios, principalmente na época das cheias dos rios amazonenses. No Pará, o projeto ‘Transformando Vidas’ está possibilitando a reinserção social de detentos da Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel, onde vários internos desempenham um trabalho especial: cultivar mudas de folhagens e flores que servem de alimento às borboletas e lagartas do Borboletário do Mangal das Garças. Está no ar o programa Um Olhar para a Cidadania, produzido por deficientes visuais em estúdio de rádio com computadores que respondem a comando de voz e um roteiro de programação totalmente em braile. Essas são apenas algumas matérias da nona edição da revista Contexto Social. Seja bem-vindo e tenha uma boa leitura.
Edições anteriores
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Jorge Gerdau:
Ela comanda a política nacional contra a pobreza
Ÿ Sem educação o Brasil jamais
será verdadeiramente livre Ÿ A realidade mundial exige a integração empresarial-acadêmica
A força das mulheres nos programas sociais da Sudeco
CIDADANIA Novo equipamento favorece portadores da síndrome de Down 19 Bairro-Escola, o sucesso da articulação comunitária 20 NEGÓCIO O bilionário mercado da reciclagem
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MOBILIDADE Cicloturismo urbano em São Paulo
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Gol de Letra do craque Raí Guardiões do Mar mobiliza cooperativas de reciclagem
AÇÃO SOCIAL Um olhar para a cidadania está no ar Programa de “adoção” reduz risco de depressão em idosos
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CULTURA Arte e cultura como forma de integração
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EDUCAÇÃO Forma divertida de aprender Português
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NUTRIÇÃO Camu-Camu, grande fonte de vitamina C
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SUSTENTABILIDADE Reaproveitamento de água na lavagem do café
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MOBILIZAÇÃO Estudantes conquistam faixa de pedestre
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INTERCÃMBIO Governo remunera investidor em projeto social
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ACESSIBILIDADE Urna eletrônica para deficiente visual
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MEIO AMBIENTE Espaço integra meio ambiente, cultura e educação
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INICIATIVA Era uma vez um pequeno vendedor
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INOVAÇÃO Abrigo flutuante para sobreviventes de desastres naturais
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Cultura de paz nas escolas
Autistas interagem com tecnologia touch
CNA e Sebrae unidos no semiárido
Ano 1 - Número 6 - Outubro/2013 - Distribuição nacional gratuita
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ONG fiscaliza ações do governo
Rota da Liberdade, turismo com inclusão social
Outubro Rosa mobiliza o mundo
ARTIGO Os sem-teto espalhados pelas cidades do mundo inteiro. O que fazer? 37
Cidadania com reflorestamento
Jovem amigo da criança Uma boa ideia pode mudar a vida de muitas crianças
Ano 1 - Número 8 - Dezembro/2013 - Distribuição nacional gratuita
As batidas de um coração
O mundo contra a AIDS ISSN 2318-8464
GESTÃO Detentos cultivam flores para borboletário
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Ano 1 - Número 1 - Abril/2013
TERCEIRO SETOR Primeira escola rural 100% conectada Integrando jovens da periferia paulistana Produtores lucram com Centro Comunitário de Produção Legado positivo para os megaeventos
Ano 1 - Número 2 - Maio/2013 - Distribuição gratuita
POLÍTICAS Bolsa atleta para paraolímpicos do DF 9 Adesão ao Protocolo de Proteção de vulneráveis 11 Desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades tradicionais 12
Ano 1 - Número 3 - Junho/2013 - Distribuição nacional gratuita
Sumário
CAPA O perfil solidário de Luigi Baricelli
Corrente do Bem dissemina gentileza
Caia na rede da inclusão digital
www.facebook.com/contextosocial www.twitter.com/contextosocial
Óculos que ajudam cegos a enxergar
Capa
O perfil solidário de
Luigi Baricelli Não é de hoje que ídolos e artistas disponibilizam seu nome, seu tempo e seu prestígio em favor de causas sociais. A fama funciona como um catalisador no processo de divulgação e mobilização da sociedade. Fora das telas, o ator Luigi Baricelli participa ativamente do Projeto Desaparecidos, que trabalha para esclarecer desaparecimentos de crianças e jovens no Brasil, e é engajado em projetos sociais ligados ao tênis, esporte que pratica todos os dias nas horas vagas. Em entrevista exclusiva á revista Contexto Social, ele fala um pouco sobre o perfil solidário do cidadão Luigi Baricelli. 5
Capa
Em 2010, você esteve na Câmara dos Deputados para defender a importância do Projeto Desaparecidos e chamar a atenção da sociedade sobre o problema. O que mudou de lá para cá? A sociedade está mais consciente e mobilizada em torno desta questão? Acredito que o grupo se fortaleceu e consegui chamar a atenção de uma grande parte da sociedade que nunca teve essa preocupação e que agora está mais conscientizada, mas não podemos deixar que essa triste realidade caia no esquecimento. Se ficarmos parados, nada acontece. Continuo engajado no movimento e cada vez que uma criança é encontrada, é um prêmio para todos que lutam contra esse tipo de acontecimento triste.
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De onde veio o interesse pelo problema social das pessoas desaparecidas? Conheci a Wal Ferrão, presidente do Portal Kids, que foi quem me apresentou essa triste realidade. Depois deste encontro, prontifiquei-me a ajudar no que fosse possível, e o que eles precisavam naquele momento era da divulgação do projeto. Então, entrei de corpo e alma nessa luta. Certa vez, você afirmou que é importante que o artista participe de projetos sociais. Sua afirmação teve repercussão no meio artístico? Felizmente, sim. Muitos amigos abraçam essas causas e ajudam como podem.
“Depois que conheci a triste realidade das pessoas desaparecidas, prontifiquei-me a ajudar. Então, entrei de corpo e alma nessa luta”
Capa
Não é de hoje que você é engajado em projetos sociais, como o Criança Esperança, o Projeto Escola e o Mães do Brasil. Você imaginou que um dia poderia usar seu prestígio e seu carisma para estimular a formação de uma corrente do bem?
cinha. Como o esporte, mais especificamente o tênis, pode ajudar a combater os problemas sociais?
É uma troca de energia absurda que nos conforta. Fazer o bem é uma forma de retribuirmos tudo de bom que ganhamos e conquistamos na vida! Que bom poder ajudar, faço de coração.
Esporte é saúde, é foco, é determinação. Com o esporte, muitas crianças deixam as ruas e se dedicam à prática do bem. O esporte, aliado à educação, além de ajudar na proteção social, é também um resgate de crianças e jovens em situação de perigo, mantendo-os ocupados com atividades prazerosas e longe das ruas.
Você também participa de projetos sociais ligados ao tênis, é padrinho de uma escolinha de tênis e até nome de um torneio de tênis na Ro-
O que você sente quando vê ídolos e artistas disponibilizando seu nome, seu tempo e seu prestígio em favor de causas sociais?
O esporte, aliado à educação, além de ajudar na proteção social, é também um resgate de crianças e jovens em situação de perigo 7
Capa
Acho incrível. Como a velha e verdadeira frase diz: “A união faz a força”. O empresário Jorge Gerdau defende que “o voluntariado é a chave para o desenvolvimento e que utilizá-la depende apenas da vontade de cada um”. Você concorda com essa afirmação? Claro. Na verdade, muita gente quer ajudar e não sabe como, mas, assim como qualquer coisa na vida, se não formos atrás, não encontraremos o que queremos e o mundo ainda é muito carente de solidariedade. Sempre poderemos ajudar de alguma forma, basta ter força de vontade.
Podemos afirmar que o Brasil é um país solidário?
ças para ajudar os menos favorecidos.
O Brasil é um país solidário, mas é muito carente também. Precisamos estimular cada vez mais a prática da solidariedade como princípio básico da sociedade.
Na sua visão, qual ou quais são os principais problemas sociais brasileiro?
Na sua opinião, qual a importância do chamado Terceiro Setor no enfrentamento dos problemas sociais? Tudo que vem para ajudar, independentemente do nome que tenha, é sempre bem-vindo. Não importa se é primeiro, segundo ou terceiro setor. O importante é unir for-
Em 1º lugar, a Educação. Melhorar a educação é o ponto de partida para combater os demais problemas sociais, como a violência e o desemprego. Na sua opinião, o que está faltando para solucionar os graves problemas sociais ainda enfrentados pelo Brasil: recursos financeiros, vontade política, ou ambos? Ambos, sem dúvida!
“Muita gente quer ajudar e não sabe como, mas se não formos atrás, não encontraremos o que queremos e o mundo ainda é muito carente de solidariedade” 8
Políticas
Bolsa atleta
para paraolímpicos do DF
O
s atletas paraolímpicos do Distrito Federal começaram 2014 com uma boa notícia. A partir deste ano, os esportistas com deficiência do DF poderão ser beneficiados pelo programa Bolsa Atleta local. Segundo o Governo do Distrito Federal (GDF), serão investidos cerca de um milhão de reais em atletas paraolímpicos. As bolsas serão pagas para quatro categorias, com valores que variam de R$ 320,00 a R$ 1.400,00: Estudantil A (atletas de 12 a 20 anos, com participação em jogos escolares distritais, nacionais ou internacionais); Estudantil B (atletas do ensino superior com participação em jogos universitários distritais, nacionais ou internacionais); Distrital (atletas com participação em competições regionais e distritais, com pelo menos 14 anos); e Nacional (atletas com participação em competições nacionais da Série A, ou quando não houver indicação, da Série B). Além dos atletas, o benefício poderá ser estendido aos guias de atletas com deficiência visual ou aos
calheiros da bocha adaptada. Para isso, será necessário apresentar uma declaração do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), de entidade nacional ou da Associação dos Representantes do Esporte para Pessoas com Deficiência do Distrito Federal que o reconheça como guia ou calheiro. No critério de seleção para receber a bolsa, serão levadas em conta as melhores colocações em cada competição, obedecendo ao ranking ou índice da categoria. Caso haja empate, cada competição internacional, nacional, regional ou distrital terá um peso para determinar as posições da lista. A lei 1.754/2013, que alterou o programa Bolsa Atleta, estendendo o benefício para atletas paraolímpicos, foi sancionada pelo governador Agnelo Queiroz no último dia 27 de dezembro. “A iniciativa significa mais um avanço do governo em atenção às reivindicações dos atletas da nossa cidade”, ressalta o secretário de Esporte, Julio Cesar.
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PolĂticas
Políticas
Adesão ao
Protocolo de Proteção de vulneráveis
Quatro estados já aderiram ao Protocolo Nacional Conjunto para a Proteção Integral a Crianças e Adolescentes, Pessoas Idosas e Pessoas com Deficiência em Situação de Riscos e Desastres: Amapá, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Instituído pela Portaria Interministerial nº 2, de 6 de dezembro de 2012, o Protocolo busca assegurar a proteção, com vistas a reduzir a vulnerabilidade a que estiverem expostos; e orientar agentes públicos, sociedade civil, setor privado e agências de cooperação internacional que atuem em situação de riscos e desastres. O Protocolo prevê ações e diretrizes focadas nas ações de prevenção, preparação, resposta e recuperação, considerando políticas setoriais integradas nas áreas de proteção e defesa civil, saúde, assistência social, educação, segurança pública, acampamentos e abrigos temporários.
Gestão conjunta Outros 14 estados já manifestaram interesse em aderir ao plano e já estão em processo de
credenciamento: Goiás, Acre, Amapá, Rondônia, Tocantins, Pará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. A execução do Protocolo será coordenada por um Comitê Gestor conjunto composto por representantes do Ministério da Integração Nacional e da Secretaria de Direitos Humanos. O Comitê conta ainda com a participação dos Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Saúde; Cidades; Educação; Defesa; Justiça e Segurança Institucional da Presidência da República. A importância da adesão de estados e municípios ao documento será reforçada junto aos prefeitos e governadores de todo o país. A ideia é unir forças para fomentar atividades de capacitação continuada e integrada dos agentes envolvidos nas ações de proteção de vulneráveis em situação de riscos e desastres. Por isso a importância de todos os municípios aderirem ao Protocolo.
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Políticas
Desenvolvimento
dos povos e
comunidades tradicionais A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) firmaram acordo de cooperação técnica para promover o desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades negras tradicionais. Até dezembro de 2016, a parceria investirá R$ 5,5 milhões na realização de mapeamentos socioeconômicos dos territórios tradicionais e no fortalecimento de cadeias produtivas do agroextrativismo quilombola capazes de agregar valor aos produtos oriundos dessas comunidades. As ações vão contribuir para a ampliação dos dados oficiais referentes a um segmento historicamente “invisível”, facilitando a implementação de políticas públicas que o beneficie. No caso das comunidades tradicionais de matriz africana, atualmente são conhecidos apenas sete levantamentos realizados por instituições públicas, privadas e universidades. O resultado aponta para a existência de 7.582 casas, porém os números são parciais, visto que não abrangem todo o país.
Números não batem Em relação aos quilombos, a secretária de Políticas para Comunidades Tradicionais da Seppir, Silvany Euclênio, afirma que os índices de cadastros oficiais e mapeamentos “estão longe do ideal”. Como exemplo, ela cita que apenas 450 comunidades em 257 municípios possuem o RTID (Relatório Técnico de Identificação e Delimitação), um conjunto de documentos que abordam a história dos grupos e a ocupação do território, enquanto que o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal aponta a existência de mais de 4 mil comunidades remanescentes de quilombos no Brasil. Os dados disponibilizados pelo Cadastro Único mostram, ainda, que os indicadores so-
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cioeconômicos dos quilombos estão abaixo do restante da população negra e brasileira em geral. Em 2013, três quartos do total de famílias quilombolas cadastradas estavam abaixo da linha da pobreza.
Quilombos do Brasil “As ações do acordo são necessárias para combater a precariedade social e econômica que incide sobre as comunidades quilombolas e de matriz africana. A partir da cooperação com o Pnud, teremos três anos para consolidar e disponibilizar dados que vão permitir que as políticas públicas sejam dirigidas a essas áreas mais vulneráveis”, destaca o especialista em Políticas Públicas da Seppir, Renato Flit.
Políticas
sustentável
Ele ressalta que outro ponto crucial da iniciativa é o desenvolvimento de cadeias produtivas ligadas ao agroextrativismo, com a finalidade de agregar valor aos produtos oriundos de comunidades quilombolas. A principal estratégia é a identificação dos itens com o Selo Quilombos do Brasil, criado pela Seppir no âmbito do Programa Brasil Quilombola (PBQ). O Selo Quilombos do Brasil identifica produtos oriundos de comunidades quilombolas, como verduras, legumes, polpas de frutas, laticínios e artesanato, a fim de promover maior valorização étnico-cultural e possibilitar novos espaços de comercialização. A marca pode ser utilizada por agricultores familiares quilombolas (pessoas físicas) que possuam Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), cooperativas ou associações de agricultores familiares quilombolas que possuam ou não DAP e empresas cujos produtos tenham participação relevante na agricultura familiar quilombola.
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Terceiro Setor
Primeira escola rural
100% conectada
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Zeferino Lopes de Castro, localizada em Viamão, no Rio Grande do Sul, é a primeira instituição rural de ensino 100% conectada por fibra óptica. A novidade é fruto do projeto ‘Escolas Rurais Conectadas’, liderado pela Fundação Telefônica Vivo e que já forneceu conexão 3G para cem escolas em áreas rurais, beneficiando 11 mil alunos e mais de 700 professores de sete estados. Desde 2012, a Fundação patrocina novos modelos educacionais em áreas rurais, explorando o potencial do uso das tecnologias para a melhoria na qualidade de ensino, e apoia educadores e gestores no desenvolvimento de um novo formato de educação, utilizando as novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) como ferramentas.
Tecnologia Com a chegada do projeto, a escola Zeferino Lopes de Castro ganhou um laboratório para o uso intensivo de tecnologias durante as aulas. Cada aluno do primeiro ao terceiro ano ganhou um tablet; os do quarto ao nono ano receberam netbooks. A instituição também foi equipada com kits de robótica, filmadoras e projetores. A velocidade da rede é de 54 mb, que é a mais rápida do país. Com essa conexão de qualidade, são atendidos ao mesmo tempo cerca de 100 alunos e também colaboradores. Além de explorar o potencial tecnológico na área educacional, a iniciativa busca transformar e abrir novas oportunidades e perspectivas aos estudantes. Com essa oportunidade, a instituição pode se tornar uma referência nacional em inovação na educação no meio rural.
Conexão por fibra óptica atende a mais de 100 alunos e colaboradores 14
Terceiro Setor
Integrando jovens da
periferia paulistana Estimular, promover e reconhecer o trabalho de pessoas que se destacam pelo voluntariado e o talento cultural de crianças e adolescentes de comunidades carentes. A missão da ORPAS (Obras Recreativas, Profissionais, Artísticas e Sociais) vem sedo cumprida à risca desde 2005, quando a entidade social foi criada para integrar jovens da periferia da zona sul de São Paulo através da arte, da cultura e da formação profissional. Focada no desenvolvimento local das comunidades menos favorecidas, a ORPAS aplica programas sociais como a Moeda Social, iniciativas de Microcrédito, e inúmeros cursos de formação como artes, robótica, informática, empreendedorismo da mulher, teatro e esporte, entre outras atividades que envolvem mais de 500 jovens e engaja cerca de 1.000 famílias em suas iniciativas. Como se não bastasse, a ORPAS também incentiva a leitura e a produção literária como ferramentas de transformação e integração social. Recentemente, alunos e orientadores contaram um pouco de suas histórias no livro “Um sonho de periferia”.
Empreendedorismo A formação de jovens empreendedores também é uma das especialidades da instituição que vem sendo reconhecida no cenário internacional como fonte de jovens profissionais que já atuam em instituições da Europa e Amé-
rica Latina. Anualmente, a instituição premia lideranças culturais e sociais que atuam na região com o ‘Troféu Periferia’. “Temos muitas coisas boas na periferia e precisamos intensificar as ações de promoção com tantos talentos que desenvolvemos aqui. O Troféu Periferia contribui para mostrarmos ao Brasil e ao mundo que milhares de pessoas que vivem aqui são trabalhadoras, esforçadas, que também querem construir, aprender e disseminar a importância da mobilização social”, explica Daniel Neves de Faria, fundador da entidade. O trabalho realizado pela ORPAS ultrapassou fronteiras. Além de conquistar diversos países, como Gales, Romênia, Espanha, Argentina e Venezuela, a instituição recebe intercambistas para apoiar as ações que estão transformando o bairro Jardim São Luiz, na zona sul paulistana.
“Temos muitas coisas boas e precisamos intensificar as ações na periferia” 15
Terceiro Setor
Produtores lucram com Centro Comunitário de Produção O Centro Comunitário de Produção (CCP) Boa Esperança, em São Fidélis, no Norte Fluminense, completou dez anos de atividade com o apoio do Departamento de Responsabilidade Social e Projetos com a Sociedade da Eletrobras. O mais antigo CCP implantado com o apoio da empresa é responsável pelo aumento de mais de 80% na renda das famílias dos pequenos produtores de leite que participam do projeto. O CCP Boa Esperança nasceu de uma parceria da Eletrobras com a Cerj (atual Ampla), a Emater-Rio, a prefeitura de São Fidélis e a Associação de Produtores de Boa Esperança. O Centro está equipado com dois tanques de armazenagem e resfriamento. As máquinas, doadas pela Eletrobras, mantêm a temperatura do leite a 4ºC, garantindo a sua qualidade. Assim, os produtores da comunidade podem negociar o produto a preços mais altos e aumentar o faturamento. Atualmente, 101 famílias são beneficiadas pelo projeto.
Preço justo O presidente da Associação de Produtores de Boa Esperança, Reginaldo Amaral, comemora o resultado e já prevê um significativo crescimento da produção nos próximos anos. “Estamos conseguindo um preço mais justo pelo nosso produto. O projeto também está contribuindo para o crescimen-
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to da região e gerando empregos. Atualmente, recebemos 3,5 mil litros por dia. Esperamos, em 2014, trabalhar com 6 mil litros e, em 2015, com 10 mil litros de leite por dia”, disse. Além do CCP Boa Esperança, a Eletrobras apoia outros 25 Centros Comunitários de Produção. “O apoio à instalação dos CCPs é uma iniciativa totalmente alinhada ao negócio e aos objetivos da empresa, pois promove o uso eficiente e produtivo da energia elétrica no meio rural e contribui para o desenvolvimento do país”, afirmou o engenheiro Fernando Mateus, do Departamento de Responsabilidade Social e Projetos com a Sociedade da Eletrobras.
Terceiro Setor
Legado positivo para os megaeventos O Fundo Brasil de Direitos Humanos e a Fundação Ford se uniram para financiar projetos capazes de construir um legado positivo após os megaeventos que serão realizados no Brasil. A expectativa é que a parceria das duas tradicionais instituições traga bons resultados para o país. A Fundação Ford patrocina ONGs no Brasil há 50 anos. Tradicionalmente, seu trabalho é focado no fomento ao debate em torno dos direitos de comunidades tradicionais e na criação de cidades socialmente inclusivas. O Fundo Brasil já destinou mais de R$ 5 milhões para o apoio a 200 iniciativas voltadas para a promoção de povos indígenas, comunidades quilombolas; mulheres, afrodescendentes, crianças
e adolescentes, população LGBT; grupos que combatem a violência institucional e pessoas impactadas por megaeventos esportivos e/ou projetos de desenvolvimento em todas as regiões do país.
Preocupação Preocupados com os impactos negativos que a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 podem gerar ao país, os dois parceiros vão doar R$ 600 mil a projetos que proponham soluções aos efeitos negativos desencadeados pelos megaeventos. As propostas devem partir de organizações pequenas, com pouco ou nenhum recurso, e que abordem temas relacionados
ao direito à cidade e à moradia, acesso a serviços básicos, transporte público, mobilidade urbana, trabalho informal, combate à violência e à criminalização da sociedade civil e democratização do acesso à informação. As iniciativas devem contemplar, obrigatoriamente, as cidades-sede dos megaeventos, buscando dessa forma deixar um legado nas regiões onde infraestrutura urbana e mudanças sociais, econômicas e demográficas vão acontecer mais diretamente. Os projetos apoiados devem ter como objetivo a defesa e promoção dos direitos humanos de comunidades e grupos vulneráveis e ter orçamento total máximo de R$ 40 mil, para até um ano de duração.
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Gestão
Detentos cultivam flores O projeto “Transformando Vidas” está possibilitando a reinserção social de detentos da Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel, unidade prisional de regime semiaberto do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe), onde vários internos desempenham um trabalho especial: cultivar mudas de folhagens e flores que servem de alimento às borboletas e lagartas do Borboletário do Mangal das Garças. Diariamente, os internos cultivam 18 espécies diferentes de folhagens e flores para a alimentação de lagartas e borboletas. Cada espécie se alimenta de uma folhagem específica, daí a necessidade dessa variedade de flores, entre cravos, titônias, gervões e asclépias. Para alimentar as borboletas Monarca, Capys, Áscia, Battus e Agralis, mensalmente são cultivadas cerca de 600 mudas de plantas que são posteriormente encaminhadas ao Borboletário.
Aprendizado Todos os internos que participam do projeto passam por seleção psicossocial, são remunerados e recebem o benefício da remição de pena, que consiste na redução de um dia de prisão para cada três dias trabalhados. Eles aprendem técnicas básicas de jardinagem, como preparação de adubo orgânico, roçagem da área, preparação do solo, semeio, plantio, poda e colheita
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Agência Pará de Notícias
para borboletário
das mudas de flores e das folhagens. Segundo Lucinélia Moraes, técnica agrícola responsável pela capacitação dos internos, além do ensino técnico, eles são preparados para o mercado de trabalho através da disciplina com horários, pontualidade e assiduidade. Por trás de todo esse projeto estão os dois pilares principais da reinserção social: a educação e o trabalho. “O interno passa a ter uma nova visão de mundo, que é a de que ele pode contribuir para com a sociedade, sendo uma pessoa de bem. Buscamos transformar vidas para que eles possam sair do cárcere melhor do que entraram”, ressalta o diretor do Núcleo de Reinserção Social da Susipe, Ivaldo Capeloni.
Diariamente, os internos cultivam 18 espécies diferentes de folhagens e flores para alimentação de lagartas e borboletas
Cidadania
Novo equipamento favorece portadores da
síndrome de Down O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial desenvolveu uma máquina de prensar cerdas que permite que portadores da síndrome de Down trabalhem na fabricação de vassouras. O equipamento, elaborado para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Manaus, ganhou o prêmio de criatividade e tecnologias industriais do Inova SENAI 2013. O projeto inovador desenvolvido pelo instrutor Jean Machado foi adequado para atender às limitações dos operadores com vários níveis da síndrome de Down atendidos pela APAE. Segundo o instrutor, a concepção de melhorias da ferramenta foi realizada a partir de dois dias de observação e de coleta de informações no ambiente das atividades laborais realizadas pelas pessoas com deficiência que recebem apoio e tratamento na Associação. Esse período de observação constatou que os operadores demandavam muita força no momento de prensar as cerdas. “A máquina anterior era muito artesanal. Agora, o equipamento segue uma sequência de estudos do processo de confecção de vassoura e das pessoas que irão realizar este processo produtivo”, explica o idealizador do projeto.
Estudos Após estudos antropométricos e ergonômicos, Jean Machado projetou um dispositivo alinhado ao
conforto e às medidas do ser humano, com pedal de transmissão de toque e ponteira de prensagem unida por uma haste e estruturada em uma bancada alta de ferro. Além de estar totalmente adequada para o exercício laboral dos deficientes, a máquina possui outras vantagens, como a reutilização de resíduos dos cursos de usinagem do SENAI que seriam descartados e foram usados para compor partes do projeto. O projeto tem um sentido sustentável amplo por dar mais condições à prática laboral dos deficientes da APAE que, com o resultado desta atividade, também podem ter um retorno financeiro com as vendas das vassouras produzidas.
O projeto foi desenvolvido para atender às limitações dos operadores com síndrome de Down 19
Cidadania
O
conceito de comunidade educativa iniciado em 1997 no bairro de Vila Madalena, em São Paulo, e posteriormente aplicado em outras cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Boa Vista, agora está fazendo sucesso em Salvador, onde o Bairro-Escola Rio Vermelho está transformando a região em uma grande sala de aula, onde o aprendizado acontece a toda hora, em todo lugar e com as mais diferentes pessoas. No Rio Vermelho todos são educadores e aprendizes. Os alunos aprendem literatura na biblioteca, arte nas galerias, física na oficina mecânica, cidadania nas praças, cultura com as baianas de acarajé, biologia com os pescadores, história com os antigos moradores. Os conteúdos acadêmicos ganham as ruas, enquanto os saberes populares entram nas escolas públicas do bairro. A melhoria da educação passa a ser um valor e uma responsabilidade compartilhada, e todos se beneficiam. Os alunos melhoram seus índices de aprendizagem e desenvolvem habilidades que os tornam pessoas, profissionais e cidadãos mais autônomos e responsáveis. O bairro também se educa e aprende a conviver de forma mais respeitosa e a cuidar melhor das pessoas, dos espaços públicos e do meio ambiente. Entender que a educação vai muito além das salas de aula é saber que ao jogar lixo no chão você estará dando o exemplo para uma criança fazer o mesmo. “A partir do momento que as pessoas entenderem seu papel como eternos educadores e aprendizes, vamos criando essa cultura de aprendizagem que desenvolve o potencial das pessoas e, consequentemente, a própria comunidade”, ressalta Anna Pennido, diretora do Instituto Inspirare.
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Bairro-Escola,
o sucesso da articulação Integração
A palavra-chave para a consolidação deste novo conceito de articulação entre escola e comunidade é a integração. Juntos, indivíduos, instituições de ensino, organizações da sociedade civil, empresas, artistas, lideranças comunitárias, movimentos sociais e poder público constroem trilhas educativas, articulando os potenciais educativos da escola com os de toda a comunidade. O Rio Vermelho foi escolhido para o início do processo
por conta da sua importância histórico-cultural, da sua geografia, do seu carisma e da sua diversidade. Sete escolas públicas integram o Bairro-Escola Rio Vermelho. Suas ações se estruturam em quatro eixos: Educação Integral, Arranjos Culturais, Comunicação e Mobilização Comunitária e Governança Local. Com a Educação Integral é possível promover o desenvolvimento do indivíduo em suas múltiplas dimensões (intelectual, emocional, social, física e simbólica), estimulando oportunidades educativas que vão além
Articulação O Bairro-Escola Rio Vermelho é fruto da parceria entre o Instituto Inspirare, Associação Cidade Escola Aprendiz, CIPÓ – Comunicação Interativa, Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (ICEP), Secretaria de
Educação da Bahia e Secretaria Municipal da Educação de Salvador. Inspirado na metodologia da Cidade-Escola Aprendiz, o projeto quebra os muros da educação tradicional e expande o conceito de aprendizagem para fora dos colégios. A meta é expandir a iniciativa para toda a cidade de Salvador e para o estado da Bahia, impactando decisivamente a qualidade da educação pública. No final do ano passado, o movimento lançou a Carta de Princípios do Bairro-Escola Rio Vermelho reiterando os compromissos e objetivos da iniciativa, como respeito, comunicação e transformação. Centenas de representantes da comunidade assinaram a carta em sinal de comprometimento com a construção de um bairro melhor. Isso é articulação comunitária.
o comunitária dos conteúdos do currículo tradicional. Assim, mais do que um conjunto de espaços, a cidade é compreendida como território educativo.
Mobilização Os arranjos culturais mobilizam organizações sociais, artistas, universidades, empresários, poder público e moradores para que se articulem com as escolas do bairro, a fim de propor atividades complementares à sala de aula, transformar áreas públicas deterioradas em
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Cidadania
espaços educativos e encontrar soluções coletivas para problemas educacionais relevantes. Assim, um auditório de escola e transformado em teatro e supre a demanda por eventos culturais gratuitos, como peças e shows. O percurso de crianças de casa até a escola pode se tornar mais seguro com a criação de trilhas educativas. Os muros de um beco podem servir como mural informativo para a comunidade – ou se transformar em uma galeria de arte. As possibilidades são inúmeras.
Negócio
O bilionário mercado da
reciclagem O reaproveitamento de material descartado pode se transformar em um negócio muito rentável. E os números estão aí para comprovar essa afirmação. Depois de usado, óleo de cozinha vira produto de limpeza, pneu é transformado em asfalto e papel, em material de construção. Por ano, a indústria que lucra com o que você joga fora movimenta mais de R$ 10 bilhões, segundo o Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre). Os valores poderiam ser ainda maiores – cerca de R$ 8 bilhões a mais – caso todo o lixo do país fosse reciclado. O desperdício desse potencial pode ser atribuído principalmente ao poder público: mais de 40% dos municípios brasileiros não possuem programas oficiais de coleta seletiva, e a maioria dos que têm não cobre a cidade inteira. Em Belo
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Horizonte, por exemplo, apenas 30 dos 480 bairros contam com coleta seletiva.
Rei da sucata Se o poder público não se movimenta, cabe ao empresariado fazê-lo. É o caso de Walase Rodrigues de Souza, que de catador de entulho se transformou no rei da reciclagem do norte de Minas Gerais. Hoje, ele comanda uma verdadeira indústria de reciclagem, com 85 empregados, onde é processado todo o material e, por fim, encaminhado embalado para as recicladoras. A empresa comercializa duas mil toneladas de recicláveis por mês: 1,3 mil toneladas de ferro, 400 toneladas de papelão, 150 toneladas de alumínio (latinhas), 100 toneladas de plástico (garrafas PET) e 50 toneladas de outros produtos, como fios de cobre e baterias. Para o transporte dos materiais, enviados para indústrias na Região de Metropolitana de BH e São Paulo, Walase tem 20 caminhões, que não param de rodar. Segundo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), para subsidiar o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, o setor de reciclagem poderia gerar mais R$ 8 bilhões caso a totalidade das principais matérias-primas presentes no lixo (papel, plástico, vidro, alumínio e aço), que tem cadeias estruturadas para reciclagem, fosse aproveitada.
Mobilidade
Cicloturismo urbano
em São Paulo Visitar uma cidade, conhecer seus museus, parques públicos, monumentos históricos e a sua gastronomia pode ser uma atividade prazerosa ou estressante, dependendo da cidade onde você está. As cidades mais desenvolvidas sob o ponto de vista da mobilidade perceberam que esses passeios podem ser mais bem aproveitados com o uso de bicicleta, sem preocupação com engarrafamentos e a crônica falta de vaga para estacionar. Dentro deste contexto, surge o conceito de mobilidade sustentável, que busca estratégias inovadoras que permitam o acesso de pessoas, bens e serviços aos seus destinos com menor impacto ambiental, econômico e social. O desafio é transformar o problema da mobilidade em ganho para o desenvolvimento sustentável.
rotas turísticas alternativas, proporcionando ao turista a visão de uma cidade mais sustentável e menos poluída. O projeto-piloto foi instalado no Hotel Unique, onde hóspedes e turistas podem reservar o passeio de bike na própria recepção do hotel. A ideia é disponibilizar o projeto em 200 hotéis de São Paulo.
O desafio é transformar o problema da mobilidade em ganho para o desenvolvimento sustentável
U-Bike paulista Esse é o exemplo da cidade de São Paulo, que tem como um dos seus principais desafios o enfrentamento do trânsito caótico. Surgiu, então, uma nova proposta de mobilidade sustentável e um convite para repensar a cidade: o Projeto U-Bike, idealizado pela Green Mobility com o apoio do Hotel Unique e da Secretaria do Verde e Meio Ambiente do Estado. O objetivo do projeto é desenvolver um programa de mobilidade sustentável na cidade de São Paulo, interligando o meio de transporte bicicleta com
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Ação social
Um olhar para a cidadania
está no ar
Um estúdio de rádio com microfones, mesa de som, paredes com isolamento acústico, computadores que respondem a comando de voz e um roteiro de programação totalmente em braile. Tudo pensado para facilitar o trabalho e o aprendizado de um grupo muito especial de pessoas: os deficientes visuais. Esse é o contexto do projeto “Um Olhar para a Cidadania”, desenvolvido pelo instituto Comradio do Brasil, uma ONG que atua na formação de comunicadores, produção e distribuição de conteúdo para o rádio e internet. O projeto, que tem dois anos de existência, já está na segunda turma. O objetivo é, através da comunicação, permitir que pessoas com deficiência visual, sem a necessidade de mediação, pautem, debatam e provoquem reflexão na sociedade sobre os seus deveres e direitos. Por esse motivo, conta com a parceira da Associação dos Cegos do Piauí (ACEP), localizada no Bairro São Pedro, na zona sul de Teresina. O projeto, que conta com a parceria da Associação dos Cegos do Piauí, pretende debater e apresentar soluções concretas que favoreçam a inclusão das pessoas com deficiência visual no mundo dos com visão, através do rádio, utilizando a internet como plataforma. O coordenador do projeto “Um Olhar para a Cidadania”, Jessé Barbosa, sintetiza o espírito dessa 24
iniciativa. “Buscamos, sobretudo, combater a ‘violência do favor’, que é o velho costume que as pessoas têm de tratar o portador de deficiência visual como coitadinho”. Barbosa explica que o projeto tem planos audaciosos – e desafios. “A ideia é sistematizar nossas práticas e enviar para outras regiões do Brasil, possibilitando a formação de comunicadores, e visando difundir a cidadania”.
Retransmitidos no interior O jornalista Francisco José ministra aulas de técnicas de rádio aos alunos cegos e explica que os encontros acontecem sempre às terças-feiras. Nessas aulas, são abordadas as rotinas e técnicas de produção de rádio. Os alunos aprendem como funcionam as vinhetas, os spots, anúncios, entre outros pontos. Tomam contato com as mesas de som, se acostumam com a dinâmica da linguagem radiofônica, se desenvolvem. Os programas produzidos pelos deficientes visuais são veiculados no site da ACEP e também em algumas emissoras do interior do estado, como a rádio Cultura de Picos e a rádio Educativa de Oeiras.
reduz risco de depressão em idosos Um programa de “adoção” implantado pelo Lar São Vicente de Paulo, entidade que abriga idosos em Marília, no interior de São Paulo, está ajudando a melhorar a qualidade de vida e reduzir os casos de depressão entre os idosos. Idealizado pelo geriatra Valdeci Rigolin, professor de residência médica em geriatria da Faculdade de Medicina de Marília, o projeto estimula voluntários a visitar os idosos que vivem na entidade. Trata-se de uma “adoção” afetiva, onde o visitante estabelece vínculos de amizade e afeto com o idoso. As visitas são semanais e o voluntário adotante mantém o contato sempre com o mesmo idoso. O Lar São Vicente de Paulo abriga atualmente 59 idosos e a maioria não recebe visitas frequentes.
Benefícios Segundo o geriatra, os idosos que vivem em sistema de internação têm um perfil diferenciado, com altos índices de sedentarismo, distúrbios de afeto, depressão, perda de autonomia e ausência de familiares.
Ele garante que a adoção traz benefícios psicológicos aos idosos. “Eles mantêm um vínculo de amizade com o voluntário adotante e com isso podem conversar sobre assuntos diversos, se distrair e relembrar histórias da vida”, ressalta Rigolin. Todos os voluntários interessados são cadastrados e se comprometem a manter as visitas periódicas ininterruptas por seis meses. Maria Candelária Beato adotou um dos idosos do lar e conheceu de perto a importância de iniciativas como esta. “É um aprendizado para todos. Eles precisam de contato, conversar, são muito fechados e temos que respeitar o tempo deles, criar o vínculo”.
Vínculo de amizade traz benefícios psicológicos para os idosos
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Ação social
Programa de “adoção”
Cultura
Arte e cultura
como forma de integração
Basta prestar atenção aos muros e postes da Tijuca, do Rio Comprido, do Méier, de Acari e muitos outros bairros do Rio de Janeiro, ou mesmo às ruínas da Praia de Atafona, em São João da Barra: os traços do Naviu (Núcleo de Artes Visuais e Intervenção Urbana do Norte Comum) já estão por toda parte. Criado em meados de 2013, o Naviu é uma rede de artistas da zona norte do Rio de Janeiro que busca conectar
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bairros e estimular a produção cultural da região. Capitaneado pelos artistas - ou “marujos” - Menega,VH, Bandeira, Rozário, Felipe Nunes e Garvey, o grupo se formou depois de vários encontros no Norte Comum, cuja sede fica no Hotel da Loucura, no Instituto Nise da Silveira. “O Norte Comum é uma rede que engloba vários núcleos, como de audiovisual, design, produção, fotografia etc. Dentro dessa rede, nosso
trabalho é mais focado nas artes plásticas em geral”, explica João Meneghetti, o Menega. Além do grafite, o Naviu realiza intervenções com lambe-lambe, estêncil, arte digital, ambientação de cenários e outras técnicas artísticas. “A estética do grafite é a mais utilizada por conta das ferramentas, spray e látex. Mas buscamos outras linguagens também. Independente da técnica ou ferramentas, buscamos diferentes soluções
Cultura
para enfatizar o conteúdo”. Muros, postes, cartazes e até ruínas são os suportes da arte dos rapazes.
Espaço democrático Os territórios em que o Naviu atua são tão diversos quanto suas técnicas: “A maioria das pinturas se encontram na zona norte, mais concentradas pela Tijuca, Grajaú e Rio Comprido, mas também temos obras espalhadas no Centro, Méier, Engenho Novo, Maracanã e Acari, além de pinturas no interior do Rio, Salvador e Fortaleza”, ressalta Menega. A ideia do grupo é democratizar as artes visuais, estimulando novos apreciadores e artistas. Para isso, eles realizam oficinas de ecodesign e intervenção urbana para crianças do Morro do Borel, na Tijuca. “O projeto vai além de ensinar apenas técnicas de trabalho, a meta é desenvolver uma sensibilidade artística e fazer com que essas crianças repensem o espaço onde vivem”, diz.
A primeira oficina foi a de ecodesign, voltada para o reaproveitamento criativo de papelão e garrafa de vidro. No decorrer da oficina, as crianças desenvolveram pinturas e criação de objetos como luminárias, imãs, relógios de parede e máscaras. A segunda foi de intervenção urbana, onde o grupo levou a arte de rua para as crianças, tentando fazê-las enxergar a cidade de outra maneira aplicando técnicas como grafite, lambe-lambe, estêncil, adesivo e criação de cartazes. As oficinas, que contam com o apoio do SESC Tijuca, duram três meses e têm uma média de 20 alunos por aula. “Pensamos na cidade como lugar de convivência, buscamos interagir nela, visando à construção coletiva e respeito ao próximo. Cada um no seu quadrado para juntos construirmos algo maior”.
Universo lúdico O Aterro do Flamengo vai ficar mais colorido aos fi-
nais de semana. Palhaços, malabaristas, bonecos, mímicos e fantoches vão ocupar esta grande área verde até o final de outubro. É o Festival Bonecos no Parque, que leva aos cariocas o espírito descontraído do teatro de bonecos e suas múltiplas vertentes. A iniciativa é do Grupo Bonecos em Ação, fundado pela uruguaia Susanita Freire, artista com trinta anos de estrada em atividades voltadas para crianças e adultos. Entre os grupos que participarão do festival, estão o Grupo Sorriso Feliz, de Cabo Frio; A Turma do Biribinha, de Alagoas; Cia. Mútua, de Santa Catarina; a Escola Livre de Palhaços e o Grupo Off-Sina, entre outros. O público é recebido por um grande cortejo circense que faz a festa com malabares e palhaços. Embora tenha o público em sua maioria infantil, Susanita acredita que seja um grande espetáculo para toda a família: “Pai, mãe, avô ou avó. É para quem tem o lado lúdico, não importa se é criança ou adulto”.
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Educação
Forma divertida de aprender
Português
Em meio a panelas, aventais e talheres, o professor Júlio César Sbarrais, da Escola Estadual Padre Afonso Paschotte, em Mauá (SP), encontrou uma forma divertida e diferente de ensinar português. No projeto realizado pelo educador, os alunos trabalham aspectos como a ortografia e a poesia com a ajuda de revistas, livros, caça-palavras e até sopa de letrinhas. “A ideia foi começar com uma pesquisa sobre a escrita e trabalhar sua evolução até os dias de hoje. Depois disso, realizamos atividades como a leitura de um poema, a produção de um texto e, então, partimos para a sopa de letrinhas”, conta Sbarrais. A iniciativa do educador foi bem recebida pelos alunos, que relatam ter aprendido muito mais do que o conteúdo das aulas de português. A principal lição, para os jovens, veio da interação e da colaboração com os colegas. “Com o projeto, alguns alunos que têm dificuldades na sala de aula contaram com a ajuda dos colegas. Acredito que interação também ajuda no aprendizado das pessoas”, revela o aluno Lucas de Souza Ferreira, que cursa o 8º ano do Ensino Fundamental.
Sucesso A vice-diretora da unidade, Rosimeire Avance, também aponta a interação como a razão do sucesso do projeto entre os estudantes. “O professor Júlio sempre desenvolve projetos na escola, o que tem dado muita motivação aos alunos. Os projetos fazem com que os jovens comecem a interagir melhor entre eles, o que é fantástico, pois os estudantes precisam ter essa interação”, comenta a educadora. De acordo com o professor, que é autor de outros projetos, como o cortejo literário, as ações realizadas por ele são uma forma de complementar as aulas e oferecer ao aluno outras formas de aprender os conteúdos. “A escola é um espaço de criatividade. Nós temos que seguir o currículo, que é a nossa espinha dorsal, mas dentro dessa proposta curricular, nós podemos desenvolver projetos e utilizar outros instrumentos”.
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No projeto realizado pelo educador, os alunos trabalham aspectos como ortografia e a poesia com a ajuda de revistas, livros, caça-palavras e até sopa de letrinhas
Nutrição
Camu-Camu,
grande fonte de vinamina C Pesquisadores da Embrapa querem alavancar a produção de camu-camu e tornar a cultura mais eficiente no Brasil. O camu-camu é uma grande fonte de vitamina C, superando em 20 vezes o teor da acerola e em 100 vezes o do limão. A fruta é pequena e pesa em média 8g. Cresce nas várzeas dos rios, principalmente na época das cheias dos rios amazonenses. Só que é azeda demais e é consumida apenas na forma de sorvetes, geleias e compotas. Por isso, a produção da fruta no Brasil ainda é baixa. Ainda pouco domesticada, a planta não tem uma produção tão eficiente. Por ser uma planta de várzea, ela também não está plenamente adaptada ao solo firme. O melhoramento por seleção, no Brasil, começou apenas em 2008. Desde então, foram feitos diversos trabalhos de caracterização química da fruta em diversas universidades brasileiras. Atualmente, a Embrapa também está analisando variedades selecionadas geneticamente.
Livro de bolso Recentemente, a Embrapa editou um livro de bolso – A Cultura do Camu-Camu – que trata de diversos aspectos que envolvem o manejo da fruta, tais como as condições adequadas de clima, solo, meios de propagação e tratos culturais. Há também informações sobre valor nutricional, colheita, bene-
ficiamento, conservação e rendimento industrial. O livro faz parte da Coleção Plantar, coletânea de livros de bolso da Embrapa. A vitamina C é conhecida por prevenir gripes e resfriados, mas ela é muito mais do que isso. Ela fortalece o sistema imunológico; dá resistência aos ossos e dentes e ainda ajuda a absorção de ferro no organismo, evitando a anemia. A fruta é muito utilizada pelas empresas farmacêuticas para fabricação de cápsulas de vitamina, segundo Walnice Nascimento, uma das coautoras do livro. “O camu-camu tem um grande potencial que ainda precisa ser explorado no Brasil”, diz ela, que divide a autoria da publicação com o pesquisador José Urano de Carvalho, ambos da Embrapa.
O camu-camu é uma grande fonte de vitamina C, superando em 20 vezes o teor da acerola e em 100 vezes o do limão
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Sustentabilidade
Reaproveitamento de água
na lavagem do café A água utilizada na lavagem e no descascamento dos frutos de café pode ser reutilizada nessas operações, possibilitando uma economia de 40% no consumo. À medida que vai sendo reutilizada, aumenta a quantidade de nutrientes na água, que pode ser reaproveitada para a irrigação de lavouras, suprindo parte do que é necessário para o desenvolvimento de culturas e diminuindo os custos com aplicação de fertilizantes. Para fazer o reaproveitamento, é preciso remover parte dos resíduos que essa água contém. É aí que entra o Sistema de Limpeza de Águas Residuárias (SLAR), desenvolvido em parceria entre a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Embrapa Café e o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), instituições fundadoras do Consórcio Pesquisa Café. A eficácia dessa tecnologia foi comprovada pelo projeto “Aproveitamento da Água Residuária do Café”, liderado pelo pesquisador Sammy Fernandes, da Embrapa Café. O sistema é constituído de caixas e peneiras que associam os processos de decantação e peneiramento. De acordo com Sammy Fernandes, a instalação do sistema é fácil e de baixo custo. “Os gastos são pequenos e acessíveis aos agricultores familiares. A unidade mais básica sai em torno de R$ 2 mil. São necessárias caixas de decantação e retenção, associadas a uma caixa de remanejamento, na qual se acopla uma bomba”, explica. O pesquisador explica que o sistema padrão processa cerca de 10 mil litros por vez, o que resulta em 20 sacas de café beneficiadas. “Embora os testes tenham usado esse parâmetro, acreditamos que o SLAR pode ser utilizado em unidades com maior capacidade”, esclarece.
Utilizada na irrigação de lavouras, água reduz custos com aplicação de fertilizantes 30
Mobilização
Estudantes conquistam faixa de pedestre
Estudantes do ensino fundamental da Escola Municipal Professora Avani Pereira da Rosa e Silva, no município de Posse - a 540 quilômetros de Goiânia -, foram os principais responsáveis pela implantação de uma faixa de pedestre na via em frente ao colégio. A iniciativa nasceu durante as aulas do programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP), desenvolvido pelo Sebrae/Goiás em parceria com a Secretaria Estadual da Educação, com alunos de 6 a 14 anos. Estudante do oitavo ano, Yanka Soares Cunha, de 14 anos, conta que a vontade de lutar pela implantação da faixa foi discutida nas aulas do ciclo Empreendedorismo Social. “Meus colegas e eu pensamos em algo para melhorar a segurança de todos nas proximidades da escola”, afirma a adolescente. Os alunos se uniram e encaminharam um ofício para a prefeitura, Fórum e agência da Caixa Econômica Federal, explicando a necessidade da faixa na avenida que dá acesso à escola. O esforço deu resultado: a faixa foi pintada na Avenida JK, via de mão dupla bastante movimentada.
Mobilização A mobilização dos alunos para a implantação de uma faixa de pedestre em frente ao colégio foi apenas uma das iniciativas geradas pelo JEPP. Segundo a professora Ana José de Oliveira Vogado, somente em um colégio de Posse, 240 alunos foram beneficiados pelo programa. “Eles participaram das oficinas durante o horário das aulas. Foi muito positivo, pois o programa atinge toda a família, não somente os estudantes”. Tânia Aparecida Silva, gerente da Regional Nordeste do Sebrae em Goiás, informa que, durante cada ciclo ao longo do ano letivo, os estudantes recebem qualificação de 45 horas para aprender a trabalhar com o projeto em sala de aula. Os professores também recebem orientações de consultores da instituição para desenvolverem o trabalho com os alunos da melhor maneira possível.
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Intercâmbio
Governo remunera
investidor em projeto social Uma experiência em andamento no sistema prisional inglês está chamando a atenção para um tipo inovador de financiamento para projetos sociais: o social impact bonds (SIBs), ou títulos financeiros de impacto social. Nesse sistema, investidores privados aportam dinheiro para uma iniciativa e, se ela for comprovadamente bem-sucedida, o poder público devolve o montante, acrescido de um valor pré-contratado. Com isso, o setor privado financia inovações sociais e o governo premia os prestadores do serviço por economizar recursos públicos decorrentes do sucesso do projeto. A pequena cidade de Peterborough, na Inglaterra, é o marco inicial dessa modalidade, ainda incipiente. Em 2010, foi lançado um projeto com duração de seis anos que busca diminuir a reincidência criminal. Trata-se, basicamente, de um amplo programa de acompanhamento de ex-detentos sob o nome de One Service, financiado por investidores privados. Caso o projeto atinja as metas de declínio da reincidência, os investidores receberão do governo retornos financeiros sobre os recursos aplicados. Isso porque, ao reduzir o número de pessoas que voltam para trás das grades, o projeto reduz também as despesas públicas com o sistema prisional.
Novidade Os títulos financeiros de impacto social são tão novos que atualmente existem apenas seis iniciativas em andamento no mundo, sendo quatro na Inglaterra, uma nos Estados Unidos e uma na Austrália. No Brasil, já existem alguns estudos preliminares, mas a implantação do modelo no país enfrenta barreiras. “Um projeto como o de Peterborough, por exemplo, não poderia ser implantado por aqui, pois não temos uma base de dados unificada do sistema prisional”, explica Célia Cruz, diretora-executiva do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE). Ainda assim, ela aponta que essa é uma pauta que teria apelo no país. “Não é uma causa fácil de investir, mas muitos empresários ligados ao ICE, por exemplo, têm interesse na questão da segurança pública”.
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Acessibilidade
Urna eletrônica para
deficiente visual As pessoas com deficiência visual de todo o país contarão com um novo recurso de acessibilidade nas eleições gerais de outubro. O Superior Tribunal Eleitoral (TSE) vai modificar o software de votação das urnas eletrônicas implantando um sinal sonoro com a indicação do número escolhido pelo eleitor que necessitar da tecnologia. Com a mudança, as máquinas estarão aptas a liberar o áudio aos eleitores possibilitando maior autonomia para a escolha do candidato. Segundo a presidente da Comissão de Acessibilidade do TRE, Magda Andrade, não haverá motivo para que os eleitores portadores de baixa visibilidade ou cegueira deixem de ir às urnas em outubro. “O que acontece é que muitas pessoas não avisam o cartório eleitoral e acabam deixando de votar. Mas a partir de agora, o mesário poderá digitar um código que vai liberar o áudio na urna, que se encerrará logo após a confirmação do voto”, garante.
Conquista O secretário nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Antonio José Ferreira, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), avalia a adaptação das urnas como uma conquista importante da política nacional para as pessoas com deficiência. “Esta é a diretriz do desenho universal que objetivamos, para que não só os equipamentos
de votação, mas tudo o que nos cerca, seja desenvolvido para servir a todos, que não sejam necessários outros dispositivos de apoio ou um equipamento específico. Um grande passo para o exercício da cidadania e para a participação política plena das pessoas com deficiência”, afirmou. A nova medida tende a solucionar o problema da abstenção das pessoas com deficiência que deixaram de votar em outras eleições por conta da falta de acessibilidade enfrentada na hora da votação. A decisão de modificar as urnas foi tomada pelo Pleno do TSE no fim do ano passado, após uma solicitação do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo.
“Um grande passo para o exercício da cidadania e para a participação política plena das pessoas com deficiência” 33
Meio Ambiente
Espaço integra
meio ambiente, cultura e educação
Disseminar valores educativos, sociais e ambientais. Essa é a missão do Sítio Geranium, centro de referência em educação socioambiental e produção de alimentos orgânicos instalado na capital federal. O sítio funciona como um espaço vivo para trocas, aplicação, ensino e pesquisa de conhecimentos e técnicas voltados para a consolidação de uma cultura de solidariedade e sustentabilidade. Em parceria com a ONG Mão na Terra, o espaço oferece à comunidade escolar práticas agroecológicas vivenciais que possibilitam a compreensão da responsabilidade individual e coletiva sobre a preservação do meio ambiente e a importância do desenvolvimento sustentável. A ideia é trabalhar com a comunidade escolar (alunos, professores e coordenadores) por meio de atividades como recuperação de áreas degradadas, tratamento e destinação correta do lixo, plantio ecológico de hortaliças e ervas medicinais e aromáticas.
Diversidade O espaço também organiza cursos de manipulação de fitoterápicos e fitocosméticos 34
destinados a agentes de saúde, líderes comunitários, associações de moradores, agricultores familiares e para o público em geral. Eles aprendem a identificar 40 espécies do ‘Pronto Socorro Verde’, a fazer uma farmácia caseira com extratos, xaropes e pomadas naturais e a cultivar a beleza sustentável fazendo seus próprios xampus, colônias e óleos. No Curso de Identificação de Árvores do Cerrado, o espaço aborda as espécies nativas das matas de galeria do cerrado, formação vegetal que acompanha pequenos cursos d’água. São espécies arbóreas, algumas de grande porte, muitas de fácil identificação e produção de mudas. O acesso ao local de observação é feito por uma trilha ecológico-didática construída a partir do reaproveitamento de pneus e resíduos sólidos para diminuir a pegada dos visitantes no solo. Se essa conexão com a natureza não for suficiente, você pode relaxar ainda mais nas atividades diárias de yoga, reiki e tantra yoga promovidas pelo Sítio Geranium. www.sitiogeranium.com.br
Iniciativa
Era uma vez um
pequeno vendedor Certo dia, Joshua Smith, de apenas 9 anos, resolveu vender limonada na porta de sua casa em Detroit (EUA), algo comum entre as crianças americanas. O que diferencia Joshua dos outros pequenos é o destino que ele deu para o dinheiro arrecadado. Inconformado de ter que brincar em um parque distante de sua casa enquanto havia dois mais próximos, o garoto resolveu que ia recuperá-los do abandono e degradação. A ideia surgiu quando Joshua questionou a mãe o porquê dela sempre levá-lo ao parque mais distante, enquanto havia outros dois mais próximos de sua residência. Foi quando ela explicou
que a cidade estava passando por crise financeira, motivo pelo qual não tinha verba para cuidar dos parques adequadamente. O garoto então pensou como poderia fazer algo para ajudar na revitalização dos parques. Com a ajuda dos pais, ele montou uma barraca de limonada para arrecadar dinheiro e repassar para as autoridades responsáveis pela manutenção da área do lazer.
Mobilização A determinação do pequeno Joshua se espalhou pela cidade, ganhou destaque na imprensa e mobilizou a sociedade local. Sabendo de seu propósito, muitos
moradores formaram fila na porta de sua casa. Além do suco, ele passou a comercializar pipocas e ponche de frutas. A iniciativa atraiu voluntários, que se uniram para aparar a grama dos parques, e até uma empresa privada, que doou novos equipamentos de playground. Conclusão: além de parques limpos e abertos à população, ele ainda ganhou uma bolsa de estudos de uma fundação local. A história do garoto de 9 anos que recuperou dois parques abandonados pela prefeitura vendendo limonada confirma a crença atual de que as próximas gerações serão formadas por pessoas mais conscientes ecologicamente.
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Inovação
Abrigo flutuante
para sobreviventes de desastres naturais
Um abrigo flutuante autossustentável que transforma as ondas do mar em energia. Essa é a proposta da “Arca de Noé”, um projeto criado por uma dupla de arquitetos da Sérvia com o objetivo de abrigar sobreviventes de desastres naturais. Baseado na lenda bíblica, o espaço arrojado em meio ao oceano vai garantir a alimentação das pessoas por meio da agricultura em terras férteis, filtrar as chuvas para a distribuição de água potável e ainda utilizar as ondas do mar, os raios de sol e os ventos para a geração de energia limpa. Os responsáveis pela “Arca de Noé” são Aleksandar Joksimovic e Jelena Nikolic, que apresentaram o projeto durante uma competição internacional de arquitetura. Criada para ser itinerante, a estrutura conta com anéis e torres submarinas, responsáveis pela estabilidade da Arca.
Proteção Além da moradia oferecida aos sobreviventes, o espaço também compor ta áreas
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de convivência, escritórios, parques e praias. Protegida por um muro de aproximadamente 64 metros, a estrutura fica resistente a for tes ventos e até a tsunamis. Na iminência de catástrofes, um sonar é ativado para avisar os moradores a se alocarem em bolhas submarinas. Uma das principais vir tudes do projeto é a possibilidade de a construção conectarse a outras estruturas flutuantes ou navios e barcos, por meio de uma rede de cabeamentos submarinos. O projeto conta ainda com torres eólicas, painéis fotovoltaicos e turbinas submarinas que produzem eletricidade por meio das correntes oceânicas. A par te submersa da arca é preenchida por uma manta de corais ar tificiais. Além disso, o projeto também oferece abrigo aos animais – não só aos que vivem nos oceanos, mas também aos resgatados das catástrofes. O objetivo é simples: estimular o desenvolvimento sustentável das espécies do ecossistema local.
Artigo
Os sem-teto espalhados pelas cidades do mundo inteiro. O que fazer? Descrevo a experiência que vivi na cidade de Austin, estado do Texas (USA), mas encontramos o mesmo problema em qualquer cidade do mundo. Seja Roma, Paris, Lisboa, São Paulo, Buenos Aires etc., uma multidão faminta de sem-teto, cada um com sua história, vai vegetando pelas calçadas, embaixo de pontes, em casas abandonadas, à espera de uma oportunidade ou de alguém que lhes ofereça um prato de sopa para matar a fome que a cada dia se repete! Vivi uma temporada na cidade de Austin, no Texas, USA, considerada área de fronteira com o México. Durante este período, vivenciei a vida que leva os moradores de rua, chamados de “homeless”. São milhares, constituídos na grande maioria de pessoas que estão na clandestinidade, sem documentos, mexicanos, brancos e negros infratores, vindos da America Central (diversos países), negros de países africanos, não se vendo a presença de orientais, que, acredito, formam outro grupo separado. Na verdade, a sociedade americana procura atender aos sem-teto, o governo possui núcleos de hospedagem que proporcionam atendimento médico, odontológico (em caminhões especiais), existem dormitórios, servem refeições, doam calçados, roupas para o frio etc. Nos albergues, geralmente se encontram centros de triagem de busca de emprego ou atendimento médico. Muitos se beneficiam deste sistema. As igrejas, com seus recursos, também vão ao encontro dos sem-teto. Oferecem café da manhã, distribuem roupas, servem almoços etc. A igreja católica tem a Cáritas, que oferece almoço a todos que se apresentam, isto é, não exigem documentos, simplesmente servem a refeição. Os alimentos vêm das redes de supermercados sensíveis à realidade da fome, doando os pães com data de validade se aproximando ou alimentos perecíveis que iriam para o lixo. Geralmente servem um sopão, com arroz ou massa, pedaços de carne e, algumas vezes, sardinha em lata, pão e sempre uma fruta ou doce. Cheguei a almoçar na Cáritas de Austin para sentir como seria o funcionamento. Fui muito bem servido e não existe descriminação. Inicia-se com uma fila e vão entrando até que o local, que comporta 100 pessoas, se encha; as mesas de um refeitório são ocupadas sempre com quatro pessoas. Na medida em que vão saindo, outros entram. Na entrada, são distribuídos a bandeja e os talheres, e o almoço é servido com os alimentos preparados para o dia. Sempre tem um copo de suco ou chá, uma fruta ou doce vindo de alguma padaria ou confeitaria. A partir das 11 horas, uma verdadeira multidão de sem-teto forma a fila. Um guarda controla a entrada do refeitório. As refeições são servidas por duas horas, das 11h às 13h. O rosto entristecido pela fome e falta de oportunidade dos que chegam e vão para a fila de entrada se transforma na porta da saída. Ali, aparece um rosto alegre, conversando com os companheiros, planejando alguma atividade e em busca de trabalho. O contraste do momento de entrada e saída é gritante. Para compensar a dureza da vida que se repete
a cada dia, apresenta-se volta e meia um conjunto musical, no almoço do sábado, animando o ambiente, preparando para o domingo. Além desta preocupação da Cáritas, redistribuindo e preparando refeições com os alimentos que sobram nos mercados, alimentando os sem-teto, durante o dia outros serviços são oferecidos: encaminhamentos médicos, recuperação de documentos perdidos, busca de empregos, ensino da língua inglesa, encaminhamento em escolas profissionalizantes e casas para morar.
Concluindo A realidade humana de pobreza para uma parcela da sociedade é a mesma em qualquer parte do mundo. Circula pelas ruas das grandes cidades uma massa humana que procura sobreviver de alguma tragédia que determinou esta condição de sofrimento. Por mais que busquemos as razões disso tudo, na origem encontramos em cada homem e mulher jogados na rua uma história, a história daqueles que não encontram mais motivos para viver, nem para superar a situação em que vivem. Só uma mão amiga poderá tirar esta multidão de “homeless” desta areia movediça que os impede de caminhar. Seja nos países ricos ou pobres, os sem-teto, ou “homeless”, são os mesmos seres humanos. Em algumas nações existe um interesse maior das autoridades em tornar o problema menos agressivo, porém, o sofrimento é o mesmo.
Autor: Prof. Dr. Odalberto Domingos Casonatto, pesquisador bíblico, fomado em Filosofia e Teologia.
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