Revista Abranet . 19

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associação brasileira de internet

abranet.org.br

ano V . edição 19 . dez 2016 / jan / fev 2017

Há duas décadas nascia a Abranet, e o empreendedorismo e a inovação ainda hoje fazem parte da cartilha dos associados. Na era digital, novos desafios são lançados e exigem das empresas de Internet no Brasil um olhar atento ao futuro abranet.org.br dez 2016 / jan / fev 2017

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EDITORIAL Eduardo Parajo Presidente da Abranet

20 ANOS DEPOIS A Internet comercial dava seus primeiros passos e um grupo de empreendedores pioneiros se reunia para criar uma associação com o objetivo de representar e defender os interesses dos provedores. Nascia, em 1996, a Associação Brasileira dos Provedores de Acesso, Serviços e Informações da Rede Internet, rebatizada em 2009 como Associação Brasileira de Internet (Abranet), abrangendo de forma mais ampla toda a cadeia econômica da Internet no Brasil. Desde então, a entidade vem se destacando na defesa intransigente das causas dos seus associados junto ao mercado e às diferentes instâncias de governo e no desenvolvimento de iniciativas que levem a Internet a toda população brasileira. Como está na matéria de capa desta edição, a Internet não é a mesma de 20 anos atrás, mas o espírito empreendedor dos provedores permanece. Aproveito a oportunidade para cumprimentar cada um de vocês e, em especial, todos os que presidiram essa associação antes de mim. A força do nosso segmento está retratada no estudo que encomendamos ao Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Ele mostra que a crise também atingiu as empresas de Internet. Mas ainda que tenha havido uma leve retração no faturamento, o número de empresas subiu de 2015 para 2016, mostrando que o empreendedorismo ainda impera. Além disso, o segmento de Internet continua sendo um grande empregador. Do total de funcionários, 51% têm ensino médio e cerca de 40%, ensino superior, o que atesta a importância que damos à escolaridade. Como diz nosso entrevistado nessa edição, o gerente do Cetic.br Alexandre Barbosa, o papel dos provedores no atual cenário é fundamental para termos uma população mais conectada, principalmente dos pequenos, que atuam em localidades remotas, sem a presença das grandes operadoras. Ele também aponta duas áreas em que se deve apostar: saúde e educação. Outro assunto abordado é o potencial destrutivo dos ataques DDoS, a exemplo do que ocorreu, em outubro, com o provedor Dyn, e as medidas que podem ser tomadas para minimizar os riscos. Veja ainda a cobertura especial do Futurenet, que realizamos paralelamente à Futurecom, e que se consolida como evento para tratar de assuntos técnicos, econômicos, sociais e políticos da Internet. Em painel na própria Futurecom, defendemos menos regulação, redução dos entraves burocráticos tributários e mais incentivos para competição para os pequenos operadores de telecomunicações e discutimos como os ISPs podem contribuir para o avanço da Internet no Brasil. Boa leitura! abranet.org.br dez 2016 / jan / fev 2017

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ÍNDICE 06 | ESPECIAL . PESQUISA Empreendedorismo é a marca de quem investe na Internet. Estudo do IBPT mostra retração no faturamento total do setor, em 2016, mas aumento no número de empresas atuantes.

CONSELHO EDITORIAL Eduardo Parajo parajo@abranet.org.br

José Janone Junior janone.jr@abranet.org.br

Eduardo Neger

neger@abranet.org.br

GERÊNCIA EXECUTIVA Roseli Ruiz Vazquez gerente@abranet.org.br

12 | CAPA

Duas décadas, UMA HISTÓRIA O ano era 1996. A Internet ainda engatinhava no Brasil quando pessoas que estavam, de alguma forma, envolvidas com os BBS (bulletin board systems) e começando a empreender no segmento uniram-se para criar uma associação com o objetivo de representar e defender os interesses dos provedores. Nascia a Associação Brasileira de Internet (Abranet). A Internet não é a mesma de 20 anos atrás, mas o espírito empreendedor dos provedores ainda permanece.

PROJETO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO

Editora Convergência Digital editora@convergenciadigital.com.br Tel: 011-3045-3481 DIREÇÃO EDITORIAL

Ana Paula Lobo

analobo@convergenciadigital.com.br

Luiz Queiroz

queiroz@convergenciadigital.com.br EDITORA-CHEFE

Ana Paula Lobo

analobo@convergenciadigital.com.br

18 | ENTREVISTA O desafio de aumentar o alcance da banda larga. O gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa, explica porque o porcentual de domicílios conectados permaneceu o mesmo entre 2014 e 2015 e aponta qual é o papel dos provedores para levar conexão aos excluídos.

EDIÇÃO

Bia Alvim

bia.alvim@pebcomunicacao.com REPORTAGEM / REDAÇÃO

Roberta Prescott

prescottroberta@gmail.com

20 | TECNOLOGIA Mais fortes e perigosos. O uso de máquinas conectadas à Internet aumenta o potencial destrutivo dos ataques DDoS, a exemplo do que ocorreu, em outubro, com o provedor Dyn.

EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO

Pedro Costa

pedro@convergenciadigital.com.br IMPRESSÃO

24 | EVENTO

Gráfica Pigma

Futurecom/Futurenet. Abranet consolida o Futurenet como evento para tratar de assuntos técnicos, econômicos, sociais e políticos da Internet. Em painel no Futurecom, o presidente da Abranet, Eduardo Parajo, pede menos regulação, redução dos entraves burocráticos tributários e mais incentivos para competição para os pequenos operadores de serviço de comunicação.

Rua da Quitanda, 96 / Cj.31 - Centro - São Paulo / SP CEP: 01012-010 Fone: (11) 3078-3866

30 | OPINIÃO . Por JOY TAN, presidente global de Mídia e Comunicações da Huawei Internet das Coisas e sustentabilidade. A IoT melhorará a sustentabilidade em inúmeras áreas, como agricultura, energia, prédios e infraestrutura pública, além de reduzir o desperdício eletrônico.

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Bem-vindos ao futuro! Com vocês, a botnet Mirai Ela tem mesmo potencial para derrubar a Internet? Mirai, em japonês, quer dizer futuro. E foi esse o nome dado pelos hackers à botnet que vem realizando os ataques de negação de serviço mais sérios dos últimos meses – capaz de fazer o pico no volume de tráfego envolvido nos ataques DDoS pular de 500 Gbps em 2015 para mais de um Terabit por segundo em outubro deste ano. Em setembro, a Mirai lançou um ataque de pouco mais de 600 Gbps contra o site jornalístico Krebs on Security, tornando indisponível o acesso a ele. Uma variante da Mirai na sexta-feira 21 de outubro paralisou a Dyn, fornecedora de serviços DNS (Domain Name System) derrubando temporariamente sites de alcance global como Paypal, Twitter, Netflix, CNN, Amazon e parte do WhatsApp. O primeiro ataque aos servidores DNS começou às 11:10 UTC (Coordinated Universal Time) e durou até às 13:20; o segundo se iniciou às 15:50 e foi até às 17:00, conforme conta o VP da Dyn Scott Hilton. (Veja em http://bit.ly/DynMirai) Primeiro, percebeu-se um grande volume de tráfego, tipicamente associado a ataques DDoS, visando inicialmente a plataforma de serviços da Dyn para a América do Sul, Ásia-Pacífico, leste europeu e oeste dos Estados Unidos, e depois para os pontos de presença da empresa no leste dos EUA. A equipe da Dyn conseguiu conter esse ataque, mas logo depois começou o segundo, agora com alvos geograficamente diversificados. O ataque à Dyn – que estendeu a todo o mundo suas consequências ao afetar o serviço de empresas que atuam no mercado internacional – foi o maior já ocorrido e levanta a questão da própria segurança da Internet. Até que ponto ela pode ser paralisada pelos hackers? E como se poderia atingir esse feito? Tanto o ataque ao Krebs on Security como o ataque contra a Dyn foram lançados por botnets Mirai, formadas por dispositivos ligados à Internet, como por exemplo, câmeras de vigilância, formando a Internet das Coisas, ou IoT (Internet of Things). A maioria deles utiliza, como sistema operacional, o Linux, carregado com softwares rudimentares de acesso, como o Telnet, e com senhas-padrão de fábrica. E os hackers estão aproveitando essa brecha para invadir os dispositivos

IoT, infectando-os de modo a que possam contaminar outros dispositivos e escravizando-os para – entre outros objetivos – criar botnets capazes de efetuar ataques de negação de serviço de grande volume. Estima-se que a Mirai original (porque ela vem sendo aprimorada e customizada por hackers de acordo com seus objetivos particulares) conte com uma população flutuante de cerca de 500 mil dispositivos contaminados, e há relatos de serviços de ataque à venda na deep web oferecendo uma botnet de 400 mil equipamentos IoT para ataque. Diante disso chega a ser modesta a estimava da Dyn, que calcula em 100 mil o número dos equipamentos utilizados para atingir suas plataformas de serviço. Para termos a dimensão do que significa um ataque de um Terabit por segundo, basta dizer que ele correspondente a 250.000 vezes a velocidade média de acesso da Internet no Brasil inteiro, que gira em torno de 4.1 Megabit por segundo por usuário. Ou seja, o potencial para “parar” a Internet em um país como o Brasil, é real. E mais: embora estejam dispersos esses dispositivos contaminados, há indicações de que se concentrem em alguns países, e o Brasil é um deles, ao lado da Espanha, China, Hong Kong, Vietnam, Coreia do Sul, Tailândia e Indonésia. A boa notícia nesse quadro é que na verdade existem armas para o combate a esses ataques. Além das melhores práticas adotadas pelas grandes empresas do mercado, ferramentas de visualização de tráfego e sistemas inteligentes de mitigação DDoS são úteis na defesa dos alvos visados. A tarefa agora é reforçar defesas e tentar entender e corrigir as brechas presentes na Internet das Coisas de modo a evitar, em nosso futuro, a vulnerabilidade da própria Internet.

Conheça a oferta que a Arbor preparou para que operadoras regionais e provedores brasileiros de Internet assegurem visibilidade de tráfego e disponibilidade de suas redes, assim como a lucratividade de seus negócios. abranet.org.br http://arbor.link/provedores

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brasil@arbor.net

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2016 / jan / fev 2017 +55 11dez 4380-8035

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ESPECIAL . PESQUISA

EMPREENDEDORISMO É a Marca de QUeM inVeste na internet Estudo do IBPT mostra retração no faturamento total do setor, em 2016, mas aumento no número de empresas atuantes

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Roberta Prescott


utilizados pelo IBPT tiveram como base a Receita Federal do Brasil, o Ministério do Trabalho e Emprego e outros órgãos públicos, obtidos por meio da Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação – LAI). Para este estudo recente, a Abranet pediu a avaliação desde o ano 2000. Com isto, pode-se observar o salto das empresas de Internet, que eram 23 mil no ano 2000 e faturavam R$ 64 bilhões. A receita teve crescimento nominal de 32,5% de 2000 a 2005, de 13,7% de 2005 a 2010 e de 46,1% de 2010 a 2015. No mesmo período, o Produto Interno Brasileiro (PIB) do segmento de serviço de informação teve um aumento nominal de 90,4% entre 2000 e 2005, de 51,9% de 2005 a 2010 e de 27% entre 2010 e 2015. Relativamente aos resultados, o presidente da Abranet, Eduardo Parajo, destacou que, apesar da crise, o número de empresas no setor subiu de 99 mil em 2015 para 103.639, em 2016. A maior parte delas é optante do Simples Nacional. dados econômicos dos cnaes de representação da abranet (2012 – 2015) Ele ressaltou ainda que, em decorrência da crise econômica, as DADOS ECONÔMICOS 2012 2013 2014 2015 empresas de Internet sofreram Quantidade de empresas (exceto Mei) 82.032 87.592 93.182 99.049 com a negociação [para baixo] dos preços com os clientes. crescimento anual (%) 6,8% 6,4% 6,3% O setor de Internet continua Faturamento anual 113,07 128,55 144,67 141,33 sendo um grande empregador, crescimento anual (%) 13,7% 12,5% -2,3% mas houve uma leve queda no número de funcionários em dePib (nacional) 4.805,91 5.316,45 5.687,31 5.904,33 corrência da reoneração da focrescimento anual (%) 10,6% 7,0% 3,8% lha de pagamentos. Entre 2014 arrecadação Federal 1.029,3 1.138,3 1.187,6 1.221,5 e 2015, registrou-se incremento crescimento anual (%) no número de empregados, mas 10,6% 4,3% 2,9% este ano deve fechar com alta de Quantidade de empregados 296.994 298.725 312.608 326.028 0,2%, passando de 326.028 em crescimento anual (%) 0,6% 4,6% 4,3% 2015 para 326.592 em 2016. No ano 2000, as empresas tinham Massa salarial 11,51 13,19 14,93 14,12 177 mil funcionários. crescimento anual (%) 14,6% 13,3% -5,5% Com relação à faixa etária, a grande concentração está enOs códigos da CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas considerados para o estudo foram: tre 30 e 39 anos. Do total, 51% 6110-8/03 Serviços de comunicação multimídia (SCM) 6190-6/01 Provedores de acesso às redes de comunicações dos funcionários têm ensino 6190-6/02 Provedores de voz sobre protocolo Internet (VoIP) 6204-0 Consultoria em tecnologia da informação médio e cerca de 40%, ensino 6209-1 Suporte técnico, manutenção e outros serviços em tecnologia da informação superior. “Isto mostra que es6311-9 Tratamento de dados, provedores de serviços de aplicação e serviços de hospedagem na Internet 6319-4 Portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na Internet colaridade é importante para o 6399-2 Outras atividades de prestação de serviços de informação não especificadas anteriormente setor”, disse Parajo.

A CRISE ATINGIU parcialmente o segmento das empresas de Internet. Ao lado de uma leve retração no faturamento, houve aumento no número de empresas, mostrando que o empreendedorismo ainda impera. Entre 2015 e este ano foram abertas cerca de 4.500 firmas, totalizando quase 104.000, a maioria optante pelo Simples Nacional. O faturamento conjunto de todas as empresas de Internet que atuam no Brasil deve fechar o ano de 2016 em R$ 139,61 bilhões, de acordo com previsões contidas no estudo encomendado pela Abranet ao Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). O número é inferior aos R$ 141,33 bilhões registrados em 2015 e aos cerca de R$ 144 bilhões de 2014. O levantamento considerou dados nacionais dos anos 2000, 2005, 2010, 2015 e 2016, incluindo faturamento, empregabilidade, massa salarial e arrecadação federal das empresas do setor de representação da Abranet. Os dados

Fonte: IBPT - Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (2016)

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FATURAMENTO ESTÁVEL O faturamento conjunto de todas as empresas de Internet que atuam no Brasil deve fechar o ano de 2016 em R$ 139,61 bilhões. O número é abaixo dos R$ 141,33 bilhões registrados em 2015 e dos cerca de R$ 144 bilhões de 2014. Apesar de responderem por 47,4% do número de empresas dos segmentos de representação da Abranet em 2015, as firmas com faturamento até R$ 3,6 milhões anuais, consideradas microempresas e empresas de pequeno porte (EPP), representaram 15,3% da receita total do setor em 2015. A retração segue na contramão da tendência de crescimento observada nos últimos anos. Entre 2012 e 2013, houve crescimento de 13,7% e 12,5%, respectivamente. Contudo, o ano de 2015 encerrou com perda de 2,3% do valor de receita bruta em relação a 2014. Considerando a participação do faturamento por faixa, as empresas consideradas de médio e de grande porte (aquelas

com faturamento acima de R$ 10 milhões por ano) responderam por 71,9% do total em 2015. Já as empresas com faturamento anual abaixo de R$ 10 milhões somaram 28,1%. No decorrer dos anos, o segmento vem se fortalecendo. A receita das empresas do segmento de representação da Abranet teve crescimento nominal de 32,5% no período de 2000 a 2005, de 13,7% de 2005 a 2010 e de 46,1% no período de 2010 a 2015. Com seu faturamento, o setor tem grande representatividade no Produto Interno Bruto (PIB). O setor de serviços de informação, do qual fazem parte os CNAEs de representação da Abranet, contribuiu com R$ 160,7 bilhões (2,7%) do PIB Brasil em 2015. O segmento está dentro do setor de serviços, que gerou PIB de R$ 3,023 trilhões em 2015, representando 51,2% de toda a riqueza gerada no País no período.

Faturamento anual das empresas do segmento de representação da abranet (em r$ bilhões) ATIVIDADE ECONÔMICA

6.110/8-03 6.190/6-01 6.190/6-02 6.204/0-00 6.311/9-00 6.319/4-00 6.209/1-00 6.399/2/00

serviços de comunicação multimídia (scM) Provedores de acesso às redes de comunicações Provedores de voz sobre protocolo internet (VoiP) consultoria em tecnologia da informação tratamento de dados, provedores de serviços de aplicação e serviços de hospedagem na internet Portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na internet suporte técnico, manutenção e outros serviços em tecnologia da informação outras atividades de prestação de serviços de informação não especificadas anteriormente

TOTAL CRESCIMENTO (%)

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abranet.org.br dez 2016 / jan / fev 2017

2000

2005

2010

2015

Ago/16

AV (%)

6,04 6,77 0,01 12,86

6,36 4,73 0,00 22,71

5,73 5,60 0,06 26,63

5,66 7,41 0,12 43,14

3,57 4,98 0,08 28,92

3,8% 5,3% 0,1% 31,1%

14,27 7,70 12,46

22,32 2,14 21,16

26,47 5,50 22,64

36,29 11,88 32,33

24,79 7,58 20,35

26,6% 8,1% 21,9%

4,10

5,70

4,15

4,52

2,84

3,0%

64,21 32,5%

85,11 13,7%

96,77 46,1%

141,33

93,11

100%

Fonte: Receita Federal do Brasil (IBPT, 2016)


ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA

O levantamento concluiu que a carga tributária (arrecadação/ valor adicionado) do setor saltou de 35,7% no ano 2000 para 37,6% em 2015. O texto ressalta que, em 2010, houve redução na arrecadação de tributos dos segmentos de representação da Abranet com a introdução da Lei Complementar 123/2006, conhecida como a Lei do Simples Nacional. Em 2011, foi promulgada a Lei 12.546/2011, de desoneração de folha de pagamento, que promoveu redução direta na carga tributária sobre o valor adicionado. A participação das empresas do segmento de representação da Abranet na arrecadação federal em 2015 foi de 1,293%, ou seja, de cada R$ 100,00 de todos os tributos recolhidos aos cofres públicos, R$ 1,29 veio delas.

EMPREENDEDORISMO ATIVIDADE ECONÔMICA 6209100 suporte técnico, manutenção e outros serviços

em tecnologia da informação

6204000 consultoria em tecnologia da informação 6311900 tratamento de dados, provedores de serviços de

aplicação e serviços de hospedagem na internet

6319400 Portais, provedores de conteúdo e outros serviços 6190601 6399200 6110803 6190602

de informação na internet Provedores de acesso às redes de comunicações outras atividades de prestação de serviços de informação não especificadas anteriormente serviços de comunicação multimídia (scM) Provedores de voz sobre protocolo internet (VoiP)

TOTAL GERAL

2000

2005

2010

2015

9.033 6.974

16.061 12.696

23.994 18.138

34.995 22.495

5.872

11.411

16.981

398 660

856 1.456

602 262 12 23.813

O número de empresas do segmento de representação da Abranet aumentou entre os anos de 2015 e 2016, passando de 99.049, no ano passado, para os atuais 103.639. Ainda há, contudo, uma grande concentração nos estados do Sudeste e Sul. São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul respondem por 80,12% do total, cabendo às demais unidades da federação os 19,88% restantes. Apenas o estado de São Paulo agrupa 47,7% do total das empresas de Internet. Do total de empresas, 78,1% são do tipo jurídico Sociedade Empresária Limitada, 15,5%, Sociedade Simples Limitada e apenas 5,3%, Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI). Com relação ao regime tri-

Fonte: IBPT (2016)

2016 Part. (%)

Cresc. (%)

36.589 23.180

35,3% 22,4%

305,1% 232,4%

21.521

22.192

21,4%

277,9%

3.072 3.351

8.219 4.841

9.149 5.049

8,8% 4,9%

2.198,7% 665,0%

1.028 631 23

2.358 1.844 76

3.696 3.163 119

3.862 3.494 124

3,7% 3,4% 0,1%

541,5% 1.233,6% 933,3%

44.162

69.814

99.049

103.639

100,0%

335,2%

butário, apenas 4,1% são optantes do Lucro Real, o Lucro Presumido responde por 48,5%, e o Simples Nacional, regime daquelas empresas com faturamento até R$ 3,6 milhões anuais, representa 47,4% do total de números de CNPJ inscritos nos CNAEs de representação da Abranet. Desde o ano 2000, o crescimento foi exponencial, de 335%. Na série histórica, o subsetor que inclui portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na Internet saiu de 398 para 9.149 CNPJs registrados, o que representa um crescimento líquido de 2.198,7%. Já os subsetores de serviços de comunicação multimídia (SCM) e de provedores de voz sobre protocolo internet (VoIP) registraram crescimento de 1.233,6% e 933,3%, respectivamente. abranet.org.br dez 2016 / jan / fev 2017

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GRANDE EMPREGADOR

O número de empregados ativos saltou de 177.233 no ano 2000 para 326.592 em 2016. Contudo, o crescimento acumulado da empregabilidade, de 84,3%, foi inferior ao aumento de 120,1% do faturamento das empresas no mesmo período. O estudo evidenciou o impacto positivo que a desoneração da folha, a Lei 12.546/2011, teve no setor. Quando o cálculo da Contribuição Previdenciária Patronal passou a vigorar com as alíquotas de 2% e de 1% para serviços de TI e indústria, respectivamente, aplicadas diretamente sobre o faturamento das empresas, em vez de 20% sobre a folha de pagamento, ocorreu aumento significativo da taxa de cres-

cimento da empregabilidade. Porém, com a reoneração da folha, houve queda no número de empregados, ficando estável a empregabilidade entre os anos 2015 e 2016. No período, houve também uma mudança no perfil dos empregados. No início do ano 2000, o segmento estava representado majoritariamente por jovens entre 18 e 24 anos, com 56.677 empregados, equivalendo a 32,0% dos postos de trabalho celetistas. Já no ano de 2016, a participação deles havia caído para 23,9%. A faixa etária entre 25 e 39 anos, que em 2000 representava 45,6%, saltou para 53,2% em agosto de 2016. O amadurecimento profissional também pode ser visto

número de funcionários das empresas do segmento de representação da abranet POR FAIXA DE SALÁRIO FAIXA DE SALÁRIO

2000

Part. acum.

2005

Part. acum.

2010

Part. acum.

2015

até 1,5 sM

24.566

13,9%

85.090

31,4%

85.764

30,0%

86.631

26,6%

88.052

27,0%

de 1,51 a 3,0 sM

59.935

47,7%

86.677

63,3%

85.243

59,7%

104.242

58,5%

105.920

59,4%

de 3,01 a 5,0 sM

30.550

64,9%

34.567

76,0%

37.614

72,9%

46.433

72,8%

47.701

74,0%

de 5,01 a 10 sM

31.807

82,9%

33.149

88,2%

39.877

86,8%

48.456

87,6%

46.673

88,3%

de 10,01 a 20 sM

19.517

93,9%

21.143

96,0%

26.785

96,2%

28.647

96,4%

27.405

96,7%

acima de 20 sM

10.858

100%

10.755

100%

10.928

100%

11.619

100%

10.841

100%

TOTAL

10

177.233

abranet.org.br dez 2016 / jan / fev 2017

(%)

271.381

(%)

286.211

(%)

326.028

Part. acum. Ago/16 (%)

Part. acum. (%)

326.592

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (IBPT, 2016)


número de funcionários das empresas do segmento de representação da abranet POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE ESCOLARIDADE

2000

2005

2010

2015

Ago/ 16

Part. (%)

Cresc. (%)

Até Fundamental I (5º ano)

11.545

31.788

23.762

5.006

4.618

1,41%

-60,3%

25.904

30.373

20.474

20.736

18.921

5,79%

-27,0%

91.121

144.304

143.607

166.696

168.273

51,52%

84,7%

48.663

64.487

97.055

131.383

132.481

40,56%

172,2%

-

429

1.313

2.207

2.299

0,70%

0,0%

177.233

271.381

286.211

326.028

326.592

100,0%

Fundamental II (6º ao 9º ano) Ensino Médio Superior Mestrado/Doutorado TOTAL

na escolaridade. O mês de agosto de 2016 encerrou com 51,52% do total de empregados registrados nas empresas dos CNAEs de representação da Abranet sendo portadores de certificado de conclusão do ensino médio e 40,56% com diploma do ensino superior. No ano 2000, apenas 27,5% funcionários do segmento eram portadores de certificado de curso superior, o que representa a maior varia-

PERDA SALARIAL

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE/BI/CAGED)

ção do crescimento na série, com 172,2%. Falta, contudo, diversificação regional. De acordo com o estudo, os estados de São Paulo e Rio de Janeiro reúnem 51,1% de toda a mão de obra empregada no segmento. Somente o estado de São Paulo responde por quatro em cada dez vagas ocupadas em empresas com CNAEs de representação da Abranet.

Ao analisar a série histórica, com dados desde o ano 2000, o IBPT demonstra que o salário médio dos funcionários demitidos versus admitidos tem sido sistematicamente reduzido. Somente no acumulado de 2016, até o mês de agosto, o salário médio de admitidos perdeu 28,06%. O número dos funcionários com rendimento mensal de até cinco salários mínimos mensais, que no ano 2000 respondia por 64,9% do total de empregados, em agosto de 2016 atingiu 74%. No total, a massa salarial anual (custo com folha de salários) dos CNAEs de representação da Abranet apresentou um crescimento de 57,41%, dos valores anuais de 2015 quando comparada com o total da massa salarial do ano 2000. Esta taxa de crescimento, porém, é inferior ao incremento porcentual no número de empregados de 2015 (326.028) em relação ao ano 2000 (177.233), o qual resulta em acréscimo de 83,95%. abranet.org.br dez 2016 / jan / fev 2017

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CAPA

Roberta Prescott

O ANO ERA 1996. A Internet ainda engatinhava no Brasil quando pessoas que estavam, de alguma forma, envolvidas com os BBS (bulletin board systems) e começando a empreender no segmento uniram-se para criar uma associação com o objetivo de representar e defender os interesses dos provedores. “Éramos um grupo recém-formado, em uma atividade totalmente nova e desregulamentada, com pessoas oriundas dos mais diversos meios, desde técnicos a puros empreendedores, buscando conceitos, formas de sobrevivência e estratégia de proteção a um setor recém-nascido”, lembra Antonio Tavares, um dos fundadores e primeiro presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet). Ainda sem verba, depois de fundada, a Abranet estabeleceu-se com sede em uma sala da área sindical da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Desde o princípio, a meta era proteger os provedores

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Fundada em 7 de novembro de 1996, a entidade sem fins lucrativos Abranet tem como objetivo apoiar o esforço brasileiro na implementação de empresas provedoras de acesso, serviços e informações, buscando o desenvolvimento da Internet no País. Inicialmente designada como Associação Brasileira dos Provedores de Acesso, Serviços e Informações da Rede Internet, a entidade atualizou seu estatuto em 8 de maio de 2009, passando a se chamar Associação Brasileira de Internet, abrangendo de forma mais ampla toda a cadeia econômica da Internet no Brasil.

Duas décadas, UMA HISTÓRIA A Internet não é a mesma de 1996, mas o espírito empreendedor dos provedores ainda permanece. Para comemorar as duas décadas da entidade, a revista Abranet entrevistou dez pessoas envolvidas no processo de sua criação e fomentar o mercado, criando uma entidade que pudesse auxiliar nas necessidades dos ISPs e dos usuários, além de sugerir critérios de operação. “Havia ignorância total por parte do usuário do que era Internet. Achamos fundamental reunir os provedores e com isto resolvemos criar a associação. Começamos a fazer o trabalho de mostrar que unidos éramos melhores que separados”, diz Cássio Vecchiatti, diretor de tecnologia da Fiesp e também um dos fundadores da Abranet. Um pouco antes, recorda Demi Getschko, presidente do NIC.br, as operadoras de telefonia ainda não sabiam muito bem o potencial da Internet, mas este cenário mudou assim que se começou a falar de cabo. “O ADSL fez com que as teles quisessem ser provedores, e elas criaram várias companhias, porque a lei dizia que deveria ser separado. O pessoal de provimento começou ser atacado pelas teles, que entenderam que Internet

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era um filão de negócio e começaram a prover acesso”, conta Getschko, que atribui aos provedores de acesso e serviços o rápido desenvolvimento da Internet no Brasil. Envolvido na criação da associação, Getschko lembra que ela era composta por empreendedores bastante ativos, mas jovens na área, que estavam tentando aproveitar oportunidades e proteger o caráter da rede. Há 20 anos, o grupo empresarial que liderava os esforços de colocar Internet no Brasil era pequeno, porém, visionário. “Os provedores de acesso e conteúdo enfrentaram grandes desafios ao apostar nesta nova plataforma de serviços. Alguns desses pioneiros da Internet brasileira fundaram em 1996 a Abranet, para congregar suas demandas e fomentar o crescimento da nascente tecnologia em que apostavam”, conta Eduardo Neger, ex-presidente da associação. O advogado João Tranchesi Jr. recorda que, desde o começo, a Abranet se deparou com desafios jurídicos, e alguns permanecem até hoje. “Na época, era a definição do que era o serviço prestado pelos ISPs, se era de comunicação ou de valor adicionado; quais seriam as consequências tributárias. Tivemos discussões enormes com o Confaz [Conselho Nacional de Política Fazendária] sobre

a tributação dos serviços”, rememora. “Debatia-se também se tínhamos ou não necessidade de obter autorização para prover os serviços, e que tipo de autorização.” À Abranet também coube dar voz aos provedores junto à Agência Nacional de Telecomunicações e ao Ministério das Comunicações. Para Tranchesi Jr., a função da Abranet de estimular o desenvolvimento do setor, divulgar informações sobre a Internet e ser o órgão de intercâmbio com outras associações no mundo segue importante. Ele destaca a atuação da entidade no encaminhamento de sugestões e críticas para desenvolvimento e fortalecimento do mercado e dos serviços de Internet no Brasil e o trabalho junto às autoridades governamentais e ao Comitê Gestor da Internet (CGI). “A Abranet participa junto ao governo do debate para ter políticas que permitam uma melhor infraestrutura e prever investimentos de recursos governamentais para melhorá-la e levar a Internet a padrões tecnológicos mundiais”, destaca.

REDE PARA TODOS O caráter eclético e universal da Internet também foi seguido na criação da Abranet. O professor Fredric M. Li-

“Sem dúvida, o processo que a Internet carrega consigo é um processo disruptivo.”

“Foi importante a agregação de interesses dos ISPs que a Abranet fez desde o começo para manter a condução, de que não precisa de licença, os tipos de impostos, a interface que teria com telecom, a briga para manter a Norma 04/95, o artigo 60 da LGT.”

ANTONIO TAVARES

DEMI GETSCHKO

sUcessão de Presidentes 14

Fundação até 1º de abril de 1998

1º de abril de 1998 a 31 de março de 2000

1º abril de 2000 a 31 de março de 2001

1º de abril de 2001 a 31 de março de 2003

ANTONIO TAVARES

ANTONIO TAVARES

ROQUE ABDO

ROQUE ABDO

abranet.org.br dez 2016 / jan / fev 2017

1º de abril de 2003 a 31 de março de 2005

CASSIO VECCHIATTI


tto era um entusiasta de videotexto na Universidade de São Paulo (USP). “Comecei a estudar o assunto e a colaborar com empresas, fornecendo informações. Foi assim que conheci o pessoal da Abranet. Eles buscavam pessoas da universidade para a associação, com bagagem mais humanista”, lembra. Assim, Litto foi convidado para integrar o grupo em sua maioria formado por engenheiros para levar outro olhar à Internet. Com uma contribuição de visão acadêmica e humanista, Litto pensava nas aplicações que a Internet poderia ter e já sonhava com o governo eletrônico. “A Abranet teve uma boa contribuição para humanizar o uso de TI no Brasil, porque reuniu gente de diferentes paradigmas e experiências. Isto deu outro ar [à Internet].” Rui Jose Arruda Campos atuava como consultor de tecnologia e mercado da Fenasoft, um megaevento de informática dos anos 1980 e 1990. “Uma das minhas mais importantes ações foi apoiar os cerca de 15 empresários, liderados por Antônio Tavares, que vinham implantando o negócio de acesso público e comercial à Internet, na criação da Abranet, cuja reunião de fundação se deu dentro da Fenasoft 1996, na qual me juntei ao grupo de fundadores”, recorda Campos.

“A Abranet teve uma boa contribuição para humanizar o uso de TI no Brasil, porque tinha gente de diferentes paradigmas e experiências.”

Para ele, a criação da Abranet foi algo natural, porque era necessário reunir inteligência, esforço e influência numa associação específica cujas empresas tivessem objetivos bastante similares. “Houve a determinação de Estado de que o acesso à Internet fosse desenvolvido por empresas privadas em processo de concorrência de mercado. Este negócio foi calcado na criação de muitas empresas de pequeno porte, que poderiam usar a estrutura de telecomunicações, ainda sob o regime de monopólio, mas que enfrentariam muita evolução tecnológica e grandes desafios na política de Estado, na geração de demanda e na conquista de usuários no mercado”, pontua. Do lado das grandes empresas, Alvaro Marques trabalhava na IBM quando se envolveu com o grupo de empresários que estruturava a Abranet. Ele conta que, por volta de 1995, a IBM decidira atuar como prestadora de telecomunicações, aproveitando-se da rede que possuía. “A IBM foi um dos pioneiros como Internet comercial no mundo inteiro. Eu falava em comércio eletrônico ainda no comecinho da Internet”, relata Marques. Ele recorda que a Abranet tinha um grande propósito. “Juntamos o pessoal porque sentíamos que seria clara a

“Cada um tinha seu mercado e conhecia os concorrentes, mas havia inimigos comuns a todos, como as operadoras.”

“A Abranet é a entidade mais importante de provedores que temos no País. Ela é fundamental para termos desenvolvimento e evolução da Internet”

ALEKSANDAR MANDIC´

FREDRIC M. LITTO

CÁSSIO VECCHIATTI

1º de abril de 2005 a 31 de março de 2007

1º de abril de 2007 a 31 de março de 2009

1º de abril de 2009 a 31 de março de 2011

1º de abril de 2011 a 31 de março de 2013

1º de abril de 2013 a 31 de março de 2015

1º de abril de 2015 a 31 de março de 2017

ANTONIO TAVARES

EDUARDO PARAJO

EDUARDO PARAJO

EDUARDO NEGER

EDUARDO NEGER

EDUARDO PARAJO

abranet.org.br dez 2016 / jan / fev 2017

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“A Abranet teve, tem e terá função importante de ser a voz do prestador de serviço da rede Internet. E, mais do que a voz, ser o braço de intermediação com as autoridades, agências, órgãos governamentais e Poder Legislativo. Não apareceu ninguém que substitua a Abranet nesse sentido.” JOÃO TRANCHESI JR.

“Nunca me esquecerei do dia em que estava fazendo a barba, escutando o jornal no rádio, quando ouço a notícia que começara a funcionar o provedor gratuito iG. Eu pensei: e agora? Meu negócio acabou!” ROQUE ABDO

resistência, que haveria reação do pessoal de telecomunicações. Era importante ter uma associação para se apoiar, porque a maioria era formada por pequenas empresas que estavam começando”, diz, contando que recebeu total apoio da IBM para se engajar na associação. Nos primeiros anos, Marques tratou mais da parte regulatória dentro da Abranet. “O Sérgio Motta [então ministro das Comunicações] percebeu que a Embratel queria dominar o cenário e teve ideia de deixar este setor reservado”, lembra. De fato, a edição da Norma 004/95 caracterizou a atividade de provedor de acesso como prestadora de serviços de valor adicionado e não prestadora de serviços de telecomunicações, o que, ressalta Antonio Tavares, ajudou a viabilizar economicamente o crescimento da Internet e a proliferação dos pequenos provedores. “Foram várias ações que permitiram à Internet se manter livre, aberta, não regulada e que possibilitaram nascer vários provedores”, acrescenta Getschko, do NIC.br. Assim, a criação da Abranet foi fundamental para fazer deslanchar o setor e dar suporte aos provedores de Internet. “As operadoras achavam que era uma coisa só, mas não. Telecomunicações é a infraestrutura que comunica os servidores, mas Internet vai além. Ela envolve processadores, armazenamento de dados e hoje ainda mais coisas”, aponta Alvaro Marques. Um exemplo é contado por Dorian L Guimarães. “Era engenheiro no interior de São Paulo, em Campinas, único provedor fora da capital paulista, e estava procurando informação e apoio a um negócio que não tinha qualquer

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regulamentação. Naquela época, eu ainda não sabia a total transformação que isto iria ter na vida das pessoas e das empresas”, conta. Há 20 anos, empreender como provedor era mais complicado, pois não havia melhores práticas ou exemplos a seguir. O surgimento da Abranet deu um norte. “Os pioneiros precisavam se organizar e ter representatividade. Depois, convidamos pessoas de outras entidades para apoiar a criação da Internet, como artistas, educadores, empresários e mídia”, pontua Guimarães.

BANDEIRANTES DIGITAIS Atuando em um setor tão dinâmico, os provedores sempre precisam avaliar sua posição e buscar nichos de mercado onde saibam se posicionar. “Quantas vezes já ouvimos que os provedores estavam extintos, que a bolha da Internet seria implacável, que a crise internacional era forte etc.? E cá estamos, insistindo”, ressalta Eduardo Neger. Esses empresários tiveram de superar a limitada infraestrutura de telecomunicações do País e o ceticismo dos setores mais conservadores. Isto sem contar que, duas décadas atrás, a Internet era um assunto que passava longe do interesse do cidadão comum, ficando restrita a um seleto grupo de acadêmicos e entusiastas. “Nunca me esquecerei do dia em que eu estava fazendo a barba, escutando o jornal no rádio, quando ouço a notícia de que começara a funcionar o provedor gratuito iG. Eu pensei: e agora? Meu negócio acabou!”, lembra Roque Abdo. “Depois disso, a Abranet fortaleceu-se enormemente e ganhou notoriedade nacional. Todos os veículos de mídia


“A história da Internet no Brasil se confunde com a da Abranet.” ALVARO MARQUES

“Na data em que a Abranet completa 20 anos, dobro a aposta nas empresas da cadeia de valor da Internet brasileira, que, apesar dos desafios, tem sido pródiga em casos de sucesso. Parabéns a todos que contribuíram para esta evolução.”

“A Abranet contribui com as empresas de Internet no desafio de manter a rede transparente e democrática e ser um ambiente de oportunidades para empreendedores.”

EDUARDO NEGER

DORIAN GUIMARÃES

queriam ouvir a Abranet, o Congresso e a Anatel também.” Para Aleksandar Mandić, a Abranet cumpriu seu papel de proteger os provedores, tanto contra as operadoras, quanto contra o fenômeno da Internet grátis, e de colocar regras e direcionamento. “Mas o mercado se dividiu entre estas duas vertentes. Não tinha como escapar. O provedor era autenticador e este meio acabou”, diz. “Cada um tinha seu mercado e conhecia os concorrentes, mas havia inimigos comuns a todos, como as operadoras. Naquele tempo, a Abranet tinha esse negócio de proteger, a Internet era uma aldeia global. Hoje não faz tanto sentido, porque tem o mercado, só que ficou mais difícil ganhar dinheiro, porque virou commodity.” Outro papel importante que os ISPs desempenham há 20 anos é o de levar conexão a lugares distantes. Desde que entraram no mercado, as operadoras dão mais atenção às grandes cidades. “Os provedores são os interlocutores, agem como professores, dando toda a assessoria para as pessoas se conectarem. Eles foram o braço de disseminação da Internet e isto não foi apenas no Brasil”, enfatiza Alvaro Marques. A chegada da Internet grátis também obrigou os provedores a repensarem seus negócios. Se o acesso não seria mais rentável, os ISPs passaram a apostar em diferentes frentes. Uns enxergaram oportunidade de negócio na vontade que as empresas tinham de ter suas páginas na web. Outros apostaram no fornecimento de serviços como correio eletrônico, datacenter, backup, entre outros. O advogado João Tranchesi Jr. avalia que houve uma

mudança grande no mercado, ficando poucas empresas operando apenas no provimento de acesso e muitas atuando como prestadores de serviços mais abrangentes. “Os provedores de serviço da rede Internet se transformaram em empresas de TI especializadas”, diz. Desde o início, quando se brigava com as operadoras pelo acesso, o caminho dos provedores era o da prestação de serviços, com eles próprios, com datacenters pequenos, fazendo hosting, serviços gerenciados, consultoria técnica, desenvolvimento de serviços de web etc. “Claro que, embora continuando a defender que o sucesso está na prestação dos serviços, vejo que o mercado se prepara para uma transformação profunda. Por exemplo, onde tem televisão aberta ou a cabo haverá um processo grande de transformação, a exemplo do que aconteceu com o Netflix, e estão preparando a Google, Microsoft e outros, sendo que para tal é necessário que a oferta de banda larga seja cada vez maior e mais competitiva”, diz Antonio Tavares. Olhando para o futuro, Dorian Guimarães acredita que a Internet deve seguir inspirando e desenvolvendo as novas gerações para lutarem por suas causas, criando valores que aproximem as pessoas e diminuam as desigualdades. “O futuro está pautado pelo aumento da velocidade de conexão, da banda larga, dos processadores, dos dispositivos de acesso. Teremos o uso da inteligência artificial, dos robôs, da realidade aumentada, da Internet das Coisas, além de inovações para as quais a Internet indiretamente está contribuindo, como a produção de energia, tratamentos da água e produção de alimentos.” abranet.org.br dez 2016 / jan / fev 2017

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ENTREVISTA Alexandre Barbosa Gerente do Cetic.br Roberta Prescott

O DESAFIO DE AUMENTAR O ALCANCE DA BANDA LARGA Preço e infraestrutura são as principais barreiras para a expansão da banda larga. Não por acaso, o porcentual de domicílios conectados permaneceu o mesmo entre 2014 e 2015, e o grande responsável pela inclusão de brasileiros à Internet tem sido o celular. Entender os motivos e qual é o papel dos provedores para levar conexão aos excluídos foram tema de entrevista dada pelo gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa, em entrevista à Abranet. A proporção de domicílios brasileiros com conexão à Internet banda larga permaneceu a mesma em 2015 (51% dos lares) na comparação com o ano anterior (em 2014, eram 50%). Por quê? ALEXANDRE BARBOSA: Este dado reflete o que a pesquisa TIC Domicílios 2015 já vem mostrando há alguns anos: a desigualdade no País reflete na questão da banda larga. A estabilidade detectada neste ano revela que, possivelmente, o valor que se paga pela banda larga tenha atingido o limite para o orçamento das famílias. Está ligado a isto o fato de hoje, dificilmente, se conseguir comprar, sobretudo das grandes operadoras, só o acesso banda larga. Elas forçam o pacote, o famoso combo, que é um valor muito alto. Os pequenos provedores, sobretudo nas localidades mais remotas, têm mais flexibilidade e possivelmente um preço menor. E se você quiser comprar só a banda larga, você compra.

-even, não dá para perder dinheiro porque a receita média está caindo e, se se atingiu de fato o valor máximo que as famílias podem pagar, é preciso aumentar o número de usuários. Mas para isto tem de reduzir o preço.

Provedores e operadoras alegam que estão investindo sempre na rede, mas o usuário quer pagar cada vez menos. Como equilibrar esta equação? Para resolver esta equação só tem dois caminhos. De um lado, as empresas precisam mudar seus processos para serem mais eficientes e, do outro, a resposta tem de vir também da reforma tributária. Se você chegou ao break-

Já houve e ainda há algumas políticas públicas com este objetivo. A que tipo você se refere? Algumas políticas de isenção tributária ou de fomento à família de baixa renda. Algumas funcionaram melhor que outras. O Computador Para Todos funcionou bem; houve aumento de domicílios com computador. É preciso achar

ABRANET:

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De acordo com a pesquisa TIC Domicílios 2015, existem no País 32,8 milhões de domicílios desconectados, a maioria deles das classes C e D/E. O que fazer para conectar os mais pobres? Voltamos à questão do preço. E, para reduzir o preço sem perder receita, tem de aumentar a eficiência. Temos também uma questão de falta de cobertura da rede, porque não é interesse das operadoras. Serão necessárias políticas públicas de incentivo tanto para elas irem a essas regiões onde não há rede e o serviço não está disponível, quanto para baixarem seus preços.

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uma fórmula que consiga incentivar as operadoras a terem um pacote popular. A Banda Larga Popular como foi lançada não funcionou muito bem, porque passado pouco tempo você ligava para uma operadora e ela não tinha [o pacote] a oferecer. As políticas públicas têm de vir com fiscalização e mecanismos para fazer com que as operadoras cumpram.

Qual é o papel dos diferentes meios de acesso à Internet para fomentar uma sociedade conectada? O celular é o principal dispositivo de acesso à Internet. Está crescendo o número de usuários, mas, para que possamos explorar os benefícios da economia digital, temos de ter cada vez mais gente usando a rede de maneira proficiente, ou seja, explorando habilidades que sejam mais avançadas que o simples fato de usar o Facebook. As classes A e B têm múltiplos dispositivos e, é claro, desenvolvem mais habilidades. As classes menos favorecidas têm feito o acesso à Internet exclusivamente pelo celular. Isto acaba caindo no caso de postar no Facebook, usar WhatsApp, eventualmente ler alguma notícia. No celular há uma série de limitações para criar conteúdo, postar, desenvolver aplicações etc. Qual tem sido o papel dos provedores de Internet para levar o acesso a quem não tem? O Brasil tem um cenário peculiar de seis grandes operadoras de banda larga atendendo 85%, 90% do mercado e milhares de pequenos e médios provedores atendendo o restante, com uma função quase social. O papel dos pequenos provedores no atual cenário é fundamental para termos uma população mais conectada. Qual é o futuro dos provedores? Depende do cenário de regulação macroeconômica do País. Em muitas localidades, os pequenos e, sobretudo, os médios provedores vão ser adquiridos. Em um cenário de maior crescimento econômico e poder de compra, aumenta também a atratividade das pequenas localidades, e possivelmente as grandes operadoras possam ter interesse em atuar onde hoje não estão. A fibra ótica está ligada ao aumento da qualidade da banda larga. Como está se dando esta expansão? A fibra, se não é a melhor, é uma das melhores tecno-

“O papel dos pequenos provedores no atual cenário é fundamental para termos uma população mais conectada.” logias para ter qualidade no acesso. Não só qualidade, mas para se ter a banda larga de fato. Muito embora, quando você vai para tecnologias como rádio ou DSL, já se tem conseguido aumentar a banda com melhorias nos protocolos dos dispositivos. Do ponto de vista de tecnologia, existe um desenvolvimento para melhorar a qualidade e a banda destas conexões. Mas sem dúvida a fibra ótica é imbatível do ponto de vista de qualidade. Nas nossas pesquisas, não temos dados sobre investimentos dos provedores e das operadoras em fibra, mas a tendência é de crescimento.

Ainda há oportunidades para os provedores de Internet ofertarem serviços para escolas privadas e em localidades mais carentes de infraestrutura? Sim. O governo está bastante preocupado com a banda que chega às escolas. Existe um acordo de parceria entre o antigo Ministério das Comunicações e as operadoras para levar banda larga às escolas. A intenção do programa é muito boa, louvável, mas o que aconteceu na prática foi que a banda que chega às escolas públicas é muito baixa. Em que você acha que os provedores deveriam focar para expandir a banda larga? Na última milha, certamente terão de investir em tecnologias mais eficientes e baratas. Na banda de entrada, deve-se ter maior banda. Se estiver em localidade próxima a backbone, buscar conexão por fibra ótica. Mas tudo isto dependerá do cenário econômico. Existe algum segmento no qual o provedor poderia apostar? Educação é algo a que se deve estar atento, não apenas para melhorar a infraestrutura de acesso nas escolas, mas também para ofertar serviços de valor agregado. Outro nicho é saúde. O governo lançou um programa de pesquisa em TIC para saúde. É uma mensagem que ele está passando de que esta é uma área prioritária. abranet.org.br dez 2016 / jan / fev 2017

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TECNOLOGIA

Roberta Prescott

Mais Fortes e PeriGosos O uso de máquinas conectadas à Internet aumenta o potencial destrutivo dos ataques DDoS, a exemplo do que ocorreu, em outubro, com o provedor Dyn

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CONSIDERADO O MAIOR da história da computação, o ataque distribuído de negação de serviço (DDoS) ao provedor de infraestrutura de Internet Dyn deixou instáveis sites como Twitter, SoundCloud, Spotify, Reddit, Airbnb e The New York Times. Isto porque o Dyn é responsável por gerenciar servidores de nomes de domínio (DNS, sigla em inglês para domain name system) destes e de outros endereços. O tamanho da ofensiva chamou a atenção, principalmente, por ter incorporado à malha de atacantes objetos conectados à Internet, com o objetivo de compor o fluxo de solicitações falsas ao computador-alvo de tal maneira que ele ficasse sobrecarregado e fosse impedido de atender aos pedidos dos usuários verdadeiros. De fato, explica Fábio Assolini, analista de segurança da Kaspersky Lab, esse não foi o primeiro ataque realizado com dispositivos infectados de Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês). Outros similares foram registrados anteriormente, porém, tiveram um alcance menor. “Os dispositivos infectados são agora controlados massivamente pela botnet Mirai, que, para piorar, teve seu código-fonte publicado em fóruns underground, o que permitiu que vários cibercriminosos o compilassem e passassem a fazer ataques contra dispositivos vulneráveis”, conta Assolini.


O uso das redes de computadores infectados por bots semelhantes, as botnets, que se utilizam de dispositivos IoT para efetuar ataques também vem sendo observado pela Arbor Networks há quase um ano, inclusive no Brasil. No ataque do dia 21de outubro, a empresa registrou volume estimado em 1.2 Tbps. Para Kleber Carriello, consultor sênior da Arbor Networks, as fabricantes dos dispositivos têm aberto mão da segurança em troca da funcionalidade ao desenvolver dispositivos conectados. Em relatório do terceiro trimestre de 2016, a Kaspersky Lab divulgou que o número de ataques DDoS sofisticados procedentes do tráfego criptografado cresceu. Durante o período, 67 países foram vítimas de ataques DDoS com a participação de botnets. O número de ataques a recursos localizados no Ja-

“Os dispositivos infectados são agora controlados massivamente pela botnet Mirai, que, para piorar, teve seu códigofonte publicado em fóruns underground.” FÁBIO ASSOLINI analista de segurança da Kaspersky lab

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pão, EUA e Rússia aumentou, enquanto caiu na China e na Coreia do Sul. Nesse trimestre, também apareceram pela primeira vez em um ano três países da Europa Ocidental – Itália, França e Alemanha – entre os dez mais afetados por ataques DDoS de botnets. Essas estatísticas estão associadas à quantidade cada vez maior de servidores de comando e controle (C&C) ativos na Europa Ocidental, especialmente no Reino Unido, França e Países Baixos. No terceiro trimestre de 2016, o número de ataques SYN-DDoS continuou aumentando, chegando a 81% de todos os ataques registrados, enquanto a parcela dos ataques ICMP-DDoS e TCP-DDoS diminuiu. O volume de ataques por bots DDoS baseados em Linux também cresceu, atingindo 79% – um recorde no último ano. De acordo com a empresa, isto pode ser explicado pela maior popularidade dos dispositivos IoT baseados em Linux. A Kaspersky Lab afirmou que este índice provavelmente aumentará ainda mais após o vazamento do Mirai.

RISCO IOT A incorporação das máquinas conectadas aos ataques DDoS é crítica, porque se trata de uma enorme quantidade de objetos que possuem hardware de menor capacidade e, por consequência, os fabricantes “embutem” softwares pouco sofisticados, o que, em alguns casos, significa mais vulnerabilidade. E também pela dificuldade de se atualizar o software nesses dispositivos. Basicamente, quanto maiores a quantidade e diversidade dos dispositivos, mais falhas teremos e mais frequentes serão os ataques. Por isto, o grande perigo é que objetos usados na Internet das Coisas gerem um potencial de ter centenas de milhares ou milhões de bots e, como alguns dispositivos não contam com antivírus ou mecanismos de limpeza de malwares, as botnets ganham ainda mais força e ficam maiores. “O usuário não tem ideia de que seu dispositivo está invadido e não há uma forma fácil de detectar e remover um malware em IoT”, salienta Carriello. Se, por um lado, falta aos fabricantes de dispositivos a preocupação com segurança, por outro, malwares estão sendo construídos para infectar Internet das Coisas. Um dos caminhos para tratar o problema é entender o comportamento dos dispositivos conectados. Segundo Carrielo, “a análise de comportamento permite detectar abranet.org.br dez 2016 / jan / fev 2017

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em tempo real um dispositivo comprometido, baseando-se em padrões históricos.” Ao não se preocuparem em oferecer uma segurança mínima a esses dispositivos ou não terem programa de desenvolvimento de software seguro, os fabricantes deixam várias falhas nos firmwares de seus dispositivos. “Isso representa um risco enorme à segurança das coisas conectadas; e os ataques da botnet Mirai provaram isto da pior forma possível”, aponta Assolini. O gerente de cibersegurança da Cipher, Fernando Amatte, lembra que no caso do Dyn foram usados equipamentos de gravação e câmera de vídeo, todos com senha padrão. “São raras as pessoas que atualizam a memória interna e trocam a senha”, destaca. A vulnerabilidade das máquinas conectadas também as deixa suscetíveis para sabotagem contra plantas industriais e sistemas de distribuição de energia elétrica e água e ataques diretos contra usuários finais, como distribuição de malware ou hospedagem de phishing. “Infectar esses dispositivos pode ser para interromper algum serviço ou para a própria funcionalidade do dispositivo IoT, como, eventualmente, parar uma máquina em hospital e matar uma pessoa. A tendência é que isto cresça cada vez mais e só vai ser reduzido com a conscientização dos fabricantes”, aponta Leonardo Cavallari Militelli, CEO e fundador da empresa de segurança da informação iBLISS.

COMO AGIR Toda empresa conectada está hoje suscetível a um ataque DDoS. Como não é possível evitar, a indicação de especialistas é fazer um plano de contingência para se preparar caso o provedor seja vítima. “A primeira coisa é criar uma equipe de segurança que entenda do problema

“É complicado descobrir se quem está acessando a página é uma pessoa e não um robô.” FERNANDO AMATTE Gerente de cibersegurança da cipher

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abranet.org.br dez 2016 / jan / fev 2017

“O usuário não tem ideia de que seu dispositivo está invadido e não há uma forma fácil de detectar e remover um malware em IoT.” KLEBER CARRIELLO consultor sênior da arbor networks

e tenha ao seu alcance ferramentas de mitigação do excesso de tráfego, como filtragem de tráfego, entre outras opções”, sugere Assolini, da Kaspersky Lab. Outras recomendações são responder às notificações de abuse report recebidas de outros provedores, eliminar o conteúdo malicioso presente na sua própria rede e manter um monitoramento constante dos volumes de tráfego da rede, reagindo rapidamente às anomalias encontradas. “Sabemos que a maioria dos provedores já faz isso, mas nem todos têm capacidade de responder rápido a um ataque, portanto, treinamento da equipe também é uma boa pratica a ser adotada”, lembra Assolini. Antes de agir, deve-se diferenciar se a causa do ataque de volumetria foi natural ou forçada. Na Black Friday, por exemplo, é comum ver sites de varejo saindo do ar, se os acessos ultrapassam a capacidade da infraestrutura, que foi montada para suportar certa quantidade de usuários. “Existem épocas do ano em que as empresas sabem que estarão mais suscetíveis e se protegem. Hoje é complicado descobrir se quem está acessando a página é uma pessoa e não um robô”, diz Amatte, da Cipher. Ele comenta que existem empresas que tentam vender tráfego limpo, porém, o atacante já sabe como contornar isto. Para Carriello, da Arbor Networks, pela natureza dos ataques DDoS, os ISPs, além da necessidade de um dispositivo local “stateless” para conter os ataques de aplicação, necessitam de um serviço de nuvem para os de grande volumetria. “Não há métodos de prevenção de ataques DDoS, então, a melhor abordagem é a preparação. Os ISPs devem ter um plano bem definido para sua defesa para, quando sofrerem um ataque DDoS, evitar a indisponibilidade. Isto envolve coordenação entre equipes internas, ferramenta de visibilidade de rede, prefe-

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“Hoje para vencer os ataques de DDoS somente se todas as telecoms do mundo se unissem.” LEONARDO CAVALLARI MILITELLI ceo da ibliss

rencialmente com uso de telemetria netflow gerado nos roteadores de borda com a Internet, e um estudo sobre a necessidade de contratação de serviços de limpeza de tráfego na nuvem”, completa Carriello. Para os provedores de Internet, as principais ameaças decorrentes dos ataques DDoS estão relacionadas à interrupção do negócio, à privacidade dos dados armazenados na empresa de hosting e à falha de segurança. “Hoje para vencer os ataques de DDoS somente se todas as telecoms do mundo se unissem. Até porque com a Internet das Coisas consegue-se contratar um ataque a um preço muito baixo”, pondera Militelli, da iBLISS. “Para se proteger, pode-se usar soluções anti-DDoS na entrada da rede ou contratar na nuvem e, assim, o provedor será capaz de aguentar um tráfego maior, mas simplesmente isto.” Devido à complexidade dos ambientes corporativos, são muitas as frentes de batalha contra os ataques DDoS baseados em botnets de dispositivos IoT. Rita D’Andrea, gerente-geral da F5 Networks Brasil, sugere que sejam contratados limpadores de nuvem (do inglês, cloud scrubbers) especializados em defesa em escala, pois eles interceptam o tráfego de ataque, limpam esse fluxo de dados e devolvem para a corporação usuária deste serviço de segurança somente o tráfego “bom”. De acordo com ela, uma alternativa interessante é alocar o DNS em uma nuvem segura, transferindo-o para um serviço de limpador de nuvem. Apostar no firewall da rede e na instalação de dispositivos anti-DDoS antes do firewall para repelir ataques têm sido mecanismos usados por alguns provedores. Além disto, alguns especialistas recomendam o que se chama “login-wall”, que exige que uma conexão seja autenticada antes de começar a acessar a aplicação.

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Como tornar o dispositivo IoT mais seguro Assegurar-se de que todas as senhas padrão sejam trocadas por senhas fortes. Isso é importante porque nomes de usuário e senhas para a maioria dos dispositivos IoT podem ser facilmente encontrados na Internet. Isso torna os dispositivos com senhas padrão extremamente vulneráveis. Atualizar dispositivos IoT com patches de segurança logo que estes se tornam disponíveis. Um IoT com configuração desatualizada é um alvo fácil para hackers. Desabilitar o Universal Plug and Play (UPnP) em roteadores. Adquirir dispositivos IoT de empresas que tenham reputação de fornecer tecnologia segura. Como preço é um fator-chave em tudo o que diz respeito aos sensores IoT, essa orientação pode encontrar resistência em alguns consumidores/usuários. Fonte: Rita D’Andrea, gerente-geral da F5 Networks Brasil

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EVENTO . FUTURECOM / FUTURENET

Roberta Prescott

FUtUrecoM: Hora de Parcerias e noVos neGÓcios Abranet consolida o Futurenet como evento para tratar de assuntos técnicos, econômicos, sociais e políticos da Internet NO PRIMEIRO DIA da Futurecom, um dos mais importantes eventos de telecomunicações, TI e Internet da América Latina, a Associação Brasileira de Internet (Abranet) realizou a oitava edição do Futurenet. Cerca de duas mil pessoas passaram pelo Futurenet, que, neste ano, teve 15 painéis sobre assuntos técnicos, econômicos, sociais e políticos relacionados à web. Logo no início da programação, a WayFi, startup que

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leva Internet sem fio para comunidades no Rio de Janeiro, divulgou que está em busca de parceiros para fornecimento de banda larga com o objetivo de expandir sua atuação. O fundador Luiz Friedheim explicou que a empresa TNB Telecom vem apoiando o projeto desde o começo. A ideia de Friedheim foi minimizar o problema de falta de comunicação e conectividade para grande parte da população, principalmente em áreas de baixo poder aquisiti-


vo. Após avaliar diversas alternativas, a startup, que hoje é acelerada pela Artemisia, desenvolveu uma solução de hardware e software para oferecer Internet de qualidade com acordos de nível de serviço (SLAs, na sigla em inglês), de modo a atender à população e sem a necessidade de muita manutenção. A primeira implantação foi no Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, onde a WayFi montou uma rede Wi-Fi para uso pela comunidade. Atualmente, a rede está presente nas macrorregiões cariocas de Mangueira e Piscinão de Ramos, em Jardim Bom Retiro e Comunidade da Reta, na região metropolitana do Rio de Janeiro, e na cidade fluminense de Valença. O fundador contou que um dos desafios da startup foi transformar o projeto social para conseguir gerar receita. “Fomos pelo caminho mais simples, que é a parceria com empresa privada, por meio de patrocínio, vendendo SSID, tudo que fosse possível”, disse. “Geramos receita e conseguimos manter a rede atuando. Hoje, cobrimos territórios

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com 300 mil pessoas e 80% da população que mora nas áreas já passou pelas nossas redes”, salientou. SEM INTERFERÊNCIA Falando sobre interferência no sistema de comunicação sem fio, um problema enfrentado por provedores de Internet, Marcio Romano, gerente de vendas regional na Cambium Networks, explicou que ela diminui a disponibilidade do espectro de frequência, degrada o sinal, promove a perda de pacotes de dados e o atraso do envio e recebimento deles (delay), diminui a capacidade de tráfego, aumenta a latência e o jitter. Como consequência, o sistema fica instável, não confiável e tem capacidade reduzida, o que implica perda de receitas. Os tipos mais comuns de interferência incluem o ruído ambiente (o chamado ruído de fundo, que está sempre presente e é causado pelo número cada vez maior de equipamentos que utilizam a tecnologia sem fio); a interferência externa e a autointerferência. “A interferência externa é a

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mais difícil de controlar, já que provém de outras redes ou outros equipamentos e não conseguimos resolver a questão, porque não está sob nosso controle. Já a autointerferência ocorre quando sinais distintos provêm de uma rede sob o nosso controle”, explicou. Para combater o ruído ambiente e a interferência externa, os provedores podem adotar antenas direcionais, fazer o isolamento das antenas (relação frente/costas), filtrar ruídos e usar protocolo de interface aérea. “É um software desenvolvido para lidar com problemas de radiofrequência”, comentou. Outra medida é rever o posicionamento das antenas. “Às vezes, elas podem estar muito altas. Quanto mais alta, mais interferência recebe de todo o horizonte. Baixar a antena tem cobertura menor, mas menos interferência”, disse. DESAFIOS PARA O SETOR Dificuldades para obter financiamento e promover a transformação digital estão entre os desafios para as empre-

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sas provedoras de Internet. Em sua palestra, Marco Salomão, gerente-geral da GlobeNet, salientou que uma das grandes questões para os ISPs é a falta de dinheiro para investir. “Sem Capex, os ISPs estão impedidos de competir com os grandes players de mercado”, afirmou. “Nos momentos em que o consumo desacelera, ter acesso ao capital torna-se um diferencial”, completou. Outro fenômeno que está sendo acompanhado pelo setor é a transformação digital das empresas, apontou Fabio Salles, consultor de soluções da Openet. “As operadoras têm de estar preparadas e se adaptar à nova realidade”, destacou. Salles comentou que a transformação digital tem como objetivo conferir mais agilidade nos negócios, fomentando desenvolvimento mais rápido e com menor tempo de resposta. A orientação é montar um modelo de negócio baseado em oferta. “Para muitas empresas, a criação de uma oferta leva mais de um mês, mas as próprias pessoas acham que deveria levar no máximo uma semana. Ou seja, existe di-


ferença entre o tempo que se leva, o real, e o tempo ideal”, apontou, completando que o principal objetivo das operadoras é ganhar agilidade. Além disto, é preciso incentivar que mais provedores de serviços de Internet (ISP, na sigla em inglês) se tornem sistemas autônomos (AS, na sigla em inglês). Isto porque, ao se tornar um AS, os ISPs podem, por exemplo, conectar-se aos pontos de troca de tráfego (PTTs), explicou Milton Kaoru Kashiwakura, diretor de projetos do NIC.br. De acordo com Kashiwakura, é um trabalho de convencimento para que empresas com redes que necessitem de mais de 1024 endereços IPs se tornem sistemas autônomos. O Brasil, disse ele, tem perto de 4 mil sistemas autônomos, bastante acima dos cerca de 600 sistemas autônomos que tem a Argentina, segundo país na América Latina e Caribe em número de AS. “Mas, se comparar Brasil com Europa ou Estados Unidos, nosso número é muito baixo.” Kashiwakura também destacou a necessidade de se manter os PTTs ativos, de diminuir a barreira para ins-

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talação de data centers neutros e de se trabalhar junto com as CDNs para melhorar a qualidade da Internet para o usuário final. INTERNET DAS COISAS A conexão entre objetos também foi tema do Futurenet. Em sua apresentação, Kleber Carriello, consultor sênior da Arbor Networks, alertou para o fato de as empresas estarem abrindo mão da segurança em troca da funcionalidade ao desenvolver dispositivos conectados. O grande perigo é que a Internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) gera um potencial de ter centenas de milhares, milhões de bots, e como alguns dispositivos não contam com antivírus ou mecanismos de limpeza de malwares as botnets ganham ainda mais força e ficam maiores. “O usuário não tem ideia de que seu dispositivo está invadido e não há uma forma fácil de detectar um malware em IoT”, salientou. De acordo com ele, já existem grandes botnets construídas com dispositivos IoT.

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Presidente da abranet Pede Menos reGUlação e Mais coMPetição

O presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet), Eduardo Parajo, pediu menos regulação, redução dos entraves burocráticos tributários e mais incentivos para competição para os pequenos operadores de serviço de comunicação durante painel que, na Futurecom 2016, discutiu como os ISPs podem contribuir para a universalização da banda larga no Brasil. Durante o painel, Eduardo Marques da Costa Jacomassi, assessor na gerência de universalização da Anatel, comentou que a agência está estudando a criação de um comitê para pequenos provedores. A ideia, segundo ele, é aproximar a Anatel dos pequenos ISPs para discutir problemas e soluções, de modo que a agência tenha atuação mais efetiva nesta área. “Estamos trabalhando dentro da agência para maior desregulamentação para os pequenos ISPs”, destacou. Jacomassi também chamou os provedores de Internet para participar da discussão da conversão do modelo de telecomunicações. Para Parajo, a criação de um grupo de trabalho pode ser benéfica para entender as questões e os problemas dos ISPs. “Mas também queremos que isto reverbere dentro da agência”, disse. Parajo aproveitou o painel para colocar em pauta a preocupação dos pequenos operadores com relação ao enquadramento das empresas no PMS (Poder de Mercado Significativo) – as empresas detentoras de PMS possuem obrigações adicionais. “Por exemplo, numa cidade pequena, só porque uma operadora tem fibra ótica ela se tornará PMS? Se sim,

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como uma pequena empresa vai lidar com este ônus regulatório? Entendemos que a regulação tem de avançar, mas tem de ser no sentido de tirar as amarras”, defendeu.

PAPEL-CHAVE Parajo destacou a evolução dos pequenos operadores de serviços de comunicação, que têm crescido de forma contundente e sido eficientes nas regiões onde atendem. “Não é simplesmente levar o acesso, é preciso incluir a pessoa digitalmente, e este é um papel fundamental que temos feito”, afirmou. Com relação à aquisição de fibra ótica, Celso Motizuqui, gerente-geral de vendas de sistemas banda larga da Furukawa, lembrou que a maior parte dos provedores de Internet está de alguma forma entrando na fibra ótica. “Isto tem levado para as pequenas cidades o nível de serviço dos grandes centros”, ressaltou. Juliano Covas Pereira, gerente de vendas da Corning Optical Communication, lembrou que os provedores são responsáveis pela aquisição de metade da fibra ótica vendida, e disse acreditar que este porcentual tende a aumentar para 70%. “A Corning hoje não está atuando em ISPs, mas queremos mudar isto, porque este mercado tende a ser maior que o das operadoras”, pontuou. “É inegável a importância dos ISPs”, completou Tarcisio Bruneli Pilati, gerente da área de pré-vendas da ZTE, explicando que a fornecedora possui três divisões em vendas, sendo que uma delas cuida das grandes operadoras e as outras duas olham para os ISPs junto com os integradores.

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A Abranet recebeu no seu estande a visita de Sharon Lennon, Consulesa da Irlanda. Na foto abaixo, a consulesa e Melissa Feddis, da Enterprise Ireland (agência de desenvolvimento do governo irlandês), com a equipe da Opennet, empresa de origem irlandesa. Um dos maiores do evento, o estande da Abranet no Futurecom 2016 contou com a parceria da Arbor Networks, Huawei/Agora Telecom, Cambium Networks, China Telecom do Brasil, Comba, Globenet, Ideal Antenas, Kathrein, NIC.br/CGI.br, Openet, Seinesp, Solid, Telecall, WiFi Max e WZtech.

O diretor da Rede Cidade Digital, José Marinho (no centro), com Eduardo Parajo e Dorian Guimarães, da Abranet.

O Diretor Presidente do Conselho Consultivo Superior da Abranet, Eduardo Neger, foi convidado especial do evento da Huawei.

O estande da Abranet no Futurecom 2016 foi ponto de encontro para troca de experiências, realização de negócios e confraternização.

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OPINIÃO Joy Tan Presidente Global de Mídia e Comunicações da Huawei

INTERNET DAS COISAS E SUSTENTABILIDADE A INTERNET DAS COISAS (IoT) é entendida, genericamente, como o sistema de dispositivos conectados à Internet. A Indústria 4.0, como parte da IoT, refere-se especificamente à manufatura em uma fábrica conectada. Cerca de 55% da IoT abrangem serviços públicos e cidades inteligentes, enquanto os outros 45% envolvem eletrodomésticos e veículos. Como dispositivos conectados fornecem dados sobre como as pessoas os usam, as empresas terão uma nova fonte de informações sobre como fornecer um serviço melhor. Além disso, objetos conectados farão com que empresas economizem mais. No ano passado, o Índice de Conectividade Global da Huawei analisou como países usam a tecnologia para fomentar o desenvolvimento econômico e percebeu que, se a IoT deixasse as cadeias de fornecimento em 1% mais econômicas, a economia seria de US$ 450 milhões a US$ 1.2 bilhão. A IoT melhorará a sustentabilidade em inúmeras áreas, entre elas, a agricultura. As Nações Unidas estimam que, para atender à crescente demanda por comida, a produção agrícola mundial terá que aumentar 70% até 2050, consequentemente, deverá haver maior produtividade. A IoT usará dados dos objetos conectados para melhorar o desempenho desse segmento, uma tendência que acontece há mais de uma década. Na Califórnia, sensores já estão sendo instalados nas amendoeiras e controlam níveis de umidade no solo, enviando dados para análise e, em seguida, passando informações de volta para o sistema de irrigação, que modifica a saída de água. Assim, agricultores economizam 20% de água e se tornam menos vulneráveis às variações climáticas. As colheitas aumentarão, os custos diminuirão e os consumidores pagarão menos por comida. Mas a IoT vai além da agricultura: Redes de energia terão sensores que permitirão o ge-

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A rede desempenha um papel central em nossas vidas. Nossa dependência dessas tecnologias só aumentará com o tempo.

renciamento de cargas de energia, consultas a medidores remotamente e localização de falhas na rede. Usinas de energia, torres de transmissão e transformadores também serão integrados à rede. Prédios responderão às mudanças de temperatura e iluminação, economizando energia e reduzindo emissões de carbono. O desperdício eletrônico será reduzido. Devido aos objetos da IoT serem embarcados com chips e sensores, eles serão rastreados durante seu ciclo de vida e remanufaturados, reduzindo desperdícios, custos e o trabalho de montagem. A infraestrutura pública também ficará mais sustentável com a IoT. Copenhague, que busca ser neutra em emissões de carbono até 2025, já instalou semáforos inteligentes que brilham de acordo com as condições do solo. Ao mesmo tempo, sensores nos semáforos monitoram variáveis como o tráfego de pedestres e veículos, poluição do ar, níveis de ruídos e condições climáticas. Mesmo que não possamos ver, a rede desempenha um papel central em nossas vidas. Nossa dependência dessas tecnologias só aumentará com o tempo. Até 2025, estima-se que 7 bilhões de pessoas terão algum tipo de conexão digital. Inclua as conexões entre máquinas e entre máquinas e pessoas e estaremos olhando para cerca de 100 bilhões de conexões no mundo. Pelo fato dessas tecnologias se estenderem para diferentes partes da economia, teremos de trabalhar juntos de uma maneira nunca antes feita. Assim, poderemos desenvolver padrões que atendam diversas indústrias, permitindo que a IoT forneça benefícios econômicos e comerciais, ao mesmo tempo em que constrói um mundo mais sustentável e melhor conectado.

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