associação brasileira de internet
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ano IV . edição 12 . março . 2015
20 anos de Internet no Brasil Desde o surgimento da Internet comercial no País os provedores escrevem suas histórias. Ao longo dessas duas décadas, os ISPs tiveram de se reinventar diversas vezes para não deixar de existir.
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editorial Eduardo Neger Presidente da Abranet
O protagonismo dos provedores na Internet brasileira “Enquanto a IBM e o Banco Rural anunciam que estão prontos para prestar serviços de provedor de acesso, uma empresa de Campinas trabalhou em silêncio. Na semana passada, a DGLNet, que está ligada ao backbone da Embratel através de uma linha dedicada de 64Kbps, pôs seu serviço de provedor de acesso no ar. Até sexta-feira, 30 pessoas já estavam conectadas à Rede das Redes pela empresa paulista e 120 já haviam garantido sua vaga.” Este foi o início da matéria “E as gigantes ficaram para trás”, publicada no jornal O Globo em 10 de julho de 1995. A reportagem destacava o espírito empreendedor de Dorian Lacerda Guimarães, engenheiro formado pela Unicamp que investia em um novo e promissor mercado: o provimento de acesso à Internet. Foi em 22 de junho de 1995 que a DGLNet iniciou o primeiro serviço comercial de acesso à Internet no país. Em que pese o interesse de grandes grupos econômicos e gigantes da tecnologia, foi a nascente empresa de base tecnológica do interior paulista que partiu na frente, ofertando conectividade IP discada através de sua linha dedicada de 64Kbps. Dorian foi um dos fundadores da Abranet e, atualmente, ainda é diretor da entidade. Sua empresa, pioneira no acesso discado, adaptou-se aos novos tempos, cresceu, sofisticou-se e hoje atua nas áreas de educação, comunicação e negócios digitais. A história da Internet no Brasil está repleta de jovens empreendedores com relatos surpreendentes e inspiradores. Entretanto, nem tudo são flores em um mercado no qual as
dificuldades muitas vezes impõem desafios que obrigam as empresas a reagir rapidamente. Em 9 de janeiro de 2000, por exemplo, entrava em operação o iG, oferecendo acesso discado gratuito. Em um único dia obteve 30 mil inscrições, chegando ao final do mês com 800 mil usuários. Um baque que obrigou os provedores a se reinventarem. Os provedores tiveram e ainda têm uma participação relevante na difusão da tecnologia no interior do País, estando alinhados com as políticas públicas de inclusão digital. Demi Getschko, uma das figuras mais importantes da Internet no Brasil, reconhece o papel fundamental dos provedores no desenvolvimento da rede. No segmento de conteúdo e aplicações, a Internet no Brasil se expandiu com qualidade e competência. Em abril de 1996 estreava o UOL, hoje a maior empresa brasileira de conteúdo, produtos e serviços de Internet. Os números impressionam. São mais de 7,4 bilhões de páginas vistas mensalmente e sua homepage recebe mais de 50 milhões de visitantes únicos por mês. O presidente do UOL Diveo e vice-presidente da Abranet, Gil Torquato, destaca o pioneirismo dos grandes provedores de conteúdo em reconhecer no protocolo TCP/ IP o caminho natural para o avanço da mídia. São muitas histórias nessas duas décadas de Internet comercial no Brasil. Nesta edição da Revista Abranet, com a reportagem de capa dedicada ao tema, destacamos as entrevistas com alguns dos pioneiros da rede no país. A Abranet e seus associados têm orgulho de serem, desde o início, protagonistas do crescimento ordenado, livre e democrático da Internet brasileira. Boa leitura! abranet.org.br março . 2015
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ÍNdiCe CONSELHO EDITORIAL Eduardo Neger neger@abranet.org.br
José Janone Junior janone.jr@abranet.org.br
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Duas décadas que mudaram o Brasil Há 20 anos os provedores de Internet escrevem suas histórias no País. A trajetória não foi nada fácil. Houve decisões políticas e econômicas significativas. Infraestrutura, modelo de negócios e fidelização de clientes foram relevantes no passado e continuam sendo no presente. Ao longo de duas décadas, os ISPs tiveram de se reinventar diversas vezes para não deixar de existir.
16 | teNdÊNCiaS Mais um passo na direção do white space. WhiteSpace Alliance está à frente de projeto piloto em Santa Rita do Sapucaí.
Eduardo Parajo
parajo@abranet.org.br
GERÊNCIA EXECUTIVA Roseli Ruiz Vazquez gerente@abranet.org.br
PROJETO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO
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Luiz Queiroz
queiroz@convergenciadigital.com.br EDITORA-CHEFE
18 | MerCado Leap second: o que o segundo a mais pode causar. A Internet não vai “cair” por causa do ajuste de um segundo a mais em 30 de junho, mas é preciso ficar atento a possíveis falhas. Fornecedores dizem estar fazendo a parte deles.
20 | eNtreViSta O impacto da SDN e NFV nos negócios. Conversamos com Robin Mersh, CEO do Broadband Forum, sobre os aspectos mais relevantes da SDN e da NFV.
Ana Paula Lobo
analobo@convergenciadigital.com.br EDIÇÃO
Bia Alvim
bia.alvim@pebcomunicacao.com REPORTAGEM / REDAÇÃO
Roberta Prescott
prescottroberta@gmail.com
Luís Osvaldo Grossmann ruivo@convergenciadigital.com.br EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO
22 | teCNoloGia IPv6 deve ser comum em dois anos. ISPs precisam ficar atentos ao cronograma de certificação definido pela Anatel.
Pedro Costa
pedro@convergenciadigital.com.br IMPRESSÃO
Grafinew
26 | CoNeXÃo Regulamentação da neutralidade entra na pauta da Campus Party. Postes: ISPs cobram mais isonomia. Encontro com o novo ministro das Comunicações. Wi-Fi grátis em expansão. Primeiro trecho do Amazônia Conectada sai em um ano. Novos domínios. Transição da IANA e o futuro do IGF no centro dos debates em 2015. Direct Wi-Fi Telecom entra na Rede399.
30 | oPiNiÃo O novo Código de Processo Civil e os provedores de Internet Por Charlene Nagae
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CaPa ESPECIAL 20 ANOS DE INTERNET Roberta Prescott
Duas décadas que mudaram
o BRASIL
NADA PERMANECEU IGUAL após a popularização da Internet. Quando a rede mundial de computadores expandiu seu alcance para além das universidades, o mundo se viu diante de uma das maiores transformações da Idade Contemporânea. Foi a Internet que fez a sociedade ingressar de vez na chamada Era da Informação, mudando radicalmente o acesso ao conhecimento, que agora está um clique distante. Passaram-se apenas 20 anos desde o início da Internet comercial no Brasil. No entanto, para muitos é como se a rede sempre tivesse existido, principalmente, para os mais jovens, que não imaginam como seja viver sem estar conectado. Mas nem sempre foi assim.
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Há 20 anos os provedores de Internet escrevem suas histórias no País. A trajetória não foi nada fácil. Houve decisões políticas e econômicas significativas. Infraestrutura, modelo de negócios e fidelização de clientes foram relevantes no passado e continuam sendo no presente. Ao longo de duas décadas, os ISPs tiveram de se reinventar diversas vezes para não deixar de existir.
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Em meados da década de 1990, quando algumas empresas começaram a vislumbrar que prover acesso à Internet seria um negócio, o online ainda engatinhava tanto no Brasil quanto no mundo. Era um universo pouco explorado e que impunha uma série de desafios. No País, o sistema de telecomunicações era estatal e uma linha telefônica, essencial para o provimento do acesso à Internet, custava na casa de milhares de reais. Além do alto investimento em linhas (aluguel ou compra), modems, servidores e computadores, estruturar um provedor também demandava conhecimento técnico em uma área ainda pouco explorada. O início do provimento da Internet no Brasil, em 1995, coube a pequenas empresas, muitas delas antigos fornecedores de serviços de BBS (bulletin board system) que vislumbraram ali uma oportunidade de negócio. Um dos primeiros registros foi feito por Dorian Lacerda Guimarães em 21 de junho de 1995. No dia seguinte, sua empresa, a DGLNet, passou a funcionar levando conexão à cidade de Campinas, no interior de São Paulo. “No mesmo dia, outras duas instituições foram conectadas ao backbone da Embratel no Rio de Janeiro”, conta o empreendedor. “O desafio quando começamos era conectar as pessoas, criar massa. Tinha de ter o compu-
tador, o modem, a linha telefônica; era um ambiente que não estava preparado para se conectar à Internet”, relembra Guimarães. Para engajar mais público à rede, a DGLNet montou um estande em um shopping center de Campinas. “As pessoas passavam, olhavam, viam o computador conectando-se à Internet, mas não imaginavam o que era. Daí uma emissora de TV colocou em uma novela uma personagem que conectava o computador para conversar com alguém, e aquilo chamou a atenção de todos”, diz. Para abrir um provedor de Internet, era necessário contratar a Embratel, empresa estatal e de âmbito nacional que cuidava dos serviços de telecomunicações e conexão interurbana do sistema Telebrás, e também contratar linhas telefônicas das operadoras estaduais – as empresas tanto compravam, quanto alugavam as linhas, ambas opções bastante custosas. “Contratei um link dedicado de 64 kbps, que saía da Embratel de Ribeirão Preto até a Sunrise Net em Araraquara, e a Telesp para me atender com linhas telefônicas. Inicialmente, começamos com 50 linhas, e foi uma dificuldade”, conta José Janone Junior, diretor-presidente da Sunrise Net. Gerenciar as 50 linhas de telefonia,
ProtaGonistas Empreendedores antenados nas tendências tecnológicas foram os desbravadores da Internet no Brasil. As trajetórias dos primeiros provedores de acesso à rede mundial de computadores mostram que eles enfrentaram desafios semelhantes. Como parte deste especial dos 20 anos da Internet comercial no Brasil, a Abranet entrevistou, em vídeo, alguns personagens dessa história. Confira:
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UMa decisão siGniFicatiVa A norma 4, criada em 1995 pelo então ministro das Comunicações, Sérgio Motta (foto), foi crucial para a Internet comercial no Brasil. Sem ela, o controle da rede estaria na mão da estatal Embratel, então operadora nacional, pelo menos até 1997, quando foi promulgada a Lei Geral de Telecomunicações, ou 1998, com a privatização do setor. A norma 4 definiu a Internet como serviço de valor adicionado e não como serviço de telecomunicações. O modelo adotado pelo ministro Motta é avaliado tanto pelo mercado quando por membros do governo como extremamente acertado, porque permitiu que milhares de provedores se espalhassem pelo País, sendo fundamental para a diversificação do acesso à Internet. “A legislação brasileira, desde o começo, entendeu a Internet como um serviço de valor adicionado. Então, para ser um provedor bastava ter umas linhas telefônicas, um equipamento de computação. Não precisava de uma licença específica; e isto foi muito bom para a Internet brasileira”, destaca Demi Getschko. Entre outros pontos, a norma 4/95 diz que provimento de acesso à Internet é serviço de valor adicionado e, portanto, como lembra Dorian Guimarães, diretor-presidente da Isat e fundador do DGLNet, ISP pioneiro do Brasil, era uma seara em que as operadoras de telefonia não poderiam estar. “A visão era que a Internet deveria ser algo livre e democrático.”
dorian lacerda Guimarães Foi no dia 22 de junho de 1995 que a DGLNet – uma das pioneiras no provimento de acesso à Internet do Brasil – começou a funcionar na cidade de Campinas. “Antes disto, as pessoas só tinham acesso por meio de universidades.” http://bit.ly/20-dorian
reprodução da internet / Captura de vídeo
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que representavam 100 fios, obrigou Janone a fazer um projeto de engenharia de telecomunicações. Além das linhas, havia investimento na aquisição de servidores e de modems para fazer a conexão.
PRIMÓRDIOS Pensar que a Internet no Brasil começou de uma hora para outra é um ledo engano. No final dos anos 1980, havia pressão e intenção de ligar as redes acadêmicas, o que foi alcançado em 1988 pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). “Em 1989, já prevendo que haveria um boom, pensamos que seria bom ter um esquema de dar nomes às máquinas e ganhamos na Fapesp o registro do .br, mesmo sem ter a Internet”, relata Demi Getschko, uma das figuras mais importantes da história da Internet no Brasil e que atualmente responde como diretor-presidente do NIC.br [Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR] e conselheiro do Grupo de Trabalho multissetorial do CGI.br [Comitê Gestor da Internet no Brasil] criado para acompanhar as propostas de regulamentação do Marco Civil. Em 1991, a Internet começou a trafegar para o Brasil ainda no âmbito das universidades. “As re-
des acadêmicas sumiram, porque todo mundo migrou para a Internet, que virou a solução padrão.” Naquele ano, vislumbrando a futura expansão de nomes comerciais, a Fapesp dividiu o registro .br em categorias, criando o .org.br, o .com.br, entre outros. “Depois de muito esforço e muito diálogo, a Embratel decidiu que iria entregar serviços de TCP/IP para o usuário final. Em dezembro de 1994, criou-se uma fila de assinantes, que não eram acadêmicos, candidatos a usar a rede.” Na virada para o ano 1995, provedores que já tinham o serviço de BBS começaram a aparecer, querendo entender como oferecer Internet. Ao contrário das BBSs, que eram ilhas fechadas de serviços para uma comunidade, o acesso à rede mundial de computadores colocaria o mundo ao alcance deles – ainda que em uma proporção infinitamente inferior ao que temos hoje. Os fornecedores de BBS, então, almejavam se transformar em um ponto de acesso à Internet. “O modelo de negócio que as BBSs exploravam poderia ser expandido com vantagem; era só ter algumas linhas telefônicas e os usuários poderiam sair dali para usar a Internet”, aponta Getschko. Conseguir linhas telefônicas, contudo, era um grande desafio, além de os gastos com seu aluguel
demi Getschko Uma das figuras mais importantes da história da Internet no Brasil, Demi Getschko esteve envolvido em todos os estágios da disseminação da rede. “Os provedores sempre foram fundamentais para o desenvolvimento da rede, porque ajudavam os usuários a se conectarem.” http://bit.ly/20-demi
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ou compra serem muito altos. “Quando comecei a operar com a Mandic BBS, nos anos 1990, uma linha telefônica custava US$ 4 mil, era patrimônio, tinha de colocar no Imposto de Renda. Em 1995, isto começou a melhorar um pouco com o ministro [das Comunicações, Sérgio] Motta. Os preços caíram, e a realidade ficou melhor depois da privatização”, conta Aleksandar Mandić. Empreendedor também pioneiro no mercado de ISP, ele foi um dos fundadores do Internet Group do Brasil (iG), que não sofreu tanto com a precariedade das linhas telefônicas porque foi lançado após a privatização do sistema Telebrás, ocorrida em 1998. Há 22 anos, a MPC, de Doyle Krempel, atuava como BBS e depois se tornou provedor de Internet na cidade de Campinas. “Lembro que a Embratel ficou encarregada pelo governo de disseminar a Internet pelo Brasil. O primeiro link que compramos foi de 64 kbps e custou uma fortuna, R$ 15 mil naquela época”, lembra Krempel. “A duras penas chegamos a cem linhas com cem computadores para atender aos clientes com Internet discada. O mais difícil era encontrar as linhas telefônicas.” Outro desafio era o valor do pulso interurbano. Por isto, alguns provedores passaram a lançar filiais
Pensar que a Internet no Brasil começou de uma hora para outra é um ledo engano. No final dos anos 1980, havia pressão e intenção de ligar as redes acadêmicas, o que foi alcançado em 1988 pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). em cidades próximas. “O custo mais caro [para o cliente] era o da ligação. Abrimos escritórios nas cidades próximas e na região e, no fim de alguns anos, tínhamos 32 provedores locais. Quando levávamos a Internet a alguma cidade menor, éramos recebidos pelo prefeito”, lembra Dorian Guimarães. Bem no início, lembra Demi Getschko, as BBSs e a Internet eram bastante restritivas, acessíveis apenas aos que sabiam operá-las e dominavam o idioma inglês. “Era preciso saber usar software e, para encontrar o que gostaria de baixar, descobrir em que universidade estava, porque não existiam
aleksandar Mandic´ Fundador da Mandic BBS e depois da Mandic Internet, Aleksandar Mandic´ também criou o iG, portal que oferecia acesso grátis à Internet e foi um marco na história dos ISPs. “A Internet pegou todo mundo desprevenido. Ninguém imaginava o boom que ia ser.” http://bit.ly/20-mandic
Captura de vídeo
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indexadores como temos hoje. Isto mudou com a entrada da web, porque, antes, não havia imagem ou vídeo, eram só caracteres de textos, mas mesmo assim era ótimo, porque se podia acessar uma porção de coisas, como a biblioteca do Congresso dos EUA”, lembra Getschko. Apesar de todos os empecilhos, a Internet avançou rapidamente e o número de ISPs aumentou. “A Internet pegou todo mundo desprevenido; pegou Bill Gates, IBM, Embratel, todos. Ninguém imaginava o boom que ia ser. Quando a Embratel liberou o acesso comercial à rede, eu tinha 10 mil usuários na BBS – que juntei em cinco anos. Quatro meses depois eram 40 mil usuários”, diz Mandić.
CHEGADA DO IG Passados apenas cinco anos desde o início do provimento da Internet, o lançamento do iG, em 9 de janeiro de 2000, oferecendo acesso gratuito desestabilizou os provedores. Foi o primeiro grande impacto, que os obrigou a se reinventarem. “O iG mexeu muito no mercado, criou um desequilíbrio geral na forma como todos trabalhavam”, conta Eduardo Parajo, fundador da Durand. Parajo atuava na área de montagem de compu-
tadores e informática no meio da década de 1990 quando, ao visitar uma grande feira do setor nos Estados Unidos, a Comdex, observou que o principal tema de discussão não eram as máquinas, mas os serviços online e a Internet. Ao retornar ao Brasil, Parajo decidiu empreender nessa área e montou com alguns sócios, em 1995, o provedor de acesso à Internet WTC On Line, que, no ano seguinte, foi batizado de Durand, empresa que mantém até os dias de hoje. De acordo com informações do iG, em dezembro de 2000, ele recebia 2,2 milhões de visitantes únicos em sua homepage – em média, 22% dos internautas brasileiros à época. Quinze anos depois, o iG contabiliza 2,3 milhões de contas de e-mail de usuários ativos e tem audiência mensal de 30 milhões de visitantes únicos. “A Internet grátis só funcionaria se houvesse muitos usuários. Para um provedor com mil,10 mil usuários, não iria funcionar. Quando lançamos o iG, nós tivemos 30 mil cadastramentos em um só dia e chegamos ao fim do mês com 800 mil usuários”, explica Aleksandar Mandić. Pensado para ser grande, o iG mudou o mercado de ISPs e foi um marco no Brasil. “Ele deu a possi-
eduardo Parajo No meio da década de 1990, ao visitar uma grande feira do setor nos Estados Unidos, Eduardo Parajo observou que o principal tema de discussão não eram as máquinas, mas os serviços online e a Internet. Ao retornar ao Brasil, montou um provedor de acesso à Internet. [Com a entrada das teles,] “muitos provedores morreram. Foi preciso se reinventar, criando alternativas e http://bit.ly/20-parajo coisas que não existiam antes.”
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bilidade de a população de menor poder aquisitivo entrar na Internet, que era cara (e ainda é). Uma população com acesso à informação sabe mais e vale mais para o País”, diz Mandić. O iG não incomodou apenas os pequenos provedores. O UOL estava se preparando para abrir capital na Bolsa de Valores de São Paulo quando a bolha da Internet estoura e, no Brasil, o iG inicia sua operação. “Estávamos preparados para fazer o IPO [sigla em inglês de Initial Public Offering, a primeira oferta de ações de uma empresa na bolsa de valores] e fomos surpreendidos pela chegada do acesso gratuito, um movimento que já sabíamos existir”, relata Gil Torquato, uma das cabeças por trás do lançamento do UOL – Torquato trabalhava na Folha de São Paulo quando o grupo de mídia decidiu lançar o UOL em abril de 1996 e o designou para elaborar o plano de negócio. Segundo ele, o UOL nunca acreditou no modelo gratuito, mas chegou a lançar um provedor grátis, batizado de NetGratuita, que funcionou apenas entre janeiro e novembro do ano 2000. No comunicado oficial do encerramento das atividades da NetGratuita, o UOL explicou que era impossível tornar o serviço rentável. “Este mode-
Passados apenas cinco anos desde o início do provimento da Internet, o lançamento do iG, em 9 de janeiro de 2000, oferecendo acesso gratuito desestabilizou os provedores. Foi o primeiro grande impacto, que os obrigou a se reinventarem. lo está condenado. Entramos neste negócio como medida de defesa. Estudamos o modelo de acesso grátis desde o início de 1999 e sabíamos de suas enormes dificuldades em ser rentável mesmo no longo prazo”, afirmou Luís Frias, então presidente da UOL Inc., na nota à imprensa.
OPERADORAS X ISPS A Internet comercial abriu frentes para outras empresas. IBM e Unisys tentaram marcar presença e apostaram em redes próprias no Brasil, numa política até diferenciada em relação às suas matrizes.
Gil torquato Gil Torquato esteve à frente do lançamento do UOL. Antes de lançar o que é hoje o maior portal do Brasil, líderes do Grupo Folha fizeram benchmarking com empresas dos Estados Unidos, como a AOL, naquela época o maior provedor do mundo, com 11 milhões de assinantes. “A AOL foi um grande exemplo para nós. Trouxemos para o Brasil a ideia deles de distribuir os CDs.” http://bit.ly/20-torquato
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Provedores locais surgiram. E, claro, as operadoras de telecom começaram a cobiçar o mercado, vislumbrando que o negócio de Internet poderia aumentar significativamente suas receitas, e criaram mecanismos para participar dele, montando ISPs. “Depois que os provedores desbravaram as melhores praças, as teles abriram seus próprios provedores e começaram a querer tirar nossos clientes. Nessa mesma época, chegou o ADSL, com velocidade a partir de 256 kbps e chamado de banda larga. Aí ficou fácil para eles levarem de mão beijada os clientes que nós havíamos treinado, ensinado a usar, e cujos computadores havíamos conectado”, diz Janone Jr. Para Doyle Krempel, da MPC, a maior dificuldade para os primeiros provedores era conseguir infraestrutura para crescer. “Havia demanda, mas dependíamos do governo fornecer linhas e pagávamos uma fortuna pelos links.” O cenário melhorou após a privatização, quando os custos com telefonia caíram. Para Krempel, a entrada do iG no mercado assustou, mas o ingresso das teles teve um impacto ainda maior. Em 20 anos, os ISPs tiveram de se reinventar diversas vezes para não deixar de existir. Além
do impacto da chegada do iG, a entrada das operadoras no serviço de ADSL representou um enorme desafio. “Tudo mudou com a entrada das grandes empresas, como a NET, fornecendo banda larga via cabo. Os ISPs se viram sem mercado e tiveram de entrar onde as grandes não chegavam”, destaca Krempel. Assim, o papel fundamental exercido pelos provedores ao longo das duas décadas foi levar conexão a lugares remotos, dando capilaridade à Internet. “Muitos provedores morreram. Foi preciso se reinventar, criando alternativas e coisas que não existiam antes”, aponta Eduardo Parajo. “Você conta nos dedos os negócios de Internet que deram certo, porque é um modelo que está sendo desafiado a todo momento”, completa Gil Torquato. Se no início o desafio era conectar as pessoas, em seguida, a maior barreira para o ingresso de novos usuários foi a falta de conteúdo na rede. Nesse sentido, o lançamento do UOL chamou um contingente maior de pessoas para o ambiente virtual. “O Grupo Folha imaginava que o protocolo TCP/IP seria uma nova realidade para o mundo da mídia de uma forma geral. Como éramos e somos um grande provedor de conteúdo,
José Janone Junior Para montar a Sunrise Net, então com 50 linhas telefônicas, José Janone Júnior teve que fazer um projeto de telecomunicações. “Os provedores foram desbravadores, principalmente, os das pequenas cidades, que tinham parceria com lojas de informática. Os próprios provedores iam às residências conectar a placa de modem, ensinavam, http://bit.ly/20-janone davam treinamento.”
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enxergamos na Internet o futuro do nosso negócio. Poucas empresas de mídia tiveram esta visão tão antecipadamente como nós”, atesta Torquato. A aposta em conteúdo do UOL ficou mais evidente a partir da associação com a Abril, em agosto de 1996, desfeita anos depois. “Nós sabíamos que a produção de conteúdo era um diferencial.” Porém, o que ninguém esperava naquela época é que a Internet iria muito além dos conteúdos proprietários. Ao promover a descentralização da produção de conteúdo, a Internet passou a ter um alcance maior e ser bem mais democrática. “Nos dias de hoje, os usuários são os protagonistas do conteúdo, que é de todos. No começo, era detido pelas empresas de mídias, editoras”, aponta Dorian Guimarães. Transformação foi uma constante no negócio dos provedores. Com o acesso à Internet ganhando status de commodity, eles buscaram alternativas para expandir sua atuação. Muitos ingressaram no fornecimento de infraestrutura para o mercado corporativo, agregando serviços como hospedagem de sites, fornecimento de plataforma de comércio eletrônico, soluções de segurança, entre outros. Essa estrutura ganhou ainda mais força com o advento da computação em nuvem. Outros ISPs se transformaram em pequenos operadores de telecomunicações, ofertando serviços de telefonia e TV a cabo. Em comum, os provedores têm apostado na personalização e na qualidade do atendimento para conquistar e fidelizar seus clientes. Se antes o desafio das empresas da Internet era ocupar os espaços, agora, há competidores gigantes no mercado. “Naquele tempo, era uma briga de boxe e hoje este mesmo jogo se chama Fórmula 1, porque para chegar ao fim da corrida não pode tocar no adversário senão os dois ficam fora”, compara Aleksandar Mandić. A carência de mão de obra, de infraestrutura e de usuário foi vencida. Quando a Internet começou, lembra Mandić, “a gente sabia que ia dar certo, mas não sabíamos o comportamento do usuário e andávamos em ziguezague. Hoje, andamos em linha reta, pois sabemos o que queremos fazer.”
o QUe VeM Por aÍ Saber exatamente o que esperar para as próximas décadas da Internet pode ser um exercício vão de futurologia. “Se olharmos os últimos dez anos, mudou muita coisa; os devices estão mudando, os desktops sendo abandonados e os smartphones estão com tudo”, diz ´ A tendência é que mecanismos de Aleksandar Mandic. buscas, incluindo o reconhecimento de voz, ficarão mais precisos e personalizados. “Para os próximos dez anos, eu apostaria na personalização do acesso e do conteúdo. A Internet continuará se expandindo e será algo personalizado. Haverá aplicativos e ofertas exclusivas para grupos e que vão atender muito bem”, sintetiza Dorian Guimarães. Para Demi Getschko, é complicado adiantar o futuro porque ainda não vimos todo o tamanho do impacto da Internet, que será gigantesco e em todas as áreas. “O simples fato de você ter uma rede que não tem fronteiras já dá um trabalho enorme para compatibilizar as legislações nacional e internacional”, aponta. A Internet colocou-nos diante de uma nova realidade muito mais ampla, além de ter sido e prometer ser, ainda, uma ferramenta de disrupção. “A capacidade de processamento e de armazenamento praticamente infinita nos dá poder incrível e também nos traz preocupações”, ressalta Getschko. Uma das mais recentes preocupações, levantada inclusive por Vint Cerf, reconhecido como um dos pais da Internet, é o fato de estarmos armazenando dados em formatos que não conseguiremos ler daqui a alguns anos. Getschko ressaltou que podemos, nos dias de hoje, ler um manuscrito da Idade Média, mas não conseguimos ler um disquete de oito polegadas porque não temos a interface para isto. “O que as pessoas têm feito é criar mecanismos que tentam simular as coisas velhas, mas mesmo assim é preciso preservar. Todo mundo coloca tudo em pen drive – que não existia há dez anos e será que daqui a 30 anos vai existir?” abranet.org.br março . 2015
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Roberta Prescott
MAIS UM PASSO NA DIREÇÃO DO
WHITE SPACE WhiteSpace Alliance está à frente de projeto piloto em Santa Rita do Sapucaí
À ESPERA DA REGULAMENTAÇÃO, os white spa-
ces, ou “espaços em branco” – faixas de frequência entre 470 MHz e 698 MHz –, podem ser solução para aumentar o alcance da banda larga via rádio. Em 2010, o CPqD começou um projeto que levou ao desenvolvimento de um sistema de rádios cognitivos que usam essa frequência. Neste ano, o assunto voltará à pauta porque a associação WhiteSpace Alliance está à frente de um piloto em Santa Rita do Sapucaí (MG) visando testar o uso dos white spaces para provimento de banda larga na região. Em entrevista à Abranet, Apurva N. Mody, chairman da WhiteSpace Alliance, explicou que o uso dessa faixa faz sentido para reduzir o custo, principalmente nas áreas rurais, da implantação de infraestrutura para atender à grande demanda por serviços
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de banda larga. “Queremos que o white space seja usado porque a demanda por espectro continua a crescer”, afirmou. Já regulamentado em países como os Estados Unidos, Canadá, Japão e Cingapura, o white space aproveita faixas de canais de televisão subutilizados (os chamados espaços em branco) e os utiliza para fornecer acesso de banda larga sem fio. De acordo com a entidade, as poderosas características de propagação de sinais VHF / UHF os tornam ideais para uso em áreas rurais, onde a implantação de infraestrutura com fio não é rentável. A maior discussão sobre o tema ainda reside no fato de haver ou não interferência nos canais de TV. Antes de começar o piloto, a WhiteSpace Alliance fez o levantamento de quais canais dentro da faixa poderiam
ser empregados. Atualmente, o projeto está em fase de obtenção de licença junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para que sejam realizados os testes de uso da frequência e provimento de conectividade de internet banda larga a uma escola local. Segundo Mody, o projeto é desenvolvido em parceria com o Ministério das Comunicações, a Anatel e o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel). “Estamos buscando um ISP local”, disse. A discussão em torno dos white spaces ganha força porque a faixa de frequência utilizada pode ser solução para aumento do alcance da banda larga via rádio, já que se consegue atingir uma área maior de cobertura. Apurva N. Mody explicou que a regulamentação desse espectro é um processo longo. Disse que, nos Estados Unidos, os trabalhos começaram em 2004, e muitos debates ocorreram até se chegar a um acordo sobre a questão. Isto resultou na homologação de uma série de equipamentos que não causam interferência nos sinais de TV.
Prefeitura Municipal de Santa rita do Sapucaí - pmsrs.mg.org.br
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Roberta Prescott
LEAP SECOND: O QUE O SEGUNDO A MAIS PODE CAUSAR A Internet não vai “cair” por causa do ajuste de um segundo a mais em 30 de junho, mas é preciso ficar atento a possíveis falhas. Fornecedores dizem estar fazendo a parte deles O DIA 30 DE JUNHO terá um segundo a mais. O ajuste será
feito para sincronizar os relógios atômicos à rotação da Terra, que a cada dia desacelera cerca de dois milésimos de segundo ao rodar sobre seu próprio eixo. No Brasil, o chamado leap second vai ocorrer às 20h59 [horário de Brasília], por causa do fuso em relação ao meridiano de Greenwich (UTC-3), onde o acréscimo de um segundo acontecerá na virada de 30 de junho para 1º de julho. Não é preciso temer o leap second como se ele fosse um novo bug do milênio — guarde sua preocupação para o “problema do ano 2038”, quando os processadores de 32-bit podem parar de funcionar, pois não conseguirão mais contar o tempo. Mas alguns cuidados devem ser tomados ante possíveis falhas em sistemas operacionais, sites e aplicativos. A apreensão que hoje as empresas têm com relação às consequências do leap second decorre do que aconteceu em anos anteriores, quando houve travamento e/ou lentidão de servidores e de aplicações. De acordo com Antonio M. Moreiras, gerente da Área de Projetos do NIC.br, relatos apontaram problemas em sites como LinkedIN e Foursquare e no Amadeus, software usado por muitas companhias aéreas e agências de viagens. A maior parte das falhas foi de solução simples, sendo necessária apenas a reinicialização dos sistemas.
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“Em 2012, praticamente todos os sites que usavam aplicações Java e alguns dos que usavam o sistema operacional Linux sofreram travamentos ou lentidão”, explicou Moreiras em entrevista à Abranet. Falhas em transações financeiras e impacto em sistemas mais críticos têm probabilidade baixa de ocorrer, mas não devem ser descartados. Não há como saber se, neste ano, os problemas serão os mesmos ou se surgirão novos. “Não vamos esperar nada muito sério”, disse Moreiras. “Falhas mais sérias que aconteceram lá atrás já foram resolvidas, mas não custa fazer verificações”, completou.
PREVENIR PARA NÃO REMEDIAR Para contornar a situação e se prevenirem, as empresas devem ficar atentas durante o horário da mudança e verificar se tudo está operando normalmente, inclusive fazendo testes de funcionalidades dos sistemas. Simular em laboratório, com alguma antecedência, possíveis problemas é outra recomendação. Além disto, é preciso que os fornecedores de sistemas e aplicações que apresentaram falhas no último leap second, em 2012, adiantem-se para evitar que isto se repita. A Red Hat, fornecedora de soluções Linux, afirma que trabalhou
COMO SE PRECAVER?
› Estudar a situação, entendendo o leap second e como ele é tratado nos sistemas que sua organização utiliza, para identificar se e como eles podem ser afetados.
› Zelar para que os sistemas estejam
corretamente atualizados e configurados, usando o Network Time Protocol (NTP) – veja em www.ntp.br.
› Realizar testes em ambiente apropriado,
com antecedência, simulando o leap second
› Programar um plantão para o dia e horário
do evento, executando testes apropriados em seus sistemas logo após o leap second. Fonte: Antonio M. Moreiras | NIC.br
para corrigir eventuais erros. O próprio criador do sistema Linux, Linus Torvalds, disse à revista Wired que as pessoas precisam se acalmar. Em entrevista à Abranet, Boris Kuszka, gerente dos arquitetos de soluções da Red Hat, explicou que o bug no núcleo (kernel) do Linux acometeu usuários apenas dos Estados Unidos, onde se usa o Protocolo de Tempo para Redes (NTP, na sigla em inglês) para sincronização dos servidores. “No Brasil, são servidores de tempo local e nossos usuários não tiveram impacto. Nenhum cliente da Red Hat apresentou problemas”, disse. Em 2012, dois erros foram constatados: aumento para 100% do uso de CPU e travamento do sistema. Na maioria dos casos, ambos foram solucionados com a reinicialização dos sistemas. A Red Hat diz que fez correções e rodou aplicativos de testes. Os clientes que usam a RHEL 6.4 e seguintes não devem ser afetados, pois o sistema já está preparado. Para quem tem versões anteriores, a Red Hat publicou correções no site para serem baixadas. Os clientes também podem fazer testes. “É muito improvável que haja erros ou que apareçam novos”, afirmou Kuszka. Outra que teve problemas foi a Amadeus, fornecedora de soluções para o segmento de turismo, especialmente
para gestão de reservas das companhias aéreas. Contatada pela Abranet, a empresa, sem dar mais detalhes, afirmou que está monitorando de perto as discussões da indústria sobre o próximo leap second e seguindo os padrões das melhores práticas. Informou ainda que há um planejamento a respeito e que está se “preparando para garantir uma transição suave”. A estratégia da Google será acrescentar milissegundos de forma gradual aos relógios de seu sistema no dia 30 de junho. Mas fazer o relógio andar mais rápido não é uma solução que serve para todas as empresas, provedores de Internet ou sites, conforme explicou Antonio M. Moreiras, do NIC.br. “Será um dia fora de sincronismo, o que para um banco, por exemplo, pode não ser viável”. Procurada, a Google no Brasil se recusou, por meio de sua assessoria de imprensa, a dar entrevista ou divulgar qualquer posicionamento sobre o assunto. Aplicativos baseados em Java também falharam em 2012. Segundo relatos da época, eles, rapidamente, começaram a usar 100% da CPU e a Oracle, proprietária do software, publicou instruções aos clientes. Para este ano, deixou disponíveis em seu site algumas orientações. A assessoria de imprensa da Oracle no Brasil disse que a empresa não comentaria a reportagem. abranet.org.br março . 2015
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eNtreViSta Robin Mersh CeO do broadband Forum Roberta Prescott
O impaCtO da sdn e nFv nOs negÓCiOs Duas siglas estão presentes em todas as conversas sobre o futuro das redes de telecomunicações: SDN (Software-Defined Networking, ou rede definida por software) e NFV (Network Functions Virtualization, ou virtualização de funções de rede). Ainda que o cerne da discussão diga respeito às redes das grandes operadoras, os provedores de Internet precisam ficar atentos sobre o impacto dessas tendências em seus negócios. A Revista Abranet conversou, por e-mail, com Robin Mersh, CEO do Broadband Forum, sobre os aspectos mais relevantes da SDN e da NFV. Confira os principais trechos:
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REVISTA ABRANET - O futuro das redes de telecomunicações passa por SDN e NFV, mas ainda vemos uma adoção muito baixa. Por quê? ROBIN MERSH - Estamos no início do estágio de adoção da virtualização. Os provedores de serviços veem muitos casos de sucesso e benefícios para os clientes, tanto empresas como consumidores, assim como negócios mais saudáveis, uma vez que eles se movem para uma estrutura de rede mais dinâmica. A fim de tirar proveito dos benefícios, é crítico para a indústria determinar quais são os casos de uso
divulgação
“Mover de acesso dedicado para uma alocação dinâmica de acesso vai mudar toda a estrutura de custo e de preços que o provedor de serviços pode oferecer para clientes corporativos ou no mercado de atacado”
mais valiosos, nos quais a virtualização oferece mais vantagens, e saber como gerenciar a transição de um mundo completamente físico para uma mistura de funções de rede fixas e virtuais.
aplicações que estamos vendo são infraestrutura como serviço, virtualização de funções de rede como serviço, plataformas de redes virtuais como serviço, virtualização de estações-base móveis, entre outras.
Como se dará a migração? É neste ponto que o Broadband Forum cumpre seu maior papel. Temos sido os arquitetos da rede de banda larga por mais de 20 anos e, reunindo mais de 160 provedores de serviços e companhias fornecedoras ao redor do mundo, desenvolvemos especificações e melhores práticas para a migração, a arquitetura, os testes e o gerenciamento das redes. Nosso objetivo é mitigar os riscos na adoção de novas tecnologias. Juntos, nossos membros estão impulsionando novas especificações que vão formatar as mudanças, como a virtualização, com foco na exigência contínua da satisfação dos clientes.
O que muda para os ISPs? O que eles ganham com isto? Mover de acesso dedicado para uma alocação dinâmica de acesso vai mudar toda a estrutura de custo e de preços que o provedor de serviços pode oferecer para clientes corporativos ou no mercado de atacado. A virtualização oferece uma maneira de endereçar as necessidades dos clientes de forma mais imediata, ao mesmo tempo em que reduz o custo de suporte redundante de equipamentos e outros recursos. Colocar funcionalidades nas redes leva a uma grande redução nos problemas com clientes e de manutenção. Isto tudo é ótimo, mas a indústria precisa de um plano de transição e de acordar em uma plataforma global de gerenciamento. A nova arquitetura assegura uma migração para as redes virtuais. Este trabalho está ocorrendo agora e estamos esperando um tremendo progresso para os próximos seis a 12 meses.
Os provedores de Internet estão, de fato, adotando essas novas tecnologias? Com certeza. Existem várias ideias circulando sobre como eles podem capitalizar a virtualização, especialmente no que se refere à alocação de recursos em uma rede dinâmica e inteligente. Algumas das
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teCNoloGia
Luís Osvaldo Grossmann
IPv6 EM DOIS ANOS
DEVE SER COMUM
Migração completa, no entanto, só deve acontecer em 2020, quando as operadoras prometem levar o novo protocolo da Internet para o interior do Brasil. ISPs precisam ficar atentos ao cronograma de certificação definido pela agência reguladora. AO PRESSIONAR AS OPERADORAS para prepararem
suas redes para a versão 6 do protocolo de Internet (IPv6), a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) projeta que, em no máximo dois anos, o novo sistema estará disponível para praticamente todos os usuários no Brasil. Nos grandes centros, isto deve valer para meados de 2015. A migração total deve demorar cinco anos. Pelo calendário acertado com a agência reguladora, as operadoras de telecomunicações já ofertam conectividade IPv6 para clientes corporativos, como provedores de acesso e aplicações. A partir de julho, os usuários novos, mesmo no varejo, usarão automaticamente o novo sistema de endereçamento na Internet. A partir do segundo semestre, as operadoras terão de oferecer IPv6 nativo aos novos usuários, pelo menos nas principais cidades do País. Os atuais terão modems e roteadores trocados gradativamente por equipamentos configurados para IPv6. Desde janeiro, a Anatel só certifica cable modems que tenham IPv6. Em junho, o mesmo acontecerá com os smartphones. A previsão é que a
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partir de 2016 também modems ADSL só sejam certificados com IPv6. “À medida que o IPv6 for disponibilizado para os usuários finais, os equipamentos que forem colocados nas casas deverão ter capacidade de funcionar com o mesmo protocolo. Mas esse processo será gradual. Para os provedores de conteúdo, isso torna viável que entrem em contato imediatamente com as operadoras e comecem a contratar conexões com endereçamento IPv6”, disse o superintendente de Planejamento e Regulamentação da Anatel, José Bicalho. A pressão da Anatel veio da pouca mobilização espontânea, mesmo diante da escassez de endereços IPv4. “As redes reclamavam da falta de conteúdo. Os produtores de conteúdo diziam que as redes não estavam preparadas. O que fizemos foi discutir prazos para as redes estarem prontas para o tratamento do IPv6, tanto para usuários corporativos quanto finais”, informou o superintendente da Anatel. A preocupação com a oferta de conteúdos em IPv6, porém, persiste. “Os principais players de conteúdo no Brasil já trabalham com IPv6, mas existem muitos que ainda precisam fazer a adaptação. Este alerta continua importante”, acrescentou Bicalho. Nomes conhecidos da Internet como Google, Facebook, UOL e Terra já têm conteúdo em IPv6. Na administração pública, um cronograma prevê todo o conteúdo de e-gov federal adaptado até 2018. Bicalho descarta a possibilidade de o IPv6 também vir a se esgotar – até em função de a Internet se
“À medida que o IPv6 for disponibilizado para os usuários finais, os equipamentos que forem colocados nas casas deverão ter capacidade de funcionar com o mesmo protocolo. Mas esse processo será gradual. Para os provedores de conteúdo, isso torna viável que entrem em contato imediatamente com as operadoras e comecem a contratar conexões com endereçamento IPv6” JOSÉ BICALHO, Superintendente de Planejamento e regulamentação da anatel tornar pilar da Era do Conhecimento e da Sociedade da Informação. “São 340 undecilhões (o equivalente a 36 zeros após o 340) de endereços possíveis a partir do novo protocolo, o que vai permitir que cada habitante do planeta tenha 48x10 elevado à 18ª potência de equipamentos conectados. É muito improvável que, algum dia, esse número se esgote”, completou.
NAT E INVESTIGAÇÃO POLICIAL Como forma de agilizar a transição no sistema de endereçamento da Internet no Brasil, as operadoras foram “incentivadas” a adotar o NAT, acrônimo inglês para ‘tradução de endereços de rede’ – ou, mais recentemente, CGNs, ou carrier-grade NATs, que basicamente são NATs na escala das grandes teles. São equipamentos de rede que viabilizam o compartilhamento de endereços – uma gambiarra
adotada globalmente diante do fim dos endereços IPv4. Mas esta partilha tem implicações, notadamente, na identificação de usuários em casos de investigações criminais ou processos judiciais. “No momento em que se compartilha um endereço IP com várias pessoas e se quiser saber quem usou em determinado momento, pode-se ter como resposta vários usuários. Cria-se uma dificuldade de identificar de forma inequívoca um determinado usuário”, admitiu o superintendente da Anatel. “O jeito é, além do IP, colocar também outra informação, que é o número da porta. É como se tivesse um ramal interno”, completou. Segundo ele, isso já foi tratado com os órgãos de segurança, de forma que mesmo os pedidos judiciais que envolvem identificação de endereço IP trazem também solicitações de identificação da porta utilizada.
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a arrancada do iPv6 O uso do IPv6 está aumentando mais rapidamente do que o previsto. Desde o lançamento mundial, em 2012, a conectividade IPv6 mais do que triplicou entre os usuários do Google.
dia Mundial do iPv6 0,34
Valor projetado atualizado 10,8
se a tendência continuar, iPv6 será o protocolo dominante em cerca de quatro anos.
Um ano após o lançamento mundial do iPv6 1,35
lançamento mundial do iPv6 0,64
25%
10,8 10%
dois anos após o lançamento mundial do iPv6 3,5
5%
5,4
4% 3% 2%
2,7 Valor projetado originalmente
1% 0%
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Fonte: World iPv6 launch - http://www.worldipv6launch.org
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CoNeXÃo
regulamentação da neutralidade entra na pauta da CAMPUS PARTY O DEBATE SOBRE A REGULAMENTAÇÃO do Marco Civil
da Internet foi tema da Campus Party. Em painel realizado durante o evento, o relator da lei, deputado federal (PT/RJ) Alessandro Molon, salientou que é muito importante que o processo de regulamentação guarde o conceito de que se é exceção tem de ser pouco e raro. “Não podemos ter oito, dez exceções, porque senão vira regra. E a regra é a neutralidade de rede”, disse. Uma das principais discussões na regulamentação da lei será se a oferta de pacotes com acesso gratuito de dados a determinados sites, como redes sociais, quebra ou não a neutralidade de rede e afeta a livre concorrência. No cerne do debate, a questão da tarifa zero divide opiniões. Para Veridiana Alimonti, advogada e ativista do Intervozes — anteriormente, ela foi membro do Instituto de Defesa do Consumidor —, o artigo 9º é bastante claro e veda acordos pagos entre empresas de telecomunicações e fornecedoras de conteúdo (a exemplo do que ocorreu nos EUA entre Netflix e Comcast) e também a existência de pacotes diferenciados na rede.
A advogada defende que acordos como os firmados entre as teles e redes sociais (como Facebook e Twitter) e aplicativos como o WhatsApp ferem o princípio da neutralidade de rede. É preciso, de acordo com ela, travar um debate sobre o chamado zero dados, que já foi considerado abusivo em outros países. Isto significa impedir que qualquer aplicação seja tratada de maneira diferente na rede. “Ainda temos o desafio da inclusão no Brasil, mas este desafio não é enfrentado dando meia Internet ou dando franquia baixa em que uma aplicação tem o privilégio de trafegar grátis. Não há dúvida de que fere o Marco Civil da Internet.” Já Enylson Camolesi, diretor Institucional do Grupo Telefonica Vivo no Brasil, argumenta que é preciso analisar o tópico considerando que o Brasil ainda tem muito a evoluir na inclusão digital. “É um princípio que tem de ser discutido, porque a neutralidade de rede precisa ser preservada, ao mesmo tempo em que existe a questão de competição. É ter direito à neutralidade de rede e à concorrência”, afirmou. A linha do que será aceitável ou não é tênue. Para
POSTES: iSPs cobram mais isonomia MESMO DEPOIS DE UM ACORDO sobre o preço pelo com-
partilhamento de postes, o tema ainda é discutido na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Diretamente interessados, provedores regionais de acesso à Internet reclamam maior isonomia, de forma que não haja preços diferenciados em pontos de fixação de um mesmo poste. Integrante do Conselho Consultivo e representante de pequeno provedor de acesso, Fabiano Vergani disse que “há
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medo de retaliação por parte das empresas elétricas, especialmente sob alegações técnicas. Não há prazo para que seja aprovado um projeto de ocupação dos postes.” A vigência formal da resolução da Anatel e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre aluguel de postes do setor elétrico pelas teles está agendado para abril, mas na prática as agências já acertaram um procedimento
Marcelo Branco, professor honorário do Instituto Superior Tecnológico Cevatec (de Lima, Peru) e membro do conselho científico do programa internacional de estudos superiores em software livre na Universidade Aberta de Catalunha, há exceções técnicas que são necessárias, como filtros antispam, porque são aceitáveis por todos, já que impedem que os spam cheguem. “São exceções que tenham como critério técnico o bom funcionamento da rede”, explicou. Eduardo Neger, presidente da Abranet, lembrou que a neutralidade de rede é importantíssima do ponto de vista do usuário. Neger também destacou que atualmente não existe barreira de entrada para quem cria aplicações. “O grande conceito de neutralidade é essencial, assim como o conceito de privacidade.” A defesa da neutralidade de rede está ligada a assegurar que se continuem criando novidades e novos aplicativos para a rede.
Durante a Campus Party do Brasil, quem circulou no meio dos cerca de 8 mil “campuseiros”, como são chamados os participantes inscritos e que acampam no espaço do evento de tecnologia, pôde notar o anseio de muitos deles por empreender digitalmente. A feira parece estar mudando e ganhando ares mais profissionais —
o que também ficou evidente pelo tipo de discussões e palestrantes. Neste ano, os campuseiros tiveram a missão de mudar o código fonte. “Esses jovens fazem parte da nova geração que está mudando as coisas”, destacou o fundador da Campus Party, Paco Ragageles. Em sua oitava edição, a Campus Party ocorreu de 3 a 8 de fevereiro, no São Paulo Expo. A edição do Brasil foi classificada pelo presidente da Campus Party Brasil, Francesco Farrugia, como a maior e mais importante do mundo. Nesta edição, os participantes contaram com acesso a uma plataforma online (http://campuse.ro/) para facilitar o encontro de pessoas interessadas nos mesmos temas e ajudá-las a debater diversos assuntos e a buscar auxílio para projetos que estejam desenvolvendo durante o evento. A estimativa de público visitante foi superior a 100 mil pessoas.
expresso para os pedidos de mediação a partir das empresas de um ou outro setor. E saiu para os postes da goiana Celg usados pela GVT o primeiro ajuste para R$ 3,19. “Nós nos preparamos para os casos mais comuns que envolverem teles e elétricas e padronizamos as decisões nas questões de preço e ocupação dos postes. Usamos o valor de referência em um pedido da GVT sobre a Celg, feito ainda antes da resolução conjunta. Não temos nenhum pedido novo”, revelou o superintendente de Competição da Anatel, Carlos Baigorri.
Para o sócio e diretor-geral da Matarazzo & Associados, Edmundo A. Matarazzo, a resolução conjunta entre a Anatel e a Aneel não deve afetar o negócio dos provedores, porque eles, normalmente, negociam uma quantidade pequena de postes. A justificativa é que não faz sentido para as elétricas fazerem um contrato para poucos postes, uma vez que, de acordo com o regulamento das empresas de energia, em linhas gerais, elas não podem usar o ativo, no caso o poste, como atividade remunerada. As concessionárias ficam com 10% do valor do contrato e com este montante precisam administrar o recurso. “O custo para quem quer 10 postes acaba ficando alto”, explicou Matarazzo.
MAIS MADURA
Campus Party Brasil
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encontro com o novo MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES O NOVO MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES, Ricardo Ber-
o ministro das comunicações, ricardo berzoini, e o presidente da abranet, eduardo neger
zoini, recebeu, em fevereiro, a diretoria da Abranet, que aproveitou a ocasião para apresentar a entidade, fazer um balanço das atividades do setor em 2014 e compartilhar as perspectivas para o ano de 2015. “Tivemos um encontro de cortesia, mas pudemos expor nossos pontos de vista sobre o mercado de Internet no contexto das políticas públicas que estão sendo adotadas pelo
governo”, afirmou o presidente da Abranet, Eduardo Neger. O ministro das Comunicações disse que as portas do ministério estarão sempre abertas para o setor de provedores de Internet e que contará com a ajuda da entidade para continuar levando à frente o programa de inclusão digital do Governo Dilma.
WI-FI GRÁTIS em expansão OS PONTOS DE ACESSO GRATUITO à Internet estão se proliferando pelo País. A Algar
anunciou aumento de sua cobertura de hotspots Wi-Fi nas três cidades onde atua: Uberlândia e Uberaba, no Triângulo Mineiro, e Franca, no interior paulista. O projeto teve início em 2011 e somava quase 70 pontos antes da expansão. Na cidade de São Paulo, o programa da prefeitura WiFi Livre SP está atrasado, mas seus líderes já falam em expansão. Há condições de ampliar, usando o mesmo contrato, para mais 30 praças. Atualmente, 112 das 121 praças planejadas e licitadas foram entregues. O foco agora, de acordo com o coordenador de Conectividade e Convergência Digital da Secretaria Municipal de Serviços da Prefeitura, João Cassino, é finalizar as entregas e atingir o nível de serviço contratado, de 96% de disponibilidade (o percentual está em 93%). Para a expansão do WiFi Livre SP, a prefeitura também leva em conta a possibilidade de firmar parcerias com a iniciativa privada para viabilizar o aumento no número de locais atendidos. João Cassino afirmou que o modelo ainda não está fechado, mas garantiu que há empresários interessados.
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Herivelto Batista (Minicom) / Prefeitura de São Paulo
Primeiro trecho do AMAZÔNIA CONECTADA sai em um ano AS PRIMEIRAS REALIZAÇÕES do Programa Amazônia Conectada, que visa a criar uma infraestrutura de fibra óptica no interior do Estado de Amazonas, devem se tornar realidade dentro de um ano. A previsão é que, em 12 meses, seja implantado o trecho de 220 quilômetros, entre Coari e Tefé. O orçamento inicial para esta etapa é de cerca de R$ 15 milhões — o investimento para o Programa Amazônia Total, em toda sua extensão, está estimado em R$ 1 bilhão. Eduardo Grizendi (foto), diretor de Engenharia e Operações da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), discorreu à Abranet sobre a prova de conceito que está sendo realizada em uma extensão de 10 km do Rio Negro, com previsão de finalização em março, interligando duas bases do Exército brasileiro em
Manaus, como parte da expansão da Rede Metropolitana de Manaus (MetroMAO), da companhia de processamento de dados do Amazonas (Prodam) e da RNP. “Esse trecho já beneficiará as atividades de ensino e pesquisa, telemedicina, ensino a distância e ações ligadas à saúde, segurança pública, trânsito e turismo, desenvolvidas pelos parceiros do programa, e de atendimento à população em geral e empresas, por meio dos provedores de Internet”, disse Grizendi. O pontapé inicial do Programa Amazônia Conectada foi dado em novembro do ano passado, quando foi assinado o memorando de entendimento da RNP com o Exército. O programa prevê a construção de várias rotas ópticas de cabo subfluvial na Amazônia.
Novos DOMÍNIOS
ra, das máquinas e procedimentos técnicos. O .rio liberado pela ICANN para ser usado pela cidade do Rio de Janeiro ainda não está sendo comercializado, porque não foram estabelecidos os cartórios online que vão administrar e fazer a venda do domínio, de acordo com Pedro Peracio, chefe-executivo digital da Coordenadoria de Novas Mídias Digitais do Gabinete do Prefeito. Em entrevista à Abranet, ele disse que a expectativa é que sejam criados três cartórios online. Parte dos domínios será usada pelo governo e o restante ficará disponível a empresas interessadas em associar as suas marcas ao sufixo .rio. No entanto, a prefeitura, que está à frente do processo, não decidiu a quantidade que será destinada a cada segmento.
DESDE QUE FOI ABERTA A possibilidade de registros de no-
vos nomes de domínio de topo genérico (gTLDs, do inglês generic top-level domain), a ICANN recebeu perto de 1,9 mil propostas de companhias de várias partes do mundo. A expectativa é que haja alguns lançamentos no Brasil, principalmente na categoria de marcas (brand). Alguns nomes, como .globo, .bradesco, .itau, .ipiranga, .uol e .natura, já assinaram os acordos, mas ainda existem alguns processos a serem feitos para as empresas começarem a usar o novo endereço, como a preparação de infraestrutu-
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transição da IANA e o futuro do IGF no centro dos debates em 2015 DISCUSSÕES EM TORNO DAS PROPOSTAS para a transição da custódia da administração das funções da IANA (sigla em inglês de Autoridade para Atribuição de Números da Internet), a expansão de novos nomes de domínio e o futuro do Internet Governance Forum (IGF) e da NetMundial devem marcar o ano de 2015. E a América Latina ganha destaque, com a realização de dois importantes eventos para a discussão da Internet. Em junho, ocorre na Argentina o encontro ICANN 53 e, em novembro, o Brasil sediará o Fórum de Governança da Internet (IGF, na sigla em inglês). Em entrevista à Abranet, Daniel Fink, líder no Brasil da ICANN (sigla em inglês de Corporação da
Internet para Atribuição de Nomes e Números), órgão que regula o registro de domínios na Internet, destacou que a transição da IANA estará no centro dos debates durante o ICANN 53, pois é esperado que, até lá, os três grupos de trabalho que recebem as propostas das comunidades apresentem algo mais concreto, um documento mais consolidado. “Essa transição vai criar algo que não existia. Será um grupo, um comitê ou até uma nova organização que vai fazer esta função”, disse Fink. Como este novo organismo será constituído, quantos representantes ele terá e como atuará são pontos cruciais na evolução do processo. Fink aposta em um organismo multissetorial – exi-
DIRECT WI-FI TELECOM entra na rede399 O MUNICÍPIO DE UBIRATÃ é a aposta do provedor Direct Wi-
-Fi Telecom para expandir sua atuação no Paraná. O provedor ganhou a licitação da Rede399 para fornecer acesso à Internet para a prefeitura pelo prazo de 24 meses. “Ainda não somos conhecidos em Ubiratã e queremos atuar na cidade”, disse Leandro Dias de Almeida, sócio e fundador da empresa, em entrevista à Abranet. O caminho escolhido pelo ISP foi concorrer na licitação do programa Rede399 do governo do Paraná. O edital apresentado pedia velocidade alta de banda, de 1 Gbps, chegando à sede da Prefeitura; baixo preço na rede Multiprotocol Label Switching (MPLS); e prazo de entrega da rede em fibra óptica (de cerca de 10 km) em 30 dias. “Resolvemos apostar na ideia por causa do incentivo de 95%
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de ICMS nas compras de equipamentos para rede”, contou. O provedor de Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) que ganha uma licitação da Rede399 recebe diferimento de 95% para os produtos de infraestrutura de telecomunicação fabricados no estado do Paraná a serem utilizados na rede e se compromete a vender Internet popular de qualidade. Uma vez que o provedor terá a infraestrutura pronta para atender à prefeitura, o interesse da empresa é atender o cliente final, tanto pessoa física quanto jurídica, com expectativa de ter pelo menos 500 clientes atendidos com fibra óptica até o fim de 2015. A rede do edital prevê 10 km de rede de fibra óptica para cobrir os principais pontos do município, mas a Di-
DANIEL FINK líder no Brasil da iCaNN
“Essa transição vai criar algo que não existia. Será um grupo, um comitê ou até uma nova organização que vai fazer esta função”
rect Wi-Fi Telecom vai ampliá-la, chegando de 15 a 17 km, para aumentar o alcance. Já as regiões mais remotas de Ubiratã serão cobertas via rádio. “Vamos montar a rede de rádio com capacidade inicial para atender 300 clientes”, contou o sócio Leandro Dias de Almeida. Atualmente, a Direct Wi-Fi Telecom atua na região metropolitana de Campo Magro, incluindo Campo Largo, Balsa Nova e Santa Felicidade, e possui 2.100 clientes (residenciais e comerciais). “A Rede399 é uma iniciativa bacana para o pequeno provedor manter-se no mercado e passar fibra óptica”, disse. A Direct Wi-Fi Telecom tem até fevereiro para entregar a rede de 10 km em pleno funcionamento por 24 meses, interligando as 39 unidades de interesse no município (são 29 pontos de 50 mega, nove de 100 mega e um ponto central de 1 giga, que fica no paço municipal). A prefeitura desembolsará R$ 208.507,92 (valor total para 24 meses), a R$ 1,93 o Mbps na rede MPLS e link de 100 Mbps de Internet a R$ 25,20 o Mbps.
gência dos EUA –, muito parecido com o brasileiro Comitê Gestor da Internet (CGI) e com vários instrumentos de auditoria. Ele não acredita que o papel ficará a cargo de algum órgão da Organização das Nações Unidas, como o IGF. Mudanças também são esperadas para a atuação do IGF. Durante a reunião de novembro, que será realizada em João Pessoa (PB), a grande discussão girará em torno da continuidade do evento. “O ponto alto do IGF é a renovação. Será decidido se vai continuar acontecendo ou não. Outro tema que pode vir à tona é se as recomendações do IGF vão se tornar algo que deva ser seguido pelas instituições e governo, porque, por enquanto, ele é só um fórum de debates”, destacou Fink. O executivo também comentou sobre o futuro da NetMundial Initiative. Foi nomeado um comitê, que conta com a participação de dois brasileiros, que será responsável por estabelecer a regra de composição e as funções do board e endereçar as questões sobre as quais a comunidade e os governos têm dúvidas, gerando recomendações.
PTT A INTERNET SOCIETY recebeu financiamento da Comcast para estender os pontos de troca de tráfego (PTT) na América Latina. Segundo a entidade, o dinheiro será usado para estruturar um PTT no Paraguai, que dará suporte ao recém-lançado na Bolívia. O Paraguai tem hoje um dos mais altos custos de Internet da região.
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oPiNiÃo Charlene Nagae
advogada, sócia do escritório rodrigues barbosa, mac dowell de Figueiredo, gasparian - advogados
O nOvO CÓdigO de prOCessO Civil e Os prOvedOres de internet CAUSOU ESPANTO, RECENTEMENTE, a determinação de
um juiz de que a intimação de uma ordem judicial fosse realizada por WhatsApp. Mas a verdade é que a recente promulgação do novo Código de Processo Civil vai alterar substancialmente a rotina de escritórios de advocacia e de departamentos jurídicos de grandes empresas, no tocante às formas como são intimados de decisões judiciais. Os provedores vêm enfrentando um aumento significativo no número de demandas judiciais e não é sem motivo: a crescente utilização de redes sociais, o surgimento de novos blogs, sites e o próprio aumento da circulação de informação, cuja localização é possibilitada pelas ferramentas de busca, expõem os provedores aos mais diversos questionamentos acerca do que é divulgado na Internet, ainda que a recente aprovação do Marco Civil tenha afastado a responsabilidade civil dos provedores pelo conteúdo gerado por terceiros. Ao não identificar de pronto o autor de determinado texto ou o responsável pela divulgação de uma fotografia, aqueles que se sentem ofendidos automaticamente voltam suas pretensões contra os provedores, e a prova disso é que, diariamente, inúmeras cartas de citação e intimação se acumulam nos escaninhos dos departamentos jurídicos dos grandes provedores. Decisões liminares imprecisas, prazos exíguos e incerteza ainda são regra, e não são raras as vezes em que o Judiciário exige dos provedores a agilidade que ele próprio não é capaz de entregar: “retire do ar todas as referências feitas ao autor da ação, dentro do prazo de 24 horas, sob pena de multa diária de R$ 10.000,00”. Quem nunca se deparou com uma decisão nesse sentido? O novo CPC, além de consolidar questões que já foram tratadas pela Lei do Processo Eletrônico, traz significativa
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alteração ao prever a possibilidade de citação e intimação por meio eletrônico e, mais do que isso, a obrigação de empresas públicas e privadas manterem cadastro junto aos Tribunais para recebimento de citações e intimações. Se por um lado o novo CPC cria importante ferramenta para que a tramitação dos processos ocorra de modo mais ágil, ao prever que a citação e a intimação se deem preferencialmente de modo eletrônico, por outro, colocará as empresas na difícil situação já enfrentada hoje pelos escritórios de advocacia: lidar com os inúmeros sistemas adotados por cada um dos Tribunais. Projudi, E-SAJ, PJE, dentre outros, passarão a fazer parte da realidade também das empresas, que deverão se preparar para serem citadas e intimadas – inclusive das decisões liminares – por meio de cada um desses sistemas, que contam com diversas peculiaridades. Outra alteração que deve impactar a atividade dos provedores é a sistemática adotada pelo novo CPC de privilegiar os precedentes jurisprudenciais. Em linhas gerais, a ideia é uniformizar a jurisprudência, tornar impositiva a aplicação dos precedentes e limitar as hipóteses de sua revisão. A insegurança jurídica causada pelas decisões proferidas Brasil afora, por vezes com soluções diametralmente opostas em casos idênticos, é sentida pelos provedores na pele. O Marco Civil da Internet trouxe, sem sombra de dúvidas, importante contribuição ao definir uma série de questões que vinham sendo tratadas casuisticamente pelos Tribunais, mas está longe de solucionar todas as controvérsias que surgem cotidianamente. A jurisprudência teve e continuará tendo papel importante no preenchimento das lacunas deixadas pelo legislador e também para interpretar a legislação, ainda recente.
divulgação
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