Revista Contexto Social

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Ano 1 - Número 1 - Abril/2013

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A força das mulheres nos programas sociais da Sudeco Rota da Liberdade, turismo com inclusão social

Ela comanda a política nacional contra a pobreza


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A revista Contexto Social chega ao mercado editorial com a missão de disseminar políticas, iniciativas e ações de promoção social que contribuam para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar da população brasileira. Missão que você vai confirmar durante a leitura desta edição inaugural. Daí a escolha da ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, como nossa primeira entrevistada. Responsável pelo gerenciamento da política social do governo, ela é protagonista de um dos grandes desafios da sociedade atual: articular e executar políticas sociais capazes de promover o desenvolvimento humano e a consolidação da cidadania. Na entrevista concedida à revista Contexto Social, a ministra afirma que o Brasil está vencendo a luta contra a pobreza porque apostou corretamente num modelo de desenvolvimento com inclusão social, e elogia a proposta que prevê a destinação de 100% dos royalties do petróleo para a educação. Ela também enfatiza a importância do aperfeiçoamento do Cadastro Único para Programas Sociais, que atualmente reúne um banco de dados com informações detalhadas de 90 milhões de brasileiros, além de tratar de outros temas importantes da área social do governo. Nesta primeira edição, assim como nos próximos números que virão, você poderá constatar que nossa opção pela divulgação e valorização das boas práticas de gestão das questões sociais tem um objetivo maior. Como veículo de comunicação, acreditamos que a universalização das boas práticas contribui para o aperfeiçoamento da democracia e para a construção de um país melhor. Por isso, nosso espaço será dedicado às ações do terceiro setor, políticas de boa gestão, empreendedorismo social, sustentabilidade, direitos humanos, inovação, cidadania e vários outros temas que, como citamos anteriormente, contribuem para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar da população brasileira. Mas para que alcancemos sucesso na missão a que nos propomos, é fundamental contarmos com seu apoio como leitor. Seja bem-vindo à Contexto Social.

Ano 1 - Número 1 - Abril/2013

Um Brasil mais justo para todos

Sumário

Carta ao leitor -

Ela comanda a política nacional contra a pobreza

Ano 1 - Nº 1 - Abril/2013

A força das mulheres nos programas sociais da Sudeco Rota da Liberdade, turismo com inclusão social

ENTREVISTA Ministra Tereza Campello garante que o Brasil está vencendo a luta contra a pobreza

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POLÍTICAS Rapidez no julgamento de crimes contra o idoso A presença feminina nos projetos da Sudeco Oficinas para identificar o racismo institucional Senadores cobram obras socioambientais de Belo Monte

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TERCEIRO SETOR Fundação Itaú compartilha modelo educacional A força do voluntariado para a melhoria da saúde bucal Costurando o futuro com a Volkswagen

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INICIATIVAS Academias Estudantis de Letras estimulam o hábito da leitura

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GESTÃO Disseminando cultura pelo Brasil afora DF garante espaço para crianças com síndrome de Down Mobilização para preservar a Serra da Canastra

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CIDADANIA São Paulo vai capacitar moradores em situação de rua Virando a vida de milhares de vítimas da exploração sexual

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EMPREENDEDORISMO Rota da Liberdade – Turismo com inclusão social Pequenos negócios adotam o desenvolvimento sustentável

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INTERCÂMBIO Petrobras divulga projetos sociais e ambientais brasileiros

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DIREITOS HUMANOS Nova ferramenta para localizar crianças e adolescentes desaparecidos 25 COLUNA Socialmente falando...

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SUSTENTABILIDADE Combater o desperdício de alimentos é um desafio mundial

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JUSTIÇA Começar de Novo abre caminhos para a reinserção social

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INOVAÇÃO Fundação BB destinará R$ 800 mil para novas tecnologias sociais Escola sem salas, turmas ou séries

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TRANSPARÊNCIA Acesso transparente aos objetivos do milênio

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RECURSOS Pavimentação de vias e esgotamento sanitário

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ARTIGO Os negócios sociais precisam ser sempre inovadores?

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Entrevista

Tereza Campello

Brasil estรก vencendo a pobreza

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pelo gerenciamento da política social do governo, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, é protagonista de um dos grandes desafios da sociedade atual: articular e executar políticas sociais capazes de promover o desenvolvimento humano e a consolidação da cidadania.

Em entrevista na edição inaugural da revista Contexto Social, a ministra afirma que o Brasil está vencendo a luta contra a pobreza porque apostou corretamente num modelo de desenvolvimento com inclusão social. “Hoje o país apresenta os menores indicadores de desigualdade dos últimos 50 anos. São indicativos claros de que o Brasil está vencendo a pobreza”.

Contexto Social: Qual a importância do programa Brasil Sem Miséria no contexto social brasileiro? Tereza Campello: Por determinação da presidenta Dilma, o governo assumiu o desafio de superar a extrema pobreza até 2014. Em apenas dois anos e três meses, o Brasil Sem Miséria retirou 22 milhões de homens e mulheres da extrema pobreza do ponto de vista da renda, a grande maioria crianças e jovens. Dentro de um contexto secular de exclusão social, trata-se de uma grande conquista e um passo muito importante para a construção de um Brasil com mais e melhores oportunidades para todos. Hoje, nenhum beneficiário do Bolsa Família tem renda per capita menor que R$ 70, valor equivalente à linha da miséria estabelecida pela ONU. Além de garantir uma renda mínima às famílias mais pobres, o grande efeito da política de transferência de renda foi enfrentar uma terrível realidade: antes do Brasil Sem Miséria, 40% dos extremamente pobres tinham até 14 anos. Hoje, a extrema pobreza é residual em todas as faixas etárias. Mas o Brasil Sem Miséria vai além da renda. Como afirma a presidenta Dilma, o fim da miséria é só o começo. Temos o desafio de continuar a busca ativa e de levar serviços, cidadania e oportunidades para todos.

dito no meio rural, como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), além da expansão dos programas sociais como o Bolsa Família. Essas políticas tiveram um impacto muito grande na melhoria dos indicadores sociais. Um exemplo emblemático é a redução de 50% da mortalidade infantil no Nordeste e de 40% no Brasil. Esse é um impacto esperado pela ONU em 25 anos. Nós atingimos em dez. Na última década, a renda dos 20% mais pobres aumentou sete vezes mais que a dos 20% mais ricos. O Brasil apresenta hoje os menores indicadores de desigualdade dos últimos 50 anos. São indicativos claros de que o Brasil está vencendo a pobreza.

Podemos afirmar que o Brasil está vencendo a luta contra a pobreza? Todos os indicadores sociais mostram isso. E não somente por conta dos programas sociais. O Brasil apostou corretamente num modelo de desenvolvimento com inclusão social. Nos últimos dez anos, o salário mínimo teve ganho real de 66% (acima da inflação), 19 milhões de empregos formais foram criados e fortalecemos muito as políticas de cré-

Combater a pobreza também exige investimentos em educação e saúde. As ações executadas pelo MDS são articuladas com outras pastas do governo? Sim. O Brasil Sem Miséria é uma ação de governo que conta com a colaboração de 18 ministérios. Um dos pilares centrais do plano é ampliar o acesso da população mais pobre a serviços públicos como educação e saúde. A expansão da rede de Unidades Básicas de Saúde (UBS), por exemplo, tem sido priorizada em territórios de concentração da extrema pobreza. Na educação, estamos priorizando a ampliação do turno integral justamente nas escolas com crianças mais pobres. Em 2011, de um universo de 15 mil escolas públicas com tempo integral, pouco mais de 5 mil tinham em sua maioria alunos do Bolsa Família. Esse número foi triplicado. Hoje, de um total de 32 mil escolas públicas, quase 17,5 mil têm maioria de alunos do Bolsa Família e oferecem os dois turnos. Esse ano, queremos chegar a 26 mil escolas, 55% do total.

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Entrevista

Responsável


Entrevista

O ministério é favorável à proposta de distribuição de 100% dos royalties do petróleo para a educação? Certamente. A educação é a principal ferramenta para uma efetiva inclusão dos mais pobres e de toda a sociedade. A ampliação do acesso e a melhoria da qualidade do ensino são bandeiras da presidenta Dilma e questões estratégicas ao desenvolvimento do país. A destinação dos royalties do petróleo para a educação vai permitir aos entes federados ampliar os recursos de investimentos e de custeio. Temos de avançar na construção de novas unidades – especialmente de creches –, valorizar os profissionais da educação e ampliar as escolas de tempo integral. Como garantir que estados e municípios cumpram a determinação sem desviar estes recursos para outras finalidades? Todo governante sabe da importância da educação para o desenvolvimento do seu município, do seu estado e do país. Além da responsabilidade do gestor, o setor público tem avançado muito em mecanismos de controle e fiscalização, com a participação da sociedade. Temos os conselhos municipais, estaduais e nacional de educação, o Ministério Público, o Congresso Nacional e as instituições de controle.

“A educação é a principal ferramenta para uma efetiva inclusão dos mais pobres e de toda a sociedade” 6

O Cadastro Único para Programas Sociais está surtindo o efeito planejado pelo governo? Avançamos muito no aperfeiçoamento do Cadastro Único nos últimos dez anos. Hoje, temos informações detalhadas de 90 milhões de brasileiros, dos quais 50 milhões recebem o Bolsa Família. O Cadastro cumpre sua missão original e vai além: se consolidada como ferramenta estratégica para a formulação e orientação de políticas públicas. A ampliação da oferta de serviços públicos – com a implantação das UBS e das escolas de tempo integral – tem sido orientada pelo Cadastro. Além das políticas de transferência de renda, hoje o Cadastro é a “porta de entrada” para um conjunto de serviços e políticas públicas como o Minha Casa, Minha Vida, o Luz para Todos, a tarifa social de energia elétrica e o Água para Todos. O baixo índice de crescimento econômico registrado em 2012 compromete o andamento do programa Brasil Sem Miséria? O Brasil Sem Miséria não sofreu nenhum contingenciamento. Muito pelo contrário. O governo federal tem uma visão clara de desenvolvimento com inclusão social. O Brasil tem mostrado ao mundo que é possível e necessário conciliar desenvolvimento econômico e social. O Brasil continuará nesse caminho.


Como é a relação do MDS com os movimentos sociais organizados e com o chamado Terceiro Setor?

Entrevista

Qual a importância dos estados e municípios na execução dos programas do ministério? Eles estão sendo bons parceiros? Essencial. A atuação conjunta com os entes federados tem sido muito boa. Os municípios são os responsáveis pelo cadastramento da população de baixa renda e desempenham papel central no sucesso do Brasil Sem Miséria. Os entes federados têm contribuído muito na busca ativa, que é a estratégia de localizar a população extremamente pobre que não está no Cadastro Único. Estimamos que ainda seja necessário localizar cerca de 700 mil famílias. Nosso compromisso de inclusão pressupõe não apenas a estratégia da busca ativa, mas o aprimoramento na atualização e focalização do Cadastro Único, ações operadas pela gestão municipal. Da mesma forma, as demais ações do plano, como promoção de melhoria de oportunidades dos extremamente mais pobres – via Pronatec e outras voltadas ao mercado de trabalho – e a expansão da oferta de serviços dependem da atuação conjunta dos estados e municípios. Em pouco mais de um ano, conseguimos matricular 360 mil pessoas de baixa renda em cursos de qualificação profissional do Pronatec. O aumento das escolas de tempo integral é outro exemplo dessa parceria com os gestores municipais dentro de uma relação federada e de corresponsabilidade. Ampliamos os recursos repassados aos municípios para a busca ativa e manutenção do Cadastro Único. Os cursos do Pronatec são remunerados pelo governo federal. Na educação, o Brasil Carinhoso – que integra o Brasil Sem Miséria – trouxe uma inovação importante. Estamos apoiando os municípios a expandirem a oferta de vagas em creches públicas e conveniadas. O governo está antecipando recursos para custear novas vagas. Se a criança for do Bolsa Família, o governo paga um adicional de 50% no valor de custeio. A educação é a principal porta de saída da miséria. As crianças e os jovens do Bolsa Família têm menor evasão escolar e níveis de aprovação semelhantes aos dos demais alunos da rede púbica. No ensino médio, a taxa de aprovação chega a ser maior do que para o conjunto de alunos, conforme o Censo Escolar. São dados fantásticos. Queremos evoluir e garantir educação também para as crianças de até 3 anos de idade.

“Trabalhamos com o horizonte de superação da pobreza até 2014” Temos uma relação muito boa e próxima. O plano de superação da extrema pobreza tem sido sistematicamente apresentado e discutido com a sociedade civil. Já realizamos três encontros que chamamos de Diálogos do Brasil Sem Miséria, com a participação dos diversos segmentos da sociedade. Trata-se também de uma prestação de contas para a sociedade civil, que historicamente tem desempenhado papel estratégico na área social. O Estado brasileiro, por sua vez, deve cada vez mais assumir seu protagonismo na oferta de políticas sociais. A sociedade brasileira pode e deve dar sua contribuição. As metas do MDS para 2013/2014 já estão definidas? Trabalhamos com o horizonte de superação da extrema pobreza até 2014. Nessa perspectiva, trabalhamos com grandes metas, como oferecer um milhão de vagas em cursos do Pronatec, disponibilizar cisternas para 750 mil famílias do semiárido, universalizar o Luz para Todos para a população de baixa renda e ampliar significativamente o número de crianças pobres em creches. Queremos, até 2014, chegar ao mesmo patamar de cobertura da média nacional de 25% das crianças matriculadas em creches. As crianças mais pobres são as que menos têm acesso. Essas são algumas de nossas metas, além de localizar e cadastrar o conjunto da população extremamente pobre. Em uma escala de importância, qual a prioridade número 1 do MDS? Superar a extrema pobreza não só do ponto de vista da renda, mas garantir que a população mais pobre possa ter acesso a serviços públicos de qualidade, além de mais e melhores oportunidades de inclusão produtiva. Seja no mercado formal, por meio de um pequeno negócio ou melhorando sua produção no meio rural, nossa grande missão é colaborar na construção de um país mais justo para todos. Ganham os mais pobres, ganha o Brasil. 7


Políticas

Rapidez no julgamento de

crimes contra o idoso A Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que estabelece o rito sumaríssimo (caminho mais rápido para um processo de causas pequenas) no julgamento de crimes contra o idoso. A proposta, de autoria da deputada Sandra Rosado (PSB-RN), altera o Estatuto do Idoso para permitir a nova tramitação para crimes com penas de até dois anos. Atualmente, o rito sumaríssimo é previsto apenas para crimes cuja pena seja de até quatro anos de prisão, entretanto, a Lei dos Juizados Especiais trata dos crimes com menor potencial ofensivo, classificados como aqueles com pena de até dois anos. Esses ritos são definidos no Código de Processo Penal. Entre os crimes incluídos no rito sumaríssimo estão abandono de idoso; maustratos com lesão corporal grave; apropriação indébita de proventos, pensão ou renda do idoso; exibição de informações ou imagens depreciativas ou injuriosas ao idoso; indução do idoso sem discernimento à assinatura de procuração para administração de bens; e lavratura de ato notarial que envolva idoso sem discernimento e sem representação legal.

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Fim da polêmica Com a mudança prevista no projeto, o Código Penal e o Código de Processo Penal serão aplicados subsidiariamente ao Estatuto do Idoso e, no que couber, à Lei dos Juizados Especiais. O projeto acaba com a polêmica jurídica que se formou após o Estatuto do Idoso sobre os crimes de pequena gravidade. O dispositivo não amplia o conceito de crimes de menor potencial ofensivo, apenas permite a celeridade processual nos crimes praticados contra idosos. Em 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) já havia impedido a aplicação de medidas “despenalizadoras” e de interpretação benéfica ao autor de crimes previstos no Estatuto do Idoso. “Não seria razoável que, impondo um tratamento penal mais rigoroso aos autores de crimes contra o idoso, o estatuto permitisse, ao mesmo tempo, a aplicação de mecanismos despenalizadores”, disse a deputada Sandra Rosado. Ela lamentou o fato de idosos atingidos por crimes acabarem morrendo sem ver a Justiça atuar. Para entrar em vigor, a matéria ainda precisa ser aprovada pelo Senado e sancionada pela presidenta da República.


Políticas

A presença feminina nos programas sociais da Sudeco Desde a sua recriação, em maio de 2011, a Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) tem priorizado projetos voltados para inclusão social e econômica das mulheres da região Centro-Oeste. Para a diretoria da empresa, investir na capacitação das mulheres é fundamental, já que dados do IBGE apontam que o número de mulheres “chefes” de família aumentou consideravelmente entre 1996 e 2006, passando de 10,3 milhões para 18,5 milhões, nesse período. Um dos programas criados exclusivamente para o público feminino é o Mulheres na Construção, voltado para qualificação de mulheres em áreas como azulejo e pintura. “A construção civil necessita de mão de obra especializada, mesmo sendo uma atividade ocupada majoritariamente pelos homens”, ressalta o diretor-superintendente, Marcelo Dourado. O programa já capacitou 350 mulheres. E isso é só o começo: “Estamos ampliando e vamos investir na capacitação de mais cinco mil mulheres. Elas estão indo muito bem”, garante o diretor. Helenita Alves, 33 anos, concluiu o curso de qualificação e agora é pintora profissional. “Esse curso me ajudou muito. Agora, vou ter uma renda, conseguir pagar o aluguel,

a creche, fazer compras. Isso é o que eu quero pra mim”, disse Helenita. O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF) é responsável pela inserção das formandas no mercado de trabalho por meio de contrato temporário e em caráter experimental. O programa também tem o apoio da Secretaria de Estado da Mulher do Distrito Federal.

Presidiárias A Sudeco também coordena o Reeducando para a Liberdade, que promove a ressocialização e inclusão produtiva de mulheres que estão cumprindo pena nos

complexos penitenciários do Centro-Oeste. As reeducandas são qualificadas para atuar no ramo de confecções, preparando sua inserção no mercado produtivo quando reconquistarem a liberdade. Marcelo Dourado explica que a ideia surgiu após análise do perfil social das mulheres presidiárias que constatou que boa parte delas está cumprindo pena não por responsabilidade e delitos cometidos por elas, mas por seus parceiros. “Quando a mulher começa a cumprir a pena, ela perde a guarda dos filhos, o que é muito ruim. Ela é punida do ponto de vista social e econômico e o que nós queremos é capacitar essas mulheres no presídio”.

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Políticas

Oficinas ajudam a identificar o

racismo institucional

Todos os municípios integrados ao Plano Juventude Viva aprenderão a construir estratégias de enfrentamento ao preconceito e de promoção de igualdade racial. As oficinas sobre Identificação e Abordagem do Racismo Institucional, promovidas pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), oferecem aos servidores e gestores públicos uma série de instrumentos que possibilitam a identificação do preconceito manifestado nas instituições. No início do mês, os servidores de secretarias estaduais e das prefeituras de Maceió, Arapiraca, União dos Palmares e Marechal Deodoro, em Alagoas, aprenderam a identificar e abordar o racismo institucional. Segundo o coordenador do Juventude Viva, Felipe Freitas, o enfrentamento ao racismo é uma condição necessária para a construção de políticas de prevenção à violência contra a juventude negra. Para a servidora da Fundação Municipal de Cultura de Maceió, Filomena Félix, a oficina é importante porque trabalha com quem vai executar o plano e ao mesmo tempo

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evidencia que o racismo existe de fato nas instituições: “Para vestir a camisa do Juventude Viva, é importante entender o que é o preconceito”, afirma.

A comandante do Grupo de Gerenciamento de Crise da Secretaria Municipal de Segurança e Cidadania de Maceió, Simone Lima, reconhece a necessidade de atividades como a oficina no trato de questões relacionadas ao racismo. “Estamos adquirindo experiência para saber lidar com a pessoa negra, que geralmente é vista como suspeita pela polícia. É uma oportunidade de refletir sobre nós mesmos, sobre nossos próprios preconceitos e reavaliar nossa postura”. Para a facilitadora e psicóloga Maria Lúcia da Silva, do Instituto AMMA Psique e Negritude, apesar do êxito da oficina, é preciso que o Estado se comprometa efetivamente na construção de estratégias mais eficazes e contundentes para o enfrentamento do racismo. “É preciso envolver as pessoas com altos níveis de autoridade no setor público. Não assumir o tema é reafirmar o racismo institucional”. O Plano Juventude Viva começou em setembro de 2012, em Alagoas, e este ano será estendido ao Distrito Federal, Bahia, Pará, Espírito Santo e São Paulo.


Os senadores que integram a Subcomissão de

Acompanhamento das Obras de Belo Monte cobraram maior agilidade para reverter o descompasso entre o andamento das obras da usina e o das chamadas obras condicionantes, de caráter socioambiental, fundamentais para a construção da hidrelétrica. Durante dois dias, os parlamentares visitaram os canteiros de obras e diversas áreas de Altamira, no Pará, onde ouviram lideranças e autoridades locais. Os parlamentares já tinham visitado os mesmos locais há cerca de um ano. Para Flexa Ribeiro (PSDB-PA), vice-presidente da subcomissão e autor do requerimento da diligência a Belo Monte, o ritmo acelerado da obra da usina contradiz com a lentidão das obras mitigadoras, como as de saneamento, reforma e construção do hospital e outras ações para atender à população com serviços públicos. “Observamos que estão ocorrendo alguns problemas burocráticos, que poderiam ser resolvidos com facilidade, desde que exista maior empenho. Vimos que existe a intenção e o investimento, mas as obras de compensação deveriam ser concluídas antes de a usina hidrelétrica começar a operar. E é isso que estamos fiscalizando e cobrando”, disse o senador. O presidente da subcomissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), reiterou a importância

de se acompanhar o andamento das obras socioambientais e lembrou que a usina só entrará em operação se todas essas condicionantes forem construídas. O senador Valdir Raupp informou que a subcomissão irá marcar uma audiência com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, para solicitar maior agilidade do Ibama para alguns pontos específicos, como o aproveitamento da madeira que é produzida com a barragem e as obras. “É um desperdício da madeira que está apodrecendo e não tem nenhum projeto efetivo para que isso gere emprego e renda”. Já o diretor-presidente da Norte Energia, Duílio Diniz, afirmou que as condicionantes e as obras da usina estão ocorrendo dentro do cronograma previsto e que a maioria das obras do entorno da usina deverão ficar prontas até meados de 2014, quando deve ser solicitada a licença de operação de Belo Monte.

“É um desperdício da madeira que está apodrecendo e não tem nenhum projeto para que isso gere emprego e renda” 11

Políticas

Senadores cobram obras socioambientais de Belo Monte


Terceiro Setor

Fundação Itaú

compartilha metodologia de

educação para jovens

O programa Jovens Urbanos desenvolvido pela Fundação Itaú Social virou um guia interativo para gestores públicos, de empresas, institutos e ONGs interessados em replicar a iniciativa conforme as características regionais dos seus territórios. “Sistematizamos a metodologia do programa para inspirar a construção de modelos de educação integral para jovens que estejam articulados com políticas públicas educacionais, de proteção social e trabalho”, explica o

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vice-presidente da Fundação, Antonio Matias. Dividido em kits, o guia traz o passo a passo para a implantação do programa em qualquer lugar do país. O primeiro kit, “Parceiros Multiplicadores”, mostra desde o planejamento das atividades até o desenvolvimento de ferramentas de apoio e controle do programa, passando pela composição de equipes, prospecção e formação técnica dos profissionais. No segundo kit, “Equipe Rede”, são apresentadas técnicas para realizar a expansão do programa, por meio da prospecção de novos parceiros, monitoramento do trabalho dos profissionais envolvidos e avaliação dos resultados do programa.

Grátis Além desses guias, os interessados em conhecer o conceito do programa podem acessar a publicação “Jovens Urbanos – Marcos Conceituais e Metodológicos”. Todo o material é disponibilizado gratuitamente. O programa já beneficiou quase oito mil jovens, gerando uma elevação estimada de 77% na renda pes-

soal e de 49% da empregabilidade dos participantes. Também aumentou o hábito de leitura e a presença dos jovens em cursos profissionalizantes e de capacitação profissional, assim como em movimentos sociais e ONGs. “Esperamos que com a sistematização dessa tecnologia, empresas, institutos e órgãos do poder público criem novas oportunidades de aprendizagem para a juventude por meio da educação integral”, ressalta Antonio Matias.

Tecnologia social do programa Jovens Urbanos é disponibilizada em guias para gestores públicos e investidores sociais


Terceiro Setor

A força do voluntariado para a melhoria da

saúde bucal

O projeto Dentista do Bem selecionou mais de 15 mil adolescentes de baixa renda, com idade entre 11 e 17 anos, que necessitam de tratamento odontológico em 250 municípios brasileiros e cidades de 10 países da América Latina e Portugal. Os jovens selecionados serão atendidos por dentistas voluntários, que farão todo o tratamento gratuitamente até que os pacientes completem 18 anos. O Dentista do Bem é o principal projeto da TdB (Turma do Bem), uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada em 2002, com o objetivo de mudar a percepção da sociedade sobre a questão da saúde bucal e oferecer tratamento odontológico gratuito. Atualmente, conta com a maior rede de voluntariado especializado do mundo. São

No Brasil, mais de 14 mil dentistas voluntários atuam em cerca de 1.000 municípios mais de 14 mil dentistas voluntários espalhados por aproximadamente 1.000 municípios dos 26 estados brasileiros e Distrito Federal. O projeto também está presente em Portugal e dez países da América Latina: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru e Venezuela. No Brasil, a Oral-B é um dos principais parceiros dessa rede de voluntariado. Desde

que se uniu ao Dentista do Bem, com a força da sua marca e a credibilidade da Procter & Gamble, o projeto cresceu significativamente no país: foram mais de 8 mil jovens contemplados com tratamento odontológico gratuito e a adesão de mais de 4 mil dentistas voluntários.

Triagem O processo de triagem é bem simples e rápido: o dentista faz um exame visual não invasivo da condição odontológica de cada jovem e preenche uma ficha com dados sobre a saúde bucal e a condição socioeconômica da família. A seleção é feita por um índice de prioridade, que beneficia os adolescentes mais pobres, com problemas bucais mais graves e os mais velhos, que estão mais próximos do primeiro emprego. Os dentistas voluntários atendem aos adolescentes selecionados em seus próprios consultórios até eles completarem 18 anos. Curativo, preventivo e educativo, o tratamento é totalmente gratuito e completo, incluindo, se necessário, radiografias, ortodontia, próteses e implantes. Mais de 310 mil jovens passaram pelas triagens do projeto e 31 mil já foram encaminhados ao dentista.

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Terceiro Setor

zada a sede da Volkswagen do Brasil. No período, 160 pessoas receberam formação em corte, costura e empreendedorismo e criaram um portfólio de 37 produtos, entre eles bolsas, mochilas e porta-objetos confeccionados com tecidos automotivos e uniformes usados que seriam descartados.

Carreira solo

Costurando o Futuro

com a Volkswagen Em parceria com a Secretaria Municipal de Trabalho e Emprego, a Fundação Volkswagen está implantando o projeto “Costurando o Futuro” em São José dos Pinhais, no Paraná. O projeto oferecerá capacitação profissional em corte, costura e empreendedorismo a dezenas de moradoras de uma comunidade vizinha à fábrica de automóveis. As participantes transformarão tecidos automotivos, que seriam descartados na linha de produção, em objetos como bolsas e acessórios. O Instituto Adelina, parceira no projeto, também fornecerá matéria-prima, repassando tecido excedente da marca de camisas Dudalina. Além do foco social e econômico, impulsionando a geração de trabalho e renda na comunidade, o “Costurando o

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Futuro” tem atuação ambiental, reduzindo o descarte de tecidos em aterros. O “Costurando o Futuro” foi realizado durante três anos em São Bernardo do Campo (SP), onde está locali-

Projeto está integrado à incubadora do Programa Municipal de Economia Solidária

Para garantir a sustentabilidade do projeto, o “Costurando o Futuro” prevê ao final de três anos a formalização de um empreendimento social para seguir com o trabalho de forma autônoma. Entre o total de participantes de São Bernardo do Campo, um grupo de empreendedoras criou o seu próprio negócio, a microempresa de confecções Tecoste, que significa Tecido, Costura e Arte. O grupo Tecoste ainda foi integrado à incubadora do Programa Municipal de Economia Solidária, permitindo que essas mulheres continuem recebendo, por mais dois anos, formação em empreendedorismo social por meio da Umesp (Universidade Metodista de São Paulo). Durante este período, a Volkswagen do Brasil continuará fornecendo os tecidos gratuitamente para o grupo. Outras participantes do “Costurando o Futuro” também conseguiram ingressar no mercado de trabalho ou preferiram atuar de forma autônoma como costureiras, consolidando a missão do projeto de trazer nova perspectiva de futuro às comunidades carentes.


Criada pela professora Sueli Fonseca Gonçalves, a Academia Estudantil de Letras (AEL) adotou um jeito lúdico de ensinar literatura e estimular o interesse de estudantes de escolas públicas pela leitura. Na nova estratégia pedagógica, os alunos leem os livros, imitam personagens, refletem sobre as ações dos personagens e sobre suas vidas. O projeto, que começou na EMEF Padre Antônio Vieira, no bairro Artur Alvim, na capital paulista, conquistou os estudantes e foi expandido para outras escolas públicas municipais. Atualmente, existem 17 Academias Estudantis de Letras, envolvendo mais de mil alunos. Os resultados obtidos explicam o sucesso do projeto: sala de leitura cada vez mais frequentada; alunos escrevendo seus próprios poemas, dramaturgias e até esboços de livros; premiação em concursos literários de âmbito nacional e lista de espera de alunos interessados em participar da academia. Ao ingressar na AEL, cada aluno ganha uma pasta com a foto do autor que escolheram para estudar – patrono da cadeira que irá ocupar –, e deve preenchê-la com poemas e informações sobre sua vida e obra. Além de se reunirem semanalmente para debater literatura e teatro, todos os meses os grupos adaptam e ensaiam textos para serem encenados no palco da escola.

Imortais A Academia Estudantil de Letras (AEL) segue os moldes de uma autêntica Academia de Letras. A cerimônia de posse nas cadeiras literárias é um evento solene, em que os alunos vestem capas, fazem juramento, recebem medalha e falam um pouco sobre o autor que escolheram para estudar Como em qualquer Academia de Letras, os titulares das cadeiras são “imortalizados” quando terminam o curso e deixam a escola, sendo substituído pelos suplentes – alunos que já frequentam a Academia, acompanham os titulares nos estudos literários e estão aptos a assumir a cadeira pretendida. Os estudos são dirigidos por professores da própria escola ou por oficineiros e arteeducadores contratados especialmente para essa função. O “trabalho” na Academia acontece fora do período das aulas regulares, no chamado contraturno. Além de estimular a leitura, o projeto desenvolve hábitos de estudo, cria uma rotina disciplinar, promove a autoestima e a prática da inclusão, desenvolve uma postura “acadêmica” com reflexos na sala de aula, ajuda a vencer barreiras de timidez e resgata valores de humanização. Precisa explicar mais alguma coisa? 15

Iniciativas

Academias Estudantis de Letras estimulam o hábito da leitura


Gestão

Disseminando cultura pelo Brasil afora A 9ª edição do Programa BNB/BNDES de Cultura já está com as inscrições abertas para novos projetos nas áreas de Música, Dança, Literatura, Patrimônio, Teatro e Circo, Artes Visuais, Audiovisual e Artes Integradas. Este ano, serão disponibilizados R$ 8 milhões para incrementar as atividades econômicas da cultura. Realizado há oito anos em toda a área de atuação do Banco do Nordeste – região Nordeste, norte de Minas Gerais e Espírito Santo, o programa, que já investiu diretamente R$ 32 milhões, está democratizando a circulação, a formação e o acesso às manifestações artístico-culturais. O Projeto Flor do Una – Dança e Música, desenvolvido no Maranhão, é um exemplo concreto de como a cultura pode atuar positivamente numa comunidade. Idealizado pela artista maranhense Rosa Reis, o projeto tem influenciado fortemente o desenvolvimento sociocultural do Povoado Una do Morais, na cidade de Morros. Com atividades semanais, sempre aos sábados e domingos, o projeto atende cerca

Brasil de 35 crianças e jovens em uma programação repleta de conhecimento sobre as típicas manifestações maranhenses. Em cada reunião, as crianças têm acesso à literatura infantil e a oficinas que ensinam desde o bater do tambor de crioula, ao rodar da saia e umbigada das coreiras, passando pelas coreografias típicas do cacuriá. “O nosso foco é contribuir com o desenvolvimento das crianças e jovens desse lugar. E a cultura é uma excelente ferramenta para alcançarmos esse objetivo. Com a dança, a música e a leitura, sentimos que é possível colaborar com a transformação de uma comunidade, dando a eles conheci-

mento e novas possibilidades de agirem como cidadãos”, explica Rosa Reis. Célia Garcês da Silva é a integrante com maior idade do grupo. Aos 25 anos, ela participa junto com a filha Ketlin Vitória, de apenas 7 anos, desde o início do projeto e assegura que todo o povoado sentiu a influência das atividades, principalmente na rotina dos participantes. “As crianças não tinham com o que se divertir nos finais de semana, então acabavam em mesas de bar das redondezas. O projeto despertou o interesse, pois a gente aprende muito sobre a nossa própria cultura”.

A cultura é uma excelente ferramenta para o desenvolvimento das crianças e dos jovens 16


Gestão

DF garante espaço para crianças com

síndrome de Down Desde 2008, com o lançamento da Política Nacional de Educação Especial, as escolas públicas e privadas devem garantir o acesso e a permanência de estudantes com necessidades especiais e articular o ensino regular e a educação especial. Para antes da idade escolar de 4 anos, o Ministério da Educação (MEC) prevê o atendimento educacional especializado para apoiar o desenvolvimento dos alunos. No Distrito Federal, existem 18 centros de ensino que disponibilizam a chamada educação precoce, que atende a crianças com necessidades especiais desde o nascimento até os 3 anos de idade. O programa atende a cerca de 2 mil crianças em todo o DF. O objetivo é estimular e acolher esses meninos e meninas para que depois sejam incluídos no ensino regular. No Centro de Ensino Especial 2 de Brasília, localizado no Plano Piloto, cerca de 90% das crianças são incluídas após terem passado pela educação precoce. Para as crianças com síndrome de Down, a taxa de inclusão é ainda maior, alcançando quase 100%. “O programa é um pontapé inicial. Se fizermos um bom trabalho, a criança não

terá problemas para ser incluída”, diz a responsável pelo programa na escola, professora Beatriz Griesinger. Ela acrescenta: “A gente quer que a criança com síndrome de Down tenha espaço, que faça curso superior, que seja inserida no mercado de trabalho. Essa é nossa luta maior e é o que vem acontecendo”, comemora.

Programa familiar A educação precoce oferece atendimento de uma hora e meia, em turmas com 15 crianças em média. O programa prevê quatro eixos principais: motor, cognitivo, de linguagem e socioafetivo. “Essas crianças acabam tendo uma rotina e uma carga de atividades

maior. Mas isso não é ruim, elas aguentam e se adaptam muito bem a isso, incorporam essa rotina”, afirma a professora. Segundo Beatriz Griesinger, o momento também é importante para que os pais se aproximem dos filhos. “Eles são um excelente estímulo para os pequenos. Eles estão na fase do apego e têm uma relação muito próxima com a mãe. É um momento para essa mãe e esse pai compreenderem melhor a síndrome de Down, quais as limitações e o potencial dos filhos”. De acordo com o Censo Escolar, em 2011 foram matriculados 558 mil alunos com necessidades educacionais especiais em classes comuns no Brasil. Há dez anos esse número não chegava a 150 mil.

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Gestão

Mobilização total para preservar a

Serra da Canastra

A chegada do período da seca aumenta o ris-

co de incêndios espontâneos e até criminosos nos parques e áreas de preservação ambiental de quase todo o país. Em setembro do ano passado, um incêndio queimou mais de 50 mil dos 200 mil hectares do Parque Nacional da Serra da Canastra, um santuário ecológico que abrange seis municípios mineiros – São Roque de Minas, Delfinópolis, São João Batista do Glória, Vargem Grande, Capitólio e Sacramento. Para evitar, ou pelo menos tentar evitar, que uma tragédia dessa proporção se repita, a administração do parque elaborou um projeto de educação ambiental para conscientizar e mobilizar a comunidade em defesa dessa importante unidade de conservação administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O projeto vai mobilizar alunos e professores com o objetivo de conscientizar a comunidade sobre os riscos que o uso indevido do fogo traz ao parque. Um dos problemas identificados pelos técnicos é o hábito dos moradores da região de limpar os quintais de suas casas ou propriedades ateando fogo no lixo. “O uso indevido do fogo tem sido uma das principais causas dos incêndios ocorridos nos últimos anos no interior do parque, principalmente nos períodos mais secos. Queremos

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envolver alunos e professores no trabalho de conscientização, de orientação dos moradores sobre os cuidados, sobre a conduta que todos devem adotar para evitar esse risco”, diz Darlan de Pádua, chefe do parque.

Reforço nas trilhas A mobilização inclui palestras e reuniões com a comunidade, a distribuição de material didático sobre o uso indevido do fogo e a elaboração de estratégias mais eficientes para obter o apoio dos moradores às ações de proteção ambiental. O projeto será reforçado por jipeiros e motoqueiros que utilizam as trilhas do parque. Além do trabalho de conscientização dos produtores rurais no manejo correto do fogo, eles atuarão como olheiros, alertando gestores e brigadistas sobre a ocorrência de algum sinal de fumaça ou foco de incêndio no interior do parque. “Como eles estão sempre fazendo trilha na área não regularizada do parque, podem nos ajudar avisando a descoberta de algum sinal de fumaça ou foco de incêndio. Assim, poderemos acionar nossas brigadas mais rapidamente, tornando o combate ao fogo mais ágil e eficiente”, afirma Darlan.


Cidadania

São Paulo vai capacitar moradores em

situação de rua

A cidade de São Paulo quer resgatar a cidadania e a dignidade dos moradores em situação de rua através de programas de capacitação profissional. Em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), a prefeitura paulistana dará uma profissão aos moradores em situação de rua da cidade. Com turmas de 200 alunos, os cursos terão a duração de dois meses e o apoio da prefeitura na intermediação com o mercado de trabalho. “Queremos aprender a desenvolver tecnologias sociais novas, encontrar soluções alternativas que não sejam a mera repressão, que não é solução para nada”, ressaltou o prefeito Fernando Haddad. Ele garantiu que o programa buscará empresas para que essas pessoas também possam ser

empregadas, inclusive pelos prestadores de serviço da própria prefeitura. Os cursos oferecidos fazem parte do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Os inscritos poderão escolher a profissão de almoxarife, auxiliar administrativo, confeccionador de bolsa em couro e material sintético, confeccionador de bolsas de tecido, mecânico de bicicleta, mecânico de motores a diesel, padeiro, pedreiro de alvenaria estrutural, eletricista, instalador predial de baixa tensão, encanador, pintor de imóveis, vidraceiro, e aplicador de revestimento cerâmico.

Bolsa de estudo Além de oferecer os cursos gratuitamente, o Senai pagará uma bolsa de estudos

aos alunos no valor de R$ 2 por hora-aula. Como os programas terão no mínimo 160 horas, as bolsas serão de ao menos R$ 320 para os que frequentarem integralmente o curso. O recurso será pago em vale-transporte e em valealimentação. “Os alunos aprenderão a executar essas tarefas em um programa sob medida, muito relacionado com postos de trabalho disponíveis no mercado. Há uma preocupação de fazer uma articulação para colocar essas pessoas quase que imediatamente em condição de trabalho”, explica o diretor do Senai, Walter Vicioni Gonçalves. Segundo o censo da população em situação de rua da prefeitura paulistana, feito em 2011 pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, 14.478 pessoas vivem em situação de rua na cidade, sendo que mais da metade (55,3%) estão concentradas na região central da capital. O coordenador do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), Anderson Lopes Miranda, acredita que o projeto pode trazer essa população de volta à cidadania, à dignidade, ao respeito.

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Cidadania

Virando a vida de milhares de vítimas da

exploração sexual

Considerada como uma das piores formas de violação dos direitos humanos, a exploração sexual ainda é uma realidade frequente em várias partes do mundo. Combater essa pratica nefasta exige articulação, mobilização e dedicação. Felizmente, o Brasil vem conquistando cada vez mais aliados nessa luta. Prova disso é o sucesso do programa ViraVida de enfrentamento à exploração sexual infantojuvenil, uma iniciativa do Conselho Nacional do Sesi apoiada pelo Sistema S (Sesi, Senai, Sesc, Senac e Sebrae) e reforçada por uma ampla parceria entre instituições filantrópicas, organizações não-governamentais e empresas públicas e privadas. Esta rede de parceiros assegura o financiamento e execução do processo de transformação desses jovens e sua inserção social.

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Atualmente, o programa é desenvolvido em 20 estados brasileiros, abrangendo 23 cidades: Fortaleza, Recife, Natal, Belém, Brasília, Salvador, Teresina, João Pessoa, Campina Grande, Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina, Rio de Janeiro, Porto Velho, São Luís, Aracaju, Maceió, Contagem e Porto Alegre. Agora, o ViraVida vai aportar em Porto Seguro, na Bahia.


Superação Neste caso específico, “virar a vida” é ajudar os jovens que passaram por situações de violência, abandono, pobreza extrema, discriminação e exploração sexual a superarem essas vivências e acreditarem no seu potencial. Para tanto, o programa oferece atendimento integral a esses jovens, incluindo acompanhamento psicossocial, atendimento médico e odontológico, educação básica continuada e formação profissionalizante. Os cursos ministrados pelas entidades do Sistema S combinam formação profissional e educação básica, com abordagem de temas como cidadania, saúde, doenças sexualmente transmissíveis, cuidados com o corpo e orçamento familiar. Mas seu grande diferencial é a participação do setor produtivo, que promove a inserção dos jovens no mercado de trabalho. Assim, o Sistema S investe na capacitação e formação dos jovens e a empresa, ao empregá-los, recebe profissionais prontos para trabalhar. O público do projeto é recrutado por instituições sociais que atuam nesse campo e que integram a Rede de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Nordeste é campeão em denúncias A Matriz Intersetorial de Enfrentamento da Exploração Sexual, lançada em 2010 pela Secretaria de Direitos Humanos, apontou a existência de denúncias em 2.798 municípios brasileiros, sendo que a região Nordeste apresenta o maior número de municípios (34%), seguida pelas regiões Sudeste (30%), Sul (18%), Centro-Oeste (10%) e Norte (8%). No ranking das denúncias, a região Nordeste lidera, com 38% das denúncias, seguida por Sudeste (28%), Sul (14%), Centro-Oeste (10) e Norte (9%) Embora o fenômeno atinja pessoas de todas as classes sociais, etnias e gêneros, no Brasil a grande incidência da exploração sexual infantojuvenil se dá entre meninas, adolescentes de baixa renda e baixa escolaridade, que vivem na periferia de centros urbanos ou regiões de garimpo. O ViraVida ajuda essas meninas a resgatarem a dignidade, gerando reflexos diretos na elevação da escolaridade, no retorno ao ensino formal e no restabelecimento de vínculos familiares e comunitários. .

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Cidadania

No caso de Porto Seguro, a solicitação partiu da indústria de celulose Veracel. Segundo Débora Jorge, coordenadora de comunicação da empresa, o município baiano tem sofrido com o problema da exploração sexual de adolescentes e jovens, por conta do fluxo turístico e das rodovias que cortam o sul da Bahia. “A região tem uma população jovem muito grande e que precisa do ViraVida”, destacou. A empresa já mobilizou entidades locais de proteção à infância, como conselhos tutelares, ONGs e até aldeias indígenas, e todos se comprometeram a apoiar a implantação do ViraVida. “A rede local de enfrentamento à exploração sexual tem muita vontade, houve uma adesão muito grande até mesmo dos municípios próximos, como Cabrália e Eunápolis. Temos percebido que os parceiros estão sensíveis à causa”.


Empreendedorismo

Rota da Liberdade

Turismo com inclusão social Além de resgatar a história e a importância da cultura negra, o fortalecimento do turismo étnico está inserindo as comunidades negras tradicionais na cadeia produtiva do turismo e da economia criativa, gerando emprego e renda a seus integrantes. O circuito Rota da Liberdade – que abrange o Vale do Paraíba, o litoral norte de São Paulo, a Serra da Mantiqueira e o Recôncavo baiano – é uma viagem pela saga do negro africano, sua cultura, gastronomia e religiosidade. Conhecer as antigas fazendas do ciclo do café e comunidades quilombolas remanescentes é uma oportunidade de vivenciar experiências autênticas e ter contato com o modo de vida e a identidade de grupos étnicos afro-brasileiros. O Ministério do Turismo reconhece a força que o turismo étnico vem conquistando no mercado, sobretudo pela sua autenticidade e manutenção de suas raízes. O roteiro étnico está inserido no Turismo Cultural, um segmento que vem se organizando no país e despertando grande interesse no turista nacional e estrangeiro. A Rota da Liberdade foi o primeiro projeto de Turismo Cultural com recorte étnico do estado de São Paulo. Ele foi idealizado para valorizar a cultura negra do estado e mostrar a força e a

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beleza das comunidades tradicionais do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira.

Recôncavo Na região do recôncavo baiano, a parceria entre o Sebrae e o Instituto Votorantim deu origem ao Projeto de Produção Associada ao Turismo Étnico, que busca o desenvolvimento de ações para o fortalecimento do empreendedorismo, da cultura da cooperação e da gestão de negócios nos municípios de São Félix, Cachoeira e Maragogipe. O Sebrae foi o primeiro parceiro do Núcleo de Turismo Étnico Rota da Liberdade (Nuterli), organização que criou e desenvolveu roteiros para mostrar como vivem os descendentes de escravos na região. O conjunto de roteiros apresenta a história, geografia, cultura e modo de vida das comunidades que vivem às margens da Baía do Iguape e que são reconhecidas como remanescentes de quilombos. O potencial turístico, econômico e social do Circuito Rota da Liberdade é inquestionável. Não é à toa que o turismo étnico brasileiro está entre os dez mais inovadores programas de viagens sustentáveis do mundo.


Empreendedorismo

Pequenos negócios

adotam desenvolvimento sustentável

O Sebrae Nacional constatou que a sustentabilidade deixou de ser algo restrito ao movimento ambientalista para se transformar em estratégia de negócio das empresas. Segundo o diretor-técnico da instituição, Carlos Alberto dos Santos, os pequenos empreendedores descobriram que, além do diferencial competitivo, os produtos e serviços sustentáveis agregam valor à marca e à reputação das empresas. O balanço anual do Centro de Sustentabilidade (CSS) mostra que 2012 foi marcado pela inserção efetiva dos pequenos negócios na agenda ambiental. O Centro já dispõe de um banco de dados de boas práticas empresariais com 60 casos bem-sucedidos desenvolvidos por empresas de pequeno porte. “O desafio agora é massificar o conceito e disseminar essa prática pelos quatro cantos do país”, enfatiza o diretor. O conceito da sustentabilidade também está crescendo entre os agricultores brasileiros. Dados divulgados pelo Departamento de Economia Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) indicam que o interesse pela agricultura sustentável está em franca ascensão.

Plano ABC O crescimento dos recursos aplicados nos últimos meses pelo Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC) comprova essa evolução. De julho de 2012 a janeiro de 2013, os desembolsos totalizaram R$ 1,9 bilhão, 56,1% dos recursos programados de R$ 3,4 bilhões, registrando um aumento de 377,4% em relação ao mesmo período da safra anterior. Segundo o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Mapa, Caio Tibério Dornelles da Rocha, os R$ 3,4 bilhões disponibilizados para a implementação de projetos devem ser contratados até o final do Plano Agrícola e Pecuário, possibilitando a adoção de práticas conservacionistas que resultem em mais produção, maior produtividade e sustentabilidade ambiental. O Programa ABC é um dos planos setoriais que prevê a adoção de tecnologias de produção sustentáveis para a redução da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) no setor agropecuário brasileiro, entre elas a recuperação de pastagens degradadas; integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF), sistema de plantio direto, fixação biológica de nitrogênio e a adaptação às mudanças climáticas.

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Intercâmbio

Petrobras

divulga projetos sociais e ambientais brasileiros

Representantes brasileiros de

projetos sociais e ambientais participaram da edição 2013 do Fórum Social Mundial em Túnis, na Tunísia. Considerado o maior encontro da sociedade civil organizada, o evento contou com um espaço integralmente dedicado aos brasileiros, patrocinado pela Petrobras em parceria com o GRAP – Grupo de Apoio e Reflexão ao Proces-

so Fórum Social Mundial do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). “A Casa Brasil é uma iniciativa do governo brasileiro que apoiamos desde 2006, quando o Fórum Social Mundial foi realizado em Caracas, na Venezuela. É um espaço para que as instituições brasileiras apresentem seus projetos e troquem experiências com organizações do mundo todo”, destaca Armando Tripodi, gerente executivo de Responsabilidade Social da Petrobras. Durante quatro dias, a Casa do Brasil reuniu diversas instituições ligadas à geração de trabalho e renda, gestão ambiental na região amazônica e reciclagem de material e promoveu diversas apresentações de redes, projetos e associações.

O mundo também conheceu alguns projetos que promovem a inserção de pessoas em situação de vulnerabilidade social e as ações de mitigação de emissões e sequestro de carbono executadas no Brasil. Uma mesa de diálogo debateu o projeto de alfabetização de jovens e adultos Mova Brasil, desenvolvido em parceria entre a Petrobras, a Federação Única dos Petroleiros e o Instituto Paulo Freire. O último dia de apresentações mostrou os projetos Fábrica de Imagens, Juventude e Gênero no Campo e a Associação Rede Cananéia, com ênfase no fomento ao empreendedorismo, gênero e diversidade sexual e a permanência da juventude no ambiente rural.

Apresentadores e temas • Rede Solidária Cata-Vida: “A importância da organização dos catadores em cooperativas e estas em rede solidária”. • Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Aripuanã: “Apoio a processos de gestão ambiental e territorial em terras indígenas na Amazônia”. • Associação dos Remanescentes de Quilombo do Bairro Nhunguara: “Fábrica Comunitária de Alimentos Artesanais do Quilombo de Nhunguara”. • Instituto Promundo: “Estratégias em Cultura e Comunicação para a Promoção da Equidade de Gênero e Afirmação da Diversidade Sexual no Estado do Ceará”. • Projeto Mova-Brasil: “As contribuições da Petrobras para a educação em direitos humanos”.

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• Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis: “Trabalho e Sustentabilidade: a experiência da organização dos catadores”. • Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena: “Amazônia Viva: conservando a biodiversidade através da economia solidária”. • Fábrica de Imagens: “Estratégias em Cultura e Comunicação para a Promoção da Equidade de Gênero e Afirmação da Diversidade Sexual no Estado do Ceará, Brasil”. • Rede Cananéia: “Rede de Empreendedorismo Comunitário”. • Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Maranhão: “Permanência da Juventude Rural no Campo”.


crianças e adolescentes

desaparecidos

O site desaparecidos.gov.br ganhou nova metodologia, mais simples e mais eficiente na atualização do Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos. Com o novo sistema, qualquer familiar ou amigo poderá acessar o portal e registrar o desaparecimento da criança ou adolescente. Em seguida, uma equipe de analistas avaliará as informações, pedirá mais dados (se for necessário) e confirmará a veracidade. A partir desse momento, e-mails serão disparados para toda a rede de atendimento, incluindo polícias, conselhos tutelares, ONGs, entre outras unidades locais de proteção. Até 2014, o sistrema também passará a disparar SMS para dar maior mobilização à rede. No próprio site, o informante pode postar fotografias, solicitar coleta de material genético de familiares (para possíveis investigações posteriores), imprimir cartazes para divulgação do fato e dizer se deseja, ou não, que os dados básicos do desaparecido sejam divulgados no portal. Caso não queira, apenas as redes de atendimento terão acesso ao perfil.

24 horas Nessa nova fase, por enquanto, o site possui aproximadamente 250 casos no banco

de dados, sendo que parte dele está disponível para consulta aberta, mas, com o novo modelo, a tendência é de que esse número cresça significativamente. O cadastro funciona 24 horas por dia, sete dias por semana. A partir do segundo semestre, as denúncias de desaparecimentos também poderão ser feitas pelo Disque Direitos Humanos – Disque 100. O coordenador-geral do Observatório Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente, Cláudio Stacheira, alerta que a denúncia feita diretamente no site ou pelo Disque 100 não substitui o boletim de ocorrência. Também é importante que o órgão seja comunicado quando a criança ou adolescente for encontrado sem o auxílio das autoridades. Segundo Stacheira, os estados de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, além do Distrito Federal, estão mais adiantados na articulação com o Cadastro, porém, a meta é que todas as unidades federativas disponham de equipes de analistas estaduais para compartilhar o gerenciamento do sistema: “A criação de comitês gestores estaduais é fundamental para o pleno funcionamento do sistema e para a integração do modelo de gestão colaborativa do programa”.

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Direitos Humanos

Nova ferramenta para localizar


Coluna

Socialmente falando... O Brasil vai sediar a Iniciativa de Conhecimento e Inovação para a Redução da Pobreza, uma parceria do Banco Mundial, Ministério Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (IPC-Pnud), e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A iniciativa será dividida em três etapas. A primeira vai reunir informações sobre a implementação dos programas Brasil Sem Miséria e Bolsa Família; a segunda será de análise e aprendizado de instrumentos que permitem abordagens multidisciplinares na implementação da política; e a terceira será a busca de soluções para os problemas de implementação, considerando experiências relatas por profissionais brasileiros e estrangeiros. Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) encontraram uma nova utilidade para uma substância chamada Eugenol, encontrada no cravo-da-índia, que é capaz de eliminar as larvas do mosquito da dengue em 24

O governo do Distrito Federal aderiu ao Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver sem Limite, do governo federal. A adesão permitirá que o DF receba investimentos da União para iniciativas que atendam paralíticos, cegos, surdos, mudos, entre outros portadores de deficiência. Com os primeiros recursos, o GDF já adquiriu 32 ônibus escolares adaptados com elevadores e espaços para receber e adequar cadeiras de rodas e iniciou reformas em 116 escolas a fim de prepará-las às necessidades de estudantes com dificuldades de visão, audição ou locomoção.

horas. A utilização da substância como um agente antipragas não é uma novidade, mas sim a sua eficácia contra o Aedes Aegypti. O Inpa foi pioneiro em experimentar a capacidade característica da substância na prevenção do mosquito da dengue.

Tradição em Brasília, o restaurante Nosso Mar completou 28 anos. Hoje, além do público fidelíssimo, o restaurante está no auge do sucesso. A excelência na culinária faz do Nosso Mar um lugar agradável para degustação das sensações marítimas em sua essência. A casa mantém um clima praiano em plena Asa Norte. Os clientes saboreiam caranguejos cozidos em água, sal, cebolas, tomates e pimentões. Cada pessoa recebe uma tábua e um martelinho para auxiliar na quebra das patinhas, ao som do “Toc Toc". 26

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desafio mundial

Pouco mais de dois meses após seu lançamento, a campanha global “Pensar. Comer. Conservar. Diga não ao desperdício”, capitaneada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), já reuniu centenas de ações e iniciativas executadas em várias partes do mundo para combater o desperdício de comida. Cerca de um terço da produção mundial de alimentos se perde durante os processos de produção e comercialização. Isso significa que mais de 1 bilhão de toneladas de comida próprias para consumo são descartadas anualmente no planeta; um desperdício que afronta a dura realidade da fome, um flagelo que mata mais do que a soma das mortes por doenças como aids, tuberculose e malária. O portal da campanha (www.thinkeatsave.org) oferece dicas para os consumidores sobre o que fazer para reduzir as perdas, como elaborar listas e comprar vegetais que, mesmo não atendendo ao padrão dos supermercados, estão plenamente adequados para o consumo. Também traz informações para os comerciantes e ferramentas para mensurar e combater o desperdício nos estabelecimentos. “Em um mundo com uma população de 7 bilhões de pessoas, que deve chegar a 9 bi-

lhões até 2050, o desperdício de alimento não faz sentido, seja do ponto de vista econômico, ambiental ou ético”, afirma o Diretor Executivo do PNUMA, Achim Steiner.

Desperdício geral Segundo a FAO, nas regiões industrializadas, quase metade da comida descartada, cerca de 300 milhões de toneladas anuais, ainda pode ser consumida. Essa quantidade é equivalente a toda a produção de alimentos da África Subsaariana e suficiente para alimentar 870 milhões de pessoas. Além dos alimentos, o atual sistema produtivo mundial também desperdiça recursos hídricos, terras cultiváveis, insumos agrícolas e tempo de trabalho, sem contar a geração de gases estufa pela comida em decomposição e pelo transporte dos alimentos. “Não há segmento mais emblemático para se trabalhar por um mundo sustentável e ecoeficiente. Para termos uma vida verdadeiramente sustentável, precisamos transformar a maneira como produzimos nossos alimentos”, ressalta Achim Steiner. Portanto, participe deste movimento: pense, coma, conserve e diga não ao desperdício.

“O desperdício de alimento não faz sentido, seja do ponto de vista econômico, ambiental ou ético”

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Sustentabilidade

Combater o desperdício de alimentos é um


Justiça

Começar de Novo abre caminhos para a reinserção social Prevenir a reincidência criminal através de oportunidades de trabalho, estudo e capacitação profissional para detentos e ex-detentos é um grande desafio que vem sendo superado graças à mobilização social. O programa Começar de Novo, coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em parceria com órgãos públicos e empresas privadas, está abrindo novos caminhos para a reinserção social desta parcela da população brasileira. O programa busca a sensibilização de órgãos públicos e da sociedade civil para que forneçam postos de trabalho e cursos de capacitação profissional para presos e egressos do sistema carcerário. O Portal de Oportunidades criado pelo CNJ reúne as vagas de trabalho e cursos de capacitação oferecidos por instituições públicas e entidades privadas de todo o país. O setor da construção civil lidera a oferta de oportunidades de trabalho para esse segmento. O emprego dessa mão de obra é resultado do acordo de cooperação técnica firmado em 2010 pelo CNJ com o Comitê Organizador Local (COL), o Ministério do Esporte e os estados e municípios que receberão o mundial de futebol.

Segunda chance O termo prevê que em empreendimentos com mais de 20 operários, 5% dos postos de trabalho sejam reservados para detentos, ex-detentos, cumpridores de penas alternativas e adolescentes em conflito com a lei. Recentemente, 100 cumpridores de pena dos regimes semiaberto e aberto foram selecionados para trabalhar nas obras do Veículo Leve sobre Tri-

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Justiça

lhos (VLT) de Fortaleza, cidade que vai integrar a infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014. Ter uma segunda chance na vida é fundamental para quem quer começar de novo. Por isso, o emprego da mão de obra prisional nos empreendimentos da Copa do Mundo é apenas uma das várias ações do Começar de Novo. No agreste pernambucano, o juiz Enéas Rocha, da Comarca de Saloá, criou um projeto de ressocialização de detentos da cadeia pública do município que deu um impulso na alfabetização de adultos. Iniciado em 2009, o programa já alfabetizou mais de 200 presos provisórios. O projeto também inclui os presos das comarcas de Águas Belas e Iati, que, por falta de cadeia pública em seus municípios, cumprem prisão provisória em Saloá.

Prevenir a reincidência criminal através de oportunidades de trabalho, estudo e capacitação profissional para detentos e ex-detentos é um grande desafio que vem sendo superado graças à mobilização social

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Inovação

Fundação BB destinará R$ 800 mil para novas tecnologias sociais A 7ª edição do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social destinará R$ 800 mil para o aperfeiçoamento ou reaplicação das tecnologias premiadas. Este ano, o prêmio incorporou duas novas categorias: “Comunidades Tradicionais, Agricultores Familiares e Assentados da Reforma Agrária” e “Instituições de Ensino, Pesquisa e Universidades”. Na primeira, concorrem tecnologias sociais que tenham proporcionado a inclusão socioprodutiva de povos tradicionais, agricultores familiares e assentados da reforma agrária. Na segunda, devem ser identificadas tecnologias sociais desenvolvidas por instituições de ensino, pesquisa e universidades que tenham propiciado a inclusão dos participantes. Outra novidade desta edição é a premiação do segundo e terceiro lugar de cada categoria. Enquanto o primeiro lugar terá R$ 80 mil para utilização na Tecnologia Social, o segundo e terceiro colocados receberão, respectivamente, R$ 50 mil e R$ 30 mil de investimentos. Desde a sua primeira edição, a Fundação Banco do Brasil já investiu R$ 2,4 milhões em prêmios.

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Categorias Realizado a cada dois anos, o prêmio certifica metodologias bem-sucedidas, desenvolvidas na interação com a comunidade, que resultam em transformações efetivas na vida das pessoas. As tecnologias certificadas pela Fundação Banco do Brasil passam a integrar o Banco de Tecnologias Sociais (BTS), uma base de dados on-line que reúne informações sobre os trabalhos e as instituições responsáveis por seu desenvolvimento. Serão premiadas iniciativas em cinco diferentes categorias: Comunidades Tradicionais, Agricultores Familiares e Assentados da Reforma Agrária; Juventude; Mulheres; Gestores Públicos e Instituições de Ensino, Pesquisa e Universidades. As inscrições terminam no dia 31 de maio. O prêmio é realizado em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Petrobras, KPMG Auditores Independentes, além da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O manual de inscrição e o regulamento do prêmio estão disponíveis no site www.fbb. org.br/tecnologiasocial.

As tecnologias certificadas pela FBB passam a integrar o Banco de Tecnologias Sociais (BTS)


turmas ou séries

Um novo tipo de escola implantada no Rio de Janeiro está atraindo a atenção dos educadores. A escola municipal André Urani, na comunidade da Rocinha, que atende a 180 alunos do sétimo ao nono ano do ensino fundamental, não tem quadro negro, salas de aula, carteiras individuais, turmas, séries e nem professores tradicionais. A escola teve seu espaço totalmente reformulado para comportar uma nova proposta de educação, mais alinhada com o século 21: o Ginásio Experimental de Novas Tecnologias (Gente). As salas de aula viraram grandes salões; as lousas viraram tablets; as carteiras foram substituídas por mesas coletivas e os professores por mentores. As antigas séries foram extintas e os alunos foram agrupados em equipes de seis membros, chamadas de “famílias”, independentemente de sua série de origem. Inspirado em colégios experimentais da Europa, Estados Unidos e América Latina, no Gente, crianças de diferentes idades dividem o mesmo espaço orientadas por mentores com conhecimentos multidisciplinares. Nesta nova metodologia de ensino, cada aluno cumpre um itinerário de aprendizado pessoal, que funciona como uma espécie de playlist contendo os pontos que ele precisa

aprender ou desenvolver. O próprio aluno é responsável por escolher a forma como o conteúdo lhe será entregue – videoaulas, leituras, atividades individuais ou em grupo.

Avaliação Semanalmente, os alunos são avaliados na Máquina de Testes, um programa inteligente que propõe questões de diferentes níveis de dificuldade para garantir a evolução no conteúdo. Caso não atinja o resultado esperado, ele receberá uma atenção individualizada do mentor da família, o professor. Cada mentor é responsável por três famílias, que, reunidas, formam as equipes. Pioneiro em escolas públicas brasileiras, o projeto foi idealizado pelo subsecretário municipal de Novas Tecnologias Educacionais, Rafael Parente. O custo da unidade-piloto foi alto: R$ 3,5 milhões, sendo R$ 2,5 milhões de empresas parceiras, para o treinamento de professores, desenvolvimento dos programas educacionais e aquisição de equipamentos. O projeto deve ser expandido nos próximos anos. O objetivo é levar o Gente a 150 colégios do Rio de Janeiro até 2016, com um custo médio de R$ 600 mil por unidade.

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Inovação

Escola sem salas,


Transparência

Acesso transparente

aos objetivos do milênio

Os municípios brasileiros ga-

nharam uma nova ferramenta, transparente e eficiente, que os auxiliarão a alcançar os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM): a Agenda de Compromissos dos ODM do governo federal e municípios 2013-2016. O sistema permite que o gestor municipal conheça os principais programas federais, verifique os indicadores do seu município e defina metas de melhoria ao longo do seu mandato. A mesma ferramenta permite que o cidadão monitore e avalie o desempenho do seu prefeito ou prefeita em relação aos compromissos assumidos. “É muito importante que a gente assine os objetivos do milênio, compromisso individual de cada um dos prefeitos, para que nesse esforço conjunto possamos efetivamente chegar às metas, não

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na média, mas caso a caso”, ressalta a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. As metas do milênio foram estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000, com o apoio de 191 nações. São eles: acabar com a fome e a miséria; oferecer educação básica de qualidade para todos; promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde das gestantes; combater a aids, a malária e outras doenças; garantir qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; estabelecer parcerias para o desenvolvimento.

Adesão Para ajudar o gestor a calcular a sua meta, o sistema

dispõe de um breve diagnóstico sobre a execução do programa federal no país, no estado e no município. A Agenda de Compromissos dos ODM também compara as metas propostas pelo prefeito com os resultados efetivamente alcançados, e o certifica anualmente, cada vez que seus objetivos forem atingidos. Na agenda dos ODM, o prefeito fica sabendo como os planos, programas e projetos do governo federal podem ser implantados na sua cidade, e como pode acompanhar sua execução durante os quatro anos de mandato. facilitando o planejamento e o monitoramento do panorama municipal. O site da Agenda de Compromissos traz o passo a passo para que cada cidade interessada em participar se inscreva. O governo federal também lançou uma cartilha que esclarece o funcionamento do site e como os prefeitos podem fazer o melhor uso da nova ferramenta. Ideli Salvatti reitera a importância da mobilização e da participação ativa dos municípios para a universalização dos objetivos: “Não podemos comemorar as metas atingidas pelo Brasil se ainda tivermos em algum município a questão do analfabetismo, da violência, da exploração das mulheres”, enfatiza a ministra.


Recursos

Pavimentação de vias e esgotamento sanitário O Ministério das Cidades já iniciou a sele-

ção das propostas apresentadas por estados e municípios para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) nas modalidades pavimentação e qualificação de vias urbanas e abastecimento de água e esgotamento sanitário. As seleções estão sendo realizadas pela Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana (Semob) e pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA). O ministério investirá R$ 5 bilhões em projetos de pavimentação e qualificação de vias urbanas distribuídos em três segmentos: municípios com até 150 mil habitantes, municípios com população de 150 mil a um milhão de habitantes e municípios com mais de um milhão de habitantes. Os municípios terão 20 anos para pagar, com prazo de carência de até quatro anos e taxa de juros de 6% ao ano. No caso do saneamento, os projetos abrangem quatro segmentos: capitais de estado; municípios de regiões metropolitanas prioritárias; municípios com população acima de 70 mil habitantes localizados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste; e cidades com população acima de 100 mil habitantes localizados nas regiões Sudeste e Sul. As obras de abastecimento de água e esgotamento sanitário serão realizadas com re-

cursos do Orçamento-Geral da União (OGU), do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e de outras fontes de financiamento. Em todos os casos, não são admitidos projetos sem que a prefeitura tenha concluído obras de drenagem, coleta de esgoto e demais serviços da via.

Bons projetos O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, alerta para a importância da elaboração de bons projetos para que a obra seja feita com qualidade e celeridade; e reitera que os gestores municipais podem contar com as equipes técnicas do ministério para a construção de seus projetos. O governo garante que as prefeituras que seguirem as orientações do Ministério das Cidades não ficarão sem recursos dos programas oficiais, já que os recursos existem e estão disponibilizados. Para tanto, o ministério vem promovendo encontros estaduais para apresentar aos novos gestores informações sobre os programas e ações realizadas pelo governo federal em parceria com os municípios. A ordem é facilitar cada vez mais o acesso aos recursos da União para as cidades.

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Artigo

Os negócios sociais precisam ser

sempre inovadores?

Os negócios sociais têm sido, nos últimos tempos, grandes instrumentos de inovação. Seja por oferecer novas propostas de valor com tecnologias já existentes, por adaptar atributos de produtos ou por criar novas tecnologias; inovação e negócios sociais vêm andando lado a lado. Porém, esse anseio por inovação, apesar de ser uma das grandes qualidades do empreendedor social, pode acabar tornando-se uma armadilha. Muitas vezes, passa-se muito tempo procurando soluções inovadoras e elegantes para problemas que já vêm sendo resolvidos em outras regiões. E muitas dessas soluções, através de sua replicação e adaptação, poderiam trazer impacto na sociedade de maneira mais eficiente, sem a necessidade de duplicação de esforços. Implementar uma ideia própria e inovadora é muito mais excitante e apelativo do que customizar uma já existente. A importância deste fato não deve ser subestimada. A paixão do empreendedor social é um fator primordial para o sucesso de suas iniciativas. Além disso, os empreendedores sociais, em geral, são pessoas sedentas por mudança, sedentas por ação. Essa paixão por ação, combinada com a vontade de inovar e, às vezes, misturada com o ego, acaba fazendo com que a roda seja reinventada diversas vezes. Com certeza, há muitos empreendedores que não abraçariam iniciativas sobre as quais não tivessem senso de propriedade e não fossem inovadoras. Investidores e aceleradores reforçam essa tendência, ao dar grande ênfase no caráter inovador dos negócios sociais, utilizando, por vezes, tal característica como pré-requisito para elegibilidade de investimentos. Por outro lado, acredito que existam aqueles que se dedicariam a replicar uma iniciativa

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para atacar algum problema de educação ou saúde em sua cidade, por exemplo. Afinal, é possível fazer o bem sem necessariamente fazer algo diferente e inovador. Sendo assim, pode ser útil que os investidores questionem este foco em inovação e repensem o mix de iniciativas inovadoras e não inovadoras socialmente impactantes em seus portfólios. Sem a necessidade de inovar, é possível avaliar propostas através de análises mais objetivas, considerando o impacto social, o custo e o retorno financeiro, tendo como referência o negócio já consolidado. Há ainda outros ganhos que um negócio social consolidado pode oferecer, além de servir como inspiração para outras ideias semelhantes. Em alguns casos, um negócio poderia oferecer todo seu modelo de operações e gestão para outro empreendedor, através de um modelo de franquias, por exemplo. As dificuldades, vantagens e adequabilidade deste tipo de modelo para o setor merecem uma discussão à parte, na qual não entrarei neste momento. Independentemente da maneira de implementação desses negócios, a ideia que fica é a importância de não duplicar esforços na resolução de problemas. Já existem muitos desafios a serem superados pelos empreendedores sociais, em especial no Brasil. É fundamental que os empreendedores sociais unam forças para enfrentar esses desafios, usando todo o potencial das soluções já disponíveis no mercado. Fabio Serconek é mestre em Gestão da Inovação pelas universidades de Strathclyde (Escócia) e TUHH (Alemanha). É criador e coordenador do Projeto Brasil 27, idealizado para realizar e divulgar estudos de iniciativas e casos de negócios sociais de referência em todo o Brasil. fabio.serconek@projetobrasil27.com.br


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