Revista Abranet . 16

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INTERNET

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4G: um novo horizonte para os negócios

ano V . edição 16 . abril . 2016

Gerir uma empresa é gerir pessoas

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EDITORIAL Eduardo Parajo Presidente da Abranet

APOSTA FORTE NAS OPORTUNIDADES Nesta primeira edição da Revista Abranet em 2016, não podemos deixar de reconhecer que instabilidade política e problemas na economia marcaram o primeiro trimestre. Mas nós, como empresas de Internet, não podemos ficar atados ao presente. É necessário planejar o amanhã, e há boas oportunidades acontecendo. Uma delas é a disseminação dos objetos conectados, ou Internet das Coisas. Em estágio inicial, a IoT tem um potencial enorme para mudar o mundo e os negócios no Brasil, tal como ocorreu com o advento da Internet comercial há duas décadas. Nossa reportagem de capa é exatamente sobre o impacto da Internet das Coisas nos negócios e as principais tendências nesse campo. Para os provedores que quiserem ingressar nessa seara, a recomendação é planejar e, mais do que tudo, entender qual a sua própria competência e como encontrar bons nichos de mercado. Acreditar que é possível ir em frente é uma tendência das empresas de Internet, e a prova está na aposta feita por mais de 300 empresas do segmento que foram às compras e adquiriram frequências no leilão da Anatel, no final do ano passado. Essas organizações querem expandir sua atuação e terão um papel crucial para ampliar a participação em serviços como voz, dados e vídeo. Hoje já somos o quinto mercado da Internet e podemos ir além. A mesma recomendação quanto à IoT é aplicável neste caso: planejar, planejar e planejar. Os investimentos são elevados, e definir o melhor modelo de negócio determinará quem vai ter sucesso na empreitada. Do ponto de vista regulatório, 2016 já começou com debates relevantes para o segmento de Internet. Um dos temas à mesa é a regulamentação do Marco Civil. Na segunda etapa da consulta pública, conduzida pelo Ministério da Justiça e encerrada em fevereiro, a Abranet se posicionou de forma muito transparente. A entidade chamou atenção para a ilegalidade e a inconstitucionalidade de qualquer leitura do decreto que indique que provedores de aplicação tenham obrigação de coletar dados referidos como “dados cadastrais” (a filiação, o endereço e a qualificação pessoal, entendida como nome, prenome, estado civil e profissão). Para a associação, o Poder Público não pode obrigar empresas a coletarem dados pessoais que sejam desnecessários para o desempenho de suas atividades. Estamos trabalhando para que esse ponto não seja incluído no decreto que regulamentará o Marco Civil. Em meio a tantas mudanças, a transformação digital se impõe ao setor de TIC. E temos certeza que o nosso segmento tem um papel de destaque na construção desse novo ciclo de negócios digitalizados. O desafio é grande, e as empresas de Internet têm de estar prontas para demarcarem seus lugares nessa nova era. Boa leitura! abranet.org.br abril . 2016

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ÍNDICE 05 | ABRANET RESPONDE Muitas dúvidas rodeiam a cabeça de empresários interessados em abrir uma empresa para prover serviços de Internet. Confira pontos importantes a considerar na hora de planejar e estruturar um ISP.

CONSELHO EDITORIAL Eduardo Parajo parajo@abranet.org.br

José Janone Junior janone.jr@abranet.org.br

Eduardo Neger

neger@abranet.org.br

06 | TENDÊNCIAS Um novo horizonte para os provedores. Ao comprar lotes no leilão de sobras de frequência, provedores de Internet de diversas regiões poderão ofertar banda larga fixa usando a tecnologia LTE, ou 4G.

GERÊNCIA EXECUTIVA Roseli Ruiz Vazquez gerente@abranet.org.br

12 | CAPA

IoT:

um universo de OPORTUNIDADES

Ainda em estágio inicial, a Internet das Coisas promete revolucionar o mundo, permitindo que objetos troquem dados entre si sem a interferência humana. Para os provedores de Internet, a IoT abre caminho para novos modelos de negócios.

PROJETO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO

Editora Convergência Digital editora@convergenciadigital.com.br Tel: 011-3045-3481 DIREÇÃO EDITORIAL

Ana Paula Lobo

analobo@convergenciadigital.com.br

Luiz Queiroz

queiroz@convergenciadigital.com.br EDITORA-CHEFE

20 | ENTREVISTA . CILENE LUCENA / MARCILENE FENERICK Gerir uma empresa é gerir pessoas. São elas que executarão o que for decidido pela diretoria – e o sucesso da empresa dependerá em grande parte do esforço que fizerem. Por isto, não importa o porte, todas as companhias precisam estruturar a área de gestão de pessoas.

Ana Paula Lobo

analobo@convergenciadigital.com.br EDIÇÃO

Bia Alvim

bia.alvim@pebcomunicacao.com REPORTAGEM / REDAÇÃO

22 | TECNOLOGIA Uma proposta diferente para as CDNs. Batizado de OpenCDN, o modelo criado pelo NIC.br tem como objetivo descentralizar o tráfego Internet no País e colocar o conteúdo mais perto dos provedores de Internet.

Roberta Prescott

prescottroberta@gmail.com EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO

Pedro Costa

pedro@convergenciadigital.com.br

24 | POLÍTICA Avança a Regulamentação do Marco Civil da Internet. A Abranet enviou uma extensa contribuição à minuta do anteprojeto de lei divulgado pelo Ministério da Justiça.

IMPRESSÃO

Gráfica Pigma

26 | CONEXÃO As notificações de ataques a servidores Internet registraram um aumento de 128% em 2015 com os cavalos de troias – usados para furtar informações e credenciais – os mais usados pelos hackers. E mais: CADE adverte que o preço da programação da TV paga é muito mais alto para os pequenos operadores e o tratamento deve ser isonômico.

30 | OPINIÃO . DANIEL OPPERMANN O desenvolvimento da Internet mudou o perfil do consumidor e provoca a necessidade de tratar da segurança da informação. A criptografia desponta como um tema urgente a ser debatido e está na pauta de prioridades do grupo de trabalho de governança da Internet da Abranet.

Rua da Quitanda, 96 / Cj.31 - Centro - São Paulo / SP CEP: 01012-010 Fone: (11) 3078-3866 www.abranet.org.br facebook.com/abranetoficial Linkedin.com/abranet @abranet_brasil Youtube.com/AbranetBrasil

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ABRANET RESPONDE Tem uma dúvida? Quer que um especialista da Associação Brasileira de Internet responda? Escreva para o Abranet Responde. O e-mail é abranetresponde@abranet.org.br

O QUE LEVAR EM CONTA AO ABRIR UM PROVEDOR DE INTERNET? Muitas dúvidas rodeiam a cabeça de empresários interessados em abrir uma empresa para prover serviços de Internet. A seguir, pontos importantes a considerar na hora de planejar e estruturar um ISP. A ATIVIDADE DE PROVIMENTO DE INTERNET pode parecer simples, porque muitos a visualizam como uma revenda de um serviço contratado junto a uma prestadora de serviços de telecomunicações de Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), modalidade que alguns chamam também de “compartilhamento de Wi-Fi”. No entanto, conforme sublinha Edmundo Matarazzo, diretor-geral da Matarazzo&Associados, tais visões são equivocadas e levam à execução de atividades que constituem crime, como, por exemplo, a oferta de serviço de telecomunicações sem prévia autorização. Matarazzo explica que a construção de um provedor de Internet deve, em primeiro lugar, focar na avaliação de como o novo provedor estará integrado à Internet e qual capacidade de conectividade poderá oferecer. O Comitê Gestor da Internet (CGI) é responsável pela atribuição de endereços IP que são essenciais para que um provedor possa funcionar corretamente constituindo o seu sistema autônomo. A interligação ao ponto de troca de tráfego do CGI é outra necessidade, bem como os acordos de troca

de tráfego com outros sistemas autônomos da Internet. Com as etapas anteriormente mencionadas, o provedor pode avaliar, então, se ofertará sua conectividade por meio de prestadores de serviço de telecomunicações (SCM ou Serviço Móvel Pessoal - SMP) ou se constituirá outra empresa para prestar também o serviço de telecomunicações. “O empreendedor deve entender que aqui estão envolvidas duas atividades distintas: o provimento de conectividade Internet e a prestação de serviço de telecomunicações. E que em qualquer situação a relação entre as duas atividades deve ser isonômica e transparente, porque a qualquer tempo um provedor de Internet pode solicitar o uso do serviço de telecomunicações e qualquer prestador de serviços de telecomunicações pode solicitar a possibilidade de oferecer o serviço de um provedor de conectividade Internet”, aponta Matarazzo. Assim, as atividades exigem separação na gestão, na parte fiscal e tributária e envolvem emissão de documentos distintos, como nota fiscal ao consumidor final. Matarazzo lembra que o empreendimento exige planejamento e identificação dos custos envolvidos em cada caso e uma avaliação das possibilidades de mercado, analisando pontos como quem são os concorrentes e qual é o perfil de usuário a ser atendido. “O empreendedor precisa conhecer os custos tributários envolvidos e nunca se basear em evasão fiscal para obter resultado no empreendimento”, enfatiza. Uma boa consultoria empresarial é fundamental para que o empreendedor conheça os riscos e possibilidades do empreendimento, assim como um planejamento de realização dos investimentos e previsão de receitas. abranet.org.br abril . 2016

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TENDÊNCIAS

Um novo horizonte para os provedores Ao comprar lotes no leilão de sobras de frequência, provedores de Internet de diversas regiões poderão ofertar banda larga fixa usando a tecnologia LTE, ou 4G MAIS DE 300 EMPRESAS compraram faixas de espectro para ofertar serviços de telecomunicações e Internet em 2.903 municípios brasileiros. Em dezembro do ano passado, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) levou a cabo o leilão das sobras que licitou autorizações para uso de radiofrequências nas faixas de 1.800 MHz, 1.900 MHz e 2.500 MHz. As propostas apresentadas pelas empresas que participaram da licitação chegaram a R$ 852,6 milhões, sendo que as relativas ao lote C somaram R$ 89,9 milhões, com ágio médio de 99,4%. Voltado para provedores de Internet, o lote C restringiu a área de prestação como municipal, permitindo operar com o Serviço de Comunicação Multimídia (SCM). As faixas foram ofertadas em 1.9 GHz e 2,5 GHz (bandas T e U), ambas em Time Division Duplex (TDD) – espectro que requer uma única banda, uma vez que tanto o downlink como o uplink estão na mesma frequência. Apesar de ter recebido algumas críticas por parte de especialistas no setor – principalmente, devido ao pouco tempo para análise do edital e a exclusão do espectro Frequency Division Duplex (FDD), tido como melhor por requerer bandas emparelhadas, uma para o downlink e outra para o uplink –, o leilão despertou o interesse dos provedores de Internet. Dos pouco mais de 20 mil lotes do tipo C que a Anatel colocou à disposição, 5.755 tiveram

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lances dados por 324 empresas, segundo a análise prévia da Anatel. A lista final de todos os vencedores da licitação ainda não foi divulgada. Em 16 de fevereiro, quando a agência realizou sessão pública de abertura, análise e julgamento das propostas de preço e abertura da documentação de habilitação, a disputa estava encerrada para 1.464 lotes. Para estes lotes, foi possível apontar 90 empresas vencedoras – proponentes que ofertaram melhores propostas e que atenderam em totalidade, sem ressalvas, às condições de participação na licitação. Já os outros 4.291 lotes seguem sem definição. Isto porque as empresas proponentes ainda precisam resolver algum tipo de pendência junto à Anatel. Em geral, trata-se de apresentação de documentos. Mas resta também uma decisão a ser tomada sobre as ofertas feitas por pessoas físicas, já que o entendimento da comissão de licitação é que tais ofertas caberiam somente a pessoas jurídicas. Adquirir as faixas de frequências abre para os provedores de Internet a possibilidade de trabalharem com a tecnologia Long-Term Evolution (LTE). Além de prover acesso à Internet, os ISPs podem usar a LTE para outras aplicações, por exemplo, construir uma rede privada de comunicação para segurança, com vídeo e voz, algo parecido com o sistema de trunking. Eles também podem colocar um terminal na casa do cliente para ofertar voz sobre IP (VoIP). Desde que a Anatel divulgou o edital de licitação, os provedores de Internet observaram que preços baixos estavam a seu alcance e as condições pareciam favoráveis, como o período de uso de 15 anos, prorrogáveis por mais 15 anos. Para esses lotes, também não foi necessário apresentar garantia. Além disso, o pagamento foi facilitado: entrada de 10% e dez parcelas iguais e anuais, a partir do terceiro ano, com taxa de juros simples de 0,25% ao mês mais IGP-DI. A Anatel estabeleceu prazo de 18 meses, sob pena de extinção da outorga, para a entrada em operação. Foi considerada vitoriosa a melhor proposta de preço inicial, sem repiques.

NOVAS OFERTAS Comprar a faixa de frequência não obriga os ISPs a implantar uma rede LTE, uma vez que a Anatel não estipula a tecnologia que deve ser usada para ofertar os serviços – ainda que a LTE seja a mais recomendável por abranet.org.br abril . 2016

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“Com a LTE, abre-se uma grande oportunidade para explorar novos modelos de negócios, tais como conectividade para Internet das Coisas, cidades digitais, acordos de roaming com outros ISPs, etc.” ROBERTO FALSARELLA GERENTE DE SOLUÇÕES DE REDES DA NOKIA

Balanço geral Veja os resultados do leilão no qual a Anatel licitou autorizações para uso de radiofrequências nas faixas de 1.800 MHz, 1.900 MHz e 2.500 MHz.

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fazer melhor uso do espectro. Há, inclusive, a oportunidade de usar a frequência para WiMAX ou outra tecnologia de rádio. Os ISPs podem fazer um planejamento para usar uma tecnologia mais barata no curto prazo, enquanto a LTE amadurece. No entanto, fornecedores como Nokia – a finlandesa assumiu o controle da rival francesa Alcatel-Lucent em janeiro deste ano, após a oferta de 15,6 bilhões de euros em ações – indicam que nessas faixas a tecnologia LTE é a mais recomendada, pois há padronização e um ecossistema farto de dispositivos e infraestrutura. O uso de frequências licenciadas permite maior controle sobre a qualidade de serviço a ser oferecido para o usuário final. “Com a LTE, abre-se uma grande oportunidade para explorar novos modelos de negócios, tais como conectividade para Internet das Coisas, cidades digitais, e-Gov, modalidades de MVNO (para indústria vertical, associado a algum serviço over-the-top), Mi-Fi de hotspots nomádicos com Wi-Fi, aplicações específicas como transferência de dinheiro, acordos de roaming com outros ISPs, mobilidade para Wi-Fi, etc.”, destaca Roberto Falsarella, gerente de soluções de redes da Nokia. A LTE também pode ser utilizada para a expansão da cobertura de rede de um ISP em regiões nas quais ele ainda não está presente, como zonas rurais, locais nos quais a rede óptica tem cobertura restrita, ou mesmo para possibilitar a entrada em novos mercados e regiões, por

324 Empresas Vencedoras 5.479 (25,8%) Lotes Arrematados

abrangendo 2.903 Municípios (52,12% do país)

ÁGIO MÉDIO: 99,36% MAIOR ÁGIO: 4.972% (Ourinhos/SP - R$ 291.888,00) MENOR ÁGIO: 0% MAIOR LANCE: R$ 1.145.555,92 (São Paulo/SP) MENOR LANCE: R$ 1.500,00 LANCE MÉDIO: R$ 16.411,80

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possuir um tempo de implantação relativamente mais rápido que uma rede óptica. “Outra possibilidade é usar a LTE para prover diferentes serviços complementares à capacidade de rede atual, como serviços de mobilidade e rádio troncalizado (trunking) a entidades governamentais e empresas de infraestrutura (aeroportos, portos, energia e segurança, por exemplo). Além disso, a LTE poderia ser utilizada como rede de acesso para conexões máquina-a-máquina (M2M, sigla para machine to machine)”, complementa Anderson Tomaiz, gerente-sênior de soluções da Huawei Enterprise. “A LTE é a tecnologia mais avançada de banda larga móvel disponível no mercado global, e a convergência das tecnologias de banda larga fixa e móvel poderá trazer aos ISPs enormes vantagens competitivas e diferenciais para os mercados em que eles atuam”, diz Tomaiz. Outro ponto levantado por especialistas é que a tecnologia LTE permite ao ISP lançar uma rede aos poucos (primeiro com funcionalidade básica e cobertura pontual), aprimorando-a com o tempo. Além disso, permite compartilhar ativos entre vários ISPs, como o core, a transmissão IP e, eventualmente, a eNodeB. Compartilhar diminui os custos de lançamento da rede. Roberto Falsarella, da Nokia, acrescenta que o core LTE possibilita a conexão a um Wi-Fi gateway, que pode fazer toda a mobilidade e controle entre uma rede LTE e

uma Wi-Fi. “Vários ISPs atualmente possuem redes WiFi que podem ser reutilizadas para melhorar a cobertura como um todo. Por exemplo, uso de LTE em ambientes externos e de Wi-Fi em ambiente interno. Usa-se o mesmo terminal que se conecta ao LTE ou Wi-Fi conforme o nível de sinal”, explica.

CUSTOS Uma das perguntas recorrentes diz respeito ao custo de implantação de LTE. Para Falsarella, o custo por assinante para o acesso é bem menor em sistemas LTE quando comparado a outras tecnologias de acesso como rádio ponto-a-ponto, rádio ponto-multiponto ou FTTx (fibra). “Para as tecnologias que utilizam rádios, o terminal do cliente é caro. Para a fibra, a instalação da fibra é cara. Por outro lado, LTE é mais cara que Wi-Fi”, ressalta. Para se ter uma ordem de grandeza de custos, Falsarella diz que, durante um período de três anos, a capacidade do acesso via rádio depende da largura de banda da licença para o serviço a ser oferecido. Assumindo que seja um serviço de dados LTE com 2 Mbps no downlink e 256 Kbps no uplink, é possível ter 600 assinantes numa macrocell ou 200 assinantes numa metrocell. Nesse caso, o custo total da posse – o TCO (Capex mais Opex durante três anos) – do acesso via rádio seria de aproximadamente 180 dólares por assinante para a macrocell e aproximadamente 20 dólares por assinante para a

Média de lotes por empresa: 17 Média de investimento por empresa: R$ 277.531,72 Lotes com disputa: 2.184 (39,86%) Quantidade de lotes com apenas 1 lance: 3.818 Quantidade de compradores com apenas 1 lote: 25 (7,72%) Quantidade de compradores com mais de 1 lote: 92,28% Em 16 de fevereiro, quando a agência realizou sessão pública de abertura, análise e julgamento das propostas de preço e abertura da documentação de habilitação, a disputa estava encerrada para 1.464 lotes. Para estes lotes, foi possível apontar 90 empresas vencedoras – proponentes que ofertaram melhores propostas e que atenderam em totalidade, sem ressalvas, às condições de participação na licitação. Já os outros 4.291 lotes seguem sem definição

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“Considerando um assinante fixo do ISP, a instalação de antenas diretivas nas residências ou estabelecimentos comerciais minimiza ainda mais qualquer possibilidade de interferência” MAURICIO HIGA

GERENTE SÊNIOR DE MARKETING PARA WIRELESS DA HUAWEI

TDD versus FDD O espectro Time Division Duplex (TDD) tem vantagens e desvantagens quando comparado ao Frequency Division Duplex (FDD). Roberto Falsarella, gerente de soluções de rede da Nokia, indica alguns pontos:

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metrocell, considerando valores médios de mercado. Falsarella afirma ainda que o TCO da metrocell é menor que o da macrocell, devido a despesas menores com infraestrutura e Opex (por exemplo, aluguel de espaço em torre). A esses números, é necessário acrescentar as demais despesas internas do ISP, como aquelas com terminais LTE, relacionamento com cliente e com o restante da rede (transmissão backhaul, core LTE, acesso à Internet, OSS, billing etc.). Um projeto LTE depende muito do tipo de cobertura, da densidade de usuários e do tipo de serviços e dispositivos terminais a serem utilizados. Anderson Tomaiz, da Huawei Enterprise, esclarece que o desenho de uma solução fim-a-fim é a recomendada para a correta definição dos componentes da solução e seus respectivos custos. Ademais, Tomaiz frisa que a definição de um modelo de negócios para os ISPs é fundamental para o correto dimensionamento da solução e seus equipamentos. “A finalidade de uso de uma rede LTE é o principal ponto a ser definido. A tecnologia por si só possibilita uma infinidade de soluções de serviços residenciais e corporativos que os ISPs devem estabelecer para ofertar a seus clientes.”

PONTOS DE ATENÇÃO Gerenciar uma rede LTE municipal pode ter seus desafios. Um deles é como fazer para o sinal não adentrar área que não seja de cobertura. Assim, é importante

VANTAGENS: • Assimetria do tráfego: é possível determinar a relação de uplink e downlink. No FDD, a alocação do espectro é simétrico • Uso do mesmo canal para transmissão e recepção permite funcionalidades avançadas como beamforming (em vez de transmitir um sinal de rádio para toda uma área, foca o sinal em uma direção específica, onde um ou mais dispositivos estão conectados) • Maior ecossistema (infraestrutura e dispositivos), que admite o uso de mais antenas comparado com o FDD

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ajustar a cobertura nas áreas de borda geográfica entre municípios. “A cobertura da tecnologia LTE não tem uma variação muito grande conforme a carga da célula, portanto, é mais simples fazer o planejamento e ajustes”, afirma Falsarella, da Nokia. O especialista ressalta que existem vários mecanismos que podem ser adotados para que o sinal mínimo não avance a municípios adjacentes, tais como mecanismos de propagação (ajuste na potência de transmissão, ângulo de propagação, ajustes no tipo de antena a ser utilizada, etc.) e de cancelamento de interferência. Do lado do usuário, é importante que não se instalem antenas externas de ganho muito alto nas áreas de borda para evitar receber o sinal ruidoso do município adjacente. De acordo com a Huawei, as tecnologias existentes para transmissão e recepção dos sinais de radiofrequência possibilitam controle para que haja maior confinamento ou restrição na propagação do sinal, seja por meio de controle por software ou por hardware, tanto o ajuste das potências efetivamente radiadas, quanto o ajuste dos parâmetros das antenas da estação radiobase. “Considerando ainda um assinante fixo do ISP, a instalação de antenas diretivas nas residências ou estabelecimentos comerciais minimiza ainda mais qualquer possibilidade de interferência”, aponta Mauricio Higa, gerente sênior de marketing para wireless da Huawei. Outra alerta é para a coordenação da faixa TDD para

não causar interferências na telefonia móvel. Uma das desvantagens do TDD é a necessidade de ter uma coordenação entre vizinhos de frequências (veja box). A recomendação da Huawei é estabelecer uma banda de guarda entre o FDD e o TDD em uma eventual necessidade, de comum acordo entre as partes. Porém, explica a fabricante, assim como no FDD, o TDD também pode ser operado com larguras de banda menores (por exemplo: 1,4 MHz, 3 MHz, 5 MHz e 10 MHz) quando a demanda por capacidade ainda for pequena. Quando questionado se o TDD é mais difícil de operar que o FDD, Falsarella, da Nokia, esclarece que alguns aspectos do TDD precisam ser avaliados com mais cuidado quando comparado ao FDD. Como exemplo, cita a necessidade de o sincronismo na interface aérea ter de ser mais rígido com o TDD e o respectivo planejamento de guard time entre a transmissão e recepção. Já Mauricio Higa, da Huawei, diz que nas soluções da empresa o TDD utiliza o mesmo elemento de gerência operacional que o FDD, não havendo distinção no modo de operação. “Tecnicamente, pela sua natureza na forma de duplexação, o TDD pode operar com diferentes proporções de recursos entre o downlink (para downloads de conteúdo) e o uplink (para uploads). Esta proporção é dinâmica e automática, conforme a maior ou menor demanda em cada um desses links”, acrescenta.

DESVANTAGENS: • Necessidade de ter uma coordenação entre vizinhos de frequências. Já sobre vizinhos geográficos, usando o mesmo canal, é necessário ter uma coordenação independentemente se é TDD ou FDD • Necessidade de sincronismo na interface aérea é mais rígida com o TDD e o respectivo planejamento de guard time entre a transmissão e recepção

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Roberta Prescott

Ainda em estágio inicial, a Internet das Coisas promete revolucionar o mundo, permitindo que objetos troquem dados entre si sem a interferência humana.

um universo de OPORTUNIDADES Para os provedores de Internet, a IoT abre caminho para novos modelos de negócios. BUEIROS E LIXEIRAS QUE IDENTIFICAM QUANDO ESTÃO CHEIOS E PEDEM LIMPEZA. Geladeira que controla a quantidade dos alimentos e avisa a seu dono – ou até mesmo ao supermercado – o que está faltando. Carros que andam pela cidade sem a necessidade de condutores. Máquinas de lavar que se comunicam com a concessionária de energia e se ligam sozinhas quando a tarifa está mais baixa. Lâmpadas que controlam sua luminosidade e gasto de energia de acordo com o ambiente. Algumas destas aplicações podem parecer futuristas, mas empresas de diversos setores do mundo inteiro estão trabalhando na incorporação de sensores que façam a comunicação entre máquinas (M2M, do inglês machine-to-machine). O universo de objetos conectados que trocam dados sem a interferência humana faz parte da chamada Internet das Coisas (IoT, na sigla para Internet of Things). Ainda em fase inicial, a IoT tem um potencial imenso para mudar o mundo, assim como o advento da Internet comercial o fez há mais de duas décadas, e promete profundas transformações não apenas nas redes

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de telecomunicações, como também no modus operandi de setores inteiros da economia. Estamos diante apenas da ponta do iceberg. A consultoria IDC acredita que o universo envolvendo a Internet das Coisas deva movimentar US$ 4,1 bilhões no Brasil somente neste ano – no montante, estão incluídos gastos com itens como conectividade, armazenamento e desenvolvimento de aplicações. No mercado corporativo, aponta a IDC, aplicações tradicionais, como telemetria e monitoramento, serão migradas para as de IoT. Fornecedores de equipamentos e desenvolvedores de plataformas, software e soluções industriais intensificarão o lançamento de soluções de IoT personalizadas e em escala para as empresas. No âmbito doméstico, uma pesquisa recente da IDC constatou que em cerca de 10% dos lares brasileiros entrevistados havia algum dispositivo que transmite e recebe dados por meio da Internet, como consoles de jogos, TVs inteligentes, ares-condicionados e câmeras de segurança, entre outros. A estimativa para 2016 é que os dispositivos domésticos conectados à Internet movimentarão cerca de US$ 37 milhões no Brasil. Apesar dos lançamentos, digamos assim, futuristas, há um vasto campo de atuação dentro do segmento de IoT bem mais acessível. Nas aplicações de nicho estão oportunidades para empresas de Internet e provedores de acesso. O mercado de cone-

“Fazer conexão é a praia dos ISPs, e a experiência do consumidor virá disto. Conectividade e segurança são onde eles se encaixam.” ANDERSON FIGUEIREDO CONSULTOR E ANALISTA DE TIC

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xão de máquina-a-máquina engloba, por exemplo, o desenvolvimento de sensores para reportar exatamente onde, quando e como um produto é usado e assim ajudar em processos de design e marketing. O uso de sensores aplicados a diversas finalidades está sendo amplamente difundido. Colocados em produtos, eles informam sobre desgaste de componentes e ajudam a cortar custos de manutenção e operação, além de identificar potenciais falhas nos equipamentos antes que quebrem completamente. Na agricultura, monitoram temperatura do ar, do solo, velocidade do vento, umidade, radiação solar, probabilidade de chuva, umidade das folhas e coloração das frutas. No segmento de logística, podem enviar dados em tempo real sobre onde está um pacote, qual a frequência de manuseio e qual sua condição. A Internet das Coisas abre um universo amplo de possibilidades de negócios que podem ser vislumbradas por empresas de segmentos variados, inclusive por provedores de Internet. Não são poucas as companhias que vêm estudando maneiras de incorporar o conceito de IoT em seus produtos e assim ingressar no mercado de máquinas conectadas. A lição principal para “encontrar seu lugar ao Sol” é entender, antes de tudo, quais são as próprias competências e como usar a expertise para desenvolver uma solução, produto ou serviço. Para o consultor e analista de TIC Anderson Figueiredo, a principal oportunidade de negócio para os provedores de acesso à Internet está justamente na conexão. “Fazer conexão é a praia dos ISPs, e a experiência do consumidor virá disto. Conectividade e segurança são onde eles se encaixam”, diz. Com as casas se tornando inteligentes, Figueiredo sugere que um nicho de mercado seria prover serviço de segurança da rede de Internet para elas. O consultor defende que é preciso começar pelos serviços mais simples, por aqueles já dominados pelos ISPs e partir para o desenvolvimento de produtos e serviços mais elaborados depois que entender o conceito e tiver know-how. Além disto, deve-se também prestar atenção às oportunidades que surgem no ecossistema ligado à Internet das

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“Para empresas grandes ou pequenas, o princípio é o mesmo: tem de criar algo que traga benefício para a vida real do cliente.” PAULO BRUDER

COORDENADOR DE PESQUISA DA IDC

Coisas. Quanto mais sensores são encapsulados em objetos fazendo com que eles fiquem conectados e tenham habilidade para se comunicar sem a interferência humana, maiores são os desafios para a rede de telecomunicações, para o gerenciamento de dispositivos, para a análise e privacidade de dados. Os dados coletados terão de ficar hospedados em algum datacenter e não valerão nada se não forem tratados de forma a virar informação relevante. O espaço em datacenter e a oferta de ferramenta de business intelligence (BI) ou analytics para análise dos dados são nichos que podem ser explorados. UNINDO OS ELOS Para uma empresa, ingressar no mercado de Internet das Coisas requer bastante planejamento para entender, de um lado, qual é a sua competência, ou seja, o que sabe fazer e bem e, de outro, descobrir nichos de atuação. É óbvio que provedores de Internet não conseguirão competir com os fabricantes de, por exemplo, televisores inteligentes, mas observando a dinâmica do mercado dentro da sua área de atuação podem descobrir um nicho não atendido. Além disto, ao acompanhar as tendências mundiais, os provedores podem se inteirar do

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Mundo conectado A conexão máquina-a-máquina (M2M) refere-se a aplicações que permitem a sistemas cabeados e wireless se comunicarem com outros dispositivos com as mesmas capacidades (por exemplo, recursos de navegação/GPS, rastreamento de ativos, medidores de serviços públicos, vídeo de segurança/vigilância, monitoramento de saúde etc.). Outra categoria de produtos que vem chamando a atenção é a dos dispositivos “vestíveis” (wearables, em inglês). As pessoas podem usar, por exemplo, relógios inteligentes e monitores de saúde, que se comunicam diretamente com a rede por meio de uma conectividade celular integrada ou de outro dispositivo (principalmente um smartphone) via Bluetooth, Wi-Fi etc. Conexões máquina-a-máquina e dispositivos “vestíveis” continuarão crescendo. Em seu estudo Visual Networking Index (VNI) Global Mobile Data Traffic Forecast, a Cisco projetou que, em 2020, haverá globalmente 5,5 bilhões de usuários móveis, cerca de 70% da população mundial atual. A previsão é que os dispositivos móveis inteligentes e suas conexões representarão 72% do total de dispositivos e conexões móveis em 2020, contra 36% em 2015. Ao comentar a projeção de crescimento de objetos conectados, Doug Webster, vice-presidente de marketing de provedores de serviços da Cisco, afirmou que “será necessário avançar em termos de inovações em celulares, como as tecnologias 5G e Wi-Fi, para atender às necessidades de escala, as preocupações com segurança e as demandas dos usuários. Os avanços da IoT trarão cada vez mais benefícios para as pessoas, para os negócios e para a sociedade.” Globalmente, a Cisco apontou que, em 2020, as conexões M2M gerarão 6,7% do total do tráfego móvel, comparativamente a 2,7% em 2015. O número de dispositivos “vestíveis” no mundo aumentará seis vezes, entre 2015 e 2020, quando haverá cerca de 600 milhões deles em uso, contra os quase 97 milhões em 2015.

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que está sendo feito por companhias de setores diversos em vários países. Nem tudo poderá ser replicado na íntegra, mas o conhecimento absorvido abrirá novos caminhos de atuação e ajudará na criação de novos modelos de negócios. Muitas vezes, ao desenhar uma oferta de IoT, o provedor não terá todos os componentes necessários dentro de casa. É por isto que firmar parcerias é fundamental. “O ISP deve empacotar o mais padronizado possível para poder replicar,

“Para a nossa realidade [de provedor], temos de pensar em aplicações de nicho e fazer parcerias.” EDUARDO NEGER DIRETOR DA ABRANET

porque, em Internet das Coisas, ganha-se na escala. E cabe ao provedor montar as ofertas, fazendo as parcerias, porque é ele quem está na frente, enxergando o cliente e sabendo suas necessidades”, diz Anderson Figueiredo. Ao mesmo tempo que a oferta de IoT fideliza o cliente, ela aumenta o tíquete médio. Se o provedor já entrega a rede de conexão, nada mais natural que criar plataformas para atender a outras necessidades dos clientes. Como alguns exemplos, João Paulo Bruder, coordenador de pesquisa da IDC, cita sistemas de segurança e vigilância. No meio rural, uma ideia é colocar sensores eletrônicos conectados à Internet em portas e porteiras que disparem alarmes quando abertas. Em armazéns, pode-se instalar equipamentos simples de detecção de movimento baseados na web e que permitam o monitoramento do lugar. “Para empresas grandes ou pequenas, o princípio é o mesmo: tem de criar algo que traga benefício para a vida real do cliente”, enfatiza. Na mesma linha, o diretor da Abranet Eduardo Neger sugere a oferta de vigilância como serviço, cobrando por ponto de monitoramento e armazenando na nuvem, já que as câmeras IPs estão li-

Rivalidade posta de lado Com a Internet das Coisas cada vez mais presente no dia a dia das corporações, fabricantes esquecem as divergências e buscam unificar padrões para acelerar a oferta. Grandes empresas de tecnologia anunciaram, em fevereiro, a criação de um novo esforço conjunto por um padrão interoperável para a Internet das Coisas, por meio da Open Connectivity Foundation (OCF), que se define como “uma entidade cuja meta será ajudar a unificar os padrões de IoT de forma que as empresas e desenvolvedores possam criar soluções e equipamentos que funcionam perfeitamente juntos”. É uma mudança significativa, a julgar pelos integrantes do novo grupo – Intel e Qualcomm, que até aqui vinham liderando iniciativas rivais com o mesmo objetivo, estão lado a lado na OCF. E com elas outras grandes do ramo: Samsung, Microsoft, Cisco, Arris, GE, Electrolux e Cable Labs. Afinal, em 2013, Qualcomm e aliados criaram a AllSeen Alliance, sendo seguidos meses depois pela Intel, Samsung, etc. com o Open Interconnect Consortium. A meta em ambos: uma ferramenta em código aberto para atuar como

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gadas na rede de banda larga. Outro serviço poderia ser o monitoramento de redes e de no-breaks. “Hoje, grande parte dos no-breaks profissionais tem conexão IP; assim, é possível monitorar como está o consumo ou o desempenho da bateria”, explica. Esse tipo de acompanhamento pode começar como teste na própria rede do provedor para depois ser estendido aos clientes. Neger também vislumbra mercados domésticos, como acordos com a companhia local de distribuição para colocar sensores no botijão que avisam quando o gás está acabando, monitoramento da iluminação, colocando sensores nas lâmpadas para saber quais queimaram e monitoramento ambiental para medir, por exemplo, o nível de radiação eletromagnética, a temperatura, a umidade etc. “Para a nossa realidade [de provedor], temos de pensar em aplicações de nicho e fazer parcerias”, destaca. Um consenso entre os especialistas é que as plataformas montadas pelos provedores de Internet para Internet das Coisas, ademais de agregar tecnologias de diversas empresas, precisam ter escala. “Precisam ser replicáveis dentro do nicho, mas não muito personalizadas. Não se pode fazer

uma aplicação que só vale para uma empresa. É preciso entender a região e trabalhar localmente, desde a aplicação mais simplória até algumas mais sofisticadas”, diz Neger. Bruder, da IDC, corrobora. Para ele, os provedores devem pensar na economia de escala e montar sistema ou criar plataforma que consiga atender a um grande número de empresas. “Tem de ser algo básico que tenha ‘sabores diferentes’, ou seja, um modelo padrão, mas com algum grau de personalização que não atrapalhe a economia de escala. Dar algumas opções ao cliente, mas não tantas”, explica. Limitar a flexibilidade parece ser o caminho para buscar a rentabilidade das aplicações de Internet das Coisas. Neger também lembra que o provedor está competindo com as operadoras de rede móvel, que têm maior cobertura. “Se for pensar em aplicações para cidades inteligentes, por exemplo, tem de analisar com cuidado para ver o que dá e o que não dá para fazer.” Outro risco é criar uma oferta – e investir para concretizá-la – e ela não ser absorvida pelo mercado. Por isto, é essencial conhecer bem o público-alvo.

uma camada intermediária que conectasse diferentes “coisas” umas às outras – um sistema mais para P2P entre as traquitanas do que efetivamente “tudo na rede”. A nova entidade vai substituir o Open Interconnect Consortium, que deixará de existir, sendo que os membros virão para o novo grupo. A Qualcomm vai manter o envolvimento com a AllSeen, e a promessa é que qualquer equipamento com esse padrão será capaz de funcionar em conjunto com o futuro padrão OFC. Esse ”cachimbo da paz” não acontece por acaso. A Internet das Coisas é cada vez mais um negócio e está ampliando presença nas empresas. Estudo do Gartner que ouviu 465 profissionais de TI e negócios em 18 verticais de negócios nos EUA, EMEA, Ásia/Pacífico e na América Latina constatou que embora, hoje, apenas 29% das empresas entrevistadas assumam ter algum tipo de aplicação voltada para IoT, 14% confirmam planos para a utilização da tecnologia dentro dos próximos 12 meses e 21% pretendem fazer o mesmo depois de 2016. Somente 9% dos entrevistados dizem não ver relevância na Internet das Coisas. O levantamento aponta ainda que, para as organizações que já estão investindo em Internet das Coisas, o grande alvo está na melhoria dos processos internos – 52%, em especial os ligados à operação, como o controle de ativos para alcançar uma eficiência maior. Outros 40% dizem usar a Internet das Coisas para melhorar a experiência com o usuário e, desta forma, aumentar a receita.

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Uma mudança SEM IGUAL O consumidor será o ponto central nos novos ecossistemas originados pela conexão dos objetos. Quem não se adaptar a essa realidade pode ficar fora do negócio. O GARTNER PROJETA QUE 3,5 MILHÕES de coisas conectadas vão estar em uso neste ano e, se o ritmo seguir assim, em 2020, serão 10,6 milhões de unidades. Nas casas, prevê ainda a consultoria, em 2018, cerca de 40 dispositivos e coisas estarão conectados entre si, possibilitando inúmeras experiências digitais. Nisto, diz a diretora de pesquisas do Gartner, Jessica Ekholm, estará o grande desafio dos fornecedores de dispositivos e serviços: criar modelos de negócios que satis-

1. SEGURANÇA Tecnologias de segurança serão necessárias para proteger dispositivos IoT e plataformas de ataques de informação e adulteração física, para criptografar comunicações e endereçar novas ameaças como ataques de negação de sono (denial-of-sleep attacks, em inglês), os quais drenam baterias. A parte mais sensível é que muitas “coisas” usam processadores simples e sistemas operacionais que não suportam abordagens sofisticadas de segurança.

2. ANALYTICS Modelos de negócios para Internet das Coisas irão explorar as informações coletadas pelas coisas de muitas formas – por exemplo, para entender o comportamento do usuário, entregar serviços e melhorar produtos. No entanto, a tecnologia exige novas ferramentas analíticas e algoritmos. Considerando o crescimento exponencial do volume de dados até 2021, as necessidades da IoT podem divergir para além das análises tradicionais.

3. GESTÃO DE DISPOSITIVOS-COISAS As coisas irão precisar de monitoramento e gerenciamento, incluindo monitoramento de dispositivos, atualizações de firmware e software, diagnóstico, análise de incidentes e relatórios, gerenciamento físico e gerenciamento de segurança. A Internet das Coisas também traz novos problemas em escala para tarefas de gestão. Ferramentas devem ser capazes de gerenciar e monitorar milhares e, talvez, milhões de dispositivos.

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façam os usuários. “Eles estão no cerne da mudança que a IoT traz, e a maior parte das organizações ainda precisa dominar habilidades e tecnologias para atender a essa demanda”, acrescenta a especialista. O Gartner elenca as tendências que devem estar no radar de cada organização nos próximos dois anos. Muitas vão alterar a rotina de quem lida com a tecnologia, entre elas, uma mudança efetiva nos sistemas operacionais tradicionais, como o Windows e o próprio iOS, da Apple. Confira as projeções:

4. REDES IoT DE CURTO ALCANCE E BAIXO CONSUMO DE ENERGIA E REDES DE AMPLA COBERTURA Selecionar uma rede wireless para dispositivos IoT envolve o equilíbrio entre muitas exigências conflitantes, como bateria, largura de banda, custo do terminal e operacional. Redes com baixo consumo de energia e de curto alcance irão dominar a conectividade na era IoT até 2025. O objetivo a longo prazo para as redes de ampla cobertura é entregar taxas de dados de centenas de bits por segundo (bps) para dezenas de kilobits por segundo (kbps), com uma cobertura nacional e bateria que dure mais de 10 anos, a um custo de US$ 5 para hardware do terminal e suporte a milhares de dispositivos conectados a uma estação-base.

5. ECOSSISTEMAS Muitos ecossistemas da Internet das Coisas irão surgir, e as batalhas comerciais e técnicas dominarão segmentos como casas inteligentes, cidades inteligentes e saúde. Fabricantes de produtos podem ter de desenvolver variantes para suportar diversos padrões ou ecossistemas e deverão estar preparados para atualizar produtos durante o seu ciclo de vida, à medida que padrões evoluem e aparecem novos, além de APIs relacionados. Sistemas operacionais tradicionais, como Windows e iOS, também terão de mudar, porque não foram projetados para aplicações de IoT. Ou seja, consomem muita energia e precisam de processadores rápidos e, em alguns casos, recursos como resposta em tempo real. Portanto, novos OSs irão surgir.


UM PADRÃO está a caminho Vem aí o Wi-Fi HaLow, que combina baixo consumo de energia e cobertura de alto alcance. A aposta é que ele atenda às necessidades da indústria de objetos conectados. UM NOVO PADRÃO DE WI-FI promete responder aos ce, o que tem sido considerado uma vantagem em anseios da indústria por uma solução que combine bai- relação aos outros padrões atualmente utilizados no mercado de Internet das Coisas, como xo consumo de energia elétrica ou o Bluetooth e o ZigBee de frequências bateria e cobertura de alto alcance. que operam em 2.4 GHz. Além disto, o A associação Wi-Fi Alliance anunfato de estar baseado no padrão IEEE ciou, no início de janeiro, a designa802.11 acelera o desenvolvimento de ção Wi-Fi HaLow para os produtos produtos por parte dos fabricantes e que incorporam a tecnologia IEEE possibilita a integração e a comunica802.11ah. O novo padrão estende ção nativa com o vasto mundo IP. Wi-Fi para a banda de 900 MHz, permitindo a conectividade de baixa potência ideal para É por isto que o Wi-Fi HaLow tem chamado a atenaplicações que incluem sensores, conexões máquina-a- ção. Especialistas apostam que ele tem potencial para -máquina e dispositivos “vestíveis”, os wearables. ser escolhido como o padrão a ser adotado pela indúsAo falar sobre o padrão, Edgar Figueroa, presidente tria de dispositivos e sensores para Internet das Coisas, e CEO da Wi-Fi Alliance, destacou que ele atende às um segmento que ainda carece de padronizações. necessidades únicas para aplicações voltadas a casas Em seu lançamento, a Wi-Fi Alliance sinalizou que conectadas e cidades inteligentes. diversos dispositivos com suporte ao Wi-Fi HaLow são De acordo com a Wi-Fi Alliance, o alcance do Wi- esperados para breve, e eles devem operar tanto nas fai-Fi HaLow é quase o dobro daquela a que chega atualmente o Wi-Fi, e ele não só será capaz de transmitir sinais mais longe, como também fornecer uma conexão mais robusta em ambientes desafiadores, onde a capacidade de penetrar mais facilmente paredes ou outras barreiras é um importante ponto a se considerar. Para Leonardo Mezzanotti, engenheiro de soluções do Grupo Binário, o advento do novo padrão representa uma grande vantagem para dispositivos que requerem baixo consumo de energia. “A tecnologia trabalha LEONARDO MEZZANOTTI ENGENHEIRO DE SOLUÇÕES DO GRUPO BINÁRIO em frequência mais baixa e tem, com isto, uma área maior de cobertura, porém, entrega menor velocidade, entre 150 Kbps e 18 Mbps”, diz. Vale xas atuais para Wi-Fi, de 2,4 GHz e 5 GHz, como na de lembrar que a comunicação entre máquinas não é constante e 900 MHz. A certificação, pela associação, de produtos requer alto volume de dados, tendo pouca utilização de rede. com o novo padrão é aguardada para 2018, mas MeDevido à operação em frequência baixa, na faixa zzanotti acredita que os fabricantes devem começar os dos 900 MHz, o Wi-Fi HaLow promete largo alcan- testes antes disso.

“A tecnologia trabalha em frequência mais baixa e tem, com isto, uma área maior de cobertura, porém, entrega menor velocidade, entre 150 Kbps e 18 Mbps.”

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ENTREVISTA Cilene Baptista Lucena 1 Marcilene Alessandra de Carvalho Fenerick 2 Roberta Prescott

GERIR UMA EMPRESA É GERIR PESSOAS Não adianta planejar estratégias e estabelecer metas de resultados sem engajar os funcionários no projeto. São eles que executarão o que for decidido pela diretoria – e o sucesso da empresa dependerá em grande parte do esforço que fizerem. Por isto, não importa o porte, todas as companhias precisam estruturar a área de gestão de pessoas. CONTAR COM UM DEPARTAMENTO DE RECURSOS HUMANOS que implante boas práticas de gestão de pessoas faz a diferença. Para as psicólogas Cilene Baptista Lucena e Marcilene Alessandra de Carvalho Fenerick, que trabalham juntas há cerca de 20 anos, esta estruturação permite às empresas se tornarem mais competitivas, oferecendo diferenciais de competências humanas que, em conjunto com a tecnologia, as tornam referência no mercado. Cilene e Marcilene especializaram-se em práticas de RH e no relacionamento entre empresa e colaborador e atuam em seleção, treinamento & desenvolvimento de pessoal e auditoria interna ISO 9001:2008. Em entrevista conjunta à Revista Abranet, elas explicam por que as empresas, independentemente do porte, precisam pensar na área de recursos humanos como um pilar para o crescimento. ABRANET: Por que é importante para as empresas

estruturarem um departamento de gestão de pessoas?

CILENE E MARCILENE: Ter um departamento estruturado permite

que as companhias se tornem mais competitivas, oferecendo diferenciais de competências humanas que, em conjunto com a tecnologia, as tornam referência em seu ramo de atuação. A partir dessa estruturação, o ambiente de trabalho será acolhedor, pois contará com políticas sólidas de recursos humanos (RH), canal de comunicação aberto e foco no desenvolvimento dos profissionais tanto no aspecto comportamental quanto técnico, além de plano de carreira e benefícios. No entanto, tais considerações perdem seu valor quando a legislação trabalhista não é atendida, tanto com relação à CLT quanto no que diz respeito às convenções. É preciso acompanhar a equipe, verificando o desempenho e/ou dificuldade de cada colaborador, e fazer a ponte entre diretores, colaboradores e legislação trabalhista.

Empresas de todos os portes devem estruturar a gestão do RH? Sim, pois independentemente do porte todas as empresas

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são formadas por seres humanos, e cada um possui seu histórico de vida e sua cultura. Dentro do ambiente organizacional, é necessário alinhar o individual ao coletivo com foco no planejamento estratégico da empresa, ou seja, nos seus objetivos.

Em que difere o RH de grandes empresas para o das de pequeno e médio portes? Basicamente, a quantidade de pessoas de cada estabelecimento. Também podemos pensar no porcentual de recursos, mas o RH estratégico fará a adequação do que é prioritário de acordo com os investimentos disponíveis.

Muita gente confunde gestão de RH com o departamento que processa folha de pagamento. Expliquem um pouco as diferenças e a importância de cada um para a empresa crescer e se fortalecer. O departamento pessoal ou de processamento da folha está relacionado com a parte burocrática na administração de pessoas. Ele é importante para o cumprimento da legislação trabalhista, na aplicação dos direitos e deveres do trabalhador. Este departamento pode gerar indicadores


Essas boas práticas são iguais para todos os tipos de empresas? No que se refere à legislação trabalhista, sim, sempre considerando a convenção. Na questão de gestão de pessoas, é indicado que ela esteja interligada com a missão, a visão e os valores de cada empresa, já que cada uma tem suas particularidades e elas devem ser respeitadas. 2

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que são estratégicos para a empresa e tenham impacto direto na produtividade/lucratividade. Já a gestão de RH é o mecanismo pelo qual se aplicam as políticas de gestão que norteiam o profissional por meio da missão, da visão e dos valores da empresa, propondo um desempenho que a torne atraente para os profissionais. Tem a responsabilidade de intervir no desenvolvimento comportamental e técnico dos colaboradores, valorizando as competências de cada um, buscando atuar na equipe e/ ou individualmente para o melhor desempenho. Além disto, apoia os colaboradores em momentos complicados de suas vidas que venham a interferir em sua produtividade. Com isso, a empresa pode inclusive gerar um diferencial intelectual que a torna mais competitiva.

Como estruturar a gestão de RH? A gestão de RH pode ser feita internamente ou ser terceirizada. Mas nos dois casos deve-se analisar onde a empresa está e aonde ela quer chegar (diretrizes geralmente encontradas no planejamento estratégico da empresa e também alinhadas pela missão, visão e valores); deve-se considerar o tamanho da organização e também desenvolver a parte documental (como a descrição de cargo, o plano de treinamento, a avaliação de desempenho e competências, o clima organizacional, entre outros).

Quais são as boas práticas da gestão de RH? Ter normas definidas de direitos e deveres entre empresa e colaborador e vice-versa; e estas serem respeitadas fielmente. Em empresas de menor porte, muitas vezes devido à proximidade entre diretoria e colaborador, criam-se muitas exceções. Além disto, ter uma boa comunicação com todos da organização, sem deixar margem a especulações sobre as políticas de gestão. Outro fator fundamental é valorizar as políticas que envolvam a segurança do trabalhador.

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Qual é a necessidade de se fomentar boas práticas de RH? Ter profissionais motivados e envolvidos com o crescimento da empresa e preocupados com qualidade do trabalho que realizam, além de gestores mais alinhados com as políticas corporativas. Como consequência, a empresa ganha competitividade e lucratividade.

Na hora de estruturar a gestão de RH, vale a pena fazer benchmarking? Sim, com certeza.

Como adequar as práticas bem-sucedidas, mas de empresas grandes e bem estruturadas, à realidade de empresas menores e com orçamentos também menores? Sempre devemos avaliar cuidadosamente o público que temos, considerando a cultura formal e informal da empresa, e realizar as mudanças considerando a capacidade de adaptação não só dos trabalhadores, como também da diretoria. Assim, é fundamental fazer as adequações de custo versus benefício.

Como boas práticas de RH ajudam a melhorar o clima organizacional? Clima organizacional é a voz do colaborador. Quando este se sente parte integrante da empresa, sabendo que suas ideias são ouvidas e por vezes colocadas em prática, cria-se um elo de comprometimento muito forte.

E a reter funcionários? Isto se dá por meio de programas de desenvolvimento e aprimoramento profissional, plano de carreira, diferenciais nos benefícios, mas, principalmente, com bom ambiente de trabalho, incluindo-se o gestor que atua com profissionalismo.

Qual a orientação na hora de montar a gestão de RH? Tenha força de vontade, determinação e crença naquilo que está construindo, traçando objetivos claros e práticos e buscando o envolvimento de todos da empresa, principalmente da diretoria. abranet.org.br abril . 2016

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TECNOLOGIA

Roberta Prescott

UMA PROPOSTA

DIFERENTE

PARA AS CDNs Batizado de OpenCDN, o modelo criado pelo NIC.br tem como objetivo descentralizar o tráfego Internet no País e colocar o conteúdo mais perto dos provedores de Internet

UM MODELO DIFERENTE DE REDES de fornecimento de conteúdo (CDN, na sigla em inglês para content delivery network) está sendo estruturado com suporte do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Batizado de OpenCDN, ele tem como objetivo descentralizar o tráfego Internet no País e colocar o conteúdo mais perto dos provedores de Internet – hoje ainda muito concentrado no ponto de troca de tráfego de São Paulo. Em entrevista à Abranet, Antonio Moreiras e Milton Kashiwakura, respectivamente, gerente de projetos e de desenvolvimento e diretor de projetos especiais e de desenvolvimento do NIC.br, explicam que a ideia, lançada no fim do ano passado, deve evoluir ainda neste semestre, quando ocorre um projeto piloto. Para entender as vantagens do OpenCDN, deve-se, primeiro, refletir sobre como as redes estão estruturadas

atualmente. Os conteúdos mais acessados da Internet estão hospedados nas CDNs, ou seja, nas redes próprias para distribuição de conteúdo, que os colocam em servidores cache espalhados em vários datacenters, inclusive dentro de provedores de Internet de grande e médio portes. Essas CDNs muitas vezes estão ligadas a algum ponto de troca de tráfego (IX, na sigla em inglês para Internet Exchange). Dentro dos modelos praticados, as CDNs pertencem a empresas que oferecem serviços para terceiros (como Akamai) ou são montadas pelos próprios provedores de servidores de conteúdo, como Google e Netflix. Do ponto de vista de um provedor de acesso, cerca da metade do tráfego de dados vem destas principais CDNs. “Provedores maiores podem usufruir o benefício de a CDN colocar um cache dentro das redes deles, mas os de médio para pequeno porte não conseguem, porque não com-

“Queremos fazer com que os IXs menores também se tornem atrativos e façam movimento de crescimento. É um ganha-ganha geral” MILTON KASHIWAKURA | DIRETOR DE PROJETOS ESPECIAIS E DE DESENVOLVIMENTO DO NIC.BR

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“Provedores maiores podem usufruir o benefício de a CDN colocar um cache dentro das redes deles, mas os de médio para pequeno porte não conseguem, porque não compensa para a CDN fazer isto, já que são pequenos e têm pouco tráfego” ANTONIO MOREIRAS GERENTE DE PROJETOS E DE DESENVOLVIMENTO DO NIC.BR

pensa para a CDN fazer isto, já que são pequenos e têm pouco tráfego”, aponta Moreiras. Assim, os ISPs de menor porte tentam buscar o conteúdo ou via stream provider ou via provedor de trânsito que ele contrata, a um custo relativamente alto. Outra opção é conectar-se a um IX que tenha o conteúdo para trocar tráfego diretamente com a CDN. Contudo, as CDNs só estão instaladas hoje nos maiores pontos de troca de tráfego, e muitas delas apenas em São Paulo. Isto encarece para os provedores que estão longe, devido ao transporte de longa distância. “Com o OpenCDN, queremos criar condições para que estas CDNs estejam presentes em IXs fora de São Paulo. Se a CDN estiver presente no IX de uma localidade mais remota, os provedores de Internet e os sistemas autônomos que lá estão conectados vão poder ter acesso local ao conteúdo. Vai ser um acesso mais rápido e possivelmente mais barato”, detalha Antonio Moreiras, do NIC.br. O objetivo do projeto é melhorar o modelo que alguns provedores de Internet já têm praticado por conta própria. Em diversas ocasiões, provedores pequenos se juntam para falar com CDNs para colocarem cache em um servidor deles. Moreiras lembra que neste modelo algumas iniciativas deram certo e duraram, enquanto outras geraram desentendimentos.

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A ideia do OpenCDN é que o NIC.br faça a orquestração, levantando parceiros de datacenter em diversas localidades para as CDNs colocarem servidores cache e eles terem capacidade contratada até o IX de SP para fazer a alimentação desses caches. “Os custos – tanto para o datacenter quanto da banda contratada e da capacidade de transporte contratada até o Internet Exchange de São Paulo – vão ser rateados entre os participantes, ou seja, provedores e CDNs”, diz Moreiras. O projeto de OpenCDN deve despertar a atenção dos provedores para que eles vejam que o conteúdo de que necessitam para atender aos clientes finais está mais próximo deles. “Eles terão de pensar em como chegar ao IX mais próximo, e com isto esperamos que essas localidades consigam ter redução de custo e melhoria de qualidade”, acrescenta Milton Kashiwakura. Para ele, uma vez que despertar interesse de provedores locais deve despertar também o interesse de mais CDNs, atraindo-as para o local, levando mais tráfego para o IX e deixando o ponto de troca de tráfego mais atraente. “Queremos fazer com que os IXs menores também se tornem atrativos e façam movimento de crescimento. É um ganha-ganha geral”, ressalta Kashiwakura. O NIC.br enxerga vantagens para todos os evolvidos. O projeto piloto planejado para entrar em operação no primeiro semestre de 2016 tirará a prova da viabilidade da ideia. Ainda existem dúvidas sobre como será o rateio. Quanto mais ISPs e CDNs tiver, menor será o custo. Existe controvérsia a respeito da remuneração. Alguns provedores defendem que deveriam ser pagos para hospedar as CDNs ou que elas deveriam arcar com todo o custo. No entanto, eles mesmos se beneficiam de ter os caches em suas redes, pois precisam distribuir o conteúdo para seus usuários e, com as CDNs, passam a ter o conteúdo próximo do usuário a um custo baixo. “Com o OpenCDN, estamos tentando levar isto para uma situação em que os gastos diminuam. Se a situação final será completamente justa, é um julgamento difícil de fazer”, diz Moreiras. “O OpenCDN tenta trazer um modelo melhor do que existe hoje para ambas as partes. Atualmente, se um provedor não tem o cache em seu servidor, está pagando caro pelo trânsito para ter acesso a esse conteúdo, ou pagando caro pelo transporte para chegar ao IX que está longe. Com conteúdo próximo, o custo se reduz.” abranet.org.br abril . 2016

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POLÍTICA

Roberta Prescott

AVANÇA A REGULAMENTAÇÃO DO

MARCO CIVIL DA INTERNET A SEGUNDA FASE PARA A REGULAMENTAÇÃO do Marco Civil da Internet, promulgado em 2014, começou em 27 de janeiro, com a divulgação pelo Ministério da Justiça da minuta do anteprojeto de lei e o estabelecimento de uma série de diretrizes, tais como especificações para exceções à neutralidade de rede e procedimentos para a guarda de dados por provedores de conexão e de aplicações. A minuta resultou de contribuições feitas durante a primeira fase do debate, realizada no primeiro semestre de 2015. Essa segunda fase também foi submetida a consulta pública, encerrada em 29 de fevereiro. O texto, dividido em quatro capítulos, recebeu 1.524 comentários distribuídos ao longo de 20 artigos. O capítulo mais comentado foi o que trata da neutralidade de rede, que recebeu 619 contribuições. Na segunda posição, com 494 comentários, ficou o capítulo que trata da Proteção aos Registros, aos Dados Pessoais e às Comunicações Privadas.

No radar Discussões importantes para o setor de Internet estão na pauta de deputados e senadores. Além da regulamentação do Marco Civil da Internet, neste ano, também avançam os debates acerca do anteprojeto de lei de proteção de dados pessoais e da mudança do modelo de prestação dos serviços de telecomunicações. Outro assunto que está na agenda e tem preocupado empresários brasileiros é a mudança na tributação do ICMS. Confira ao lado um breve resumo para ficar por dentro dos principais temas relacionados ao setor.

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A Abranet enviou uma extensa contribuição à minuta. No que se refere ao capítulo de neutralidade de rede, a associação sugeriu retirada ou modificação de incisos e parágrafos de alguns artigos e reforçou que garantir o princípio da isonomia entre pacotes de dados deve ser a máxima a ser observada na regulamentação da Internet no Brasil. A associação também sugeriu que o decreto explicite que a degradação ou a discriminação de tráfego para atendimento de questões imprescindíveis para adequada prestação dos serviços e das aplicações deve se dar de forma excepcionalíssima, garantindo-se que não haverá seleção, em hipótese alguma, de tráfego ou de aplicação específica a ter sua prioridade diminuída, salvo aqueles que se enquadrem no inciso I do artigo 5º do decreto ou na condição de serviços de emergência. Quanto à fiscalização (Art. 5º, §2º), a Abranet sugeriu que a Anatel atue na fiscalização e apuração de infrações quanto

CONSULTA MODELO TELECOM O Ministério das Comunicações abriu consulta pública para debater o modelo de prestação dos serviços de telecomunicações. A justificativa é que o marco data da época da criação da Lei Geral de Telecomunicações (LGT), quando o acesso à telefonia fixa era o foco das ações do governo. Esta realidade não é mais atual, tendo a Internet banda larga assumido relevância maior como serviço mais demandado pelos consumidores. A consulta recebeu, ao todo, 915 contribuições. Acerca dos comentários, o ministério registrou que 32,3% foram sobre o Objeto da Política Pública, 28% trataram da Concessão e 16,9%, da Política de Universalização. Agora, o Grupo de Trabalho vai apresentar um relatório consolidando as contribuições e contextualizando o mercado atual, com comparações internacionais. Além disto, o grupo deve propor para avaliação mais de um modelo regulatório, explicando as diferenças entre cada um deles. O conjunto de propostas será avaliado pelo ministro e a Presidente da República, para a escolha de um modelo. A partir dessa decisão política, serão preparados os instrumentos normativos, que podem ser projetos de leis, projetos de decretos, regulamentos da Anatel, entre outros.


aos requisitos técnicos, mas sem prejuízo da atuação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacon), no que diz respeito aos impactos concorrenciais e consumeristas, respectivamente, consideradas as diretrizes estabelecidas pelo Comitê Gestor da Internet (CGI). Sobre os acordos entre provedores de conexão e provedores de aplicação (Art. 8º), a Abranet considerou essencial que o decreto assegure, em linha com o Marco Civil da Internet, que os acordos comerciais (e não somente entre provedores de conexão e provedores de aplicações) preservem não apenas a natureza pública e neutra da rede, como também que não atentem contra a garantia de acesso e uso das redes que servem de suporte para prestação de serviços de Internet. A associação também ressaltou que a redação deve ser elaborada de forma a não obstaculizar o desenvolvimento/surgimento de novas tecnologias e serviços. A Abranet chamou atenção para a ilegalidade e a inconstitucionalidade de qualquer leitura do decreto que indi-

ANTEPROJETO DA LEI DE PROTEÇÃO DE DADOS O Ministério da Justiça divulgou em 20 de outubro o anteprojeto de lei sobre proteção de dados pessoais. A nova versão foi divulgada cinco anos após a primeira consulta pública e depois de receber perto de 1,3 mil contribuições de diversos setores da sociedade. Até o fechamento desta edição, a proposta elaborada pelo ministério ainda não havia sido encaminhada à Casa Civil da Presidência da República. Durante o IGF 2015, fontes próximas ao processo de elaboração do anteprojeto disseram que o texto sofreria modificações, em especial, na parte relativa à autoridade governamental de dados pessoais.

que que provedores de aplicação tenham obrigação de coleta de dados referidos como “dados cadastrais” (a filiação, o endereço e a qualificação pessoal, entendida como nome, prenome, estado civil e profissão). A associação esclareceu que o Poder Público não pode obrigar empresas a coletarem dados pessoais que sejam desnecessários para o desempenho de suas atividades. Ao comentar sobre os padrões de segurança e sigilo dos registros, dados pessoais e comunicações privadas da minuta de decreto para regulamentação do Marco Civil da Internet, a Abranet sugeriu a exclusão de todo o Art. 12, que define dados pessoais e explica o que seria o tratamento deles. Para a associação, o Marco Civil da Internet não se destina a ser uma legislação de proteção de dados. A entidade destacou que avançar na discussão do tema é antecipar o resultado de um debate (anteprojeto de lei de proteção de dados) que ainda se encontra em fase de amadurecimento nos poderes Executivo e Legislativo.

ICMS Depois de o Confaz impor nova regra de cobrança do ICMS para as empresas do Simples Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu liminar suspendendo essa cláusula do Convênio ICMS nº 93/2015. Por ela, as micro e pequenas empresas optantes do regime especial de tributação também estavam obrigadas a seguir as novas regras de partilha do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o que, segundo estimativas de mercado, poderia aumentar a carga tributária em 74% e acarretaria procedimentos burocráticos para o pagamento do imposto. A liminar foi obtida depois que a Ordem de Advogados do Brasil (OAB) entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade junto ao Tribunal, com apoio do Sebrae, da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Camara-e.net), da E-commerce Brasil, bem como de outras entidades, defendendo que as novas regras violam a Constituição e afrontam a legislação específica para empresas do Simples.

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CONEXÃO

TV paga: contra o tratamento discriminatório aos pequenos provedores A CONSELHEIRA do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) Cristiane Alkmin Schmidt rejeitou a joint-venture formada por SBT, Record e Rede TV para licenciamento conjunto de programação na TV paga. “Estou preocupada com 60 milhões de brasileiros que terão seus pacotes aumentados”, disse ao apresentar seu relatório em 24 de fevereiro. “Concorrentes simplesmente não podem se juntar com o objetivo de firmar preços”, acrescentou. A conselheira sugeriu em seu voto – o primeiro do julgamento do Cade para uma ação impetrada pela Sky – melhorias na regulamentação do serviço de TV por assinatura, com o objetivo de proteger as pequenas operadoras. Na opinião dela, o poder dado às emissoras abertas de proibir a transmissão (retransmission consent) de seus canais não prejudica as grandes empresas, porém, pode inviabilizar o modelo de negócios das pequenas. À Anatel, Cristiane recomendou uma revisão das regras de verticalização entre líderes do mercado de TV

paga. Ela vê aspectos anticompetitivos na verticalização da Globo, Net e Sky, cujos efeitos vão além da participação societária, que é vetada pela Anatel. No seu voto, a conselheira defendeu a revisão dos parâmetros da cobrança dos preços isonômicos e não discriminatórios por parte dos programadores e a fixação de diferencial de preço máximo. Da mesma forma, propôs estabelecer parâmetros da cobrança de preços isonômicos e não discriminatórios das TVs abertas e operadoras, fixando também diferencial máximo de preços. “O custo da programação é muito maior para as pequenas”, ressaltou. A mesma posição foi defendida para a TV paga. A conselheira do Cade solicitou averiguação sobre se há tratamento não isonômico e discriminatório na relação entre programadores de canais pagos e os pequenos operadores, comparativamente ao tratamento dado aos grandes. O julgamento é relevante para o mercado de TV paga, aberto aos provedores com a Lei do SeAC, mas ainda distante dos planos de muitos por conta do alto custo.

Explosão de dados O TRÁFEGO de dados móveis aumentará sete vezes no Brasil entre 2015 e 2020, chegando a 729,7 petabytes por mês em 2020, superando os 112,1 petabytes por mês em 2015. O estudo Visual Networking Index (VNI) Global Mobile Data Traffic Forecast, realizado pela Cisco, também prevê que o tráfego de dados móveis chegará a uma taxa anual de 8,8 exabytes em 2020, superando os 1,3 exabytes em 2015. É um crescimento três vezes mais rápido que o tráfego IP fixo entre 2015 e 2020. O estudo também sugere que, em 2020, 73% das conexões móveis serão conexões inteligentes, superando os 42% em 2015.

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TJDFT vira sistema autônomo O TRIBUNAL de Justiça do Distrito Federal recebeu do Registro.br autorização para se tornar um AS, sistema autônomo, dentro da Internet. Com isso, o Tribunal poderá oferecer aos usuários maior disponibilidade de acesso aos seus sistemas e serviços, bem como ter autonomia para habilitar contingência em caso de falhas na rede.


IDC prevê crescimento de 2,6% para TICs O MERCADO brasileiro de Tecnologias da Informação e Comunicação deve crescer 2,6% em 2016 comparativamente a 2015. A projeção foi divulgada no fim de janeiro pelo instituto de inteligência de mercado e serviços de consultoria IDC Brasil. De acordo com Denis Arcieri, country manager da IDC Brasil, o baixo índice de crescimento previsto para 2016 não é surpresa, visto que o difícil cenário da economia brasileira condiciona os investimentos. Já o mercado total de serviços corporativos de telecom deverá fechar 2016 com uma queda de 0,5% em relação a 2015. A IDC explica que o aumento nos serviços de dados e datacenter não será suficiente para compensar as perdas em voz fixa e móvel. Para João Paulo Bruder, coordenador de pesquisas de telecom da IDC Brasil, 2015 foi o primeiro ano da série histórica com queda nas assinaturas móveis em operação, mas a participação do pós-pago seguiu aumentando ano a ano e atingiu recorde. No que se refere ao mercado corporativo, Arcieri diz que é hora de buscar oportunidades para soluções tecnológicas escaláveis e flexíveis, baseadas no que a IDC chama de terceira plataforma, composta por computação em nuvem, mobilidade, mídias sociais e big data. Uma das tendências apontadas é a busca pela transformação digital, estreitando a relação entre TI e linhas de negócios. Ainda segundo a IDC, a Internet das Coisas ganha força – e deve movimentar US$ 4,1 bilhões no Brasil neste ano. De acordo com a consultoria, no mercado corporativo, as empresas migrarão aplicações tradicionais, como telemetria e monitoramento, para IoT. Fornecedores de equipamentos e desenvolvedores de plataformas, software e soluções industriais intensificarão o lançamento de soluções de IoT personalizadas e em escala para as empresas.

Arrancada das OTTs O MERCADO brasileiro para as plataformas que distribuem conteúdo por meio da Internet, as OTTs (over-the-top), deve mais do que dobrar de tamanho em três anos, passando de USD 180 milhões, em 2015, para USD 462 milhões, em 2018. A estimativa é de uma pesquisa feita pela MTM a partir de entrevistas com 60 executivos de alto nível que atuam em tecnologia, mídia e indústrias de entretenimento, incluindo estúdios e emissoras, detentores de direitos, distribuidores de programação de vídeo multicanal (MVPDs), fornecedores dos mercados de massa e de nicho de OTT, empresas de vídeo online, produtores e investidores. A previsão é de um forte crescimento do que a pesquisa chamou (sem especificar o que são) serviços de OTT premium no Brasil, Argentina e México. Na Argentina, a estimativa é que o mercado passe de USD 45 milhões para USD 115 milhões entre 2015 e 2018 e, no México, de USD 240 milhões para USD 450 milhões. Durante os próximos três anos, espera-se ver um crescimento no mercado latino-americano de OTT premium. Entre os entraves, a penetração de banda larga foi apontada como insuficiente, sendo uma barreira para a entrada de prestadores de serviços. O alto índice de pirataria na região é outro inibidor, além de complicações com pagamento, devido à baixa penetração de cartão de crédito e à falta de perspectiva de alteração deste cenário a curto prazo. A orientação é que os prestadores de serviços de OTT busquem oferecer métodos alternativos de pagamento, com diferentes abordagens em cada mercado.

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Ataques a servidores Internet cresceram 128% no Brasil AS NOTIFICAÇÕES de ataques a servidores Internet registraram um aumento de 128% em relação a 2014, totalizando 65.647. Os atacantes exploram vulnerabilidades em aplicações Web para hospedar nesses sites páginas falsas de instituições financeiras, cavalos de troia (usados para furtar informações e credenciais), ferramentas utilizadas em ataques a outros servidores Web e scripts para envio de spam ou scam, segundo revela estudo divulgado em março pelo Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (CERT.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). De acordo com o levantamento, o CERT.br recebeu, em 2015, 722.205 notificações de incidentes

de segurança envolvendo redes conectadas à Internet no País, número 31% menor que o total de 2014. Reportados ao CERT.br voluntariamente por administradores de redes e usuários de Internet, os incidentes de segurança são divulgados, desde 1999, por meio de gráficos e dados estatísticos. “A segurança deve ser pensada e implementada logo no início do desenvolvimento Web, no processo de especificação de requisitos de um software, na concepção inicial de

um sítio. Os números só evidenciam essa necessidade”, considera Cristine Hoepers, gerente do CERT.br. Boas práticas para que administradores e desenvolvedores invistam na mitigação dos riscos de segurança em aplicações Web e recomendações sobre programação segura para Web foram tratadas em apresentações recentes da equipe do CERT.br. Pelo terceiro ano seguido, observou-se uma grande quantidade de notificações de ataques de força bruta contra sistemas de gerenciamento de conteúdo (Content Management System - CMS), tais como WordPress e Joomla. Esse tipo de ataque, que consiste em adivinhar, por tentativa e erro, o nome de usuário e senha de administração destes sistemas, pode ser prevenido com a elaboração de senhas fortes, assim como a implementação de verificação em duas etapas, que adiciona uma camada extra de proteção ao acesso de uma conta.

TENTATIVAS DE FRAUDE

NEGAÇÃO DE SERVIÇO

No que diz respeito às tentativas de fraude, em 2015, o CERT.br recebeu 168.775 notificações – uma queda de 64% em relação a 2014. Os casos de páginas falsas que não envolvem bancos e sítios de comércio eletrônico – e incluem, por exemplo, os serviços de webmail e redes sociais – tiveram um aumento de 19%. Já as notificações de casos de páginas falsas de bancos e sítios de comércio eletrônico (phishing clássico) diminuíram 32%, enquanto aquelas sobre cavalos de troia tiveram uma queda de 59% em relação a 2014.

No ano passado, 25.360 incidentes sobre computadores que participaram de ataques de negação de serviço (DoS, do inglês Denial of Service) foram informados ao CERT.br, número 89% menor que os dados de 2014. Esse tipo de ataque, no entanto, continua a envolver protocolos de rede que podem ser utilizados como amplificadores de tráfego, tais como: CHARGEN (19/UDP), DNS (53/UDP), NTP (123/UDP), SNMP (161/UDP) e SSDP (1900/UDP). Os ataques de negação de serviço são aqueles em que o atacante utiliza um computador ou um conjunto deles para tirar de operação um serviço, computador ou rede.

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5G dá lugar à discussão sobre realidade virtual e IoT no MWC REALIDADE VIRTUAL e Internet das Coisas foram os grandes temas da edição deste ano do maior congresso internacional de telecomunicações, o Mobile World Congress (MWC), realizado de 22 a 25 de fevereiro em Barcelona (Espanha). A discussão sobre a evolução das redes de telecomunicação para a quinta geração tecnológica (5G) ocupou muito mais um papel de coadjuvante. No congresso, tanto a indústria fornecedora quanto executivos das operadoras e analistas comentaram a importância das redes 5G como infraestrutura viabilizadora do mundo ultraconectado que se projeta. Com o 5G ainda à espera de padronização, fornecedores da indústria de telecom aproveitaram o MWC para falar dos testes em andamento – inclusive com telcos da América Latina. O burburinho em torno da realidade virtual (VR, na sigla em inglês) começou um dia antes de os portões do MWC abrirem. No evento de lançamento do Galaxy S7 e S7 Edge, a Samsung colocou nas cadeiras dos convidados seus óculos de realidade virtual, o Gear VR. Fazia parte da apresentação que as pessoas usassem o aparato em algumas ocasiões para conferir não apenas as características dos smartphones, como também para experimentar um pouco da realidade virtual. Em determinado

Divulgação / Facebook

momento, quando todos estavam com os óculos, o fundador e diretorexecutivo (CEO) do Facebook, Mark Zuckerberg, caminhou por entre a plateia e subiu ao palco. Zuckerberg não estava lá à toa. O Facebook comprou a Oculus, empresa que é dona da tecnologia de realidade virtual embutida no Gear VR da Samsung. Além disto, Facebook e Samsung firmaram parceria para fomentar o

mercado de realidade virtual. Enquanto a fabricante de hardware investe na fabricação de aparelhos para qualquer pessoa conseguir gravar vídeos 360º, como a câmera Gear 360 lançada no evento, a rede social se encarregará da distribuição dos conteúdos. “Estamos trabalhando para tornar a VR acessível”, disse Zuckerberg. “Neste ano, milhares de pessoas estão tendo contato com aparelhos de

realidade virtual. Ainda é cedo para vídeos 360º, mas um dia os teremos em tempo real.” Além da Samsung, a HTC também mostrou seu aparelho (Vive VR), e a operadora sul-coreana SK Telecom montou em seu estande um simulador para as pessoas experimentarem a nova realidade. Enquanto observadores do mercado apostam que realidade virtual caminha para movimentar USD 1 bilhão, resta saber se, de fato, a tecnologia fará sentido para as pessoas e se elas a incorporarão

em seu dia a dia. Além disto, é preciso fomentar todo um ecossistema que envolve não apenas a produção e distribuição de conteúdo, como também a interoperabilidade dos sistemas. O MWC reuniu quase 101 mil pessoas de 204 países, sendo 3.600 jornalistas e analistas. Em um espaço de 110 mil metros quadrados, cerca de 2.200 empresas exibiram seus produtos e ofertas. abranet.org.br abril . 2016

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OPINIÃO Daniel Oppermann Pesquisador da área de governança da Internet associado ao Núcleo de Pesquisas em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (NUPRI-USP). É membro do Steering Committee do Global Internet Governance Academic Network (GigaNet) e foi pesquisador do Observatório Político Sul-Americano da Universidade do Estado de Rio de Janeiro (UERJ).

A HORA E A VEZ DA INFORMAÇÃO E PROTEÇÃO DE DADOS NO SÉCULO XXI, A INFORMAÇÃO É TUDO. O que chamamos hoje de Era da Informação começou algumas décadas atrás, quando foram desenvolvidas as primeiras tecnologias para espalhar uma alta quantidade de informação e dados por um custo cada vez mais reduzido. A simplificação do acesso à informação enriqueceu a vida de pessoas, empresas, instituições e organizações em muitos países. Durante séculos, grande parte da humanidade esteve excluída do acesso à informação em um sentido mais amplo. O ser humano comum era reduzido ao seu ambiente mais próximo, dificultando a compreensão de um contexto maior. Com a ascensão de grandes meios de comunicação, especialmente durante o século XX, certa quantidade de atores, entre os quais empresas, organizações e instituições públicas, conseguiu criar canais controlados por eles para divulgar informações e dados correspondendo a suas próprias agendas. Mesmo que os primeiros jornais impressos tenham sido publicados no século XVII, a divulgação de informação em massa foi aperfeiçoada somente durante o século XX, quando, por meio de rádio e televisão, foram alcançados até os cidadãos que não sabiam ou estavam simplesmente preguiçosos demais para ler uma página escrita. Por duas gerações inteiras uma quantidade limitada de atores conseguiu divulgar suas informações de forma unilateral para uma parte da população, principalmente nos seus próprios países. Porém, a hegemonia desses atores

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foi desafiada por tecnologias que conseguiram democratizar ainda mais o acesso à informação. O desenvolvimento da Internet mudou também o perfil do consumidor, que agora teve contato com as ferramentas para criar, juntar e divulgar de forma ampla e econômica as informações do seu ponto de vista. Com isto, conseguiu compartilhar estes dados com milhares de usuários sem limitações tradicionais de fronteiras – porém, com a limitação de alcançar consumidores com conhecimento do mesmo idioma e com acesso à Internet. A grande história de sucesso do cidadão como produtor e distribuidor de informação foi apoiada pela divulgação de ferramentas inumeráveis que, na sua maioria, ele pode usar e acessar sem pagar. Ou, vamos dizer, sem pagar com meios de pagamento tradicionais como o dinheiro. Na Era da Informação, existe uma nova moeda que são as próprias informações e especialmente os dados específicos de cada pessoa. Meticulosamente usados pelos produtores de várias ferramentas online, os dados pessoais ganharam um valor tão alto que nenhuma empresa quer desistir deles agora. Além disto, não são somente os dados que o usuário deixa mais ou menos voluntariamente cadastrados em várias páginas na Internet: são também as informações cruciais e internas de empresas, de instituições públicas e de vários outros atores que hoje ganharam valor. Uma informação divulgada estrategicamente pode causar dano a indivíduos, organizações e até a governos inteiros, como mostraram alguns dos casos famosos de whistleblowing dos últimos anos. Para enfrentar esses novos desafios e saber como reagir em tempos de onipresença de dados, todos os participantes e usuários de ferramentas digitais e conectadas precisam refletir sobre a importância da proteção de dados, a criptografia e o comportamento individual que ajuda a manter o controle sobre seus próprios dados. Por meio do seu grupo de trabalho sobre governança da Internet, a Abranet vai focar uma parte do seu trabalho em 2016 nas questões de proteção de dados e criptografia, duas palavras-chaves que serão discutidas nas mídias da organização durante este ano.

Divulgação


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