associação brasileira de internet
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ano VI . edição 21 . junho / agosto 2017
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editorial Eduardo Parajo Presidente da Abranet
Por um Brasil conectado a 100 Gb A primeira Convenção Abranet, realizada de 13 a 15 de junho, na Bahia, foi uma experiência muito rica. Durante dois dias, provedores de acesso, conexão e serviços de Internet de todas as regiões do País debateram o presente e o futuro da Internet no Brasil. Foi um grande esforço conjunto a realização desse primeiro evento e, em função da experiência bem-sucedida, vamos tentar contar com o maior número possível de associados na segunda edição, já acertada para 2018. Os números recentes da Anatel sobre a banda larga comprovam que nós, provedores, é que estamos levando a conexão Internet para os mais diferentes municípios. Com orgulho, apresentamos a nossa mais nova iniciativa, o projeto Brasil Conectado a 100 Gb, criado para facilitar a aquisição de equipamentos que permitam elevar a capacidade de transmissão das nossas infraestruturas. O lançamento foi anunciado durante a Convenção Abranet. O primeiro passo desse plano ambicioso foi firmar uma parceria com as empresas Juniper e WZTECH, para oferecer condições e preços especiais na aquisição de equipamentos de 100 Gb, com tecnologia de ponta, para alavancar a qualidade da rede de Internet. Atualmente, a maior parte dos provedores trabalha com múltiplas conexões de 10 Gb, e acreditamos que a aliança com os fornecedores nos permitirá dar um salto tecnológico no quesito infraestrutura. Outra iniciativa relevante, também
anunciada durante a Convenção Abranet, foi a parceria firmada com o PagSeguro, do UOL, para aliviar um dos principais gargalos das empresas de Internet: a questão dos meios de pagamento. Os associados à Abranet terão acesso a taxas reduzidas e melhores condições para usar a ferramenta. Quem se interessar, basta nos procurar via o e-mail gerente@abranet.org.br. Como a Internet é o tema central de nossa revista, abordamos ainda a preferência dos usuários pelo Wi-Fi, mesmo com o aumento dos acessos 3G e 4G. Mais do que nunca, ter uma gestão eficiente se faz necessário para permitir a elaboração de modelos diferenciados de negócio. E se estamos falando em tendências, vamos decifrar o Blockchain. Você pode não entender o que é essa tecnologia, mas já ouviu falar em bitcoin! Pode ter uma certeza: Blockchain e a distribuição de registros contábeis prometem revolucionar indústrias. E isso não é futuro, é muito presente! Boa leitura! abranet.org.br junho / agosto 2017
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ÍNdiCe 05 | aBraNet reSPoNde Como montar um provedor do zero? Elaborar um completo plano de negócios deve ser a primeira providência a ser tomada. E saiba o que fazer a partir disso.
conselHo eDiTorial Eduardo Parajo parajo@abranet.org.br
José Janone Junior janone.jr@abranet.org.br
06 | teCNoloGia
Eduardo Neger
Oportunidades no Wi-Fi. Mesmo com o aumento dos acessos 3G e 4G, clientes preferem usar Wi-Fi. Por isto, o volume de tráfego nos pontos de acesso sem fio à Internet segue crescendo. Entender essa demanda pode levar os provedores de Internet a entrar em novos negócios.
10 | CaPa
UM NOVO HORIZONTE Convenção Abranet 2017 reuniu provedores de Internet na Bahia para debater não apenas o mercado, mas também a atual situação do Brasil
neger@abranet.org.br
GerÊncia execUTiva Roseli Ruiz Vazquez gerente@abranet.org.br
proJeTo, proDUção e eDição
Editora Convergência Digital editora@convergenciadigital.com.br Tel: 011-3045-3481 Direção eDiTorial
Ana Paula Lobo
analobo@convergenciadigital.com.br
Luiz Queiroz
queiroz@convergenciadigital.com.br eDiTora-cHefe
Ana Paula Lobo
20 | teNdÊNCia A revolução dos blocos. Tendo como critérios de uso a transparência e a confiança, a tecnologia blockchain permite a concepção de modelos totalmente diferentes — e tem potencial para acabar com alguns negócios existentes.
23 | CaSe iConecta faz projeto piloto de uso do LTE para oferta de banda larga. A empresa saiu na frente e conduz o projeto utilizando frequências adquiridas no leilão de sobras da Anatel.
24 | SeGUraNÇa WannaCry para a Internet. Imenso ataque cibernético paralisou operações de milhares de empresas mundialmente; ransomware sequestrou dados de computadores para exigir dinheiro em troca.
analobo@convergenciadigital.com.br eDição
Bia Alvim
bia.alvim@pebcomunicacao.com reporTaGem / reDação
Roberta Prescott
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Pedro Costa
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Gráfica Pigma
27 | CoNeXÃo ICANN muda a chave de assinatura de chaves das DNSSEC. Congresso cria Frente Parlamentar para a economia digital. Anatel: os provedores estão levando a fibra óptica para o Brasil. Dispensa de outorga para provedores com menos de 5 mil clientes. Cuidado: muitos provedores não estão enviando os dados ao Sici.
30 | oPiNiÃo . Por GUStaVo CaetaNo, Ceo da Samba tech Brasil é o 8º mercado de OTT no mundo. Como isso impacta seus negócios? Por meio do OTT, as opções de monetização aumentam e o produtor tem mais domínio sobre o conteúdo. Muito tem se falado sobre as barreiras do mercado, mas elas estão cada vez menores, o que atrai novos produtores de conteúdo.
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aBraNet reSPoNde tem uma dúvida? Quer que um especialista da associação Brasileira de internet responda? escreva para o abranet responde. o e-mail é abranetresponde@abranet.org.br
como montar um ProVedor do Zero? Leitor do site da Abranet enviou pergunta querendo saber como montar um provedor do zero, incluindo como conseguir o sinal de Internet para poder oferecê-lo como um serviço. Estruturar um provedor de Internet não é algo simples. Por isto, elaborar um completo e detalhado plano de negócios deve ser a primeira providência a ser tomada pelo interessado em atuar como ISP. Saber, por exemplo, o perfil do público-alvo, uma estimativa de tíquete médio e quem são e como atuam os concorrentes é fundamental. Somente a partir da análise mercadológica pode-se entender se há, realmente, espaço a ser ocupado no mercado e, sendo positiva a resposta, quais diferenciais o entrante poderia oferecer para atrair clientes. Atualmente, 100% dos municípios brasileiros estão cobertos com banda larga fixa, segundo levantamento feito pela consultoria Teleco. Em março de 2017, a Agência Nacional de Telecomunicações registrou (Anatel) 27,2 milhões de acessos no País. Com o plano de negócios em mãos, o empresário pode dar os passos seguintes. Na hora de abrir a empresa, recomenda-se ouvir especialistas no mercado de fornecimento de serviços de acesso à Internet, uma vez que nem todos os contadores estão familiarizados com a tributação que incide (e não incide) sobre o setor. Os ISPs devem fazer a contabilidade de acordo com as atividades que exercem, lembrando que o regime tributário
de Internet é diferente do de telecom, pois é serviço de valor adicionado e não paga ISS ou ICMS. Mas, se atuar também em telecomunicações, é preciso recolher o ICMS. E, se o provedor oferecer os dois, precisa fazer a contabilidade separada de cada um deles. Caso o ISP opte por construir e operar sua própria rede de telecomunicações, é indispensável a obtenção de licença para operar. A lista de documentos necessários para obtenção da outorga do Serviço de Comunicação Multimídia encontra-se no site da Anatel. Para dar início à solicitação, é necessário fazer um cadastro prévio no SEI e também no Sistema Mosaico. Além das etapas burocráticas, o empresário precisa estruturar sua rede que dará suporte à operação. As opções recentes de infraestrutura têm sido fibra ótica e rádio, dependendo da topologia da região. Em ambos os casos, deve-se considerar o valor que será pago a terceiros para, por exemplo, alugar postes para fixação de caixas de emenda ou espaço para colocação das antenas da rede sem fio. Avaliar a quantidade de clientes e a distância a que eles se encontram do provedor é importante para provisionar o volume de suprimentos. Para a região atendida conectar-se ao “mundo”, é preciso contratar uma conectividade Internet dedicada, ofertada por várias empresas, interligando a rede local à Internet. É por meio desta conectividade que o cliente final acessará todo o conteúdo da Internet. Consequência do consumo cada vez maior de vídeos, o aumento do volume de tráfego pode ser otimizado com a participação do provedor em pontos de troca de tráfego (IX, na sigla em inglês para Internet Exchange) e com as redes de distribuição de conteúdo (CDNs, sigla em inglês para Content Delivery Network). Isso melhora a percepção de qualidade para o usuário final e contribui para a racionalização dos custos, uma vez que o tráfego é resolvido direta e localmente e não por meio de redes de terceiros. abranet.org.br junho / agosto 2017
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Mesmo com o aumento dos acessos 3G e 4G, clientes preferem usar Wi-Fi. Por isto, o volume de tráfego nos pontos de acesso sem fio à Internet segue crescendo. Entender essa demanda pode levar os provedores de Internet a entrar em novos negócios
oPortUnidades no
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AINDA NESTE ANO, o Brasil chegará ao recorde de um smartphone por habitante e, com essa marca, o consumo de Internet pelo celular tende a ficar cada vez maior. Isto porque a migração de aparelho tende a aumentar o uso das tecnologias 3G e 4G nas linhas de telefonia móvel. Em março, o Brasil contabilizava cerca de 110,8 milhões de linhas 3G e 71,3 milhões de 4G, segundo balanço da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em 12 meses, terminados em março, o LTE [Long Term Evolution] apresentou crescimento de 38,78 milhões, uma variação de 119,23%. No entanto, a maior parte dos contratos ainda é relativa a pré-pagos: 66,85%% do total de 242,8 milhões de acessos móveis. O predomínio de linhas pré-pagas explica, em parte, a preferência dos consumidores por migrar para a Internet fixa sem fio (Wi-Fi) sempre que encontram uma rede disponível. Mas não é o único fator. Há outros, como a busca por velocidades mais rápidas de conexão e a economia do consumo de banda dentro da franquia do pacote móvel – ambas impulsionadas pelo maior consumo de vídeos online.
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A última edição do estudo Cisco Visual Networking Index (VNI) Global Mobile Data Traffic Forecast, divulgado em fevereiro deste ano, mostrou claramente que o alto crescimento do número de smartphones, assim como o de usuários móveis, o tráfego de vídeo, a velocidade da rede 4G e a Internet das Coisas (IoT) devem elevar o volume do tráfego de dados móveis em sete vezes nos próximos cinco anos. E boa parte desse tráfego de dados móveis será transferida para redes Wi-Fi, gerando impacto na infraestrutura dos provedores. Se, em 2016, 60% do tráfego total de dados móveis foi transportado via Wi-Fi, até 2021, a parcela será de 63% globalmente, e de 68% no Brasil. Em 2016, o tráfego transferido mensalmente (10,7 EB) excedeu o tráfego mensal móvel/celular (7,2 EB). Segundo o estudo, no mundo, o total de hotspots Wi-Fi públicos (incluindo os caseiros ou homespots) crescerá seis vezes entre 2016 (94 milhões) e 2021 (541,6 milhões). A previsão da Cisco é que o tráfego Wi-Fi de dispositivos móveis e apenas de dispositivos Wi-Fi, juntos, deve
representar globalmente quase metade (49%) do total do tráfego IP até 2020, um crescimento em relação ao patamar de 42% em 2015. “Do tráfego IP total no Brasil, incluindo redes fixas e móveis, 52% vão ser captados por Wi-Fi nos próximos cinco anos, 32% por meio de conexões fixas e 16% por redes 3G e 4G”, afirma Hugo Baeta, diretor do Segmento de Operadoras da Cisco Brasil.
impacTos nas reDes A migração das redes móveis para o WiFi causa efeitos imediatos nas redes, como, por exemplo, a necessidade de prover mais banda. Os impactos já são sentidos pelos provedores de Internet, que precisam encontrar maneiras economicamente viáveis para a rentabilidade da empresa ao mesmo tempo em que mantêm os usuários satisfeitos. De outro lado, a preferência do consumidor pelo Wi-Fi pode ser a porta de entrada para novos modelos de negócio e incremento de faturamento. Com cerca de 9 mil hotspots, a Linktel está presente em aeroportos e shopping centers. “Todo mês aumenta o números de usuários. Em Congonhas (SP), em dois anos triplicamos: saímos de 40 mil usuários para cerca de 120 mil por mês entre 2015 e 2017 somente nos hotspots nossos”, relata Jonas Trunk, presidente da Linktel, que opera em alguns aeroportos os seus pontos de Wi-Fi e provê serviços para Oi e NET, alugando canal para ambas. O consumo de banda também teve crescimento exponencial no aeroporto de Congonhas, onde a Linktel começou a operar com link de 50 megas em 2015 e agora tem 300 megas. “A banda, na verdade, cresce mais rápido do que o número de usuários. Triplicamos o número de usuários, mas aumentamos em seis vezes a banda. Ou seja, o consumo é
“[No aeroporto de Congonhas], triplicamos o número de usuários, mas aumentamos em seis vezes a banda. Ou seja, o consumo é maior.” Jonas TrUnk Presidente da linktel
“Do tráfego IP total no Brasil, incluindo redes fixas e móveis, 52% vão ser captados por Wi-Fi nos próximos cinco anos, 32% por meio de conexões fixas e 16% por redes 3G e 4G.” HUGo BaeTa diretor do Segmento de operadoras da Cisco Brasil maior”, explica o presidente da empresa. Para ele, o principal responsável por este salto é o consumo de vídeos pelos smartphones, seguido do aumento de aplicativos. Januário Lima Sales, sócio da Redfox Telecom, diz que também observou aumento na demanda. Ele avalia que, nos últimos seis meses, o consumo nos pontos Wi-Fi que administra subiu em cerca de 30%. O provedor de Internet atende com rádio e fibra ótica os mercados corporativo e residencial em cidades adjacentes a São Paulo, além da zona leste e centro da capital. “Vimos que os clientes contrataram mais banda e colocamos equipamentos mais parrudos e com melhor qualidade”, conta. Do ponto de vista do equipamento, o Internet Service Provider (ISP) precisa dimensionar os aparelhos conforme o tamanho da cobertura que será feita. Quanto mais modernos os acccess points, há menos interferência e mais inteligência, explica Hugo Baeta, da Cisco. “Mas o Wi-Fi não é apenas o roteador. São sistemas que dão a inteligência, por exemplo, para triangular e saber quem está onde, para fazer análise de dados e dar informação de forma mais processada”, completa. Os sistemas que dão suporte às redes sem fio evoluíram bastante, a ponto de hoje permitirem entregar uma série de informações e análises que possibilitam aos provedores de Internet desenvolver modelos de negócios com maior vantagem competitiva e diferencial. Sem espaço para aumentar o valor cobrado aos clientes, os provedores de Internet precisam encontrar alternativas para baratear sua operação. A adoção de caches e redes de distribuição de conteúdo (CDNs, do inglês content delivery network) têm sido as alternativas preferidas pelos empresários. Sales, da Redfox Telecom, aponta que, no último ano, o conteúdo sob demanda cresceu na casa dos 50% somenabranet.org.br junho / agosto 2017
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te na rede que gerencia. Para dar conta desse aumento, o provedor dispõe de CDNs do Google e Netflix em seu backbone e está colocando CDN da Akamai. “Isto dá mais qualidade para os clientes e reduz consumo de banda externa. Tivemos economia de 50% de banda”, explica, completando que com tais medidas não precisou comprar mais banda, já que o tráfego fica dentro da sua rede.
faZenDo a conTa fecHar A empresa oferece banda larga fixa e telefone e tem hoje 15 mil clientes, sendo que 90% são residenciais. A expectativa de Sales é terminar 2017 com 18 mil clientes, com crescimento nos mercados residencial e empresarial.
No corporativo, a maioria dos clientes é de médio porte, tendo entre cem e 150 funcionários cada. Sales relata que não há espaço para aumento no valor dos serviços e diz que há três anos não reajusta a tarifa dos clientes. Dado que 52% do tráfego será captado por Wi-Fi, os players estão habilitando pontos de acesso para completar a oferta. “Vários modelos de negócios estão surgindo, como ISPs colocando hotspots públicos para agregar valor ao dono do local, fazendo acordos de compartilhamento de receita ou modelos gratuitos nos quais quem remunera o provedor é o estabelecimento”, assinala Hugo Baeta, da Cisco Brasil. Entre as iniciativas de ne-
IDEIAS QUE DERAM CERTO A Linktel tem contrato com a TIM para fazer o offload da rede 3G da operadora. Quando os clientes da TIM estão ao alcance do Wi-Fi da Linktel, o uso de dados é automaticamente desviado do 3G para o Wi-Fi de forma transparente para eles. Trunk diz que o acordo com a TIM existe há cerca de dois anos e que há negociação com outras telcos. Além disto, a empresa possui contrato de roaming internacional com a AT&T que permite aos clientes da operadora dos Estados Unidos usar a rede de Internet Wi-Fi da Linktel no Brasil e vice-versa. O presidente da Linktel avalia que firmar parcerias com outras fornecedoras de redes públicas de Wi-Fi, assim como com as operadoras, é um caminho para os ISPs. Para isso, contudo, ele lembra que é preciso investir em equipamentos mais robustos. “No samUel silva 3G offload, a autenticação é feita no access point (AP). Tenho visto no mercado muita rede corporativa de Wi-Fi e Wi-Fi pública com AP mais simples. Minha recomendação é sempre utilizar equipamento de última geração, porque com ele se consegue outros tipos de receitas para reembolsar o Wi-Fi. Não é com qualquer access point que
se tem capacidade de fazer 3G offload, roaming com operadoras nacionais e internacionais ou publicidade”, defende Jonas Trunk. Um investimento maior no início, ele aponta, traz retornos muito melhores que equipamentos baratos. O próprio empresário também quer firmar com ISPs brasileiros parceria nos moldes da que mantém com a AT&T, para expandir o acesso a pontos de Wi-Fi para seus clientes. “Há muito espaço para crescer. O Brasil não deve ter mais que 14 mil ou 16 mil hotspots, e apenas Londres tem 9 mil. A solução para crescer rápido é fazendo parceria com ISPs locais, pois o País é continental. Ele constrói na região dele e eu na minha.” Outro modelo de negócio é rentabilizar o acesso Wi-Fi. “Temos o software WiFimax que gerencia hotspot para Sócio-fundador da Net rocinha cumprir com o Marco Civil da Internet e com isto abrimos vertente de usar o Wi-Fi como ferramenta de marketing, entregando conteúdo direcionado ao público-alvo”, diz Armando L. Kratina Jr., diretor-comercial da Criarenet, explicando que pela lei a empresa não pode divulgar os dados dos clientes, mas pode usá-los para fazer campanhas.
“Em tudo quanto é lugar a que você vai as pessoas pedem senha do Wi-Fi por ser mais rápido, não consumir as franquias ou por estarem sem crédito.”
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“Vimos que os clientes contrataram mais banda e colocamos equipamentos mais parrudos e com melhor qualidade.”
gócio, Baeta destaca o modelo no qual o provedor instala os pontos de acesso à Internet sem fio, como em um shopping center, e entrega ao administrador do estabelecimento relatórios de inteligência de mercado que podem mostrar quantas pessoas ficam por quanto tempo em cada lugar e os tipos de dispositivos. “É prover informação sem violar a identidade do usuário para o dono do shopping, que consegue ver quais são as melhores localizações, onde as pessoas ficam por mais tempo, as rotas que mais fazem etc.”, aponta Baeta. Indo além, o provedor pode fazer acordo com lojistas para, quando um cliente em potencial ficar muito tempo em frente à vitrine,
JanUÁrio lima sales Sócio da redfox telecom receber um pop-up com ofertas ou mensagens. Nada sugere que a massificação dos contratos 4G no Brasil e o crescimento do número de assinantes de planos pós-pagos vão barrar a migração para as redes Wi-Fi. A tendência segue na direção de um consumo de banda cada vez maior devido, principalmente, à melhoria da qualidade e da definição dos vídeos online e ao aumento de serviços disponíveis.
Os provedores também podem ajudar seus clientes a encontrar crédito”, diz Samuel Silva, sócio-fundador da Net Rocinha. maneiras de prover acesso sem fio à Internet e monetizá-lo. Sem O projeto começou há cerca de um ano com a instalação de um revelar o nome, Kratina conta que um grande cliente, uma rede de ponto Wi-Fi em uma praça, com acesso aberto a qualquer pessoa. lojas varejistas da região norte do País, implantou em todas as lo- “O propósito [naquela época] era divulgar a nossa marca. Depois jas pontos de acesso Wi-Fi gratuito para os clientes. Mas não é só fechamos parceria com a maior casa de eventos da Rocinha e deientrar e pedir a senha. A rede fornece o acesso em função do tíque- xamos o Wi-Fi aberto até contratar o WiFimax”, detalha. Agora, te médio, e quem está em dívida com a rede tem direito a um tempo Silva pensa em expandir os modelos de comercialização, incluindo limitado, além de receber um lembrete da situação fiscal. fornecer o acesso ao Wi-Fi como diferencial nos pacotes para os “Nosso sistema é integrado com clientes, usar os pontos para divulo ERP da rede varejista. Eles calcugação da marca e degustação do lam o tíquete médio mensal e dão alserviço (por exemplo, dando acesso gumas categorias de vouchers: quem limitado a não assinantes) e firmancompra mais ganha mais tempo por do parcerias. A Net Rocinha tem hoje dia para navegar na Internet. E, como quase 2 mil clientes entre resideno 3G e o 4G lá são muito ruins, os ciais e corporativos. clientes vão até as lojas para usar a Samuel Silva conta que o auInternet. Com isto, impulsionaram mento do tráfego, devido princias vendas”, conta Armando Kratina. palmente aos vídeos, também é “Eles conseguiram aumentar as venrealidade na sua rede. “Oitenta e das e diminuir a inadimplência.” cinco por cento dos nossos acessos diretor-comercial da Criarenet armanDo l. kraTina Jr. Na Rocinha, comunidade carente residenciais são Wi-Fi e, destes, na cidade do Rio de Janeiro, o prove90% provêm do celular. O perfil é dor Net Rocinha está aproveitando sua infraestrutura de fibra ótica usar a Internet pelo smartphone”, diz. A necessidade de suprir a para colocar hotspots públicos e expandir os serviços. “Em tudo demanda por maior capacidade e mais velocidade não é nova. Foi quanto é lugar a que você vai as pessoas pedem senha do Wi-Fi isto que levou o provedor, há cerca de quatro anos, a começar a por ser mais rápido, não consumir as franquias ou por estarem sem substituir a rede metálica pela tecnologia de fibra ótica.
“Temos o software WiFimax que gerencia hotspot para cumprir com o Marco Civil da Internet e com isto abrimos vertente de usar o Wi-Fi como ferramenta de marketing.”
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UM NOVO Convenção Abranet 2017 reuniu provedores de Internet na Bahia para debater não apenas o mercado, mas também a atual situação do Brasil
DO CENÁRIO MACROECONÔMICO brasileiro e mundial às perspectivas de atuação em novos mercados, passando por temas técnicos, a Convenção Abranet 2017 tratou de assuntos que estão na pauta atual de provedores de Internet brasileiros. Com formato inovador, o evento reuniu, de 13 a 15 de junho, no hotel Iberostar na Praia do Forte, na Bahia, executivos de provedores de acesso, conexão e serviços de Internet de todas as regiões do País, que tiveram a oportunidade de debater novas frentes de negócio. “A Internet está caminhando da economia de consumo para a produção e é mais e mais importante para a economia do País. Se, lá atrás, os provedores de Internet
Parcerias favorecem associados A Associação Brasileira de Internet aproveitou o evento para anunciar duas parcerias que farão diferença para provedores de Internet. Durante a Convenção Abranet, a entidade lançou o projeto “Brasil Conectado a 100 Gb”, que tem como principal objetivo ampliar a velocidade de conexão nas infraestruturas. Hoje, a maior parte dos provedores trabalha com conexões de 10 Gb. “O passo mais natural seria migrar para conexões de 40 Gb, mas a relação de custo/benefício, no médio prazo, é superior com os equipamentos de 100 Gb. Na verdade, temos de dar mais fluidez ao volume de dados trafegados na Internet”,
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assista ao vídeo da entrevista em: https://youtu.be/MoZQqcHh6ke?t=65
Paulo M azevedo
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HORIZONTE tiveram o papel de dizer o que era a Internet, daqui para frente, será mostrar o que é a Internet das Coisas”, enfatizou Maximiliano Martinhão A, secretário de Política de Informática (Sepin) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Na mesma linha, Demi Getschko B, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, ressaltou o grau de ruptura que a Internet traz. “E isto se espalha em diversos outros setores. Há ruptura na área jurídica, com uma Internet sem fronteiras em virtude da qual fica muito difícil dizer quem é responsável pelo quê”, exemplificou, acrescendo ainda transformações que vão
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assista ao vídeo da entrevista em: https://youtu.be/6iZ8tcj2s6a
ocorrer em áreas que dependem da confiança com o advento do blockchain. No entanto, de imediato, os ISPs pensam principalmente em como fazer seus negócios sobreviverem à atual conjuntura econômica e política. Neste sentido, o economista Ricardo Amorim C alertou que todas as crises passam, e que esta não fugirá à regra. “O crescimento vai acontecer, só não sei se, antes de melhorar, vai piorar mais. Em algum momento a virada vem e, quando vier, será uma oportunidade”, disse. Amorim explicou que, nos últimos 15 anos, com a era da informação, a renda per capita mundial cresceu mais
reforçou o presidente da Abranet, Eduardo Parajo D. O primeiro passo foi fechar uma parceria com a Juniper e a WZTECH Networks, pela qual os associados terão vantagens comerciais e técnicas para a aquisição dos equipamentos. “Com eles, os provedores vão poder incorporar novos serviços à sua base comercial”, explicou Edson R. Cardoso E, arquiteto de inovação da WZTECH Networks. Já com o PagSeguro, a Abranet fechou acordo para oferecer a seus associados condições especiais para meios de pagamento. Para conseguir tais condições, o empresário precisa ser associado e ter 30% da carteira com pagamento em cartão e 70% em boleto. Os interessados devem procurar a entidade pelo e-mail gerente@abranet.org.br.
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que em toda a história da humanidade. “Vocês estão na hora certa, no lugar certo e no setor certo, mas com vontade de cortar os pulsos. Aguentem firme, porque a qualquer hora vem algo bacana, mas vocês têm de estar vivos até lá”, acrescentou. Com a sustentabilidade do setor de Internet no Brasil no centro do debate da Convenção Abranet, Eduardo Parajo F, presidente da entidade, destacou a necessidade de se entender o impacto que as reformas propostas têm para as empresas do setor. “A Abranet tem consciência de que para lutar pelo setor precisa da união e engajamento de todos”, afirmou. Durante o painel de abertura, José Augusto Carvalho G, titular da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec) de Sergipe, lembrou que é preciso repensar a concorrência. “Quero propor para pensar o que é a concorrência no mundo em que vocês
atuam, porque ela passa pela necessidade de oferecer melhor serviço para seus clientes e algo que não inviabilize seu custo. Que tal compartilhar algo com seu concorrente e olhar para ele de forma distinta?”, disse, convidando os provedores de Internet da plateia a pensar diferente.
oporTUniDaDes em ioT A parceria está na base da estruturação de ofertas de Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês). Cada vez mais, a IoT mostra-se como um mercado em potencial a ser explorado por provedores. Ainda em fase inicial no Brasil, espera-se que o mercado para IoT movimente bilhões de dólares nos próximos anos. No entanto, de quem as empresas irão comprar soluções de Internet das Coisas permanece uma pergunta sem resposta definida. “Uma dúvida básica do mercado é o perfil ideal do fornecedor. Que tipo de empresa [o com-
Pico de troca de tráfego a 3 Tbit/s no Brasil No Brasil, os pontos de troca de tráfego estão perto de alcançar pico de 3 terabits por segundo. O País, explicou Milton Kaoru Kashiwakura I, engenheiro e diretor de projetos do NIC.br, braço executivo do Comitê Gestor da Internet no Brasil, está fazendo um trabalho para aumentar os sistemas autônomos, o que faz com que a estrutura do IX.br tenha grande quantidade de participantes e, consequentemente, aumente o volume de tráfego. Em entrevista em vídeo concedida durante a Convenção Abranet 2017, Kashiwakura também comentou sobre a
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necessidade de IPv6 para Internet das Coisas e do andamento do OpenCDN, cuja expectativa é começar em julho com um projeto piloto. Entre os objetivos estão descentralizar as CDNs que, atualmente, estão concentradas em São Paulo e no Rio de Janeiro, e colocar o conteúdo mais próximo do usuário final. Kashiwakura chamou a atenção para que não se confunda PTT com PoP de operadoras. “Os PTTs facilitam aos sistemas autônomos trocarem tráfego entre si e são parte da infraestrutura de Internet, onde muitos sistemas autônomos diferentes podem se conectar para fazer troca de tráfego
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prador] deveria procurar? É com quem vende Internet, com quem faz sensor, com quem sabe integrar os sistemas? Será de um monte de gente ou de um só?”, pontuou Anderson Figueiredo H, analista de mercado de TIC. É nessa seara que reside uma janela de mercado para os ISPs, uma vez que eles são responsáveis por algo essencial em IoT: a conectividade. Além de rede e conectividade, soluções de Internet das Coisas precisam contemplar análise de big data (para transformar os dados coletados em informação) e sensores e dispositivos. A recomendação de Figueiredo é que os ISPs trabalhem em conjunto com outras empresas de sensores e que fazem a integração de IoT com os sistemas corporativos para estruturar ofertas adequadas a seus mercados de atuação. “IoT é outro mundo, outra proposição. Tem de pensar diferente; e, neste momento, é uma grande possibilidade de negócio”, disse, acrescentando que o agronegócio é o
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mercado que mais cresce em Internet das Coisas no Brasil. Para Anderson Figueiredo, a Internet das Coisas pode ser o grande acelerador de análise de big data, uma vez que os sensores fornecem dados estruturados, que, por sua vez, depois de tratados se transformam em informações importantes para o negócio. “Fica mais fácil se o próprio elemento trouxer o dado do que correr atrás o tempo todo. A aplicabilidade, o que vou fazer com isto, é de cada um”, disse. Em entrevista à Abranet, Maximiliano Martinhão, do MCTIC, destacou que a IoT representa a grande oportunidade para os ISPs. “A indústria 4.0 está chegando, diferentes segmentos serão transformados e o provedor de Internet tem oportunidades reais”, afirmou o secretário. Segundo ele, o ministério está trabalhando para lançar o Plano Nacional de Internet das Coisas até setembro deste ano. “É muito importante acompanhar as consultas públicas”, acrescentou.
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assista ao vídeo da íntegra da palestra em: https://youtu.be/5soUPXsGc9M (peering)”, disse, ressaltando a importância da neutralidade, ou seja, de o IX ser independente de provedores comerciais. “Uma estrutura deste tipo [ponto de troca de tráfego] não pode estar na
mão de organizações que não sejam brasileiras”, enfatizou. No Brasil, o primeiro ponto de troca de tráfego (PTT) foi criado em 1998 com o objetivo de descongestionar o tráfego internacional. De lá para cá, os modelos mudaram. No início, todos os participantes eram obrigados a trocar tráfego com todos. Agora não mais: embora a maioria prefira trocar tráfego com todos, ficou assegurada a liberdade de escolha. A entrada da Google nos pontos de troca de tráfego em 2008 foi um importante marco, conforme destacou Kashiwakura. “Tivemos crescimento intenso ao longo dos anos. Somos o primeiro do mundo em quantidade de participantes, com 1.200, sendo que o segundo lugar tem metade. Estamos em 27 localidades, trafegando quase 3 Tbit/s”, enfatizou o especialista.
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Paulo Storani, } consultor e excapitão do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), relacionou os problemas da segurança do mundo real aos da Internet
} O axé da baiana
e as boas-vindas da capoeira aos participantes da Convenção Abranet
Bahia quer expandir banda larga e ter Wi-Fi em praças A Bahia está realizando projetos de expansão de banda larga para a cidade de Salvador e o interior do estado. Para a capital, de acordo com Grinaldo Oliveira J, coordenador de Infraestrutura de TI da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, o investimento está na casa dos R$ 20 milhões. O objetivo é construir uma rede GPON para interligar os órgãos públicos em uma grande rede de fibra ótica. A finalização está prevista para agosto de 2017. Em outro projeto, batizado de Conecta Bahia, o governo propõe a instalação de equipamentos Wi-Fi em praças públicas no interior do estado. “A estratégia é
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J
assista ao vídeo da entrevista em: https://youtu.be/Kw-pxh9rnb4 que o serviço seja centralizado na secretaria e preveja parceria com os provedores”, explicou o coordenador. O governo ainda está estudando o modelo de contratação, que poderia ser via permutas.
Paulo M azevedo
RICARDO AMORIM:
“o brasil precisa de internet na veia”
assista ao vídeo da entrevista em: https://youtu.be/QHqbl6crfZM
Em entrevista à Abranet, o economista Ricardo Amorim afirmou que, hoje, o Brasil está muito voltado para a crise política, para os escândalos de corrupção, mas ressaltou: não há país que se desenvolva sem Tecnologia da Informação e Comunicações. “Infelizmente, o Brasil não tem TIC como prioridade ainda, mas terá de olhar para a área o quanto antes.” De acordo ainda com o economista, há sinais de otimismo para o desenvolvimento do País, especialmente, o movimento pujante das startups, beneficiadas pela ampliação do acesso à banda larga. “Definitivamente, a Internet é tudo. Não dá para pensar absolutamente nada sem ter Internet”, disse.
} O humorista
Diogo Portugal teve a missão de relaxar os participantes após um dia de atividades
Os jantares nos } dias de evento foram ponto de encontro para a troca de conteúdo e interatividade entre os participantes
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DEMI GETSCHKO:
isPs têm de saber se reinventar
assista ao vídeo da entrevista em: https://youtu.be/spMerWKgfwg
Os provedores de Internet nasceram para atender a um nicho específico e só sobreviverão aqueles que souberem se reinventar. Em entrevista em vídeo, Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, defendeu a atuação dos ISPs e reforçou que eles têm de olhar constantemente o mercado para se reposicionarem. “Existem novas ferramentas, como a inteligência artificial e a Internet das Coisas. São novidades que não vão andar sem que existam intermediários”, destacou. Getschko também comentou o atual estágio da Internet no Brasil. “Sou muito otimista. O problema é que às vezes as pessoas querem consertar o que já está certo ou problemas que não existem. Uma tendência atual é o excesso de projetos de lei para melhorar segurança ou aspectos do Marco Civil da Internet”, disse, justificando que a Internet não pode ser culpada pelo que ocorre no mundo. “Não é tolhendo a Internet que se vai melhorar alguma coisa.”
} David Marcony Franco Nascimento, presidente da Associação de Provedores Microtel, venceu o sorteio e ganhou uma viagem ao Chile. O presidente da Abranet confraterniza com Reginaldo Assunção, proprietário do provedor Delta Telecom, de Maringá-PR
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LUIZ FELIPE PONDÉ:
internet é como a roda, com impacto em toda parte
assista ao vídeo da entrevista em: https://youtu.be/MZ3ss_tidaa
Em entrevista em vídeo durante a Convenção Abranet, o filósofo Luiz Felipe Pondé falou sobre a questão da falta de privacidade no mundo virtual e destacou o papel da rede mundial dos computadores na atual sociedade. Pondé comparou a Internet à invenção da roda e afirmou que a privacidade morreu no sentido que, quanto mais as pessoas usam os recursos da Internet, mais eles convergem em uma plataforma de big data, e elas acabam ‘hipotecando a privacidade em nome de serviços’.
MARCOS PONTES:
“internet tem papel essencial para desenvolvimento do País” Precisamos de educação, ciência e tecnologia fortes, porque a interação dessas três partes cria o desenvolvimento sustentável, defendeu o primeiro astronauta brasileiro em missão fora da Terra, Marcos Pontes, em entrevista em vídeo realizada após sua palestra na Convenção Abranet 2017. O astronauta, que também é um empreendedor na área de fibra ótica, destacou que a Internet tem papel essencial para o desenvolvimento do País, principalmente para o compartilhamento de informação e geração de conhecimento. Na entrevista, Pontes também comentou o papel de programas como o Ciências sem Fronteiras para fomentar a educação no País.
assista ao vídeo da entrevista em: https://youtu.be/m8jobb2h9ig
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A Convenção Abranet teve um espaço especial para parceiros e
} para a troca de experiências entre fornecedores e provedores de acesso, conectividade, conteúdo, aplicação e inovação
Agricultura é oportunidade em IoT O setor de agricultura é um potencial comprador de Internet das Coisas e pode estar no alvo dos provedores de Internet, segundo explicou Alair Mendes Fragoso K, da Life Telecom, em entrevista em vídeo durante a Convenção Abranet. “Como transportar as informações do agronegócio, de dentro de uma fazenda, para o data center? Aí está uma grande oportunidade”, destacou.
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K
assista ao vídeo da entrevista em: https://youtu.be/zvwJe9s8810
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EDUARDO PARAJO:
do acesso para a internet da produção Ao fazer o balanço da Convenção Abranet 2017, Eduardo Parajo, presidente da associação, destacou que o momento atual é de passar do acesso para a Internet da produção. “Os provedores de Internet precisam buscar alternativas e começar a pensar formas de agregar mais valor aos processos que fazem”, disse. “A Internet é um meio. O que se vai fazer em cima dela é o que vai trazer valor para o País.” Parajo também comentou sobre o desafio de levar a cabo, na Praia do Forte e em novo formato, a Convenção Abranet.
assista ao vídeo da entrevista em: https://youtu.be/MoZQqcHh6ke?t=188
O vice-presidente da Abranet José Janone Júnior com os } diretores da entidade Renato Auricchio e Evair Gallardo
} O astronauta Marcos Pontes encanta a
criançada ao contar a sua viagem ao espaço
O economista Ricardo Amorim conversa com associados após sua apresentação na Convenção Abranet
}
} Demi Getschko, do NIC.br, Eduardo Parajo, presidente da Abranet, e Maximiliano Martinhão, Secretário de Política de Informática do MCTIC
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teNdÊNCia
Roberta Prescott
a reVolUção dos
Tendo como critérios de uso a transparência e a confiança, a tecnologia blockchain permite a concepção de modelos totalmente diferentes — e tem potencial para acabar com alguns negócios existentes
blocos
VOCÊ PODE NÃO SABER exatamente o que é blockchain, mas, certamente, já ouviu falar de bitcoin. A tecnologia que está por trás da moeda virtual vem ganhando cada vez mais espaço devido a seu potencial de promover rupturas na maneira de mover ativos, tornando o processo mais fácil e barato e excluindo intermediários ou autoridades para fazer o controle. Blockchain e a distribuição de registros contábeis prometem revolucionar indústrias, porque criam a capacidade de usar registros que não podem ser adulterados e que têm veracidade intrínseca. O blockchain — ou, em tradução livre, cadeia de blocos — é uma rede descentralizada ponto-a-ponto (do inglês peer-to-peer) que tem na sua base o conceito de livros-caixa distribuídos.
O ineditismo do blockchain reside no fato de os detentores dos livros-caixa ou livros contábeis serem os próprios pares. Para tudo funcionar perfeitamente, existe um protocolo de sincronismo (que também está sendo chamado de protocolo da confiança) para fazer a atualização e para constatar a veracidade toda vez que um dado é inserido. Para garantir a
“O blockchain representa uma mudança na maneira como lidamos e operamos contratos, uma vez que ele elimina intermediários.”
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HenriQUe cecci diretor de Pesquisa do Gartner
[Blockchain é] “como um livro-razão distribuído que representa um consenso de cada operação que já ocorreu na rede.”
segurança e legitimidade, o sistema conta com entidades chamadas miners, responsáveis por atualizar o blockchain, validando e executando as transações e adicionando novos blocos à rede. Os miners atuam como os bibliotecários do blockchain. No âmbito literário e de especialistas no tema, Don Tapscott com seu livro Blockchain Revolution vem se destacando. Na obra, escrita em parceria com seu filho Alex, eles definem blockchain “como um livro-razão distribuído que representa um consenso de cada operação que já ocorreu na rede.” Não há, portanto, uma base de dados central possível de ser hackeada. “Se quisesse roubar um bitcoin, você teria de reescrever toda a história da moeda no blockchain. Isto é praticamente impossível”, exemplificam no livro. “O blockchain representa uma mudança na maneira como lidamos e operamos contratos, uma vez que ele elimina intermediários”, concorda Henrique Cecci, diretor de Pesquisa do Gartner, mas esta nova “coreografia” de transações exige adaptação das partes envolvidas. Ao permitir que pessoas transacionem entre si sem a necessidade de entidades reguladoras, a tecnologia blockchain toca em um ponto fundamental para os dias atuais: confiança e transparência. Na visão de Don Tapscott, estamos diante da segunda era da Internet.
Transformação à vista Sem dúvida, o impacto do blockchain para a indústria financeira será enorme, uma vez que a tecnologia permite, por exemplo, transferir dinheiro sem passar pelo banco e mover quantias entre países de forma mais rápida, barata e simples. Um dos impactos mais discutidos é a substituição de diversos (e complexos) elos da cadeia — como autenticação de valor, transferência, armazenamento, empréstimo, câmbio, contabilidade e auditoria — pelo blockchain. Para não ficar para trás, os próprios bancos já se uniram
Don e Alex Tapscott No livro Blockchain Revolution
na tentativa de entender o potencial do blockchain. O maior exemplo disto foi a criação da R3, uma empresa de tecnologia financeira dedicada a trabalhar com os bancos para entender como eles podem tirar proveito do blockchain. Atualmente, a R3 reúne um consórcio com cerca de 80 bancos ao redor do mundo, incluindo os brasileiros Itaú Unibanco e Bradesco, que estão trabalhando juntos em alguns projetos. O Itaú Unibanco, por exemplo, começou a testar a tecnologia em 2015 com a Ethereum, juntou-se ao R3 e hoje faz parte de um grupo de trabalho da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) sobre blockchain. Os projetos, ainda em fase inicial, versam sobre o uso da tecnologia para compartilhamento de informações cadastrais das pessoas, para que os dados passem a ser das pessoas físicas e não das instituições — uma visão que segue na linha de entusiastas de blockchain. Para além da indústria financeira, a tecnologia fará diversos mercados repensarem seus negócios. O blockchain permite a concepção de modelos totalmente diferentes, baseados em uma arquitetura mais aberta, e, por isto, pode ser a base para a criação de organizações cooperativistas. Quer um exemplo? Para o pagamento de direitos autorais para músicos e escritores. O impacto também será sentido pelos atores tanto da cadeia de suprimentos quanto da cadeia de intermediação de negócios. “Se você está no meio, repense sua criação de valor”, alerta Tapscott, dando como exemplo desde agências de viagens até distribuidoras de energia. Outros usos estão relacionados a prover um livro-razão para Internet das Coisas e a descentralizar a criação de dados, dando aos indivíduos a possibilidade de serem donos de seus dados (que hoje estão em plataformas públicas ou privadas) e tendo eles a possibilidade de monetizá-los e protegê-los. “É como se pegássemos nossa identidade de volta. A privacidade é o fundamento da liberdade, e, se ela é tirada de nós, precisamos recuperá-la”, ressalta Tapscott. Para o agronegócio, o uso de blockchain pode melhorar e aumentar a rastreabilidade
“Hoje, esta cadeia [do agronegócio] tem grande escala e muitos atores, mas não é transparente ou comunicante e é difícil rastrear a origem dos produtos.” Carolina Wosiack Consultora de Inovação e Estratégia
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“A maneira tradicional de gerenciamento de riscos é mostrar depois que eles acontecem. O blockchain é importante, porque detecta o mau comportamento e o mapeia.” pinDar WonG Chairman da VeriFi
de produtos; fornecer certificação de origem; oferecer um preço justo e menor custo de transação; e minimizar erro humano. Especialistas concordam que blockchain é muito útil para o agronegócio, principalmente, porque dele faz parte uma cadeia de atores grande e complexa. “Hoje, esta cadeia tem grande escala e muitos atores, mas não é transparente ou comunicante e é difícil rastrear a origem dos produtos”, destaca a consultora de Inovação e Estratégia Carolina Wosiack. Para ela, no Brasil, a pressão regulatória somada à crise e aos escândalos pode impulsionar a implantação de blockchain para conferir mais rastreabilidade e confiança aos produtos e aumentar a integração dos dados. “O público busca mais transparência em produtos alimentares e técnicas agrícolas”, diz. Em resumo, o blockchain pode contribuir para a produção de alimentos de maneira mais confiável e transparente, informando, por exemplo, a procedência dos alimentos e como eles foram manuseados até chegar ao consumidor final. Para Pindar Wong, chairman da VeriFi, a combinação do blockchain com outras tecnologias, como sensores e Internet das Coisas, potencializa os benefícios de rastreamento e monitoramento dos produtos. “A maneira tradicional de gerenciamento de riscos é mostrar depois que eles acontecem. O blockchain é importante, porque detecta o mau comportamento e o mapeia”, destaca Wong. Além disto, o blockchain poderia ser usado como chancela para alguns nichos, como, por exemplo, certificar que algum produto é orgânico, que não contém traços de ingredientes alérgicos, que é ou não transgênico.
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mais Uma rUpTUra Na visão de Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, o blockchain é mais uma ruptura proporcionada pela Internet. “O blockchain está na base das moedas virtuais e traz consigo algo muito interessante: ele distribui a confiança em pequenos blocos que são interligados e atualizados muito rapidamente, e indestrutíveis até onde eu sei”, afirma. Getschko lembra que a Internet é um universo de ruptura de vários negócios. “Ela procura nichos que têm fragilidades, ou são jardins murados, e os rompe”, diz, citando como exemplo o setor de táxis, que sofreu grande impacto com a chegada de aplicativos e até de novos serviços. Já do ponto de vista de oportunidade de negócio para provedores de Internet, Getschko acredita que diversos serviços poderão ser prestados. “Quando o blockchain começar a ser ferramenta usual, se você precisar deste tipo de confiança, poderá contratar alguém que resolva para você seus problemas de confiança”, exemplifica.
“O blockchain distribui a confiança em pequenos blocos que são interligados e atualizados muito rapidamente, e indestrutíveis até onde eu sei.” Demi GeTscHko diretor-presidente do Núcleo de informação e Coordenação do Ponto Br
Assista ao vídeo da entrevista em: https://youtu.be/1ErdRTAdowY
Paulo M azevedo
CaSe
iConecta faz projeto piloto de uso do LTE para oferta de banda larga A ICONECTA SAIU NA FRENTE e conduz um projeto piloto utilizando frequências adquiridas no leilão de sobras da Anatel. Os testes são para a oferta de LTE, serviço até então inédito no portfólio da iConecta, que atua na região sul de Minas Gerais e em algumas cidades do leste paulista. “Sempre pensei em ofertar mobilidade. Meu plano no médio para longo prazo é ter licença SMP e atuar como operadora de celular. É óbvio que, no início, não. Vou começar com TDD fixo, até ganhar experiência”, disse à Abranet Juliano Rastelli, proprietário da iConecta. O edital que licitou as sobras de frequências não apontou qual tecnologia deve ser usada nas bandas adquiridas, mas espera-se que seja o LTE. As faixas foram ofertadas nas frequências de 1.9 GHz e 2.5 GHz (bandas T e U), ambas em Time Division Duplex (TDD). Inicialmente, a iConecta vai utilizar as frequências para oferecer aos clientes banda larga instalando o roteador MiFi nas casas dos clientes. “Somos o primeiro provedor, entre os que adquiriram licenças no leilão, a colocar um piloto em produção. Como o prazo final para o cumprimento das obrigações do leilão é dezembro, decidimos antecipar os esforços nos testes”, comentou Rastelli, acrescentando que pretende ofertar o serviço aos assinantes a partir de julho deste ano. “Vamos começar a vender assim que recebermos o primeiro lote do MiFi.” Rastelli disse que se interessou em dar lance assim que a Anatel abriu para os micro-operadores a oportunidade de adquirir frequência. “Mapeei minha rede e os lugares onde gostaria de prover serviços. Cheguei a 60 cidades e dei lances com ágio. Comprei lotes para 55 cidades”, contou. Na visão do empreendedor, a iConecta tem como diferencial sua área de cobertura, chegando a muitos municípios onde as grandes operadoras ou não estão ou têm cobertura precária. O projeto piloto começou em fevereiro com a ZTE e a instalação de um site completo (com três antenas, três RRU e duas portadoras cada) e dois sites remotos no município
mineiro de Ouro Fino. Satisfeito com os resultados, Rastelli expandiu os testes para a cidade, também mineira, de Inconfidentes. O provedor construiu um backbone de 11 quilômetros em fibra ótica para ligar Ouro Fino a Inconfidentes, onde foi colocado um site remoto. Na sequência, o provedor expandiu o piloto para Pinhalzinho dos Goes, zona rural de Ouro Fino, onde testa solução LTE da Trópico. Somadas todas as iniciativas, Rastelli calcula que investiu cerca de R$ 500 mil, sem computar neste valor o core de rede.
isps esTão mais maDUros para lTe A ZTE está de olho no mercado dos pequenos e médios provedores, principalmente, após o leilão de sobras de frequência. Segundo a companhia chinesa, o segmento de SMTOs (sigla para pequenas e médias operadoras de telecomunicações) já corresponde a 20% de seu faturamento global. “Os provedores regionais correspondem a aproximadamente 30% do mercado de telecomunicações no País, e a ZTE enxerga um grande potencial de crescimento nessa área”, disse Silvio Severin, gerente de contas da ZTE no Brasil. “Enxergamos os ISPs e as pequenas e médias operadoras como o futuro das redes no Brasil; é o segmento com maior previsão de crescimento.” Severin afirmou à Abranet que os provedores de Internet começaram a entender o papel de LTE na comunicação por banda larga. “Havia uma expectativa exagerada antes, mas, agora, já entenderam melhor as limitações da tecnologia e do equipamento e readequaram o plano de negócios. Hoje estão mais maduros e em momento de decidir pela compra dos equipamentos”, pontuou.
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SeGUraNÇa
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WANNAcRY Para a internet
A SEXTA-FEIRA 12 de maio de 2017 será lembrada como o dia em que computadores e sistemas de diversas empresas, incluindo a espanhola Telefônica e o sistema de saúde do Reino Unido, sofreram um imenso ataque cibernético que paralisou operações. “O causador do grande estrago foi o WannaCryptOr, uma variante do WCry/WannaCry que explora uma vulnerabilidade do Windows”, conforme relata Fabio Assolini, especialista da Kaspersky Brasil.
De acordo com Leonardo Carissimi, diretor de Soluções de Segurança da Unisys na América Latina, “trata-se de um tipo de código malicioso classificado como ransomware, daqueles que sequestram dados de computadores para exigir dinheiro em troca de devolver o acesso ao seu dono.” Ou seja, uma vez infectada a máquina, ele encripta os arquivos e mostra uma tela na qual exige um resgate, tipicamente na moeda eletrônica bitcoins, que, assim como
PORTA DE ENTRADA
rabilidade. No entanto, enquanto a medida protegia os novos sistemas Windows e computadores que haviam habilitado o Windows Update para aplicar a última atualização, muitas máquinas permaneceram sem a correção global. Como resultado, hospitais, empresas, governos e residências foram afetados. Como lição aprendida, Smith avaliou três áreas em que o ataque mundial oferece uma oportunidade para a Microsoft e a indústria melhorarem. A primeira está relacionada à responsabilidade da Microsoft de responder a ataques na Internet. “Temos mais de 3.500 engenheiros de segurança na empresa e estamos trabalhando de for-
O ransowmare WannaCrypt (WannaCry) entrou por vulnerabilidade nas versões XP e Server 2003 do Windows, da Microsoft. Em nota, Brad Smith, presidente e diretor para Assuntos Legais (chief legal officer) da Microsoft, disse que os exploits usados no ataque do WannaCrypt foram extraídos de exploits roubados da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês). Smith afirmou que este fato foi divulgado no início deste ano e, em 14 de março, a Microsoft havia lançado uma atualização de segurança para corrigir essa vulne-
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Endereçamento da Internet para a América Latina e o Caribe (Lacnic, na sigla em inglês) liberou um coImenso ataque cibernético paralisou operações municado recomendando a urgente de milhares de empresas mundialmente; aplicação de patch de segurança ransomware sequestrou dados de nos sistemas Microsoft Windows Vista SP2; Windows Server 2008 computadores para exigir dinheiro em troca SP2 e R2 SP1; Windows 7; Windows 8.1; Windows RT 8.1; Windows Server 2012 e R2; Windows 10 e Windows Server 2016. No dia do ataque, as primeiras informações já apontavam que a falha de segurança estava no serviço de proteção contra malware do sistema operacional, permitindo interceptar e inspecionar toda a atividade de leitura e escrita de arquivos e dados do sistema. O malware permite acesso à máquina da vítima com privilégios administrativos. A falha foi divulo dinheiro vivo, não deixa rastros quando é movimentada gada por meio do CVE-2017-0290 (http://cve.mitre.org/ e permite circulação de valores entre criminosos. cgi-bin/cvename.cgi?name=CVE-2017-0290) e fez com O que chamou a atenção no caso é que o WannaCry ex- que a Microsoft publicasse um patch de emergência no Miplora uma vulnerabilidade do sistema operacional Windows crosoft Security Advisory 4022344. Quase todas as versões que já era conhecida e permite execução remota de um códi- do Windows podiam ser afetadas e a recomendação foi de go por meio de uma vulnerabilidade no serviço SMB (Ser- fazer as atualizações imediatamente. vice Message Block). Diante das dimensões que o ataque O ataque atingiu cerca de 200 mil vítimas em 150 tomou, o Centro de Incidentes de Segurança do Registro de países, incluindo o Brasil, onde causou a interrupção do
ma abrangente para abordar as ameaças de segurança cibernética. Isso inclui novas funcionalidades de segurança em toda a nossa plataforma de software, incluindo atualizações constantes do nosso serviço de Proteção Avançada de Ameaças para detectar e interromper novos ataques cibernéticos”, pontuou. Em segundo lugar, segundo o executivo, o ataque demonstra o grau em que a cibersegurança tornou-se uma responsabilidade compartilhada entre empresas de tecnologia e clientes. “O fato de tantos computadores permanecerem vulneráveis dois meses após o lançamento de um patch ilustra esse aspecto”, ressaltou. “À medida que
os cibercriminosos ficam mais sofisticados, simplesmente não há maneira de os clientes se protegerem contra ameaças a menos que atualizem seus sistemas.” Por último, para ele, o ataque fornece mais um exemplo de por que o armazenamento de vulnerabilidades pelos governos é um problema. “Este é um padrão emergente em 2017. Vimos vulnerabilidades armazenadas pela CIA aparecerem no WikiLeaks e agora essa vulnerabilidade roubada da NSA afetou clientes de todo o mundo. Repetidas vezes, exploits que estavam nas mãos dos governos vazaram para o domínio público e causaram danos generalizados.” abranet.org.br junho / agosto 2017
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atendimento do INSS e infectou máquinas do Tribunal de Justiça de São Paulo, entre outras consequências. O ransomware tem sido uma ferramenta bastante usada pelos hackers para ganhar dinheiro na economia do crime cibernético. Segundo o último Relatório Sobre Violações de Dados (DBIR, na sigla em inglês) da Verizon, esse é o tipo mais comum de crimeware, pois a subtração de arquivos em troca de um resgate é uma prática rápida, de baixo risco e facilmente monetizável, especialmente quando o bitcoin é utilizado para pagamentos anônimos. Além do Lacnic, várias empresas especializadas em segurança da informação emitiram alertas e recomendações, tais como fazer o levantamento das máquinas afetadas, aplicar a atualização disponibilizada pelo fabricante e mitigar a vulnerabilidade, desabilitando a versão 1 do protocolo SMB, como sugeriu o iBLISS Digital Security. Outras
orientações incluíram preparar as pessoas para não abrir links suspeitos e verificar se os backups estavam atualizados. Conforme Leandro Malandrin, gerente de Consultoria da Logicalis Latin America, “quando há ataques é ainda mais importante ter todos os backups em dia, pois caso a empresa seja atacada as informações não serão perdidas.” Para o fundador e CEO da Easy Solutions, Ricardo Villadiego, “o enorme alcance e o potencial impacto financeiro do WannaCry têm causado pânico, e as empresas têm se apressado para proteger seus dispositivos.” No entanto, esse frenesi abriu as portas para novas modalidades de fraude, afirmou, citando como exemplos aplicativos encontrados em lojas não oficiais que prometem proteção dos usuários contra o WannaCry, sendo que alguns podem conter adwares destinados a infectar os dispositivos nos quais foram baixados.
PetYa: o Mais noVo iniMiGo Atenção à gestão de segurança precisa mobilizar uma força-tarefa. Os ataques tendem a se multiplicar, como ocorreu com o Petya, que também causou estragos no final de junho Pouco mais de 30 dias após o abalo do WannaCry, um novo vilão despontou na segurança digital: o Petya, que ainda divide as empresas de segurança entre ser um malware destruidor de dados ou um ransomware, um tipo de malware que sequestra o computador da vítima e cobra um valor em dinheiro pelo resgate. No dia 27 de junho, o Petya causou um estrago em países como Rússia, Ucrânia, Espanha, Holanda e outros. Aqui no Brasil, o Hospital de Câncer de Barretos, em São Paulo, confirmou ter sido infectado, mas não revelou se pagou ou não resgate aos cibercriminosos. O Petya ganhou destaque mundial ao usar uma falha de atualização da infraestrutura do software de contabilidade conhecido como MEDoc, uma espécie de ERP (software
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de gestão empresarial) muito utilizado pelas grandes empresas da Ucrânia. Também ganhou espaço com máquinas com Windows desatualizado. Para os especialistas em segurança, os criadores do Petya são qualificados e experientes, uma vez que reutilizaram exploits usadas pelo WannaCry, adicionaram capturas de hash de senhas e mais duas outras técnicas de propagação de rede, com o ofuscamento de código e certificados falsos da Microsoft. O ataque foi elaborado para arrecadar dinheiro, mas, advertiram as empresas de segurança, houve uma falha: o pagamento dependia de uma única carteira de bitcoin com código imutável (hard-code), que foi facilmente bloqueada. Com poder de fogo menor do que o do WannaCry, ainda assim o Petya requer cuidados especiais. O especialista inglês em segurança digital Matt Suiche alertou que o Petya causa danos permanentes aos arquivos. Ou seja, se ele ‘infecta’ a máquina, os dados estão destruídos sem possibilidade de reparos. “Não paguem pelo resgate. Não há certeza da recuperação dos dados. O certo a fazer é atualizar software e evitar que o dado seja roubado”, completou Suiche.
CoNeXÃo
É bom estar preparado para a troca de chaves iCaNN muda a chave de assinatura de chaves das extensões de Segurança do Sistema de Nomes de domínio (dNSSeC, na sigla em inglês) em outubro
cronoGrama
* datas sujeitas a alteração com base em considerações operacionais
11/10/2016 Início do processo de revisão e geração da nova KSK 11/07/2017 Publicação da nova KSK no DNS 19/09/2017 Aumento de tamanho para resposta de DNSKEY de parte de servidores de nomes de raiz
11/10/2017 Início do uso da nova KSK para assinar o conjunto de chaves da zona raiz (o evento de revisão em si)
11/01/2018 Revogação da KSK antiga 22/03/2018 Último dia em que a KSK antiga aparecerá na zona raiz agosto/2018 Chave antiga será eliminada dos equipamentos em
ambas as instalações de administração da chave da ICANN
oferecer, uma vez que deixa o sistema mais seguro e mais PELA PRIMEIRA VEZ, a Corporação da Internet para robusto, porque os hackers exploram a vulnerabilidade do Atribuição de Nomes e Números (ICANN, na sigla em Sistema de Nomes de Domínios (DNS, na sigla em inglês). inglês) vai trocar a chave de assinatura de chaves (KSK, Manter a KSK atualizada é essencial para garantir sigla para Key Signing Key) das Extensões de Segurança que os nomes de domínio assinados pelas DNSSEC do Sistema de Nomes de Domínio (DNSSEC, na sigla continuem sendo validados depois da revisão. Sem em inglês). A mudança está marcada para 11 de outubro a KSK atualizada, os validadores habilitados por e pode afetar quem não fizer a atualização necessária, conforme Daniel Fink, gerente de Engajamento da ICANN DNSSEC não poderão verificar se as respostas de DNS para o Brasil. “Quem opera com DNSSEC precisa garantir não foram alteradas e, portanto, retornarão uma resposta de erro a todas as consultas assinadas que a senha esteja atualizada no dia da mudança”, alertou. O por DNSSEC. DNSSEC é um sistema que evita A nova KSK de zona raiz foi criada o sequestro de nomes de domínio. em outubro de 2016 para ser o novo Muitos sistemas farão a troca par de chaves criptográficas públicas e de chaves automaticamente, mas privadas. Essa geração de chaves marcou é preciso estar atento. A ICANN o começo da fase operacional inicial está deixando disponível um da primeira implementação de KSK de ambiente de testes no qual os raiz, o processo de alteração da “chave provedores de Internet podem mestra” do DNS. O processo completo verificar se seus sistemas estão de implementação da KSK deverá levar ou não atualizados antes de a aproximadamente dois anos. mudança ocorrer. Os planos de revisão da KSK É responsabilidade da foram desenvolvidos por parceiros Daniel fink Gerente de engajamento da iCaNN para o Brasil ICANN operar e gerenciar todo de gerenciamento da zona raiz: a o sistema de nomes de domínios. ICANN, como operadora das funções Assista ao vídeo da entrevista em: https://youtu.be/PQHN1fifjJc “Estão sendo geradas novas da Autoridade para Atribuição de chaves criptográficas para o Números da Internet (IANA, na sigla DNSSEC de modo a aumentar a dificuldade para os em inglês); a Verisign, como mantenedora da zona raiz, hackers quebrarem as senhas”, explicou Fink. e a Administração de Telecomunicações e Informações Quem ainda não trabalha com o DNSSEC, é bom adotar. (NTIA, na sigla em inglês) do Departamento de Comércio É um diferencial que os provedores de Internet podem dos Estados Unidos como administradora da zona raiz.
“Quem opera com dNSSeC precisa garantir que a senha esteja atualizada no dia da mudança.”
roberta Prescott
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Congresso cria Frente Parlamentar para debater a economia digital de acordo com o presidente da Frente, o objetivo é promover diálogo e discussões, evitando que a legislação seja proibitiva A ASCENSÃO DA economia digital e compartilhada levou o Congresso Nacional a criar um grupo com o objetivo de inserir de forma efetiva o debate sobre o tema entre os parlamentares. Presidida pelo deputado federal Thiago Peixoto (PSD-GO), a Frente Parlamentar Mista de Economia Digital e Colaborativa tem o endosso de empresas e de entidades, entre elas, a Abranet, e foi lançada em 17 de maio deste ano. Uma das ações já em curso é a de barrar propostas como a que cria novas exigências aos motoristas de serviços de transporte individual por meio de aplicativos (PL 5.587/16, aprovado na Câmara). Na avaliação de Peixoto, o texto dificulta o funcionamento de aplicativos como o Uber e o Cabify. “É perigoso que projetos de outras áreas possam ter o mesmo destino”, alertou o deputado. “Essa Frente tem o papel de promover diálogo, de articular, mas de não deixar que a
uma nova economia não consiga avançar”, afirmou. Convidado para o lançamento da Frente, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, cobrou maior apoio do Congresso para a regulamentação de serviços digitais e captação de recursos. “O Congresso, com o lançamento dessa Frente, dá a sua contribuição para aprimorar a legislação, para que possamos ter melhor compreensão de parlamentares sobre a importância de mais recursos públicos e melhores projetos”, disse Kassab, ao ressaltar o eixo de trabalho chamado Estratégia Digital Brasileira, que reúne uma série de iniciativas da pasta para acelerar a inovação.
novas TecnoloGias
Peixoto disse que percebeu uma lacuna no Congresso Nacional. “Vamos identificar todas as proposições que estão em andamento sobre temas relacionados com novas tecnologias. É claro que as duas Casas (Câmara e Senado) têm seus ritos, mas a Frente pode atuar como um elo entre o Parlamento, as empresas de economia digital e a sociedade. Ocorre que, muitas vezes, a pressão e o lobby dos representantes dos setores tradicionais acabam tendo uma relevância muito grande sobre o Congresso – e isso é absolutamente legítimo –, e a nova economia não tem uma presença tão grande até por muitas empresas terem poucos anos de atuação. O foco nem é nas empresas em si, mas é enxergar a importância que tem para a população que esses grupos tecnológicos DepUTaDo feDeral THiaGo peixoTo (psD-Go), tenham seu espaço garantido no debate”, Presidente da Frente Parlamentar Mista de economia digital e Colaborativa apontou o deputado. Para o deputado, em um conflito de interesses entre um legislação seja proibitiva. A lei pode até regular, mas não setor tradicional e uma empresa da nova economia, o que pode proibir de forma alguma a inovação”, concluiu. tem de prevalecer é o que for mais favorável à sociedade. Para o deputado, a maioria dos projetos que tramitam na Casa sobre economia digital segue um viés proibitivo, “Os setores tradicionais não podem usar a legislação como escudo para garantir reserva de mercado e impedir o em vez de impulsionar o potencial do setor. “É comum avanço tecnológico e o desenvolvimento”, ressaltou. que setores tradicionais usem uma legislação para que
“É claro que as duas Casas (Câmara e Senado) têm seus ritos, mas a Frente pode atuar como um elo entre o Parlamento, as empresas de economia digital e a sociedade.”
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Anatel: os provedores estão levando a fibra óptica para o Brasil OS PEQUENOS PROVEDORES de acesso à Internet são a principal força para o crescimento do mercado de telecomunicações. A maior parte das adições líquidas de novos assinantes vem das empresas menores, que já lideram inclusive em investimentos em fibras ópticas. Durante o seminário Conecta Brasil, promovido pela Anatel e realizado no começo do mês, em Brasília, para discutir o fomento da banda larga no Brasil, o conselheiro da agência Aníbal Diniz destacou que a fibra óptica nos provedores regionais já tem mais do que o dobro da participação quando comparada com a última milha. “Os pequenos têm mais de 16% da sua infraestrutura em fibra, enquanto nos grandes ela não passa de 7%”, disse. Como listou o conselheiro, os maiores investimentos, em termos proporcionais, vêm dos provedores regionais, que ocupam fatia cada vez maior no mercado de provimento de acesso. “Eles tinham 10% do mercado em 2010, hoje são 15%. Estamos falando de 6 mil provedores atendendo a mais de 4 milhões de pessoas, um crescimento expressivo dos 2,5 milhões de três anos atrás”, afirmou.
A força dos ISPs DURANTE O CONECTA BRASIL, o conselheiro da Anatel Aníbal Diniz destacou o papel dos provedores regionais no atendimento à população brasileira. Segundo o conselheiro, “de cada cinco novas residências, quatro estão sendo atendidas por provedores regionais. E 73% desses operadores atendem até 1 mil assinantes, sinal de que a multiplicação dos pequenos faz diferença no setor.” De acordo com Diniz, “em 30% dos municípios do Nordeste os pequenos são os principais fornecedores de Internet de alta velocidade, sendo que 80% dos provedores regionais estão em municípios com menos de 30 mil habitantes. No geral dos municípios desse porte, a participação dos pequenos é de 38% em média.”
Dispensa de outorga A ANATEL APROVOU a dispensa de outorga de serviços para provedores de acesso à Internet que tenham menos de 5 mil clientes, em decisão tomada na reunião do Conselho Diretor da agência reguladora. A mudança vale para pequenos prestadores de Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) e de Serviço Limitado Privado (SLP) desde que utilizem transmissão por meios confinados ou equipamentos de radiação restrita. A medida terá validade a partir de setembro. Em debate desde 2015, a medida também dispensa de licenciamento os equipamentos usados para a prestação dos serviços – sempre mantendo a regra de que sejam meios confinados ou equipamentos de radiação restrita. A ideia é facilitar a vida dos pequenos e mira cidades com poucas dezenas de milhares de habitantes.
Cuidado! A SUPERINTENDENTE de Planejamento e Regulamentação da Anatel, Maria Lúcia Bardi, aproveitou o Conecta Brasil para fazer uma advertência: muitos provedores regionais de banda larga fixa não estão encaminhando os dados ao Sistema de Coleta de Informações (Sici), o que é exigido pela regulamentação. Ela reforçou que a precisão dos dados é importante para elaboração das políticas públicas e um correto mapeamento do setor.
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oPiNiÃo Gustavo Caetano ceo da samba tech
Brasil É o 8º mercado de ott no mundo. como isso imPacta seus neGÓcios? Por meio do OTT, as opções de monetização aumentam e o produtor tem mais domínio sobre o conteúdo. Muito tem se falado sobre as barreiras do mercado, mas elas estão cada vez menores, o que atrai novos produtores de conteúdo VOCÊ SABIA QUE o Brasil, hoje, é considerado o 8º mercado de OTT (over- the-top) no mundo? Segundo pesquisa realizada pela consultoria Frost & Sullivan, a demanda OTT, em 2018, deverá aumentar consideravelmente devido ao uso de novas tecnologias. Para se ter uma ideia, em 2013, a receita do mercado de vídeo OTT chegou à marca de US$ 96 milhões, e a projeção para 2018 é que atinja US$ 783 milhões. Esses números comprovam que o mercado de OTT tem aumentado à medida que o de TV por assinatura tem diminuído. Ainda segundo a pesquisa, a TV paga, por exemplo, apresentou uma queda de 100,9 milhões de domicílios para 97,1 milhões, enquanto o vídeo OTT cresceu de 28 milhões para 50,3 milhões. No Brasil, o cenário não é diferente. O número de assinantes de TV Paga tem diminuído a cada dia por inúmeras razões. Uma delas, segundo a Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), é a crise financeira, já que muitos dos assinantes pagam um valor alto por vários canais, que, na maioria das vezes, não são assistidos. Todo esse cenário corrobora para a popularização dos serviços de OTT, que nada mais são que entrega de conteúdo audiovisual e também de outras mídias por meio da Internet. Esses serviços oferecem inúmeros benefícios, como a facilidade de acesso, consumo de conteúdo em múltiplas telas, além de um preço mais acessível. Tudo isso sem contar a autonomia que o telespectador tem de assistir somente àquilo que deseja. Observando esse ciclo, os grandes produtores de conteúdo
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têm buscado se adequar à realidade, ou seja, investir em serviços via streaming, como é o caso da Globo, que proporciona aos assinantes o GloboPlay e o GlobosatPlay. A Igreja Universal, por exemplo, também passou a investir em conteúdos digitais e lançou o Univer Video, um canal que distribui vídeos cristãos para um público que busca esse tipo de conteúdo. Outro exemplo recente é o da Amazon, que anunciou o lançamento de uma série original no Prime Video, serviço de streaming da empresa. Algo parecido aconteceu com a Fox, que retirou suas séries do Netflix para produzir o próprio serviço de streaming. Antigamente, as pessoas e as empresas que desejavam investir em conteúdo em vídeo, principalmente na Internet, tinham como principal canal de distribuição o Youtube. No entanto, a forma de se ganhar dinheiro nessa plataforma está restrita ao número de visualizações ou à veiculação de anúncios. Por meio do OTT, as opções de monetização aumentam e o produtor tem mais domínio sobre o conteúdo. Muito tem se falado sobre as barreiras do mercado, que, a meu ver, estão cada vez menores, o que atrai novos produtores de conteúdo. O valor da produção caiu e a infraestrutura tecnológica está cada vez mais disponível, o que facilita a entrada nesse mercado, além das plataformas que permitem a monetização desses materiais de forma simples e eficaz. Acredito que adaptar-se à realidade do mercado é fundamental para qualquer negócio que pretende ser inovador. Quando falamos do mercado de vendas e distribuição de conteúdo, por exemplo, o over-the-top é a tendência que deve se firmar pelos próximos anos. E acredito que em breve sejamos o primeiro país da América Latina no segmento de OTT. E aí, vamos observar o crescimento do segmento e começar a apostar as fichas em conteúdo de nicho? É um grande mercado a ser explorado e os resultados podem ser surpreendentes. Pense nisso!
divulgação
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