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mudanças na Clt

permitir ao Brasil dar um salto no agronegócio. Eduardo Neger, conselheiro da Abranet, lembrou que o agronegócio está no radar da associação há algum tempo e ressaltou que para a IoT florescer no campo dois pilares precisam caminhar juntos: aplicações e conectividade. “O gargalo é a infraestrutura. Ainda que existam hoje soluções e modelos que sejam eficientes, em algum momento, o sistema precisa conectar-se à internet”, ressaltou.

Para contornar a conectividade precária, a Agrosmart oferece uma solução que cria uma rede mesh a partir do ponto de internet que a propriedade tenha e replica o sinal para conectar os sensores instalados na plantação e que monitoram variáveis ambientais específicas de cada talhão. Filha de produtor rural, Mariana Vasconcelos cofundou e hoje é CEO da Agrosmart, startup que provê soluções em internet das coisas para oagronegócio, acelerada pela Baita via Startup Brasil e Google Launchpad Accelerator.

Para Neger, a faixa de frequência dos 450 MHz, atualmente subutilizada pelas operadoras, poderia ser realocada para os ISPs. “Os provedores foram responsáveis pelo crescimento da banda larga no País. A faixa dos 450 MHz não foi utilizada. Os provedores ficariam felizes se houvesse compartilhamento de frequência ou se as telcos devolvessem essa frequência ociosa para Anatel, porque têm interesse em usá-la para aplicações rurais”, ressaltou. “A questão regulatória e o uso mais racional desta faixa são pontos fundamentais para levar conectividade, que ainda é um gargalo para aplicações, ao campo”, completou.

Durante palestra sobre a reforma trabalhista no Futurenet 2017, Carlos Bernardi, presidente do Sindicato das Empresas de Internet do Estado de São Paulo (Seinesp), abordou os principais pontos da nova lei e ressaltou que “o impacto da reforma trabalhista é positivo para o setor.” De acordo com ele, foram alterados mais de cem artigos da CLT e houve adição de esclarecimento de pontos importantes. “Eu tenho fé que isto vai diminuir a insegurança jurídica e as empresas vão se sentir mais seguras para investir”, completou.

Entre os pontos positivos, Bernardi destacou o trabalho a distância, o fracionamento de férias, o banco de horas, a livre estipulação contratual para quem tem salário acima de R$ 12 mil e mudanças no intervalo para refeição. Também mencionou o trabalho intermitente e o regime de tempo parcial. Para ele, a criação da cláusula arbitral e da câmara arbitral significará menos processos no Judiciário. “O Seinesp tem câmara conciliatória e estamos vendo a possibilidade de instalar uma câmara arbitral”, adiantou.

Bernardi recomendou às empresas estudarem as mudanças e não deixarem apenas a cargo do departamento pessoal ou do contador. “Envolvam-se e leiam. Os gestores precisam saber sobre as novas leis, tanto para usufruir benefícios quanto para evitar a criação de passivos trabalhistas”, defendeu.

Maria Teresa Lima, diretora-executiva da Embratel, acredita que a colaboração entre as empresas é a chave para a adoção de soluções de tecnologia no campo e admitiu que o custo da banda larga satelital acaba sendo um fator inibidor. “Temos oito satélites que complementam a nossa rede e que cobrem o País todo. Pelas dimensões do Brasil, temos de usar satélite, mas isto não viabiliza economicamente para o produtor. Temos feito investimentos na expansão das redes e na modernização da plataforma. A explosão de IoT se dará por meio das plataformas de mobilidade”, disse.

Outro ponto que deve ser considerado e que, de acordo com Mariana Vasconcelos, tem sido sensível é o tipo de sensor. “Falta melhor material, um hardware melhor, que a bateria aguente”, disse, completando que muitos dispositivos não estão preparados para aguentar o ambiente do campo e acabam se deteriorando facilmente. Ela também criticou as grandes empresas, tanto operadoras quanto fabricantes: “Falta interface, abrir a mente para empoderar as pessoas que estão na ponta, porque a IoT já é viável economicamente. Nunca consegui fazer parceria com operadora; quando batemos na porta, ela não atende. Temos de comprar de quem está revendendo, inclusive fora do Brasil.”

Ter um padrão para a IoT, frequência definida e casos de negócios nos quais a conta feche são, na opinião de Douglas Benitez, diretor de Desenvolvimento de Negócios para a América Latina da Qualcomm, pilares fundamentais para maior desenvolvimento da tecnologia no campo. Ele defendeu o padrão de narrowband-IoT como o ideal para a IoT no campo, uma vez que oferece custos nos mesmos patamares à 2G. “Para termos soluções em escala, com massa crítica mundial, temos de ser um padrão global e aberto”, disse.

Janilson Bezerra, diretor de Inovação e Novos Negócios da TIM Brasil, completou que, além desses pontos, as empresas precisam entender que a IoT no campo rodará não na computação em nuvem, mas na fog computing. “É a nuvem próxima à aplicação, porque o tempo de resposta, a latência, tem de ser menor. Então, é preciso trazer esta computação em nuvem para mais perto da aplicação”, explicou.

isPs: mais relevânCia

Para Vanderlei Rigatieri Jr., da WDC Networks, os provedores de internet aumentaram sua importância no mercado entre 2012 e 2017. O executivo, em palestra no Futurenet, lembrou como os ISPs sentiram-se ameaçados pelos combos e a TV paga e destacou que no cenário atual eles despontam como protagonistas na oferta da ultrabanda larga regional. Houve, segundo Rigatieri, uma reviravolta no mercado entre 2012 e 2017, com o enfraquecimento da Oi, e os ISPs ganharam espaço. “A Oi quebrada está dando um espaço enorme para os provedores de internet do Norte e Nordeste”, enfatizou.

Ele ressaltou o aumento da implantação de redes de fibra ótica por parte dos provedores de internet e comentou que a substituição dos equipamentos de rádios por fibra deve acontecer como reflexo da evolução tecnológica. “Quando, em 2012, falava-se que o futuro seria FTTH, escutei que seria impossível para um provedor de internet ter fibra ótica”, lembrou, completando que hoje quem puxa o crescimento da fibra ótica são justamente os ISPs. “Há mais oportunidades para os ISPs. Existe, segundo o Ipea, uma demanda de 50 milhões de domicílios que não têm nenhum tipo de banda larga fixa chegando até eles. O Brasil tem muito espaço para crescimento, para atender com rede de banda larga”, destacou. Olhando para o futuro, Rigatieri ressaltou que ainda será necessário construir muita rede não apenas para atender à demanda de quem ainda não tem conexão banda larga, como também por causa das perspectivas de crescimento da computação em nuvem, big data e IoT. “O País é muito grande e regionalizado. Acredito muito que minis datacenters vão ter muita demanda, mas o provedor de internet terá de entregar serviços de qualidade”, acrescentou. “Sinto que os provedores são ‘monotask’, mas talvez seja o momento de serem ‘multitask’ e entenderem o seu nicho dentro da região. Construir rede ainda é bom negócio, mas o futuro não será somente rede. Tem de achar uma aplicação”, resumiu.

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